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Educação em serviço para o professor de CA a 4ª Série do município do Rio de Janeiro: realidade e expectativas dos participantes

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Academic year: 2020

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BRAZ, HA, PELLICCIOTTI, T.F. Exame de linguagem tipi ti. São Paulo: MNJ, 1988.

EZPELETTA, J., ROCKWELL, E. Notas sobre investigación participante y construcción teórica. Brasília: INEP, 1984. FELDMAN, J., TORRES, MG.

Escala alfa. Buenos Aires: Marymar, 1992.

FELDMAN, J. et al. Escala beta. Buenos Aires: Marymar, 1992. VIÑAO, A. História da

alfabeti-zação versus história do pensa-mento, ou seja, da mente hu-mana. Teoria e Prática, n.2, p. 124-135, 1990.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

Educação em Serviço para o Professor de CA a

4

a

Série do Município do Rio de Janeiro:

Realidade e Expectativas dos Participantes

Pesquisadora: Ruth da Cunha Pereira Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Fonte Financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq) O distanciamento entre a

formação proporcionada aos pro-fessores (tanto em nível de 2° grau como em curso de nível superior) e as reais exigências do ensino fundamental vem aumentando ao longo dos anos, "podendo-se

afir-mar que, se não e a unica causa, situa-se entre as maiores responsá-veis pela baixa qualidade do ensino oferecido" (Brasil, CFE, 1987, p.7). Aliás, como afirma Arroyo (1985), o despreparo do professor tem feito parte de uma política mais

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global de negação do saber às camadas populares, ainda que "a desqualificação do mestre seja apenas um dos aspectos de des-qualificação da própria escola" (p.7). Assim, quando se deseja lutar pelo direito de todos os cidadãos de ter acesso ao acervo da cultura e de avançar no processo cons-trutivo de conhecimentos, não se pode esquecer a necessidade de serem garantidos os recursos para a educação contínua de professores, a serviço desse direito.

Ao se pensar, no entanto, na educação em serviço para profes-sores, não se pode deixar de levar em consideração, atualmente, que a década de 80 se caracterizou por um momento de transição política do País, por tentativas dos setores progressistas da sociedade de consolidar conquistas democrá-ticas, em decorrência do processo de redemocratização que se estabe-leceu no Brasil. Na verdade, esse processo já se iniciara desde os primeiros anos da década, com as eleições diretas dos governadores dos Estados, em 1982.

Saindo do jugo do autori-tarismo vigente desde 1964,

ocor-reu uma mudança político-partidá-ria efetiva no âmbito do Estado do Rio de Janeiro e, em decorrência, no município do Rio de Janeiro, que teve seu prefeito e secretária municipal de educação nomeados pelo governador eleito. O novo governo propôs a implementação de uma nova política de educação no sentido da democratização na escola pública, compreendida como ampliação das oportunidades edu-cacionais, da difusão dos conheci-mentos e de sua reelaboração crítica, do aprimoramento da práti-ca edupráti-cativa escolar, com a conse-qüente elevação cultural e científica das camadas populares e sua pos-sível inserção num projeto de mu-dança de sociedade.

Dentro dessa perspectiva, uma das primeiras iniciativas go-vernamentais foi a constituição de uma Comissão Coordenadora de Educação e Cultura, formada pelo vice-governador e pelas secretárias estadual e municipal de educação do Rio de Janeiro, a qual promoveu um grande encontro de professores em 1983, para aprofundamento da discussão sobre o fracasso da escola pública, bem como o levantamento

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de necessidades e prioridades, havendo uma vasta consulta a todo o professorado, com o objetivo de trazer à luz as causas reais dos problemas mais agudos da siste-mática tradicional de ensino (Ri-beiro, 1986) e o desenvolvimento efetivo de um projeto político-pedagógico na rede municipal.

Com base nesse encontro, algumas metas foram definidas para os anos subseqüentes, entre as quais a de "dar ao professorado, através de cursos de reciclagem, a ajuda que se requer para o pleno cumprimento de suas funções" (Ribeiro, 1986, p.35).

A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (1987) previa em 1982, em seu Regimento Interno, o aperfeiçoamento em serviço para o professor, tendo criado um órgão em sua estrutura — a Divisão de Capacitação Profis-sionai — com a atribuição de propor e coordenar o planejamento e a execução de atividades inerentes ao processo de aperfeiçoamento e atualização dos profissionais de educação.

Chegava-se, entretanto, na década de 90 sem se ter evidências

de que esses programas de edu-cação em serviço para o professor, desenvolvidos pela Secretaria Municipal da Educação (SME/RJ), estivessem realmente atendendo às expectativas dos professores de 1o grau da rede pública do município do Rio de Janeiro quanto a sua preparação profissional contínua.

Surgiu, portanto, a neces-sidade de um estudo com o objetivo de avaliar os programas de educa-ção e serviço para professores de Classe de Alfabetização (CA) a 4a série do 1o grau da rede pública do

município do Rio de Janeiro, desenvolvidos pela SME/RJ no período de 1983 a 1988.

Para o alcance desse objeti-vo, houve: 1) levantamento dos programas de educação em serviço para o professor, naquele período, arquivados na Divisão de Capa-citação Profissional da SME/RJ; 2) análise crítica dos objetivos, dos conteúdos, dos procedimentos e da avaliação desses programas; 3) construção de dois instrumentos: um questionário para professores de CA a 4a série do 1 ° grau e um roteiro de entrevista para aplicação a profissionais que ocuparam, de

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1983 a 1988, posição de liderança no desenvolvimento desses progra-mas de capacitação docente.

Certamente que, nesse pe-ríodo, no momento em que a SME/ RJ cogitava da implantação de uma política que garantisse o pleno atendimento a contingentes popula-cionais cada vez maiores e diversi-ficados, que procuram as escolas públicas de 1o grau, exigindo do educador competências técnicas para criar novas formas de trabalho pedagógico, isto é, ações concretas através das quais se efetue a media-ção entre o saber escolar e as condições de vida e de trabalho dos alunos, evidenciava-se um quadro crítico de grande magnitude no que se refere à necessidade de aperfei-çoamento em serviço para o pro-fessor e que estava a exigir soluções urgentes.

Esta avaliação, portanto, pode fornecer informações para o processo de tomada de decisões no campo da educação contínua do professor, representando um papel de força transformadora do status quo.

O estudo envolveu 360 professores de CA a 4a série do 1o grau, em exercício em 1988, de 24

escolas da SME/RJ. Registrou-se um retorno de mais de 80% dos questionários (302) respondidos. Para as entrevistas, foi selecionada uma amostra intencional composta de 25 profissionais ligados à lide-rança dos programas.

Os dados coletados foram organizados nas quatro categorias definidas por Joyce, Howey e Yarger (1976): nível decisório, processo de educação em serviço, fatores facilitadores da participação dos professores e modalidades de educação em serviço. Realizou-se, ainda, uma comparação entre a percepção dos professores e a dos profissionais que atuavam no aperfeiçoamento do magistério, a respeito desses programas de educação em serviço para docentes de CA a 4a série do 1o grau.

Os resultados da avaliação indicaram que a organização da SME/RJ, no período de 1983 a 1988, não favoreceu a educação em serviço para professores de CA a 4a série do 1o grau. Embora as práticas de educação em serviço dos pro-gramas elaborados pela SME/RJ visassem à melhoria do desempenho profissional do magistério,

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procu-rando aperfeiçoar sua qualificação pelo suprimento de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades que possibilitassem a implementação de inovações curriculares e mudan-ças no comportamento dos profes-sores que poderiam ajudar a rea-lização de um projeto político-pe-dagógico na escola, verificou-se que essas práticas não foram freqüente-mente efetivadas e que não houve coerência entre essas práticas e as desejadas pelos professores (Pereira, 1990).

Como pontos críticos desses programas foram observados: 1) falta de consulta aos professores sobre suas necessidades, bem como a impossibilidade de eles modifi-carem um curso em desenvol-vimento para atender a seus interes-ses; 2) falta de continuidade dos programas; 3) falta de medidas para avaliar como a capacitação docente afetou a aprendizagem dos alunos; 4) falta de beneficio salarial para o professor como resultado de seu crescimento profissional; 5) falta de locais específicos para atividades de educação em serviço; 6) falta de oportunidade de participação em atividades conduzidas por

organi-zações profissionais; 7) não reali-zação freqüente de oficinas; 8) falta de consultoria bem como de coor-denação e supervisão técnicas que apoiassem o professor no decorrer de sua ação docente (Pereira, 1990).

Assim sendo, verifica-se que muito há, ainda, a ser feito, no que se refere à educação em serviço para o professor e que, ao se fazer qualquer recomendação neste sentido, é preciso acreditar na possibilidade de sua realização num futuro próximo, pois, como diz Gramsci (1987), "a possibilidade não é a realidade, mas é também ela uma realidade: que o homem possa ou não fazer determinada coisa. Isto tem importância na valorização daquilo que realmente se faz. Possibilidade quer dizer liberdade" (p.7).

Pôde-se concluir que a educação em serviço deve ser descentralizada, a fim de melhor atender aos interesses e às necessi-dades dos professores, e que, para oferecer-lhes a possibilidade de maior diversidade de atividades em iniciativas de educação em serviço, devem ser criados Núcleos de Estudos Pedagógicos, locais

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apro-priadamente destinados ao desen-volvimento da educação contínua do magistério.

Esses Núcleos de Estudos Pedagógicos poderiam ser instalados em, pelo menos, uma escola, de cada Coordenadoria Regional de Ensino da SME/RJ, e em universidades ou instituições de ensino superior isoladas, favorecendo a construção de um sistema de educação em serviço para o professor. Constituir-se-iam, portanto, em espaços pe-dagógicos onde os professores: 1) pudessem interagir com seus colegas na busca de seu aperfeiçoamento contínuo, de acordo com suas necessidades; 2) pudessem participar de seminários, cursos, oficinas e outras atividades de seu interesse; 3) encontrassem, com facilidade, materiais para estudos e consulta, bem como uma biblioteca que pudesse ser por eles utilizada, facilitando seu acesso a publicações recentes sobre educação.

A esses núcleos deve com-petir a elaboração, a dinamização e a avaliação de programas de edu-cação em serviço, numa ação conjunta com os docentes, enfati-zando sua responsabilidade no seu

próprio desenvolvimento pessoal e profissional. Ainda que eles pudes-sem ser mantidos pelas autoridades educacionais, é importante que haja o envolvimento do professorado em todas as etapas de funcionamento dos programas.

Os Núcleos de Estudos Pedagógicos, sendo vistos como espaços pedagógicos exclusiva-mente dedicados às atividades de educação em serviço para o profes-sor, poderão possibilitar uma ação direta e integrada da SME/RJ, das universidades e das instituições de ensino superior isoladas, através de convênios com as escolas e seus profissionais, para o aperfeiçoa-mento contínuo do magistério. Referências bibliográficas ARROYO, Miguel G. Quem

de-forma o profissional do ensino? Revista de Educação AEC, Brasília, n.58, p.7-15, 1985. BRASIL. Conselho Federal de

Educação (CFE), Parecer n° 233. Documenta, Brasília, 315, 1987.

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GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da História. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987.

PEREIRA Ruth da Cunha. Educa-ção em serviço para o professor de CA a 4a sèrie do Município do Rio de Janeiro: realidade e expectativas de participantes.

Rio de Janeiro, 1990. Tese (Doutorado) — UFRJ.

RIBEIRO, Darcy. O livro dos ClEPs. Rio de Janeiro: Bloch, 1986. RIO DE JANEIRO. Secretaria

Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Regimento interno. Rio de Janeiro, 1987.

Levantamento e Catalogação de Fontes Primárias

e Secundárias para o Estudo da História da

Educação Brasileira e do Triângulo Mineiro e Alto

Paranaíba

Pesquisadores: Wenceslau Gonçalves Neto, José Carlos Souza Araújo, Geraldo Inácio Filho e Décio Gatti Júnior

Instituição: Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Fonte Financiadora: CNPq

Este trabalho compartilha do levantamento de fontes primárias e secundárias da educação brasileira, realizado em diversos estados brasileiros, e inserido nas atividades do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil", sediado na Faculdade de

Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, por outro lado, subsidia atividades de pesquisa do Programa de Mestrado em Edu-cação Brasileira da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

O grupo de trabalho de Uberlândia, constituído em 1993,

Referências

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