• Nenhum resultado encontrado

Uma análise estratégica sobre a internacionalização da Enamorata para o mercado caboverdeano

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Uma análise estratégica sobre a internacionalização da Enamorata para o mercado caboverdeano"

Copied!
169
0
0

Texto

(1)

Dery Delson Cardoso Andrade

UMinho|20

14

outubro de 2014

Uma Análise Es

tratégica sobre a Internacionalização da Enamorat

a para o Mercado Cabo

verdeano

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Uma Análise Estratégica sobre a

Internacionalização da Enamorata

para o Mercado Caboverdeano

Der

y Delson Car

doso Andr

(2)

Relatório de Estágio

Mestrado em Negócios Internacionais

Trabalho realizado sob a orientação do

Professor Doutor José Carlos Pinho

Dery Delson Cardoso Andrade

outubro de 2014

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Uma Análise Estratégica sobre a

Internacionalização da Enamorata

para o Mercado Caboverdeano

(3)

ii

DECLARAÇÃO

Nome: Dery Delson Cardoso Andrade

Endereço eletrónico: deryandrade@hotmail.com

Título do Relatório de Estágio: Uma Análise Estratégica sobre a Internacionalização da

Enamorata para o Mercado Caboverdeano

Orientador:

Professor Doutor José Carlos Pinho

Ano de conclusão: 2014

Designação do Mestrado: Negócios Internacionais

DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTE RELATÓRIO DE ESTÁGIO.

Universidade do Minho, _____/____/_____

(4)

iii

Agradecimentos

Para a elaboração deste relatório de estágio de Mestrado foi de extrema importância a contribuição e o apoio de várias pessoas e instituições, a quem gostaria, nesta parte, de manifestar o meu profundo agradecimento.

Em primeiro lugar, quero agradecer a Deus por ser a fonte onde vou buscar as energias e por sempre me ter guiado pelos bons caminhos. Aos meus pais e irmãos por serem o meu suporte emocional e a minha fonte de energia para que eu lute todos os dias para superar todos os obstáculos que aparecem na minha vida. A minha namorada, por estes três anos de dedicação e por estar sempre ao meu lado com a energia positiva e estimulante para o meu percurso académico. E principalmente ao meu filho Enzo, que nasceu durante a elaboração deste Relatório e em quem encontrei aquela força e coragem necessárias para a conclusão do mesmo.

Quero também agradecer a preciosa e fundamental contribuição do Professor Doutor José Carlos Pinho, orientador científico deste Relatório de Estágio de Mestrado, pela grande colaboração, incentivo e partilha dos seus conhecimentos desde a cadeira de Marketing Internacional lecionada no 1º ano de Mestrado e ao longo da realização deste Relatório. Esta influência intelectual marcou sobremaneira o meu percurso académico e foi crucial para a realização do presente trabalho.

Em seguida, quero agradecer a Dra. Susana Ribeiro e a Dra. Fátima Costa por me terem acolhido nas suas empresas e terem confiado a minha pessoa um Projeto de tão elevada importância que passaria pela elaboração de uma estratégia de internacionalização da Enamorata para o mercado caboverdeano. E também pela partilha das suas idéias e pelo fornecimento de toda a informação necessária para a elaboração deste relatório.

Um sincero agradecimento também aos Professores Jorge Cerdeira e Elisabete Sampaio de Sá pelos conhecimentos teóricos partilhados nos ramos de Economia Internacional e Empreendedorismo, respetivamente.

Uma palavra de agradecimento também ao Professor Dr. Francisco Carballo-Cruz, pelo apoio prestado na fase de procura de Estágio e pelas informações que permitiram um melhor enquadramento dentro do objetivo real do relatório.

(5)
(6)

v

Resumo

Uma Análise Estratégica sobre a Internacionalização da Enamorata para o Mercado Caboverdeano

Este relatório aborda a temática da Internacionalização das empresas e analisa os fatores e as estratégias utilizadas por pequenas e médias empresas no processo de internacionalização. O presente relatório serve também para descrever um estágio de três meses realizado de forma conjunta entre a empresa de Consultoria “Amazing Ideas” e a empresa “Enamorata” com o objetivo de se delinear um projeto estratégico e proativo que se basea numa análise objetiva e rigorosa sobre a empresa e sobre o mercado caboverdeano permitindo a criação de bases sólidas para uma futura internacionalização desta última empresa que é especializada em produtos swimwear para o mercado caboverdeano. Pretende-se, então, aliar a teoria à prática através da busca da investigação acadêmica pertinente aos nossos objetivos, bem como adequar esta teoria a realidade social, econômica e cultural em que a Enamorata está inserida. Este relatório alicerçou-se primeiramente nos conhecimentos teóricos adquiridos no primeiro ano (parte curricular) do Mestrado. Pretendeu-se, no mesmo, fazer um enquadramento teórico através da seleção criteriosa de estudos e teorias pertinentes ao processo de internacionalização das PME´s como os fatores que estimulam as mesmas a exportar; os critérios de escolha do mercado e os modos de entrada e/ou de estabelecimento adotados, dando maior enfâse a Teoria sobre a exportação. Toda esta analise é feita sobre o arcaboiço teórico existente na literatura sobre a Internacionalização, não se descurando uma metodologia qualitativa baseada num estudo de caso e em entrevistas que serviram de base para a elaboração de uma estratégia de internacionalização da Enamorata para o mercado caboverdeano.

Palavras-chave: Análise estratégica, internacionalização, mercado caboverdeano, Teoria sobre a exportação.

(7)
(8)

vii

Abstract

A Strategic Analysis on the Internationalization of Enamorata® to the Cape Verdean Market

This report addresses the theme of the internationalization of companies and analyzes the factors and the strategies used by small and mid-size companies in the process of internationalization.

This report also describes a three month internship accomplished in a combined effort between the consulting company “Amazing Ideas” and the company “Enamorata” with the objective of outlining a proactive strategic plan based on rigorous and objective analysis about the company and the Cape Verdean market allowing the creation of solid bases for a future internationalization of this company that specializes in swimwear products to the Cape Verdean market. It is intended to combine theory and practice through academic research relevant to our objectives as well as suiting this theory to the social, cultural and economic reality in which Enamorata is a part of.

This report’s foundations are based on the theoretical knowledge obtained during the first year of the master’s program. It was also intended during the first year to make a theoretical framework using a rigorous selection of studies and theories relevant to the process of internationalization of small and mid-size companies such as the factors that stimulate exports; the choice of market criteria and the ways of entering and establishing itself in it, giving more emphasis on the theory of exporting. All this analysis is made under the theoretical structure existent on the literature about internationalization, not neglecting a qualitative methodology based on a case study and on interviews that served as foundations for the elaboration of an internationalization strategy of Enamorata to the Cape Verdean market.

Keywords: Strategic analysis, Internationalization, Cape Verdean market, Theory of Exporting

(9)
(10)

ix

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos ……….. iii Resumo ……… v Abstract ………... vii Índice Geral ……… ix

Lista de Abreviaturas e Siglas ………... xiii

Índice de Figuras ………... xv

Índice de Quadros ……….. xvi

PARTE I – INTRODUÇÃO ……… 1

1 – Introdução ………. 3

1.1 Contextualização do Tema ……….. 3

1.2. Objetivos e Procedimentos metodológicos ……… 5

1.3.Estrutura do Relatório de Estágio ……… 7

PARTE II – APRESENTAÇÃO DA EMPRESA DE ACOLHIMENTO ……….. 9

2 – Empresa de acolhimento ………. 11

2.1. Dados de Identificação da Empresa ………... 11

2.2. Breve Historial da Empresa ………... 12

2.3. Organograma ………. 14

2.4. Gama de Produtos ………. 15

(11)

x

PARTE III – O MERCADO CABOVERDEANO ………... 19

3.1. Enquadramento do País ……….. 21

3.2. As Relações Comerciais entre Portugal e Cabo-Verde ………. 25

3.3. Exportar para Cabo Verde ………. 34

3.4. Análise SWOT do mercado caboverdeano ………... 37

PARTE IV – ENQUADRAMENTO TEÓRICO DO TEMA ………... 39

4 – Revisão de Literatura ………. 41

4.1. O Processo de Internacionalização ………... 41

4.2. Os determinantes do Processo de Internacionalização ……… 44

4.3. As Teorias da Internacionalização ………... 45

4.3.1. Conceito de PME’s ………... 45

4.3.2. Modelo de Uppsala ………... 47

4.3.3. Teoria das Redes ………... 49

4.3.4. Visão Baseada nos Recursos ………. 51

4.3.5. Teoria do Empreendedorismo Internacional ………... 54

4.4. Seleção dos Mercados Externos ……… 57

4.5. Determinantes da Escolha do Modo de Entrada ……….. 61

4.6. Classificação dos Modos de Entrada ………... 70

4.6.1. Modos sem Participação de Capital ……….. 73

4.6.1.1. Acordos Contratuais ……….. 74

4.6.2. Modos com Participação de Capital ………. 80

4.6.2.1. Equity Joint Ventures ……… 80

4.6.2.2. Subsidiária de Controlo Integral ………... 82

4.7. Análise dos Fatores estimulantes das Exportações nas PME’s ……….. 84

(12)

xi

4.8. O Processo de Exportação ………... 94

4.8.1. Exportação Direta ……… 94

4.8.2. Exportação Indireta ………. 96

4.8.3. Outras Formas de Exportação ………... 98

PARTE V – METODOLOGIA APLICADA A PESQUISA ……… 101

5. Metodologia aplicada a Pesquisa ……… 103

5.1. A Abordagem Qualitativa ……… 103

5.2. A análise das Entrevistas. Verificação dos Objetivos da Investigação ……….. 106

5.2.1. As motivações empresariais e a estratégia inicial de Internacionalização ……….. 109

5.2.2. A Seleção do mercado ……….. 111

5.2.3. As Especificidades do Processo de Exportação ………... 113

5.2.4. Os Obstáculos à Internacionalização ………... 114

PARTE VI – CONCLUSÃO ………. 117

6. Conclusão ………. 119

6.1. Implicações práticas ………... 119

APÊNDICES ………... 127

Apêndice I – Pauta Aduaneira de Cabo Verde ………... 129

Apêndice II – Guião das Entrevistas ……….. 131

Apêndice III – Síntese da Entrevista à Enamorata ………... 133

Apêndice IV – Síntese da Entrevista à Giliana ………... 137

(13)

xii

(14)

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APEC Asia-Pacific Economic Cooperation

CAE Classificação de Atividades Econômicas

CEDEAO Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental

CEO Chief Executive Officer

CIF Custo, Seguro e Frete

CL Classe da Mercadoria

CTT Correios, Telégrafos e Telefones de Portugal

CV Cabo Verde

DI Direitos de Importação

DIMO Direct Investment Marketing Operations

DIPO Direct Investment Ptoduction Operations

ECOWAS Economic Community of West African States

ECV Escudo Caboverdeano

EIU The Economic Intelligence Unit

EJV Equity Joint Ventures

EUA Estados Unidos da América

FMI Fundo Monetário Internacional

ICE Imposto de Consumo Especial

IDE Investimento Direto Estrangeiro

INE Instituto Nacional de Estatística

ITC International Trade Centre

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

(15)

xiv

JAN. Janeiro

JUL. Julho

MN Empresa Multinacional

NIMO Non-Investment Marketing Operations

NIPO Non-Investment Production Operations

OMC Organização Mundial do Comércio

PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequena e Média Empresa

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats

TE Taxa Ecológica

TEA Taxa Estatística Aduaneira

TC Taxa Comunitária

UC Unidades de medida utilizada na quantificação da mercadoria

UPS United Parcel Service

USD Dólares americanos

UV Ultra-violeta

VAR. Variação

(16)

xv

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Organigrama da Enamorata, em 31 de Dezembro de 2013 ………... 14

Figura 2 – Dados explicativos do ambiente de negócio em Cabo Verde ………... 22

Figura 3 – O mecanismo básico de internacionalização ………... 48

Figura 4 – Modelo de fluxo lógico relativo ao processo de decisão de entrada num mercado ………... 58

Figura 5 – Fatores a considerar na decisão do modo de entrada segundo Root ……... 66

Figura 6 – Modelo hierárquico de escolha do modo de entrada ………... 73

(17)

xvi

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Dados relativos aos diferentes funcionários da Enamorata ……… 15

Quadro 2 – Caraterização dos vários produtos oferecidos pela Enamorata ……….. 17

Quadro 3 – Indicadores Financeiros da Enamorata ………... 18

Quadro 4 – Principais Indicadores Macroeconómicos ……….. 24

Quadro 5 – Principais Clientes de Cabo Verde ………... 25

Quadro 6 – Principais Fornecedores de Cabo Verde ………... 25

Quadro 7 – Posição e Quota de Cabo Verde em relação a Portugal ………... 26

Quadro 8 – Balança comercial superavitária de Portugal em relação a CV relativo ao comércio de Bens ………... 27

Quadro 9 – Posição e Quota de Portugal em relação a CV ……… 27

Quadro 10 – Exportações portuguesas para CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre 2013 e 2012 ………. 29

Quadro 11 – Exportações portuguesas para CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre o 1º semestre de 2014 e o mesmo período de 2013 ………… 30

Quadro 12 – Importações portuguesas provenientes de CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre 2013 e 2012 ………... 32

Quadro 13 – Importações portuguesas prov. de CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre o 1º semestre de 2014 e o mesmo período de 2013 ………... 33

Quadro 14 – Análise SWOT do mercado caboverdeano ……… 38

Quadro 15 – Categorização das empresas ……….. 46

Quadro 16 - Relação entre os recursos de uma empresa e a estratégia de entrada ……….... 65

Quadro 17 – Fatores que afetam a decisão do modo de entrada no mercado estrangeiro Segundo Hollensen ……… 69

Quadro 18 – Variação do nível de impacto dos estímulos à exportação ……….. 93

Quadro 19 – Pauta Aduaneira de Cabo Verde – Parte que incide sobre os produtos exportados pela Enamorata ………. 130

(18)

1

(19)
(20)

3

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização do Tema

A globalização da economia e os instrumentos a ela associados tem propiciado às empresas um acesso mais vasto, rápido e de forma simples, do que alguma vez tiveram aos mercados de todo o mundo. Esta maior interdependência entre os países permite que as mercadorias sejam vendidas em mais países, em maiores quantidades e em maior variedade. E além disso, há uma maior difusão de informações e dos meios tecnológicos, o que permite às empresas conhecerem melhor os mercados onde pretendem transacionar e, desta forma, reduzirem os riscos de insucesso. Tudo isto acaba por levar à um aumento do processo de internacionalização das empresas que queiram ganhar uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Dessa forma, os gestores de empresas têm de se adaptar às novas condições de mercado através da alteração das estratégias da sua organização como forma de aumentar o lucro.

A Constituição da República Portuguesa estabelece como encargo do Estado português incentivar “...a atividade empresarial, em particular das pequenas e médias empresas..,”. Esta obrigação compreende as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) que se encontram presentes em todos os setores da indústria e dos serviços e evidenciam uma grande capacidade de adaptação face à evolução da situação económica e social. Segundo dados recentes do INE, as PME’s representam 99,5% das empresas portuguesas, por isso deve-se fazer análises teóricas que permitam oferecer às empresas um background das teorias que abordam as atividades destas empresas, permitindo assim que as mesmas possam agir de forma eficiente num contexto global cada vez mais exigente.

E neste contexto de crise económica, e níveis de crescimento nacionais muito baixos (ou nulos), é essencial para as empresas portuguesas a entrada em novos mercados internacionais, tratando-se da sobrevivência das próprias empresas. Desta forma, o tema da Internacionalização das PME´s ganha importância no debate teórico pois é de extrema importância que as empresas optem pelas melhores estratégias e modos de entrada em outros mercados como forma de aumentar os seus lucros e evitar a sua falência, que é o que acontece

(21)

4

com muitas destas empresas que não têm capacidade para identificar eventuais oportunidades que poderão existir nos vários mercados internacionais.

É neste contexto que as empresas começam a adotar uma opção estratégica de internacionalização. Uma análise criteriosa dos fatores que estimulam este processo é de suma importância para que os gestores saibam analisar os sinais e tenham a perceção do momento adequado para se internacionalizar e a capacidade de decisão sobre a forma de entrada nos mercados externos. Esta análise sobre o momento e a forma ideal de entrada num mercado externo não é fácil de ocorrer, principalmente nas PME´s devido a sua pequena dimensão. Contudo este fator por si só não deve constituir uma inibição do processo de internacionalização e do aproveitamento das oportunidades que surgem nos mercados externos, mas sim um desafio que as pequenas empresas têm de enfrentar para fazer face à diminuição da procura interna. Um fator muito importante é o facto do gestor ter um espírito empreendedor, pró-ativo e dinâmico; neste caso, as exportações podem ser o “mote” inicial no processo de internacionalização, podendo envolver menos riscos e ter um impacto positivo e direto nos resultados.

Os mercados dos PALOP, e em particular o mercado caboverdeano, são mercados onde as empresas portuguesas poderão encontrar oportunidades de crescimento para os seus negócios. Muitos autores defendem a “distância psíquica” como sendo um fator muito importante no processo de internacionalização e sendo Cabo Verde uma ex-colónia portuguesa com uma cultura muito influenciada pelos hábitos portugueses e com uma aceitação generalizada dos produtos portugueses, é de se prever uma maior probabilidade de sucesso quando uma empresa portuguesa decide entrar neste mercado. Este Relatório de Estágio visa, então, desenvolver uma estratégia de internacionalização de uma empresa portuguesa para o mercado caboverdeano – a Enamorata.

Devido à necessidade da compreensão das variáveis estruturais e estratégicas subjacentes ao processo de internacionalização das PME´s para a elaboração objetiva e estruturada do processo de internacionalização da Enamorata é que surge este relatório que pretende ser, num ambiente de crise económica e de poucas oportunidades de mercado, uma ferramenta para ajudar não só esta empresa mas também outras PME´s que pretendam desenvolver uma maior capacidade de aproveitar as oportunidades de se expandirem a outros mercados e de encontrarem soluções lucrativas em mercados mais apetecíveis.

(22)

5

1.2. Objetivos e Procedimentos metodológicos

Este trabalho tem como objetivo geral a descrição das atividades e conhecimentos adquiridos ao longo do estágio realizado em conjunto com as empresas Amazing Ideas e Enamorata e que teve a duração de 3 meses (entre 4 de Novembro de 2013 a 7 de Fevereiro de 2014). Este estágio visa a criação de um projeto para a internacionalização da empresa Enamorata (produtos swimwear de luxo) para o mercado caboverdeano e implica uma análise minuciosa desta empresa (valores, objetivos, canais de distribuição e posicionamento no mercado português), como também, um estudo do mercado caboverdeano para se perceber a viabilidade do sucesso deste empreendimento e as estratégias que acarretassem menos riscos para a empresa.

Para que a análise tivesse uma coerência e uma objetividade tão necessárias nestes tipos de projeto, este relatório teve um cuidado de fazer um estudo do arcaboiço teórico relevante e pertinente existente sobre o processo de internacionalização das PME´s. Este estudo foi feito com base na informação documental fruto de uma pesquisa bibliográfica exigente realizada através de livros científicos e artigos publicados em revistas internacionais conceituadas cujo enfoque está centrado na teoria clássica do processo de internacionalização, na teoria existente sobre a exportação e nos fatores que estimulam este modo de entrada em outros países.

Em termos metodológicos, este relatório baseia-se num estudo de caso, visto analisar um tema que é investigado num contexto real (Yin, 2003). A metodologia é baseada no paradigma fenomenológico pelo fato da pesquisa se desenvolver no campo (no terreno) e pelo facto da investigação ter um maior nível de profundidade e extensão fruto da amostra ser pequena (1 empresa). Neste caso concreto, o estudo de caso está associado a uma pesquisa exploratória pois o seu enfoque incide sobre a obtenção de conhecimento e familiaridade com a área de estudo através de dados baseados na observação, experiência e através de entrevistas. Através da metodologia qualitativa, mais concretamente de entrevistas, busca-se a análise de perceções e ideias subjetivas de uma amostra de duas empresas como forma de verificar e atingir os objetivos e as questões de investigação.

O principal objetivo do estágio era elaborar um projeto sobre as estratégias de internacionalização da empresa Enamorata para o mercado caboverdeano. Para o alcance deste objetivo foi necessário conhecer o funcionamento da empresa bem como os fatores que

(23)

6

fundamentaram a escolha da exportação como a estratégia adequada para se entrar no mercado pretendido.

Os objetivos específicos deste Relatório compreendem:

- Analisar detalhadamente a Empresa Enamorata em relação aos seus recursos internos, a sua visão, a sua missão, aos seus objetivos e aos processos de internacionalização anteriormente efetuados;

- Fazer uma análise geral sobre o mercado caboverdeano e as suas relações comerciais com Portugal, como também fazer um estudo deste mercado através de uma análise swot que permita analisar os pontos fortes, fracos e as oportunidades que poderão ser exploradas neste mercado, além de uma análise da concorrência que permita perceber o nível em que se encontra o negócio swimwear e definir a estratégia adequada a este mercado;

- Realizar uma pesquisa comparativa entre a Enamorata e uma outra Empresa portuguesa (a Giliana) que já iniciara o Processo de internacionalização para Cabo Verde para se tirar ilações importantes e perceber as potencialidades e obstáculos que a empresa poderá enfrentar e adaptar a sua estratégia de forma a aproveitar as potencialidades e a ultrapassar os obstáculos;

- Fazer contatos com empresas caboverdeanas com o objetivo de estabelecer canais privilegiadas de negócio (ou parcerias) que possam tornar-se grandes oportunidades de exportação direta;

- Elaborar e definir a(s) estratégia(s) de internacionalização da empresa para o mercado cabo-verdeano, além de apoiar a Proprietária da empresa no planeamento e controlo de toda a atividade internacional da empresa para este País.

(24)

7

1.3. Estrutura do Relatório de Estágio

O presente relatório de estágio encontra-se organizado da seguinte forma. Após esta introdução, no Capitulo 2 é efetuada a apresentação e a caraterização da empresa de acolhimento, incluindo uma breve história, a gama de produtos, os indicadores financeiros, dentre outros aspetos.

O Capitulo 3 centra-se no mercado caboverdeano, e nomeadamente descreve o seu perfil demográfico, socioeconómico e comercial que irá servir de base para a elaboração da estratégia mais eficiente e eficaz por parte da empresa Enamorata. Esta análise servirá de base para se efetuar uma análise swot sobre o mercado cabo-verdeano, análise esta que permitirá delinear os pontos fortes e fracos, como também as potencialidades e as ameaças existentes no mesmo. É também neste capitulo que se fará uma avaliação das condições existentes no mercado cabo-verdeano, dos canais apropriados para apresentar os produtos da empresa Enamorata à população e assim, se delineará a estratégia adequada para se efetuar a exportação inicial. Esta análise permitirá oferecer à empresa Enamorata as ferramentas necessárias para um maior conhecimento deste mercado, e consequentemente, a possibilidade desta empresa delinear a forma mais propícia e mais rentável de acordo com os seus recursos disponíveis e de acordo com as características deste mercado-alvo.

No Capitulo 4 desenvolve-se o enquadramento teórico do tema, onde são abordadas as teorias e modelos de internacionalização, os determinantes do processo de internacionalização, a seleção dos mercados-alvo e os modos de entrada, os fatores que estimulam as PME´s a exportar e as teorias sobre o processo de exportação.

O Capitulo 5 serve para apresentar a metodologia aplicada à pesquisa, utilizando num primeiro momento uma análise aprofundada das teorias e dos trabalhos académicos desenvolvidos sobre o tema em questão através de uma revisão bibliográfica. Dessa forma, se fará uma análise de várias bases de dados, como forma de encontrar um quadro teórico e conceptual que serviria de base a este estudo. A parte empírica do trabalho baseia-se numa pesquisa exploratória para a melhor definição do problema e da estratégia através de entrevistas a Empresa Enamorata, e também a Empresa Têxteis Giliana(empresa que já iniciou a internacionalização para o mercado caboverdeano através de uma Filial de Vendas). A metodologia baseia-se numa aproximação qualitativa que é subjetiva por natureza pois

(25)

8

envolve o exame e a reflexão das perceções, neste caso de duas pessoas que fazem parte de duas empresas diferentes, de forma a melhor compreender as atividades humanas e sociais, mais especificamente as atividades de internacionalização e as vantagens de estas ocorrerem para o mercado em questão.

No Capítulo 6 é feita a conclusão do Relatório através das implicações práticas. É nesta Parte do Relatório que se irá delinear a estratégia definitiva a ser implementada pela Enamorata no mercado caboverdeano. Esta Seção é o culminar da investigação realizada no período de 1 ano e apresentará as implicações pragmáticas de toda esta investigação, permitindo a empresa Enamorata uma ferramenta de grande utilidade e importância para o sucesso do seu empreendimento e de todo o processo de internacionalização para Cabo Verde.

(26)

9

(27)
(28)

11

2. EMPRESA DE ACOLHIMENTO

Neste capítulo faz-se a caraterização da empresa onde o estágio foi realizado. Também é feita uma breve descrição da sua história tal como a apresentação da sua gama de produtos como alguns indicadores financeiros do ano de 2012.

2.1. Dados de Identificação da Empresa

Designação Social: Enamorata, Lda. Forma Juridica: Sociedade por quotas CAE: 74100 - Atividades de Design

14131 – Confeção de outro vestuário exterior em série

Capital Social: 7.500,00€

Número de matricula: 510092233 Data de constituição: 02/01/2012

Volume de negócios (ano 2012): 18.500,00€

Nº de funcionários: 3 funcionários (Uma Gerente, Uma Diretora comercial e Uma Designer). Um estagiário num Projeto de Internacionalização (de 04/11/2013 a 07/02/2014)

Endereço da empresa: Av. Marechal Humberto Delgado, nº 103, 3º Sala G, 4480-905- Vila do Conde

Contatos:

- Telefone: (+351) 252631253 - Email: fatima.costa@enamorata.pt

(29)

12  Logótipo:

Atividades:

- Fabrico, comercialização, importação e exportação de artigos de vestuário, de artigos têxteis, acessórios e complementos de moda;

- Atividades de design, atividades de consultoria para os negócios e a gestão, exploração de gabinetes de engenharia de produção;

- Criação, produção e distribuição de roupa de banho para mulher, homem e criança; e de toalha de banho repelente (nova aposta da empresa).

2.2. Breve Historial da Empresa

A Enamorata é uma empresa com marca registada que se dedica a criação, produção e distribuição de coleções próprias de swimwear para senhora, homem e criança. O seu início de atividade foi em Janeiro de 2012.

Trata-se de uma empresa jovem que se inspira nas tradições e cultura portuguesas, que incentiva o espirito de iniciativa, a criatividade, fomenta a curiosidade e a irreverência de modo a possibilitar a criação de peças únicas e diferentes.

As coleções da Enamorata resultam da reinterpretação das tradições, dando origem a estampados e bordados únicos, conjugando pormenores que resultam de técnicas ancestrais. Assim surgem peças de requinte, com a qualidade da produção “Made in Portugal”. A primeira coleção nasce da reinterpretação de motivos tão conhecidos de todos os portugueses- os Lenços dos namorados.

(30)

13

A Enamorata cria as suas coleções a pensar em pessoas independentes, amantes da vida, de estilo urbano e personalizado, que apreciam o design, a qualidade e o conforto dos materiais, assim como a versatilidade das peças.

Atualmente a Enamorata não possui loja própria de venda ao público. Os seus produtos encontram-se em diversas lojas situadas nas seguintes localidades: Apúlia, Vila do Conde, Figueira da Foz, Guimarães, Leça da Palmeira, Maia, Povoa de Lanhoso, Viana do Castelo, Nazaré, Alcácer do Sal e Santarém.

A missão desta empresa passa por garantir a satisfação do cliente com soluções criativas, ideias inovadoras e serviços de qualidade que superem as suas expetativas, criando uma identidade pela diferenciação assente na contemporização das tradições e cultura portuguesas que apaixona os seus clientes pela sua singularidade, os seus colaboradores pela excelência e os seus parceiros pelo compromisso.

O objetivo da Enamorata consiste na busca por um posicionamento no mercado que lhe permita ser uma marca portuguesa de referência, diversificar mercados e aumentar a notoriedade aos olhos dos seus clientes, colaboradores e parceiros. Para atingir este desígnio, a empresa assenta em valores como: a ética, a criatividade, a inovação, o pormenor e as soluções ajustadas, a paixão, a irreverência e a ousadia.

A estratégia de comunicação da empresa se assenta em objetivos como:

 Apresentar, Comunicar e Aproximar a marca junto do seu target;

 Informar e cativar os consumidores finais através da comunicação no ponto de venda;  Comunicar o conceito de marketing;

 Sensibilizar as equipas de trabalho da Enamorata para a importância de criar valor para a marca;

 Posicionar a marca no mercado nacional e cabo-verdiano.

Para suportar a sua estratégia de marketing e atingir o público-alvo de forma inteligente e cativante, a Enamorata desenvolve planos de ação que passam por:

 Produtos estratégicos  Produções de moda  Eventos

(31)

14  Campanhas  Datas Especiais  Ações de Charme

2.3. Organograma

A figura seguinte representa o organograma da empresa em 31 de Dezembro de 2013. A estrutura organizacional da Enamorata baseia-se na Gerência e em dois departamentos: o departamento comercial e o departamento de design.

Fig.1 Organigrama da Enamorata

A equipa da Enamorata é constituída atualmente por 4 elementos licenciados: sócia gerente, designer, comercial e um estagiário responsável pelo projeto de internacionalização da empresa. Conforme nos evidencia o quadro seguinte, trata-se de uma equipa jovem (gerente:49 anos, designer e comercial: 23 anos, estagiário académico: 28 anos).

(32)

15

Nome Data

Nascimento

Habilitações Função Ano de

admissão

David Manuel Martins Pires (3)

29/11/1975 Licenciatura Sócio Gerente 2012

Mª de Fatima Ferreira da Costa 13/03/1964 Licenciatura Diretora Executiva (sócia gerente a partir de 23/10/2013) 2012 Marta Sofia Carvalho (1) 24/06/1991 Licenciatura Comercial 2012 Mª João Mano Pinto (2) 06/05/1990 Licenciatura Designer 2013 Madalina Gherman (4) 05/04/1990 Licenciatura Comercial/ Marketing 2013

Dery Andrade (5) 31/07/1985 Licenciatura Projeto de

exportação

2013

Quadro 1 Dados relativos aos diferentes funcionários da Enamorata

(1) Deixou de pertencer à empresa a 31/08/2013

(2) Situação de estágio profissional de 12 meses- admitida a 01/10/2013 (3) Deixou de pertencer à empresa a 23/10/2013

(4) Situação de estágio profissional de 12 meses- admitida a 27/12/2013 (5) Situação de estágio académico de 3 meses- admitido a 04/11/2013

2.4. Gama de produtos

Fatos de banho e biquínis para mulher, homem e criança são os produtos que, atualmente, a Enamorata coloca no mercado. As toalhas de praia repelentes são uma nova aposta da empresa, que foi colocada recentemente no mercado.

A empresa pretende oferecer aos seus clientes soluções criativas, ideias inovadoras e serviços de qualidade que superem as suas expetativas, criando uma identidade pela diferenciação assente na contemporização das tradições e cultura portuguesas.

(33)

16

“Elegante”, “Prática”, “Ousada”, “Única”, “Confortável”, “Informal”, “Versátil”, “com Qualidade”, “Inovadora”, “Criativa”,… são adjetivos que a empresa pretende ver sempre associados às suas coleções.

Além de todas estas características a Enamorata está atenta às questões específicas relacionadas com as diferentes formas do corpo, idade e saúde, implicando para isso uma constante inovação face aos materiais que vão surgindo de forma a proporcionar produtos atuais e diferentes.

O quadro seguinte apresenta o tipo de produtos que a Enamorata tem a disposição do público além de uma divisão socioeconómica e comportamental face as diversas opções oferecidas pela empresa.

(34)

17 Enamorata Segmento p/

beneficio

Demografia Geográfica Comportamento Psicografia

Swimwear casual Mulheres dos 31 aos 50, Rendimento médio-alto, Elegância

Citadinas Praia, After sunset, Beach and

pool Parties, Cruzeiros, Termas Luxo, Beleza, Executivas lato, Qualidade elevada, Imagem Mulheres dos 18 aos 30, Rendimento médio-alto, Elegância

Citadinas Praia, After sunset, Beach parties, Festivais Beleza, Imagem, Sentido de pertença a um grupo/ícones a seguir, Estudantes/ 1ºemprego Homens dos 30 aos 50

Citadinos Praia, Piscina, Cruzeiros e Termas Beleza, Qualidade elevada, Imagem, Confiança, Diferença Crianças Citadinas Praia, Piscina,

Cruzeiros Prescritores (conforto, liberdade movimento, imitação/ligação mãe ou pai) Swimgerie Mulheres, Noivas,

Rendimento médio-alto, 30 aos

50, Elegância, Sofisticação

Citadinas Iates, Resorts, Private Pool Parties Luxo, Beleza, Qualidade elevada, Imagem, Confiança, Diferença Swimwear Design Peça exclusiva que é desenvolvida para apresentação da marca, exposição em

feiras internacionais, embora perfeitamente integrada na coleção. Especial, com valor acrescentado(matéria prima ou mão de obra) e disponível sob encomenda Swimwear Desportiva Mulheres, Atleta(hobbie) 30 aos 50, Elegância, Exigência

Citadinas Piscina, SPA, Triatlo, Health Clubs Alta performance e qualidade dos materiais, focada nos resultados. Leveza e conforto Homem, Atleta(hobbie) 30 aos 50, Elegância, Exigência

Citadinos Piscina, SPA, Triatlo, Health Clubs Alta performance e qualidade dos materiais, focada nos resultados. Leveza e conforto Swimwear Tailor-made Mulheres, Rendimento alto, 35 aos 65, Sofisticação

Citadinas Praia, Resort, SPA e Termas

Exclusividade, Luxo, Qualidade,

Perfect Fit, Exigência

Quadro 2 – Caraterização dos vários produtos oferecidos pela Enamorata

(35)

18

2.5. Indicadores Financeiros da Empresa

O quadro seguinte apresenta os dados financeiros relativos ao ano de 2012, ano em que a empresa foi constituída. Não se considerou importante fazer uma análise exaustiva destes indicadores devido ao facto da Enamorata ser uma empresa nova e incipiente no mercado, o que leva a haver menos dados disponíveis.

Quadro 3 – Indicadores Financeiros da Enamorata

Como se pode verificar a empresa apresenta, em 2012, um resultado liquido positivo. Os gastos com o pessoal e os fornecimentos e serviços externos totalizam 21.635,76€, valor superior ao volume de negócios. No entanto, existem subsídios à exploração de 7.667, 63€ que contribuem para o resultado positivo de 1.623,43€.

Quanto à liquidez (capacidade da empresa satisfazer as suas obrigações a curto prazo com ativos circulantes) podemos dizer que a empresa conseguiria fazer face às responsabilidades, visto que os rácios de liquidez são superiores a 100%. Contudo, com as disponibilidades (caixa e depósitos bancários) apenas poderia fazer face a 55% do passivo.

No que respeita à autonomia financeira (participação do capital próprio no financiamento da empresa) em 2012 foi de 15% ; tendo em conta que é inferior a 1/3 (33%) significa que existe uma excessiva dependência de capitais alheios (85%).

(36)

19

III – O MERCADO CABOVERDEANO

(37)
(38)

21

3. O MERCADO CABOVERDEANO

3.1. Enquadramento do País

A globalização veio conferir ao arquipélago de Cabo Verde uma acrescida centralidade no palco da economia regional onde usufrui de condições ímpares de projeção. Cabo Verde localiza-se, geograficamente, no centro das importantes rotas comerciais que ligam a África e a Europa aos mercados da América do Sul e da América do Norte, encontrando-se plenamente integrado regionalmente.

Cabo Verde é reconhecido como uma democracia multipartidária estável, com progressos significativos, ao longo dos últimos vinte anos, em termos da abertura dos mercados e da liberdade negocial. Apesar de uma conjuntura macroeconómica menos favorável, Cabo Verde tem continuado a merecer o apreço das principais instituições internacionais. Na edição de 2014, do Índice de Liberdade Económica, do Wall Street Journal e da Heritage Foundation, Cabo Verde é o terceiro país africano melhor classificado na África Subsaariana (apenas atrás da Maurícia e do Botswana). O arquipélago surge bem classificado em todas as 10 categorias que contribuem para a pontuação final do referido Índice, sobretudo nas liberdades monetária, financeira e de investimento. Igualmente, no Índice Ibrahim de Governação Africana, Cabo Verde surge classificado em 3º lugar entre os 52 países africanos analisados, em 2013. Deste modo, resulta reforçada a competitividade da economia do país e legitimada a ambição em se tornar uma referência para projetos empresariais e institucionais de internacionalização para a região da África Ocidental. O indicador de facilidade em fazer negócios do World Bank,

Doing Business 2014 (DB 2014), coloca o país na posição 121ª entre as 189 economias

analisadas, 2ª melhor classificada na África Central e Ocidental. No Índice de Desenvolvimento Humano, da Organização das Nações Unidas, Cabo Verde surge entre os países posicionados na classe “desenvolvimento humano médio”, sexto país melhor classificado da África Subsaariana.

(39)

22

Fig. 2 – Dados explicativos do ambiente de negócio em Cabo Verde ( Fonte: FMI, Banco Mundial, INE Cabo Verde, World Economic Forum)

A competitividade da economia, em termos dos requerimentos básicos (infraestruturas, instituições e contexto macroeconómico), dos potenciadores de eficiência (funcionamento dos mercados) e do nível de inovação e sofisticação tem permitido o posicionamento do arquipélago entre as mais competitivas economias do continente africano, sétimo lugar no ranking, apesar das limitações ainda reconhecidas, sobretudo, ao nível do mercado de trabalho e do contexto macroeconómico, paralelamente à incontornável exiguidade do mercado interno.

Cabo Verde beneficia do facto de se situar geograficamente no centro das importantes rotas comerciais que ligam a África e a Europa aos mercados da América do Sul e da América do Norte. A posição geoestratégica e a estabilidade económica, política e social, diferenciam Cabo Verde da maioria dos países africanos. Esta diferenciação positiva atraiu ao arquipélago

(40)

23

a ajuda pública ao desenvolvimento, as remessas dos emigrantes e, a partir da década de noventa, o investimento privado dirigido essencialmente para o setor do turismo.

A economia cabo-verdiana assenta, sobretudo, no setor dos serviços, com o comércio, os transportes, o turismo e os serviços públicos a representar cerca de 72% do PIB. Os recursos naturais são escassos, existindo graves e prolongadas faltas de água- potenciadas por longos e cíclicos períodos de seca - e solos pouco férteis em várias ilhas. Se bem que cerca de 40% da população habite em zonas rurais, a produção alimentar tem um peso muito reduzido no PIB (9,3% em 2014), o que implica que mais de 80% dos bens alimentares necessários ao país tenha de ser adquirida ao exterior.

Cabo Verde é uma pequena economia aberta, muito condicionada pela conjuntura externa, o que se explica pela elevada dependência face às importações de energia e de alimentos e face aos fluxos de capitais oriundos do estrangeiro (por exemplo, remessas de emigrantes e donativos). É uma economia terceirizada, onde os serviços, incluindo o turismo, representam cerca de 75% do PIB, sendo a base produtiva da indústria pouco desenvolvida (essencialmente ligada aos setores dos têxteis, do calçado e das pescas).

Numa perspetiva setorial a economia cabo-verdiana continuou, em 2013, a afirmar-se, fundamentalmente, como uma economia de serviços, cerca de 75% do PIB, com grande preponderância do turismo. Contudo, embora reconhecendo a centralidade do setor do turismo na economia do arquipélago, tal fato não tem reduzido o empenho das autoridades do país no sentido da projeção futura da economia das ilhas como uma eficaz plataforma alargada de serviços para toda a região da África Ocidental. Neste contexto, a par do turismo, outros setores de atividade têm vindo a ser privilegiados na diversificação da economia de Cabo Verde, garantindo a sustentabilidade do desenvolvimento a médio e longo prazo, como a logística e a segurança marítima, os transportes aéreos, as tecnologias de informação e da comunicação, as energias renováveis e o próprio setor financeiro.

A figura seguinte quantifica os principais indicadores macroeconômicos desde 2011 até 2014, apontando também as expetativas para os anos de 2015 e 2016.

(41)

24 Unidade 2011 2012 2013 2014 2015* 2016* População Milhares 491 494 509 506 512 519 PIB a preços de mercado 106 USD 1 867 1 795 1 920 2 071 2 221 2 382

PIB per capita USD 3 805 3 630 3 837 4 090 4 335 4 594

Crescimento real do PIB % 4,0 1,2 0,5 2,5 2,7 3,5 Taxa de inflação % 4,5 2,5 1,6 1,6 2,3 2,0 Taxa de desemprego % 16,0 16,8 17,0 12,0 10,0 9,0 Saldo do Setor Público % do PIB - 7,7 - 10,0 - 8,3 - 7,0 - 6,3 - 7,6

Divida Externa % do PIB 77,8 89,4 95,0 104,1 109,9 113,6

Saldo da Balança Corrente % do PIB - 16,3 - 11,9 - 2,7 - 6,8 - 9,2 - 10,4 Taxa de câmbio Eur/Escudo cv 1Eur=xcv 110,3 110,3 110,3 110,3 110,3 110,3

Quadro 4 Principais Indicadores Macroeconómicos ( Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU); FMI) Nota: *- previsão

Os próximos quadros apresentam os países principais clientes e fornecedores de Cabo Verde no período compreendido entre 2011 a 2013.

(42)

25

Mercado 2011 2012 2013

Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição

Espanha 66,6 1ª 72,0 1ª 66,7 1ª

Portugal 15,7 2ª 15,1 2ª 16,5 2ª

Itália 0,0 81ª 0,1 10ª 5,4 3ª

França 3,3 5ª 0,0 11ª 3,4 4ª

El Salvador 3,5 4ª 4,6 3ª 3,4 5ª

Quadro 5 Principais Clientes de Cabo Verde (Fonte: International Trade Centre (ITC), INE)

Mercado 2011 2012 2013

Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição

Portugal 39,1 1ª 39,9 1ª 40,2 1ª

Países Baixos 15,6 2ª 12,5 2ª 20,0 2ª

Espanha 10,0 3ª 7,7 4ª 7,9 3ª

Brasil 3,8 4ª 4,1 5ª 3,5 4ª

China 2,6 9ª 3,0 6ª 3,1 5ª

Quadro 6 Principais Fornecedores de Cabo Verde (Fonte: International Trade Centre (ITC), INE)

3.2. As relações comerciais entre Portugal e Cabo Verde

Cabo Verde, apesar da pequena dimensão da sua economia, é um importante parceiro comercial de Portugal, designadamente enquanto destino das exportações portuguesas (17º cliente em 2010 e 27º em 2013), já que no que se refere à origem das importações a sua

(43)

26

posição é bastante modesta (101º fornecedor em 2010 e 95º em 2013). Tendo como referência o conjunto de países africanos de língua oficial portuguesa, Cabo Verde é atualmente o 2º maior destino de exportações nacionais e superado apenas por Angola, e o 3º em termos de origem das importações, a seguir a Angola e Moçambique.

Posição e quota de Cabo Verde

Unidade 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Jan/Jul

Cabo Verde como cliente de Portugal Posição % Saídas 15 0,70 18 0,70 22 0,59 26 0,48 27 0,43 27 0,43

Cabo Verde como fornecedor de Portugal Posição % Entradas 104 0,01 101 0,01 91 0,02 96 0,02 95 0,02 96 0,02

Quadro 7 Posição e Quota de Cabo Verde em relação a Portugal (Fonte: INE)

Em 2013, as exportações portuguesas para Cabo Verde ascenderam a EUR 271 milhões, correspondendo 75% a exportação de bens. O saldo comercial entre os dois países é superavitário para Portugal, no valor de EUR 188 milhões, em 2013. Não obstante as exportações portuguesas de bens e serviços para Cabo Verde terem aumentado apenas 1% em 2013, Portugal viu reforçada a sua posição destacada de principal fornecedor, com um aumento de quota de 30%, em 2012, para 33%, em 2013. É de se referir que, apesar do quadro positivo e favorável a Portugal na relação comercial com Cabo Verde, a evolução recente da taxa média de variação anual entre 2010 e 2013 demonstra um recuo das exportações nacionais com destino a Cabo Verde (-8.2%) e um incremento das importações (15.0%).

(44)

27 BALANÇA COMERCIAL 2010 2011 2012 2013 2013 Jan/Jul 2014 Jan/Jul Exportações 262.590 253.786 215.611 202.089 117.509 121.851 Importações 7.476 9.971 9.114 11.384 6.548 6.896 Saldo 255.114 243.815 206.497 190.706 110.961 114.955

Quadro 8 – Balança comercial superavitária de Portugal em relação a CV relativo ao comércio de Bens (Fonte: INE) | Unidade: Milhares de Euros

Em termos do comércio externo cabo-verdiano, e de acordo com os dados divulgados pelo

International Trade Centre, verifica-se que Portugal mantém o primeiro lugar enquanto

fornecedor, representando 40,2% das importações em 2013. Enquanto cliente, Portugal detém a segunda posição, a seguir a Espanha, com uma quota de 16,5%. É de realçar que no período 2009-2013, as exportações portuguesas apresentaram um decréscimo médio anual de 1,6%, enquanto as importações registaram um crescimento de 13,2%.

Posição e Quota de Portugal

Unidade 2009 2010 2011 2012 2013

Portugal como cliente de Cabo Verde Posição % Export. CV 2 38,17 2 24,88 2 15,67 2 15,05 2 16,48

Portugal como fornecedor de Cabo Verde Posição % Import. CV 1 42,27 1 45,50 1 39,05 1 39,85 1 40,24

Quadro 9 – Posição e Quota de Portugal em relação a CV (Fonte: INE)

De um padrão de especialização setorial das exportações assente, principalmente, em produtos industriais transformados (mais de 94%), o grupo das máquinas e aparelhos tem sido

(45)

28

dominante nas exportações portuguesas para Cabo Verde (16,9% do total em 2013), embora tenha registado, no último ano, uma evolução negativa de 15,3% face a 2012. O grupo dos produtos agrícolas manteve a segunda posição no ranking das exportações (15,5% do total). Seguem-se, por ordem decrescente de valor, os produtos alimentares, os metais comuns, os produtos químicos e os minerais e minérios. O conjunto formado por estes seis principais grupos de produtos, tradicionalmente os mais representativos das exportações portuguesas para Cabo Verde, representou 75,3% do total em 2013 (74,5% em 2012 e 74% em 2011). Dados relativos a 2013 indicam que 40,4% das exportações portuguesas para Cabo Verde de produtos industriais transformados incidiram em produtos classificados como baixa tecnologia. Seguem-se os produtos de média-baixa intensidade tecnológica (26,7%), de média-alta tecnologia (23,3%) e de alta intensidade tecnológica (9,7%).

Os quadros seguintes apontam as exportações de Portugal para Cabo Verde. Os quadros estão divididos pelas quantidades dos vários grupos de produtos e suas respetivas quotas.

(46)

29 Exportações (Grupos de produtos) 2009 % Tot 2009 2012 % Tot 2012 2013 % Tot 2013 Var % 13/12 Máquinas e Aparelhos 40.233 18,1 40.462 18,8 34.288 17,0 -15,3 Agrícolas 21.360 9,6 30.522 14,2 31.493 15,6 3,2 Alimentares 29.215 13,1 29.225 13,6 28.848 14,3 -1,3 Metais comuns 22.133 9,9 22.317 10,4 21.640 10,7 -3,0 Químicos 18.864 8,5 18.867 8,8 18.872 9,3 0,0 Minerais e minérios 24.086 10,8 19.442 9,0 17.311 8,6 -11,0 Plásticos e Borracha 13.047 5,9 11.355 5,3 10.456 5,2 -7,9

Pastas celulósicas e papel 6.879 3,1 7.097 3,3 6.376 3,2 -10,2

Veículos e outro mat. transporte 13.695 6,1 7.039 3,3 5.537 2,7 -21,3 Madeira e cortiça 4.663 2,1 3.995 1,9 4.153 2,1 3,9 Matérias textêis 3.956 1,8 2.967 1,4 3.342 1,7 12,6 Instrumentos de ótica e precisão 3.151 1,4 3.159 1,5 3.162 1,6 0,1 Peles e couros 1.520 0,7 1.916 0,9 2.866 1,4 49,6 Combustíveis minerais 3.592 1,6 4.587 2,1 2.168 1,1 -52,7 Vestuário 2.439 1,1 2.629 1,2 2.006 1,0 -23,7 Calçado 690 0,3 365 0,2 305 0,2 -16,4 Outros produtos 13.009 5,8 9.666 4,5 9.267 4,6 -4,1 Total 222.532 100,0 215.611 100,0 202.089 100,0 -6,3

Quadro 10 – Exportações portuguesas para CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre 2013 e 2012 ( Fonte: INE) Unidade: Milhares de €

(47)

30 Exportações (Grupos de produtos) 2013 Jan/Jul % Tot 2013 2014 Jan/Jul % Tot 2014 Var % 14/13 Máquinas e Aparelhos 20.717 17,6 21.608 17,7 4,3 Agrícolas 18.840 16,0 18.013 14,8 -4,4 Alimentares 16.194 13,8 14.778 12,1 -8,7 Metais comuns 12.920 11,0 13.625 11,2 5,5 Químicos 11.097 9,4 12.392 10,2 11,7 Minerais e minérios 9.838 8,4 11.506 9,4 16,9 Plásticos e Borracha 6.111 5,2 5.961 4,9 -2,5

Pastas celulósicas e papel 3.522 3,0 3.765 3,1 6,9

Veículos e outro mat. transporte 3.050 2,6 4.160 3,4 36,4 Madeira e cortiça 2.341 2,0 2.824 2,3 20,6 Matérias textêis 1.674 1,4 2.372 1,9 41,7 Instrumentos de ótica e precisão 1.445 1,2 1.686 1,4 16,7 Peles e couros 1.712 1,5 1.479 1,2 -13,6 Combustíveis minerais 1.261 1,1 978 0,8 -22,4 Vestuário 1.205 1,0 1.404 1,2 16,5 Calçado 166 0,1 304 0,2 83,5 Outros produtos 5.414 4,6 4.996 4,1 -7,7 Total 117.509 100,0 121.851 100,0 3,7

Quadro 11 – Exportações portuguesas para CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre o 1º semestre de 2014 e o mesmo período de 2013 ( Fonte: INE) Unidade: Milhares de €

(48)

31

As importações originárias de Cabo Verde são claramente mais concentradas do que as exportações portuguesas para este mercado, com o calçado e o vestuário (produtos essencialmente fabricados pelas empresas portuguesas instaladas em Cabo Verde) a representarem, em conjunto, 62,6% do total importado em 2013 (58,7% no ano anterior). Se considerarmos ainda as máquinas e aparelhos (12,1%) e os produtos agrícolas (12,1%), significa que apenas quatro grupos de produtos são responsáveis por 86,8% das importações totais.

Mais de 78% das importações portuguesas de produtos industriais transformados provenientes de Cabo Verde (que representam 90,1% das importações totais de 2013) corresponde a produtos de baixa intensidade tecnológica, seguindo-se os produtos de média-alta tecnologia (17,0%).

Portugal tem uma quota bastante significativa em vários produtos importados por Cabo Verde. Destacam-se os produtos alimentares, como por exemplo o leite onde 80% das importações do país deste produto foram fornecidas por Portugal (em 2013), os sumos de fruta (82%), a cerveja (91%) e o vinho (80%).

Os quadros seguintes demonstram as importações de Portugal provenientes de Cabo Verde. Os quadros estão divididos pelas quantidades dos vários grupos de produtos e suas respetivas quotas.

(49)

32 Importações (Grupo de Produtos) 2009 % Tot 2009 2012 % Tot 2012 2013 % Tot 2013 Var % 13/12 Máquinas e Aparelhos 204 2,8 1.742 19,1 1.381 12,1 -20,7 Agrícolas 352 4,9 992 10,9 1.380 12,1 39,1 Alimentares 1.161 16,0 304 3,3 289 2,5 -4,9 Metais comuns 40 0,6 220 2,4 287 2,5 30,6 Químicos 17 0,2 13 0,1 1 0,0 -88,3 Minerais e minérios 3 0,0 25 0,3 65 0,6 161,6 Plásticos e Borracha 4 0,1 32 0,3 97 0,8 205,1 Pastas celulósicas e papel 21 0,3 17 0,2 24 0,2 39,1

Veículos e outro mat.

transporte 306 4,2 226 2,5 417 3,7 84,8 Madeira e cortiça 1 0,0 10 0,1 0 0,0 -96,7 Matérias textêis 6 0,1 39 0,4 164 1,4 318,0 Instrumentos de ótica e precisão 40 0,6 37 0,4 122 1,1 229,7 Peles e couros 0 0,0 34 0,4 10 0,1 -70,1 Combustíveis minerais 0 0,0 5 0,1 6 0,1 26,8 Vestuário 2.161 29,8 1.739 19,1 3.146 27,6 80,9 Calçado 2.892 39,9 3.605 39,6 3.983 35,0 10,5 Outros produtos 21 0,4 75 0,8 12 0,1 -84,1 Total 7.230 100,0 9.114 100,0 11.384 100,0 24,9

Quadro 12 Importações portuguesas provenientes de CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre 2013 e 2012 ( Fonte: INE) Unidade: Milhares de €

(50)

33 Importações (Grupo de Produtos) 2013 Jan/Jul % Tot 2013 2014 Jan/Jul % Tot 2014 Var % 14/13 Máquinas e Aparelhos 552 8,4 378 5,5 -31,6 Agrícolas 819 12,5 475 6,9 -41,9 Alimentares 169 2,6 458 6,6 170,2 Metais comuns 171 2,6 220 3,2 28,4 Químicos 1 0,0 14 0,2 § Minerais e minérios 14 0,2 24 0,3 73,0 Plásticos e Borracha 50 0,8 37 0,5 -25,0 Pastas celulósicas e papel 9 0,1 0 0,0 -97,5

Veículos e outro mat. Transporte 369 5,6 66 1,0 -82,2 Madeira e cortiça 0 0,0 1 0,0 139,9 Matérias textêis 163 2,5 14 0,2 -91,4 Instrumentos de ótica e precisão 55 0,8 13 0,2 -75,8 Peles e couros 10 0,2 -100,0 Combustíveis minerais 0 0,0 § Vestuário 1.682 25,7 2.496 36,2 48,5 Calçado 2.480 37,9 2.699 39,1 8,8 Outros produtos 4 0,1 1 0,0 -81,2 Total 6.548 100,0 6.896 100,0 5,3

Quadro 13 – Importações portuguesas prov. de CV por Grupos de produtos e Variação percentual entre o 1º semestre de 2014 e o mesmo período de 2013 ( Fonte: INE) Unidade: Milhares de €

(51)

34

Ao longo dos últimos anos e até 2008, registou-se um aumento contínuo do número de empresas portuguesas que exportaram produtos para Cabo Verde (2.633 em 2004 que compara com 3.697 em 2008). No entanto, em 2009, verificou-se uma queda significativa, não indo além das 2.784 empresas exportadoras, situação que se inverteu nos dois anos seguintes, 2.832 e 2.942 empresas, respetivamente. Em 2012, último ano disponível, o total caiu para 2.823 empresas.

Os reduzidos níveis de produção e de industrialização de Cabo Verde são os principais fatores que levam ao recurso às importações para satisfação da procura interna. O país importa cerca de 80% dos produtos alimentares que consome, pelo que há oportunidades de exportação de produtos de consumo generalizado e gourmet, tais como produtos lácteos, azeite, óleos alimentares, frutas, leguminosas e vegetais enlatados, sumos, vinhos, cervejas e produtos congelados, como peixe e vegetais. É neste sentido, que as empresas portuguesas encontram bastantes potencialidades nas exportações para este país, beneficiando das boas relações históricas e institucionais existentes para posicionar Portugal como a parceiro comercial mais importante para Cabo Verde.

3.3. Exportar para Cabo Verde

A liberalização do comércio externo em Cabo Verde tem vindo a ser executada de forma gradual e progressiva, quer através da simplificação dos procedimentos legais, quer da adoção de medidas de descontingentação das operações de importação. Com o objetivo de efetuar uma aproximação às normas da OMC em matéria de simplificação dos procedimentos e circuitos de registo e licenciamento das operações de comércio externo foi publicado o Decreto nº 68/2005, que revê o regime legal em vigor nesta matéria, revogando o Decreto-Lei nº 51/2003.

Com esta reforma, é definido um quadro liberal em matéria de comércio externo, ou seja, as operações de importação e exportação são livres para os importadores e exportadores devidamente credenciados nos termos da lei. No que respeita ao licenciamento das importações, o sistema administrativo compreende três modalidades:

(52)

35 - Importações dispensadas de licenciamento; - Importações sujeitas a licenciamento automático; - Importações sujeitas a licenciamento não automático.

Entre as mercadorias dispensadas de licenciamento encontram-se: aquelas sem valor comercial (definidas por lei); as operações de aperfeiçoamento ativo e passivo, de importação temporária, reimportação no Estado, reexportação e de trânsito; e as importações sujeitas a regimes aduaneiros especiais.

Como princípio geral, todas as mercadorias estão sujeitas ao licenciamento automático, salvo as que estão submetidas a controlos sanitários, fitossanitários e de segurança e as mercadorias objeto de restrições(obrigatoriamente definidas por lei).

O licenciamento automático será efetivado mediante a apresentação da declaração aduaneira na Alfândega, cuja emissão é da competência do Ministério responsável pela área do comércio. Quando se tratar de licenciamento não automático, os operadores económicos necessitam de obter autorização prévia junto das autoridades competentes.

A Pauta Aduaneira de Cabo Verde baseia-se no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, correspondente à Nomenclatura Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de que Cabo Verde é membro. Aprovada em 2002, esta pauta contempla direitos aduaneiros ad- valorem, variando as respetivas taxas entre 0% e 50% (ex.: cacau; águas e refrigerantes; cervejas; vinhos e bebidas espirituosas; tabaco; sabões; peles em pêlo em bruto, curtidas ou acabadas; tratores usados com mais de 10 anos; móveis de metal, madeira ou plástico; obras de marfim). A Pauta Aduaneira pode ser consultada no site das Alfândegas de Cabo Verde.

Importa referir, a este propósito, que depois da adesão à OMC em 2008, após sete anos de negociações, o país concordou numa consolidação tarifária com taxas a variar de 0% a 55%, envolvendo algumas das condições a redução progressiva dos direitos aduaneiros até 2018, o que determinará uma taxa máxima média de 15%. Quanto aos produtos agrícolas, Cabo Verde concordou numa consolidação tarifária nos 19%. Ainda neste contexto, e para fazer face aos compromissos da OMC, está em curso o projeto “Reforma Aduaneira” que visa apoiar e facilitar a participação ativa do país no sistema multilateral de comércio, aumentando o grau de aplicação do regime aduaneiro.

(53)

36

Além dos direitos de importação, existe ainda um conjunto de direitos específicos e outros encargos que incidem sobre os produtos importados:

- Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) – Introduzido em janeiro de 2004, estabelece uma taxa geral no valor de 15% e uma de 6% para os serviços de hotelaria e restauração. Alguns bens (considerados essenciais no consumo) estão isentos (taxa 0%). A taxa do IVA é aplicada sobre o valor CIF (custo, seguro e frete) + DI (direitos de importação).

- Imposto de Consumos Especiais (ICE) – Aplicável aos bens supérfluos, de luxo ou indesejáveis por razões de política económica, social ou ambiental (ex.: bebidas espirituosas, os vinhos, os espumantes, a cerveja e o tabaco). A taxa base é de 10%, havendo alguns produtos com taxas mais elevadas de 20% (ex.: cigarros e charutos), 40% (ex,: cerveja, vinhos, bebidas espirituosas), 40%, 80% ou 150% (veículos automóveis, para o transporte de pessoas e para transporte de mercadorias, até 5 toneladas, usados, respetivamente, com mais de 4 e até 6 anos de idade, mais de 6 e até 10 anos de idade e mais de 10 anos de idade). - Taxa Ecológica (TE) – Estão sujeitos à Taxa Ecológica os produtos constantes do Anexo I da Lei n.º 17/VIII/2012, de 23 de agosto (ex.: pilhas, artigos de transporte ou de embalagem de plástico-incluindo rolhas- vidro, metal, papel e cartão revestidos, caixotes e caixas de madeira, entre outros). O valor da taxa é fixado em função de cada quilograma de produtos importados e consta da Tabela I da referida Lei.

- Taxa Comunitária (TC) – Decorre do Tratado da CEDEAO/ECOWAS, com a finalidade de gerar recursos para financiar as atividades da Comunidade. A base tributária de aplicação desta taxa é constituída pelo valor das mercadorias importadas para consumo no espaço da CEDEAO, provenientes de países terceiros, havendo, no entanto, algumas situações de isenção. A taxa base deste imposto é de 0,5% sobre o valor CIF da mercadoria.

- Serviços aduaneiros – Pela prestação de serviços aduaneiros é cobrada uma taxa de 1,04% sobre o valor CIF da mercadoria.

- Taxa Estatística Aduaneira (TEA) – Criada através do Orçamento de Estado para 2013 incide sobre as utilidades prestadas aos particulares através do sistema SYDONIA++ e é cobrada por declaração aduaneira (5000 ECV por declaração), por cada adição de mercadorias à declaração aduaneira (1500 ECV por adição), por cada pedido de levantamento (3000 ECV

(54)

37

por pedido), por cada processo de isenção aduaneira (6000 ECV por processo), entre outros casos.

- Serviços de inspeção zoossanitária e fitossanitária – Pela inspeção de animais, produtos de origem animal, vegetais, produtos de origem vegetal e produtos de pesca são cobradas taxas de acordo com o número de animais ou quilogramas de produtos efetivamente inspecionados. No Apêndice 1 será apresentado as taxas alfandegárias e os impostos que incidem, especificamente, sobre os produtos exportados pela Empresa Enamorata.

3.4. Análise Swot do Mercado caboverdeano

Pontos Fortes Pontos Fracos

 Crescimento demográfico

Rendimento per capita crescente

 Língua comum (português)

 Forte ligação histórico-cultural entre CV e Portugal

 Habituação do consumidor aos produtos e marcas portuguesas

 Forte presença das empresas portuguesas no mercado

 Boas relações institucionais e de cooperação entre os governos caboverdeano e português

 Estabilidade politica e econômica

 Ligação da moeda local ao euro (taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada para o Euro)

 Sistema de transporte e logística mais favorável( ligações aéreas diárias e bons aeroportos internacionais)

 Curta distância geográfica e “curta distância psíquica” (Johansson & Vahlne,2009) entre CV e PT

 Dificuldades logísticas (p.e., Porto de Palmeira, Sal)

 Fraca produção local

 Rede de abastecimento de água potável insuficiente e deficiente

 Sistema de saneamento básico insuficiente e deficiente

 Recolha de lixo deficitária

 Rede elétrica deficiente

 Rede viária de fraca qualidade

 Dispersão do mercado (país insular)

 Alta taxa de desemprego

Imagem

Fig. 2 – Dados explicativos do ambiente de negócio em Cabo Verde ( Fonte: FMI, Banco Mundial, INE  Cabo Verde, World Economic Forum)
Fig. 4 – Modelo de fluxo lógico relativo ao processo de decisão de entrada num mercado externo (Fonte:
Fig. 6 – Modelo hierárquico de escolha do modo de entrada (Fonte: Pan e Tse, 2000)
Fig. 7 – Classificação dos Estímulos à Exportação (Fonte: Leonidou, Katsikeas, Palihawadana e Spyropoulou; 2007)

Referências

Documentos relacionados

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

One of the main strengths in this library is that the system designer has a great flexibility to specify the controller architecture that best fits the design goals, ranging from

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Em síntese, no presente estudo, verificou-se que o período de 72 horas de EA é o período mais ad- equado para o envelhecimento acelerado de sementes de ipê-roxo

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,

Considerando que o MeHg é um poluente ambiental altamente neurotóxico, tanto para animais quanto para seres humanos, e que a disfunção mitocondrial é um