• Nenhum resultado encontrado

REPOSITORIO INSTITUCIONAL DA UFOP: A internet na educação : o site como uma ferramenta educacional.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "REPOSITORIO INSTITUCIONAL DA UFOP: A internet na educação : o site como uma ferramenta educacional."

Copied!
187
0
0

Texto

(1)

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

MICHELLE RAMOS DE FREITAS

A INTERNET NA EDUCAÇÃO: O site como uma ferramenta educacional

(2)

MICHELLE RAMOS DE FREITAS

A INTERNET NA EDUCAÇÃO: O site como uma ferramenta educacional

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Cláudio Lúcio Mendes

Linha de pesquisa: Práticas Educativas, Metodologias de Ensino e Tecnologias da Educação (PEMETE)

(3)
(4)
(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus, que é a luz do meu caminho, meu mestre, amigo de todas as horas, e à minha mãe do céu, Nossa Senhora, pela intercessão e luz que emana em minha vida todos os dias. Mãe, consagro a vós todo o meu ser e minha alma, cuide de mim sempre e me cubra com seu manto protetor. Agradeço, especialmente, à Santa Rosália, por conceder um grande milagre em minha família e despertar em meu ser a vontade de servir ao Senhor.

Aos meus exemplos de vida, Gilvardo de Freitas e Vânia Ramos de Freitas. A vocês, todo o meu amor, são tantas as coisas que fizeram por mim.... Não tenho palavras para descrever tudo. Nunca vou me esquecer que já venderam um fogão para me darem um livro. Ah! Deus me deu uma graça enorme que é tê-los como meus pais amados. Vocês sempre me ouvem, me aconselham, me guiam e me conduzem pelo melhor caminho. Além disso, rezam por mim. Vocês sempre acreditaram e acreditam em mim. Caso contrário, não teria chegado até aqui. Recebam o mais singelo abraço, meu carinho e um eterno agradecimento por tudo que fizeram por mim. Amo muito vocês!

Ao meu marido Ricardo, que esteve do meu lado todos os dias, desde minha graduação. Você é uma peça fundamental em minha vida, sempre me incentivou a estudar e a crescer profissionalmente. O meu sucesso também é seu. Não esqueço de todas as vezes em que teve a delicadeza de me buscar no ICHS, após cada aula, me motivando a prosseguir e a seguir em frente. Obrigada por suportar o meu estresse, por ter cuidado de mim quando passei mal e por me alertar quando não estava seguindo o caminho certo. Obrigada, “marido”, você com certeza

é minha metade. Te amo.

À Pituca, minha cadela linda que me alegra todos os dias!

(7)

À minha tia Vera, que sempre esteve ao meu lado e que rezou por mim. Obrigada por todo apoio. Te amo.

Agradeço, de modo geral, à toda minha família que torceu por mim, que orou e que acreditou que, um dia, eu estaria me tornando mestra. Vocês, cada um de vocês, são especiais, muito especiais. Um abraço carinhoso a cada um.

Ao professor Cláudio Lúcio Mendes, meu orientador, agradeço por ter acreditado em mim quando achei que não tinha condições de seguir. Você me colocou totalmente para a frente... Me fez dar aulas nas suas turmas da universidade, me ensinou a escrever melhor, a estudar direito, a entender um texto, me capacitou para chegar até aqui. Você me fez subir vários degraus, aprendi a ser menos ansiosa e mais concentrada, enfim, é um professor que vem me ensinando como ser professora, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no nosso país. Obrigada, professor!

Aos membros das bancas de qualificação e de defesa, professor Hércules Tolêdo Corrêa e professora Ilsa do Carmo Vieira Goulart, agradeço pelo estudo detalhado e pelo envolvimento com meu texto. Todas as sugestões foram valiosas para o meu trabalho. Agradecida pelo esforço de cada um.

Aos servos do grupo de oração da Renovação Carismática Católica Nossa Senhora da Assunção, por terem entrado na minha vida de modo a me transformar positivamente. Sim, sou uma nova mulher, mais firme, menos ansiosa, mais espiritualizada. Com vocês, eu tenho mais força, o Espírito Santo está mais presente em minha vida... Aprendi e aprendo muito com vocês, que são extremamente abençoados. Obrigada pelo apoio de sempre.

(8)

A todos os meus amigos presentes e aos que conheci no mestrado, em especial à Daniela – foi você que me ajudou (de todas as formas), me animou, rezou por mim e disse que iria conseguir entrar no mestrado. Quando eu estava desacreditada, eis que surge você, com toda, doçura para me oferecer um ombro amigo e uma conversa vibrante. Você também me ensina muito, Dani! Foi tão forte durante sua travessia no mestrado, que isso, de certa forma, respingou em mim. Nas batalhas, você foi firme para vencer, pois é quando achamos que estamos fracos que estamos fortes. Enfim, obrigada por emanar, em mim, sua luz.

Agradeço também à Marilene, colega de mestrado, pelo apoio imenso, pois também me auxiliou quando mais precisei. Agora somos amigas e irmãs de oração. Obrigada pelo apoio.

À Joana, amiga desde o Ensino Médio, que sempre me ouviu nos dias mais agitados do mestrado. Obrigada, querida!

Agradeço também a todos os funcionários das escolas por onde passei durante esses anos. Sei que torceram pelo meu sucesso.

Jesus, Jesus, obrigada por ser minha luz, fortaleza, caminho e força. Obrigada por tudo, paizinho!

(9)

ESTUDO

Meu sonho (o mais caro) Seria, sem tema Fazer um poema Como um dia claro.

E vê-lo, fantástico No papel pautado Ser parte e teclado Poético e plástico.

Com rima ou sem rima Livre ou metrificado

– Contanto que exprima O impropositado

E que (o impossível Talvez desejado) Não fosse passível De ser declamado.

Mas que em sonho fique Na paz sine die Ça c’est la musique

Avant la poésie.

(10)

RESUMO

Nesta pesquisa, nos propomos a investigar o contexto de produção dos sites das escolas da cidade de Mariana-MG, levando em consideração a cultura digital construída nesse ambiente. Sabemos que os artefatos tecnológicos são usados com assiduidade pela sociedade, principalmente pelos jovens, por isso, pretendemos entender os motivos pelos quais essas ferramentas não são utilizadas com frequência no âmbito escolar. Nesse sentido, constituiu-se, como objetivo dessa dissertação, discutir o contexto de produção dos sites das escolas de Mariana-MG, a fim de compreender a lógica de funcionamento dos sites para atingir o público escolar e a comunidade. Vale ressaltar que, do total de 52 escolas da cidade de Mariana-MG, apenas cinco possuem sites. Fizemos uma discussão sobre a necessidade social e cultural de se ter um site. Para isso, analisamos os cinco sites e coletamos dados dos agentes escolares de duas dessas escolas, Centro Educacional Arte do Saber e Colégio Providência. Dessa forma, o estudo se insere na perspectiva da abordagem qualitativa e quantitativa, utilizando-se das seguintes metodologias: 1) Entrevista netnográfica e observacional via WhatsApp em um grupo de mães e um de alunos; 1.1) Como instrumentos de pesquisa: o questionário (aplicados aos pais, professores, alunos e à direção/coordenação pedagógica) e um diário de campo para anotar todos os detalhes e reflexões a partir das visitas às escolas; 1.2) Entrevista face a face com os produtores dos sites das escolas; 1.3) Análise bibliográfica de plataformas que permitem criar sites grátis. Para o desenvolvimento do trabalho, foram feitas aproximações, principalmente, com os estudos históricos e filosóficos de Deleuze, Donna Haraway, Paula Sibilia, Hari Kunzru, Tomaz Tadeu, Marcus Doel, Nikolas Rose e outros, em torno da subjetivação e das práticas culturais da sociedade, e, como inspiração, utilizamos a argumentação em torno dos Estudos Culturais. A partir dos dados coletados, observamos que os produtores dos sites construíram as páginas com a finalidade de divulgar os procedimentos escolares e com o intuito de destacar as informações básicas e os eventos realizados, além de promoverem a interação com a comunidade escolar. Porém, notamos, pelos dados dos questionários e da entrevista netnográfica, que o acesso aos sites não ocorre com frequência e, quando ocorre, os navegantes não encontram todas as informações que desejam. Assim, podemos dizer, à luz dos modos de subjetivações e das práticas culturais, que cada escola tem seu modelo de sistematização das informações nos seus respectivos sites. Isso se deve às particularidades, objetivos e intenção de cada um. Todavia, não é possível visualizar, nos sites, a cultura escolar como um todo, pois não trazem todas as atividades pedagógicas realizadas, o que observamos são informações gerais sobre o funcionamento da escola. Portanto, cada site tem o seu foco e se direciona a um determinado público. Assim, essa pesquisa contribuiu para analisar a perceptibilidade sobre os impasses e as potencialidades provenientes do uso de tecnologias digitais no contexto escolar, no nosso caso, de sites, bem como colaborar com novas propostas educacionais, integrando esses novos recursos no ambiente escolar.

(11)

ABSTRACT

In this research, we propose to investigate the production context of the school sites of the city of Mariana-MG taking into account the digital culture built in this environment. We know that technological artifacts are used with assiduity by society, especially by young people, so we intend to understand the purposes for which these tools are not often used in school. In this sense, it is the objective of this dissertation to discuss the context of production of the sites of the schools of Mariana-MG, in order to understand the logic of functioning of the sites to reach the school public and community. It is noteworthy that in the total of 52 schools in the city of Mariana-MG, only 5 have websites. We discussed the social and cultural need to have a website. To do this, we analyzed the 5 sites and collected data from the school agents of two of these schools, Centro Educacional Arte do Saber and Colégio Providência. Thus, the study is part of the qualitative and quantitative approach, using the following methodologies: 1) Netnographic and observational interview via WhatsApp in a group of mothers and one of students; 1.1) As research instruments: the questionnaire (applied to parents, teachers, students, and direction/pedagogical coordination) and a field diary to record all details and reflections from visits to schools; 1.2) Face-to-face interview with producers of school sites; 1.3) Bibliographic analysis of platforms that allow to create free sites. For the development of the work, approximations were made mainly with the historical and philosophical studies of Deleuze, Donna Haraway, Paula Sibilia, Hari Kunzru, Tomaz Tadeu, Marcus Doel, Nikolas Rose and others on the subjectivation and cultural practices of society, and, as an inspiration, we use the argumentation about Cultural Studies. From the collected data, we observed that the producers of the sites constructed the pages for the purpose of divulging the school procedures and with the intention of highlighting the basic information and events carried out, besides promoting the interaction with the school community. However, we noticed from the questionnaire data and netnographic interview that the access to the websites does not occur frequently and, when it occurs, the navigators do not find all the information they want. Thus, we can say in the light of the modes of subjective and cultural practices, that each school has its model and systematization of the information in their respective sites. This is due to the particularities, goals and intention of each one. However, it is not possible to visualize on the sites the school culture as a whole, since they do not bring all the pedagogical activities carried out, what we observe are general information about the school's functioning. Therefore, each site has its focus and addresses a particular audience. Therefore, this research contributed to analyze the perceptibility of the impasses and potentialities arising from the use of digital technologies in the school context, in our case, of sites, as well as to collaborate with new educational proposals, integrating these new resources into the school environment.

(12)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Conhecimento dos sujeitos acerca do site do Centro Educacional Arte

do Saber 48

Gráfico 2: Conhecimento dos sujeitos acerca do site do Colégio Providência 49 Gráfico 3: Participação na produção do site do Centro Educacional Arte do

Saber 50

Gráfico 4: Acesso ao site do Centro Educacional Arte do Saber 51

Gráfico 5: Acesso ao site do Colégio Providência 51

Gráfico 6: Onde mais acessa o site do Centro Educacional Arte do Saber 52 Gráfico 7: Onde mais acessa o site do Colégio Providência 53 Gráfico 8: Frequência de uso da internet em casa pelos alunos do Colégio

Providência 54

Gráfico 9: Frequência de uso da internet na escola pelos alunos do Colégio

Providência 54

Gráfico 10: Aparelhos tecnológicos que usam para acessar o site do Centro

Educacional Arte do Saber 55

Gráfico 11: Aparelhos tecnológicos que usam para acessar o site do Colégio

Providência 55

Gráfico 12: O que os sujeitos buscam no site do Centro Educacional Arte do

Saber 56

Gráfico 13: O que os sujeitos buscam no site do Colégio Providência 57 Gráfico 14: Sugestões sobre o site do Centro Educacional Arte do Saber 61 Gráfico 15: Sugestões sobre o site do Colégio Providência 63 Gráfico 16: Tempo de conexão com relação ao computador, notebook e

smartphone 73

Gráfico 17: Como as pessoas se sentem quando estão sem internet 76 Gráfico 18: As informações encontradas na internet contribuem na elaboração

(13)

Gráfico 20: Você fez algum trabalho com seus alunos na Sala/Laboratório de

Informática? 84

Gráfico 21: Qual ou quais atividades fez na Sala/Laboratório de Informática

com seus alunos? 84

(14)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (1) 57

Figura 2: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (2) 58

Figura 3: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (3) 58

Figura 4: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (4) 58

Figura 5: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Terceirão”

(1) 59

Figura 6: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Terceirão”

(2) 59

Figura 7: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Terceirão”

(3) 59

Figura 8: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Terceirão”

(4) 60

Figura 9: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Terceirão”

(5) 60

Figura 10: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (5) 62

Figura 11: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (6) 62

Figura 12: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (6) 63

Figura 13: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (7) 64

Figura 14: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (8) 65

Figura 15: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (9) 66

Figura 16: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (10) 66

Figura 17: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (11) 82

Figura 18: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do “Mamães

1º período” (7) 85

Figura 19: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (12) 99

Figura 20: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (13) 99

Figura 21: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (14) 100

Figura 22: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

(15)

Figura 23: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (16) 101

Figura 24: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

“Terceirão” (17) 101

Figura 25: Exemplo de postagem retirado do grupo do WhatsApp do

(16)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO: AS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL 17

1 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: CAMINHOS METODOLÓGICOS 23

1.1 A netnografia e como ela ocorreu nesta pesquisa 24 1.2 Os instrumentos de pesquisa: questionário e diário de campo 34 1.3 Entrevista face a face com produtores dos sites das escolas 37 1.4 Análise bibliográfica de plataformas que permitem criar sites grátis 42

2 OS SITES DAS ESCOLAS DE MARIANA 44

2.1 Análise dos sites das escolas de Mariana 46

2.2 Análise dos dados relativos ao trabalho de campo realizado nas escolas: Centro Educacional Arte do Saber e Colégio Providência 48 2.3 Análise dos perfis dos sites das escolas de Mariana 68 3 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: PRÁTICAS CULTURAIS E SUBJETIVAÇÃO 70 3.1 Práticas culturais, subjetivação e tecnologia 70 3.2 A sociedade conectada –“O bezerro de Ouro” 87

4 DOBRAS E TECNOLOGIA: UM EXERCÍCIO DE FICÇÃO 92

4.1 A hiperconexão da sociedade e seu confinamento 92

4.2 A hibridização humana: “ser” ou “não ser”, eis aí questão 107

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PERCURSO DA PESQUISA E

POSSIBILIDADES DE NOVOS CAMINHOS 117

REFERÊNCIAS 121

(17)

INTRODUÇÃO: AS TECNOLOGIAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Na sociedade da informação, já não há lugares, mas fluxos; o sujeito já não é uma inscrição localizável, mas um ponto de conexão com a rede.

Pedagogía del aburrido Cristina Corea

O presente trabalho apresenta discussões sobre o contexto de produção dos sites das escolas de Mariana-MG, levando em consideração a cultura digital construída nesse ambiente. Tendo em vista que as tecnologias fazem parte do cotidiano de crianças, jovens e adultos, pretendemos entender por que essas ferramentas ainda não são utilizadas com frequência no âmbito escolar. Por isso, objetivamos discutir o contexto de produção dos sites por meio da consideração da cultura digital do ambiente pesquisado. Para isso, analisamos os sites das escolas da cidade Mariana-MG. A intenção foi realizar uma revisão bibliográfica, além de coletar dados, por meio de aplicação de questionário, e também empregar o método netnográfico (entrevista netnográfica), a fim de sondar como os sites das escolas têm sido produzidos. Esse trabalho nos possibilitou, por intermédio das análises de dados, compreender as potencialidades que possam levar os alunos a adquirir conhecimentos e habilidades que favoreçam os seus processos educacionais.

(18)

Por meio desse tema, conheci textos de autores da área e aprofundei meus estudos sobre a criação de sites. Já havia tido a oportunidade de trabalhar com a produção de sites em um projeto de graduação que participei – Projeto de Estímulo à Docência da Universidade Federal de Ouro Preto (PED/UFOP), depois Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Também pelo motivo de já ter tido contato com plataformas gratuitas de construção de sites, escolhi essa ferramenta para ser explorada nas aulas da disciplina de Educação e Tecnologia. Então, estudar esse tema elevou meu interesse de pesquisa com relação à criação e ao conteúdo dos sites escolares.

Parto do princípio que, como nos sugere Sibilia (2012), a internet, o computador e o smartphone fazem parte de nós, principalmente dos jovens. Não somos apenas resultado de uma época: também nos constituímos por meio de práticas sociais, culturais, econômicas e políticas vivenciadas. Entende-se, então, que não é por causa desses aparelhos que nos tornamos indivíduos tecnológicos... São as transformações do próprio sujeito que interferem na história. As gerações anteriores passaram por processos de subjetivação envolvidos com outras ferramentas, com outras formas de se relacionar com o mundo. Antes das tecnologias invadirem nossas vidas, os sujeitos eram constituídos por relações formais mais lentas e disciplinares, e tiveram a escola como a principal instituição a promovê-las. No mundo contemporâneo, os sujeitos são mais conectados, não há paredes que os impeçam de se relacionarem com as pessoas e com o mundo. Portanto, é necessário que a escola ultrapasse as paredes que cercam o conhecimento e expandam seu processo de ensino e aprendizagem1 por meio das redes.

Nessa perspectiva, a possibilidade de uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para a educação depende da aproximação do cotidiano dos envolvidos com os variados recursos existentes. De acordo com Maturana (2001), para garantir que a apropriação das tecnologias seja produtiva, é necessário que usemos a internet com eficiência,

1 Todas as vezes em que citamos os termos ensino e aprendizagem fazemos referência ao modelo de pensamento

de São Tomás de Aquino. Há, no homem, a possibilidade de existência de duas potências, uma ativa completa, que se atualiza mediante a influência de um fator extrínseco que, consequentemente, se transforma em ato. A

outra potência é a passiva, na qual o agente externo retira a passagem de propensão ao ato, “tal como o fogo faz

do ar – que é potência de fogo –ato de fogo” (AQUINO, 2004, p. 31). Entendemos, então, que o conhecimento adquirido pelo aluno estaria mais relacionado à potência ativa, caso contrário, o homem não conseguiria adquirir

conhecimento por si mesmo. Além disso, “também há duas formas de adquirir conhecimento: de um modo,

quando a razão por si mesma atinge o conhecimento que não possuía, o que se chama descoberta; e, de outro,

quando recebe ajuda de fora, e este modo se chama ensino” (AQUINO, 2004, p. 32). Dessa forma, a função do

(19)

adaptando seu modo de utilização para que seja mais construtivo e produtivo no dia a dia. Diante disso, o computador e a internet, como ferramentas pedagógicas, podem ofertar maior auxílio

para a ação docente. Nesse cenário, entendemos que “as máquinas propriamente ditas não explicam nada, é preciso analisar os agenciamentos dos quais elas são apenas uma parte”

(DELEUZE, 1992, p. 216).

Nesse sentido, a adaptação das TIC para a construção do conhecimento vem mobilizando os profissionais da educação para a utilização mais adequada dessas ferramentas tecnológicas. Na atualidade, os artefatos tecnológicos são utilizados de forma frequente pelos indivíduos, o que diminui distâncias, dissemina culturas e favorece o conhecimento. Então, é preciso investigar quais são esses artefatos culturais e incorporá-los nas práticas diárias da escola e para além da escola.

Nesse aspecto, nota-se que os professores são detentores de saberes e mediadores da ação pedagógica que ocorre na escola, por isso, é preciso que se apropriem dos artefatos tecnológicos, para a compreensão da potencialização dessas ferramentas e para que haja conexão entre homem e máquina também de modo pedagógico e no ambiente escolar. Behrens e Moran (2000) salientam que o emprego da internet com critério pode tornar-se um objeto potente para o processo educativo. Na opinião de ambos, ela oferta múltiplas ferramentas, que auxiliam a formação do conhecimento e, além disso, proporciona ambientes cooperativos, motivadores, colaboradores e interativos.

Essas vias de interação favorecem o domínio ou o controle dos meios que potencializam uma relação de maior proximidade com os alunos, gerando efeitos positivos. Como é sugerido por Marques e Caetano (2002), a internet é uma das ferramentas mais completas e complexas para ser usada como artifício pedagógico. Sendo assim, o professor precisa estar ambientado com ela para que ele vença o medo e a insegurança e para que a coloque em seus planejamentos diários.

(20)

definiram-se o objetivo geral e os específicos que nortearam a realização desta pesquisa. O nosso objetivo geral foi discutir o contexto de produção dos sites das escolas de Mariana-MG levando em consideração a cultura digital do ambiente pesquisado. Já os nossos objetivos específicos foram:

- Entender a lógica de funcionamento dos sites para atingir o público escolar e a comunidade; - Compreender os modos de subjetivação dos indivíduos e como eles influenciam as práticas culturais.

No primeiro capítulo, explicitamos os métodos de pesquisa utilizados. Sendo eles: a) Entrevista netnográfica e observacional via WhatsApp em um grupo de mães e um de alunos; b) Como instrumentos de pesquisa: o questionário (aplicado aos pais, professores, alunos e à direção/coordenação pedagógica) e um diário de campo para anotar todos os detalhes e as reflexões a partir das visitas às escolas; c) Entrevista face a face com os produtores dos sites das escolas; e d) Análise bibliográfica de plataformas que permitem criar sites grátis. Vale ressaltar que explicamos porque utilizamos esses métodos e desenvolvemos um estudo breve sobre cada um deles. Além disso, é importante frisar que o percurso teórico-metodológico escolhido tem inspiração nos Estudos Culturais. Sendo assim, podemos “viajar”2, como sugere

Heloísa Buarque de Holanda, sem um território definido. Os métodos não foram escolhidos de antemão, isso quer dizer que foram selecionados de acordo com a demanda do objeto de pesquisa.

No segundo capítulo, dividimos as análises dos sites das escolas de Mariana-MG em duas etapas. Na primeira etapa, fizemos uma discussão sobre a necessidade social e cultural de se ter um site. Na segunda etapa, descrevemos, analiticamente, por intermédio dos dados coletados, como os sites eram percebidos pela comunidade. Lembramos que são cinco sites existentes, porém coletamos os dados de duas escolas que autorizaram a pesquisa como a propomos. Sendo assim, coletamos os dados dos agentes escolares do Centro Educacional Arte do Saber e do Colégio Providência. Nessa etapa da análise, verificamos os seguintes dados: a) Os sujeitos pesquisados conhecem o site?; b) A participação do público na produção do site; c)

2A expressão “teoria viajante” é usada no texto A academia entre o local e o global, com a seguinte referência:

HOLLANDA, Heloisa Buarque. A academia entre o local e o global. Site Heloisa Intervenciones en estudios culturales/151 Rosângela Fachel de Medeiros Buarque de Holanda. Disponível em:

(21)

acesso ao site; d) Onde mais acessam; e) Aparelhos tecnológicos que usam para acessar o site das escolas; f) O que os sujeitos buscam nesses sites; g) Sugestões para o site. Por fim, fizemos uma conclusão sobre o perfil de cada site para compreender seu contexto de produção mediante os dados coletados.

No terceiro capítulo, ressaltamos os modos de subjetivação sob a perspectiva moderno contemporânea e as práticas culturais, analisando suas relações com a tecnologia para compreender como os sujeitos vêm se constituindo perante as práticas cotidianas por meio dos artefatos tecnológicos. Nesse sentido, também contextualizamos os dados coletados com o assunto em questão. Isso porque entendemos que os procedimentos dos usuários devem ser considerados expressões culturais, visto que esses sujeitos fazem parte de uma sociedade que tem suas políticas e fazeres peculiares que se inserem no contexto cultural e histórico. Por isso, é necessário entender que sujeitos são esses e o que implica essa compatibilidade com os artefatos culturais. Além disso, discutimos sobre um tipo de sociedade ubíqua, ou seja, uma sociedade que permanece 24 horas conectada, indo além da lógica do confinamento por muros e paredes. Destacamos que os sujeitos desse contexto realizam tantas tarefas ao mesmo tempo que, ao terminar do dia, ainda se sentem, muitas vezes, incompletos, especialmente por não conseguirem cumprir todas as atividades. Além disso, detectamos sujeitos cansados dos moldes antigos da educação, que clamam por mudanças e, definitivamente, desejam uma sociedade hiperconectada.

(22)
(23)

1 EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: CAMINHOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa teve abordagem qualitativa e quantitativa e foi de caráter descritivo-analítico, pois teve como objetivo descrever e analisar as características de determinada (ciber)cultura. Sabemos que a pesquisa qualitativa se empenha em trabalhar com um emaranhado de significados, convicções, valores, que exploram e captam subjetividades de grupos ou comunidades. A sua intenção é analisar as interações humanas e seus vários sentidos que não podem ser assimilados apenas por equações. Então, o modelo qualitativo de pesquisa objetiva produzir informações concisas para exemplificar determinado estudo (MINAYO, 2011). A nossa pesquisa também teve cunho quantitativo, pois analisamos dados de questionários aplicados aos agentes escolares. Apesar de alguns autores encararem a pesquisa qualitativa e quantitativa de forma díspar, entendemos que essas abordagens não são excludentes e que o pesquisador pode aderir a elas de forma que uma complete a outra, tornando o trabalho mais potente. Além disso, podemos afirmar que, quando articulamos esses modos de pesquisa, é possível viabilizar uma percepção mais apurada do evento estudado (ANDRÉ, 1995; MINAYO, 2011).

(24)

1.1 A netnografia e como ela ocorreu nesta pesquisa

Decidimos iniciar esta seção explicando porque escolhemos o termo netnografia para fazer referência neste estudo. À vista disso, podemos dizer que observamos uma incidência maior do termo etnografia virtual por estudiosos da área de Comunicação e de netnografia por pesquisadores ingleses ou norte-americanos da área de Marketing Digital (POLIVANOV, 2013). Em entrevista realizada com a autora Christina Hine, Campanella (2015) a questionou sobre o termo virtual não aparecer no livro Ethnography for the internet (2015). Com relação a isso, Campanella perguntou se fazia sentido usar termos como etnografia on-line, etnografia virtual ou mesmo netnografia como um modo de diferenciação da etnografia tradicional. Ela prontamente disse que a palavra virtual foi usada para relatar o modo como pesquisadores encontraram para dar sentido às questões relacionadas à internet. A palavra ainda é usada para agrupar pessoas com o mesmo interesse de pesquisa. Porém, há dificuldades de distinção entre a etnografia da internet com outros tipos de etnografia. Ela ainda assinalou que o emprego de termos on-line, virtual ou net provocaria um modo de afastamento da metodologia etnográfica. Apesar do que disse Hine em entrevista a Campanella (2015), optamos por nomear tal metodologia como netnografia, assim como Kozinets (2014), Sá (2005), Rcocha e Montardo (2005), Rocha (2006) e Rebs (2011). Todavia, mesmo com esses autores concordando com a nomenclatura, suas percepções sobre o método são diferentes, como nos mostra Polivanov (2013). A netnografia é entendida, por nós, como uma proposta metodológica que

[...] representaria a tentativa do pesquisador de reconhecer a importância das comunicações mediadas por computador nas vidas dos membros da cultura de incluir em suas estratégias de coleta de dados a triangulação entre diversas fontes on-line e offline de compreensão cultural, e de reconhecer que, como entrevistas ou semiótica, a netnografia tem seus próprios conjuntos de práticas e procedimentos exclusivamente adaptados que a distinguem da conduta de etnografia face a face (KOZINETS, 2014, p. 62).

Além disso,

(25)

comunal. Portanto, assim, como praticamente toda etnografia, ela se estenderá quase que de forma natural e orgânica, de uma base na observação participante para incluir outros elementos, como entrevistas, estatísticas descritivas, coletas de dados arquivais, análise de caso histórico estendida, videografia, técnicas projetivas como colagens, análise semiótica e uma série de outras técnicas para agora também incluir a netnografia (KOZINETS, 2014, p. 61-62).

Para melhor compreensão do método e de sua aplicação, utilizamos, principalmente, Hine (2000; 2005) e Kozinets (2014). De acordo com Hine (2005), a netnografia é usada para analisar o tipo de relação que um membro tem em certa comunidade da internet. Ademais, o netnógrafo não é apenas um explorador do campo, mas um sujeito dinâmico, que se envolve nas práticas da comunidade que se engajou. A netnografia surge a partir da emergência dos artefatos tecnológicos, porém é originada e pensada por intermédio de uma metodologia já usada há décadas: a etnografia. Tanto a etnografia como a netnografia não podem ser desintegradas, pois ambas têm como intuito habitar e compartilhar hábitos de certa cultura para compreender seu funcionamento e suas práticas diárias, além de trazer novas questões para as Ciências Sociais (KOZINETS, 2014). O estudo etnográfico foca os hábitos de vida e o local determinado de certa comunidade. Já a netnografia não busca esse estudo de forma fixa, uma vez que essas comunidades estão no ciberespaço.

(26)

um sonho dos pesquisadores. Não envolve deixar o conforto de sua mesa de escritório; não há privilégios de acesso complexos para negociar; os dados de campo podem ser facilmente gravados e salvos para análise posterior. [...] Sem dúvida Malinowski ou Whyte ficariam horrorizados com a facilidade com que a versão on-line do seu ofício pode ser feita (RUTTER; SMITH, 2002, p. 3).

Logo, a netnografia, assim como a etnografia, é flexível de acordo com o modo de condução da pesquisa, pois os procedimentos utilizados por ambas dependem das exigências do objeto pesquisado. Além disso, etnografia e netnografia objetivam a confiança dos sujeitos pesquisados, bem como o detalhamento das práticas realizadas na comunidade. Dadas as especificidades de cada metodologia, compreendemos que a participação e a observação são elementos centrais da etnografia. Sendo assim, fazer uma etnografia significa comunicar-se com os sujeitos de modo a compreender e interpretar sua realidade de modo extremamente atencioso. Já a netnografia, além de carregar algumas características da etnografia, é intermediada pelas tecnologias digitais.

Kozinets (2014, p. 62) afirma que a netnografia segue os seguintes passos referentes

ao método etnográfico: “Planejamento do estudo, entrada, coleta de dados, interpretação,

garantia de padrões éticos e representação da pesquisa”. A primeira etapa consiste em decidir os caminhos metodológicos, escolhendo-se o que analisar: um site, um blog, uma rede social, entre outros. A segunda etapa limita-se a definir qual o tipo de sujeito ou comunidade será selecionada para a pesquisa. Em sequência, é na terceira etapa que o pesquisador imerge no campo de pesquisa para coletar os dados. Obviamente, a quarta etapa requer a análise dos dados coletados. E, por fim, na quinta etapa, acontece o momento de descrever os resultados da pesquisa. O autor assinala que não são todos os pesquisadores que seguem as etapas à risca, o que pode decorrer em falhas durante o processo. Tanto a etnografia quanto a netnografia podem ocorrer harmoniosamente, no entanto, devemos saber sincronizá-las. Isto posto, entendemos que, às vezes, a netnografia pode ser usada de forma independente e, por outras vezes, pode ser utilizada com a combinação de outras metodologias, bastando, para isso, analisar o objeto da pesquisa e perceber qual é sua demanda (KOZINETS, 2014).

(27)

ser visto como algo não linear, posto que precisa ser ressignificado com frequência para acompanhar a evolução humana e tecnológica. Aí a netnografia pode ter uma importância muito grande.

A troca e o acesso de informações pela internet propiciam a análise da linguagem empregada, sendo possível explorar dados visuais, com seus significados culturais, sociais, políticos, econômicos etc. Sabemos que o ser humano está, a cada dia, mais conectado e a tecnologia faz parte de seu cotidiano. Então, a netnografia se torna uma metodologia significativa para a compreensão de comunidades virtuais, uma vez que, comumente, vivem e praticam o mesmo modo de imersão. Para as pesquisas relacionadas à internet ou à tecnologia de um modo geral, tudo que é exibido no ciberespaço é muito produtivo, principalmente para

analisar as subjetivações dos internautas, sendo “[...] de uma riqueza imensurável para novas

pesquisas, faz[endo] parte da construção que cada indivíduo faz de si mesmo [...]. Hoje, o que encontramos na Web é o outro que se constitui a si mesmo, produzindo a sua verdade” (MARTINS; MAMEDE-NEVES, 2011, p. 128).

Parece-nos, então, que a netnografia vem se apresentando como uma discussão, uma metodologia e uma abordagem teórica que traz possibilidades de averiguarmos as seguintes questões: como vem sendo usada a internet em ambientes escolares para agenciamentos3 pedagógicos? Como alunos, pais e professores vêm entendendo e vivendo essas

transformações? Como nós, professores, estamos e podemos nos conectar a essas novas e ricas maneiras de ensinar e aprender? Se as perguntas levantadas por Paula Sibilia (2012, p. 208) –

“Para que necessitamos de escolas, hoje em dia? O que queremos que esses estabelecimentos façam com as crianças e os jovens contemporâneos, ou com aqueles que ainda virão adiante?”

– fazem sentido, precisamos compreender melhor como diversos agenciamentos relacionados às tecnologias se apoiam nelas para potencializar interesses, paixões e conexões que as escolas, já há algumas décadas, não têm oportunizado com a mesma potência.

Com relação à coleta de dados, há três tipos de captura, o primeiro tipo seria os dados de arquivos. Esses dados são aqueles que não têm envolvimento direto do pesquisador,

3Cada indivíduo deve lidar com agenciamentos sociais definidos por códigos específicos, que se caracterizam

(28)

visto que são arquivos que ele copia de comunicações mediadas por computador. O segundo tipo de captura seria os dados que o pesquisador cria em conjunto com a comunidade, por meio das conversas. E o terceiro seria as observações pessoais, registradas pelo pesquisador durante seu contato com o grupo. As ferramentas utilizadas para gerar todos esses dados podem ser diversas, entre elas, os blogs, fóruns, chats, Messenger, WhatsApp, e-mail, entre outras que permitam comunicação constante com membros da comunidade que se pretende pesquisar. Vale salientar que todos os registros precisam ser salvos e bem organizados para visualização posterior (KOZINETS, 2014). Nosso trabalhou empregou todas as formas de coletas apresentadas acima, mas optamos por conversar com os sujeitos da pesquisa via WhatsApp.

Dessa maneira, selecionamos a netnografia para estabelecer uma relação entre a pesquisadora e os membros das escolas pesquisadas. Vale ressaltar que, das 52 escolas existentes no munício de Mariana-MG, apenas cinco4 escolas, que pertencem à rede particular

de ensino, possuem site. Analisamos, de modo geral, os cinco sites, porém apenas duas escolas aceitaram participar da pesquisa de campo: o Centro Educacional Arte do Saber, que atende do berçário ao Ensino Fundamental I, e o Colégio Providência, que vai da pré-escola ao Ensino Médio. A partir desse momento, visitei as duas escolas, sondando se seria possível realizar a netnografia por meio de minha inserção em grupos de WhatsApp e, ainda, se poderia enviar questionários aos pais, aos alunos, aos professores e à direção/coordenação das escolas. Como o retorno foi positivo, logo preparei os materiais para a coleta e selecionei o público-alvo.

Nesse sentido, vale destacar os sujeitos que a pesquisa envolveu, sendo eles, o produtor do site das escolas, os pais, alunos, professores e direção/coordenação escolar. Com os designers dos sites de ambas as escolas, fizemos entrevistas face a face semiestruturadas. Com os pais, os alunos, os professores e com a direção/coordenação escolar, aplicamos questionários por meio do Google Forms. Mandamos os questionários, via e-mail, Messenger ou WhatsApp, de acordo com o desejo de cada participante. No Colégio Providência foram escolhidas três turmas para a pesquisa (1º ano, 2º ano e 3º ano do Ensino Médio) com, aproximadamente, 90 alunos. Assim, fui à escola e pedi aos alunos que enviassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos seus pais para que os autorizassem a participar da pesquisa e também para me enviar a melhor forma de contato. Dessa maneira, eles poderiam me enviar os endereços do Facebook, Messenger ouo número do WhatsApp. A mesma coisa

4Sites das escolas: 1) Adjetivo CETEP: http://www.adjetivocetep.com.br/; 2) Centro Educacional Arte do Saber:

http://www.artedosaber.com/; 3) Centro Educacional Getsêmani:

http://www.centroeducacionalgetsemani.com.br/institucional/; 4) Colégio Providência:

(29)

ocorreu com o grupo de professores (12) e com a direção e coordenação pedagógica. Já na outra escola, o Centro Educacional Arte do Saber, não mandamos questionários para os alunos, visto que se trata de uma escola de ensino infantil, que atende a crianças de quatro meses a 10 anos de idade. Porém, enviamos questionários para os pais, junto com o TCLE e com o pedido de contato, também opcional, por meio de Facebook, Messenger ou WhatsApp. As professoras colocaram o termo na agenda dos alunos para que os pais lessem, assinassem e colocassem seus contatos. Mandamos também os questionários para os 10 professores e para a direção/coordenação pedagógica da instituição. Entendemos que, desde o momento que estabelecemos contato com os sujeitos pesquisados, via WhatsApp, Facebook ou e-mail, realizamos netnografia, uma vez que a pesquisadora conversou com vários dos pesquisados sobre sua pesquisa e, por diversas vezes, respondeu questões do tipo: Por que escolheu nossa escola para pesquisar? Onde você faz mestrado? Por que escolheu ser professora? Dá aula em que escola? É professora de qual disciplina? É muito difícil fazer pesquisa? Essas perguntas vieram com mais frequência dos alunos do Ensino Médio, que preferiram me passar o contato de WhatsApp para enviar o questionário.

Nesta pesquisa – mas por meio de uma lógica que transcende esse trabalho –, a netnografia se apresentou como uma metodologia que analisa, com detalhes, as formas de experimentos da utilização de uma tecnologia. Para mais, esse método vem se revigorando exatamente porque não segue um modelo único, sendo considerado um artefato cibercultural de análise e não apenas um método normatizado. Dessa forma, a netnografia é um modelo adaptativo e adaptável (HINE, 2000).

(30)

diálogo seja estabelecido para que ocorra trocas efetivas. Dessa forma, várias são as tarefas de um netnógrafo, entre elas, ler mensagens, lançar questionamentos, acompanhar os links sugeridos, responder e-mails, fazer comentários a partir de postagens e colaborar com o grupo sempre que necessário, até que ele seja aceito e se sinta membro daquela comunidade. Por isso, quanto mais sincrônica e planejada for a entrada do pesquisador no campo, melhor serão os resultados obtidos.

À saber, o pesquisador pode optar por dois tipos de participação na rede virtual, o primeiro é o silencioso (Lurker) e o outro é o interativo (Insider), aquele que participa ativamente das conversas, realiza entrevistas e, de uma forma geral, troca mensagens com o grupo. Ademais, é necessário ressaltar que pode haver vários estágios de interação entre esses dois modelos de pesquisadores (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011). Nesse sentido, esta pesquisa caracterizou-se por uma atuação do tipo interativa (Insider), que permitiu à pesquisadora levantar questões e participar ativamente das conversas do grupo. No entanto, também ocorreram momentos de participação mais silenciosos, apenas de observação.

Especialmente na participação ativa, as entrevistas tomam uma importância central no universo on-line. Nesse sentido, entendemos que fazer uma entrevista netnográfica permitiria saber dos atores escolares qual o envolvimento dos alunos e da família com o site da escola. Esses tipos de entrevista on-line podem ser feitos em um grupo, ser individuais, formais ou informais, estruturados ou semiestruturados, além disso, aderimos à entrevista em profundidade, que “é um pouco semelhante a um levantamento com menos perguntas e muito

mais interação, sondagem e abertura à perspectiva e contribuição singular do participante”

(KOZINETS, 2014, p. 106).

(31)

Ressaltamos que o grupo de mães do WhatsApp denominava-se “Mamães 1º período” e continha 16 participantes. Já o grupo do 3º ano do Ensino Médio era denominado de

“Terceirão” e era composto por 30 alunos. Apesar de haver esse número de participantes nos dois grupos, nem todos responderam as questões, apenas os mais ativos. Vale lembrar que a entrevista foi realizada aos poucos. No primeiro dia, me apresentei e lancei uma pergunta. Fui me envolvendo com as questões do grupo e com outras discussões que surgiram, seguindo esse ritmo por um mês (14 de novembro a 14 de dezembro). Assim, podemos dizer que coletar dados em netnografia significa ter contato com sujeitos que transmitem vivências e culturas

determinadas. As práticas das comunidades podem emanar de várias formas, “mas, qualquer

forma que ela assuma implica envolvimento, engajamento, contato, interação, comunhão, relação, colaboração e conexão com membros da comunidade – não com site da rede, servidor ou teclado, mas com pessoas no outro extremo” (KOZINETS, 2014, p. 93).

As questões feitas para o grupo de alunos e para o grupo das mães foram as seguintes:

1) Entrevista netnográfica feita no aplicativo WhatsApp (Grupo de alunos do 3º ano Ensino Médio, Colégio Providência, “Terceirão”)

Sobre o grupo de WhatsApp:

- Vocês criaram o grupo de WhatsApp com qual objetivo? - Vocês estudam por ele?

- Sobre qual disciplina mais conversam?

- Vocês conseguem tirar as dúvidas com colegas por meio dessa tecnologia? Sobre o site:

- O que acham que um bom site escolar precisa ter para ser produtivo?

- Quais tipos de informações fariam vocês acessarem o site da escola todos os dias?

- Vocês têm algum tipo de interação on-line com os professores?

(32)

- Vocês conhecem a plataforma wix.com? É uma plataforma que trabalha com a produção de sites grátis.

- Vocês acham que seria interessante cada professor ter seu site para postar trabalhos, projetos e questões das disciplinas?

- Isso faria alguma diferença em seu aprendizado?

- Alguém poderia sugerir algo que o site do Colégio Providência ainda não tem?

- Alguém poderia fazer um print de algo do site que não deveria ser retirado ou de algo que mais se identifica e colocar no grupo e justificar o porquê?

2) Entrevista netnográfica feita no aplicativo WhatsApp (Grupo de mães do Centro Educacional Arte do Saber, “Mamães 1º período”)

Sobre o grupo de WhatsApp:

- Qual o principal objetivo do grupo de WhatsApp?

- As mães conseguem resolver problemas e tirar dúvidas sobre algo que acontece na escola utilizando essa tecnologia digital?

Sobre o site:

- O site da escola te atende quando precisa?

- Vocês têm algum tipo de interação on-line com o professor ou com a direção? - Um fórum (sala de discussões on-line) ajudaria na comunicação entre pais, professores e direção?

- Os professores utilizam alguma tecnologia digital na sala de aula? Saberiam me dizer qual? Se não usam, qual gostariam que utilizassem?

- Os filhos de vocês já utilizam algum tipo de tecnologia em casa? - Alguém pode sugerir algo para ser colocado no site?

(33)

As análises e os resultados dos dados dos questionários e da netnografia (entrevista netnográfica e observacional) serão analisados nos próximos capítulos, de acordo com seus respectivos temas. Entendemos que, dessa forma, nosso trabalho ficará mais claro e objetivo. Além disso, comporá melhor os nossos objetivos geral e específicos.

Os dados, tanto da entrevista netnográfica quanto da parte observacional, foram grandes. Então, os dividimos em duas partes:

1) Dados da entrevista (pesquisador Insider):

- Dados das perguntas sobre o grupo do WhatsApp (para interação inicial do pesquisador com o grupo);

- Dados das perguntas sobre o site;

- Dados das perguntas sobre tecnologia na educação. 2) Dados aleatórios (pesquisador Lurker):

- Dados referentes ao esclarecimento de dúvidas sobre disciplinas (grupo de WhatsApp dos alunos);

- Dados referentes às provas dos alunos (grupo de WhatsApp dos alunos);

- Postagens aleatórias do grupo de mães (grupo de WhatsApp“Mamães 1º período”).

Nosso propósito, ao verificar os dados, é articular os resultados das análises aos ideais dos Estudos Culturais e Ciberculturais, de acordo com as práticas e subjetivações dos sujeitos pesquisados, além de atender aos objetivos geral e específicos. Para isso, podemos afirmar que o processo de conferência dos dados é uma etapa que deve ser rigorosamente detalhada e refletida. Todas as conversas salvas e fotografadas, as notas reflexivas da pesquisadora, as imagens e os downloads de documentos formam um material bruto que renderam páginas de pensamentos e argumentações.

(34)

Na sequência, vem a verificação e o refinamento, que é uma possível retomada ao campo de pesquisa para a conferência de elementos similares e diferentes dos dados. Em seguida, a generalização, que seria, de modo geral, explicar o que quer dizer o conjunto dos dados. E por fim, a teorização, que compreende equiparar as generalizações feitas no processo anterior e imbricá-las às teorias que abordam o assunto da pesquisa realizada. Então, de acordo com Kozinets (2014, p. 128), a análise dos dados deve estar em harmonia com tudo o que foi vivenciado no contato com a comunidade pesquisada, principalmente, “a textualidade dos

dados, a natureza incorpórea e anônima de interação on-line, as alegações de desonestidade e de dificuldade na observação e confirmação”. Assim, a análise dos dados netnográficos advém

de uma observação interativa que busca conhecer e compreender a cultura on-line com relação as diversas temáticas empregadas no ciberespaço.

1.2 Os instrumentos de pesquisa: questionário e diário de campo

O uso de questionário5 e do diário de campo também é muito recorrente nos

trabalhos que utilizam a netnografia, sendo entendidos como instrumentos de pesquisa para a obtenção de melhores resultados aos objetivos propostos. Nessa perspectiva, pensamos em fazer um questionário semiestruturado a fim de abordar alunos, pais, professores e a direção/coordenação pedagógica. O intuito foi sondar o nível de envolvimento de alunos, pais, professores e diretores/coordenadores com a tecnologia e, principalmente, com o site de sua própria escola.

De acordo com Perrien (1986), o questionário objetiva aquisição de informação sobre o comportamento humano, seus interesses, suas opiniões, seus usos de ferramentas, seu posicionamento demográfico, entre outras questões. Esse mesmo autor ainda afirma que os questionários devem ser iniciados com perguntas mais acessíveis, para atrair o interesse do pesquisado. Na sequência, devem vir as perguntas mais importantes para o trabalho e, por fim, as questões que caracterizam o ser, relacionadas ao nível educacional, religião, nacionalidade, entre outras. Abdenacer (2015, p. 55, tradução nossa) também assinala que “o questionário é

(35)

um instrumento de coleta de informações para quantificar e comparar as informações. Essa informação é recolhida a partir de uma amostra representativa da população-alvo por meio da

investigação”.

Ferber (1974) também relata a relevância de se formular um bom questionário e, entre os critérios para isso, estão: detectar os aspectos principais do trabalho de pesquisa para realizar boas perguntas; o questionário deve ser bem estruturado para facilitar o acesso das pessoas; as perguntas devem estar acessíveis para os pesquisados; tomar cuidados éticos quanto à divulgação de nomes; não usar títulos nos grupos de questões e também não inserir várias perguntas em uma página; construir as questões de modo coeso e coerente com a intenção de obter boas respostas. De acordo com Abdenacer (2015, p. 58, tradução nossa), um questionário deve seguir:

Especificação das informações requeridas, especificação do tipo de método utilizado nas entrevistas, determinação do conteúdo das questões, concepção das questões propostas, concepção de incapacidade e falta de vontade de responder de participantes, escolha de questões com relação a estrutura, determinação da formação das questões, disposição e ordem das questões, identificação da forma e do plano global, reformulação do questionário e pré-teste do questionário.

Além dessas etapas de elaboração do questionário, Abdenacer (2015) descreve a parte estrutural. Assim como qualquer texto, esse instrumento também deve ter introdução, desenvolvimento e conclusão. Portanto, é extremamente importante observar todos esses aspectos para validação de bons resultados.

(36)

cada escola a fim de colher assinaturas para documentos, conhecer o prédio, conversar com os alunos e explicá-los sobre a pesquisa, pedir os contatos de e-mail, Facebook ou WhatsApp para enviar os questionários, entre outros motivos.

Reafirmamos que os questionários foram criados no Google Forms e enviados para os sujeitos da pesquisa por e-mail, Facebook ou WhatsApp, respeitando a preferência de cada um. No Colégio Providência, foi um pouco mais fácil enviar os questionários para os pais, uma vez que os alunos do 1º, 2º e 3º me auxiliaram na intermediação, levaram os TCLE para os pais, explicaram os motivos da pesquisa e pediram que colocassem seus contatos na folha. Apesar de termos tido mais facilidade, o processo foi lento, alguns alunos esqueciam de me entregar o TCLE e, por diversas vezes, tive que retornar à escola. Enviei o questionário para 80 pais e apenas 25 responderam à pesquisa. O maior número de respostas veio dos pais para quem enviei o link pelo WhatsApp. Acredito que é pelo fato de ser um aplicativo usado constantemente por eles e também foi a forma mais viável de pedir a eles que não se esquecerem de responder. Tive um pouco de dificuldade com os professores, pois demoraram bastante para responder. Enviei a maioria dos questionários por e-mail e tive que procurar o endereço de Facebook de cada um deles para fazer contato via Messenger. Após fazer isso, o resultado foi um pouco melhor. Enviei o questionário para 12 professores (Ensino Fundamental II e Ensino Médio) e nove responderam. Com relação aos alunos, também tive que lembrá-los constantemente da necessidade de me responderem, principalmente aqueles que me informaram seu número do WhatsApp. Enviei o questionário para 80 alunos e 33 responderam. Já a direção e coordenação pedagógica responderam prontamente.

(37)

A direção e a coordenação pedagógica responderam também rapidamente. Lembramos novamente que não enviamos questionários para os alunos, pois é uma escola de ensino infantil. A saber, o trabalho de campo, em síntese, é produto de um período de relacionamento com o sujeito e, consequentemente, com suas práticas sociais e culturais vividas no ambiente pesquisado. Esse relacionamento é importante, pois é no cotidiano que se revelam as inquietações que nos levam a experimentar novos estudos. A área desconhecida é que nos reporta à produção do conhecimento, dessa maneira, é o estranhamento que nos remete ao novo. Conquanto, são necessárias idas e vindas, ajustes e reajustes para se aproximar da direção ao que se deseja conhecer. Logo, para obter os resultados desejados, o pesquisador chega a se exaurir para não submeter sua pesquisa à julgamentos e denúncias (MINAYO, 2011).

1.3 Entrevista face a face com produtores dos sites das escolas

A entrevista tem sido utilizada para estudos mais complexos, isto é, para o estudo de instrumentos mais padronizados. Inclui também estudos a serem investigados, como “fatos,

sentimentos, planos de ação, condutas atuais ou do passado, entre outras” (SZYMANSKI, 2004,

p. 10). A entrevista é como uma “arena de conflitos e contradições”, observando medidas de representatividade da conversa e da “interação social que está em jogo na interação

pesquisador-pesquisado” (SZYMANSKI, 2004, p. 11). Nesse sentido, nas relações de interação, todo estado do ser proporciona uma ação. Sendo assim, o cruzamento de emoções nas interações humanas influencia o ato da entrevista. Por isso, serão focalizadas algumas questões, como “as condições psicossociais presentes numa situação de interação face a face, a

relação de poder e desigualdade entre entrevistador e entrevistado, entre outros fatores”

(SZYMANSKI, 2004, p. 12).

(38)

entrevista. Sendo assim, pode ocorrer situações em que o entrevistado se ache invadido, o que pode prejudicar a entrevista, ou pode também se sentir bem por se lembrar de algo importante que ocorreu em sua vida. Por isso, o simples ato do entrevistador escutar o entrevistado já se

torna uma “ajuda”.

Quanto ao desenvolvimento da entrevista, os seus objetivos devem ser claros, para que as informações coletadas também sejam. O primeiro momento da entrevista é o contato inicial, com o intuito do fornecimento de dados pessoais, institucionais e esclarecimentos da própria pesquisa. Além disso, estabelecer uma linguagem equivalente à do entrevistado deixa a conversa mais próxima de sua realidade, o que favorece a entrevista. O segundo momento é a condução da entrevista, uma espécie de “aquecimento”. Nessa etapa, é importante criar um

ambiente favorável à entrevista. Em estudos com famílias, por exemplo, buscar informações de sua origem, composição, idades, rotinas diárias. Consequentemente, recomenda-se falar de modo amplo sobre o objeto da pesquisa para estabelecer uma relação mais próxima com o entrevistado.

Com relação à questão desencadeadora da pesquisa, na entrevista reflexiva, os objetivos serão a base. Dessa forma, essa pergunta geradora irá inicializar a fala do participante para o desenrolar das questões. As perguntas geradoras não são fáceis de ser elaboradas e requerem a consideração de alguns critérios, como considerar os objetivos da pesquisa e evitar induzir as respostas, entre outros. Já quando se fala em “expressão da compreensão”, isso quer dizer o momento da entrevista em que o entrevistador vai exibindo o entendimento do discurso do entrevistado. Esse entendimento é de caráter descritivo e imprime a capacidade de se colocar no lugar do outro, porém, não assume a forma de uma avaliação pessoal. Sendo assim, além de indicar sua compreensão, preservar o foco do problema estudado na sua pesquisa é

fundamental. “Sua participação pode ocorrer de diferentes formas: elaborando sínteses,

formulando questões de esclarecimento, questões focalizadoras, questões de aprofundamento” (SZYMANSKI, 2004, p. 41).

(39)

principal. Por sua vez, o aprofundamento deve acontecer quando o assunto central da pesquisa é tocado de modo superficial. Para aprofundar o tema, faz-se necessário utilizar perguntas que instiguem a fala do entrevistado, bem como fazer comparações e relações para entender o fenômeno em questão. Por fim, a devolução é a exposição, aos entrevistados, das reflexões feitas por meio da conversa na entrevista. Esse momento é de extrema importância, pois o entrevistado se sente valorizado e compreende que seu tempo de conversa não foi perdido e terá um retorno para seu próprio trabalho ou para sua vida.

Nessa linha de pensamento, para responder os anseios do problema da pesquisa e os objetivos, realizamos entrevistas face a face com os produtores dos sites do Colégio Providência e do Centro Educacional Arte do Saber. Na primeira visita que fiz às escolas, perguntei às respectivas direções quem produziu o site e cada uma entrou em contato com os produtores para solicitar que me ajudassem na pesquisa. Assim, ambos prontamente se dispuseram a contribuir com o estudo. Logo, marcamos a data para as entrevistas nos prédios das escolas e a realizamos.

No Colégio Providência, entrevistei6 E17, formado em Pedagogia e é técnico em

Processamento de Dados, e que, atualmente, atua como instrutor de Informática nessa escola. Não foi E1 que produziu o site, no entanto, hoje é ele que alimenta a página. Vejamos seu comentário no excerto abaixo:

Quando entrei, o site já existia. Pelo que sei, já existia há uns dois anos. Desde 2012

ou 2014 que existe o site. Então, a criação foi pela necessidade da divulgação dos

procedimentos escolares, através do site. Então, o site está ligado à plataforma do

Anglo, que é o método de ensino que a gente utiliza (E1, 2017).

E1 contou que o site surgiu por uma solicitação do Grupo Anglo feita à direção, pois a plataforma já existia e seria necessário, então, apenas que alguém iniciasse o trabalho de produção do site. E1 disse que, após o Grupo Anglo ter sugerido o site para a escola, a direção e outros dois funcionários deram início a ele.

Foi uma solicitação da direção. Daí, juntaram dois funcionários da secretaria da […].

Então, tanto que a visão do site é bem básica. Porque não houve uma pessoa que tinha

uma formação para realmente elaborar aquele site, criativo […]. Ele é básico. Então,

6 As perguntas geradoras e a entrevista estão nos Apêndices.

7 Essa sigla foi criada para preservar a identidade dos pesquisados. Assim, E1 se refere ao Entrevistado 1 e E2 ao

(40)

foi esse tipo de alimentação, que não tem muitas instruções, nem nada, nele (E1, 2017).

E1 é funcionário da escola (técnico em Informática), cuida do Laboratório de Informática e instrui os professores e alunos quando esses fazem uso dele. Além disso, faz a alimentação do site. Ele nos contou que o site foi criado com o intuito de divulgar as atividades, informações básicas e os eventos realizados na escola. Além disso, quando o questionei sobre o contexto de criação, se houve ou não conversa e planejamento com os membros escolares (pais, professores, alunos e outros funcionários), E1 disse que não. De acordo com ele, o site foi criado de modo simples, pela direção e por outros dois funcionários a fim de dispor informações básicas.

No Centro Educacional Arte do Saber, entrevistei E2. Ele é sócio da escola e também atua como tatuador na cidade onde mora. Além disso, é formado em Administração e se aperfeiçoou em Marketing. Eu o questionei se, nesse curso, aprendeu a criar sites e ele respondeu que:

Então, na disciplina… sobre produção de site propriamente, não. A gente teve conhecimentos em mídias digitais, teve uma abordagem. Mas fiz, por fora, alguns cursos para aperfeiçoamento nessa questão de criação de sites.

[...] existem algumas plataformas, como o Wordpress, que é uma plataforma que muitas pessoas utilizam pela praticidade e funcionalidade. Dentro dela, me aperfeiçoei um pouco nessa plataforma. E é através dela que desenvolvi o site (E2, 2017).

E2 nos contou que fez o site pela plataforma Wordpress e que fez alguns cursos para se aperfeiçoar na área. Quando questionei se o site era uma forma de comunicação importante para a escola, ele disse que sim e que, para

[...] desenvolver essa ferramenta, nós buscamos alguns layouts que tivessem a ver com o tema, você tem que encaixar um tema bem legal. No caso, a gente foi buscar um tema que tivesse a ver com o universo infantil e que pudesse levar de maneira bem prática a informação, que os pais pudessem gostar do layout. Eu creio que depois de muita procura, muita pesquisa, a gente achou um layout que fosse, mais ou menos, a “cara” da escola (E2, 2017).

(41)

participaram ou deram sugestões para a página antes de ser feita. E2 nos disse que eles fazem isso agora: quando pais, professores ou funcionários oferecem sugestões, a escola leva em conta e busca reformular o site sempre que possível. Então, sabemos que as pessoas que participaram do planejamento e produção do site foram os donos da escola.

No caso, eu e a diretora somos proprietários da escola. Eu separei vários layouts que fui pesquisando e poderiam ser interessantes. Fui analisando, mais ou menos, a funcionalidade de cada um. Vimos o que poderíamos adequar para ficar mais personalizado e fomos escolhendo. Chegamos nesse que estamos usando hoje, e fui fazendo alguns acréscimos e alterações para ficar mais personalizado (E2, 2017).

Também questionei E2 sobre qual o objetivo principal de se criar o site:

Na verdade, o que eu acho imprescindível, são as mídias sociais. Eu queria interagir a escola com as redes sociais, este que era o nosso interesse, basicamente. Então a gente buscou algo que pudesse criar essa junção. E o site foi legal porque fica algo mais personalizado, você pode criar... Você pega algo mais personalizado e coloca as outras mídias dentro dele. Fica muito mais fácil para interagir, a pessoa com a escola e até os pais, entre si. Porque eles chegam no site da escola e, ali, podem interagir por meio das mídias... Eles estão conectados nas mídias (E2, 2017).

(42)

1.4 Análise bibliográfica de plataformas que permitem criar sites grátis

Realizamos uma pesquisa no buscador Google colocando o termo “criar site grátis” e localizamos 20.400.000 resultados. Nesses resultados foi possível identificar vários sites grátis, porém alguns que cobravam pelo domínio8. Ainda nessa pesquisa, encontramos o

Website Planet9, que lista os 10 primeiros sites grátis mais utilizados, com a classificação dos clientes. Assim, para investigar com mais precisão, fizemos um recorte para descrever todas as potencialidades dessas páginas, por meio da análise dos sites destacados pelo Website Planet.

Um dos sites mais usados, de acordo com o Website Planet, é o Wix (https://www.wix.com). Nele, não há limitação de tempo de utilização e a nota atribuída ao editor é de 9,8. Os utilizadores votaram e o escolheram porque acreditam que esse site tenha os melhores modelos e personalização, além de várias possibilidades de multimídia. Além disso, para quem deseja comprar um domínio, esse site oferece preços baixos. A plataforma Wix é simples, autoexplicativa e, se necessário, por meio da realização de outras buscas, é possível achar tutoriais escritos e em vídeo, além de fóruns que o próprio portal oferece para ajudar os usuários. Já o site Builder (https://www.builder.com) tem domínio grátis limitado (14 dias), assim como o Sitelio (https://www.sitelio.com/) e o Square Space ( https://www.squarespace.com), que também têm essa limitação. Por sua vez, o site Web Hosting Hub (http://www.webhostinghub.com/) também só pode ser usado por 90 dias. Esses sites possuem, de modo geral, as mesmas qualidades da Plataforma Wix, no entanto, não proporcionam utilização constante das ferramentas de forma gratuita.

O site Sitey (https://www.sitey.com/), igualmente, tem uso ilimitado e sua forma de edição é muito parecida com o site Builder. Acreditamos que o modelo de editor seja o mesmo, porém em plataformas diferentes. O cadastro também é realizado como os demais, por meio do nome completo, endereço de e-mail e senha. A partir daí, é só escolher o design e construir o site com as características do usuário.

Na sequência, vem o site Web Node (https://www.webnode.com.br/). Seu editor também é simples, mas não tão potente e rápido quanto do Wix. No entanto, em caso de dúvida, também oferece tutoriais disponíveis em vídeos e escritos. Já nas últimas colocações, estão

8 Pagar domínio significa saldar valores por mês para obter mais vantagens ao usar a plataforma de produção na

web e escolher o próprio URL (endereço de um recurso disponível em uma rede) é uma delas. Essas “vantagens”

variam de plataforma para plataforma.

9Website Planet, disponível em: http://pt.websiteplanet.com/reviews/construtores-de-paginas-web/. (Acesso em:

Imagem

Gráfico 1: Conhecimento dos sujeitos acerca do site do Centro Educacional Arte do Saber
Gráfico 2: Conhecimento dos sujeitos acerca do site do Colégio Providência
Gráfico 3: Participação na produção do site do Centro Educacional Arte do Saber
Gráfico 4: Acesso ao site do Centro Educacional Arte do Saber
+7

Referências

Documentos relacionados

O setor de energia é muito explorado por Rifkin, que desenvolveu o tema numa obra específica de 2004, denominada The Hydrogen Economy (RIFKIN, 2004). Em nenhuma outra área

Excluindo as operações de Santos, os demais terminais da Ultracargo apresentaram EBITDA de R$ 15 milhões, redução de 30% e 40% em relação ao 4T14 e ao 3T15,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

O movimento cognitivista enfatiza o funcionamento do sistema cognitivo, esta- belecendo uma ruptura no domínio da in- vestigação na psicologia. A pesquisa tradi- cional

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

Declaro que fiz a correção linguística de Português da dissertação de Romualdo Portella Neto, intitulada A Percepção dos Gestores sobre a Gestão de Resíduos da Suinocultura: