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O Mestre Juramidã: Análise da Constituição da Figura Histórica do Sr. Raimundo Irineu Serra

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Academic year: 2021

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ISABELA OLIVEIRA

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Resumo: o presente artigo analisa a compreensão compartilhada pelos seguidores do Sr. Raimundo Irineu Serra, fundador do Santo Daime, sobre a sua pessoa e a maneira como esse entendimento se constituiu por meio da dinâmica da oralidade entre as décadas de 1910 e os dias atuais. Para os daimistas, o Sr. Irineu é o “Mestre Juramidam”, palavra que revela uma ampla gama de significados, que fala da pessoa do Sr. irineu como presença viva do Cristo na contemporaneidade e também como uma manifestação atual do Espírito Santo. Por meio da análise do conteúdo expresso pelas memórias compartilhadas dos seguidores na religião, demonstra-se como esse conceito se formou entre os daimistas e investigam-se as diferentes influências culturais que contribuíram para a formação desse significado na religião.

Palavras-chave: Oralidade. Santo Daime. Religião. Líder.

O MESTRE JURAMIDÃ: ANÁLISE DA CONSTITUIÇÃO DA FIGURA HISTÓRICA DO SR. RAIMUNDO IRINEU SERRA*

O

fundador do Santo Daime, Sr. Raimundo Irineu Serra, conhecido entre seus seguidores como Mestre Irineu é, hoje, uma personalidade inter-nacionalmente conhecida. A religião fundada por ele, o Santo Daime, encontra-se espalhada pelos quatro continentes e conta com milhares de adeptos. Em Rio Branco (Acre) há, inclusive, um bairro batizado com o seu nome, tamanha sua notoriedade entre os acreanos. Em 2008, a história de seu contato inicial com o chá psicoativo Ayahuas-ca e a fundação da religião Santo Daime fizeram parte do roteiro da minissérie “Amazônia” produzida pela Rede Globo e levaram milhoes

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de brasileiros a conhecer o Sr. Irineu Serra. Mas quem é esse homem? Por que ele tem se tornado cada dia mais conhecido no mundo? As reflexões que aqui oferecidas buscam responder à pergunta “Quem é o Sr.

Irineu Serra para os seus seguidores?” e averiguar, por meio dos relatos orais presentes na religião, como se constituiu a sua figura histórica e o seu significado para os praticantes da religião.

Partem da compreensão de religião enquanto uma construção social em con-tínua formação, um fenômeno social, dialético e humano que oferece, para seus seguidores, um conjunto de significados que fundamenta sua compreensão do cosmos como sendo composto por dimensões tangíveis e intangíveis (BERGER, 2004). Tal ordenamento significativo é per-cebido como um corpus semântico que orienta a conduta dos adeptos no seu dia-a-dia e estrutura sua compreensão sobre a realidade. Nesse sentido a religião Santo Daime é entendida como uma construção social,

histórica e cultural inserida no contexto mais amplo da sociedade que não têm outro sentido ou outra existência senão aqueles que lhe são conferidos pela atividade e pela consciência humanas (idem, ibidem) os quais são construídos por meio de um processo dialógico que se dá na conversação, na interação entre as pessoas com sua memória, seus registros orais e escritos.

Para Berger (2004, p. 19) o ordenamento simbólico construído dialogicamente pelas pessoas na religião pode ser entendido como a própria cultura, percebida num sentido mais amplo, como a totalidade dos produtos humanos e não apenas a esfera simbólica presente nesse conjunto. Já Geertz (1989, p. 103) entende cultura como um sistema entrelaçado de

signos interpretáveis; como teias e padrões de significados construí-dos pelos homens e por eles compartilhaconstruí-dos, que são determinaconstruí-dos e transmitidos historicamente, se expressam de maneira simbólica e permitem que os homens se comuniquem, perpetuem e desenvolvam seu conhecimento e suas atividades. Ou seja, um conceito semiótico de cultura, que a entende como um sistema de significação, como um contexto onde continuamente se formam as práticas sociais, no caso a religião Santo Daime, cuja compreensão passa, necessariamente, por uma abordagem interpretativa dos significados coletivamente construídos. Partindo dos conceitos de Berger (2004) e Geertz (1989), considera-se os sentidos compartilhados pelos daimistas como um corpo semântico, uma teia de significados que se estrutura e se ressignifica continuamente por meio da interação das pessoas com seu conteúdo que permite aos

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daimistas a elaboração contínua novas leituras do passado, por meio de sua vivência presente da religião.

Assim, a construção social do Santo Daime e da constituição histórica da figura de seu fundador, Sr. Raimundo Irineu Serra, são entendidos como processos culturais, coletivos e dialógicos, inseridos no contexto das transformações sociais e históricas mais amplas da sociedade sobre a qual não se pode determinar um início preciso mas que se deu a partir do início do século XX, a partir das vivências pessoais de seu fundador e continua ainda hoje em formação, por meio da interação dos seguidores com suas memórias e as narrativas orais presentes na religião.

O Sr. Irineu nasceu na cidade de São Vicente Férrer (MA) em 1890 e mudou-se para o Acre na sua juventude, por volta de 1912, dentro do fluxo migratório fomentado pela extração do látex em larga escala. O período foi marcado pelo grande boom da produção gumífera na região amazônica o qual atraiu trabalhadores de diversas regiões do país, em especial do nordeste.

Foi trabalhando como seringueiro e membro da Comissão de Limites1 que

ele teve contato com a bebida Ayahuasca. A Ayahuasca é um chá com propriedades psicoativas utilizado milenarmente2 pelas populações

nativas da região amazônica brasileira e andina para diferentes finali-dades3, tais como: diagnóstico e cura de doenças, adivinhação, caçadas,

preparação para guerra (MACRAE, 1992) e em práticas xamânicas e de curandeirismo4.

Ao beber a Ayahuasca, por volta de 1912/14, o Sr. Irineu teve revelações psíquicas e espirituais que o levaram, nos anos seguintes, a constituir uma nova forma de trabalho com essa bebida milenar. Sob sua direção, deu-se, durante as décadas de 30 e 60, na cidade de Rio Branco (AC), o processo principal de formação da religião Santo Daime. Nesse período a bebida foi rebatizada, uma nova técnica para o seu preparo foi desenvolvida e os principais rituais, símbolos e fundamentos dou-trinários da religião foram constituídos.

Também foi nesse período, entre as décadas de 30 e 60, que o Sr. Raimundo Irineu Serra consolidou a sua liderança à frente da na religião Santo Daime em Rio Branco e foi sendo, paulatinamente, por meio do diálogo estabelecido pelos seguidores da religião e as narrativas orais do grupo -, sendo considerado, pelos seus discípulos como um grande curador, um líder comunitário expressivo, um bom conselheiro e padrinho informal

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de muitas pessoas da região. Na atualidade, para muitos daimistas, ele é uma “pessoa que se cristificou” ou mesmo o renascimento anunciado na Bíblia do próprio Cristo. De um modo geral, para seus seguidores ele é, carinhosamente, o “Mestre Juramidam”, um neologismo pre-sente na religião, que tanto fala do que seria o “nome espiritual” do Mestre Irineu – “o seu nome no astral”5 – mas que também revela o

significado mais profundo dessa conexão entre o Mestre Irineu e o Cristo. Um presença Crística cujo significado se remete ao conceito de Espírito Santo enquanto terceira pessoa da Santíssima Trindade, presença ativa de Deus cada ser, em toda a criação.

Uma das primeiras e mais significativas narrativas que associam o Sr. Irineu ao universo do divino e que, portanto, contribuem para a construção de seu carisma e de sua trajetória hagiográfica, relembra uma de suas primeiras experiências com a Ayahuasca.

De acordo com essa narrativa, o Mestre Irineu tomou a Ayahuasca pela primeira vez no contexto nativo amazônico de utilização da bebida entre indíge-nas, caboclos, curandeiros, seringueiros, xamãs e vegetalistas6 da região.

O relato do Sr. João Rodrigues Facundes, antigo seguidor da religião, des-creve aquilo que, na sua compreensão, foi a primeira experiência do Sr. Irineu com a Ayahuasca e revela algumas características do uso da Ayahuasca no contexto nativo.

Olha ele tomou também até a titulo de curiosidade. Lá com Antônio Costa. Lá no Alto Acre. Ele soube da existência (da bebida) através dele e, por sinal, ele soube primeiro que lá nos Incas tomavam. E quando, falando com Antônio Costa, ele disse que sabia, que conhecia, foram [...] tomar o Daime. [...] Ele tomou lá, hoje vamos dizer que seja Vila Assis Brasil por ali, entre Brasiléia e Vila Assis Brasil. Agora, depois, realmente ele foi lá pro Peru.

Por sinal, conheceu um caboclo por nome Pizango, e esse Pizango sabia aonde as andorinhas moravam. Então ele prometeu ao Mestre que iria tomar Daime com ele em determinado dia, e prepararam lá o trabalho. Esperaram, esperaram, esperaram e nada do Pizango aparecer. Aí come-çaram o trabalho. Aí daí a pouco veio aquele senhor (uma pessoa que apareceu na miração do Sr. Irineu). E (essa pessoa) pulou dentro da lata, que tava o Daime. E ele (o Sr. Irineu) até proseou, disse: ‘Agora... Muito bonito! Eu vou tomar Daime aqui com o serviço do caboclo aqui dentro da lata! (risos)’ Mas não falou com o peruano.

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Aí ele (o ser dentro da lata) vai e manda o Mestre Irineu perguntar a cada um daqueles irmãos, se estavam mirando e olhar um por um ali dentro daquela lata pra ver o quê que viam. E assim ele fez, de um por um, de um por um perguntando. E só viam Daime, só viam Daime, só viam Daime. Aí chegou no último, seu Antônio Costa. Aí ele (o ser dentro da lata) disse: ‘Tá vendo? Só você, pode aprender igual ou mais do que eu. Ninguém me viu aqui, só usted. Mande ele (uma determinada pessoa) me deixar um vaso de Daime, lá de trás daquela fumaceira’7. [...].

Então, ele (o Sr. Irineu) perguntou aos companheiros dele, quem é que tinha coragem de ir lá. Então André Costa (irmão do Sr. Antônio Costa) foi e deixou lá (o recipiente com a Ayahuasca). Agora interessante... Após o trabalho, o Daime não estava mais lá naquele vaso (risos). Por isso que ele dizia, e eu também afirmo, que ele sabia onde as andorinhas moravam, o caboclo Pizango (entrevista, maio/ 2007, Rio Branco – AC).

Assim, o relato do Sr. João Facundes, amplamente difundido com pequenas variações entre os daimistas, referenda o Sr. Irineu como alguém com qualidades especiais, capaz de aprender tanto ou mais que um “mestre ayahuasqueiro” do contexto nativo e, portanto, também o insere e testifica sua capacidade dentro da tradição milenar da bebida. Após esses momentos iniciais de contato com a Ayahuasca, aparecem na

religião, relatos que mencionam as experiências do Sr. Irineu a sós ou acompanhado por seus conterrâneos, Antônio e André Costa, tanto no interior da floresta como na cidade de Brasiléia.

Entre essas lembranças destaca-se o encontro entre o Sr. Irineu e uma bela senhora que apareceu-lhe vindo da lua em sua direção dentro de uma visão psicoativa com a Ayahuasca. A narrativa do Sr. Luiz Mendes Nascimento, antigo seguidor do Sr. Irineu, descreve o encontro do Sr. Irineu com Clara:

[...] Até que chegou o dia marcado (que o Sr. Irineu iria beber com o Sr. Antônio Costa a Ayahuasca que havia preparado). Ele (Sr. Irineu) tomou. Foi quando ela realmente apareceu pra ele, tendo como o seu trono a lua. Ela veio pousada dentro da lua. Aí ele pasmou. Ele nunca tinha visto e nem imaginava de estar ali diante de tanta formosura. Porque ela era tão visível que ele definia nela tudo. Toda a beleza, as pestanas, as sobrancelhas... Uma divindade. Foi quando ela falou pra ele, se identificou como mãe, disse:

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– Eu sou a tua mãe. A Clara justamente. Você tá aqui na presença dela, tua mãe, a Virgem da Conceição. Ou tu acha que tu tá enganado. Tu tá me vendo aqui como Satanás é?

– Ave Maria, minha mãe. Nunca, nunca. Não tem lógica. Jamais. – Mas tu imagina o quê de mim? Eu sou uma feiticeira?

– Ave Maria minha mãe, jamais.

– Então é tu mesmo que vai dizer, quem é que tu acha que eu possa ser. Aí ele disse que só acertou dizer pra ela:

– A senhora pra mim é uma Deusa Universal.

Juntou todo o quadro... não dava outra coisa, a não ser uma Deusa Uni-versal. Foi quando ela disse:

– Mas tu acha que o que tu ta vendo alguém já viu?

Aí ele embaraçou... Até porque ele era um iniciante e essa bebida já vinha... E ele achou que ele tava vendo era o resto daquilo que os outros deixaram de ver. Ela disse:

– É teu engano. Porque o que tu tá vendo aqui ninguém nunca viu. Dessa forma, ninguém nunca viu. Só tu. Portanto eu quero ‘firmar um compromisso contigo’ e mais adiante um pedido tu me pedes. Aí e eu tô pronta para atender (Entrevista, maio/ 2007, Rio Branco – AC). As palavras do Sr. Luiz Mendes também contribuem para a construção da

percepção do Sr. Irineu como uma pessoa com qualidades especiais – alguém que “viu” algo na Ayahuasca que ninguém havia visto antes -, e colaboram, assim, a constituição da compreensão da Ayahuasca como uma bebida ligada ao universo cristão e divino por meio das experiências individuais e especiais do Sr. Irineu.

Para firmar o seu compromisso com o Sr. Irineu, Clara pede a ele para fazer uma “dieta” de oito dias, alimentando-se apenas de macaxeira insossa, bebendo a Ayahuasca e trabalhando na coleta do látex das seringueiras, para que então, após esse período ela pudesse firmar um compromisso com ele e revelar-lhe algo especial. O relato do Sr. Luiz Mendes fala desse momento após esse período de reclusão iniciática na floresta: Após cumprida a dieta, Ela chegou pra ele, clara com a luz do dia. Ela disse que estava pronta para atendê-lo no que ele pedisse. Pediu que Ela lhe fizesse um dos melhores curadores do mundo. Ela respondeu que ele não poderia ganhar dinheiro com aquilo.

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- Muito bem! Mas você vai ter muito trabalho. Muito trabalho!

Ele pediu que Ela associasse tudo que tivesse a ver com a cura, nessa bebida. - Não é assim que tua está pedindo? Pois já está feito. E tudo está em tuas mãos (REVISTA..., 1992, p. 14-5).

Então, ao final da “dieta” a Virgem da Conceição concede ao Sr. Irineu as dádivas a que ele faz jus pelo seu sacrifício e pelos seus méritos pessoais e o atende em seu pedido de ser “um dos maiores curadores do mundo”. Nesse momento, o Sr. Irineu nos termos propostos por Couto (1989, p. 50), recebe o seu status de iniciado na linha de conhecimentos da Ayahuasca, tornando-se um curador.

Por outro lado, tendo em vista o fato do Sr. Irineu pedir a Virgem da Con-ceição que associe à bebida “tudo que tivesse a ver com a cura”, ele também recebe, simbolicamente, nesse momento, uma “nova” bebida, imantada pelas bênçãos de Nossa Senhora. Assim, esse relato e outros semelhantes, também contribuem para consolidar a transformação simbólica da Ayahuasca em Daime construindo uma ideia de origem divina para seus poderes curativos e associando, assim, cada vez mais a bebida ao universo da cura, do divino, do cristão, contribuindo para a construção da ideia do Sr. Irineu como pessoa predestinada para constituir algo novo e bendito com a Ayahuasca.

Por se tratarem de relatos que oferecem uma solução imaginária e discursiva para a construção da idéia de origem para os seguidores do Santo Daime, esses relatos podem ser considerados mitos-fundadores da religião no sentido proposto por Chauí (2004), construindo uma condição de imanência para esse momento vivido pelo Sr. Irineu, que independe das condições históricas, sociais e culturais que lhe facultaram a existência.8

Na década de 30, período inicial da formação da religião, o Sr. Irineu se tornará amplamente conhecido na incipiente cidade de Rio Branco como um grande curador e “Chefe da Ayahuasca”. Inicialmente, as sessões de cura com a bebida eram realizadas na sua própria casa, geralmente em três quartas-feiras subseqüentes, quando, então, a bebida era servida para os participantes e procedia-se a um período de aproximadamente uma hora e meia de concentração mental em benefício dos doentes. Com o passar do tempo, já nas décadas de 40 e 50, a fama de curador do

Mestre Irineu se espalhou para fora do Acre e chegou a outros estados amazônicos, fortalecendo a compreensão da bebida como milagrosa,

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santa e do Sr. Irineu como grande curador e líder espiritual de uma incipiente comunidade agrária nos arredores de Rio Branco.

Assim, dentro da dinâmica da oralidade, tanto a compreensão da pessoa do Sr. Irineu como da bebida Ayahuasca foram se ressignificando até o sentido compartilhado na atualidade pelos daimistas da bebida como um sacramento9 eucarístico cristão e do Sr. Irineu como presença crística.

No processo de ressignificação da Ayahuasca os componentes da bebida receberam novos nomes. A folha, que era conhecida apenas como “folha”, passou a ser chamada Rainha e o cipó (ou mariri) passou a ser chamado Jagube.

Considerando o fato que os daimistas entendem comumente a folha como o princípio feminino que compõe o Daime e o cipó como a parte mas-culina da bebida é possível considerar-se que o nome Rainha seja uma referência à figura da “Rainha da Floresta” (a Virgem da Conceição) com a qual, segundo os seguidores mais antigos da religião, o Mestre Irineu se comunicou até o final de sua vida, recebendo dela, em sua compreensão, as instruções para a constituição dos rituais, símbolos e fundamentos doutrinários do Santo Daime. As palavras da Sr. Altina Serra, nora do Mestre Irineu, confirmam essa hipótese.

A rainha (folha) é a Rainha. A feminina. É a Nossa Senhora (eu acho né). Porque a Rainha é Nossa Senhora e a nossa protetora é a Virgem da Conceição. Ela é rainha soberana. Jagube é o masculino. [...] É o rei (Entrevista, maio/ 2007, Rio Branco – AC).

Já a narrativa10 do Sr. Walsírio Genésio da Silva, filho consangüíneo do Mestre

Irineu, revela o significado do Jagube para os seguidores.

Ele (o Mestre) disse para nós: ‘Eu sou o Daime, e o Daime é eu’. Primei-ramente ele disse: ‘Eu sou o Jagube, e o Jagube é eu’. ‘Eu sou o Daime, e o Daime é eu, e quando quiser conversar comigo, se reúnam, se unam, tomem um Daime e eu estarei ao lado de vocês’. Isso é muito fácil do senhor aprender. [...] Se o senhor se prestar a esse trabalho, ter seu comportamento, sua dieta, porque sempre ele vem. Ele sofreu muito para aprender, pra trabalhar, pra deixar pra nós.11

Pelas palavras da Sr. Altina e do Sr. Walsírio é possível perceber que para os daimistas o Jagube é o princípio masculino, o Rei, uma representação

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do próprio Mestre que se identificou inicialmente com o cipó e mais tarde com toda a bebida.

Cumpre salientar que no contexto da cultura nativa amazônica é comum a compreensão de que as plantas são habitadas por um espírito, em geral uma “mãe”, que transmite ensinamentos e com quem é possível esta-belecer um aprendizado, uma comunicação, uma cura. Tal fato levou, por exemplo, o antropólogo Eduardo Luna (1986) a propor o termo “plantas-professoras” – plantas-maestras – para designar o conjunto das plantas psicoativas usadas ela população amazônica com a finalidade de aprendizado, cura e comunicação com a realidade espiritual. A partir das palavras do Sr. Walsírio é possível perceber que esse espírito

divino que se manifesta no Daime é considerado, pelos seguidores da religião, como o próprio Mestre Irineu.

Por outro lado, os daimistas consideram que a ingestão do Daime na religião é um sacramento eucarístico ou que a própria bebida seja, em si mesma, sacramento. Essas compreensões ficam evidentes, por exemplo, no relato do Sr. Pedro Domingos da Silva, antigo seguidor do Sr. Irineu. Ao ser indagado se na religião Santo Daime havia algum sacramento, o Sr. Pedro respondeu:

Ele é o próprio Daime, que vem de Deus... Acabamos de falar agorinha, como é que é... junta essas três forças, Pai, Filho e Espírito Santo, as três pessoas da Santíssima Trindade. Tudo junto: o santíssimo sacramento, sacramento de Deus. O sacramento é o próprio Deus, o próprio Jesus Cristo, da onde nós vamos sacar a fé, a esperança e o amor, a verdade a vida e a justiça do próprio Deus (Entrevista, maio/2007, Rio Branco – AC). Como pode ser percebido no relato do Sr. Pedro Domingues da Silva, para os

daimistas, as graças recebidas na ingestão sacramental do Santo Daime dizem respeito à comunhão que acontece entre as pessoas e o ser divino que se encontra na bebida entendido tanto como a Santíssima Trindade. Por meio da leitura da teia de significados constituída por diferentes narrati-vas orais, percebe-se a existência de uma aproximação cada vez maior entre o significado do Mestre e a Santíssima Trindade na medida que ele mesmo se identificou como o Daime. Essa compreensão do Mes-tre Irineu como pessoa que se “cristificou” ou como o renascimento anunciado do Cristo pela Bíblia revela-se, por exemplo, nas palavras do Sr. Luiz Mendes do Nascimento.

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Ele (Mestre Irineu) chegou a uma perfeição tal que se cristificou! Quer dizer duas pessoas distintas que viveram tempos diferentes, mas que quer dizer a mesma coisa. Porque o próprio Antônio Gomes12 que é um dos

portadores de um hinário de muito valor! Que é realmente toda uma expressão verdadeira. Ele diz que ‘Jesus Cristo veio ao mundo. Terminou o que veio fazer. Entregou ao nosso Mestre’... que é Mestre Irineu ! ‘Ele tem o mesmo poder’.

Então ele tendo o mesmo poder de Jesus, o quê, que falta pra ser Jesus? É Jesus mesmo, porque se eu...Por exemplo, tivesse os poderes de Jesus eu também seria Jesus que eu não tenho os mesmos poderes! Então num é tanto mistério! Num é tanto mistério, num dá nem assim pra se questionar e fazer confusão...

Então pra mim ele é Jesus! (Entrevista, 2004, Seringal Fortaleza – AC). Assim, na medida em que o ser divino presente no Daime foi identificado

como o Mestre Irineu e esse foi reconhecido como Cristo, a ingestão do Daime também foi se ressignificando até o seu significado atual de sacramento eucarístico cristão.

No entanto, esse processo dialógico de constituição social de significados ainda avançou um pouco mais e essa idéia fica clara no compreensão da palavra Juramidam.

A primeira vez que a palavra Juramidam apareceu na história da religião foi em um hino recebido pelo Sr. Antônio Gomes, o qual se intitula “O General Juramidam”. 13 Como Juramidam trata-se de um neologismo

surgido na cultura daimistas, para se compreender o seu significado é necessário se fazer uma leitura transversal de diversas narrativas que usam essa palavra. Diz o hino já citado do Sr. Antônio Gomes. O General Juramidam

Os seus trabalhos é no astral Entra no reino de Deus Quem tem força divinal...

Quando surgiu o hino foi interpretado pelos seguidores como uma referência à pessoa do Sr. Irineu. Por sua vez, a presença do titulo de General se remete aos momentos iniciais da religião, onde os seguidores recebiam “patentes” de acordo com o grau espiritual que alcançavam na religião. Nesse sentido, de acordo com as palavras do hino do Sr. Antônio

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Go-mes, percebe-se que Juramidam também remete a um grau espiritual alcançado pelo Sr. Irineu.

Em seu hinário, além de ter falado Jesus Cristo em terceira e em primeira pessoa, o Sr. Irineu ainda deixou um único hino em que também se refere a si mesmo como Juramidam. Uma narrativa essencial, portanto, na elucidação desse conceito. Diz o hino 111, Estou aqui:

Estou aqui

E eu não estando como é Eu penso na verdade Me vem tudo que eu quiser  

A minha Mãe me trouxe Ela deseja me levar Todos nós temos a certeza Deste mundo se ausentar  

Eu vou contente

Com esperança de voltar Nem que seja em pensamento Tudo eu hei de me lembrar  

Aqui findei

Faço a minha narração Para sempre se lembrarem Do velho Juramidam.

A compreensão mais comum que encontrei entre os adeptos da palavra Jura-midam fala que esse seria o nome do Sr. Irineu no astral. Mas, dentro da religião a palavra Juramidam tanto se refere à pessoa do Mestre como à imagem de Império e esses dois conceitos encontram-se ligados entre si como pode ser percebido nas palavras proferidas pelo dirigente de uma sessão daimista em seu encerramento.

Dirigente: ‘Em nome de Deus Pai e da Virgem Soberana Mãe, do Pa-triarca São José, de todos os seres divinos da corte celestina e com a ordem no nosso Mestre14-Império Juramidam, está encerrado o trabalho de hoje

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Todos juntos: ‘Para sempre seja louvada a nossa mãe Maria Santíssima sobre toda a humanidade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém’.

Por outro lado, o relato a seguir, do Sr. Sebastião Mota de Melo, avança na compreensão do que seja esse império para os daimistas e correlaciona o conceito de Juramidam ao Espírito Santo, Terceira Pessoa da San-tíssima Trindade.

Vamos estar na perfeição perante o nosso Pai Supremo Celestial porque agora é tempo do Espírito Santo. Cada um que se conforme e entre em comunhão com Jesus Cristo, como assim está dito e escrito no Terceiro Tes-tamento! Tem o Primeiro, vida de Deus Pai, o mundo dele. O Segundo, o mundo de Jesus Cristo. E o Terceiro, o mundo do Espírito Santo, pois até o nome é Jura. Como disse, o nome agora é Jura, e é Juramidam. Quem não for Midam não pode ser filho de Jura. Acredite quem acreditar, mas se não nascer de novo, não terá a Vida Eterna! (ALVERGA, 1998, p. 110). Pelas palavras do Sr. Sebastião, é possível perceber que Juramidam se revela

não apenas como referencia à pessoa do Sr. Irineu e o grau espiritual alcançado por ele como também fala de Juramidam a união dos filhos (Midam) como o Pai (Jura). Seu relato também acrescenta que, na sua compreensão, vivemos “o tempo do Terceiro Testamento”, ou seja, o tempo da manifestação Espírito Santo, da terceira pessoa da Santíssima Trindade e assim contribui para revelar o significado de Juramidam não apenas como o Cristo encarnado na pessoa do Sr. Irineu e revelado na ingestão sacramental da bebida como também como presença cristica que se manifesta na união de todos os seres com o Pai, o divino. Por outro lado, ao indagar os seguidores sobre a origem do termo Império

Juramidam, recebi a seguinte resposta espirituosa da Sra. Altina Serra que ao mesmo tempo confirma as interpretações já expostas como remete a possiveis raízes culturais do termo na religião.

O império?! Vem de Imperatriz no Maranhão (risos)... Império, império, império... Significa dizer de rei, imperador [...] Pois é... Mas eu acho que império é o palácio dele, o reinado dele: Mestre Império Juramidam. E esse reinado é muito fino. Acho que é onde está todas as coisas (Entrevista, maio/ 2007, Rio Branco – AC).

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O relato da Sra. Altina acrescenta a idéia de que o império é um palácio, um reinado onde estão todas as coisas e faz uma referência ao Maranhão. No Maranhão, estado natal do Sr. Irineu, uma das festas devocionais mais importantes é o culto ao Divino Espírito Santo. Nele, por sua vez, a palavra império figura como um dos elementos centrais da festa e representa a corte composta por um casal de crianças ricamente fanta-siados como rei e rainha e seus mordomos-régios que, juntos carregam a “Santa Croa” (Santa Coroa), a pomba branca e todos os símbolos que se referem ao Divino Espírito Santo.

As palavras de D. Altina corroboram, portanto, a ideia de Juramidam como presença cristica que se revela na atualidade como Espírito Santo tanto na pessoa do Sr. Irineu como no conjunto da irmandade daimista e da união de todos os seres com o criador.

Por tudo que foi exposto percebe-se que a constituição histórica do signi-ficado do Mestre Irineu para os seus discípulos passou por muitos momentos e construiu-se por meio de um intricado processo dialógico estabelecido entre os seguidores da religião Santo Daime e as narra-tivas orais presentes no grupo. Nesse processo, de seringueiro, o Sr. Irineu passou a ser considerado homem predestinado para a liderança espiritual, grande curador e Chefe da Ayahuasca, um ser que se cristi-ficou, até ser identificado como próprio Cristo revelado na atualidade como manifestação individual e coletiva do Espírito Santo por meio dos ensinamentos do Santo Daime, de sua ingestão sacramental e da vivência comunitária de seus adeptos.

ThE JURAMIDã MAISTER: AN ANALySE OF hISTORICAL IMAGES ABOUT MR. RAIMUNDO IRINEU SERRA

Abstract: this article analyzes the image shared by followers of Mr. Raimundo Irineu Serra, founder of Santo Daime Religion. About this character are formed divers ideas through the oral culture dynamics since 1910 until present days. As his followers, he is the “Juramidam master”, word that reveals a wide range of meanings, others speak about Mr. Irenaeus as living in presence of Christ, a contemporary form, and also how a ma-nifestation of Holy Spirit. Through the analysis of content expressed by memories shared in this religion, we demonstrated how this concept was made and investigated the different cultural influences that contributed to formation of Irenaeus’ meaning.

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Keywords: Orality. Santo Daime. Religion. Leader. Notas

1 A Comissão de Limites foi uma organização formada pelo Governo Brasileiro para delimitar as fronteiras entre o Acre, a Bolívia e o Peru. O Acre foi o primeiro Ter-ritório Federal da história do Brasil. Foi incorporado à nação brasileira em 1903 (ARRUDA, 2006, p. 16).

2 Embora existam evidências arqueológicas do uso de plantas psicoativas na Amazônia Equatoriana entre 1500-2000 a.C., o uso pré-histórico da Ayahuasca ainda não pode ser comprovado (MCKENNA, 2004).

3 Dobkin de Rios (1972, p. 45) reuniu os diferentes usos da Ayahuasca no contexto nativo amazônico em três grandes grupos: para contato com o sobrenatural – onde figuram usos mágicos, no contexto de rituais religiosos, na adivinhação e na feiti-çaria, para o tratamento de doenças e para o lazer e a interação social.

4 A utilização da Ayahuasca pelos índios e curadores mestiços foi amplamente documentada por diversos pesquisadores, tais como Reichel-Dolmatof (1976), Luis Eduardo Luna (1986), Marlene Dobkin de Rios (1972) entre outros. 5 Astral é como os daimistas se referem genericamente à realidade espiritual. 6 É uma pessoa que adquiriu seus conhecimentos por meio de uma planta e que

normalmente usa essa planta no diagnóstico e cura de seus pacientes” (LUNA, 1986, p. 32)51. Vegetalista é um termo genérico. Outros termos específicos podem

ser utilizados para designar essas pessoas, de acordo com o tipo de planta com a qual aprenderam e utilizam em suas práticas curativas. Entre esses, destacam-se: o “Tabaqueiro”, que trabalha primordialmene com o Tabaco, e o “Ayahuasqueiro”, que se utiliza da Ayahuasca.

7 Fumaceira é uma casinha pequenina onde o seringueiro defuma a borracha. 8 Essa idéia também é defendida pela antropóloga Sandra Goulart (1996), para

quem essas histórias que narram os primeiros contatos do Sr. Irineu com a Virgem Maria e a bebida podem ser consideradas histórias exemplares, mitos-fundadores, devido à maneira como são repassadas no contexto do grupo e a importância que passaram ter para os seguidores na sua fundamentação doutrinária e ritual. 9 De acordo com Grenz, Guretzki e Nordling (2005, p. 120), na concepção cristã

de sacramento, constituída a partir de Santo Agostinho, ele é compreendido como ato simbólico visível por meio do qual se considera que sejam dispensadas graças invisíveis. Nesse sentido, esses autores consideram que os sacramentos devem ser percebidos como ações por meio das quais os fiéis desfrutam das verdades que eles representam. Através dessa definição compreende-se sacramento,

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primordialmen-te, como uma ação social, cujo significado se forma historicamente como destarte toda a religião. Nesse livro, a preocupação primordial dessa análise é de elucidar, por maio das narrativas dos seguidores do Santo Daime, o sentido da ingestão da bebida para os daimistas e se essa ação é percebida como um meio de se alcançar uma graça divina e, por sua vez, compreender o significado dessa graça para os adeptos.

10 Narrativa coletada em entrevista feita pesquisador Eduardo Bayer Neto em 15/11/1991 na cidade de Rio Branco – AC.

11 Este relato foi retirado de uma entrevista realizada pelo Sr. Eduardo Bayer Neto em 15 de novembro de 1991, na cidade de Rio Branco, Acre.

12 Um dos mais antigos seguidores do Sr. Irineu que tem um conjunto de hinos (hinário) onde num dos quais existe o verso citado pelo Sr. Luiz Mendes do Nas-cimento.

13 hino 13 do hinário “O amor divino” do Sr. Antônio Gomes

14 Nas sedes do Alto Santo é comum que se utilize a palavra Chefe-império ao invés de Mestre-império a qual fala da ressignificação do Sr. Irineu enquanto Mestre.

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* Recebido em: 15.01.2011. Aprovado em: 20.03.2011.

** Doutora em história pela Universidade de Brasília. Professora da Faculdade de Comunicação da UnB. E-mail: isabelalara@gmail.com

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