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A importância da comunicação online na gestão de eventos: o caso do Barcelona Festival of Song

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes

janeiro de 2014

A Importância da Comunicação Online

na Gestão de Eventos:

o Caso do Barcelona Festival of Song

UMinho|20 14 João Carlos de P er eir a F err eir a e Silva Ar ant es A Impor tância da Comunicação Online na Ges

tão de Eventos: o Caso do

Bar

celona F

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Trabalho realizado sob a orientação da

Professora Doutora Teresa Ruão

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes

janeiro de 2014

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Ciências da Comunicação

Área de Especialização em Publicidade e Relações Públicas

A Importância da Comunicação Online

na Gestão de Eventos:

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DECLARAÇÃO

Nome: João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes Endereço eletrónico: joaofarantes@hotmail.com Número do Bilhete de Identidade: 12772062

Título dissertação: A Importância da Comunicação Online na Gestão de Eventos: o Caso do Barcelona Festival of Song

Orientador: Professora Doutora Teresa Ruão Ano de conclusão: 2014

Designação do Mestrado: Mestrado em Ciências da Comunicação Área de Especialização em Publicidade e Relações Públicas

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

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Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a orientação, ensinamentos, bons conselhos e paciência da minha orientadora, Professora Doutora Teresa Ruão.

Agradeço também à MSBarcelona, na pessoa de Montserrat Gonzalez e à Doutora Patrícia Caicedo, Diretora do Barcelona Festival of Song, por me receber e por me deixar participar no seu projeto, sem o qual não poderia ter desenvolvido esta dissertação e por tudo aquilo que me ensinou no decorrer do meu estágio.

Agradeço a todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para a criação e desenvolvimento deste projeto, desde os meus amigos e familiares, que nunca me deixaram desistir, aos participantes do festival.

Agradeço à minha família, à minha Mãe, ao meu Pai e à minha Irmã pelo amor e pelos ensinamentos que me passaram e que fizeram de mim a pessoa que sou hoje. Por último, e não menos importante, agradeço e dedico esta dissertação ao meu Irmão, que ainda que já não esteja fisicamente ao meu lado sei que me acompanha, protege e guia ao longo da minha caminhada pela vida. Estás e estarás para sempre presente em mim!

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“To live in hearts we leave behind is not to die” Thomas Campbell - Hallowed Ground

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Resumo

Titulo: A importância da comunicação online na gestão de eventos: o caso do

Barcelona Festival of Song

A nossa dissertação, centra-se na importância da comunicação online relativamente à gestão de eventos, principalmente no processo de comunicação do Barcelona Festival of

Song, uma vez que grande parte deste processo se realiza através de meios online. Fator

que muito atraiu a nossa atenção e nos levou a proceder ao seu estudo através de uma auditoria de comunicação

A nova grande revolução do mundo da comunicação deu-se com o aparecimento da internet e de todos os seus meios online, especialmente as redes socais. Isso reacendeu o debate sobre o declínio de um meio de comunicação antigo face ao aparecimento de um novo e algumas vozes voltaram a levantar-se a prever o fim dos meios tradicionais perante os meios online.

Sem dúvida que os meios online são muito importantes, e deve ser-lhes dada a devida atenção. Estes meios são importantes, quer pelo abrangente público que atingem, a facilidade de utilização e os poucos recursos financeiros que necessitam. As redes sociais, principalmente, vieram introduzir um tipo de comunicação mais próxima e mais pessoal relativamente ao recetor da mensagem. Isso deu mais segurança, mas também mais poder, ao consumidor.

Os meios online já não são encarados como o futuro; eles são o presente e devem ser utilizados pelas empresas e pelos consumidores de forma estratégica e útil para que os seus objetivos sejam atingidos.

Palavras-chave: comunicação; música; ópera; internet; redes sociais; meios online; comunicação online.

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Abstract

Title: The importance of the online communication in managing events: the case of

the Barcelona Festival of Song

Our dissertation focuses on the importance of the online communication regarding managing events, especially the communication process of the Barcelona Festival of Song, given that a great deal of that process is done through online means. This was one of the factors which draw our attention and led to its study through a communication’s audit.

The new great revolution in the communication’s world came with the rising of the internet and its online means, especially the social networks. This has rekindled the debate about the decline of the traditional means of communication, and some voices resurfaced foretelling the termination of these means in comparison to the online ones. It is beyond doubt that the online means are very important, and its due attention must be given. These means are important because of the range of public they reach, the simplicity of its use and the few financial resources they require. The social networks, have introduced a new type of communication, which is closer and more personal when it comes to the receiver of the message. This has given a bigger sense of security, but also more power, to the consumer.

The online means are no longer perceived as the future; they are the present and should be used by the companies and the consumers in a strategic and useful way so that their goals are met.

Key-words: communication; music; opera; internet; social-networks; online means; online communication.

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Índice

Agradecimentos ... iii

Resumo ... vii

Abstract ... ix

Índice de quadros ... xii

Índice de ilustrações ... xii

1. A comunicação online ... 4

1.1. O que é a comunicação online ... 4

1.2. A importância da comunicação online ... 4

1.3. A evolução da comunicação online ... 8

1.4. Comunicação online vs. Comunicação tradicional ... 11

1.5. Quais os meios de comunicação online – a importância das redes sociais ... 17

2. Barcelona Festival of Song® ... 25

2.1. História e criação do festival ... 25

2.2. Em que consiste o festival ... 28

2.3. Objetivos do festival... 30

3. Metodologia deste Estudo de Caso ... 32

3.1. Os estudos de caso ... 32

3.1.1. As auditorias de comunicação ... 34

3.2. O nosso estudo de caso – auditoria ao processo de comunicação do BFOS ... 36

4. A comunicação do Barcelona Festival of Song®... 40

4.1. Importância da comunicação online ... 40

4.2. Processo de comunicação do festival ... 42

4.2.2. Meios online ... 44

4.4. Análise SWOT do BFOS ... 49

4.4. O uso da internet de segunda geração no festival – a ponte com São Paulo ... 50

Conclusão ... 52

Referencias Bibliográficas ... 55

Anexos... 64

1.Entrevistas ... 64

1.1.Patrícia Caicedo – Diretora do Festival ... 64

1.2. Josani Keunecke – Professora do festival ... 69

1.3.Amelia Rivera – Participante do festival ... 71

2. Cartazes e Flyers ... 73

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Índice de quadros

Quadro 1 - Comparação da Comunicação Tradicional e da Comunicação Online ... 17

Quadro 2 - Esquema resumo do processo de comunicação do BFOS... 39

Quadro 3 - Resumo dos meios utilizados ... 48

Quadro 4 - Análise SWOT ... 49

Índice de ilustrações Ilustração 1: Cartaz de promoção do curso de verão do BFOS ... 73

Ilustração 2: Cartaz/flyer de promoção dos concertos do BFOS ... 74

Ilustração 3: Cartaz de um dos concertos do BFOS ... 74

Ilustração 4: Cartaz de pedido de doação ... 75

Ilustração 5: Página de internet do Barcelona Festival of Song ... 75

Ilustração 6: Página de internet de Patrícia Caicedo ... 76

Ilustração 7: Página de internet da Mundo Arts ... 76

Ilustração 8: Facebook do Barcelona Festival of Song ... 77

Ilustração 9: Facebook Patrícia Caicedo ... 77

Ilustração 10: Página de evento do facebook; um dos concertos do festival ... 78 Ilustração 11: Página de evento do facebook; uma das conferências do curso de verão 78

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Introdução

O tema desta dissertação é o Barcelona Festival of Song (BFOS), um festival de música clássica criado em 2005 por Patrícia Caicedo em Barcelona, e o seu processo de comunicação.

A área dos eventos sempre foi um âmbito das relações públicas que me despertou bastante interesse. Interesse esse que foi crescendo, devido ao facto de ter trabalhado durante diversos anos num espaço de entretenimento e de ter acompanhado o processo de preparação de diversos eventos organizados pela empresa, desde concertos a festas temáticas. Esse interesse foi ainda mais reforçado com um curto estágio que realizei numa empresa de organização de eventos na cidade de São Paulo, no Brasil.

Uma vez que não pude fazer Erasmus, pois já tinha realizado um período de intercâmbio durante a licenciatura, decidi que iria fazer um estágio durante o segundo ano do mestrado. Como tinha mais disponibilidade de tempo, resolvi também que esse estágio teria de ser feito fora de Portugal, preferencialmente em Espanha. Pela simples razão de que sentia a necessidade de melhorar as minhas capacidades na língua espanhola. Assim, parti para Barcelona, tendo conseguido um estágio na Mundo Arts através da Mobility Specialists MS Barcelona.

Durante os cinco meses em que estagiei na Mundo Arts fiz um pouco de tudo e participei nas diversas atividades desenvolvidas pela organização do BFOS. Refiro-me a traduções de páginas web, à atualização das mesmas, gestão de mailing lists, contacto com colaboradores, participantes e professores, gestão de redes sociais, distribuição de programas e publicidade do festival, contacto com a designer gráfica, avaliação dos locais dos concertos, receção e acompanhamento dos participantes, supervisionamento e gestão de outros sete estagiários que se juntaram a nós nas semanas mais próximas ao

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festival e organização dos próprios eventos/concertos. Além de tudo isso, quando os concertos começaram, ajudei a montar e desmontar as salas, a receber os convidados e o público, geri as necessidades dos artistas, fui fotógrafo e cameraman, distribuí garrafas de águas, entreguei flores e certificados como forma de agradecimento; em suma, fiz um pouco de tudo e aprendi mais do que alguma vez poderia imaginar quando embarquei nesta aventura em terras catalãs.

Assim sendo, depois desta experiência pareceu-nos que seria interessante e produtivo usar esta experiência profissional como ambiente de análise na preparação desta dissertação, de modo a tirar partido de tudo o que aprendi durante esta ‘viagem’. Por essa razão esta dissertação irá centrar no BFOS e no seu processo de comunicação. Trata-se de um processo de comunicação que é realizado maioritária e principalmente através de ferramentas online, razão pela qual vamos explorar a importância dessas ferramentas no mundo da comunicação nos dias de hoje, tendo sempre como referência e exemplo o caso em estudo. Na verdade, praticamente tudo o que está relacionado com o festival é tratado online, através de ferramentas como o skype, facebook, Google+,

twitter, mailchimp, joomla!, linkedin, Yahoo gourps, etc.

Ferramentas estas que foram indispensáveis não só na promoção do festival, mas também na sua organização, uma vez que muitos dos serviços utilizados e contratados para o festival estavam fisicamente muito distantes de Barcelona. A título de exemplo, refira-se que a designer gráfica trabalhava a partir da Colômbia, os gestores das páginas de internet estavam na Índia e o material gráfico (cartazes, flyers, programas) foi encomendado a uma empresa alemã. Isto já para não falar de todos os contactos prévios ao festival feitos com alunos e professores, que chegaram de diversas partes do mundo, como Estados Unidos, Brasil, México, Irlanda, entre outros. Assim, torna-se evidente a

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importância dos meios online no BFOS. E, face ao exposto, chegamos ao tema deste trabalho que enunciamos como: “A importância da comunicação online na gestão de eventos: o caso do Barcelona Festival of Song”.

O estudo desenvolvido será, agora, apresentado nas páginas seguintes, cuja organização passamos a descrever. A primeira aborda a temática da comunicação online, a sua importância e procede à comparação com os meios de comunicação considerados mais tradicionais. Na segunda parte, falaremos sobre o BFOS, a sua história e os seus objetivos. A terceira parte consistirá de uma apresentação da metodologia utilizada: os estudos de caso e auditorias de comunicação. E a quarta e última parte apresenta o estudo de caso do processo de comunicação do BFOS, onde falaremos do próprio processo, dos meios utilizados e da importância da comunicação online.

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1. A comunicação online

1.1. O que é a comunicação online

A comunicação online refere-se a todo o tipo comunicação escrita ou visual e a todo o tipo de troca de informações efetuadas através de computadores ou outros meios ligados em rede. E como referem alguns autores, “a comunicação online data dos últimos anos da década de 1960 quando pesquisadores norte-americanos desenvolveram protocolos que permitiam o envio e a receção de mensagens através de computadores. (…) A área em que comunicação online se começou a difundir primeiramente foi a área da educação nos anos de 1980, devido ao crescimento do uso dos pc’s” (Warschauer, 2001).1 Esta difusão no meio académico deu-se através do uso de plataformas

percursoras das atuais plataformas de e-learning, que serviam para troca de informações e comunicação entre alunos e alunos e professores.

As formas e vias de comunicação ligadas à internet são bastante variadas, e vão desde o

e-mail ao instant messaging (IM), passando pelo feedback que o utilizador pode deixar

em blogs, pelos formulários de contacto nas páginas de internet, os fóruns e as salas

chat chegando às redes sociais. Todos estes meios e formatos são considerados meios

de comunicação online.

1.2. A importância da comunicação online

A comunicação online tem tido uma crescente importância nos processos de comunicação das empresas e das marcas. Numa era em que tudo acontece à velocidade da luz, em que as pessoas querem ter todas as informações no próprio segundo, querem

1Esta citação assim como todos os materiais lidos e consultados em espanhol e em inglês, assim como as entrevistas efetuadas, foram traduzidos livremente por mim e não foram sujeitos a nenhuma tradução especializada.

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tudo, no momento e bem detalhado, a utilização das páginas de internet e das redes sociais é cada vez mais relevante e mais aconselhada para as empresas que querem ter sucesso no competitivo e feroz mercado atual.

Na verdade, os hábitos do público e dos consumidores estão a mudar e assim a forma de comunicar deverá acompanhar essa mudança. “Mark Austin e Jim Aitchinson (2007: 44 e 45) descrevem que ‘a mídia não é mais uma experiência unidirecional: agora ela é um conceito impossivelmente complexo, ela é infinita…’” (Wypych, s/d: 2). Assim, como foi referido anteriormente, as empresas devem acompanhar essa mudança na sua forma de comunicar, devem adaptar-se aos novos mercados e principalmente aos novos públicos. Públicos estes que têm cada vez mais conhecimento e são mais exigentes. No seguimento dessa ideia de mudança, pela qual a comunicação está a passar, e da premente necessidade de acompanhamento dessa mudança, estamos a assistir a uma forte adaptação, cada vez mais, da publicidade aos meios online. “(…) a publicidade passa a ser nitidamente relacionada à tecnologia dos meios de comunicação e as empresas ficam cada vez mais ousadas na utilização dessas linguagens” (Wypych, s/d: 1), linguagens essas que além de ousadas são cada vez mais pessoais e direcionadas para cada consumidor, ou pequeno grupo de consumidores.

A proximidade com o consumidor torna-se assim maior porque “a internet cria vários ‘nós’, em oposição à mídia de massa que assume o papel de um único ‘nós’ para difundir a informação. A partir do surgimento da internet a massa também passou a ser produtora de conteúdo, não existe somente um ‘nós’, todos podem ser ‘nós’ e disseminadores de opinião” (Wypych, P. s/d: 4), fazendo com que o consumidor se sinta especial e único. Na verdade, a interação na internet é praticamente de um para um (e não de um para o público em geral), é muito mais pessoal, o que atraí de uma forma

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extremamente considerável o público, uma vez que faz com que o consumidor, aquele que está a consumir o serviço ou produto, se sinta especial e único e não apenas mais um no meio de uma multidão à qual a empresa quer impingir o seu produto para apresentar resultados e lucros.

As regras da comunicação mudaram, como nos diz Bento (2009), e para cativar os consumidores “é necessário dar-lhes algo em troca, (…) recompensá-los. O produto não é tudo, há que apelar à criatividade, fazendo com que o consumidor se sinta parte integrante do produto. A publicidade não pode ser (…) um monólogo.” O tempo da ‘ditadura da publicidade’ acabou. Os consumidores estão mais informados e seletivos. Cada vez têm mais a capacidade e o poder de decisão, a informação e a escolha são tantas que se vai tornando mais e mais complicado uma organização conseguir vender o seu produto. Já quase nada é novo ou diferente o suficiente para que o produto se venda por si mesmo, a criatividade e a proximidade ao consumidor são fatores chave.

A ideia, referida no parágrafo anterior, que Bento (2009) nos transmite de que “o produto não é tudo” é bastante interessante e cada vez mais importante. O consumidor quer sempre comprar algo mais do que um simples produto, quer comprar uma história, uma memória, uma recordação, por vezes quer comprar o status que o produto lhe pode trazer, a unicidade, a posição de detentor de algo único e especial. Nem que esse sentimento de ser especial seja sentido apenas pelo consumidor, o importante é que ele sinta que o que está a comprar é muito mais do que um simples produto, porque um simples produto pode ser encontrado em qualquer lugar, mas aquele que é especial e como consequência torna o consumidor especial também, com algo mais, não. Assim, a publicidade deve comunicar muito mais do que apenas o produto que está a tentar vender, mas todas estas ideias e sentimentos.

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Seguindo esse percurso de mudança, de que temos estado a falar, e da evolução dos tempos e da própria comunicação, é compreensível que a publicidade online veja a sua importância a aumentar e tenha cada vez mais força no processo de comunicação das empresas. Por estas razões, como refere Wypych (s/d: 2) “muitas empresas estão dependendo cada vez menos da publicidade paga. A publicidade nos meios de comunicação de massa não mais desempenha o papel central no marketing. Os consumidores estão saturados com milhares de anúncios publicitários no dia-a-dia. Para diminuir os gastos com a publicidade de massa, bem como para encontrar novas formas de se comunicar com os consumidores, as empresas têm de se voltar para outros métodos (Cafferky, 1999: p. 15) ”. Métodos esses que passam, necessariamente, pelos meios online, pelas redes sociais, pelos blogs e pelas páginas de internet.

Como defende Reino (s/d: 2) “as novas tecnologias de comunicação e armazenamento de dados vem revolucionando todos os sectores da nossa sociedade. Para as empresas que querem permanecer vivas e com lucratividade nos dias de hoje é essencial dominar as novas formas de comunicação e relacionamento que a internet oferece.” Esta necessidade de dominar o mundo online não é importante apenas para empresas novas ou para aquelas que têm como público-alvo os jovens, nem mesmo apenas para empresas que comercializam produtos ou serviços relacionados com o próprio mundo

online ou com as novas tecnologias. Como é explicado num artigo da página de internet

da empresa Brandignity2, esta necessidade de dominar o mundo online abrange todos os

tipos de empresas “independentemente da indústria na qual opera, a mídia social deve ser uma parte importante da sua estratégia de publicidade e relações públicas. Todos os negócios devem ter algum tipo de plataforma de marketing de redes sociais e este deve ser utilizado pelo menos uma vez por semana, ou idealmente diariamente.”

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www.brandignity.com é uma empresa de marketing de motores de busca fundada em 2010 que se tem tornado cada vez mais uma referência e tem entre os seus clientes empresas como o Bank of America e o The Wasinghton Post.

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Por todas estas razões, o número de empresas que vem aderindo à comunicação online tem aumentado, segundo pesquisas efetuadas e citadas por Clara Shih, C.E.O. da

Hearsay Social, num artigo da revista administradores.com “73,5% das empresas

norte-americanas já consideram as mídias sociais primordiais para a estratégia de suas empresas. O facebook é a principal forma dessas empresas conseguirem conversar e conhecer o seu público”, é também uma forma das empresas estarem cada vez mais próximas do seu público, fazendo cada um dos integrantes desse público sentir-se único e especial, o que é algo bastante importante, como já referimos anteriormente.

Nas palavras de Patrícia Caicedo, na entrevista que nos concedeu, uma das grandes mais-valias e alterações que a internet veio trazer não só, mas principalmente, ao mundo da comunicação foi a “democratização do acesso aos grandes públicos. O investimento necessário para se poder promover é muito menos do que o que se necessitava nos tempos em que não existia internet.” (Caicedo, entrevista: 2013)3

1.3. A evolução da comunicação online

Como já referimos no primeiro ponto deste capítulo, a comunicação online surgiu nos últimos anos da década de 60 do século XX quando foram desenvolvidos protocolos que permitiam o envio e a receção de mensagens através de computadores (Warschauer, 2001). E, desde então, num espaço de pouco mais de cinquenta anos, a evolução foi tremendamente rápida e grande. Evoluímos de uma época, entre os anos 1930 e 1970, em que as tecnologias chegaram a ser apelidadas de ‘instrumentos de tirania’ (Ferreira, 2003: 6), até aos dias de hoje em que as tecnologias são uma parte completamente integrante e ativa das nossas vidas.

3 Excerto da entrevista concedida pela diretora do Barcelona Festival of Song, Dra. Patrícia Caicedo. Entrevista reproduzida na integra nos anexos desta dissertação.

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Passamos de computadores que ocupavam salas inteiras e tinham pouca capacidade de memória, eram lentos e realizavam apenas operações muito simples e básicas, até computadores que são cada vez mais pequenos e finos, a tablets e mini-tablets que são capazes de realizar todo o tipo de operações, rapidamente e com uma capacidade de resposta incrível. Essa evolução verificou-se de forma ainda mais rápida e alucinante no que toca à internet. Hoje em dia temos o mundo na palma da mão! Sem sairmos do lugar onde estamos podemos viajar a países longínquos, a outros planetas até; podemos conversar com amigos e familiares que estão a milhares de quilómetros de distância; podemos fazer compras, desde arroz, a sapatos passando por livros e todo o tipo de artigos; podemos trabalhar, enviar emails, fazer reuniões, videoconferências; podemos deixar todos os nossos amigos saberem o que estamos a fazer, onde e com quem, o que estamos a comer, que música estamos a ouvir, se estamos contentes ou tristes, alegres ou zangados, apaixonados ou de coração partido e até se estamos com dor de barriga. É o mundo digital, sem o qual já praticamente nenhum habitante de um país tecnológica e eletronicamente evoluído, consegue viver. Já quase não sabemos existir sem o iPhone, o

iPad, o iPod, um androide, o iMessage, o whatsapp, o facebook, o twitter, o instagram,

o tumblr, o Youtube e outros tantos blogs e redes sociais.

Hoje em dia é tão trágico ficar sem internet como na década de 90 do século passado era ficar sem eletricidade a meio de um campeonato de Sonic na Sega Saturn. Devo reforçar, uma vez mais, que esta é uma ideia talvez exagerada e caricaturada que só se aplicará a uma parte da população de alguns países do primeiro mundo e que de algum modo pode pretender representar toda a população do globo. Aliás, em algumas regiões pode ser encarada como uma afronta aos verdadeiros problemas e tragédias que populações inteiras de países subdesenvolvidos enfrentam diariamente. Algo que não

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queremos, de modo algum, ignorar, queremos apenas mostrar como a internet se impôs rapidamente no estilo de vida europeu e, sobretudo, norte-americano.

“Paralelamente à evolução tecnológica já referida, surge uma mudança social provocada pelas mudanças de hábitos e pela universalidade do uso da internet. Dada a sua maior apetência à adoção de novas tecnologias” (Passos, 2011: 11) as gerações mais jovens são as mais afetadas e as que mais utilizam estas novas ferramentas de comunicação. “É então importante frisar as características de uma geração que acompanha o crescimento exponencial da internet e dos seus efeitos, habituada desde o primeiro dia a uma realidade social e tecnológica completamente diferente (Dionísio, Rodrigues, Nunes, Faria e Canhoto, 2009) designada de Geração Y” (Passos, 2011: 11).

As novas gerações nasceram com a internet, enquanto as gerações anteriores tiveram de mudar o hábito de usar aparelhos mais elementares, em grande parte dos casos, como telemóveis com a capacidade única de fazer e receber chamas e enviar e receber mensagens. Estes tiveram de se habituar a trabalhar com aparelhos que são telemóveis, computadores, tablets e máquinas fotográficas, tudo ao mesmo tempo; ao contrário das novas gerações, que conhecem apenas esses aparelhos mais evoluídos. Assim não é de estranhar que o neto de seis anos mexa com muita mais facilidade num iPhone do que a avó, que na altura em que tinha seis anos ainda utilizava lousas para aprender a escrever nas salas de aula.

Assim vemos como a evolução das novas tecnologias e principalmente da internet foi galopante nas últimas décadas e principalmente na última década, que foi quando surgiu o facebook, que é o que podemos considerar, até hoje, uma das maiores revoluções a nível de internet e de novas tecnologias. O facebook surgiu apenas em 2004 e desde

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então provocou grandes alterações no ‘mundo’ que o utiliza. E essas alterações, como é óbvio, também atingiram e mudaram o mundo da comunicação.

1.4. Comunicação online vs. Comunicação tradicional

Segundo a definição do Dicionário de Comunicação (Rabaça, 1987: 151) “a palavra

comunicação deriva do latim comunicare, cujo significado seria ‘tornar comum’,

‘partilhar’, ‘repartir’, ‘trocar impressões’, ‘conferenciar’. Comunicar implica participação (comunicatio tem o sentido de participação”)”. Por seu lado, para Miller (Rabaça, 1987: 151) comunicação “significa informação que passa de um lugar para o outro”. O que vai de encontro à definição de Hovland (Rabaça, 1987: 151), que nos diz que “a comunicação é o processo por meio do qual o individuo (o comunicador) transmite estímulos (geralmente símbolos verbais) para modificar o comportamento de outros indivíduos (recetores)”.

Todas estas definições, vão de encontro ao que aprendemos em comunicação sobre o seu processo. Este procedimento depende de vários fatores e é influenciado por diversos condicionantes. Assim, o processo de comunicação necessita de um mínimo de dois indivíduos, um emissor e um recetor. Para dar início ao processo, o emissor irá tentar transmitir, ao recetor, um sinal, informação, ideia ou conceito, sendo para isso necessário um canal de comunicação, canal esse que pode assumir variadas formas físicas ou tecnológicas. É importante que a informação que vai ser transmitida seja traduzida para um código conhecido por todos os intervenientes, caso contrário isto pode tornar-se um condicionante muito grande. Para evitar um outro condicionante é também necessário fornecer um contexto à mensagem a ser transmitida, de outro modo esta pode não ser bem compreendida. Todos estes fatores de contexto podem ser

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denominados de ruído, ruído este que engloba tudo aquilo que dificulta o processo de comunicação e perturba a receção ou compreensão da mensagem enviada pelo emissor. Por fim, a finalidade do processo de comunicação é criar feedback ou gerar reações e respostas por parte do recetor. Só assim sabemos se o processo foi bem executado e conhecemos a opinião do recetor à nossa ideia.

Ora, o mundo da comunicação sofreu muitas alterações desde que estas definições foram escritas em 1987, mas a verdade é que elas continuam a ser corretas e até atuais, porque certas coisas não mudam, apenas se têm de adaptar a novas circunstâncias. Uma dessas grandes mudanças (ou circunstância que se alterou, como lhe queiramos chamar) que se deu no mundo, e não apenas no da comunicação, foi o crescimento da internet. Este crescimento fez com que o mundo da comunicação sofresse grandes alterações, sendo uma delas o aparecimento da comunicação online. Como já vimos anteriormente, a definição de Hovland (in Rabaça, 1987: 151) continua a ser muito corrente se apenas lhe adicionarmos os estímulos visuais, interativos e sensoriais, entre outros, que nos foram trazidos pela comunicação online.

As formas de comunicar mudaram bastante na última década, cada vez mais o online é preferido ao tradicional, porque é mais rápido, atinge um maior número de pessoas e é mais barato. Mas ainda assim a comunicação tradicional continua a ser bastante usada, referimo-nos aos anúncios de televisão, de rádio, da imprensa escrita ou aos outdoors que continuam a ser utilizados. Apesar de alguns autores, como João Passos (2011: 10) do Lisbon University Intitute, defenderem que “as tradicionais estratégias de Marketing e a exposição de produtos através dos meios tradicionais estão em pleno declínio nesta nova era”. João Passos segue explicando porque acredita que a comunicação tradicional está em pleno declínio, dizendo que “a maturação do mercado e da experiência online

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levou à constatação de que a eficácia do meio televisivo, rádio, imprensa e outros tradicionais tem vindo a decair ao longo dos últimos anos” (2011:10).

Ainda assim, apesar de reconhecermos a veracidade e razão às ideias defendidas por Passos, não cremos que a comunicação tradicional como a conhecemos alguma vez vá desaparecer. Outras grandes mudanças aconteceram ao longo da história, outras formas de comunicação apareceram e isso não significou necessariamente a extinção das que já existiam. Por exemplo, quando se iniciou a era da televisão muitos previram que seria o fim da rádio, causado pelo desinteresse das pessoas, pois a televisão era muito mais interessante, apelativa e atrativa. Tal não aconteceu, deu-se uma adaptação às novas circunstâncias e formas de comunicação, mas a rádio sobreviveu, ocupando o seu lugar no mundo da comunicação e coexistindo com a televisão. O mesmo acontece/acontecerá com a comunicação online e a comunicação tradicional. Com o aparecimento da primeira, a segunda teve de passar por processos de mudança, de forma a adaptar-se à nova realidade, mas isso não significa que irá ser extinta. Assim como no século passado a rádio e a televisão se adaptaram de forma a coexistirem, também agora os meios online e os tradicionais se adaptarão.

Ainda assim, Passos, não é o único a defender esta ideia da extinção dos meios tradicionais, encontramos um artigo do blog addcomunicacao.com (s/a, 2012) que nos apresenta dados mais concretos relativamente a investimentos realizados nestas duas áreas da comunicação de forma a defender essa mesma ideia. O artigo diz-nos que:

“A comunicação está a mudar, bem como os locais de procura de informação e contacto com os novos produtos e serviços. De forma a acompanhar as mudanças do comportamento dos consumidores os marketers também estão a mudar os meios que privilegiam na hora de inserir publicidade. De acordo com as perspectivas da eMarketer, com base no mercado dos EUA, a grande tendência de crescimento no investimento publicitário irá

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para o meio online, com uma estimativa de crescimento acima dos 20% para este ano, quase 40 bilhões de dólares. Uma aposta derivada da atual conjetura económica e do desenvolvimento das Redes Sociais e novas funcionalidades dos sites. Esta tendência de aposta nos sites como veículo para chegar ao consumidor será mantida até 2014 num crescimento de dois dígitos, prevendo-se que em 2016 o valor do investimento publicitário neste meio alcance os 62 bilhões de dólares. Este fenómeno de rápido crescimento dos meios online face aos mais tradicionais, em especial os meios em papel como jornais e revistas, fará com que pela primeira vez o investimento em publicidade online nos EUA ultrapasse o valor total gasto em jornais e revistas impressas, 39,5 bilhões de dólares vs 33,8 bilhões de dólares. Relativamente à televisão, os elevados custos de inserção de publicidade fazem com que seja o meio com o maior investimento publicitário, contudo devido às dificuldades económicas e ao crescimento dos meios online terá um crescimento bastante lento. As estimativas indicam que em 2016 sejam investidos aproximadamente 72 bilhões de dólares neste meio, apenas mais 10 bilhões do que nos meios online. Estes valores, quando comparados com as previsões para 2012 (64,8 bilhões de dólares e 39,5 bilhões de dólares respetivamente) demonstram o forte crescimento que se prevê na escolha dos meios online. Este estudo vem demonstrar a crescente importância da internet e da sua presença no dia a dia dos consumidores, demonstrando uma mudança dos estilos de vida e das preferências num curto espaço de tempo, fazendo com que seja crucial a atualização das empresas às novas tendências do mercado”.

Este artigo mostra-nos as grandes mudanças que os processos de comunicação têm sofrido desde o aparecimento do online. Tem mudado não apenas a forma de comunicar, mas também a forma como as empresas encaram essa mudança. Se existiam algumas que no início eram relutantes a aceitar estas mudanças, hoje em dia já são muitos poucas, ou quase nenhumas, as empresas que não aderiram ao online, nem que seja com uma simples página de internet da empresa ou perfil no facebook.

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Ainda assim, a comunicação tradicional continua a ter uma grande importância nos processos de comunicação das empresas, como nos diz West (s/d in

smallbuisness.chron.com) “os canais de comunicação online tais como as páginas de

internet, os blogs e as redes sociais tomaram a indústria da comunicação de assalto. Ainda assim, os canais de comunicação tradicionais continuam a ser muito relevantes e uteis para atingir uma audiência alvo. Os canais de comunicação tradicionais têm as suas vantagens e desvantagens, as quais devem ser consideradas para comunicar eficazmente”.

Uma das principais alterações que a comunicação online veio trazer aos processos de comunicação foi a possibilidade do público se envolver muito mais nesses mesmos processos. A interação, a possibilidade de se expressar e dar a sua opinião é muito importante para o público. “Segundo Eco (1993), a pós-modernidade não se trata apenas de um conceito científico e sim de um estado de espírito que deve ser percebido dentro do sujeito e do contexto no qual se insere, pois cada um imprime um ritmo e uma forma de modernidade” (Vieira, s/d: 4), sendo que neste caso um fenómeno da pós-modernidade é o das redes sociais e o online. Esta ideia de que a comunicação deixa de ser algo tão inatingível e passa a ser algo mais próximo ao público, é muito importante para o consumidor sentir que faz parte do processo e que tem poder de decisão e escolha. Indo tudo isto, de encontro à ideia que já defendemos anteriormente da necessidade de fazer com que o consumidor se sinta único e especial e sinta, acima de tudo, que tem uma voz e que essa voz é ouvida.

Esta ideia é suportada pela noção de comunidade, se tivermos em atenção que “tudo o que é feito online rodeia o conceito de construção de uma comunidade ou um grupo de animadores que podem apoiar o seu negócio. As pessoas gostam de sentir que fazem parte de algo único e especial e isso geralmente surge de ser parte de uma comunidade.

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A força de uma comunidade é uma força de branding muito poderosa que pode fazer crescer significativamente um negócio on e offline” (s/a, 2011 in brandignity.com). Essa noção de comunidade é muito importante, e foi cada vez mais alargada no

facebook com a criação de grupos e páginas de determinada marca ou produto. “O

consumidor tem a opção de se associar à comunidade que quiser e dentro dessa comunidade pode expor livremente as suas ideias e criticas, comentar produtos e serviços, trocar opiniões com perfeitos desconhecidos”, refere Passos (2011: 12), que partilham os mesmos gostos que ele.

“De certo modo, essa nova forma de comunicar, surgida a partir das redes sociais, possibilita que o relacionamento entre partes de criação e consumo final se torne mais aberta, com a opinião ativa do público”, afirmam Brittos, Reckziegel (2011: ed. 672). Essa proximidade com o consumidor é muito importante para ambas as partes, passando “o consumidor a ter mais poder de comunicação, (…) na prática passa ele a controlar o meio e a forma como o meio está disponível (Dionísio, Rodrigues, Nunes, Faria e Canhoto, 2009) o que lhe confere um maior poder negocial” (Passos, 2011: 12). Tendo o consumidor esse poder, sente-se mais próximo e ganha mais confiança na marca ou produto, o que fará com que o consuma mais ou o divulgue, o que é positivo para a empresa também. Assim é uma situação que beneficia ambas as partes.

Dadas estas considerações, cremos que não podemos dizer que a comunicação online é melhor do que a comunicação tradicional ou vice-versa. Ambas são importantes e indispensáveis aos processos de comunicação das empresas que querem ver as suas marcas ou produtos divulgados e consumidos pelo público. Nenhuma delas deve ser considerada mais importante do que a outra, elas devem complementar-se e os

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responsáveis pela comunicação das empresas devem saber usar ambas de forma apropriada, beneficiando assim as empresas e os consumidores.

De seguida apresentamos um quadro resumo onde enumeramos as diferenças entre a comunicação tradicional e a comunicação online:

Comunicação Tradicional Comunicação Online

Unidirecional; Bidirecional;

Distante do consumidor; Próxima ao consumidor;

Estanque à opinião do consumidor; Aberta à opinião do consumidor; Não influenciável (instantaneamente) pela

opinião do consumidor;

Influenciada pela opinião do consumidor;

Depois de criada e apresentada ao público não sofre alterações;

Vai sendo alterar consoante as opiniões e reações do público;

Dispendiosa; Mais barata;

Quadro 1 - Comparação da Comunicação Tradicional e da Comunicação Online

1.5. Quais os meios de comunicação online – a importância das redes

sociais

São considerados meios de comunicação online todos os meios de comunicação que utilizam como suporte a internet. Como foi mencionado nos pontos anteriores, estes

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meios de comunicação surgiram e evoluíram nos últimos anos, principalmente na última década e têm crescido muito em termos de adesão por parte do público.

De entre estes meios, os que têm mais sucesso e adesão por parte do público são as redes sociais, Boyd e Ellison (2008: 2), definem redes sociais “como serviços baseados na web que permitem que qualquer indivíduo: (1) construa um perfil público ou semipúblico, (2) articule uma lista de outros utilizadores com os quais partilha uma ligação (vulgarmente designados por amigos), (3) veja e cruze a sua lista de ligações com aquela construída por outros indivíduos dentro do sistema”.

Ainda de acordo com Boyd e Ellison (2008: 2), “o que torna as redes sociais únicas é que não só permitem a indivíduos conhecerem estranhos, mas antes permitem que os utilizadores articulem e tornem visíveis as suas próprias redes” e opiniões com grande facilidade e rapidez, até no que diz respeito ao contacto com as empresas e marcas. Na era anterior às redes socais, se queríamos fazer uma sugestão, critica ou reclamação (já não falando da era anterior à internet – quando tínhamos de utilizar a ‘caixa de sugestões’) tínhamos de o fazer na página de internet da empresa, preenchendo um formulário, submetendo a nossa sugestão e depois tínhamos de esperar por uma resposta, isto se ela viesse. Hoje em dia, com o facebook é muito mais fácil emitirmos a nossa opinião relativamente a um produto, serviço ou empresa. Ainda que não o façamos diretamente à empresa, se esta não tiver uma página ou perfil no facebook, podemos colocar um comentário no nosso mural que chegará à nossa rede de amigos e pode ser comentado e até partilhado, gerando algum buzz em torno do assunto. Se a empresa utilizar o facebook, este processo torna-se ainda mais simples e direto. Simplesmente vamos à sua página e deixamos a nossa opinião no mural. Geralmente a resposta é quase imediata, até porque quase todas as grandes empresas (e não só) têm

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um departamento para gerir as redes sociais. O potencial de resposta é muito elevado, assim, se a empresa fizer uma boa gestão das suas redes sociais, quase que imediatamente recebemos uma resposta ao nosso comentário, quer seja para agradecer a sugestão ou ideia ou para rebater a critica e explicar-nos porque é que estamos errados ou porque é que a empresa agiu de determinada forma.

Convém referir que as empresas devem ter muita atenção às redes sociais e a quem as colocam a gerir, pois ao contrário dos antigos formulários online, as redes sociais são públicas e toda a gente que está nelas pode ver os comentários, sendo praticamente impossível ignora-los ou não os gerir da melhor forma possível. As empresas devem ter muita atenção ao facto de ainda acontecer que, ao contrário das céleres respostas de que falávamos no parágrafo anterior, por vezes os comentários não obtêm resposta, ou pior, são apagados ou geridos da pior forma possível.

Um exemplo e prova disso foi o que se passou na página do facebook da EDP – Energias de Portugal, quando em 2011 a utilizadora Joana Couve Vieira publicou um comentário opondo-se ao plano nacional de barragens e adicionou o link de uma página que havia sido criada contra esse mesmo plano. A forma que a EDP encontrou para lidar com a crítica foi apagar o comentário da utilizadora alegando que esta não havia cumprido o código de conduta da página. Tal gerou uma grande controvérsia, despoletando milhares de comentários que já não se prendiam com o plano nacional de barragens, mas sim com a censura e a má gestão da rede social por parte da empresa. (Ribeiro, 2011 in publico.pt)

Ora este tipo de situações de má gestão das redes sociais não podem acontecer, pois trazem uma repercussão muito negativa para a empresa. Neste caso, os responsáveis pela gestão das redes sociais da EDP podiam ter optado por simplesmente encerrar a

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página de facebook alegando que não tinham condições de gerir adequadamente os comentários e opiniões, mas o facto de terem apagado o comentário da utilizadora rasou a censura. Deu uma ideia de que os responsáveis estavam a tentar ‘calar’ a utilizadora porque ela tinha razão e eles não sabiam como rebater as suas alegações. Então apagaram o comentário na esperança de ‘pode ser que mais ninguém tenha visto e a coisa ficar por aqui’, o que não foi, de todo, a abordagem mais correta.

Assim que a gestão das redes sociais é muito importante. Como nos diz Bento (2009), “a regra da web não é estar simplesmente online, mas estar presente nas redes sociais com qualidade.” A empresa deve garantir que tem os meios apropriados para as gerir antes de aderir às redes sociais. Ideia que nos é confirmada pela diretora do festival, Patrícia Caicedo, quando afirma que “a internet é uma ferramenta muito importante que deve ser utilizada com prévio conhecimento da mesma e dos mercados.” (Caicedo, entrevista: 2013).

De acordo com Brittos e Reckziegel (2011: 672):

“com a crescente explosão de redes sociais, verificada nos últimos anos, a mudança de comportamento (…) das organizações para com a mídia passou por uma (esperada) mudança. Em muitos casos, as relações (…) tiveram de ser readaptadas e estruturadas para o uso das tecnologias digitais. Através da internet surgiram novas formas de comunicação, capazes de mudar essa dinâmica, obrigando empresas a se reinventarem e atrair públicos interessados em programas originalmente destinados ao entretenimento. As acções de propaganda e marketing através dos meios tradicionais perderam espaço gerando novas formas de comunicação mercadológica”.

Não foi apenas a forma de comunicar das empresas que mudou com o aparecimento das redes sociais. Depois de terem surgido, as próprias redes sociais foram sofrendo

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alterações como nos diz “Castells (2001: 384, in Reino, s/d: 8) (…) as redes sociais foram se desenvolvendo, a partir do que as pessoas foram realizando dentro delas, incluindo então ações e realizações de marketing”. Assim, não foi apenas o mercado que se adaptou às redes sociais, mas as redes sociais também se adaptaram aos seus utilizadores e às suas necessidades, acabando por passarem “a ser utilizadas como ferramentas de comunicação com o mercado, pois, (…) estas tratam espaços de sociabilidade de construção identitária, recursos estes muito caros na agregação de valores de um produto no mercado” (Vieira, s/d: 11).

Como temos vindo a provar ao longo desta dissertação, as redes sociais, e principalmente o facebook são uma grande ajuda quando o objetivo é criar uma relação mais próxima e amistosa entre as empresas e os clientes. Assim que, cada vez mais, as empresas têm tentado encontrar formas sempre mais eficazes de contactar e atingir os seus clientes através das redes sociais. Indo, tudo isto, de encontro à importância anteriormente referida da boa gestão das redes sociais por parte das empresas.

A importância das redes sociais nos processos de marketing das organizações já foi bastante reforçada ao longo desta dissertação. Um outro ponto que é tão pertinente como a relevância das redes sociais, é a forma como as organizações as estão a utilizar. Porque de nada serve o facto de os meios online serem uma plataforma tão importante e abrangente se as organizações não souberem tirar o melhor partido possível delas. Neste contexto, torna-se também, de grande pertinência tentar compreender até que ponto estas plataformas são eficazes na divulgação dos conteúdos das organizações.

“Segundo Clara Shih, uma das maiores especialistas sobre o assunto, as pessoas e empresas não podem deixar de estar próximas de onde os seus clientes estão” (Gomez, 2013: 7) e os clientes estão cada vez mais nas redes sociais. As empresas não podem

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também esquecer que “o Facebook é uma ferramenta (…) utilizada para criar buzz” (Rebelo & Alturas, 2011: 6), e devem assim aprender a utilizar isso a seu favor e a favor das suas empresas e marcas.

No último parágrafo da sua dissertação, João Passos, diz-nos que o facebook é a maior rede social do mundo, e a verdade é que o crescimento da rede social não para. E tem sido um crescimento fascinante, especialmente por ser num tão curto espaço de tempo. O facebook passou de 500 milhões de utilizadores em 2010, quando já nessa altura detinha o título de site mais visitado da internet, ultrapassando até o motor de busca

Google (Gomez, 2013: 7), para os mais de 1000 milhões de utilizadores ativos, segundo

fontes recentes. (Soares, 2013: in publico.pt). Assim, é impossível ignorar o poder e a força deste meio de divulgação, de geração de opiniões, de partilha de informações e nenhuma empresa o deve fazer.

Ainda na dissertação de João Passos do Lisbon University Institute (2011), encontramos uma passagem que resume de forma bastante explicita tudo o que defendemos nos últimos parágrafos sobre as redes sociais. João Passos (2011: 17) diz que:

“(Algumas empresas) apenas começaram a utilizar as redes sociais há pouco tempo, facto coerente com a novidade que estas plataformas constituem e ainda com a noção da sua utilidade num âmbito de marketing. Com efeito, as empresas mais pequenas foram as mais céleres na adoção desta abordagem digital através das redes sociais, talvez (especulam os autores) pelos baixos custos de entrada associados assim como por não -haver necessidade de mão-de-obra especializada a trabalhar neste tipo de promoção. No que se refere às equipas por detrás da gestão da presença das empresas nas redes sociais, estas variam na dimensão conforme a própria dimensão da empresa, variando de uma pequena equipa apoiada geralmente por uma consultora de marketing digital, até uma pessoa responsável pela gestão de todas as páginas da empresa online. Sem excepção, todas as empresas analisadas utilizam as redes sociais como uma

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forma directa, rápida e eficiente de comunicação com os seus clientes. Algumas, no entanto, começam também a descobrir as potencialidades destas plataformas para obter avaliações dos clientes em relação a determinada campanha ou produto, como instrumento de branding e até como geradora de vendas. O tipo de rede social usada varia conforme os objectivos de marketing e conforme o tipo de cliente que se quer atingir. Ainda que estas acções nas redes sociais sejam usadas em complementaridade com divulgação na TV, Websites, E-mail ou publicidade SEO (Search Engine Optimization), existe um problema com a medição exacta do impacto destas acções no consumidor. No entanto, todos os entrevistados concordam que os resultados destas acções são excelentes pelo irrisório investimento necessário e todos percepcionam que há uma grande aceitação por parte dos seus clientes no esforço feito para se aproximarem deles. Isto gerará, com certeza, maior investimento no futuro e uma integração total das redes sociais nas estratégias de marketing. As companhias que utilizam redes sociais no âmbito de marketing estão a usar o método da tentativa e erro na procura da melhor forma de extraírem o melhor partido, mas não há dúvidas de que, (…) as redes sociais sejam uma plataforma de aposta, especialmente para os que têm menores meios e menores apoios.”

As afirmações de João Passos continuam a ser verdade, mesmo dois anos depois de ele as ter escrito, com o pequeno pormenor de que o futuro de que fala já chegou e neste momento já praticamente todas as empresas aderiram às redes sociais. Desde a pequena padaria ou loja de informática do bairro até à multinacional de moda ou pneus para automóveis, o tipo de organizações que estão presentes no facebook é impressionante. Agora é o futuro, e no mundo em que vivemos, que se move a uma velocidade vertiginosa, em que tudo muda de um momento para o outro e estar atualizado para vingar em qualquer área de negócios é quase tão importante quanto comer é para sobrevivermos, as empresas não podem ignorar o peso e a importância da comunicação

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concorrência continua a ter mais do dobro dos utilizadores do seu concorrente mais próximo, o Google+, que tem neste momento 500 milhões de utilizadores registados (s/a, 2013 in veja.abril.com.br), apesar de pouco se ouvir falar dele, ou do twitter, que apesar de ter apenas 200 milhões de utilizadores (Pereira, 2013: in publico.pt) tem bastante força, especialmente nos Estados Unidos, onde grandes personalidades, celebridades e opinion makers o utilizam para opinar sobre todo o tipo de assuntos.

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2. Barcelona Festival of Song®

2.1. História e criação do festival

O Barcelona Festival of Song (BFOS) foi criado em 2005 por Patrícia Caicedo, colombiana, médica e soprano residente em Barcelona há vários anos. Como nos foi dito pela própria na entrevista que realizamos, e que está transcrita nos anexos desta dissertação, apesar de ser médica a música sempre fez parte da sua vida e sempre foi uma paixão. Estudou música desde os cinco anos e após terminar o curso de medicina continuou a dedicar-se ao estudo do canto e da música. Durante vários anos conciliou a medicina com a música e ao longo desse processo foi-se apercebendo que a música a fazia feliz e aos poucos começou a surgir a ideia, e a possibilidade, de se dedicar a ela por completo e a tempo integral. Foi um processo lento e “orgânico” como a própria diz, mas quando finalmente chegou o momento de ter de escolher entre a medicina e a música, o amor pela música falou mais alto. Acabando até por academicamente se focar na música. Patrícia completou no início de 2013 o doutoramento em musicologia na

Universidad Complutense de Madrid.

Ao longo dos seus estudos e da sua carreira musical, Patrícia sempre se debruçou sobre a música clássica, principalmente sobre o repertório vocal da América Latina e da Península Ibérica. Desde que começou a estudar música, Patrícia apercebeu-se que havia um nicho no mercado relativamente à música da América Latina e da Península Ibérica. Normalmente todos aqueles que estudam e interpretam música clássica cingem-se aos repertórios mais famosos, o italiano, o alemão, o francês, entre outros, mas pouco ou nada havia dedicado ou centrado na música clássica produzida nos países da América Latina e da Península Ibérica. O repertório destes países, apesar de pouco divulgado é bastante extenso e rico.

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Este repertório não inclui apenas criações e obras compostas durante e após a colonização europeia, integra também várias composições anteriores a isto, composições ainda feitas pelos indígenas muito antes da chegada dos colonizadores. Com a chegada destes, as composições sofreram alterações, começaram inevitavelmente a ser influenciadas pelas correntes e instrumentos trazidos da Europa pelos colonizadores, os sons e os temas adaptaram-se mas nunca perderam a sua identidade. Uma época especialmente marcante, que o foi não só para a música mas para todas as artes, foi o período das lutas pela independência dos impérios europeus, nomeadamente do Português e do Espanhol. Em que todos os artistas falaram, pintaram, cantaram e compuseram sobre o nacionalismo, o amor à pátria, as raízes e sobre as próprias lutas pela independência.

Assim Patrícia, que é uma cidadã do mundo mas continua a ter as suas raízes muito ligadas a uma ex-colónia espanhola, Colômbia, a sua terra natal, sempre teve um vínculo e um apreço muito grande por este repertório. E, como já referimos anteriormente, ao longo do seu percurso foi-se apercebendo que este repertório era praticamente ignorado por todos, não por falta de interesse, mas principalmente por desconhecimento, porque nunca foi devidamente divulgado. Patrícia atua quase exclusivamente em espanhol, português (principalmente português do Brasil), catalão e em duas línguas nativas, quéchua e nahuati. A sua formação foi, como é habitual para qualquer pessoa que estuda música clássica, centrada no repertório francês, italiano e alemão. Mas por sua própria vontade sempre estudou e procurou obter formação no repertório que realmente a apaixonava, o latino-americano e ibérico.

Como referimos no parágrafo anterior, a mentora do festival é uma cidadã do mundo, a sua vida, quer a nível pessoal, quer a nível profissional levou-a a viver e a viajar por várias partes do mundo. Patrícia que agora vive em Barcelona há mais de dez anos, já

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viveu em Miami, em Nova Iorque e São Francisco e já lecionou e atuou, além das cidades já referidas, no Texas, em Bogotá e em países como Itália, Rússia, Alemanha, Dinamarca, Portugal e Brasil, entre outros.

Ainda quando vivia nos Estados Unidos, Patrícia apercebeu-se “de que os cantores líricos viajavam para a Europa para estudar o repertório tradicional da ópera e da lied e não existia nenhum espaço dedicado ao meu repertório” (Caicedo, entrevista: 2013). Quando já estava a viver em Barcelona, a vontade de Patrícia de fazer alguma coisa relativamente ao facto de o repertório que tanto a apaixonava ser tão desconhecido, não só do público em geral, mas também dos profissionais da área, dos cantores, dos músicos e dos compositores, passou a ser ainda mais forte. Assim começou a ser cada vez mais persistente e urgente a ideia de criar um espaço específico não só para a divulgação deste repertório, mas também um espaço onde cantores e músicos pudessem aprender e aprofundar o seu conhecimento sobre o mesmo. Assim surgiu, em 2004, o

Barcelona Festival of Song sob a direção de Patrícia Caicedo e produzido e organizado

pela Mundo Arts, uma empresa sediada nos Estados Unidos e dirigida também pela mesma. Um ano antes da primeira edição do BFOS, em 2004, Patrícia deu início à sua preparação. Foi um processo longo e demorado, tudo estava por fazer, desde a escolha do nome do festival, à procura de parceiros e patrocinadores, encontrar lugares para realizar os concertos, divulgar o festival ao público e aos possíveis participantes. Como nos conta a organizadora na entrevista que nos concedeu, “o festival não recebe dinheiro de nenhuma instituição, mas recebe ajuda em géneros de instituições públicas” (Caicedo, entrevista: 2013), por exemplo o governo da Catalunha através do seu Departamento de Cultura disponibiliza alguns espaços públicos, como a biblioteca da Catalunha, para a realização de concertos, outras entidades disponibilizam também os seus espaços para a realização de concertos, workshops e aulas. Outras instituições

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apoiam também o BFOS, por exemplo a TMB – Transports Metropolitans de Barcelona que nas semanas anteriores ao festival passa o spot promocional do mesmo na sua rede de televisão nas estações de metro e nas carruagens. Ainda que com todas as ajudas, o festival tem elevados custos financeiros, principalmente no que se refere ao alojamento dos participantes, alunos e professores e o aluguer do piano utilizado nas aulas e nos concertos (apesar de a entidade que aluga o piano fazer um preço especial numa tentativa de ajudar o festival, o custo é bastante elevado).

Financeiramente o festival é sustentado principalmente pelas propinas pagas pelos alunos que se inscrevem para participar no festival. Este ano, pela primeira vez na história do festival, a sua diretora na apresentação de cada um dos concertos atreveu-se a apelar à generosidade do público e colocou um cartaz (em anexo – ilustração 4) e uma caixa de doações na entrada do espaço para que os presentes pudessem deixar alguma contribuição, uma vez que todos os concertos são completamente grátis para o público. Infelizmente Espanha, tal como Portugal, não está a passar por momentos muito fáceis a nível económico, assim que nem sempre as contribuições foram as esperadas. Mas de qualquer forma a recetividade do público a este atrevimento foi bastante positiva.

2.2. Em que consiste o festival

O BFOS tem não só uma componente artística e cultural, mas também uma componente académica. Assim, passando a explicar melhor, o BFOS é composto por duas vertentes, a artística, que inclui os concertos, e a académica, com os seminários, conferências, aulas e master classes. Esta dualidade é bastante clara nos meios de publicitação do festival, onde se pode ler “Barcelona Festival of Song – Curso de verão e série de

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concertos de repertório vocal Espanhol e Latino-Americano” (cartaz publicitário em anexo – ilustração 1 a 3).

Analisando a edição de 2013, organização na qual estive envolvido, o festival decorreu entre os dias 27 de junho e 6 de julho. No decorrer desses dez dias foram apresentados dez concertos, se contarmos um espetáculo de uma outra artista colombiana, Marta Gómez, realizado já no dia 20 de junho. Que, apesar de não ter sido organizado pela

Mundo Arts, foi colocado no cartaz de concertos numa tentativa conjunta, da Mundo

Arts e dos gestores da cantora, de atrair os seus públicos para o outro evento. Com esta

parceria a Mundo Arts pôde dar a conhecer o seu trabalho e os seus eventos aos fãs de Marta Gómez e vice-versa.

Os nove concertos do festival consistiram de um espetáculo inaugural pela própria diretora do festival, a soprano Patrícia Caicedo, de um concerto de flamenco, dois recitais de piano de uma pianista catalã e um pianista americano, uma apresentação de uma mezzo-soprano catalã, um outro de uma mezzo-soprano brasileira, Josani Keunecke, que foi também uma das professoras do curso de verão do festival, dois concertos dos estudantes e, este ano excecionalmente, um espetáculo de um género musical diferente do que é habitual no festival, pelo Sydney Children’s Choir.

Simultaneamente aos concertos, que se realizavam à noite, durante o dia decorriam as aulas, workshops, seminários e master classes. Os dias dos alunos eram regidos por um apertado horário e começavam logo pela manhã com aulas de Lucid Body uma técnica de body awareness, seguida de aulas, master classes, conferências e seminários sobre o tema do dia, sendo que cada dia foi dedicado a um país ou região da América Latina e da Península Ibérica. A parte teórica do programa incluía desde aulas sobre a história

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dos países e da respetiva música, a aulas de dicção das diversas línguas trabalhadas. As tardes eram dedicadas às aulas práticas e ensaios.

A edição de este ano contou com seis alunos: três norte-americanas, um mexicano, uma irlandesa e uma holandesa. E com seis professores, uma brasileira (já referida) da Universidade do Estado de São Paulo, uma inglesa especializada na técnica de Lucid

Body, um maestro argentino, duas linguistas catalãs e a própria diretora do festival.

Assim, através desta resumida descrição podemos começar a ter uma breve ideia de tudo o que o BFOS envolve.

2.3. Objetivos do festival

O BFOS nasceu de um sonho de divulgar e dar a conhecer um estilo muito específico de música, assim o seu principal objetivo é, nas palavras da própria diretora “promover a nível internacional o repertório vocal escrito por compositores latino-americanos e ibéricos, escrito em espanhol, português e catalão. Formar as novas gerações de cantores, estimular os compositores e criar um espaço para a difusão desta música” (Caicedo, entrevista: 2013). Como nos foi também dito pela diretora do festival, um dos principais objetivos é estimular os compositores a continuarem a criar esta música e continuarem a compor nestas línguas. Nesse âmbito, todos os anos é encomendado pela direção do festival a um compositor latino-americano ou ibérico um novo ciclo de canções inédito que é estreado num dos concertos no decorrer do festival.

O BFOS prima também pela originalidade, pois é um espaço único no mundo dedicado a este tipo de música. Não existe nenhum outro festival ou curso de verão que se lhe possa comparar. Como nos explica a sua diretora, o BFOS é um espaço único “ em

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primeiro lugar pelo seu repertório, pela sua componente académica e pelo facto de ser um espaço intergeracional, isto é, no curso tanto participam estudantes como professores que querem aprender o repertório4” (Caicedo, entrevista: 2013).

Assim, o objetivo do BFOS é transmitir este amor pela música clássica da América Latina e da Península Ibérica, que foi o que levou a diretora do festival a criar este festival, às novas gerações de artistas e estimular o seu crescimento, a sua procura e o seu desenvolvimento.

4 Como exemplo disso mesmo, este ano uma das estudantes vindas dos Estados Unidos era uma professora universitária já com mais de 60 anos, que tinha sido professora das outras duas estudantes norte-americanas, que eram oriundas da mesma universidade, a

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3. Metodologia deste Estudo de Caso

3.1. Os estudos de caso

De acordo com Hamel (1993:1) “a origem do termo estudo de caso está relacionada com a origem do termo história de caso. Sendo a última largamente utilizada em campos clínicos como a Psicologia e a Medicina. (…) Um estudo de caso é um estudo aprofundado dos casos considerados”. Ou seja, é um estudo detalhado do tema ou organização escolhido de forma a conseguirmos ficar a conhecer esse tema em profundidade. Os estudos de caso servem também para fazer avaliações detalhadas, como no estudo que desenvolvemos, dos processos de comunicação utilizados por empresas ou marcas.

Referindo-se à história dos estudos de caso, Hamel (1993:2) diz-nos que “se tivéssemos de enumerar nomes e escolas de pensamento associadas com os estudos de caso (…) teríamos indubitavelmente de começar com Bronislaw Malinowski, Frédéric Le Play e os membros da Chicago School. A história dos estudos de caso gira em torno desses nomes. (…) Ainda assim, a história da ascensão, da queda e do dramático ressurgimento dos estudos de caso depende se estivermos a falar de Sociologia ou Antropologia e as suas escolas francesas ou anglo-saxónicas.” Assim vemos que ao longo da história os estudos de caso passaram por períodos em que foram desacreditados. Aliás, o que aconteceu a praticamente todas as correntes de pensamento num ou outro período da história, já que todas elas passaram por períodos de aceitação e de descredibilização, para depois disso se verem, em muitos casos, a ser novamente aceites e aclamadas como as mais corretas e pertinentes.

Existem várias definições para o que um estudo de caso pode ser. Algumas defendem que “o estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação

Imagem

Ilustração 2: Cartaz/ flyer  de promoção dos concertos do BFOS
Ilustração 5: Página de internet do Barcelona Festival of Song
Ilustração 7: Página de internet da Mundo Arts
Ilustração 9:  Facebook  Patrícia Caicedo
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