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Análise Espaço-Temporal do uso e Ocupação da App no Estuário do Rio Pirangi, Ceará, Brasil / Space-Temporal Analysis of App Use and Occupation in the Pirangi River Estuary, Ceará, Brazil

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 62010-62020 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Análise Espaço-Temporal do uso e Ocupação da App no Estuário do Rio

Pirangi, Ceará, Brasil

Space-Temporal Analysis of App Use and Occupation in the Pirangi River

Estuary, Ceará, Brazil

DOI:10.34117/bjdv6n8-576

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação: 26/08/2020

Leonardo Holanda Lima

Engenheiro ambiental e sanitarista (unifor) Diretor na empresa greenews soluções ambientais

Endereço: Rua tianguá, 457, apartamento 302 – vila união – cep 60410298 – Fortaleza - CE E-mail: leonardoengambiental13@gmail.com

Márcia Thelma Rios Donato Marino

Doutorado em geologia (ufc)

Docente dos cursos de engenharia civil e engenharia ambiental e sanitária da universidade de Fortaleza - unifor

Endereço: Av. Engenheiro leal lima verde, 21 - edson queiroz, cep 60834-385, Fortaleza - CE E-mail: marino@unifor.br

Matheus Cordeiro Façanha

Acadêmico em engenharia ambiental sanitária da universidade de fortaleza - unifor Endereço: Rua tenente jurandir alencar, 8 - messejana cep 60840-000

E-mail: matheuscordeiro@edu.unifor.br

Vitória Lima Tavares

Pos graduando engenharia de segurança do trabalho

Engenheira ambiental e sanitarista - universidade de Fortaleza - unifor

Endereço: Rua dom josé lourenço, 820 - apto 105 - parquelandia cep 60450245, Fortaleza - CE E-mail: vitorialimat@outlook.com

Suellen Galvão Moraes

Mestranda em tecnologia e gestão ambiental no ifce

Coordenador de cursos de pós-graduação na universidade de Fortaleza Endereço: Rua caio cid, 262 apto 701, torre 2-luciano cavalcante cep.: 60811-150

E-mail: suellen.galvao@unifor.br

Laldiane de Souza Pinheiro

Doutoranda em desenvolvimento e meio ambiente (ufc) Docente dos cursos de eng civil e ambiental e sanitária da unifor

Endereço: Av. Washington soares, 1321 - edson queiroz - cep 60811-905 - Fortaleza-CE, Brasil E-mail: laldiane@unifor.br

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 62010-62020 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Mayra Dias Carneiro Aguiar

Pós-graduação em direito e processo do trabalho (EVOLUTIVO) Bacharel ciências contábeis (UNIFOR)

Diretora na empresa greenews soluções ambientais Endereço: Rua cel jucá 510, apt 803 – Meireles

E-mail: mayradiasvivaldi@gmail.com

RESUMO

O estuário do Pirangi, localizado na região leste do estado do Ceará, apresenta um alto grau de ocupação em sua Área de Preservação Permanente – APP. O presente trabalho teve como base bibliográfica, livros, artigos acadêmicos, teses e revistas da área ambiental. A técnica de Sobreposição de Cartas foi utilizada como aspecto metodológico para a realização da análise espaço-temporal. Extraiu-se uma imagem do ano de 1988 e outra de 2018 para a comparação temporal. O ArcGIS 10.5 foi a ferramenta que deu suporte ao trabalho. A APP do rio apresentou um grau elevado de ocupação pela indústria de carcinicultura, houve um aumento na urbanização nas proximidades, atividades que geram sérios impactos direta e indiretamente a qualquer zona ambiental. É necessário que haja uma maior fiscalização ambiental e efetuar novos estudos na área ambiental, a fim de exercer um plano de recuperação ambiental.

Palavras-chave: Zona Costeira, Gestão Costeira, Área de Perservação Permanente, Rio Pirangi,

Sistema de Informação Geográfica.

ABSTRACT

The Pirangi estuary, located in the eastern region of the state of Ceará, presents a high degree of occupation in its Permanent Preservation Area - APP. The present work had as bibliographical base, books, academic articles, thesis and magazines of the environmental area. The Letter Overlay technique was used as a methodological aspect for the realization of space-time analysis. An image from 1988 and another from 2018 was extracted for temporal comparison. ArcGIS 10.5 was the tool that supported the work. The APP of the river presented a high degree of occupation by the industry of carciniculture, there was an increase in urbanization in the vicinity, activities that generate serious impacts directly and indirectly to any environmental zone. It is necessary to have a greater environmental inspection and carry out new studies in the environmental area, in order to exercise an environmental recovery plan.

Keywords: Coastal Zone, Coastal Management, Permanent Preservation Area, Pirangi River,

Geographic Information System.

1 INTRODUÇÃO

Diante do crescimento populacional, industrial e tecnológico, o homem vem se beneficiando dos recursos naturais de forma demasiada. Pesquisadores inferem que a partir do século XX, o homem começou a se expandir nas mais diversas formas em relação ao meio, gerando uma degradabilidade exponencial, proporcionando impactos que, na época, não se tinha uma grande preocupação. Após cenários, como, poluição hídrica, desaparecimento de espécies na fauna e flora, desmensurado desmatamento de florestas, catástrofes ambientais, entre outros, a sociedade começou a enxergar o meio ambiente de uma forma mais sucinta, importante.

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O ritmo crescente de alterações humanas na paisagem e o potencial das pessoas para reconstruir a natureza de modo a prover serviços e funções ecológicas exigem que as atividades antrópicas sejam reconsideradas de muitas maneiras que permitam torná-la mais compatíveis com a natureza (NORDSTROM, 2010, p. 17).

Dentro desse segmento, as regiões costeiras estão entre as áreas mais urbanizadas do mundo, pois dispõem diversas atratividades para o crescimento das pequenas e grandes cidades. Esse território é um ambiente que possui uma elevada dinamicidade, onde é possível ver a interação entre a hidrosfera, litosfera, atmosfera e a biosfera. Esse sistema apresenta uma gama diversidade e complexa vida marinha, terrestre e aérea, bem como, pertence a zonas fundamentais para reprodução, alimentação e habitação de milhares espécies.

Diante dessa perspectiva, o manguezal é um ecossistema que se situa em regiões de zona costeira, com clima subtropical e de baixa latitude. O mangue exerce diversas importâncias econômica, sociais e ambientais. Os manguezais desempenham diversos benefícios para a sociedade, como: proteção contra tempestades e erosão costeira; retenção de sedimentos levados pelo fluxo fluvial, ajudando nos canais de navegação; recreação e lazer. Infelizmente, diversas atividades antrópicas vêm contribuindo para a perda constante desse ecossistema, podendo ser mencionado, o intenso desmatamento pelas indústrias de salinas e carcinicultura, apoderamento urbano, poluição hídrica, obras civis, entre outros.

O estado do Ceará aborda um território dinamizado em suas áreas costeiras. Seus estuários carregam em si atividades que inviabilizam sua sustentabilidade, principalmente, por suas fontes primárias e áreas de localização. A foz do rio Pirangi se encontra alterada por diversos fatores antropocêntricos que, em detrimento das práticas de atividades modernas, está contribuindo para a apropriação dos espaços litorâneos.

O rio Pirangi abrange uma área estuarina importante para os municípios de Beberibe e Fortim. Infelizmente, a carcinicultura é um forte influenciador na degradação das áreas de mangue do local, influenciando diretamente junto aos impactos ambientais existentes. Poucos trabalhos mostram a situação dessa área atualmente, por isso, realizar um estudo mais abrangente e detalhado nessa área poderá contribuir para melhorar a situação ambiental local.

2 METODOLOGIA

O procedimento metodológico do presente estudo foi iniciado pela revisão bibliográfica, com o objetivo de realizar um levantamento de dados abrangendo o conhecimento dos aspectos ambientais pertinentes à área de estudo. A revisão foi realizada por meio de artigos científicos, relatórios técnicos, livros, revistas cientificas, matérias de jornais, sítios eletrônicos, entre outros.

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O estudo de cunho científico-acadêmico se refere a uma pesquisa qualiquantitativa e de abrangência multidisciplinar aplicada, inserida no contexto tipológico descritivo e exploratório, fundamentando no método intuitivo.

Á área de estudo está situada no litoral leste do estado do Ceará, entre os municípios de Fortim e Beberibe, cerca de 124 quilômetros da capital cearense, Fortaleza. A Figura 1 apresenta o mapa de localização da área pesquisada. Para confecção do mapa (Figura 1) foi utilizada uma imagem do Google Earth Pro, resolução 4800 x 4687, ano de 2017. Logo após, foi utilizado o programa computacional ArcGIS 10.5 para realizar o georreferenciamento da imagem extraída, em que se registrou um erro de 0,35 metros (Figura 2).

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Figura 2 – Erro do georreferenciamento do estuário do rio Pirangi.

A identificação e análise espaço-temporal dos impactos ambientais, bem como a quantificação das áreas urbanizadas inseridas em Áreas de Proteção Permanente – APP no estuário, foram realizadas por meio do processamento digital de imagens. A técnica utilizada foi a sobreposição de cartas, sendo a mesma o processamento digital de imagens, uma das ferramentas da aplicação em geotecnologias, possibilitando a interpretação de imagens por meio de Sistemas de Informações Geográficas – SIG. Esse sistema utilizou a confecção de mapas para extração de dados da região do estuário do rio Pirangi.

O software ArcGIS 10.5 foi utilizado para a confecção dos mapas, estabelecendo escala, áreas de estudo, unidade trabalhada, norte geográfico e DATUM. Foram selecionadas 2 imagens para a vetorização da área de influência do estuário, uma do ano de 1988 e outra do ano de 2018. Essas imagens foram extraídas do sítio eletrônico Science for a changing world – USGS. A plataforma dispõe imagens Landsat 8 que possui dois instrumentos imageadores: Operacional Terra Imager - OLI e Thermal Infrared Sensor - TIRS, com resolução espacial de 30 metros, no pixel de 100 metros, e as imagens Landsat 5 TM C1 Level - 1 que são utilizadas para imagens mais antigas.

Para o ano de 2018, extraiu-se uma imagem Landsat 8 do dia 20 de setembro de 2018. A segunda imagem corresponde ao dia 23 de setembro de 1988, atribuindo-se um intervalo de 30 anos. Foram confeccionados mapas com ênfase na ocupação urbana, carcinicultura, solo exposto, dunas móveis e fixas, corpo hídrico, faixa de praia, rios, dunas, oceano e vegetação. A legislação ambiental brasileira Lei nº 12.651/2012 (BRASIL, 2012), subsequentemente, serviu de fonte de informações sobre as abrangências dos limites das Áreas de Proteção Permanente – APP dos estuários. Após a sobreposição das áreas de influência antrópicas com as áreas de APP, quantificou-se as zonas antrópicas que estão inseridas irregularmente dentro desses limites estabelecidos pela legislação federal.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O rio Pirangi fica localizado na região Nordeste do Brasil, mais especificamente no litoral leste do Estado do Ceará. De acordo com Silva (2012), sua nascente fica no distrito de Daniel de Queiróz, município de Quixadá, percorrendo 177 quilômetros até sua foz, entre os municípios de Beberibe e Fortim. Conforme o censo demográfico do IBGE, estima-se que em julho 2018 a população de Beberibe seja aproximadamente de 53.421 habitantes e 16.357 habitantes para o município de Fortim (BRASIL, 2018).

O rio vem sofrendo ao longo dos anos intensas ações antrópicas em suas margens, principalmente em sua foz, onde algumas atividades econômicas estão dominando a região, dentre estas, destacam-se: atividades de carciniculturas e salinas, retirada da mata ciliar, queimadas, assentamento das margens do rio e a pecuária descontrolada. De acordo com Godoy (2015, p.79), o estuário foi o que mais sofreu com os impactos antrópicos em todo litoral do Ceará, em que 70% da cobertura vegetal original foi desmatada até o ano de 2011. Dentro dessa concepção, a retirada das áreas de manguezal é um dos impactos recorrentes dessas atividades, e a alteração na qualidade hídrica do estuário é outro agravante ambiental que compromete diretamente a biodiversidade.

Apesar da importância econômica para a comunidade, servindo como fonte de renda, as indústrias de produção de camarão são as que mais preocupam os órgãos ambientais, pois os impactos decorrentes desse serviço geram amplo impacto ambiental que, ao longo do tempo, perfazem uma situação irreversível. Além disso, os principais impactos transformadores decorrentes dessa atividade podem ser citados, como: descaracterização ecodinâmica e geoambiental; impermeabilização do solo; bloqueio de fluxos hidráulicos; mudança na qualidade da água e do solo. Infelizmente, essa é uma realidade antiga que já vem sendo sentida pelo estuário do rio Pirangi. A mercê dessa problemática, outra perturbação ambiental está influenciando diretamente para a diminuição e alteração do meio, a ocupação urbana. Segundo Silva (2012), as casas ocupam margens as dos rios se tornando áreas de altos riscos em épocas de precipitação pluvial, evidenciando-se trechos inundáveis, principalmente nas áreas de mangue, onde a força da maré pode provocar variações ainda maiores.

A partir dessa atribuição legislativa (Lei n° 12.651/2012), pequenos e grandes empreendimentos industriais são classificados como fontes poluidoras, pois toda atividade vai gerar um resíduo ou efluente final. Contudo, a falta de investimento na fiscalização e na promoção de novos programas ambientais acabam por estreitar os inquéritos ambientais. A Figura 3 expõe a situação de uma das fazendas de carcinicultura no estuário do rio Pirangi.

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Figura 3 – Mapa de localização da área de estudo do estuário do Rio Pirangi.

Fonte: Mesquita, Frota e Soares (2012, p.08).

Diante dos impactos mencionados, a Figura 4 apresenta a situação encontrada no estuário no ano de 1988, em que foi possível verificar que a indústria de criação de camarão já estava se fixando, mais precisamente próxima à desembocadura do rio. Outro fator verificado é a quantidade de área de solo exposto, contudo, o solo exposto pode ser representado por ser uma vegetação mais rasteira/crescimento ou locais de manuseio de solo por outras atividades. A Tabela I expõe os dados extraídos referente ao ano de 1988.

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Tabela I – Dados do uso e ocupação dentro da APP do rio Pirangi, 1988.

Feições Área (m²)

Rio Pirangi 2.530.723,16

Urbanização 1.441.257,78

Ocupação da APP - carcinicultura 1.080.741,46

Carcinicultura 3.242.813,76

Vegetação 14.815.664,95

Ocupação da APP - Urbanização 54.821,73

Solo exposto 10.993.229,76

Dunas 1.883.568,37

Corpos hídricos 1.061.274,87

Ocupação da APP - solo exposto 2.146.264,43

APP total 8.542.846,28

Conforme a análise do ano de 1988, após 30 anos, a área apresentou grandes modificações em sua área de ocupação. A Figura 5 demonstra o mapa vetorizado para o ano de 2018. É possível afirmar que após esse espaço de tempo a carcinicultura se firmou por todo leito do rio Pirangi, trazendo sérios riscos ao ecossistema manguezal do estuário. A urbanização cresceu exponencialmente em regiões de vegetação próxima. Fazendo uma comparação de alguns locais que apresentavam solo exposto no ano de 1988, uma parcela se tornou vegetada e a mais próxima ao rio foi ocupada por indústrias de carcinicultura, portanto, as áreas mais adjacentes ao rio já podiam estar sendo consumidas para a construção de novos territórios de criação. A Tabela II apresenta os dados da vetorização do uso e ocupação da APP do rio Pirangi em 2018.

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Figura 5 – Mapa do uso e ocupação do estuário do rio Pirangi em 2018.

Tabela II – Dados do uso e ocupação dentro da APP do rio Pirangi, 2018

Feições Área (m²)

Faixa de praia 989.590,45

Rio Pirangi 1.869.709,70

Urbanização 2.199.011,03

Ocupação da APP - carcinicultura 4.456.713,50

Carcinicultura 11.170.940,12

Vegetação 18.346.433,78

Ocupação da APP - Urbanização 51.171,52

Os dados de vegetação demonstram que houve um crescimento de 19,24% (3.530.768,83 m²) na área, fator positivo para as espécies locais, porém, é nítido que o aumento não foi próximo ao estuário, mas sim na parcela sul da área de estudo.

Pode-se inferir que, a partir dos dados coletados, no ano de 1988 era possível observar alguns pontos com pequenos corpos hídricos próximos ao estuário, representando juntos uma área de 1.061.274,87 m², contudo, em 2018 não foi possível identificá-los, possivelmente extintos pela utilização como fonte de água bruta para indústrias próximas, ou para o abastecimento urbano das pequenas comunidades que vêm crescendo na região, ou ainda devido ao longo período de estiagem que assola o estado do Ceará desde 2010. O percurso do rio Pirangi teve uma redução de 26,11% (661.013,46 m²), fator que interfere diretamente no fluxo hidráulico e podendo trazer sérios prejuízos à fauna e flora local. A partir da análise das imagens, é possível destacar que o principal

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agente degradador a esse decrescimento da área natural do rio são as indústrias da carcinicultura que estão inseridas praticamente dentro e nas margens, acarretando significativo processo de assoreamento e escavação para a construção dos viveiros, respectivamente.

A partir da análise comparativa entre os anos de 1988 e 2018, pode-se verificar o crescimento exacerbado da indústria de carcinicultura, tendo um aumento de 344,48% (7.928.126,36 m²) dentro da área em estudo, dado preocupante para a sustentabilidade ambiental local. Já a ocupação dessa atividade inserida na Área de Preservação Ambiental cresceu 412,37% (3.375.972,04 m²), salientando que nessa área de preservação não poderia ter nenhum tipo de atividade humana conforme a Lei n° 12.651/2012. Os danos ambientais dessa atividade podem provocar: aumento da erosão, assoreamento, perda da biodiversidade, contaminação da água e solo pelos seus produtos químicos, aumento da descarga orgânica, mudanças na paisagem, desmatamento, geração de resíduos sólidos, entre outros.

A ocupação urbana teve um crescimento de 152,57% (757.753,25 m²), onde ela teve uma maior distribuição em 2018, devido às casas, fazendas e hotéis. Na área de APP houve uma redução de 9,3% (3.650,21 m²), em que a maior parcela se refere a ponte que interliga a CE-123 e a CE-040. O crescimento das moradias e atividades humanas podem comprometer diretamente nas características naturais edáfica, hídrica e atmosférica. A má gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos e a falta de saneamento básico na região, devido ao aumento da população, promoverá novas fontes de poluição pontuais e difusas. O volume de carros transitando por dentro da APP acarreta estresse aos animais pelo barulho dos automóveis, os gases de escape dos veículos afetam a qualidade do ar e o risco de atropelamento de animais poderá aumentar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise apresentada se mostrou importante para demonstrar como a ocupação do estuário do rio Pirangi está se comportando, e como ela está sendo pressionada pelos agentes antrópicos. Os dados expõem que a indústria da carcinicultura está sendo um intensificador nos impactos ambientais, bem como, não está respeitando os limites de APP imposta pela Lei n° 12.651/2012, a qual deve ser rigorosamente cumprida, caso contrário, as empresas devem ser multadas por crimes ambientais e ações administrativas. É necessário que haja uma fiscalização ambiental mais intensa e rigorosa na área, e novos estudos sejam apresentados, como, análise da qualidade da água, solo e ar, EIA/RIMA das indústrias de camarão, erosão e assoreamento, e desmatamento, que seja feito um projeto de recuperação ou reabilitação ambiental.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1° de julho de 2018. Brasília: IBGE, 2018. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticasnovoportal/sociais/populacao/9103-estimativas-de-populacao.html?=&t=o-que-e>. Acesso em: 27 set. 2018.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 17 de outubro de 2012. Altera a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, [...], DOU, Brasília, DF, 18 de out. 2012. Seção 1. Disponível em:

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2012/lei-12727-17-outubro-2012-774405-normapl.html>. Acesso em: 21 maio 20118.

GODOY, Mario Duarte Pinto. Alteração nas áreas de mangue em estuários no estado do

Ceará devido a mudanças nos usos do solo e mudanças climáticas. 2015. 202 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Marinhas Tropicais, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2015. Disponível em: <http://www.repositoriobib.ufc.br/00001a/00001ab3.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2018.

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MESQUITA, Eveline Andrade; FROTA, Patrícia Vasconcelos; SOARES, Valeska Lima. Carcinicultura no litoral do Ceará: análise das modificações impressas no estuário do rio Pirangi - CE. Revista Geonorte, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 540 - 551, dez. 2012. ISSN 2237-

1419. Disponível em: <http://www.periodicos.ufam.edu.br/revistageonorte/article/view/1854>. Acesso em: 08 set. 2018.

NORDSTROM, Karl F. Recuperação de praias e dunas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 263 p. Tradução de: Silvia Helena Gonçalves.

SILVA, Juliana Maria Oliveira. Análise integrada na bacia hidrográfica do rio PirangiCE: Subsídios para o planejamento ambiental. 2012. 272 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geografia, Universidade Federal do Ceará, Ceará, 2012. Disponível em:

<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/7972/1/2012_tese_jmosilva.pdf>. Acesso em: 07 set. 2018.

Imagem

Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo do estuário do rio Pirangi.
Figura 2 – Erro do georreferenciamento do estuário do rio Pirangi.
Figura 4 – Mapa do uso e ocupação do estuário do rio Pirangi, 1988.
Tabela I – Dados do uso e ocupação dentro da APP do rio Pirangi, 1988.
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