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O ASPECTO AMBIENTAL RESPALDADO POR LEI

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Academic year: 2019

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O ASPECTO AMBIENTAL RESPALDADO POR LEI

Geliane Toffolo1 geliane_unioeste@hotmail.com

Mafalda Nesi Francischett2 mafalda@wln.com.br UNIOESTE/Campus de Francisco Beltrão-PR

Resumo: Devido ao aumento dos problemas ambientais vivenciados cotidianamente,

este artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre a elaboração de Políticas Públicas relacionadas à proteção do meio ambiente. Para isso, foram analisadas duas das principais leis ambientais brasileiras: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e a Lei No 9.795, de 27 de Abril de 1999. A legislação procura esclarecer a importância do cuidado, preservação, conservação e restauração do meio ambiente, sendo este um bem comum de direito de todos e um dever do Poder Público de garantir com que estas ações aconteçam em todas as esferas da sociedade. A Lei 9795/99 é mais específica, trata da forma com que deve ser transmitida, inclui toda a sociedade como responsável pela proteção do meio ambiente e das problemáticas ambientais. Enquanto a Constituição de 1988 considera somente o âmbito geral, não as especificidades do meio ambiente. É nesse contexto que se encaminha esta investigação, numa reflexão sobre como a questão ambiental é tratada nestas leis e de que maneira ela é abordada, com a finalidade de um melhor entendimento dos assuntos abordados.

Palavras-chave: legislação ambiental, educação ambiental.

BACKED BY THE ENVIRONMENTAL ASPECT LAW

Abstract: Due to the increase of the environmental problems lived daily, this article has for objective to present a reflection about the elaboration of Public Politics related to the protection of the environment. For that, two of the main Brazilian environmental laws were analyzed: the Constitution of the Federal Republic of Brazil of 1988 and the Law in the 9.795, of April 27, 1999. The legislation tries to explain the importance of the care, preservation, conservation and restoration of the environment, being this a very common of right of all and a duty of the Public Power of guaranteeing with that these actions happen in all of the society’s spheres. The Law 9795/99 is more specific, it treats in the way with that it should be transmitted; it includes the whole society as responsible for the protection of the environment and of the environmental problems. While the Constitution of 1988 considers only the general extent, does not the specificities of the environment. It is in that context that heads this investigation, in a

1 Acadêmica do curso de pós-graduação Stricto Sensu – Mestrado em Geografia - UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão/PR.

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reflection on how the environmental subject it is treated in these laws and in what way she is approached, with the purpose of a better understanding of the approached subjects.

Keywords: environmental legislation, environmental education. INTRODUÇÃO

O espaço geográfico ao longo do tempo histórico foi modificado por vários fatores naturais, sociais, econômicos e políticos. Com isso surgem também os problemas ambientais, que se agravam a cada dia com maior intensidade. Isto ocorre a partir da Revolução Industrial, sem contar que estamos vivenciando várias catástrofes, fenômenos da própria natureza e do resultado da ação do homem sobre ela.

Essas mudanças são decorrentes, principalmente do processo econômico, principalmente pelo abuso da extração e exploração dos recursos. Isto causa degradação e culmina numa crise socioambiental. Assim, os valores, os modos de produção bem como os conhecimentos estão sendo questionáveis. Pois toda formação social e todo tipo de desenvolvimento têm como base as formas de apropriação social e a transformação da natureza.

Toda esta exploração desencadeou mudanças no mundo, que ameaçam a estabilidade e sustentabilidade dos ecossistemas no planeta. Por isso, nas últimas décadas, vem crescendo as discussões sobre a preservação ambiental, tanto por parte da sociedade civil, quanto dos governos. Surgem as leis que visam preservar, recuperar e conservar o meio ambiente, como é o caso da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e da Lei No 9.795, de 27 de Abril de 1999. Porém, a conservação e a restauração dos recursos naturais esbarram em problemas, como o custo alto, o descaso da sociedade em geral e a dificuldade que o Poder Público tem para fiscalizar o cumprimento das leis ambientais.

A crise ambiental também é decorrente do crescimento econômico e populacional descontrolados, dos desequilíbrios ecológicos e da desigualdade social, da relação desarmônica dos seres humanos para com a natureza, que vêm se intensificando mais nos últimos anos, colocando em risco e extinguindo a vida no planeta.

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participação mais efetiva do poder público, através de políticas que sejam para todos, mas que considerem cada especificidade.

UM OLHAR SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

No Brasil, visando à preservação do meio ambiente, foi criada a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a qual dedicou, em seu Capítulo VI, atenção para a questão do meio ambiente. Esta deixa claro em seu art. 225, que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos, para que se chegue a uma boa qualidade de vida. Portanto, fica a cargo do Poder Público e da coletividade defender e preservar para que as atuais e futuras gerações possam ter garantidos os recursos naturais.

Em seu art. 225, seção 1º, a Constituição Federal de 1988 deixa claro:

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988).

A Constituição Federal de 1988 encarrega o Poder Público de fiscalizar as ações de preservação, restauração da imensa biodiversidade de nosso País. Porém, há necessidade de se estabelecer medidas efetivas para o controle eficaz dos órgãos que realizam pesquisas nesse meio, a fim de que sejam tomadas as decisões acertadas sobre como conservar ou restaurar a biodiversidade já prejudicada.

Para implantação de políticas ambientais que sejam eficazes é necessário que alguns fatores sejam levados em consideração:

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maneiras de participação comunitária na gestão social de suas atividades produtivas (LEFF, 2002, p. 68).

A Constituição Federal de 1988 trata ainda em seu art. 225 da exigência de se fazer um estudo sobre o impacto ambiental antes da instalação de uma obra ou uma atividade que tenha potencial de causar intensa degradação do meio ambiente. E a notória fiscalização quanto ao controle da produção, comercialização e a utilização de substâncias e métodos que possam causar impactos tanto na fauna quanto na flora do país.

A Constituição Federal de 1988 não especifica o conceito de Educação Ambiental, somente afirma que deve estar presente em todos os níveis de ensino, através da qual deverá ocorrer a conscientização da população sobre a preservação do meio ambiente. “A consciência ambiental constitui-se em condições culturais, geográficas, políticas e econômicas específicas que afetam os diferentes grupos sociais e as nações onde se produzem diversas problemáticas ambientais” (LEFF, 2002, p. 145). A Educação Ambiental colocada como responsabilidade social, tem como objetivo desenvolver a consciência ecológica, para que todos possam enfrentar a complexidade, já que, entende-se que os problemas sociais são frutos de práticas sociais.

Acrescenta na 1a seção que as pessoas que venham a causar danos à fauna e flora devem responder como processo criminal perante suas ações danosas. Proíbe as práticas que coloque em risco a função ecológica, que possa causar a extinção de espécies ou a crueldade com os animas, também sendo responsabilizadas perante a lei.

Já nas seções 2a e 3a, a Constituição trata da exploração de recursos minerais e de sansões penais aos infratores. A obrigação de recuperar o meio ambiente degradado, a quem vier a prejudicá-lo, é assegurada por lei, e fica a cargo do órgão público competente. Portanto, quem vier a promover atitudes ou atividades que lesem ao meio ambiente devem sofrer sanções penais e administrativas, ficando estes responsáveis por reparar os danos causados.

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A Constituição dispõe em sua seção 6a que “As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem a qual não poderão ser instaladas” (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). Isto visa evitar impactos ao meio ambiente. Já que o impacto causado, caso venha a ocorrer um acidente nuclear, é catastrófico, prejudicando também toda população que venha a residir nas proximidades da usina.

Para garantir o proposto na legislação o Estado conta com o apoio:

[...] o Estado vale-se das normas constitucionais e infraconstitucionais. Quanto às últimas, estabelece, através da lei e de regras que a complementam, a conduta dos que se relacionam com o meio ambiente. Aos infratores, independente das sanções civis e penais, impõe punições administrativas. Esta relação jurídica que estabelece entre o Estado e o cidadão é regrada pelo Direito Administrativo que se reveste da maior parcela de importância, tantas são as situações por ele reguladas (FREITAS, 2003, p. 20).

Percebe-se que a Constituição Federal em relação ao meio ambiente, é ainda muito abrangente, porém oferece ao Poder Público e a coletividade alguns meios necessários para a preservação desse bem comum da humanidade, como a penalização dos infratores que promovam crimes ambientais. É notável também a preocupação com a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e com a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Porém percebe-se ainda que há necessidade de mais atenção por parte do Poder Público para a questão ambiental, pois a falta de órgãos para fiscalizar e se fazer cumprir o exposto na legislação cria precedentes de exploração sem controle.

Ao atribuir ao Poder Público e a coletividade o dever de defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado, se desejou chamar a atenção para a responsabilidade não somente do Estado como também dos cidadãos. Porém, o ideal seria que a coletividade tivesse noção de seu importante papel nessa atividade, mas a verdade é que nem todos possuem consciência da importância da questão. Pois a própria Legislação é de difícil entendimento, com linguajar muito técnico para entendimento de todos. A grande maioria da população desconhece a legislação.

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A resolução dos problemas ambientais [...], implica uma racionalidade ambiental e um conjunto de processos sociais: a incorporação dos valores do ambiente na ética individual, nos direitos humanos e na norma jurídica dos atores econômicos e sociais; a socialização do acesso e apropriação da natureza; a democratização dos processos produtivos e do poder político; as reformas do Estado que lhe permitam mediar a resolução de conflitos de interesses em torno da propriedade e aproveitamento dos recursos e que favoreçam a gestão participativa e descentralizada dos recursos naturais; o estabelecimento de uma legislação ambiental eficaz que normatiza os agentes econômicos, o governo e a sociedade civil; as transformações institucionais que permitam uma administração transetorial do desenvolvimento; e a reorientação interdisciplinar do desenvolvimento do conhecimento da formação profissional (LEFF, 2002, p. 112).

O envolvimento de todos em um processo complexo que engloba desde a mudança de valores sociais e culturais à socialização de conhecimentos, trariam medidas eficazes e acertadas a respeito da problemática ambiental. A orientação interdisciplinar, uma melhor formação de profissionais do ensino, para atuar nas instituições e formando mentalidades, as quais visem à sensibilização dos educandos para a Educação Ambiental. Essas são algumas das atitudes que devemos ter para que o objetivo de mobilização social aconteça. Mas essas mudanças devem contar com o apoio de políticas públicas que sejam eficazes, que mobilizem todos os setores da sociedade, visando uma transformação através do entendimento sobre a questão ambiental.

LEI NO 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999

A Lei 9795 de Abril de 1999 é uma Política Nacional de Educação Ambiental, foi criada para organizar a questão sobre a Educação Ambiental, que é um direito de todos. Assim esta Lei entende por Educação Ambiental:

Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio

dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e

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A Educação Ambiental da forma como está exposta na Lei 9795/99 busca integrar indivíduo e sociedade, para que estes possam construir coletivamente novos valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências para a conservação do meio ambiente, já que este é um bem de uso comum dos seres humanos, fundamental para a manutenção de uma boa qualidade de vida:

A qualidade de vida está necessariamente conectada com a qualidade do ambiente, e a satisfação das necessidades básicas, com a incorporação de um conjunto de normas ambientais para alcançar um desenvolvimento equilibrado e sustentado [...], mas também de formas inéditas de identidade, de cooperação, de solidariedade, de participação e de realização, bem como de satisfação de necessidades e aspirações por meio de novos processos de trabalho (LEFF, 2002, p. 149).

Para que os objetivos propostos na Lei sejam cumpridos é importante que a Educação Ambiental esteja incluída na Educação Nacional, portanto, encarrega o Poder Público de tratar desta questão, seja de maneira formal ou não formal, porém há a necessidade de que se faça a articulação em todo processo educativo, estando sempre voltada para a conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente. Ficando garantida pelos Parâmetros Curriculares de 1996, para o Ensino Fundamental:

A questão ambiental vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis. [...]. Por estas razões, vê-se a importância de se incluir a temática do Meio-Ambiente como tema transversal dos currículos escolares, permeando toda prática educacional. A intenção deste documento é tratar das questões relativas ao meio-ambiente em que vivemos, considerando seus elementos físicos e biológicos e os modos de interação do homem e da natureza, por meio do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia (PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais, 1996).

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as disciplinas terão que incluir e adequar a Educação Ambiental aos assuntos abordados em sala de aula, já que:

O saber ambiental constitui novas identidades nas quais se inscrevem os atores sociais que mobilizam a transição para uma racionalidade ambiental. Nesse sentido, o saber ambiental se produz numa relação entre teoria e práxis. O conhecer não se fecha em sua relação objetiva com o mundo, mas abre-se para a produção de novos sentidos civilizatórios. Isso implica a necessidade de desconstruir a racionalidade que fundou e construiu o mundo, no limite da razão modernizadora que a conduziu a uma crise ambiental, para gerar um

novo saber no qual se reinscreve o ser no pensar e se reconfiguram as identidades mediante um diálogo de saberes, na dimensão aberta pela complexidade ambiental para o re-conhecimento e a re-apropriação do mundo (LEFF, 2002, p. 189).

A Lei 9795/99 é específica ao designar que tanto o ensino formal quanto o não formal devem colaborar como responsabilidade de esclarecimentos a sociedade sobre a questão. Também dispõe sobre a importância que as instituições públicas ou privadas de educação, os órgãos que integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), os meios de comunicação em massa, as empresas, as entidades de classes, ou seja, a sociedade como um todo, esteja engajada em promover uma Educação Ambiental. Mas para que ocorra a sensibilização de todos é necessário que ocorra a colaboração de programas educacionais, para que se faça a disseminação dessa idéia, a fim de que ações e práticas de identificação e solução de problemas ambientais sejam tomadas, com a finalidade de prevenção, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente. Assim a Lei 9795/99 entende por princípios básicos da Educação Ambiental:

Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade (LEI N° 9.795, de 27 de abril de 1999).

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maneira equitativa. Pois “A crise ambiental é um resultado do desconhecimento da lei (entropia), que tem desencadeado no imaginário economicista uma “mania de crescimento”, de produção sem limites” (LEFF, 2002, p. 195).

Outro princípio básico da Educação Ambiental segundo a Lei 9795/99 é a compreensão de meio ambiente em sua totalidade, considerando a interligação entre o social, econômico e cultural, mas sob o ponto de vista da sustentabilidade, assim necessita-se de:

O planejamento de políticas ambientais para um desenvolvimento sustentável, baseado no manejo integrado dos recursos naturais, tecnológicos e culturais de uma sociedade, conduz à necessidade de compreender as inter-relações que se estabelecem entre processos históricos, econômicos, ecológicos e culturais no desenvolvimento das forças produtivas da sociedade. Isto obriga a pensar nas relações de interdependência e multicausalidade entre os processos sociais e ecológicos que condicionam o potencial produtivo dos recursos de uma formação social, seus níveis de produtividade e as condições de preservação e regeneração dos recursos naturais (LEFF, 2002, p. 78).

Ainda como princípio básico da Educação Ambiental, a Lei 9795/99 acrescenta:

III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;

V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural (LEI N° 9.795, de 27 de abril de 1999).

Conforme a Lei, as diversas idéias e os conhecimentos pedagógicos devem estar articulados entre todas as disciplinas, de forma inter, multi e transdisciplinar, segundo Leff, alguns desses conceitos precisam ser melhor avaliados para termos uma melhor compreensão, quanto à interdisciplinariedade:

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A transdisciplinariedade:

A transdisciplinariedade pode ser definida como um processo de intercâmbio entre diversos campos e ramos do conhecimento científico, nos quais uns transferem métodos, conceitos, termos e inclusive corpos teóricos inteiros para outros, que são incorporados e assimilados pela disciplina importadora, induzindo um processo contraditório de avanço/retrocesso do conhecimento, característico do desenvolvimento das ciências (LEFF, 2002, p. 83).

Conforme a Lei 9795/99, procura-se através da interligação dos diversos campos do saber, ou seja, das diversas disciplinas que trabalham a Educação Ambiental nos locais de ensino. E vai além quando coloca que este saber ambiental deve estar vinculado a ética, a educação, ao trabalho e as práticas sociais. Devendo ser contínuo, crítico e considerar as particularidades locais da questão ambiental, reconhecendo a diversidade dos indivíduos e da cultura.

Para entendermos melhor o que é ser crítico em Educação Ambiental, faz-se necessário dizer que:

[...] as proposições críticas admitem que o conhecimento é uma construção social, historicamente datada, não-neutra, que atende as diferentes fins em cada sociedade, reproduzindo e produzindo relações sociais, inclusive as que referem à vinculação entre sabe e poder. (LOUREIRO, 2006, p. 52).

Então para que consigamos um processo de formação crítica na Educação Ambiental, precisamos construir conhecimentos na coletividade e nos posicionarmos frente às dificuldades, de maneira que nossas ações possam construir e superar a atual situação em nome de uma sociedade cada vez mais democrática, mais justa e solidária.

Para que consigamos elaborar atitudes que visem a Educação Ambiental, precisamos levar em conta um planejamento que vise à sustentabilidade dos recursos, assim faz-se necessário uma articulação das diversas ciências com os saberes das diversas disciplinas, a fim de promover a interferência nesse processo, através da elaboração de conceitos práticos.

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sustentável; as múltiplas idéias e conhecimentos educacionais representados nas diversas disciplinas e na interação destas várias áreas do conhecimento; a união entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a responsabilidade da continuidade e permanência do sistema educacional; a avaliação crítica durante o processo educativo; o estudo e a junção das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à multiplicidade e a diferença individual e cultural. Essas são algumas das questões que devem ser observadas e respeitadas ao se tratar de Educação Ambiental.

O ser humano precisa compreender os fenômenos naturais, ou seja, o meio ambiente como um todo, considerando os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, mas do ponto de vista da sustentabilidade. Para que haja compreensão desses fenômenos é necessário adquirir conhecimentos sobre a questão ambiental, que venham a contribuir com a resolução dos problemas.

Faz-se necessário então, a interação em sociedade, através da democracia e participação de todos, para que os conhecimentos já adquiridos nos estabelecimentos de ensino, através das diversas disciplinas curriculares, possam ser discutidos/debatidos e aperfeiçoados com a atualidade. Dessa interação provavelmente irá surgir muitas e as mais variadas idéias, para esclarecer melhor essa problemática ambiental e consequentemente tomar medidas que proporcionem a preservação do meio ambiente. Para dar apoio a essas atitudes é necessária a construção de Políticas Públicas que sejam eficazes na questão ambiental:

Para poder implementar políticas ambientais eficazes é necessário reconhecer os efeitos dos processos econômicos atuais sobre a dinâmica dos ecossistemas. É preciso avaliar as condições ideológicas, políticas, institucionais e tecnológicas que determinam a conservação e regeneração dos recursos de uma região, os modos de ocupação do território, as formas de apropriação e usufruto dos recursos naturais e de divisão de suas riquezas, bem como o grau e as maneiras de participação comunitária na gestão social de suas atividades produtivas (LEFF, 2002, p. 68).

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Constituição Federal de 1988, a preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos.

O art. 5o desta Lei trata dos objetivos da Educação Ambiental, entre os quais estão:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social (LEI N° 9.795, de 27 de abril de 1999).

Para que a Educação Ambiental ocorra respondendo a todos os objetivos, faz-se necessário que as informações sobre as questões ambientais sejam acessíveis a todas as sociedades. Pois é através da análise crítica das diversas questões que serão tomadas as atitudes que promovem a qualidade do meio ambiente. “Uma Educação Ambiental que se pretenda crítica está atrelada aos interesses das classes populares, dos “oprimidos” que, em uma situação histórica, buscam romper com as relações de desigualdade (dominação) presentes na sociedade” (GUIMARÃES, 2000, p. 71).

Incentivar a participação de todos de maneira permanente na preservação do meio ambiente com a finalidade de qualidade ambiental, e o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, seja em nível macro ou microrregionais visando à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, são outros objetivos da Lei 9795/99. Mas para que essa cooperação aconteça é conveniente a:

[...] formação econômico-sociambiental (FESA) articula os processos ecológicos, tecnológicos e culturais que operam local ou regionalmente, com os aparelhos do Estado, os regimes políticos e os processos econômicos que operam em nível nacional, e com a ordem econômica mundial que gera os padrões de valorização e uso dos recursos e que determina os processos de transformação socioambiental (LEFF, 2002, p. 119).

A proteção e o fortalecimento da integração da ciência com a tecnologia, juntamente com o fortalecimento da cidadania, a liberdade dos povos e a solidariedade são objetivos da Lei 9795/99. Portanto:

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do real. É o objeto das ciências que, em seu efeito de conhecimento, “recorta a realidade a partir de diferentes perspectivas”, o que faz com que a realidade empírica que constitui o campo de experimentação de cada ciência tenha um “sentido” diferente (LEFF, 2002, p. 27).

Então, para que a Educação Ambiental seja crítica é necessário também considerar alguns aspectos ecológicos, psicológicos, legais, científicos e éticos em todas as regiões do País, fundamentais para a construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, que tenha como princípios básicos a liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade. Para com isso fortalecer a mudança de hábitos dos povos visando melhores condições de vida para o futuro da humanidade. O art. 6o estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental, a qual engloba em sua atuação na Educação Ambiental, órgãos e entidades do SISNAMA, instituições educacionais públicas e privadas, órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e organizações não-governamentais. Portanto, as atividades a serem desenvolvidas devem abranger a educação escolar e a educação em geral, através da capacitação de recursos humanos, do aumento dos estudos, pesquisas e experimentações, produção e divulgação de materiais educativos, juntamente com o acompanhamento e avaliação destas atividades.

A Lei 9795/99 cita que a Educação Ambiental deve estar inclusa no maior número de instituições, sejam educacionais ou não, públicas ou privadas, a fim de envolver todos na problemática, enquanto a Constituição Federal de 1988 incumbia somente o Poder Público de proteger o meio ambiente e quem viesse a lesá-lo, a responsabilidade de restaurá-lo, não abrangia as variadas esferas da sociedade. Englobar o maior número de instituições visa que os estudos sejam tratados com seriedade e os resultados sejam alcançados com a maior brevidade possível, pois esta é uma situação de emergência para o planeta e para nós seres humanos.

Cabe também a Política Nacional de Educação Ambiental reunir na dimensão ambiental a formação, especialização e atualização dos educadores de todas as áreas do ensino, além de preparar profissionais com atividades voltadas para gestão ambiental, a fim de atender as diversas esferas da sociedade em relação aos problemas ambientais, pois é através de profissionais bem preparados que os objetivos são mais facilmente alcançados.

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devem receber o apoio das diversas alternativas curriculares e metodológicas para desenvolver iniciativas e experiências locais e regionais envolvendo a confecção de material educativo e uma rede de dados e imagens para apoio as pesquisas, envolvendo assim, as diversas disciplinas em todos os níveis e modalidades de ensino. Com a finalidade de divulgação de conhecimentos, tecnologias e informações, para conseguir a colaboração de um número, cada vez maior de pessoas interessadas em desenvolver e pôr em prática essas pesquisas.

No art. 9o a Educação Ambiental no ensino formal, ou seja, o ensino escolar tanto público quanto privado deve ser tratado como prática educativa integrada, contínua e permanente, porém não está inclusa no currículo de ensino como uma disciplina específica, sendo tratada de maneira interdisciplinar, sendo de responsabilidade de todos os educadores de incluírem em sua proposta curricular pedagógica e na sua prática pedagógica, conteúdos que tratem da Educação Ambiental.

Enquanto nos cursos de pós-graduação, formação, especialização em áreas voltadas a Educação Ambiental é necessário a criação de uma disciplina específica, faz-se necessário também que a questão ambiental seja incluída nos currículos de formação de todos os professores. Pois a realidade das escolas “Se fôssemos avaliar a qualidade da educação ambiental nas escolas, provavelmente identificaríamos que muitas das práticas desenvolvidas não estão condizentes com os princípios da EA Crítica” (LEME, 2006, p. 87).

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coordenação e supervisão dos planos, programas e projetos, através da verificação da importância dos recursos utilizados e do retorno social, por isso faz-se necessário também que ocorra a participação do órgão gestor durante sua realização/execução. A Lei 9.795 conceitua Educação Ambiental Não Formal como:

Art. 13 Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente (LEI N° 9.795, de 27 de abril de 1999).

A Educação Ambiental Não Formal está direcionada à sociedade, onde são tratadas diversas propostas educativas, voltadas para a sensibilização das pessoas com os problemas ambientais. Entre os objetivos propostos pela lei à disseminação dos conhecimentos sobre o Meio Ambiente, a fim de se construir um novo aprendizado, novos valores, novas atitudes sociais, ampliando a consciência ambiental e a ética, através da interação dos indivíduos, favorecendo a participação popular nas tomadas de decisões, a fim de que se obtenha melhoraria na qualidade de vida da comunidade através do fortalecimento da cidadania.

O conhecimento de todos da questão ambiental é fundamental para que soluções sejam tomadas e problemas sejam resolvidos, mas idéias e soluções serão tomadas se houver a união da sociedade e o conhecimento só é adquirido se for de fácil acesso pela população. A Lei 9795/99 responsabiliza o Poder Público pelo incentivo a difusão, participação, sensibilização de empresas e sociedade em seus níveis: federal, estadual e municipal, os quais deverão difundir essas informações a respeito do meio ambiente. Esses órgãos responsáveis devem incentivar a participação de escolas, universidades, organizações não-governamentais e também as empresas públicas e privadas a desenvolver e executar programas e atividades voltadas para a educação ambiental não formal, através de Políticas Públicas.

É também de responsabilidade dos órgãos que representam o Poder Público estarem buscando ações que promovam a sensibilização, das populações tradicionais, dos agricultores e do setor de ecoturismo, enfim, da sociedade como um todo, para a importância e a responsabilidade destes com as unidades de conservação, ou seja, para com o meio ambiente.

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Neste exato momento em que o leitor está pensando sobre as minhas palavras, crianças estão morrendo de fome ou sendo violentadas; outras estão sendo abandonadas; famílias estão se esfacelando pelo ritmo frenético que nos colocamos; bilhões estão lutando para se manter vivos; outros animais estão sendo extintos; outros ainda estão sendo esfolados vivos para a satisfação da vaidade das elites que abusam da futilidade; florestas estão sendo arrancadas em nome do lucro e da diversidade natural está sendo privatizada. E não serão discursos nem teorias que se apresentam como inovadoras, mas que só possuem compromisso com a própria teoria, com as vaidades pessoais e com suas “verdades em si” ou suas “não-verdades”, que propiciarão alternativas práticas e coletivas que permitam a superação concreta dessa realidade (LOUREIRO, 2006, p. 83).

Essas práticas são frutos da sociedade capitalista que visa o lucro acima de tudo, sem olhar para a coletividade, para o próximo, muito menos para o futuro do planeta, para o futuro da humanidade, apesar de estarem presentes cotidianamente as mudanças globais, que esgotam as reservas naturas, que degradam os solos, que poluem as águas, enfim, que afetam a capacidade de regeneração dos ecossistemas e provocam a extinção de inúmeras espécies animais e vegetais, muitas delas sem ao menos serem conhecidas ou catalogadas cientificamente.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A preservação ambiental, conforme a Lei 9795/99, com responsabilidade social visa proporcionar o desenvolvimento da consciência ecológica, que enfrenta a complexidade atual. Entre os objetivos propostos nesta lei à disseminação dos conhecimentos sobre o Meio Ambiente, a fim de se construir um novo aprendizado, novos valores, novas atitudes sociais, ampliando a consciência ambiental e a ética, com a interação dos indivíduos, favorecendo a participação popular nas tomadas de decisões, para que se obtenha melhoraria na qualidade de vida da comunidade através do fortalecimento da cidadania é um ponto significativo.

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princípios que possam ser incorporados ao cotidiano daquela comunidade/sociedade trabalhada.

Portanto, as Leis analisadas visam à perpetuação da Educação Ambiental a todos, a fim de que a sociedade possa estar interferindo de maneira significativa na mudança das concepções sobre o tema, e possam estar desenvolvendo ações coletivas com a intenção de preservação, conservação e recuperação do meio ambiente, já que é um direito de todos garantirem que as futuras gerações também possam usufruir desse bem comum. A questão ambiental pode ser considerada uma problemática social, que teve seu início nas ações sociais, que resultaram em destruições ambientais e socioambientais amplas, arruinando os solos, a qualidade da água, a sociedade, enfim, provocando a miséria da população. É preciso rever os processos de transformações ambientais, as formas de apropriação da natureza e os processos de atuação social, visando uma melhor gestão dos recursos naturais. Para isso precisamos contar com uma Educação Ambiental que seja crítica, capaz de mobilizar a sociedade diante dos problemas para que a realidade possa ser modificada.

Através da breve análise das legislações, observa-se que a sociedade e o Poder Público têm a responsabilidade que Educação Ambiental aconteça. Porém, essas leis não são de conhecimento da maioria da população, há uma falha entre a formulação de leis e a execução. Mesmo que sejam de conhecimento da sociedade, poucas pessoas poderiam interpretá-las, já que são prescritas com uma linguagem muito técnica dificultando o entendimento e consequentemente à união, a discussão, a implantação de medidas que visem à solução da problemática ambiental.

REFERÊNCIAS

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/> Acesso em: 19 de mai. 2010.

FREITAS, Vladimir Passos de. Direito Administrativo e Meio Ambiente. Curitiba: Juruá, 2003.

GUIMARÃES, Mauro (org.). Caminhos da educação ambiental: Da forma à ação. Campinas: Papirus, 2006.

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Referências

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