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O USO DE MAPAS TÁTEIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA UMA EXPERIÊNCIA NA CIDADE DE LEME-SP

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O USO DE MAPAS TÁTEIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA UMA

EXPERIÊNCIA NA CIDADE DE LEME-SP

Paulo Fernando Januario1

Elka Paccelli Scherma2

Introdução

Este projeto visa o estudo de métodos teóricos e práticos para a criação de materiais pedagógicos para o estudo da Geografia e da Cartografia, para alunos do ensino municipal de Leme-SP, com deficiência visual ou de baixa visão. Neste projeto há uma grande preocupação em demonstrar relevos, regiões, localidades, espaços e representações cartográficas, possibilitando, até mesmo, que esses alunos possam localizar o seu espaço físico. Além disso, conhecer um pouco mais sobre sua cidade, estado e país e principalmente, para que esses compreendam a noção de representação do espaço geográfico.

O projeto tem ênfase na pesquisa qualitativa, levando em conta o estudo bibliográfico de dados teóricos para criação e adaptação de mapas voltados para os deficientes visuais, para serem utilizados em sala de aula. Deste modo, a principal meta desse projeto consiste no estudo e elaboração de mapas geográficos para deficientes visuais. Os objetivos específicos propõem perceber as necessidades dos alunos com deficiência visual; elaborar materiais pedagógicos com ênfase na Cartografia e na Geografia; fazer com que os alunos tenham contato com os materiais; e analisar os resultados.

Para este estudo, primeiramente houve a necessidade em conhecer o dia a dia e o aprendizado das crianças com deficiência visual e analisar as formas de escrita e leitura desses alunos. E num segundo momento, elaborar mapas para atender todas as exigências apresentadas no decorrer deste trabalho, para que esses alunos possam

1 Aluno do curso de Licenciatura – ISCA – Limeira.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ aprender a analisar os mapas cartográficos e desenvolver a noção do espacial. Deste modo, é necessário perceber esse aluno no convívio da escola regular.

Este projeto também valorizara o estudo baseado na cartografia, bem como, a utilização desta para aplicação nas aulas de Geografia para os deficientes visuais. Além disso, a conclusão e a criação dos mapas seguiram os dados obtidos através da pesquisa bibliográfica e de campo.

2. Educação Inclusiva no Brasil: breve histórico

A educação nos últimos anos passou por uma série de modificações, com a criação do projeto de Educação Inclusiva. A escola de alunos que pertenciam a educação especial era constituída por deficientes físicos, sensoriais e/ou mentais. Porém, para entender o processo de criação e importância da educação inclusiva no Brasil e no mundo, é necessário entender a forma na qual o deficiente era vistos no decorrer da historia e como esses eram tratados.

Cardoso (2003) aborda o histórico da educação inclusiva através dos tempos. Na Antiguidade, em Esparta e Roma, os portadores de deficiência eram extremamente excluídos. No caso de Esparta, assim que uma criança nascia com algum tipo de deficiência, era atirada nas montanhas e em Roma em rios. Nesse período, a vida dos portadores de deficiência era ameaçada e eles eram totalmente excluídos da sociedade de sua época.

Tal situação não apresentou melhoras positivas no período da alta Idade Media (476-1000). Nesse período os deficientes eram associados ao profano, devido a visão Teocentrica dessa época. Deste modo, estes eram novamente excluídos da sociedade, sendo então afastados do convívio social, como uma forma de “proteger” a sociedade dos mesmos. Somente no século XVI, os portadores de deficiência deixam de ser considerados pecadores e fruto de punições divinas, e passam dos “cuidados” da igreja para serem objeto de pesquisa para a Medicina.

Cardoso (2003) cita que os primeiros estudos sobre a deficiência foram feitos por Jean Itard (1775-1838) que analisou Vitor, um garoto que possuía uma deficiência mental profunda, marcando assim a primeira tentativa de se analisar um deficiente que contribuiu muito para o alicerce da Educação Especial e futuramente da Educação Inclusiva presente nos dias atuais.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ inicialmente na América do Norte e em países Europeus, porém estas eram ainda isoladas das escolas regulares e esse foi o período de segregação desses alunos portadores de necessidades especiais.

Segundo Mazzotta (2003), a Educação Especial no Brasil surgiu somente no século XIX, inspiradas nas experiências ocorridas na Europa e América do Norte, através do Decreto Nacional 1.428 assinado por D. Pedro II, possibilitando desta forma a criação de instituições brasileira para o auxílio dos portadores de deficiência. Essas instituições tinham como principal objetivo a formação profissionalizante de alunos deficientes, que visavam inicialmente uma educação mais técnica e profissionalizante. No século XX, até sua primeira metade, já havia uma grande parcela de instituições de educação especial. Vendo desta forma, uma maior preocupação com os portadores de deficiência, seus cuidados e sua futura educação, porém ainda não apresentava programas nacionais focados na Educação Especial.

Kassar (2004) refere que no Brasil, a partir de 1920, as crianças classificadas na época como “anormais” passaram a ser matriculadas em classes especiais vinculadas a escolas públicas, sendo que a maioria localizada no Rio de Janeiro. Essas crianças matriculadas em classes separadas, tidas como especiais, eram separadas dos demais alunos considerados “normais” devido ao preconceito e racionalidade da modernidade.

Segundo Mazzottta (2003), no Brasil, o período entre 1957 a 1993, foi de grande importância para a educação especial com a criação de projetos e com a Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, que auxiliou no avanço da educação especial no país. Desta forma, o atendimento aos alunos deficientes se tornou uma preocupação nacional com projetos e campanhas para estudos dos mesmos.

Em 1958, foi criada a campanha nacional de educação e reabilitação de deficientes visuais vinculada ao Instituto Benjamin Constant (antigo Imperial Instituto de Meninos Cegos). Ainda em 1960, foi criada outra campanha a nível nacional (a campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais) que passou a receber maior inventivo no país, além de campanhas de doações e serviços educativos, culturais e de reabilitação de alunos deficientes.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ deficientes, para pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) onde para Coll, Palácios, Marchesi (apud Cardoso, 2003, p.19) o aluno NEE seria: “o aluno que

apresenta algum problema de aprendizagem ao longo de sua escolarização. Que exige uma atenção muito mais específica e maiores recursos educacionais do que os necessários para os colegas da sua idade”.

Segundo Mazzotta (2003), em julho 1973 foi criado o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), na cidade de Rio de Janeiro tendo como principal meta melhorar o atendimento dos alunos portadores de deficiências. Com a criação desse instituto as campanhas nacionais para cegos e deficientes mentais deixaram de existir. Desta forma, o CENESP tem no regimento interno o auxílio aos alunos da Educação Especial.

Em 1986, através do CENESP/MEC, a Educação Especial começa a fazer parte da educação, visando desta forma o desenvolvimento dos alunos conhecidos neste período como “educando com necessidades especiais” e não mais “aluno excepcional”. Ainda neste ano o CENESP passa a se tornar Secretaria de Educação Especial (SESPE), filiado ao Ministério da Educação. O aluno portador de deficiência já possuía por lei uma preferência para estudar na rede regular, porém tal atitude ainda não era adotada pelas escolas. É de grande importância o aluno portador de deficiência estudar em escolas regulares, pois pode se relacionar com os alunos regulares, gerando interações e diminuindo o preconceito que antes havia a este grupo.

Um dos principiais fatores que auxiliaram na evolução da educação inclusiva, foi a Declaração de Salamanca de 1994. A Declaração de Salamanca foi o resultado de um fórum mundial que teve como principal objetivo a inclusão na escola de todos os grupos minoritários, apresentando também, os portadores de deficiência e a educação especial como tema discutido.

A escola inclusiva é o lugar onde todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independente de qualquer dificuldade ou diferenças que elas possam ter, conhecendo e respondendo as necessidades diversas de seus alunos , acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades (Declaração de Salamanca apud CARDOSO, 2003 p. 22).

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ de Salamanca foi um dos principiais alicerces para a criação da educação inclusiva no país e, beneficia tanto o aluno, quanto a sociedade. Ao se referir a Educação Especial Cardoso (2003, p.24) afirma:

A criação e a manutenção desta estrutura paralela teve como maior objetivo beneficiar mais a sociedade do que o sujeito com necessidades especiais, uma vez que mantinha maioria deles afastada do processo de integração social e escolar.

Desta forma, a educação inclusiva no Brasil tem como principal objetivo a inclusão social e o direito de cidadania a todos os alunos, não importando a dificuldade que possa apresentar. Através das contribuições da Declaração de Salamanca a escola inclusiva começava a ser discutida no país, de modo que com a Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 as práticas de inclusão de alunos portadores de deficiência no país, passaram a ser adotadas de forma a incluir parte desses alunos na educação regular.

A lei no. 9.394/96, previa a educação de alunos portadores de deficiência no ensino regular de ensino, porém ainda existia a escola especial, que atendia alunos separadamente. Assim o ensino inclusivo ainda não existia, pois ocorreram exclusões de certos alunos. A Declaração de Salamanca ainda previa uma escola inclusiva para todos, não importado os meios e, assim para a escola inclusiva realmente funcionar em harmonia, as instituições de ensino especial deviam deixar de existir e, se tornarem complemento ao estudo do aluno.

Desta forma, o aluno com deficiência deve estudar no ensino regular e no período oposto receber ajuda especializado referente às suas necessidades, ou seja, o aluno estaria incluindo no ensino regular e teria acompanhamento especializado em período oposto.

O atendimento educacional especializado tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferem se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ensino regular. Assim, de acordo com o Decreto no. 6.571/08, o aluno com deficiência passa a ser inserido em escola regular seguindo os moldes da Declaração de Salamanca/94. A legislação prevê a inclusão escolar com atendimento educacional especializado diminuindo desta forma os preconceitos gerados pela educação especial que atendia os alunos com deficiência em escolas ou até mesmo em classes separadas.

Com a criação desse modelo de educação, surge um desafio para os educadores, que é de se adequar aos novos alunos e a grande necessidade de materiais e auxílios pedagógicos para atender as suas dificuldades. Os materiais devem atender aos novos alunos de forma que eles consigam evoluir seus conhecimentos como os alunos regulares. Porém, é uma iniciativa ainda na fase inicial, com grande necessidade do professor se adequar aos alunos com deficiência e que esses alunos posam ter materiais especiais, para conseguirem acompanhar as aulas como os alunos regulares. Assim, o Brasil passa a trabalhar com o projeto da educação inclusiva e dá um grande passo para a educação em busca de um país mais igualitário.

3- O sujeito com deficiência visual

Ao estudar a Educação Especial voltada ao sujeito com deficiência visual, é preciso conhecer como a visão atua e como o olho trabalha. Assim, é possível conhecer de que forma a deficiência visual é adquirida e quais fatores podem atrapalhar na aprendizagem. Além disso, é preciso conhecer as diferenças relativas as crianças cegas e as de baixa visão.

Segundo Saberes e Práticas da Educação Inclusiva do Ministério da Educação (2006) o olho faz parte de uma rede integrada nas quais as capacidades de ver e interpretar a imagem depende das funções cerebrais que as recebe e as decodifica. Para que possa ver o mundo e suas formas é preciso que tanto o nervo óptico quanto a retina estejam funcionando perfeitamente, ou seja, sem grandes lesões.

Uma das principais causas da deficiência visual pode ser adquirida ao nascimento, ou seja, a criança passa por uma má formação dos olhos devido a uma gestação difícil, ou até mesmo por problemas hereditários. A criança com visual normal também pode adquirir a cegueira por doenças como a diabete, deslocamento da retina, catarata, além de acidentes com objetos pontiagudos.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ problemas no aprendizado futuro. O acompanhamento da visão deve ser feito a todas as crianças desde sua fase inicial da vida com testes para verificar se seu olho está apto ou se apresenta alguns problemas, e se esses podem ser corrigidos.

Assim, podemos relacionar esta classificação com a dos Saberes e Práticas da Inclusão do Ministério da Educação (2006) em que cita, o conceito cego como a perda total da visão, apresentado a ausência da projeção de luz. No caso da baixa visão, nessa concepção, refere-se a alteração da capacidade da visão devido a vários fatores isolados, que resultam na redução do campo visual ou sensibilidades de contrastes que possam interferir no desempenho visual . Nas duas concepções, podem-se notar as diferenças entre a deficiência visual e a baixa visão e, não pode simplesmente estudar os dois casos como se fossem os mesmos, de modo que cada um deve ser analisado separadamente, de forma, que o estudo seja direcionado de acordo com suas necessidades para seu estímulo educacional.

Montilha; Gasparetto; Nobres (2002), também definem a deficiência visual, compreendendo a cegueira e a visão subnormal também conhecida como baixa visão. A pessoa com visão parcial pode exercer algumas tarefas, porém tendo dificuldades em seu desempenho de tarefas ligadas a visão. Portanto, considerar um aluno de baixa visão como cego e tratar esse com as mesmas pedagogias e tratamentos de um aluno cego, é um erro, devido ao fato que o menor resíduo visual que este aluno possa ter deve ser estimulado. Desta forma, ao alfabetizar alunos com visão subnormal, muitas vezes, pode ser confuso para alguns educadores. Os educadores devem estimular os sentidos sinestésicos e estimular a visão desses alunos, porém isto ainda não vem ocorrendo, mesmo com os educadores especializados.

Ao entrar no ensino regular, as crianças com baixa visão, apresentam algumas dificuldades iniciais em seu processo educacional devido a falta de materiais pedagógicos adaptados. Tais dificuldades devem ser eliminadas ou amenizadas através de recursos como textos ampliados, recursos ópticos, informáticos e, até mesmo, pedagógicos, estimulando, um pouco da visão que estes ainda apresentam, visando independência própria e autônoma.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ É através do tato que as pessoas com deficiência visual interpretam o mundo, utilizam deste para se localizarem e sentirem as formas e para leitura e escrita através do sistema Braile. Há uma grande necessidade em conhecer o modo como se constrói a comunicação e como o aluno cego ou de baixa visão decodifica.

Para Oliveira (2006, p.226):

É preciso considerar, portanto, que o processo de comunicação opera como um codificador e decodificador. O codificador, para emitir a mensagem, recorre ao código o mesmo ocorrendo com o decodificador, que para receber o código deve utilizar o mesmo código (...) No mapa, o processo de codificação vai do significado para a imagem, e o processo de decodificação segue o sentido inverso.

Oliveira (2006) comenta a importância da necessidade em que o codificador e o decodificador conheçam o código, o qual pode ser formado a partir de palavras, imagens, pela escrita, entre muitas outras coisas. No caso do aluno com deficiência visual, esses dados serão decodificados através do tato ou da audição, de forma que, a linguagem escrita ou visual não possibilita decodificar. Entretanto, esse aluno pode até aprender escrever, no caso codificar, porém nunca ler, como o aluno vidente, ou seja, decodificar. Deve-se pensar a forma como este irá compreender a sua realidade escolar em relação aos alunos regulares. O professor deve adequar a sua aula para esse novo aluno, porém não dando tarefas diferentes, senão estará novamente praticando a exclusão.

O aluno deverá participar das salas de recursos em período oposto, para praticar e estimular seus conhecimentos e habilidades. A partir disto, o aluno cego ou de baixa visão será estimulado e poderá frequentar normalmente o ensino regular, tendo total aproveitamento como os demais alunos.

4- A cartografia e a noção de espaço

Para desenvolver a noção de espaço um dos métodos mais utilizados é através da Cartografia. Pode-se desenvolver a noção espacial através da cartografia como principal instrumento no estudo do espaço geográfico.

Para Oliveira (2006) a cartografia e a representação geográfica do espaço foi muito utilizada através da história do homem. A origem da atividade de mapear é muito mais antiga que a própria escrita. Havia uma grande necessidade do homem representar e localizar seu mundo conhecido.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ Não resta dúvida de que o homem, como indivíduo ou como parte de um grupo, basicamente necessita saber onde estão localizadas as coisas onde ocorrem os acontecimentos na superfície da terra. A atividade de mapear nasceu como uma manifestação de uma utilidade imediata e sob a pressão de necessidades fundamentais tais como saber onde estamos e que relações espaciais podem estabelecer.

Oliveira (2006) cita a necessidade que o homem tem de se localizar, primeiramente como sobrevivência. Desta forma, através desses mapas o homem pode se relacionar com o mundo e até mesmo se comunicar com outros homens.

A elaboração de mapas pelo ser humano passou por modificações através da história. Seus primeiros vestígios são de um mapa grafado em uma rocha que representa uma vila neolítica, de aproximadamente 5.000 a.C. Percebe-se a necessidade que o homem desta época tinha em se localizar e representar elementos significativos através de simbologias próprias. A localização ainda não era detalhada muito menos precisa, mas esse tinha um papel importante nesta sociedade para sua localização do espaço.

Avançando historicamente, Oliveira (2006) cita a contribuição dos gregos na criação de mapas e na evolução da Cartografia e da Geografia. Evoluíram com a criação de mapas mais precisos e que trouxeram para a Geografia dados importantes como a esfericidade da terra e até mesmo os conceitos como latitude e longitude, alem da criação de uma forma de mapear a Terra. E, por fim, podemos ver a cartografia atual cada vez mais precisa que se utiliza de ferramentas modernas como satélites e GPS (Sistema de Posicionamento Global).

Pode-se perceber que na história o homem sempre teve a necessidade básica de se localizar no espaço e elaborar instrumentos cartográficos para representar sua realidade. Assim, há uma grande importância da cartografia no ensino da Geografia, tanto no Ensino Médio, quanto no Ensino Fundamental.

Para Joly (2003) “a cartografia é a arte de conceber, de levantar, de redigir e de divulgar os mapas”. Percebe-se que o estudo da cartografia e a noção de espaço estão relacionados com a análise de mapas. Para se estudar a cartografia é necessário conhecer a estrutura de um mapa, sendo que, para Joly (2003) “um mapa é uma representação geométrica plana, simplificada e convencional do todo ou da parte da superfície terrestre, numa relação de similitude conveniente denominada escala”

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ de símbolos varia de acordo com a escala adotada, ou seja, quanto maior a redução da escala mais detalhes e símbolos serão vistos e analisados em um determinado mapa.

Joly (2003) coloca que nos séculos XVIII e XIX houve um avanço em relação a confecção de mapas, criando mapas mais específicos a determinados temas como mapa das florestas, das águas, geológicos, etc. Esses mapas específicos são conhecidos como mapas temáticos.

Os mapas temáticos auxiliam muito no estudo da cartografia, pois não é possível transmitir todas as informações de um determinado local em um mapa. Há necessidade de se criar mapas temáticos com fatores isolados, mas que ao mesmo tempo ao se utilizar destes mapas em conjunto para estudar uma determinada região se tornam um excelente material de análise do espaço geográfico. Os mapas temáticos são importantes, pois oferecerem dados específicos sobre um determinado tema e podem explicar um determinado fator do espaço e ser completado por outro.

Para Francischett (2001) é necessário que os alunos construam conhecimentos fundamentais para essa linguagem, como representam e decodificam o espaço, ou seja, há uma grande necessidade que os alunos construam sua noção de espaço e saibam como reconhecer e ler um mapa.

Laranjeira (1997) cita que a linguagem cartográfica é um sistema de símbolos que envolve proporcionalidade, uso de signos ordenados e técnicas de projeção, assim como Oliveira(2006), Laranjeira (1997) ressalta a necessidade da criança conhecer o significado de determinado símbolo, para que possa relacionar os materiais cartográficos com o mundo. No caso de um mapa, é utilizado o código através da imagem e da escrita em que pode ser codificada através da visão. Através dessa, podemos relacionar as figuras e a imagem com o espaço cartográfico real, ou seja, comparar a imagem do mapa com o real. Conhecer um mapa é extremamente importante para poder se localizar e conhecer o mundo a sua volta.

5- A cartografia tátil

Ao estudar a cartografia voltada para o deficiente visual, primeiramente é necessário conhecer a forma como esse portador de necessidade especial compreende o espaço geográfico em sua volta e o analisa.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ visuais e de baixa visão não podem decodificá-lo. Até mesmo, os alunos de baixa visão, encontram muita dificuldade em decodificar um mapa.

Entretanto, torna-se necessário estudar meios e métodos para adequar os mapas cartográficos aos sentidos aguçados dos deficientes visuais, no caso audição, tato, ou olfato.

Oliveira (2006, p. 226) completa:

É preciso que o receptor esteja necessitado das informações contidas na mensagem cartográfica para que ela atinja plenamente as suas finalidades. Além disto, é indispensável que o receptor entre em contato físico com o mapa, através de órgãos da visão ou do tato. A pele pode ser um canal de recepção de mensagem cartográfica (..) as técnicas visuais são substituídas pelos símbolos em relevo que possam ser descriminados pelo tato e lançados em um mapa-base.

Deste modo, entre os demais sentidos de um deficiente visual, o tato é o sentido em que apresenta os melhores fatores para aplicação dos mapas cartográficos, devido ao fato do deficiente visual utilizar o tato para reconhecer estruturas e até mesmo relevos. Assim, os mapas cartográficos devem se adequar, de forma que os deficientes visuais utilizem o tato para decodificá-los.

Almeida (2007) cita quatro fatores em que influenciam na discriminação de símbolos através do tato: tamanho, elevação, forma ou configuração e orientação. Nesta concepção, o deficiente visual utiliza várias texturas, formas, variações térmicas entre outras variações físicas. Através dessas variações táteis, o aluno pode interpretar o mapa, relacionando a textura com a legenda, de forma que esse aluno possa compreender o mapa e relacionar com o que esta estudando.

Nesses mapas há uma grande necessidade de apresentar cores contratantes e fortes, pois esses materiais também devem ser utilizados por alunos de baixa visão. O contraste de cores auxilia os alunos a observarem diferenças em mapas como regiões, continentes, mares, etc.

Segundo Francischett (2005, p. 9)

No caso dos mapas táteis, os conceitos de semiologia gráfica baseiam-se nas propriedades de percepção visual, nos sistemas onde os sinais acumulam significados, tornando mais acessível à interpretação dos dados nela contidos, possibilitando atingir uma de suas finalidades básicas, como meios de comunicação.

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ interpretam, tendo então um conteúdo mais concreto e amplo sobre o estudo de mapas e consequentemente do espaço geográfico.

Segundo Laranjeira (1997, p.113):

Desde as primeiras etapas da escolaridade, o ensino da geografia pode e deve ter como objetivo mostrar ao aluno que cidadania é também o sentimento de pertencer a uma realidade na qual as relações entre a sociedade e natureza forme um todo integrado.

Os mapas táteis devem atender seus objetivos de acordo com o ensino da Geografia, que através de mapas do município esta criança pode começar a se localizar no ambiente onde vive, interagindo com seu espaço geográfico. Após conhecer o seu município, essa criança deverá conhecer as cidades vizinhas, seu estado, país e o seu mundo. Através desses mapas táteis as crianças podem desenvolver noções de grandeza associando sua cidade ao seu planeta.

Os mapas táteis possuem uma grande importância no ensino da educação inclusiva, pois os alunos cegos ou de baixa visão analisam os mapas de forma objetiva, tornando assim, o mapa uma ferramenta extremamente essencial para sua vida.

Para Almeida (2007) os mapas táteis criam imagens mentais, podendo assim criar uma noção de espaço. Graças a esses mapas e com o auxílio de bússolas em braile e outros instrumentos para cartografia tátil o usuário portador de deficiência visual pode localizar-se e interagir com o seu lugar de vivência.

Percebe-se que a interação de mapas táteis no ensino da Geografia tem um papel importante na educação inclusiva. A valorização e a produção desses mapas, em todas as etapas escolares, favorecem a criança a entender seu espaço geográfico. Com o mapa tátil, cria-se uma nova oportunidade para os deficientes visuais para se localizarem e estudarem o espaço geográfico.

Considerações Finais

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ alunos portadores de necessidades especiais são bem recepcionados pelos colegas, mas os professores sentem ainda muita dificuldade em trabalhar com esses alunos.

A criação e utilização de mapas modificados para alunos cegos ou de baixa visão, tendem a suprir as dificuldades educacionais e os estudos se mostraram positivos na utilização de tais mapas com esses alunos, desta forma tais alunos poderão analisar os mapas com ajuda da professora especializada.

Desta forma, é possível concluir que tais mapas utilizados em sala de aula poderão auxiliar os alunos no entendimento de seu espaço geográfico, assim como, ajudar-los em seu dia a dia como ir a uma loja, promovendo autonomia e contribuindo para que conheçam um pouco mais do mundo em que vivem.

Bibliografia

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ALMEIDA, R. A. A cartografia tátil no ensino de geografia: teoria e prática. In: ALMEIDA, R. D. (Org). Cartografia Escolar, São Paulo: Contexto, 2007, p. 119-144, 2007.

COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FRANCISCHETT, M. N. Estratégias e tentativas do licenciando em geografia para trabalhar mapas com alunos cegos no ensino fundamental. Disponível em <www.bocc.ubi.pt.acessado>. Acesso em: 15 de junho, 2008.

GÓES, M. C. R.; LAPLANE, A. L. F. Políticas e práticas de educação inclusiva. Campinas: Autores Associados, 2007. 165p.

LARANJEIRA, M. I. Parâmetro Curriculares Nacionais: História e Geografia. Brasília: MEC, 1997. 166p

MAZZOTTA, Marcos J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2001. 208p.

MONTE; S. Saberes e práticas da inclusão: dificuldade de comunicação e sinalização: deficiência visual. Brasília: MEC/SEESP, 2005. 81p

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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ OLIVEIRA, L. Os mapas na Geografia. Geografia, Rio Claro, v. 31, n. 2, p.219-239, 2006.

Saberes e práticas da inclusão: desenvolvimento competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. Brasília: MEC/Secretária de Educação Especial, 2006.

Referências

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