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Perceções, vínculo e papel dos Técnicos de Reinserção Social para a mudança de jovens ofensores

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Escola de Psicologia

Bibiana Alexandra Silva da Fonseca

Perceções, vínculo e papel dos Técnicos de

Reinserção Social para a mudança de

jovens ofensores

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Bibiana Alexandra Silva da Fonseca

Perceções, vínculo e papel dos Técnicos de

Reinserção Social para a mudança de

jovens ofensores

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho efetuado sob a orientação da

Professora Doutora Ângela Maia

e da

Doutora Filipa Teixeira

Universidade do Minho

Escola de Psicologia

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ii Índice Índice de Figuras Agradecimentos……….………….... Resumo……….……….………..…. iii iv Abstract………..………….……... v

Perceções, vínculo e papel dos Técnicos de Reinserção Social para a mudança de jovens ofensores ……….. 6

Método……… 9

Abordagem Qualitativa………….………...……….... 9

Participantes………..………..… 9

Instrumentos e procedimentos da recolha de dados………..… 10

Análise de dados…….………...……… 11

Resultados………..………... 11

Discussão………..………… 20

Conclusão………..……… 25

Referências ……….. 26

Figura 1. Mapa temático do tema central “Caracterização dos jovens“... 15 Figura 2. Mapa temático do tema central “Intervenção”... Figura 3. Mapa temático do tema central “Papel do Técnico“...

17 20

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iii Agradecimentos

À professora Doutora Ângela Maia, agradeço por toda a dedicação e apoio prestado neste processo. À doutora Filipa Teixeira, agradeço por toda a disponibilidade e pelo apoio incansável. Obrigada por terem acreditado neste projeto e serem um exemplo enquanto investigadoras.

A todos os membros deste grupo de investigação, agradeço por todos os comentários e por todas as ideias que contribuíram para que este projeto se tornasse naquilo que é. Obrigada pela partilha do vosso conhecimento.

À minha família, agradeço pelo entusiasmo com que me acompanharam nestes cinco anos. A ti, mãe, agradeço por tudo. Obrigada por me teres acompanhado sempre, apoiado e acreditado em mim. Sem ti isto não seria possível.

Aos meus amigos, obrigada por todo o apoio e por me ajudarem a ‘desligar’ e serem uma fonte de divertimento. Obrigada por todas as saídas, jantares e gargalhadas partilhadas.

A ti, Ana, obrigada por estares sempre do meu lado. Obrigada por me acalmares nos momentos de maior tensão e por nunca me teres deixado desacreditar naquilo que sou capaz. Obrigada por seres o meu pilar e por todo o amor.

A todos os técnicos, agradeço pela disponibilidade e por aceitarem fazer parte deste desafio. Agradeço pela partilha das vossas experiências e por tornarem este estudo possível.

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iv Perceções, vínculo e papel dos Técnicos de Reinserção Social para a mudança de jovens ofensores

Resumo

Estudos indicam que os técnicos de reinserção social parecem ter uma influência fulcral no processo de mudança de jovens ofensores. No entanto, poucos estudos têm explorado as perceções e atitudes dos técnicos em relação ao seu papel neste processo.

Este estudo pretendeu compreender as perceções dos técnicos acerca do seu papel no processo de mudança dos jovens e perceber o vínculo relacional estabelecido entre técnico/jovem e de que forma pode contribuir para a desistência criminal. Foram realizadas 10 entrevistas semiestruturadas a técnicos de Equipas de Reinserção Social e Centros Educativos do norte do país. Estas foram analisadas segundo os pressupostos da Análise Temática. Dos resultados obtidos, compreendeu-se que os contactos iniciais estabelecidos entre técnicos e os jovens parecem ter influência na forma como estes se posicionam face à intervenção. Quando consideram haver empatia, abertura e

proximidade investem na relação técnico/ofensor, mas quando não percecionam estes aspetos, fazem o mínimo exigido pela intervenção. A relação estabelecida com os jovens é percebida como

fundamental para a implementação da intervenção e subsequente (in)sucesso da mesma. Este estudo possibilitou a identificação de aspetos chave que visam a melhoria da atuação dos técnicos e

consequentemente o incremento de resultados positivos ao nível da desistência criminal. Palavras-chave: técnicos de reinserção social; vínculo relacional; delinquência juvenil;

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v Perceptions, attachment and role of Probation Officers about the change process of juvenile offenders

Abstract

Literature has shown that probation officers can have a core influence in the change process of juvenile offenders. There are however few studies about probation officers’ perceptions and attitudes regarding their role in the change of juvenile offenders.

This study aimed to understand how probation officers perceive not only their roles in the change process of juvenile offenders but also the bond established between them and the youths and its contribution to criminal desistance. We conducted ten semi-structured interviews with probation officers from the North of Portugal, which were analyzed according to Thematic Analysis’ procedures. This study showed that the initial bond established between youths and probation officers seems to influence professionals’ mindset and behavior during intervention. When empathy, proximity and open-mindedness to change are perceived as being initially present, probation officers tend to invest in the relationship. When they do not perceive initially none of these aspects, they seem to do the minimum intervention requirements. Additionally, probation officers deem the relationship established with youths as key for intervention implementation and its subsequent (un)success. This study allowed the

identification of key aspects useful to enhance probation officers’ work and, consequently, the increase of positive results on criminal desistance.

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Running head: PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 6 Perceções, vínculo e papel dos Técnicos de Reinserção Social para a mudança de jovens ofensores A desistência do crime é um processo gradual e dinâmico, que tende a ocorrer ao longo do tempo, sendo o resultado de várias causas e fatores de natureza individual, social e cognitiva (Kazemian, 2015; Laub & Sampson, 2001). Assim, trata-se de um processo de mudança contínuo, que engloba uma diminuição ou propensão para a diminuição dos comportamentos antissociais e uma diminuição da frequência, variedade e/ou gravidade dos comportamentos delinquentes que ainda vão sendo cometidos (Farrington, 2007). Todavia, a conceptualização de desistência do crime não é consensual, existindo controvérsias e diversas perspetivas orientadoras da compreensão deste fenómeno. Neste caso, optou-se por apresentar esta definição que se enquadra na corrente dinâmica da desistência do crime por esta orientar muitas das perspetivas e estudos realizados neste âmbito.

O campo da desistência criminal tem sido prolífero ao nível do desenvolvimento de estudos que visam uma maior compreensão dos processos e fatores associados a este fenómeno. Um dos domínios indicado como fator explicativo da desistência, prende-se com o impacto que a relação técnico/ofensor parece ter neste processo (Burnett & McNeill, 2005). Ainda que estudado de forma escassa, tem-se assistido recentemente ao aumento do número de estudos que reconhecem que o modo como os técnicos se relacionam e atuam na aplicação de programas de intervenção para ofensores pode influenciar a eficácia da sua atuação e o (in)sucesso na redução do comportamento criminal (Burnett & McNeill, 2005; Kennealy, Skeem, Manchak, & Eno Louden, 2012; Trotter, 2006).

De acordo com as “Core Correctional Practices“ (Labrecque, Schweitzer, & Smith, 2014), os técnicos que têm uma atuação adequada são aqueles que estabelecem relações de qualidade elevada com os ofensores (e.g., com base no respeito, suporte e com valorização da autonomia pessoal) e que utilizam competências estruturantes de qualidade elevada (e.g., modelagem prossocial, técnicas de reforço eficazes, estratégias de resolução de problemas; Andrews, 2011; Andrews & Kiessling, 1980). No estudo levado a cabo por Skeem, Louden, Polaschek, e Camp, (2007), concluiu-se que o estabelecimento de uma relação interpessoal sólida entre técnico e ofensor levava a um maior cumprimento das regras estabelecidas, a uma maior motivação para a adesão à intervenção e a uma maior probabilidade de o ofensor iniciar um percurso de mudança e o manter. Além disso, a força da relação técnico-ofensor estava positivamente relacionada com uma abordagem empática, de cuidado e confiança por parte do técnico.

Tem sido mostrado, também, que a importância do estabelecimento de uma relação técnico-ofensor é reconhecida pelos técnico-ofensores no seu processo de mudança. Um estudo realizado por Healy (2012), com 73 ofensores, demonstrou que estes consideravam que a qualidade da relação técnico/

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 7 ofensor potenciava o seu comprometimento com a mudança, fornecendo motivação para ultrapassarem as dificuldades sentidas.

Em relação aos processos de desistência em jovens institucionalizados, alguns estudos têm mostrado resultados semelhantes (Abrams, 2006, 2012; Chui, 2005; Lane, Lanza-Kaduce, Frazier, & Bishop, 2002). Schubert, Mulvey, Loughran e Losoya (2012) avaliaram as perceções de jovens ofensores acerca de algumas dimensões da experiência institucional e o seu impacto para a reincidência após cumprimento da medida aplicada, encontrando que, de acordo com o discurso dos jovens, o facto de terem um cuidador primário que os acompanhe no cumprimento da medida e o acompanhamento por um técnico especializado após o término da mesma, reduz a probabilidade de novo envolvimento com o sistema de justiça.

Desse modo, a literatura tem apontado resultados que corroboram que o desenvolvimento de um vínculo e respeito mútuo entre técnico e ofensor pode influenciar de forma positiva a adequação das intervenções desenvolvidas, funcionando como um fator protetor da reincidência e, consequentemente, como promotor da desistência do crime (Andrews & Kiessling, 1980; Dowden & Andrews, 2004; Labrecque et al., 2014; Paparozzi & Gendreau, 2005; Skeem et al., 2007).

Apesar de os técnicos parecerem ter um papel crucial na supervisão dos ofensores, e da sua reconhecida importância para a mudança, os estudos que exploram as suas perceções e atitudes em relação ao seu papel no processo de mudança dos ofensores são ainda escassos.

Um estudo realizado por Umamaheswar (2012) que pretendeu examinar as perceções dos técnicos acerca dos jovens ofensores e das suas circunstâncias de vida, com vista a explorar em que medida as estratégias utilizadas/práticas implementadas eram consistentes com essas perceções, observou que os técnicos entrevistados veem-se como uma figura de suporte no processo de mudança dos jovens. Todos os técnicos relataram que as suas principais responsabilidades eram encorajar e apoiar os jovens no seu processo de mudança, motivando-os a assumir o controlo da sua vida e a acreditar na sua capacidade para mudar. Além disso, enfatizaram repetidamente que deviam ter uma atitude de não julgamento para conseguirem estabelecer um vínculo de confiança com os jovens. Um outro estudo, desenvolvido por Schwalbe e Maschi (2009), que pretendeu descrever as estratégias e práticas usadas pelos técnicos na intervenção com jovens ofensores, demonstrou que estes adaptavam as suas estratégias consoante não só as suas atitudes face às diferentes abordagens de intervenção, mas também, as características do jovens ofensores (e.g., idade e avaliação do risco e necessidades criminógenas). Por exemplo, técnicos que, defendiam que a intervenção devia ser focada no tratamento (vs. punição) destes jovens, na sua prática focavam a supervisão na reabilitação dos

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 8 mesmos, dedicando mais tempo a cada caso que acompanhavam. Em relação às características dos jovens, os técnicos pareciam manter um contacto mais frequente com os ofensores mais novos e usavam abordagens de intervenção diferentes quando identificavam nos ofensores maior acumulação de riscos e necessidades criminógenas. Na mesma linha destes resultados, o estudo de Lopez e Russell (2008) demonstrou que as perceções dos técnicos também influenciavam a intervenção, tendo estes uma abordagem de carácter reabilitativo quando percecionavam que os jovens tinham uma maior quantidade de fontes de suporte.

Depreende-se, assim, que as perceções, atitudes e estratégias dos técnicos influenciam o desenho da intervenção para jovens ofensores sendo, por isso, importante a obtenção de um conhecimento mais aprofundado dada a escassez de literatura neste domínio.

Ao nível do cenário português, os estudos desenvolvidos têm-se focado nas perceções dos jovens e dos técnicos de reinserção social acerca de variáveis como o sistema de justiça e a Lei Tutelar Educativa, a intervenção desenvolvida, a medida de internamento e a sua eficácia, a identificação de fatores de sucesso e insucesso das medidas tutelares educativas e a caraterização das trajetórias dos jovens a cumprir medidas tutelares educativas (Azevedo, 2013; Azevedo & Duarte, 2014; Barreiro, 2015; Fernandes, 2013; Manso & Almeida, 2010; Ribeiro, 2015; Rodrigues, 2013; Romão, 2013; Santo, 2014; Silva & Machado, 2012), podendo-se concluir que, a maior parte dos estudos desenvolvidos, foca-se ora no tipo, ora na eficácia das intervenções desenvolvidas, mesmo quando abrangidos por uma metodologia qualitativa. Portanto, não se conhece até à data, estudos desenvolvidos com profissionais portugueses que explorem as experiências subjetivas dos técnicos enquanto agentes promotores da mudança comportamental e as suas perceções quanto ao seu impacto para a desistência do crime. Existe, assim, uma lacuna ao nível das investigações que estudem mais aprofundada e especificamente as perceções dos técnicos acerca dos jovens ofensores, acerca do seu papel no processo educativo dos mesmos, bem como acerca da relação estabelecida entre estes dois intervenientes.

Assim, desenvolveu-se o presente estudo que pretende responder à seguinte questão de investigação: “Como é que os técnicos de reinserção social percecionam a sua intervenção e o impacto desta para a desistência criminal de jovens ofensores?”. Este estudo visa alcançar dois objetivos principais: por um lado, aceder às perceções que os técnicos de reinserção social têm acerca do seu papel e contributo no processo de mudança de jovens ofensores; e, pelo outro, perceber o vínculo relacional estabelecido entre os técnicos de reinserção social e os jovens, como ocorre e de que forma

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 9 contribui para a desistência criminal, recorrendo-se, para o alcance destes objetivos, a uma abordagem qualitativa.

Método Abordagem qualitativa

Este estudo foi desenvolvido tendo como base uma abordagem qualitativa. Optou-se por esta metodologia visto permitir a compreensão em profundidade de um determinado fenómeno, acedendo às experiências, significados e perceções dos indivíduos (Creswell, 2007). Assim, conseguiu-se obter um conhecimento sistemático e alargado das perceções dos técnicos de reinserção social acerca dos fenómenos que se pretendia estudar. Dentro das abordagens qualitativas, a escolha recaiu sobre os pressupostos da Análise Temática segundo as orientações de Braun e Clarke (2006). Este método qualitativo é flexível na abordagem dos dados, permitindo identificar, analisar e descrever padrões (ou temas) dos dados recolhidos. Nomeadamente, através do desenvolvimento de um sistema de

codificação dos dados, desta análise derivam temas centrais que são relacionados, seguindo uma hierarquia desde um nível de carácter descritivo para um nível mais abstrato e interpretativo dos dados. (Boyatzis, 1998; Braun & Clarke, 2006).

Participantes

Através da técnica snowball sampling, identificaram-se sujeitos com determinadas características relevantes para os objetivos do estudo, tendo-se constituído uma amostra de 10 Técnicos de Reinserção Social. Estes tinham experiência de intervenção com jovens delinquentes submetidos a medidas tutelares educativas, nomeadamente, acompanhamento educativo e internamento em centro educativo. Esta escolha prendeu-se com o facto destes técnicos se relacionarem de forma mais direta com os jovens, acompanhando-os no desenvolvimento do seu Projeto Educativo Pessoal e intervindo junto dos mesmos aquando do cumprimento da medida tutelar educativa aplicada. Além disso, o foco na experiência de intervenção com jovens a cumprir medidas de acompanhamento educativo e internamento em centro educativo, deve-se ao facto de no

acompanhamento destas medidas os técnicos terem um acesso “privilegiado” aos jovens, principalmente em contexto de centro educativo, o que era importante tendo em consideração os objetivos do estudo, no sentido de explorar o vínculo relacional estabelecido entre técnico e jovem.

Para serem incluídos na amostra, os participantes tinham de (1) ter um mínimo de 2 anos de prática profissional e; 2) estar a desenvolver intervenção junto de jovens a cumprir medida(s)

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 10 tutelar(es) educativa(s), nomeadamente, acompanhamento educativo e/ou internamento em centro

educativo.

Deste grupo de Técnicos, cinco eram do sexo feminino e cinco do sexo masculino, com uma média de idades de 45 anos (DP=9.2) e uma média de anos de experiência profissional de 18.2 (DP=9.9). Todos os participantes eram de nacionalidade portuguesa.

Instrumento e procedimentos de recolha de dados

Efetuou-se uma entrevista semiestruturada, cujo guião foi desenvolvido para o estudo em questão. Os tópicos abordados na entrevista foram construídos não só tendo em conta os objetivos desta investigação, mas também tendo como base a pesquisa bibliográfica feita.

Durante a entrevista eram abordados, principalmente, quatro tópicos: percurso profissional enquanto técnico; perceções acerca das medidas tutelares educativas; perceções acerca da

intervenção desenvolvida pelos técnicos; e, por fim, perceções acerca do processo de mudança dos jovens.

Foi efetuada uma entrevista piloto de teste do guião para averiguar a sua adequação e

compreensibilidade. Após a análise das primeiras seis entrevistas, foi identificada a necessidade de se explorar mais aprofundadamente nas entrevistas subsequentes os aspetos relacionais (e.g.,

estabelecimento vínculo relacional entre técnico e jovens), bem como as perceções acerca do papel enquanto técnico, debruçando-se mais tempo na entrevista para estas questões.

Para a realização deste estudo, primeiramente foi feito o pedido de parecer à comissão de ética da Universidade do Minho. De seguida, contactou-se a Direção Geral de Reinserção Social e Serviços Prisionais para obtenção da autorização de recolha de dados. Após a obtenção da mesma, contactou-se as Equipas de Reinserção Social e Centros Educativos, da zona Norte do país. A restrição a esta zona geográfica foi feita por uma questão de facilidade de acesso à amostra. Após a

confirmação por parte dos dirigentes dos Centros Educativos, bem como das Equipas de Reinserção Social para a recolha de dados e de se ter identificado os técnicos que cumpriam os critérios de inclusão definidos, os mesmos foram contactados para se averiguar a sua disponibilidade para

participar no estudo, sendo depois agendadas as entrevistas, que ocorreram mediante conveniência do participante quanto ao local e dia de realização das mesmas. As entrevistas decorreram entre fevereiro e março de 2018, com uma duração de 25 minutos a 99 minutos.

No momento de realização das entrevistas foi obtido o consentimento informado por parte dos técnicos, bem com a autorização para a gravação áudio das mesmas. Adicionalmente, foram

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 11 recolhidos dados sociodemográficos dos participantes através de um pequeno questionário

administrado antes do início das entrevistas. Análise de dados

Todas as entrevistas foram transcritas verbatim e eliminaram-se quaisquer dados de identificação dos participantes, de forma a salvaguardar o seu anonimato e a confidencialidade dos dados. As entrevistas foram, posteriormente, analisadas de acordo com a sua ordem de realização e com recurso ao software NVivo 10.

A recolha e análise de dados ocorreu de forma simultânea tendo em vista, não só o aprofundar de temas que emergissem na análise considerados relevantes para o estudo, como também a obtenção de uma maior variabilidade de perceções e significados por parte dos técnicos (Creswell, 2007).

Tal como referido anteriormente, para a análise dos dados foi utilizado o método da Análise Temática (Braun & Clarke, 2006). A análise iniciou-se com a decomposição inicial do conteúdo das primeiras cinco entrevistas, desenvolvendo-se um sistema de codificação. Este foi discutido, com a equipa de investigação e serviu de base para as análises seguintes. Assim, através da codificação dos dados, bem como da identificação de temas e das suas relações foi-se construindo um sistema cada vez mais hierarquizado e interpretativo. Posteriormente, as diferenças de interpretação foram

discutidas em equipa até serem identificados os temas centrais. Importa referir que a saturação teórica dos dados não foi alcançada. No entanto, por uma questão de gestão do tempo, não foi possível continuar com as entrevistas até que a mesma fosse atingida.

De forma a manter o rigor e a confiabilidade dos dados, o método de comparação constante e o frequente questionamento foram adotados, reformulando-se os temas e subtemas à medida que a análise ia sendo realizada (Creswell, 2007). Como referido anteriormente, as dúvidas e diferenças de interpretação foram discutidas entre investigadores, até se obter consenso na identificação dos temas centrais (Hill et al., 2005). Além disso, as análises e os processos de tomada de decisão foram registados ao longo da investigação em memorandos.

Resultados

Da Análise Temática emergiram três temas centrais: 1) Caracterização dos jovens; 2) Intervenção; e 3) Papel do Técnico. Cada um destes temas engloba um conjunto de subtemas que serão descritos seguidamente e esquematizados através de mapas temáticos. Além disso, para melhor

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 12 ilustrar as dimensões relatadas, sempre que necessário, serão incluídos excertos do discurso dos

participantes.

Tema 1: Caracterização dos jovens

Este tema (figura 1) refere-se à forma como os técnicos de reinserção social descrevem e percecionam os jovens com quem contactam no decorrer da sua atuação profissional. Esta descrição contempla duas dimensões paralelas: uma relacionada com o desenvolvimento das trajetórias delinquentes destes jovens (e à qual é dada maior ênfase) e outra considerando as características da etapa de desenvolvimento em que estes jovens se encontram, nomeadamente, a adolescência.

Estes jovens são descritos como provenientes de famílias disfuncionais e/ou desestruturadas. Estas tendem a ser caracterizadas pela presença de elementos com comportamentos violentos, ausentes e/ou incapazes de impor autoridade e controlo, características essas que levam a práticas educativas inadequadas, negligência parental e/ou baixa supervisão parental.

“Pronto, socialmente, se a gente for fazer uma análise social daquilo que foi o percurso de vida deles humm… ou indicativamente humm…. dos encarregados de educação ou quem estava responsável por, pela guarda deles, humm… não lhes conseguiu impôr um conjunto de regras ainda no início que permitisse, que lhes permitissem, digamos assim, humm… optar, se calhar, pelas opções mais corretas. Muitos deles abandonados e, e se calhar criados com os tais grupos sociais já, já conotados com alguma marginalidade (…)“ (P6).

Na perspetiva dos técnicos, este ambiente no qual o jovem cresce, é propício ao

desenvolvimento de uma desregulação na qualidadede vinculação, nomeadamente, ausência de figuras de referência moral e comportamental que possam ser consideradas positivas. Tal como afirma o participante 1: “A maior parte destes jovens acabam por não ter referências femininas e masculinas positivas, só referências negativas.”.

Aliada a estas características dos sistemas familiares dos jovens, verifica-se uma falha dos sistemas de apoio da sociedade, tal como referido pelo participante 3: “(…) os sistemas, humm sociais terem falhado todos, falhou o sistema familiar, falhou o sistema social, falhou o sistema escolar, falhou o sistema policial, falhou, falhou tudo, não é?”. Como descrito pelos técnicos, estes sistemas, em vez de identificarem e sinalizarem estes jovens com vista à compensação dos défices que advêm do ambiente familiar, muitas vezes identificam e sinalizam estes jovens mas não os protegem, estigmatizando-os e rotulando-os com base nas suas características quer mentais, quer

comportamentais, como afirmado pelo participante 2:”(…) nas escolas depois tem, há o efeito de estigmatização, da rotulação que a escola faz não é?“.

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 13 Como resultado deste ‘cocktail de situações’, os técnicos atribuem, nos seus discursos,

determinadas características mentais e comportamentais aos jovens com quem contactam. Ao nível das suas características mentais, consideram que estes jovens apresentam um modus operandi de sobrevivência. Dadas as características dos sistemas familiares, associados a um contexto percebido como não seguro, hostil e desadequado, estes jovens, perante a necessidade de sobrevivência, tornam-se não só manipuladores, desconfiados e obtornam-servadores do meio envolvente e de quem o compõe, mantendo-se sempre alerta, como também flexíveis, analisando o comportamento dos outros e adaptando-se ao mesmo, de forma a potenciar os seus ganhos pessoais. Tal como descrito pelo participante 1: “(…) basicamente são jovens que humm durante o percurso de vida deles ainda quando estavam inseridos nas famílias aprenderam a sobreviver. O que é que isto quer dizer? Que eles tiveram que arranjar estratégias humm... de se organizar.”

Adicionalmente, apresentam problemas de regulação emocional, como impulsividade e baixa resistência à frustração. Como consequência ou expressão destas características mentais, os

participantes identificam nestes jovens certas características comportamentais, como a ausência de rotinas e problemas de comportamento, nomeadamente, de oposição e/ou desafio, que tendem a evoluir para desviantes e/ou delinquentes. Nomeadamente, na perspetiva dos técnicos, o primeiro passo para o desenvolvimento destes comportamentos, inicia-se com o absentismo escolar: ou por se sentirem desenquadrados, ou por falta de acompanhamento ou por dificuldades de aprendizagem. Paralelamente, começam a envolver-se em grupos de pares, tendencialmente mais velhos e que já manifestam comportamentos desviantes, o que potencia no jovem o desenvolvimento dos mesmos comportamentos. Na perspetiva dos técnicos ambas as características destes jovens, bem como o seu percurso individual potenciam e explicam as trajetórias delinquentes, como referido pelo participante 5:

“É uma série de, de… é um cocktail de situações… hum… na maioria das vezes o meio para onde ele regressa, prende-se com a falta de organigrama familiar, humm pobreza, é uma série de coisas que os leva.. é questões pessoais mesmo... pouca ambição, pouco… pá é uma série de… de coisas (…)“.

Paralelamente, os técnicos enquadram e salientam que estes comportamentos delinquentes podem também ser compreendidos e ocorrerem como fruto da etapa desenvolvimental em que estes jovens se encontram, nomeadamente, a adolescência. Justificam e normalizam, assim, os

comportamentos descritos como rebeldia normativa desta etapa, tal como afirmado pelo participante 3: “São jovens, acima de tudo… são jovens, não é? No, no período da adolescência, com, com toda, com toda a problemática que tem a adolescência.”.

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 14 Além disso, os técnicos identificam outras características nos jovens que resultam da fase da

adolescência, descrevendo-os como plásticos. No ponto de vista dos técnicos, esse é um ponto positivo, dotando os jovens de potencial para modelagem e aprendizagem de novos comportamentos, principalmente quando comparados com ofensores adultos. Ao verem os jovens como moldáveis e em desenvolvimento, isso parece manter nos técnicos um sentimento de esperança face à mudança dos mesmos.

“Agora também tudo depende, da forma como se encara o trabalho com o jovem e eu tenho sempre a perspetiva de facto que ele está num processo de desenvolvimento, portanto são muito plásticos, não é? Eles são muito mais plásticos de facto do que um adulto. Humm são muito menos defensivos, não é? Humm e, portanto também acaba por ser humm, num certo sentido, mais fácil e mais gratificante, é mais fácil estabelecer dissonância cognitiva com eles, por exemplo do que um adulto que às vezes é muito mais rígido nas suas humm pronto. E isso, isso a mim é uma coisa que me gratifica e que me, que me desafia constantemente.” (P7)

Na perspetiva dos técnicos, o reconhecimento de características que podem ser descritas como normativas de um adolescente, nomeadamente, a rebeldia e o envolvimento em alguns comportamentos delinquentes, contribui para que estes possam ser vistos como não marcadamente distintos dos restantes jovens na sua faixa etária. Além disso, estas características também podem ter alguma influência na construção das suas trajetórias delinquentes. No entanto, é salientado no discurso dos técnicos que a construção das trajetórias delinquentes parece depender principalmente da falha ao nível do sistema familiar, algo que parece ser comum a este tipo de jovens, como afirmado pelo participante 6:

“(…) uma coisa que é comum, relativamente comum, humm é comum eu até diria que deve haver poucas exceções. É ao nível dos padrões educativos, das estratégias, de humm de parentalidade. São miúdos, normalmente quase todos, com, humm, que estão sujeitos a um, a uma baixa supervisão parental, em termos educativos, humm, a, a uma incapacidade por parte dos pais de exercer um controlo parental eficaz… humm e estamos a falar aqui também, não é, nem é, n- na maior parte dos casos nem é tanto uma questão só de negligência da parte d-, dos pais mas é mesmo de uma… aquilo que se nota é que os pais não sabem humm, como fazer, não é?“.

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 15

Figura 1. Mapa temático do tema central “Caracterização dos jovens”. Tema 2: Intervenção

Este tema (figura 2) refere-se às perceções dos técnicos acerca da intervenção enquanto processo que se vai desenrolando com o decorrer do tempo, considerando-se os desafios associados à sua implementação, devido quer às circunstâncias em que esta ocorre, quer às características dos jovens.

Com vista à ressocialização e reinserção na sociedade, todos os participantes consideram que, necessariamente, o primeiro passo na intervenção é avaliar as necessidades de educação para o direito, com o intuito de definir os objetivos a atingir com a implementação da medida. Estes passos são desenvolvidos tendo em conta o conjunto de procedimentos previstos na Lei Tutelar Educativa, cujo objetivo final é a educação para o direito. No entanto, os participantes identificam outros passos que parecem ser a operacionalização do que está previsto na lei. Assim, o primeiro passo é conhecer a história dos jovens, para que se possa identificar o que falhou no percurso de vida dos mesmos e, assim, programar alternativas. Estas contemplam: a promoção de formas de relacionamento alternativas quer com figuras de autoridade, quer com os pares; criação de histórias alternativas, principalmente ao nível da construção da identidade dos jovens, no sentido de perceberem que a identidade delinquente não é a única possível e, muitas vezes, é incompatível com metas idealizadas

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PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 16 para o futuro; e fornecimento de ferramentas, como, por exemplo, competências de gestão de conflitos e resolução de problemas. Estes passos parecem ser centrais para a intervenção desenvolvida, uma vez que, tal como descrito pelos técnicos, esta só terá algum tipo de sucesso se for adaptada às necessidades dos jovens no momento em que ocorre e, além disso, fizer sentido para este, identificando-a como necessária e benéfica. Isto é, parece haver da parte dos técnicos uma

preocupação ao longo da intervenção em identificar e trabalhar conjuntamente com o jovem aquilo que é prioritário para ele, naquele momento específico da sua vida, para que este reconheça que aquilo que está a ser feito, mais do que uma punição, é uma ajuda, tal como afirmado pelo participante 2: “A medida tem de ser pedagógica, não punitiva, o fundamental aqui é que a medida seja pedagógica, pedagógica no sentido de que o jovem esteja interessado e seja convidado para a cumprir e que esteja lá depois e que goste de a fazer (…)“. Quando isto acontece, o jovem torna-se mais ativo na

intervenção, como referido pelo participante 6:

“(…) quando eles percebem que há pessoas que confiam neles e que gostam com, com verdade e para os ajudar, eles acabam por ser empáticos também a reconhecer efetivamente que, que, que, que o nosso trabalho acaba por, por, por dar algum bom resultado.“.

Além disso, as medidas aplicadas e, consequentemente, a intervenção, só são vistas pelo técnico como adequadas quando se encaixam naquilo que é necessário para os jovens, como identificado pelo participante 7: “Humm tem a ver com a, humm, com a capacidade de adequação daquela medida em particular, à neces- às necessidades especificas daquele jovem, naquele momento da sua vida.“.

Um outro aspeto referido no discurso dos técnicos é o facto destes defenderem que é importante valorizar os pequenos ganhos que ocorrem ao longo do cumprimento da medida e o alcance de submetas (e.g., integração no meio escolar, mudança de valores). Quando isto acontece, consideram que a intervenção teve sucesso, mesmo que a meta da desistência criminal não tenha sido ainda alcançada, tal como afirmado pelo participante 3:

“É assim, o ideal, o ideal seria não ter mais contacto nenhum com o sistema de justiça, não é? Mas, humm, eu, humm, tenho uma, uma visão um bocadinho sui generis da coisa, não é? Humm, se, um jovem entra aqui porque, cometeu um homicídio, não é? E sair daqui, eu não ‘tou a dizer que isto é correto, que isto qu’é, qu’é fundamental, mas é um, uma baliza, se o jovem sair daqui a ter o respeito pela vida humana, e, pá, passar a furtar umas carteiritas e assim, considerarei que há uma evolução, não é? Uma evolução, significativa.“.

(19)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 17 Assim, para os participantes, mais do que educar para o direito, a intervenção desenvolvida e

as estratégias educativas utilizadas pretendem capacitar o jovem, reeducar e promover uma

reaprendizagem, sendo por isso, um espaço de desenvolvimento dos jovens, tal como afirmado pelo participante 4: “O objetivo principal do meu trabalho é realmente criar, humm… um ambiente que seja, portanto favorável ao desenvolvimento desses jovens, à…, ao relacionamento entre eles, ao relacionamento com adultos.”. Isto é, a intervenção pretende ser um momento onde juntos podem criar oportunidades que potenciem os jovens a atingir o seu melhor, fornecendo-lhes as ferramentas necessárias para que, após o cumprimento da medida, estes possam escolher o percurso a traçar e lidar mais facilmente com os obstáculos que irão encontrar.

Figura 2. Mapa temático do tema central “Intervenção”. Tema 3: Papel do Técnico

Este tema (figura 3) refere-se à perceção que os técnicos possuem acerca do seu papel no decorrer da intervenção.

(20)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 18 Parecem existir fatores que condicionam a interação entre técnico e jovem no processo de

intervenção. Segundo os participantes, os jovens têm crenças prévias acerca do sistema e expectativas acerca do funcionamento da intervenção. No momento de entrada no centro educativo ou início do processo de intervenção, consideram que alguns jovens têm perceções negativas acerca do trabalho que será desenvolvido, vendo o sistema e os técnicos como mais um meio de punição e

estigmatização, semelhantes a outros agentes com que foram contactando no seu percurso, o que terá de ser desconstruído por estes profissionais, como referido pelo participante 6:

“Numa primeira fase, os técnicos são os outros. A posição é, é o esquema e eles estão contra o esquema obviamente e dizem-nos “ah vocês isto, vocês aquilo”, portanto, eles veem-nos numa primeira fase veem-nos como uma, como um adulto estranho, como aquele vem aqui controlar-me e vigiar-me porque o tribunal me mandou, mandou pr’aqui.“ (P6)

Ao nível dos técnicos, estes apresentam também nos seus discursos crenças prévias acerca dos jovens. Tendo em conta o tipo de medida que o jovem irá cumprir (mais ou menos gravosa), esperam que este tenha um perfil delinquente mais/menos marcado e, consequentemente,

apresentem mais/menos obstáculos durante a intervenção. Por exemplo, o participante 4 menciona que: “(…) eu tive mais contacto, lá está, com, com as regras de conduta, com a imposição de

obrigações… mas eram miúdos que também… eu sabia que à partida iam aderir, e aderiram bem não é?“(P4). Assim, as crenças prévias acerca dos jovens, associadas às crenças que acreditam que os jovens têm numa fase inicial do processo, parecem condicionar as expectativas dos técnicos acerca do comportamento destes. Dessa forma, aquando dos contactos iniciais, essas podem influenciar as perceções dos técnicos em relação ao comportamento dos jovens, o que afetará a relação estabelecida entre ambos, como irá ser descrito posteriormente.

Além disso, os técnicos demonstram uma pressão para a eficácia, considerando que têm o dever de não deixar que o sistema falhe novamente, acreditando serem o último recurso para a promoção da mudança destes jovens. Isto é, dada a falha dos sistemas mencionada anteriormente (tema 1) e a ausência de supervisão adequada, o cumprimento de uma medida tutelar educativa é percecionado por estes profissionais como o último recurso que o sistema apresenta a estes jovens, no sentido de tentar conter/reverter a sua trajetória delinquente, evitando que esta prossiga, culminando com o contacto com o sistema penal. Assim, no discurso de alguns técnicos parece ser salientado algum tipo de obrigação de tentar fazer algo para que esse fim seja evitado, uma vez que parecem não existir respostas alternativas para estes jovens.

(21)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 19 “(…) se formos a olhar, todos os sistemas pra trás falharam, humm, por isso, temos a

obrigação de não deixar que o nosso sistema falhe, ou pelo menos, humm, tentar que não falhe, porque é… é a última estação digamos assim.“ (P3)

“(…) habitualmente isto é o fim da linha (…)“ (P2)

Aquando dos contactos iniciais entre técnico e jovem, além da influência dos fatores referidos anteriormente, os técnicos parecem analisar o comportamento dos jovens e dicotomizá-lo entre comportamento resistente e comportamento menos resistente. Quando contactam com jovens que parecem demonstrar um comportamento resistente, referem ter dificuldade em estabelecer uma relação com o mesmo, por não conseguirem empatizar com ele e este não reconhecer necessidade para a mudança. Parece haver uma resignação por parte do técnico nestes casos, por referirem que se o jovem não quiser, não podem intervir, apesar de se terem desenvolvidos esforços que contrariem este posicionamento. Assim, estes tendem a adotar um papel de Educador/Monitor, executando as funções mínimas obrigatórias supostas no processo de intervenção, tal como a monitorização do cumprimento da medida.

“Portanto, não acontece com todos, eu neste momento sei o percurso de uns, não sei o percurso de outros, há um, há uns jovens com quem eu trabalho mais… , há outros que te-, que em , que se baseia em esses…, portanto em momentos de mais tensão , de mais conflito que … e que trabalho e que… faço o meu papel de técnica de reinserção.“ (P4)

Por outro lado, quando a perceção inicial é de predisposição para a mudança por parte do jovem, o desenvolvimento de proximidade, empatia, abertura e disponibilidade parece facilitado, conduzindo ao estabelecimento de um vínculo seguro, o que se traduz num maior investimento por parte do técnico. Este manifesta-se através de um acompanhamento mais contínuo do jovem, por um aumento da disponibilidade para o ouvir e aconselhar, bem como uma maior capacidade de empatizar com este. Neste caso, o técnico mostra-se disponível para que este o procure para partilhar as suas dificuldades, bem como para apoio e aconselhamento. Assim, o técnico adota um papel de

Modelo/Referência, sendo visto pelo jovem como uma referência positiva.

“(…) para muitos deles são as primeiras referências e figuras positivas que... que aparecem na vida deles.“ (P1)

“(…) se vês que o jovem vê-te como uma referência o teu trabalho mais fácil... não é? Ele faz sempre tudo o esperado dele, ele desabafava e tu aí pronto vais… vais ali no papel, ali nas funções de carência (…) pronto tens o teu lado humano, vais vendo ali, vais-te preocupar com

(22)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 20 o jovem, vais dar conselhos, vais humm percebendo... mesmo até que tipo de aptidões tem o

jovem e se calhar aconselhavas-lhe e tal (…)“ (P5)

Assim surge uma relação de proximidade entre técnico e jovem, no qual o técnico é visto como alguém que pretende auxiliar o jovem no seu desenvolvimento. Esta relação é percebida como

fundamental para uma intervenção eficaz, tal como salientado pelo participante 3:

“ (…) se não houver relação de confiança não há terapia que, que, que, que, que resulte, humm não há, não, humm se não houver uma relação de confiança, uma relação de proximidade, humm, não há qualquer trabalho, ou qualquer técnica que resulte.”

Salienta-se, que este vínculo e relação se mantêm mesmo após o cumprimento da medida, parecendo ter influência na manutenção das alterações comportamentais por parte do jovem.

Figura 3. Mapa temático do tema central “Papel do Técnico“, Discussão

Até ao momento, poucos estudos têm explorado as perceções dos técnicos de reinserção social acerca dos jovens ofensores que acompanham na sua atuação profissional (Drass & Spencer,

(23)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 21 1987; Gaarder, Rodriguez, & Zatz, 2004; Lopez & Russell, 2008) e de que forma essas perceções

influenciam as suas práticas e a qualidade da relação estabelecida entre ambos (Schwalbe & Maschi, 2009; Umamaheswar, 2012). Assim, este estudo pretendeu dar voz a estes profissionais, de modo a aceder às suas perceções acerca do seu papel e contributo no processo de mudança de jovens ofensores, bem como perceber o vínculo relacional estabelecido entre estes profissionais e os jovens, como ocorre, e de que forma contribui para a desistência criminal.

Dos resultados obtidos neste estudo, destaca-se que os técnicos, consoante as suas perceções acerca dos contactos iniciais com os jovens, parecem adotar diferentes papéis na intervenção, o que parece condicionar o seu investimento e relação no decorrer do processo de intervenção com os jovens. Quando consideram haver empatia, abertura e proximidade investem na relação

técnico/ofensor; contudo, quando não percecionam estes aspetos fazem o mínimo exigido pela intervenção. Além disso, consideram que a relação estabelecida com os jovens é fundamental para a implementação da intervenção e subsequente (in)sucesso da mesma.

No que diz respeito ao desenvolvimento das trajetórias delinquentes destes jovens, os técnicos perspetivam o seu desenvolvimento como resultado de diversos fatores, familiares, sociais e

contextuais, nomeadamente, negligência e maus tratos parentais, baixa supervisão parental, práticas educativas inadequadas, etc., que levam a problemas individuais, como dificuldades de autocontrolo, carências emocionais e afetivas e vinculação com pares antissociais e delinquentes. Esta visão é coerente com o que a literatura sugere acerca do desenvolvimento de comportamentos delinquentes. (Farrington, 2000; Mulvey et al., 2010). Além disso, coincide igualmente com os resultados de investigações envolvendo estes profissionais. No estudo realizado por Umamaheswar (2012), os técnicos também descreveram o percurso delinquente como resultado das situações de vida anteriores dos jovens, bem como das más escolhas que estes foram tomando, não sendo um reflexo da sua identidade. Em nenhum dos casos, este percurso foi descrito como resultado de características da personalidade destes jovens (e.g., psicopatia). Esta visão por parte dos técnicos demonstra um olhar positivo acerca das possibilidades de mudança destes jovens, já que parecem acreditar que,

capacitando e reeducando os jovens, este percurso pode ser revertido. Assim, parece que mudando o contexto em que os jovens se encontram, dotando-os de ferramentas e criando oportunidades para os mesmos, a mudança é perspetivada como possível e sucedida quanto à desistência criminal.

Adicionalmente, os técnicos salientam nos seus discursos que o processo de intervenção deve proporcionar um espaço de desenvolvimento dos jovens, através da construção de um percurso alternativo, promoção de relações positivas e adequadas e do fornecimento de competências. Assim,

(24)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 22 parecem enquadrar a sua intervenção na “care approach“ (Vidal & Skeem, 2007), baseada no suporte. Apesar do reconhecimento do papel de outros aspetos, como a responsabilização dos jovens pelos atos ilícitos cometidos, a sua intervenção parece ser centrada na reabilitação destes. Estes resultados estão na mesma linha do estudo de Umamaheswar (2012), em que os técnicos, apesar de referirem

dificuldades em balancear as estratégias de punição vs. reabilitação, baseiam a intervenção, principalmente, nos aspetos relacionados com a reabilitação dos jovens.

Quanto à questão da dimensão relacional, é de realçar a importância dada pelos técnicos à relação estabelecida entre técnico e ofensor no processo de intervenção. Os técnicos identificam que quando estabelecem uma relação positiva com os jovens, a sua atuação é facilitada, podendo passar a ser vistos como um modelo para o jovem. Quando isso acontece, o técnico parece investir mais na intervenção com o jovem por sentir abertura e disponibilidade para trabalhar outros aspetos. Além disso, referem que quando a relação é estabelecida, o jovem parece aderir à intervenção, assumindo um papel mais ativo. Assim, e tal como verificado no estudo de Skeem et al. (2007), os técnicos parecem acreditar que o estabelecimento de um vínculo relacional entre técnico e ofensor, pode levar a uma maior adesão do jovem à intervenção e, consequentemente, ao maior sucesso da mesma. Além disso, os técnicos salientam que fatores como a proximidade, abertura, disponibilidade e empatia parecem ser centrais no estabelecimento da relação, uma vez que só quando percecionam estas variáveis na interação com o jovem, sentem que é possível desenvolver um vínculo com o mesmo. Estes resultados vão ao encontro das conclusões de um estudo desenvolvido em Portugal que

pretendeu compreender os fatores que motivavam os jovens que cumpriram medida de internamento a não reincidirem. Entre outros aspetos, verificou-se que o desenvolvimento de uma relação com uma figura de referência em contexto de centro educativo era importante para o processo de desistência dos jovens (Cordeiro, 2015). Assim, parece que tanto os jovens como os técnicos atribuem um papel à relação estabelecida no decorrer da intervenção, admitindo que esta pode influenciar o processo de desistência criminal.

Um outro aspeto que deve ser evidenciado é o facto dos técnicos, apesar de referirem que em termos da Lei Tutelar Educativa, o que parece estar definido acerca do sucesso da intervenção é a promoção da desistência do percurso criminal e o não cometimento de novos atos ilícitos, no contexto prático as suas definições de sucesso parecem ser diferentes. Como foi possível verificar, os técnicos salientam a necessidade de valorizar os pequenos ganhos e o alcance de submetas ao longo da intervenção, considerando estes fatores, associados à mudança de valores, crenças, cognições e comportamentos, indicadores de sucesso da mesma. Estes fatores são descritos em alguns estudos

(25)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 23 que mencionam o desenvolvimento de uma nova identidade, como condição necessária para o início

de um percurso desistente (Maruna, 2001; Zara & Farrington, 2016). Depreende-se assim que os técnicos valorizam mais do que o fim (a desistência criminal), os passos até a atingir.Assim, esperam que após o cumprimento da medida, mais do que não cometer nenhum ato ilícito, o jovem possa adotar uma nova identidade mais prossocial e empoderada que lhe permita uma reintegração

adequada. A intervenção pretende ser então uma “alavanca” na vida dos jovens para o surgimento de mudanças cognitivo-comportamentais que, aliadas às competências adquiridas durante o cumprimento da medida, lhes permitirão optar por um percurso não delinquente.

Além disso, os técnicos enfatizam nos seus discursos que os jovens devem ser envolvidos no processo de intervenção, sendo este mais um fator essencial para que a intervenção seja desenvolvida adequadamente. Apesar de não se identificar no discurso dos técnicos o uso explícito de um modelo de intervenção ou a adoção de teorias associadas ao processo de desistência criminal, estes parecem pôr em prática alguns dos aspetos por elas referidos. Por exemplo, este aspeto realçado pelos técnicos (envolvimento dos jovens) está de acordo com o defendido por teorias cognitivas neste domínio. Nomeadamente, identificam a necessidade de transformações cognitivas nos jovens, sendo que as mesmas tendem a ocorrer quando estes estão abertos à mudança (Giordano, Cernkovich, & Rudolph, 2002). Desse modo, tal como referido pelos técnicos, os jovens precisam de estar envolvidos no processo de intervenção para identificarem a necessidade de mudança e assim ver a intervenção como benéfica para que, posteriormente, se envolvam em experiências promotoras da desistência do crime. Além disso, existem estudos que mostram que quando os jovens sentem que estão envolvidos no processo de intervenção, que os objetivos definidos e as competências aprendidas são adaptadas às suas necessidades e as percebem como importantes para o seu futuro, tendem a estar mais dispostos para mudar, o que contribui para o sucesso das intervenções (Lane et al., 2002).

Os resultados deste estudo levantam algumas implicações para a prática da Intervenção Tutelar Educativa. Em relação aos papéis adotados pelos técnicos, é crucial que estes tenham

consciência de que a forma como se relacionam com os jovens, bem como as crenças prévias que têm acerca dos mesmos, parecem influenciar as suas práticas (investindo ou resignando-se), e o papel que adotam enquanto mentores dos jovens no seu processo de mudança, tal como defendido em alguns estudos (Abrams, 2006, 2012; Chui & Chan, 2014; Lane et al., 2002; Schubert et al., 2012). Seria, por isso, relevante na formação dos técnicos a abordagem destes aspetos, salientando-se a

(26)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 24 relacionamentos estabelecidos durante a intervenção, o que poderá ter impacto no processo de

mudança dos jovens.

Um outro aspeto a frisar é a avaliação do sucesso da intervenção tutelar educativa. As medidas oficiais tendem a definir o sucesso como a não reincidência e o não contacto com o sistema de justiça posteriormente ao cumprimento da(s) medida(s) tutelar(es) educativa(s). Reduzem, assim, o processo de desistência criminal a uma única variável, algo que, tal como ficou claro neste estudo, do ponto de vista dos técnicos, não parece ser o único ingrediente nesta equação. Importa refletir acerca destas questões, principalmente aquando do desenvolvimento de medidas do processo de desistência que ao invés de ser concebido como algo dicotómico (desistente, não desistente) deve englobar uma

perspetiva dinâmica e gradual e avaliar conceitos identificados pelos técnicos como importantes (e.g., transformações cognitivas, mudança de identidade, aquisição de competências). Por fim, e uma vez que, segundo os técnicos, a construção das trajetórias delinquentes parece depender principalmente da falha ao nível do sistema familiar, seria importante definir de forma objetiva a interação que estes profissionais devem ter com as famílias, de forma a desenvolver intervenções dirigidas às mesmas e colmatar os desajustes encontrados nestas.

Seria importante que futuras investigações estendessem o estudo em questão a técnicos de outras zonas geográficas do país, sendo esta uma limitação deste estudo. Este aspeto parece ser importante já que os técnicos identificaram a zona em que estão inseridos (norte do país), como uma zona em que a delinquência juvenil, apesar de existente, não é significativa, identificando, por exemplo, a zona de Lisboa como mais problemática neste domínio, podendo este aspeto trazer diferenças quer nas perceções acerca dos jovens e da importância do vínculo relacional, quer no papel percebido ao longo da intervenção.

Além disso, alguns temas que foram surgindo ao longo das entrevistas deveriam ser

aprofundados, nomeadamente a pressão para a eficácia referida pelos técnicos, já que esta parece ter um impacto direto na intervenção e na visão dos técnicos do que deve ser o trabalho a desenvolver. Um outro aspeto a explorar é se os técnicos estão consciencializados da importância que a vinculação e o desenvolvimento de uma figura de referência têm para o jovem, para o seu percurso de mudança e manutenção da mesma. É igualmente necessário analisar as capacidades destes para se vincular e estabelecer um vínculo relacional com os jovens.

Em termos de limitações, considera-se também, que as dimensões abordadas poderão ter sido redutoras para a compreensão de um cenário mais global acerca da desistência criminal. Estudos futuros devem explorar as perceções dos técnicos acerca da desistência, de como esta se processa e

(27)

PERCEÇÕES DE TÉCNICOS DE REINSERÇÃO SOCIAL 25 qual é, será ou deve ser o papel e importância destes profissionais para o seu desenvolvimento e

manutenção. Seria, também, salutar desenvolver estudos que avaliem a perceção dos jovens acerca da atuação dos técnicos durante o processo de intervenção e o seu impacto para a desistência, no sentido de contrastar as perceções de ambos.

Conclusão

O presente estudo representa um contributo essencial para o corpo de conhecimento da desistência criminal de jovens ofensores, dando voz a um dos intervenientes centrais da área Tutelar Educativa. Os Técnicos de Reinserção Social são um elemento crucial nesta área, uma vez que contactam diretamente com os jovens a cumprir medida(s) tutelar(es) educativa(s), estando sob a sua responsabilidade a intervenção com os jovens ofensores e a importante tarefa da sua ressocialização. Este estudo possibilitou a identificação de aspetos chave que visam a melhoria da sua atuação e consequentemente o incremento de resultados positivos ao nível da desistência criminal.

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Imagem

Figura 1. Mapa temático do tema central “Caracterização dos jovens”.
Figura 2. Mapa temático do tema central “Intervenção”.
Figura 3. Mapa temático do tema central “Papel do Técnico“,

Referências

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