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Direito de Transporte Garantido do Estatuto do Idoso, na Constituição e Leis Infraconstitucionais

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Academic year: 2020

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DIREITO DE TRANSPORTE

GARANTIDO DO ESTATUTO

DO IDOSO, NA CONSTITUIÇÃO

E LEIS INFRACONSTITUCIONAIS*

HEYDER LEONARDO CAVALCANTE NOGUEIRA**

SÉRGIO ANDRADE DE CARVALHO FILHO***

Resumo: o presente estudo tem por fundamento elencar um dos direitos adquiridos

pelos idosos depois de muita discussão e reivindicação, o direito de transporte, que é inserido na sociedade como maneira eficaz de socializar a pessoa maior de 65 anos de idade. Em primeira análise, esse artigo científico optou por demonstrar a construção dos direitos dos idosos ao longo das décadas, apontando o desenvolvimento humanitário da Magna Carta, de legislações infraconstitucionais e de toda sociedade brasileira. O estudo abordou o direito de transporte regulado pela Lei 10.741/03, no que tange o disposto nos artigos 39 a 42, com foco nos transportes urbanos e semiurbanos, intermunicipais e interestaduais, bem como demonstrou a aplicabilidade do Estatuto do idoso com a devida proteção constitucional. Em síntese verificou-se que, ainda com toda legislação dispondo de um direito beneficiário a um idoso, muitas empresas ignoram a legislação e por um devaneio esquecem que em um futuro bem próximo reivindicarão, entre aqueles dispostos no Estatuto do Idoso, seu direito de transporte.

Palavras-chave: Idoso. Direito de transporte. Lei 10.741/03. Estatuto do Idoso.

* Recebido em: 01.08.2014. Aprovado em: 21.08.2014.

** Acadêmico do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: heyder.nogueira@bol. com.br

*** Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes. Analista do Ministério Público Federal – Ofício do Núcleo de Tutela Coletiva

O

artigo tem intuito de demonstrar desrespeito à legislação especial, à Constitui-ção Federal e ao ordenamento jurídico no que tange o direito de transporte de idosos, e futuramente, a toda população que em algum momento necessitará usufruir desse direito. Nesse sentido, busca-se reafirmar o direito da terceira idade, para conscientizarem-lhes bem como aos demais cidadãos, pois de nada prosperará todo empe-nho em criação e vigência da Lei 10.741/03.

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No que tange à disposição dos capítulos, discorre a princípio quanto à construção do direito da terceira idade ao longo da história em todo o mundo, bem como no Brasil, que obteve apoio constitucional, e consequentemente, foram observadas tutelas judiciais e extra-judiciais. Em seguida, o estudo elenca a Lei 10.741/03 e seus artigos no âmbito do direito do transporte apontando os direitos em transportes intermunicipais, interestaduais, urbanos e semiurbanos, e ainda, a prioridade dos idosos no embarque em transporte coletivo. Por fim, o estudo enfatiza o posicionamento jurisprudencial em relação ao direito de transporte, a proteção constitucional que abrange esse direito e a ética

Com base no Estatuto do Idoso, pretende-se realizar uma abordagem legal, dou-trinária e jurisprudencial com intuito de demonstrar um desrespeito moral para com um cidadão idoso que quando diante da necessidade de valer-se da gratuidade num transporte interestadual, geralmente tem sua solicitação negada. Em síntese, verifica-se que ainda com toda legislação dispondo de um direito beneficiário a um idoso, muitas empresas ignoram a legislação e por um devaneio esquecem que em um futuro bem próximo reivindicarão, entre aqueles dispostos no Estatuto do Idoso, seu direito de transporte.

A FORMAÇÃO DOS DIREITOS DA TERCEIRA IDADE Evolução Legislativa no Brasil

O idoso como todo ser humano, possui proteção de cidadão, valendo-se de meios que resguardem sua dignidade. A Carta Magna dispõe em seu art. 1° que são princípios constitucionais a cidadania e dignidade humana, e ainda, em seu art. 3°, IV, busca pro-mover o bem de todos abstendo-se de qualquer descriminação ou preconceito tendo em vista a idade, sexo, raça etc. Dispõe ainda, o art. 201 da CF/88, seu direito a seguro social e aposentadoria, mesmo que não tenha contribuído com a Previdência Social, é resguardado por uma assistência social à velhice.

Assim entende Ritt e Ritt (2008, p. 102):

É dever da família, do Estado e da Sociedade amparar as pessoas idosas, assegu-rando sua participação na comunidade, e, conforme artigo 3°, inciso V, da Carta Magna de 1988, defende sua dignidade e seu bem-estar, como também garantin-do ao igarantin-doso o direito à vida. E, também, conforme o próprio texto constitucional, inserto no artigo 230, § 1°, os programas de amparo ao idoso serão executados preferencialmente em seus lares.

E o direito de transporte aos maiores de 65 anos provém do texto constitucional (art. 230, § 2°, CF), e o direito de votar torna-se facultativo a partir dos 70 anos (art.14, II, b, CF).

O direito da terceira idade obteve atenção do país com a Lei n° 8.842/94, esta normatiza a Política Nacional do idoso. Elenca em seu teor, a retomada da responsabilização das famílias em tratamento adequado, observar o bem-estar emocional, físico e social, eles devem ter prioridade no cuidado em detrimento de asilos. Portanto, o foco dessa política diz respeito à atentar quanto ao envelhecimento saudável e melhoria da capacidade funcional, e reabilitação àqueles restritos de sua capacidade funcional.

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Na Política Nacional do Idoso é atribuído ao Poder Público em áreas diversas, como na promoção de assistência social, com previsões de ações voltadas às necessidades básicas, bem como para saúde, educação, trabalho, habitação, justiça e cultura (RITT; RITT, 2008, p. 104).

Já a Lei n° 10.048/ 2000, estabeleceu que àqueles maiores de 65 anos possuem prioridade no atendimento em órgãos públicos, bancos. Acompanhando a legislação, a Lei n°10.173 incluiu três artigos ao Código de Processo Civil, tornou prioritária a tramitação de processos judiciais de idosos (maiores de 65 anos).

Assim elenca Ritt e Ritt (2008, p. 106):

Ressalta-se que o merecido tratamento do idoso deveria estar fundamentado nas questões éticas, morais e familiares da sociedade. Porém, na realidade atual, onde a discriminação se faz presente foi necessária criação de uma legislação, para que o merecido respeito a essa camada da população brasileira fosse efetivamente re-alizado.

Nesse contexto é estabelecida a Lei n° 10.741/ 2003 – Estatuto do Idoso – com objetivo de resguardar direitos dos cidadãos com idade igual ou superior a 60 anos. O foco principal está em construir ou fortalecer a consciência político-social para tornar efetiva os direitos fundamentais dos idosos.

RELAÇÃO IDOSO E CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição Federal de 1988 preocupando-se com bem-estar dos cidadãos da terceira idade, disciplinou em seus art. 14 que o alistamento eleitoral e voto são facultativos aos maiores de 70 anos de idade. Quanto a assistência social, os idosos com insuficiência de recursos têm direito a um salário-mínimo para sua subsistência. Nesse sentido, o capítulo VII, do título VIII, da Magna Carta elenca em seus artigos 229 e 230:

Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230 - A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

Por essa perspectiva, o art. 1°, inciso III da CF/88, disciplina que todos direitos do idoso são garantidos constitucionalmente, e havendo violação dos preceitos constitucionais há um choque com a dignidade do idoso. Cabe ressaltar ainda o que dispõe o art. 3° da CF, quanto os objetivos fundamentais da “República Federativa do Brasil”, onde no inciso IV diz

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que se deve “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS

Segundo Moraes (apud FREITAS JUNIOR, 2011, p. 60), os direitos humanos são definidos como:

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas da vida e de-senvolvimento da personalidade humana.

Sob a perspectiva jurídica, os direitos humanos tem interesse em defender os direi-tos da pessoa humana constitucionalmente contra abusos cometidos por agentes do Estado, e assim, oferecer condições dignas de desenvolvimento. Nesse sentido, a diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais está quanto ao primeiro, dizer respeito ao ser humano, o segundo são direitos positivados na Constituição do Estado.

Para Freitas Junior (2011, p. 62):

Haverá uma diferenciação doutrinária na definição de direitos humanos e direitos fundamentais, sendo o primeiro mais aplicado aos direitos naturais ou internacio-nais, enquanto o conceito de direitos fundamentais está ligado àqueles direitos do ser humano, que são reconhecidos e positivados, na esfera do direito constitucional positivo.

LEIS E DECRETOS NORTEADORES DO DIREITO DE TRANSPORTE E DE ACESSO A ESTE

A primeira norma a ser enfatizada a obra Brasil (2011, p. 49), no que tange a Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842 de 4 de Janeiro de 1994, onde salienta em seu art. 1º, caput, que “a Política Nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade”.

Quanto ao transporte, segundo Brasil (2011, p. 56) enfatiza a Lei do Atendimento Prioritário, Lei nº 10.048 de 8 de novembro de 2000, legisla em seu art. 3º que:

As empresas públicas de transporte e as concessionárias de transporte coletivo reser-varão assentos, devidamente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompanhadas por crianças de colo.

O idoso adquiriu o direito de ter assentos reservados, não só a ele, como as pes-soas que por razões específicas necessitam para sua locomoção. E ainda, conforme Brasil (2011, p. 99, 100), o Decreto n° 5.934 de 18 de outubro de 2006, em seu artigo 3º, asse-gura ao idoso:

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Art. 3o  Na forma definida no art. 40 da Lei nº 10.741, de 2003, ao idoso com renda igual ou inferior a dois salários-mínimos serão reservadas duas vagas gratuitas em cada veículo, comboio ferroviário ou embarcação do serviço convencional de transporte interestadual de passageiros.

§ 1o  Para fins do disposto no caput, incluem-se na condição de serviço convencional: I - os serviços de transporte rodoviário interestadual convencional de passageiros, pres-tado com veículo de características básicas, com ou sem sanitários, em linhas regulares; II  -  os serviços de transporte ferroviário interestadual de passageiros, em linhas regulares;

III - os serviços de transporte aquaviário interestadual, abertos ao público, realiza-dos nos rios, lagos, lagoas e baías, que operam linhas regulares, inclusive travessias. Isto posto é perceptível que o Decreto já assegura duas vagas gratuitas em cada ve-ículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos, bem como em embar-cações e transporte ferroviário. Nesse sentido, o Decreto salienta ainda que a solicitação deve ser realizada em até 3 horas em relação à partida do meio de transporte desejado, bem como cabendo solicitar o bilhete do retorno quando couber. Dessa forma, dispõe os §§ do art. 3° do Decreto acima mencionada:

§  2o    O idoso, para fazer uso da reserva prevista no caput deste artigo, deverá solicitar um único “Bilhete de Viagem do Idoso”, nos pontos de venda próprios da transportadora, com antecedência de, pelo menos, três horas em relação ao horário de partida do ponto inicial da linha do serviço de transporte, podendo solicitar a emissão do bilhete de viagem de retorno, respeitados os procedimentos da venda de bilhete de passagem, no que couber.

§ 3o  Na existência de seções, nos pontos de seção devidamente autorizados para embarque de passageiros, a reserva de assentos também deverá estar disponível até o horário definido para o ponto inicial da linha, consoante previsto no § 2o. § 4o  Após o prazo estipulado no § 2o, caso os assentos reservados não tenham sido objeto de concessão do benefício de que trata este Decreto, as empresas prestadoras dos serviços poderão colocar à venda os bilhetes desses assentos, que, enquanto não comer-cializados, continuarão disponíveis para o exercício do benefício da gratuidade.

Cabe ressaltar ainda que o idoso terá direito a desconto de no mínimo 50% do valor da passagem para os demais, quando respeitados os requisitos de renda, e a distância estabelecerá o prazo de antecedência para adquirir o bilhete. Conforme estabelece o art. 4º do Decreto:

Art. 4o  Além das vagas previstas no art. 3o, o idoso com renda igual ou inferior a dois salários-mínimos terá direito ao desconto mínimo de cinquenta por cento do valor da passagem para os demais assentos do veículo, comboio ferroviário ou em-barcação do serviço convencional de transporte interestadual de passageiros.

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Parágrafo único.  Para fazer jus ao desconto previsto no caput deste artigo, o idoso deverá adquirir o bilhete de passagem obedecendo aos seguintes prazos:

I - para viagens com distância até 500 km, com, no máximo, seis horas de antece-dência; e

II - para viagens com distância acima de 500 km, com, no máximo, doze horas de antecedência.

LEI 10.741/03

Gratuidade de Transportes Urbanos e Semi-Urbanos

A Lei nº 10.741/2003 em muito seguiu a Carta Magna, conforme extrai-se do art. 230, § 2º CF/88, o idoso maior de 65 anos é assegurado o transporte coletivo urbano gratui-to. Nesse sentido, o art. 39 do Estatuto do Idoso reitera a norma constitucional e prevê que em transportes coletivos públicos, urbanos e semi-urbanos, os maiores de 65 anos possuem direito de obter este serviço de forma gratuita.

Conforme leciona Freitas Junior (2011, p. 116):

A lei não específica a quais meios de transporte se refere, autorizando a conclusão que não há exceção, fazendo com que a gratuidade englobe os transportes rodovi-ários, ferroviários (inclusive os metrôs), aquaviário, marítimo, aéreo, aos cidadãos com idade superior a 65 anos.

A possibilidade de se conceder gratuitamente transporte aos idosos que compreen-dem a faixa etária entre 60 e 65 anos fica a critério de cada Município ou Estado.

O Estatuto normatiza que além da gratuidade, devem ser reservados preferen-cialmente aos idosos, 10% dos assentos de cada veículo de transporte público coletivo, e ainda, fica designado ao transportador identificar tais assentos. Esses assentos não são exclusivos, assim não havendo qualquer idoso podem os assentos serem utilizados por qualquer pessoa.

Buscando uma definição do que seria transporte urbano, segundo o membro do Ministério Público de São Paulo Martins Junior (1991, entendimento exposto na Ação Civil Pública 2706/91 apud Freitas Junior [2011, p. 117]), é aquele que:

ultrapassa as fronteiras geográficas do Município. Atinge por suas peculiaridades características atreladas a livre circulação de bens e pessoas, toda extensão da urbe, independentemente dos limites políticos-municipais estabelecidos.

O transporte semi-urbano é todo aquele que passa pela região metropolitana, in-cluindo-se no itinerário, a zona rural, como referência de destino ou mesmo, destino final. Diferencia do transporte rural por este limitar-se o trajeto exclusivamente à zona rural.

Cabe mencionar que o Estatuto suprimiu a necessidade de prévio credenciamento do idoso para ter direito ao serviço gratuito. Sendo necessária somente apresentação de do-cumentos pessoais que identifiquem como CPF, RG, CNH, etc. para concessão do benefício

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que é pessoal e intransferível. A norma abrange todo território brasileiro, de forma que é vedada qualquer outra exigência a ser imposta.

TRANSPORTE INTERESTADUAL

No que tange ao transporte interestadual, ou seja, àquele que cruza o limite de um Estado ou do Distrito Federal, conforme salienta o art. 40 do Estatuto é imposto à reserva de duas vagas gratuitas, aos idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos mensais.

E ainda, determina a concessão de desconto de no mínimo 50%, no valor das pas-sagens, àqueles idosos que naquelas condições financeiras mencionada anteriormente, quan-do já houverem siquan-do ocupadas as duas vagas que é por direito reservada em cada veículo.

Assim entende Freitas Junior (2011, p. 121):

Em outras palavras, os idosos carentes que desejarem viajar de um Estado a outro da Federação poderão ingressar gratuitamente no ônibus de qualquer empresa de transporte, pública ou privada, limitada a gratuidade a dois assentos por veículo. Ultrapassado o limite da gratuidade, os demais idosos carentes que viajarem no mesmo veículo receberão desconto, no mínimo, de 50% do valor da passagem. O Decreto 5.934/2006 regulou mecanismos e critérios para concessão do benefício, acompanhando o entendimento da Lei 10.741/2003, a concessão abrangerá os idosos com ida-de igual ou superior a 60 anos. Diferentemente do que ocorre no transporte municipal urbano, ou semi-urbano, onde a o benefício é concedido àqueles que possuem 65 anos de idade ou mais.

Segundo Freitas Junior (2011, p. 122):

A gratuidade e o desconto são aplicáveis a qualquer sistema de transporte públi-co interestadual públi-convencional, incluindo os transportes rodoviários, ferroviário e aquaviários abertos ao público, realizados nos rios, lagos, lagoas e baías, que operam em linhas regulares, inclusive travessias em balsas.

O transporte aéreo foi excluído da obrigação prevista no artigo 40 do Estatuto do Idoso. O idoso obtém o benefício encaminhando-se aos pontos de vendas de passagem das empresas de transportes, com antecedência mínima de três horas do horário em que se dar a partida do coletivo. No atendimento, deve ser solicitado um bilhete de viagem do idoso, e ainda poderá ser solicitado a emissão da passagem de retorno.

Esse bilhete é obtido por meio de documento pessoal com fé pública com foto, onde possa ser comprovado que sua idade seja igual ou superior a 60 anos. Além disso, deverá comprovar que sua renda é igual ou inferior a dois salários-mínimos, por sua Carteira de Tra-balho e Previdência Social, ou contracheque de pagamento, holerite expedido pelo emprega-dor, ou carnê de contribuição do INSS ou extrato de pagamento do benefício ou declaração fornecida pelo INSS.

Freitas Junior (2011, p. 123) menciona alguns pontos importantes, a saber:

O idoso deverá comparecer no local de embarque, pelo menos 30 minutos antes do horário marcado para a viagem, sob pena de perder o benefício. O Bilhete de

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Via-gem do Idoso é pessoal e intransferível, não sendo extensivo, em nenhuma hipótese, ao acompanhante do ancião, tampouco aplicável no caso de fretamento.

Cabe mencionar que o tempo para o comparecimento aos pontos de vendas das empresas pode divergir do mencionado anteriormente. Em casos de viagens com distância de até 500km de distância, o comparecimento deve se dar com antecedência de no máximo seis horas. No entanto, quando a distância da viagem for superior a 500km, o comparecimento dar-se-á com antecedência não superior a doze horas da partida do coletivo.

A passagem com desconto, obtida por já terem sido ocupadas as vagas destinadas a idosos, segue os mesmos requisitos elencados no Bilhete de Viagem do Idoso, tanto para os meios de comprovação de renda, quanto as regras como, por exemplo, é intransferível e pessoal.

Ainda que a passagem tenha sido obtida nos termos do Estatuto do Idoso, não de se fazer uma diferenciação quanto aos direitos de consumidor, conforme salienta Freitas Junior (2011, p. 123):

Com a obtenção da gratuidade ou do desconto no valor da passagem, o idoso con-tinua a manter a relação de consumo com as empresas prestadoras de serviços de transporte público, como qualquer outro consumidor, sendo-lhes garantidos, por óbvio, os mesmo direitos assegurados aos demais passageiros.

Como forma de garantir o cumprimento do art. 40 do estatuto do Idoso, o Mi-nistério dos Transportes através da ANTT, regulamentou imposição de multa no caso de eventual descumprimento.

TRANSPORTE INTERMUNICIPAL

Esse transporte acabou ficando esquecido pelo legislador, abrindo uma lacuna na questão do idoso. Segundo o Estatuto do Idoso há gratuidade na passagem para transporte interestadual, mas não é mencionado no que tange ao intermunicipal. Dessa maneira, o ido-so não poderá obter gratuidade se desejar deslocar-se de um município a outro, dentro do Estado onde reside.

Freitas Junior (2011, p. 129) assim dispõe diante da lacuna:

Trata-se de omissão absurda, pois a legislação garante ao idoso o direito de viajar centenas ou até milhares de quilômetros de graça (transporte interestadual), nada dizendo sobre o direito do mesmo ancião de percorrer muitas vezes poucos quilô-metros, para ir de uma cidade à outra.

Os Estados, buscando acabar com a lacuna, têm de regular por meio de Leis Esta-tais, como por exemplo, São Paulo promulgou a Lei nº 12.277/ 06. Essa assegura o benefício em transporte rodoviário, público ou privado, e assim como o Estatuto, possuem o direito aqueles com renda mensal não superior a dois salários-mínimos. E ainda, é assegurada uma vaga por veículo, e a vaga pode ser reservada pelo idoso que possuir idade superior a 65 anos com agendamento prévio com antecedência de no mínimo 48 horas.

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No entanto, a lei acima mencionada foi considerada inconstitucional segundo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, e atualmente, a discussão está em grau de recurso.

Nesse sentido alguns Tribunais de Justiça reconheceram o direito à gratuidade do be-nefício no tocante ao transporte intermunicipal, e conforme elenca Freitas Junior (2011, p. 130): Diante da impossibilidade de classificar o transporte em questão como exclusi-vamente intermunicipal ou municipal, deve prevalecer o caráter preponderante, que é o urbano, conceito este que, no caso dos autos, abrange não apenas o deslo-camento municipal, como também, o intermunicipal, uma vez que a atividade é desenvolvida em zona urbana contígua e conta com expressivo número de parada no perímetro dos municípios da liga. Deste modo, incidem as disposições contidas no estatuto do idoso, Lei 10.741/2004, e na legislação municipal que, na forma prevista por aquele primeiro diploma, tratou da gratuidade do transporte urbano destinado aos idosos com idade entre sessenta e sessenta e cinco anos. Presente a cobrança indevida, a qual, inclusive é expressamente vedada por lei, impõe-se a ma-nutenção da decisão que reconheceu o dever de indenizar, sob penas de, assim não procedendo, favorecer o enriquecimento sem causa da ré, o que vem repelido pela lei civil de 2002, em seu art. 884 [...] ( AC 70014800734, TJRS – 12ª Câmara, Rel. Des. Cláudio Baldino Maciel, 21.12.2006).

O Desembargador relator do caso acima citado trata de transporte urbano abran-gendo regiões metropolitanas, um conceito mais amplo de transporte municipal e intermu-nicipal. No entanto, a discussão não é pacífica, havendo julgados que negam a concessão do benefício aos idosos, quando o trecho englobar mais de um município.

RESERVA DE VAGAS DE ESTACIONAMENTO PÚBLICO E PRIVADO

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso.

PRIORIDADE NO EMBARGUE DE TRANSPORTE COLETIVO

Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema detransporte coletivo.

APLICABLIDADE DA LEI Posicionamento Jurisprudencial

A Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade em 01 de agosto de 2006 presumindo ser inconstitucional o art. 39,

caput da Lei 10.741/2003, denominado Estatuto do Idoso. A autora buscou a

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194, 195, § 5º, 203, inc. I, e 230, § 2º, da Constituição da República de 1988. Contudo, o Tribunal Supremo julgou improcedente como podemos notar a seguir:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 39 DA LEI N. 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003 (ESTATUTO DO IDOSO), QUE ASSEGURA GRATUIDADE DOS TRANSPORTES PÚBLICOS URBANOS E SEMI-URBANOS AOS QUE TÊM MAIS DE 65 (SESSENTA E CINCO) ANOS. DIREITO CONSTITUCIONAL. NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA PLENA E APLICABILIDADE IMEDIATO. NORMA LEGAL QUE REPETE A NORMA CONSTITUCIONAL GARANTIDORA DO DIREITO. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. O art. 39 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) apenas repete o que dispõe o § 2º do art. 230 da Constituição do Brasil. A norma constitucional é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, pelo que não há eiva de invalidade jurídica na norma legal que repete os seus termos e determina que se concretize o quanto constitucionalmente disposto. 2. Ação direta de incons-titucionalidade julgada improcedente. (ADI 3768 / DF - DISTRITO FEDERAL Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 19/09/2007)

O transporte público gratuito aos idosos é um alento para aqueles que sobrevivem com aposentadorias insuficientes ao auxílio de suas necessidades básicas, e esse direito asse-gurado constitucionalmente. Assim também entende Silva (2006, p. 863): “O gozo desses direitos aqui reconhecidos, já decorre da própria Constituição, mas o Estatuto os especifica, porque há peculiaridades que não seriam reconhecidos sem essa especificação”. Ainda que seja possível haver um aumento no custo do serviço de transporte pelas gratuidades, esse valor a mais deve ser retirado da tarifa dos demais usuários, e quando essa medida não puder suprir a despesa, o poder público deverá agir diante de um eventual desequilíbrio nas empresas.

Conforme salienta Weiss (2004):

Tem sido freqüente o conflito entre o interesse da sociedade em garantir o transporte público gratuito para deficientes físicos, idosos e estudantes e a intenção dos empresá-rios, principalmente de ônibus, de só realizarem transporte lucrativo. O discurso con-catenado dos empresários começou a gerar vitórias judiciais [1], o que demonstra a preponderância da visão meramente negocial em uma atividade cuja prioridade deve ser o atendimento das necessidades públicas.

TUTELA CONSTITUCIONAL

A Lei 10.741/2003 foi promulgada com intento de proteger os idosos juridica-mente, e reafirmar a obrigação solidária da familia, da sociedade e do Estado, em assegurar que no Estado Democrático de Direito a terceira idade haja prioridade no direito à saúde, alimentação, vida, cultura, educação, transporte, lazer, respeito e dignidade. Cabe ressaltar, o que discorre Sena e Chacon (2006):

O Estatuto do Idoso traz em seu Título II um extenso, porém não exaustivo, rol de direitos fundamentais da pessoa idosa, em atendimento aos preceitos

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constitucio-nais de respeito à cidadania e dignidade da pessoa humana, com roupagem peculiar, destinada a este contingente populacional.

O Estatuto visa tornar efetiva as políticas públicas que garantam um envelhecimen-to saudável e em condições de dignidade. Trata-se de um direienvelhecimen-to personalíssimo resguardado por um direito social. Por conseguinte, segundo Sena e Chacon (2006):

Ao garantir atendimento preferencial, imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços da população, viabilização de formas al-ternativas de participação, ocupação e convivo do idoso com as demais gerações, ca-pacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos, estabelecimento de mecanismo a que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento e garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais, entre outras formas de prioridade à terceira idade, a nova legislação brasileira reconheceu, como se faz nos países europeus, o envelhecimento como um direito social, a ser devida e especificamente protegido.

A Constituição Federal de 1988 obteve consistente avanço na proteção jurídica dos idosos ao reconhecer direitos peculiares a estes, o que levor consequentemente ao legislador infraconstitucional à elaborar uma lei específica, a Lei 10.741/2003. No entanto, ainda que se tenha assegurado o direito de transporte aos idosos que atingirem a faixa etária, somente a norma não traz segurança de que será observado tal regulamentação.

O problema está na sociedade, não são as disposições normativas que fazem ser cumprido o Estatuto do Idoso, somente a junção da família e do Estado, repartindo a obri-gação de proteção e resguardo do idoso, de maneira solidária podem fazer valer os direitos fundamentais da pessoa idosa.

CONCLUSÃO

O presente artigo surgiu da análise de um tema que embora tenha sido aprovado a Lei 10.741/2003, muitos idosos ainda encontram dificuldade em obter o seu benefício resguardado constitucionalmente. A intenção do estudo fora demonstrar as questões que envolvem as relações jurídicas das empresas e dos idosos.

A princípio o trabalho relatou ao longo da historia os pequenos avanços na legisla-ção brasileira, bem como a preocupalegisla-ção aforada a passos curtos pelo legislador. Mencionado os princípios que resguardam constitucionalmente, onde se observou sua eficácia nas tutelas extrajudiciais e judiciais.

Conforme dispõe o entendimento jurisprudencial é pacificado no sentido de tutelar os direitos dos idosos, entendendo como de eficácia plena o direito das pessoas maiores de 65 anos de idade. Sendo resguardado pela tutela constitucional todo o texto da norma infraconstitucional.

Ainda que, norma seja clara no dever ser, dever dos empresários de obedecer o di-reito de transporte gratuito aos idosos, é observado o cumprimento do determinado somente quanto aos transportes urbanos e semi-urbanos. A polêmica envolve os rodoviários que di-ficultam o acesso dos idosos ao benefício, que a mais de dez anos é assegurado aos mesmos.

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RIGHT OF TRANSPORTATION GUARANTEED AT THE STATUTE OF ELDERLY, IN THE CONSTITUTION AND INFRACONSTITUTIONAL LAWS

Abstract: the present study is based on one of the rights acquired by the elderly after much

discus-sion and claim: the right to transport, which is inserted in society as an effective way to socialize the person over 65 years of age. In the first analysis, this research paper opted to demonstrate the construction of elderly rights over the decades, pointing humanitarian development of the Magna Carta, the infra-laws and all Brazilian society. The study addressed the right to transport regula-ted by Law 10.741/03, in relation to Articles 39 to 42, with a focus on urban and semiurbans, intercity and interstate transport, and demonstrated the applicability of the Statute of the elderly with adequate constitutional protection. In summary it was found that, even with all legislation featuring a beneficiary entitled to an elderly, many companies ignore the law and forget that in the very near future will claim, among those willing in the Elderly, their right to transport .

Keywords: Elderly. Transportation right. Law 10.741/03. The Elderly. Referências

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