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O Reconhecimento Indígena além do Direito: uma referência ao povo indígena Tapuia do Carretão

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O RECONHECIMENTO

INDÍGENA ALÉM DO DIREITO:

UMA REFERÊNCIA AO POVO

INDÍGENA TAPUIA DO CARRETÃO*

POLIENE SOARES DOS SANTOS BICALHO**

M

as o que é o reconhecimento afinal? É muito mais que conhecer, que saber que algo ou alguém existe e que está ali, que ocupa um lugar e que tem importância e/ou mesmo alguns direitos, diria Paul Ricoeur (2006). Ainda parafraseando Ricoeur, reconhecimento demanda delegação de valor a algo ou alguém, é respeitar e conviver socialmente sob esta perspectiva. Este é o viés pelo qual o presente artigo sobre Reconhecimento Indígena se constrói e se justifica. Entender como o indígena é visto e compreendido a partir do olhar do não indígena, ou seja, apreender se há efetivamente reconhecimento indígena nas relações interétnicas do Brasil pós-Constituição de 1988.

Esta Carta reservou aos indígenas um parágrafo inteiro, Capítulo VIII, “Dos Ín-dios”, no qual “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”; além de determinar que “Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em Resumo: o objetivo central deste artigo é averiguar se há efetivamente Reconhecimento

In-dígena no Brasil, por parte do não inIn-dígena, a partir da Constituição de 1988. Para tanto, o povo indígena Tapuia do Carretão é referenciado como objeto de observação e análise, tendo em vista as categorias Proximidade e Distanciamento, com o intuito de legar algumas repostas à temática proposta.

Palavras-chave: Reconhecimento Indígena. Tapuia do Carretão. Constituição Federal de 1988.

* Recebido em: 12.09.2015. Aprovado em: 27.092015. Este artigo vincula-se à pesquisa de pós-doutoramento, intitulada Por onde passa o reconhecimento: os povos indígenas no Brasil e a estima social, em fase de conclusão e desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Antropologia Social (PPGAS), da Universidade de Brasília (UnB).

** Doutora em História Social pela Universidade de Brasília. Docente da Universidade Estadual de Goiás, vinculada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Territórios e Expressões Culturais do Cerrado, e atua na área de História. E-mail: poliene.soares@hotmail.com.

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defesa de seus direitos e interesses intervindo o Ministério Público em todos os atos de pro-cesso” (BRASIL. Constituição de 1988, 2002, p. 132).

Em outros momentos, a Carta Magna de 1988 também tratou de resguardar às co-munidades indígenas, no que diz respeito ao ensino fundamental regular, “a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” (BRASIL. Constituição de 1988, 2002, p. 124). Ressaltou também que “as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente”, sendo permitida a remoção dos mesmos somente por decisão do Con-gresso Nacional em casos de “catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País” (BRASIL. Constituição de 1988, 2002, p. 132).

A conquista desses direitos insere a luta social indígena no Brasil nas “formas de reconhecimento do direito e da estima social” por, entre outros motivos, ser representativa de “um quadro moral de conflitos sociais” que “dependem de critérios socialmente generaliza-dos”. Nesse estágio, segundo Axel Honneth (2003, p. 256-257), os movimentos sociais e os atores que os compõem “têm de estar conscientes dos motivos morais de sua própria ação”.

Nessa perspectiva, o reconhecimento jurídico deu ao indígena a condição de reco-nhecer a si mesmo como sujeito de direito, garantindo-lhe a autoconfiança e a autonomia jurídica que o faz sentir-se livre e autorrealizado, “pressuposto social da autonomia juridica-mente assegurada” (HONNETH, 2003, p. 277). O próximo passo é o do “reconhecimento da estima social”, que para os indígenas esboça-se numa luta contínua pela legitimação desses direitos na sociedade como um todo, o que levaria ao que Honneth qualifica de “estima simé-trica entre cidadãos juridicamente autônomos” (HONNETH, 2003, p. 278-9).

A partir deste direcionamento teórico, a pergunta norteadora da pesquisa é: qual o grau de estima simétrica, ou seja, de consideração recíproca, dos não indígenas em rela-ção aos indígenas? Esta pergunta pauta-se na assertiva de que “estimar-se simetricamente” implica em “considerar-se reciprocamente à luz de valores que fazem as capacidades e as propriedades do respectivo ao outro aparecer como significativas para a práxis comum” (HONNETH, 2003, p. 210).

Apenas nesta perspectiva é que se pode almejar o reconhecimento de fato do in-dígena em sua alteridade e diversidade, e no caso da sociedade brasileira, diante dos aconte-cimentos que perpassam a luta indígena das últimas décadas – sem desconsiderar a história secular de desrespeito, degradação e ofensa sofrida pelos povos indígenas –, depreende-se que houve muitos avanços, porém, o grau de solidariedade social ainda está bem distante de um plano ideal.

Com o intuito de se comprovar tal hipótese, buscou-se dar foco às posições dos não indígenas em relação aos indígenas, observando as diferentes opiniões e impressões vigentes, e como as mesmas contribuem para legitimar ou não, na esfera social, direitos já reconhecidos, afastando e/ou superando as experiências de desrespeito.

Sob esta perspectiva, Manuela Carneiro da Cunha observa que o reconhecimento dos “direitos originários” dos índios às suas terras e o “abandono de uma perspectiva assimilacionista que entende os índios como uma categoria puramente transitória” (CARNEIRO DA CUNHA, 1991, p. 29), são inovações conceituais importantíssimas para se pensar a nova relação que os indígenas passaram a ter com o Estado e a sociedade. Enquanto para Carlos Frederico Marés de Souza Filho os maiores avanços estão no reconhecimento dos direitos coletivos, do “direito à terra como originário” e de suas organizações sociais, assim como de “seus usos, costumes, religiões, línguas e crenças” (MARÉS DE SOUZA FILHO, 1991, p. 29).

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Como acontecimento fundador1 do Movimento, a Constituição renovou as tra-dições da luta dos povos indígenas no Brasil, sinalizado para a necessidade de mudanças nas relações estabelecidas entre os povos indígenas e o Estado até aquele momento. Era a primeira vez, em mais de “488 anos de história do Brasil” (PICANÇO, 2008, p. 8), que o Estado reconhecia aos índios direitos coletivos essenciais à sua sobrevivência física e cultural.

Não foi apenas o direito originário às terras que a Constituição garantiu, a nova Carta reconheceu-lhes o direito de permanecerem índios, povos etnicamente diferenciados. O que representa o maior avanço da história do direito indígena no Brasil e um dos maiores desafios do Movimento nos anos seguintes. Houve, a partir de então, o reconhecimento dos índios como “sujeitos coletivos de direitos” (LACERDA, 2007, p. 11).

Contudo, embora a Constituição de 1988 apresente significativos avanços quanto ao reconhecimento da diversidade étnica e cultural existente no Brasil e reconheça aos índios direitos fundamentais, há grandes contradições entre o discurso e a prática no que se refere à exequibilidade das leis referentes aos direitos indígenas. Marés de Souza Filho observa que, em diferentes momentos, “o próprio Estado tem sido algoz das terras indígenas, dos seus di-reitos e de suas vidas”, e não se trata, na perspectiva do autor, “do Estado brasileiro do século passado, ou do Império, que declarava guerra de conquista aos índios, mas ao Estado Brasi-leiro de 1990, que vê passivo o povo Yanomami sucumbir às doenças, invasões e rapina a que estão sujeitos” (MARÉS DE SOUZA FILHO, 1992, p. 168).

Há uma enorme distância entre o que se conquistou como direito na Constituição de 1988 e a prática destes direitos na realidade brasileira, na qual predomina uma ideia de cidadania pautada em princípios etnocêntricos, originários do pensamento ocidental que, ao longo da formação do Estado nacional brasileiro, pensou e idealizou esse país como uma nação homogênea, detentora de uma identidade nacional única e centralizada na imagem de um Estado forte e conservador.

A conquista dos direitos indígenas garantidos na Constituição não concluiu o pro-cesso de luta do Movimento Indígena, ao contrário, revigorou-o. O caminho em busca da concretização do direito conquistado é longo e árduo, pois envolve uma série de interesses e a necessidade de mudanças não apenas nas relações entre povos indígenas, Estado e sociedade; mas, principalmente, na mentalidade do povo brasileiro quanto ao reconhecimento e a con-vivência com o diferente.

Garantir os direitos coletivos dos índios dentro da realidade histórica brasileira re-quer desses povos, da sociedade brasileira e do Estado uma longa e demorada luta contra uma tradição histórico-cultural que aderiu ao mito da democracia racial, com tal primor, ao ponto de torná-la incapaz de enxergar o óbvio: que o Brasil é uma nação na qual sobrevivem mais de duzentos povos indígenas etnicamente diferenciados, é na verdade um “Estado multiétnico e multinacional” (LARAIA, 1986, p. 131), ainda que a Constituição Cidadã tenha se eximido de expressá-lo nestes termos.2

Reconhecer e respeitar o índio como “detentor de direitos de cidadania garantidos a todos os brasileiros, como integrante, ao mesmo tempo, de um determinado povo com di-reitos específicos e necessidades especiais” (ARAÚJO, 2006, p. 17), implica em defrontar-se com uma sociedade e um Estado que privilegia os direitos do indivíduo3 em detrimento do coletivo, do diferente, do que destoa daquele modelo de cidadania ditado pela razão ilumi-nista através da Declaração Universal dos Direitos do Homem.4

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Os Estados nacionais que, como o Brasil, ao longo de suas histórias negaram as diferenças, começaram a mudar justamente após a Segunda Guerra Mundial. As décadas sub-sequentes propunham um novo paradigma no qual as diferenças étnicas, de gênero, sociais, sexuais e religiosas tornaram-se bandeiras de luta de vários movimentos em torno do reconhe-cimento da diversidade e do respeito às diferenças. A ideia secular de que “a diferença implica hostilidade” começou a ser questionada em várias partes do mundo” (SAID, 2007, p. 465).

Todavia, foi sob o ranço deste pensamento homogeneizante e conservador que o Estado e a sociedade brasileira estruturaram-se ao longo das décadas, especialmente em rela-ção àqueles temas e povos que suscitam o repensar deste modelo. A Constituirela-ção de 1988 é também, em razão disso, considerada um marco por simbolizar a luta secular de indígenas e afro-brasileiros por direitos e reconhecimento étnico e social.

UM RECONHECIMENTO MASCARADO...

A fim de alcançar o objetivo proposto, o primeiro passo da pesquisa foi a aplicação de questionários a não indígenas. Os formulários foram ofertados na Rede Mundial de Com-putadores (Internet), através do Sistema Google Drive, além da disponibilização em diferentes Redes Sociais e contatos pessoais via endereço eletrônico. Em casos específicos, a aplicação dos questionários foi feita in loco, em algumas turmas de escolas e universidades públicas das cidades de Goiânia, Anápolis, Morro Agudo de Goiás, Iaciara-GO e Valdelândia, distrito de Rubiataba-GO.

Foram aplicados dois questionários, sendo que o Questionário I alcançou o número de quatrocentos e quarenta e oito (448) respostas de não indígenas sobre cinco (5) perguntas específicas5. As perguntas foram elaboradas com o objetivo de verificar se há, efetivamente, reconhecimento indígena no âmbito da estima simétrica analisada por Axel Honneth, ou seja, observar se as relações intersubjetivas entre indígenas e não indígenas no Brasil, após a Constituição de 1988, são pautadas pelo respeito mútuo.

Sob a perspectiva da interetnicidade, deseja-se confirmar ou não se ao indígena é delegado valor e respeito, tal como esboça Cardoso de Oliveira (2006, p. 33), aparando em Honneth e Ricoeur: “Todavia, haveria de considerar que além do reconhecimento jurídico essa pessoa deveria ser reconhecida como ente moral. Nesse sentido, a manifestação mais geral desse reconhecimento seria expresso como respeito...”.

O patamar de formação e organização que o Movimento Indígena no Brasil alcançou, a partir de 1970, tem demonstrado que o autoreconhecimento necessário ao indígena, como premissa para se alcançar o respeito de si mesmo e dos outros, vem se efetivando na luta co-tidiana dos indígenas organizados coletivamente. Ou seja, no âmbito político os avanços são inquestionáveis. No entanto, no âmbito moral as relações entre indígenas e não indígenas ainda parecem distantes do ideal, sob a perspectiva de uma vida verdadeiramente boa6.

As respostas do Questionário I, contudo, foram surpreendentes e preocupantes de-vido à ampla positivação apreendida. Pensar a problemática apenas a partir destas respostas tornou a pesquisa irrelevante por, entre outros motivos, conduzir o pesquisador a uma so-lução equivocada do problema proposto. Pelas respostas obtidas, o reconhecimento mútuo entre indígena e não indígena se realiza eficazmente na vida prática.

Para a maioria das pessoas que responderam aos questionários os indígenas são re-conhecidos como cidadãos brasileiros com características étnicas e culturais diferentes da maioria

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(59,8%); sobre a reação que teriam se um indígena se sentasse ao seu lado, as opções naturalidade e curiosidade foram as que obtiveram o maior número de respostas (49,6% e 43,9% respecti-vamente), em detrimento das opções estranhamento, incômodo e medo, que juntas alcançaram pouco mais de dez por cento das escolhas.

Quanto à pergunta sobre o lugar onde os indígenas deveriam morar, o item mais sele-cionado foi nas florestas e/ou nas cidades (77%), indício claro de que a maioria dos responden-tes já associa o indígena à cidade, e não apenas às matas e florestas (16%). Sobre se acham justa

a luta indígena pela garantia dos seus direitos, conquistados na Constituição de 1988, mais de

noventa por cento das pessoas responderam que sim (91%). Por fim, ao serem questionados sobre se concordam que os indígenas tenham direitos específicos, como o direito à terra e à saúde e

educação diferenciadas, mais de oitenta por cento disseram que sim (84%).

Destes resultados poder-se-ia concluir que as relações interétnicas estão se efetiva-mente de maneira harmônica em sua maior parte, que o indígena está se inserindo positiva-mente na sociedade e que o respeito e o reconhecimento mútuo esperado estão se construindo dia a dia, numa dimensão muito maior do que a imaginada. Todavia, não é esta a impressão que se tem ao se observar situações mais específicas do cotidiano, abordadas na imprensa e mídia em geral, além de pesquisas e trabalhos acadêmicos mais elaborados.

Dados recentes dos Relatórios do CIMI7 sobre a violência contra os povos indíge-nas no Brasil são apeindíge-nas alguns exemplos do que se verifica rotineiramente quando o assunto são os direitos coletivos indígenas, especialmente o direito à terra que tradicionalmente ocu-pam. Diante desta constatação, optou-se por dar um novo direcionamento à pesquisa. OS INDÍGENAS SOB DIFERENTES OLHARES: QUANTO MAIS LONGE MELHOR...

A positivação observada nos dados do Questionário I direcionou o foco da pesquisa para uma análise mais específica da realidade indígena. Para tanto, procurou-se observar as relações entre indígenas e não indígenas, de forma comparativa, considerando as distâncias e proximidades dos não indígenas em relação ao indígena. Para tanto, o povo Tapuio do Carre-tão tornou-se o referencial deste estudo8. Para representar a distância em relação aos Tapuio, selecionou-se a cidade de Iaciara-GO, que fica a 384 Km da terra indígena; e para pensar a categoria proximidade, dois municípios do Vale do São Patrício foram escolhidos: Valdelân-dia, distrito de Rubiataba, e a cidade de Morro Agudo de Goiás, que distam, respectivamente, 10 e 22 Km da Terra Indígena dos Tapuio do Carretão.

As categorias distância e proximidade tornaram-se relevantes para pensar o tema desta pesquisa após as leituras de Roberto Cardoso de Oliveira (1972) e de João Pacheco de Oliveira Filho (1995), sobre o quanto a proximidade e o distanciamento do não indígena em relação ao indígena podem influenciar na elaboração de conceitos e preconceitos dos primei-ros em relação aos segundos.

O homem comum das metrópoles consente crer, numa apreciação genérica, que o índio é bom, ingênuo, “criança grande”, incapaz de qualquer vilania. Mas em sua atitude pa-ternalista, o citadino não percebe que participa de uma das faces de uma única conste-lação de estereótipos, que é engendrada pelo desconhecimento de um tipo determinado do grupo humano; grupo que adota formas tribais de associação e é possuidor de uma

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cultura ‘rústica’, quando comparada às chamadas grandes civilizações. A proximidade competitiva e muitas vezes conflitual, do homem regional frente às populações indígenas, anima sua atitude negativista, agressiva, comumente impiedosa, responsável por quantos massacres e destruições de aldeias inteiras, que foram registrados pela história das relações entre índios e brancos no Brasil (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1972, p. 67-8).

Deste modo, a maior proximidade tende a gerar mais competitividade, conflito e negação dos não indígenas em relação aos indígenas; e o maior distanciamento corrobora para a formação de conceitos pautados na pseudoaceitação, no desconhecimento e na positivação, semelhante ao que se detectou na análise geral do Questionário I. Logo, “[...] enquanto as populações que convivem diretamente com o índio muitas vezes o veem com extremo pre-conceito, a população urbana o imagina de maneira simpática mas como algo muito remoto [...]” (OLIVEIRA FILHO, 1995, p. 62)

Figura 1: Distância e proximidade da terra indígena dos tapuio do carretão

Ao se observar a realidade mais distante da população indígena, a partir da cidade de Iaciara-GO, chegou-se à constatação de que, embora ainda haja muito desconhecimento, há uma aceitação maior dos não indígenas em relação aos indígenas, como demonstram as Figuras9 4, 5 e 6. Mais de 95% considera justa a luta indígena atual pela garantia dos direitos

conquistados na Constituição de 1988, índice maior do que os encontrados em Morro Agudo

(74%) e Valdelândia (81%). Confirma-se, neste sentido, que a distância tende, efetivamente, a mascarar a realidade, criando uma falsa aceitação do não indígena em relação ao indígena, justamente por este encontrar-se afastado, logo, incomoda menos.

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Enquanto, para pensar a proximidade, os dados analisados dos questionários aplicados em escolas públicas de Valdelândia e Morro Agudo demonstraram que, em sua maioria, o indí-gena ainda enfrenta obstáculos quanto ao reconhecimento por parte do não indíindí-gena. A Figura 2 é sugestivo por demonstrar que em Morro Agudo, considerando o percentual total de respostas (103), 23% disseram que ainda teria medo caso um indígena se sentasse ao seus lado. Este índice é ainda maior em Valdelândia, chegando a 25% do total das respostas. Ambas com maior proxi-midade em relação aos Tapuia do Carretão, logo, também mais propensos aos conflitos.

Por outro lado, na cidade de Iaciara-GO os índices demonstram maior aceitação, apenas 9,2% disseram que estranhariam se um indígena se sentasse ao seu lado; 1,1% disseram se

incomodar; e 4,6% teriam medo, índices bem menores que os encontrados nas duas outras

rea-lidades. Já a Figura 3 é bastante intrigante, pois os respondentes de Valdelândia, que é a região mais próxima do Tapuia, indicaram reconhecer, em maior proporção, os indígenas como

detento-res de direitos específicos (48%) e com características étnicas e culturais diferentes da maioria (77%).

Neste caso, um observador apressado poderia deduzir que a hipótese de que quanto mais perto menor o reconhecimento efetivo do indígena foi refutada. Haveria em Valdelân-dia, por estes dados e neste quesito, tanto reconhecimento ou mais do que na região mais dis-tante, Iaciara-GO (34% e 58% respectivamente). No entanto, ressalta-se que, como mencio-nado na nota 10, os respondentes de Valdelândia são numericamente inferiores aos de Iaciara e Morro Agudo, e, no caso dos dados analisados, a maioria dos vinte e sete que responderam ao questionário escolheu mais de um item desta pergunta. E ainda, o fato de a maioria res-ponder positivamente ao questionamento não significa que, com efeito, há reconhecimento, pois é preciso considerar outras variantes.

A façanha de crianças e adolescentes questionados dizerem que reconhecem os di-reitos indígenas não significa que, na prática, este reconhecimento se efetive nas relações cotidianas. Na Figura 6, por exemplo, se observa que apenas 11% dos respondentes de Val-delândia não concordam que os indígenas tenham direitos específicos, enquanto 89% disseram

sim ao questionamento. Por outro lado, observa-se que os dados são contraditórios quando

algumas das respostas subjetivas, dos mesmos respondentes, são analisadas. Há muita confu-são e desconhecimento quanto ao que efetivamente confu-são os direitos específicos dos indígenas e o direito indígena a cidadania plena, por exemplo.

O mesmo respondente que disse concordar que os indígenas são cidadãos com di-reitos específicos e características étnicas diferenciadas (Figura 3), respondeu que não concorda

que os indígenas tenham direitos específicos, como o direito à terra tradicionalmente ocupada e a educação e saúde diferenciadas (Figura 6), e justificou a resposta: “por que os índios são iguais

a nós e ele deve trabalhar do mesmo jeito que nós”. Outro respondente, do mesmo modo, acrescentou: “não, eles tem que criar vergonha e trabalhar pra ganhar dinheiro, comprar sua terra, por que outras pessoa trabalha para ganhar o seu dinheiro para comprar sua terra.”

Há outros muitos exemplos que poderiam ser citados nesta mesma linha de racio-cínio, o que, por certo, confirma a hipótese inicial de trabalho. Por mais que os números, algumas vezes, parecem indicar significativo reconhecimento por parte dos não indígenas, especialmente os das regiões específicas analisadas, uma reflexão mais detida dos mesmos, numa perspectiva comparativa e amparada em outras fontes de análise, para além da quan-titativa, demonstra que o reconhecimento, enquanto respeito mútuo nas relações cotidia-nas, com admiração e valoração do outro, é algo que ainda encontra-se bastante distante da realidade.

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Por conseguinte, as Figuras 2 a 6 reafirmam também a hipótese da distância como fator relevante para que haja uma pseudoaceitação do não indígena em relação ao indígena. Os dados da cidade de Iaciara, Figuras 4, 5 e 6, são ilustrativos desta assertiva. Sobre se

concor-dam que os indígenas tenham direitos específicos, 97% disseram sim, e apenas 4% disseram não;

enquanto 48% dos respondentes de Morro Agudo disseram não concordar, quase a metade do total das respostas.

Quanto à Figura 5, 37% dos respondentes de Morro Agudo ainda acham que os indígenas devem morar apenas nas matas e florestas, enquanto nenhum dos respondentes de Valdelândia concordam que os indígenas devam morar nas cidades. Estes números são ilus-trativos, pois trata-se da visão de crianças e adolescentes que vivem nas proximidades de uma terra indígena cujo povo traz na sua história a marca de uma experiência de contato extrema-mente desrespeitosa do ponto de vista do reconhecimento, e cujas relações na atualidade não são menos agressivas e moralmente violentas10.

Figura 2: Sobre a reação que teriam se um indígena se sentasse ao seu lado em um banco qualquer

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Figura 4: Sobre se consideram justa a luta indígena atual pela garantia dos direitos por eles conquistados na Constituição de 1988

Figura 5: Sobre onde os indígenas deveriam morar

Figura 6: Sobre se concordam que os indígenas tenham direitos específicos, como o direito à terra que tradicio-nalmente ocupam e a educação e saúde diferenciadas

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Como ressalta Ossami de Moura (2008, p. 25), os Tapuia são “o produto de uma política de aldeamento”, e como tal, ressentem ainda hoje as consequências dos processos de pacificação, dominação e deculturação. Desde a data de criação do Aldeamento do Carretão, em 1788, que aqueles povos Xavante, Xerente, Kayapó, Karajá, negros escravos fugidos e brancos pobres, deram início ao longo, violento, desrespeitoso e agressivo processo de surgi-mento de um povo. Logo, para os Tapuia, “o aldeasurgi-mento representou o seu nascisurgi-mento, a sua origem mitológica, a sua etnogênese” (OSSAMI DE MOURA, 2008, p. 25).

Uma das consequências desta triste trajetória é a descaracterização étnica, que legou aos Tapuia a necessidade de, repetidas vezes, terem que reafirmar ao mundo que eles, de fato, são indígenas. Na atualidade, a situação não tem sido diferente. Mesmo as crianças que vivem nas proximidades da terra dos Tapuia não os reconhecem efetivamente11, sabem muito pouco de sua história, entendem menos ainda o porquê de eles não apresentarem o fenótipo dos indígenas que elas têm ideologicamente construído na memória, sob a perspectiva dos livros didáticos (OLIVEIRA, 2015) e da mídia em geral; além do fato de não terem um língua indígena própria.

Estas crianças são, na verdade, os filhos dos não indígenas que, direta ou indireta-mente se relacionam com os mesmos Tapuia que, recorrenteindireta-mente, saem da comunidade para procurar trabalho nas fazendas e cidades próximas, como Valdelândia/Rubiataba e Morro Aguado; são as crianças que escutam, muitas vezes, os pais ou os amigos dos pais falarem dos Tapuia de forma pejorativa, preconceituosa e desrespeitosa.

Na escola, a versão contada da história dos Tapuia do Carretão não parece menos complicada. Em dissertação de mestrado sobre as representações dos indígenas Tapuia do Carretão nos livros didáticos e na sala de aula, Fernanda Alves da Silva Oliveira observou que “Os discentes, a partir de características culturais e estruturais da comunidade, questionam sistematicamente a identidade dos mesmos” (OLIVEIRA, 2015, p. 94).

Depreende-se que, ao analisar as Figuras 2 a 6, comparativamente, a cidade mais distante dos indígenas apresentou respostas mais positivadas; enquanto nas duas cidades mais próximas dos Tapuia as respostas foram mais negativadas quanto ao reconhecimento indíge-na, confirmando a hipótese do distanciamento/proximidade como importante para relativi-zar os dados quantitativos obtidos e, assim, aproximar os resultados da pesquisa da realidade estudada e de maneira mais satisfatória.

Em suma, embora os dados numéricos não sejam suficientes para apreender toda a realidade sobre uma temática tão complexa, observou-se que quanto mais próximos os indíge-nas estiverem dos não indígeindíge-nas mais latentes são os conflitos relacionados à disputa pela terra; a não aceitação efetiva da diferença; a falta de conhecimento efetivo sobre a etnia e sua história; o desrespeito nas relações cotidianas; a ampliação das ações opressoras, ofensivas, preconceituosas; além do menosprezo, que leva à ausência de estima social/reconhecimento mútuo.

THE RECOGNITION INDIGENOUS BEYOND THE RIGHT: A REFERENCE TO INDIGENOUS PEOPLE TAPUIA THE CARRETÃO

Abstract: the main objective of this paper it is inquires if there is effectively Indigenous Recognition

in Brazil, by the non-indigenous, from the Federal Constitution of 1988. Therefore, the Indig-enous people Tapuia of Carretão it is referenced as object of observation and analysis, in view of the categories Proximity and Distancing, in order to bequeath some answers to the proposed theme.

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Notas

1 Acontecimento fundador é aqui pensado a partir da contribuição de Paul Ricoeur, em O Conflito das

Interpretações (1989), que o compreende a partir de três historicidades. Primeiro os acontecimentos

fundadores, em que se situa o “tempo escondido”; em seguida vem a “interpretação viva”, que é constituída pela tradição; e, por fim, “a historicidade da compreensão”, ou seja, da hermenêutica. Nesse sentido, utilizou-se o conceito apresentado por Ricoeur, como artifício para a compreensão do Movimento Indígena no Brasil, em tese de doutoramento defendida em 2010, intitulada

Protagonismo Indígena no Brasil: Movimento, cidadania e direitos (1970-2009). Ver Bicalho (2010).

2 “Embora a Constituição de 1988 garanta aos indígenas o direito de permanecerem índios em termos culturais, sociais e territoriais, em nenhum momento ela explicitamente declara ser o país uma nação pluriétnica.” (RAMOS, 2004, p. 172).

3 “Artigo 1º - Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos...” (Declaração Universal dos direitos Humanos - Assembleia Geral da organização das Nações Unidas, 10 de dezembro de 1948. (GRUPIONI; VIDAL; FISCHMANN, 2001, p. 272).

4 A primeira versão dessa Declaração foi escrita durante a Revolução Francesa, em 1789, com o título “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.”

5 1. 0 que o indígena representa para você? 2. Qual reação você teria se um indígena se sentasse ao seu lado? a) Curiosidade, b) Naturalidade, c) Estranhamento, d) Incômodo, e) Medo. 3. Você considera a luta indígena atual pela garantia dos direitos por eles conquistados na Constituição de 1988 justa? 4. Para você, onde os indígenas deveriam morar: a) Nas matas e florestas, b) Nas cidades, c) Nas florestas e/ou nas cidades. 5. Você concorda que os indígenas tenham direitos específicos, como o direito à terra que tradicionalmente ocupam e à educação e saúde diferenciadas? 6 “... a moral, entendida como ponto de vista do respeito universal, torna-se um dos vários dispositivos de

proteção que servem ao fim universal da possibilitação de uma via boa” (HONNETH, 2003, p. 271). 7 Relatórios Violência contra os Povos Indígenas do Brasil, dados de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014;

publicações do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Sobre a Violência contra a pessoa, foram registrados 248 casos, com um assassinato em Goiás; e 19 destes casos restringem-se ao quesito

Racismo e discriminação étnico culturais. Quanto a Violência contra o patrimônio, que inclui a invasão

e a morosidade na regularização das terras, há registro de 221 casos, sendo 2 deles em Goiás. Destes dois, um aconteceu justamente na terra indígena dos Tapuia, cujo território invadido e queimado é reivindicado pela “comunidade como sendo de ocupação tradicional” (Dados de 2014, 2015, p. 64). 8 O Questionário 2 foi aplicado em escolas públicas, no Ensino Fundamental, das cidades de Iaciara-Go, no Nordeste Goiano, onde obteve o total de 82 respostas; Morro Agudo de Goiás, no Vale do São Patrício, com 103 respostas; e Valdelândia, distrito de Rubiata-Go, com 27 respostas. A primeira cidade fica a 384Km da Terra Indígena Tapuia do Carretão, com população estimada, em 2014, de 13.291 habitantes, e o total de 2.304 matrículas no Ensino Fundamental em 2012. As outras duas cidades ficam, respectivamente, a uma distância de 22 e 10 Km da Terra Indígena referida. A primeira, em 2014 tinha uma população estimada de 2.378 Habitantes, com 334 matrículas registradas em 2012 no Ensino Fundamental. Em Valdelândia a população estimada em 2014 foi de 569 habitantes, com apenas 53 matrículas registradas no Ensino Fundamental no mesmo ano. Neste pequeno distrito o total das respostas alcançou uma margem superior a 50%, e é, das três realidades observadas, a mais próxima dos Tapuia do Carretão.

9 Sobre as Figuras, esclarece-se que não se adotou o referencial fechado de 100% para o total das respostas, pois, embora a metodologia utilizada seja a quantitativa, o teor da pesquisa é extremamente subjetivo, de modo que uma pergunta pode levar o respondente a ter mais de uma resposta. Logo, optou-se por trabalhar com um referencial estatístico mais aberto, prevendo a liberdade de escolha de mais de um item em cada questão. Assim, a soma total das respostas, nas Figuras, normalmente ultrapassa a casa dos 100%.

10 As Figuras de 2 a 6 expressam o reconhecimento sob diferentes olhares e foram organizadas por Poliene Soares dos Santos Bicalho (2015).

11 Em outro momento, alguns alunos de Valdelândia responderam ao questionamento “Você já ouviu falar dos Tapuia? Quem são? Onde vivem?” da seguinte maneira: “já, tapunhas, em um povoado”; “sim, eles são normais, eles vivem em uma comunidade”; “sim, índios, da comunidade tapuia”; “sim, as vezes convivemos com eles em um interclasse e eles vivem na aldeia próxima chamada Tapuia”; “não”; “sim, são pessoas brutas, e é diferente dos índios e usam roupas, eles vivem em comunidades”.

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Referências

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Figura 1: Distância e proximidade da terra indígena dos tapuio do carretão
Figura 2: Sobre a reação que teriam se um indígena se sentasse ao seu lado em um banco qualquer
Figura 4: Sobre se consideram justa a luta indígena atual pela garantia dos direitos por eles conquistados na  Constituição de 1988

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