Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60597-60602 aug. 2020. ISSN 2525-8761
Avaliação Fitoquímica, quantificação de Fenóis e Flavonóides totais,
Atividade antioxidante e antiacetilcolinesterase do extrato etanólico
Da Talísia esculenta (Pitomba)
Phytochemical evaluation, quantification of phenols and total Flavonoids,
Antioxidant and anti-acetylcholinesterase activity of the ethanolic extract
Of Talísia esculenta (Pitomba)
DOI:10.34117/bjdv6n8-467Recebimento dos originais: 21/07/2020 Aceitação para publicação: 21/08/2020
Larissa Victória Barbosa Dantas
Graduanda em Química pela Universidade Estadual do Ceará Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-CE, Brasil E-mail: larissa.dantas@aluno.uece.br
Francisco Flávio da Silva Lopes
Graduado em Química pela Universidade Estadual do Ceará Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-CE, Brasil E-mail: flaviollopez@gmail.com
Daniela Ribeiro Alves
Doutora em Ciências Veterinárias pela Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará
Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-CE, Brasil E-mail: alves.danielaribeiro@gmail.com
Lucas Soares Frota
Doutorando em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia da Universidade Estadual do Ceará
Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-CE, Brasil E-mail: lucassfrota@gmail.com
André Luiz Herzog Cardoso
Doutor em Ciências com área de concentração em Físico-Química pela Universidade Estadual de Campinas
Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-CE, Brasil E-mail: andre.herzog@uece.br
Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60597-60602 aug. 2020. ISSN 2525-8761
Selene Maia de Morais
Doutora em Química pela University of London Pós-Doutora em Química pela Universidade de Aveiro
Instituição: Universidade Estadual do Ceará - UECE
Endereço: Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Fortaleza-CE, Brasil E-mail: selenemaiademorais@gmail.com
RESUMO
A Pitombeira, Talisia esculenta-A.St.-Hil Radlk é uma planta pertencente à família Sapindaceae e fornece um fruto utilizado como alimento. Foram utilizadas amostras do caroço para fazer um extrato etanólico e com isso foram realizados testes fitoquímicos, quantificação de fenóis e flavonóides totais, atividade antioxidante (DPPH) e tividade de inibição da enzima Acetilcolinesterase. Foram identificados vários metabólitos secundários como taninos condensados, catequinas, esteroides e alcaloides , os teores de fenóis totais foram (54,792 ± 0,03) mg EAG (Equivalente ao Ácido Gálico)/ g extrato, e o dos Flavonóides (4,50 ± 0,03) mg EQ (Equivalente a Quercetina)/ g extrato, A atividade contra o radical DPPH foi de (CI50) = 31,24
± 1,37 µg/ml) e a inibição da enzimaacetilcolinesterase (CI50 = 12,60 ± 0,11 μg/mL)), que foram
considerados resultados bonscomparados com dados de extratos de trabalhos anteriores..
Palavras-chave: Produtos naturais, Talísia esculenta, Extrato etanólico. ABSTRACT
The Pitombeira, Talisia esculenta-A.St.-Hil Radlk is a plant belonging to the Sapindaceae family and provides a fruit used as food. Samples of the stone were used to make an ethanolic extract and with this were performed phytochemical tests, quantification of phenols and total flavonoids, antioxidant activity (DPPH) and inhibition of the enzyme Acetylcolinesterase. Several secondary metabolites were identified as condensed tannins, catechins, steroids and alkaloids , the levels of total phenols were (54.792 ± 0.03) mg EAG (Gallic Acid Equivalent)/g extract, and that of Flavonoids (4.50 ± 0, 03) mg EQ (Quercetin Equivalent)/g extract, The activity against DPPH radical was (CI50) = 31.24 ± 1.37 µg/ml) and the inhibition of the enzyme acetylcholinesterase (CI50 = 12.60 ± 0.11 μg/mL), which were considered bonscompared results with data from previous works. .
Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60597-60602 aug. 2020. ISSN 2525-8761
1 INTRODUÇÃO
A Pitombeira, Talisia esculenta-A.St.-Hil Radlk é uma planta pertencente à família Sapindaceae, sendo nativa da Amazônia ocidental, com larga ocorrência em todo bioma amazônico e regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Em Manaus, sua ocorrência é muito comum na região metropolitana, principalmente em quintais de residências, sítios e jardins botânicos, sendo o fruto pitomba comestível e bastante apreciado (NETO, SANTANA & SILVA, 2003).
Estudos recentes comprovaram atividades antiproliferativa, antimutagênica e antioxidante do extrato bruto de pitomba, além da identificação de miricetina e quercetina no extrato hidrolisado da polpa. (NERI-NUMA et al, 2014).
As plantas são, dessa forma, um potencial reservatório de compostos bioativos para o desenvolvimento de fármacos e tratamento de várias doenças. Todavia, para que esses fármacos se tornem aceitos pela medicina convencional, é necessário avaliá-los criteriosamente, identificando seus princípios ativos, e buscando compreender o seu mecanismo de ação (WILLIAM CAREY et al., 2010).
O objetivo desse trabalho é avaliar o potencial do extrato etanólico do caroço da Pitomba para investigar sua capacidade antioxidante e seu efeito na enzima acetilcolinesterase bem como caracterizar os compostos que podem estar sendo responsáveis por essas atividades.
2 METODOLOGIA
2.1 OLETA, PREPARAÇÃO DO EXTRATO E AVALIAÇÃO FITOQUÍMICA
O fruto da Pitombeira (Talísia esculenta) foi adquirido no centro de Fortaleza-CE. Onde a amostra foi armazenada e transportada até o laboratório de Química de Produtos Naturais da UECE, onde foi processada. A parte analisada da planta foi o caroço. Foram pesadas 53 g da amostra em seguida trituradas passando após isso pelo processo de maceração, onde permaneceu por um período de 7 dias submersa em Etanol (Álcool 96). Após este período o líquido extrator foi retirado e colocado em evaporador rotatório para que o solvente pudesse evaporar deixando a amostra mais compacta.
Os extratos brutos obtidos das folhas das plantas foram submetidos ao teste fitoquímico, o qual se baseia na visualização ocular de mudança de cor e/ou precipitação de substâncias, para a caracterização dos metabólitos secundários presentes na amostra, seguindo a metodologia de Matos (2000).
Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60597-60602 aug. 2020. ISSN 2525-8761 2.2 QUANTIFICAÇÃO DE FENÓIS E FLAVONÓIDES TOTAIS
A determinação quantitativa da presença de fenóis totais foi realizada por meio da espectroscopia da região visível, seguindo a metodologia Fólin-Ciocalteu (SOUSA et al., 2007). Para a quantificação do teor de flavonoides, utilizou-se a metodologia de FUNARI e FERRO (2006).
2.3 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE PELO MÉTODO DO DPPH E ATIVIDADE INIBITÓRIA ACETILCOLINESTERASE (ACHE)
Na avaliação da atividade antioxidante foi utilizado o método de varredura do radical livre DPPH, descrito por (BRAND-WILLIAMS et al., 1995). A atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase (AChE) foi aferida em placas de 96 poços de fundo chato utilizando leitor Elisa BIOTEK, modelo ELX 800, software “Gen5 V2.04.11”, baseando-se na metodologia descrita por ELLMAN et al. (1961).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O caroco da pitomba após a retirada da polpa na sua degustação é descartado, no entanto este apresenta, segundo o trabalho de WILLIAM; CAREY et al. (2010), algumas atividades biológicas sendo assim poderia ser aproveitado para fins medicinais desde que sendo bem estudado. Neste trabalho os caroços da Pitomba revelaram a presença de vários metabólitos secundários comprovados pelo teste Fitoquímico onde a presença de Fenóis, Taninos Condensados, Antocianinas, Flavonas, Flavononois e Xantonas, Leucoantocianidinas, Catequinas, Alcalóides, Esteróides (Tabela 1). Estudos anteriores sobre a composição química revelou a presenças dos flavonoides miricetina e quercetina portanto ficou confirmado a presença desta classe de compostos nos nossos experimentos.
Tabela 1. Caracterização química dos principais classe de metabólitos secundários do extrato metabólico dos caroços da pitomba. OBS: *(+) indica positivo e (-) indica negativo
Constituintes Resultados
Fenóis +
Taninos condensados +
Antocianinas: Flavonas, Flanonois e Xantonas +
Leucoantocianidinas, Catequinas e Flavonas +
Alcalóides +
Esteróides +
Saponinas -
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O extrato etanólico apresentou uma quantidade significativa de Fenóis e Flavonóides totais, como mostra a Tabela 2.
Sobre a atividade antioxidante o valor de CI50 do padrão quercetina é 5,00 ± 0,18 µg.ml-1. Logo, podemos afirmar que o extrato apresentou uma boa atividade antioxidante tratando-se de um extrato. Estima-se que isso ocorre pelo fato do extrato ter obtido bons resultados nas quantificações de fenóis e flavonóides. No teste de atividade antiacetilcolinesterase, apresentou bons resultado porque o grupo controle FISO possui CI50 de 1,15± 0,05 µg.ml-1 e o extrato obteve 12,60 ± 0,11 e isso se deve as classes de metabólitos encontradas, principalmente pelos fenóis que são classes antioxidantes reconhecidas.
Estudos anteriores feitos por Penido et al. (2017) foram estudadas plantas medicinais do Maranhão visando encontrar aquelas com potencial para o tratamento do Alzheimer. No trabalho os autores chegaram à conclusão que as plantas com maior potencial eram aquelas com alto teor de fenóis totais (acima de 100 mg EAG/ g extrato) e atividade de inibição da enzima AChE abaixo de 20 µg.ml-1 (PENIDO et al., 2017). Desta forma comparando-se com o trabalho citado, o teor de fenóis totais foi um pouco abaixo ao ideal mas a inibição da AChE ficou dentre os melhores extratos.
Tabela 2. Quantificação de Fenóis totais, mg EAG (Equivalente ao Ácido Gálico) / g de extrato; Quantificação de Flavonóides, mg EQ (Equivalente a Quercetina) / g de extrato; Atividade antioxidante CI50 (µg/ml). (Concentração capaz de sequestrar 50% de radicais livres) e Atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase. Os valores representam suas respectivas CI50 (μg/mL) e o desvio padrão. Fisostigmina. (FISO) utilizada como controle positivo para o ensaio.
4 CONCLUSÕES
A espécie Talísia esculenta (Pitombeira) apresenta-se como uma promissora fonte de metabólitos secundários, entre fenóis, taninos condensados, antocianinas (flavonas, flavononois e xantonas), leucoantocianidinas, catequinas e flavonas, alcalóides, esteróides e triterpenóides e flavonóides. Os resultados da quantificação de fenóis foi compatível com a atividade antioxidante e a atividade de inibição da enzima acetilcolinesterase foi melhor quando comparada a trabalhos anteriores. Os resultados deste trabalho corroboram com os trabalhos anteriores sobre a espécie citada, no que concerne aos seus metabólitos secundários verificados, suscitando agora um maior detalhamento, para a identificação precisa de moléculas e após isso um isolamento dessas para melhor avaliação do potencial biológico do caroço da pitomba.
Teor de Fenóis mg EAG/ g extrato Teor de Flavonoide mg EQ / g extrato Atividade Antioxidante-DPPH (CI50) µg/ml Atividade Anti-AChE CI50 (µg/mL) 54,792 ± 0,03 4,50 ± 0,03 31,24 ± 1,37 12,60 ± 0,11
Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.60597-60602 aug. 2020. ISSN 2525-8761
REFERÊNCIAS
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C.L.W. T. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. LWT-Food Science and Technology. 28: 25-30. 1995.
ELLMAN, G. L.; COURTNEY, K. D.; VALENTINO, A. J.; FEATHERSTONE, R. M. A new and rapid colorimetric determination of acetylcholinesterase activity. Biochemical Pharmacology, vol. 7, pp 85-95, 1961.
FUNARI, C. S; FERRO, V. O. Análise de própolis. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.26, n.1, p.171-178, 2006.
MATOS, F. J. A. 2000. Introdução à Fitoquímica Experimental. Ed. UFC, Fortaleza-Ceará. p.45. 2000.
NERI-NUMA, I. A., CARVALHO-SILVA L. B., FERREIRA, J. E. M., MACHADO, A. R. T., MALTA, L. G., RUIZ, A. L. T. G., CARVALHO, J. E., & PASTORE, G. M. (2014). “Preliminary evaluation of antioxidant, antiproliferative and antimutagenic activities of pitomba (Talisia esculenta)”. Food Science and Technology, 59, 1233- 1238. 2014.
NETO, G. G.; SANTANA, S. R.; SILVA, J. V. B. Repertório botânico da “PITOMBEIRA” ‘(Talisia esculenta (A. ST.-HIL.) RADLK.- SAPINDACEAE). Acta Amaz. [online]. 2003,
vol.33, n.2, pp.237-242., 2003.
PENIDO, A.B., MORAIS, S.M., RIBEIRO, A.B., ALVES, D.R., RODRIGUES, A.L.M., SANTOS, L.H., MENEZES, J.E.S.A., 2017. Medicinal plants from northeastern Brazil against Alzheimer’s disease. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, ID. 1753673, 1-7.
SOUSA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA-Jr, G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÙJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, Vol. 30, p. 351-355, 2007.
WILLIAM CAREY, M.; RAO, N. V.; KUMAR, B. R.; MOHAN, G. K. Anti-inflammatory and analgesic activities of methanolic extract of Kigeliapinnata DC flower. Journal of Ethnopharmacology, v.130, p. 179–182, 2010.