Curso: Metodologia do Ensino Superior - Capacitação de tutores e preceptores da residência multiprofissional em saúde
GRUPO 1
CASO MARGARIDA
Margarida, 42 anos, ex-cozinheira, desempregada, natural e oriunda de Belo Horizonte, dá entrada no Hospital X, na madrugada do dia 15/10/2015 com quadro de pneumonia grave, associada à desnutrição. Chega sozinha, emagrecida, com higiene precária e estado geral ruim. Admitida pela clinica médica para cuidados gerais.
História da Moléstia Atual: Paciente com queixa de tosse, emagrecimento, febre e chegara ao pronto-atendimento com a seguinte queixa “estou morrendo, não aguento mais tossir”. Imediatamente foram feitos exames, iniciada medicações venosas (soroterapia, antibioticoterapia, reposição de vitaminas – tiamina, complexo b) e medicações orais. Pelo risco de tuberculose, paciente fora encaminhada ao leito de isolamento respiratório.
namorado, outra mulher vai tomar ele de mim”. Entretanto, foi mantida em internação por não estar curada da pneumonia, apresentar anemia importante e não ter tido visita/contato com familiares desde então. Nesta data à noite, apresentou delirium/ sd. de abstinência ao álcool e crack, ficando nua na enfermaria, retirando os acessos venosos, evacuando no chão. Rapidamente foi medicada e evoluiu com estabilização do humor, sendo referenciada a psiquiatria do hospital que então conduziu o tratamento farmacológico e não-farmacológico da condição. Ocorreu melhora dos sintomas.
embriagada por diversas vezes. Conheceu o crack a 5 anos, momento em que reencontrou os filhos após internação compulsória em comunidade terapêutica. Refere que conheceu o atual namorado na rua, e com ele passou a morar após a primeira alta; diz que a vida dela foi “um grande erro” e que estava disposta a resgatar-se das drogas levando juntamente seu companheiro. Depois deste encontro a paciente se sentiu “ livre para conversar” com a especializanda, dizendo que estava nervosa na primeira abordagem. Em reunião de equipe, o tutor parabenizou a postura e o respeito as demandas da paciente, orientando sua residente a fazer visitas diárias. Nos 5 encontros subseqüentes fora sugerido à equipe médica que a paciente fosse encaminhada, na ocasião da alta, para seu CAPES de referência. Consideraram que a paciente necessitava de acompanhamento multidisciplinar com psiquiatria, enfermagem, psicologia, assistência social.
Evolução da Assistência Social: o serviço do hospital X não conta com residência em Assistência Social (Não há vagas para profissionais da assistência social na residência multiprofissional do hospital X- na verdade existem mas não foram preenchidas ?). O profissional responsável acolheu a paciente, fazendo contato com familiares (filhos) com os quais a paciente refere ter tido breve contato no ano anterior após reabilitação. Não possuía cadastros em programas de assistência social, tendo sido levada para o CAPES de sua região em caráter de urgência por algumas vezes. Realizou contato tendo resposta de que a paciente não aderia ao tratamento proposto e por diversas vezes evadiu do serviço durante o dia. Solicitou às equipes do capes e da RM, uma reunião para discussão do caso. (O assistente social pediu reunião com quais equipes? Do Capes e da RM do hospital X?)
suas demandas: essa referia que desejava utilizar batom e fazer as unhas, pois, estava com vergonha de si. Solicitou-se então o auxílio de voluntários do Hospital X. A preceptora neste momento orientou ao especializando que este a partir destas demandas da paciente construísse com esta a necessidade do autocuidado e reestruturação da autoestima.
A paciente evoluiu bem do quadro clínico, recuperando-se do processo infeccioso, estabilizou-se do ponto de vista da abstinência, melhorando seu estado geral, solicitou à psicologia que queria se encontrar com sua família. Após 8 dias de internação, a equipe médica assistente propôs alta da paciente, convocando os demais atores para reunião multidisciplinar.
Reunião Multidisciplinar:
Estavam presentes na reunião: o médico residente, a tutora da enfermagem, o residente da enfermagem, a residente da psicologia e o assistente social. Optou-se por convidar os familiares à vista da paciente. Ficou decidido que após melhor definição do suporte social se planejaria a alta. Neste aspecto houve divergência sobre a estratégia terapêutica: nova internação em comunidade ou referenciamento ao CAPES AD. Os demais aspectos foram definidos em conjunto, sugerindo neste momento a tutoria de enfermagem que a odontologia fosse chamada para melhorar a condição odontológica da mesma.
Desfecho:
No outro dia ocorreu o reencontro da paciente com seus filhos e com a ex-sogra. Estes demonstravam espanto com a situação física da paciente, conversando com a mesma durante horas. Ficou acordado que esta seria acolhida na residência dos familiares, sem, contudo, haver espaço para seu atual companheiro. A paciente demonstrou resistência a esta ideia: “meu lugar não é lá, é na rua “.