• Nenhum resultado encontrado

Violência Sexual em Conflitos Armados: História e Desafios

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Violência Sexual em Conflitos Armados: História e Desafios"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

Beatriz Alves de Araujo

história e desafios

Graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (beatriz.alves.a@gmail.com)

Resumo

O presente artigo propõe uma análise histórica do uso da violência sexual como arma de guerra em conjunto com a evolução da instituição de medidas protetivas no âmbito do Direito Internacional e dos Direitos Humanos. Para mais, abordam-se os atuais desafios face às condenações (não) realizadas e à dificuldade em firmar a violência sexual como temática reiterada na agenda dos governos nacionais e multilateral.

Palavras-chave

(2)

Abstract

This paper aims to present a historical analysis of the use of sexual violence as a weapon of war together with the evolution of the institution of protective measures under the International Law and Human Rights. Moreover, the current challenges are addressed in the face of convictions (not) made and the difficulty in establishing sexual violence as a repeated theme on the political agenda of the international system as a whole, and national governments.

Keywords

(3)

Introdução

No campo das Relações Internacionais, mais especificamente na esfera dos estudos de segurança, observa-se um movimento contemporâneo, iniciado entre as décadas de 1970 e 1980, de alargamento e aprofundamento do conceito. O lançamento do conceito de segurança humana1 do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 1994) foi o grande marco de tal movimento, permitindo que novas temáticas e novos atores fossem trazidos ao debate em torno da segurança – provocando assim uma clara desmilitarização do conceito e uma oportunidade para novas perspectivas a respeito da ideia de ameaça e de como respondê-la. Nesse ínterim, é possível destacar a insurgência de estudos voltados para a questão da mulher, envolvendo as mais diferentes esferas no que concerne à sua proteção em matéria de segurança, Direito Internacional e Direitos Humanos. Imprescindível faz-se notar que estava em curso também o processo de especificação dos Direitos Humanos, permitindo que domínios cada vez mais particulares fossem compreendidos nos estudos desenvolvidos. É nesse contexto – cujo desenvolvimento ainda se mantém atento à necessidade de responder demandas cada vez mais pontuais e anteriormente diminuídas frente a outras questões consideradas mais relevantes no cenário internacional – que

1 A nova definição lançada pelo PNUD entende a segurança não como uma questão puramente focada em armamentos, mas sim estando diretamente relacionada à vida e dignidade humana e à possibilidade de desenvolvimento dos indivíduos. Nesse sentido, a segurança é então definida em torno de sete dimensões distintas, nomeadamente a segurança pessoal, a segurança política, a segurança econômica, a segurança comunitária, a segurança sanitária, a segurança alimentar e a segurança ambiental. Nota-se, portanto, que o novo conceito se apresenta como um divisor no que vinha sendo defendido como segurança até então, pautado em torno de questões militares e de segurança nacional.

surgem os estudos voltados estritamente para a violência sexual em situações de conflito.

O uso do estupro como arma de guerra é uma prática histórica, que remonta a conflitos como o retratado na Ilíada e cuja prática se perpetuou até conflitos mais atuais, como foi o caso da guerra civil em Ruanda e na República Democrática do Congo. O que se pretende apresentar neste trabalho é a evolução do Direito Internacional e dos Direitos Humanos em matéria de medidas protetivas a mulheres e meninas no que concerne à violência sexual em situações de guerra – um esforço conjunto de organizações internacionais, ativistas e demais pessoas e grupos engajados em buscar soluções para tal.

Para além do escopo jurídico, busca-se também correlacionar os desafios para a impunidade perante tais casos – notadamente, a baixíssima representatividade feminina nos tribunais internacionais e cortes de Direitos Humanos e a diminuta disponibilidade de dados concretos, imprescindíveis para uma melhor formulação de políticas voltadas para a proteção, prevenção e repressão nos casos de violência sexual.

1. Violência sexual em conflitos e o

direito internacional

Recentemente, os noticiários voltaram seus holofotes para a retomada das negociações históricas entre o Japão e a Coreia do Sul no que concerne às chamadas “mulheres de conforto” – coreanas, em sua maioria, e chinesas que sofreram abusos e foram feitas escravas sexuais por soldados japoneses no período da Segunda Guerra Mundial2. O anúncio de um possível 2 McCURRY, Justin. Japan and South Korea agree to settle wartime sex slaves row. The Guardian, 28 dez. 2015. Disponível em: <http://www.theguardian.com/world/2015/

(4)

dec/28/japan-to-say-sorry-to-south-korea-in-deal-to-end-acordo – que incluía um pedido público de desculpas por parte do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e a criação de um fundo de ajuda às vítimas entre os dois países – não foi bem recebido por parte das sobreviventes, que justificaram sua recusa ao acordo por esse não refletir suas ideias e também por não ter contado com sua participação nas negociações3.

Mesmo diante de um novo impasse no entendimento entre os dois Estados, o acontecimento serviu para trazer ao debate do grande público a questão da violência sexual contra mulheres em situações de conflito – que mesmo entre os meios técnicos e específicos é muito pouco discutido até os dias de hoje. A situação das sobreviventes coreanas é a mesma vivida por milhares de mulheres ao redor do mundo que sofreram algum tipo de abuso durante um período de conflito pelos mais diversos motivos – notadamente, como uma forma de dominação e limpeza étnica. Nas palavras de Card (1996),

Se há um conjunto de funções fundamentais de estupro, civil ou marcial, é para exibir, comunicar e produzir ou manter o domínio, o

que é apreciado por seu próprio bem e usado para tais fins escusos como a exploração, expulsão, dispersão, assassinato. Atos de estupro, como outros casos de tortura, comunicam o domínio removendo o nosso controle sobre o que entra ou colide com nossos corpos. O estupro é uma linguagem intercultural da dominação masculina (ou seja, a dominação pelos homens; pode ser

também o domínio dos homens). (CARD,

1996, 7, tradução nossa4)

dispute-over-wartime-sex-slaves>. Acesso em: 13 fev. 2016 3 TIEZZI, Shannon. South Korea’s ‘Comfort Women’ Reject Deal With Japan. The Diplomat, 30 dez. 2015. Disponível em: <http://thediplomat.com/2015/12/south-koreas-comfort-women-reject-deal-with-japan/>. Acesso em 13 fev. 2016. 4 CARD, Claudia. Rape as a Weapon of War. Hypatia, [s.l.], v. 11, n. 4, p.5-18, nov. 1996. Wiley-Blackwell. http://dx.doi. org/10.1111/j.1527-2001.1996.tb01031.x. Disponível em: <http://api.wiley.com/onlinelibrary/tdm/v1/articles/10.11

Historicamente, a violência sexual é prática recorrente em situações de combate. Há relatos de seu uso como arma de guerra em textos históricos como a Ilíada e o Antigo Testamento da Bíblia (JONES, 2013). Durante a Idade Média, além de comum, o ato era estimulado por conta da crença de que aumentava a vontade e a determinação dos soldados em vencer as batalhas. Em matéria de Direito, o Código Lieber, promulgado em 1863 visando estabelecer limites para a atuação dos soldados durante a Guerra Civil norte-americana, foi o primeiro documento a não apenas citar, como também proibir expressamente o estupro em tais circunstâncias.

Nota-se a inspiração a partir do Código Lieber na Declaração de Bruxelas (1874) e nas Convenções de Haia (1899 e 1907), que apesar de não se referirem diretamente à violência sexual, versavam sobre o respeito à honra e aos direitos da família – o que a doutrina especializada interpreta como referência a tal tipo de violência (Azevedo, 2014). Todavia, apesar de já se ter início um processo de proteção em matéria do Direito Internacional, observa-se mais uma vez a prática do estupro durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial – no primeiro conflito, ocorrendo principalmente à ocasião da invasão da França e da Bélgica e no segundo, para além dos campos europeus, na guerra Sino-Japonesa.

O Massacre de Nanquim (ou Estupro de Nanquim) é um exemplo significativo para a questão dos atos de violência sexual em conflitos. Durante a ocupação da antiga capital chinesa em 1937, estima-se que 20 mil estupros tenham acontecido apenas no primeiro mês; ao longo de sua permanência na cidade, as tropas japonesas instituíram um regime de escravidão e prostituição em bordeis militares,

(5)

alcançando uma estimativa de 200 mil mulheres como vítimas de aprisionamentos e violências forçadas. Durante os julgamentos no Tribunal Militar para o Extremo Oriente (Tribunal de Tóquio), nenhum dos líderes das tropas foi condenado especificamente por conta dos crimes de violência sexual – apesar desses terem sido citados no documento de acusação5 – e durante décadas o governo japonês

negou qualquer tipo de envolvimento em bordeis militares – o que foi revertido com a Declaração de Kono (1993) em resposta a uma década de pressão por parte de defensores dos Direitos Humanos.

Em 1996, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, primeiro julgamento por crimes de guerra internacional realizado desde Nuremberg, finalmente conseguiu despertar o interesse político no que concerne à violência sexual. O indiciamento de oito militares e policiais sérvios por sua ligação com violência a mulheres muçulmanas na Guerra da Bósnia (1992-1994) foi um marco histórico nos esforços para reprimir e prevenir a violência sexual durante a guerra, sendo o primeiro tribunal a julgar um caso especificamente de acusação de tal ato6 e

abrindo precedentes para outros – como é o caso de julgamentos feitos pelo Tribunal Penal Internacional para o Ruanda à ocasião do genocídio ocorrido no país, onde se estima ter acontecido de 250 mil a 500 mil de estupros – e também contribuiu para que no Estatuto de Roma, tratado que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional, o estupro fosse definido como crime de guerra e contra a humanidade7. 5 TÓQUIO. Judgment International Military Tribunal for the Far East Indictment. Disponível em: <http://werle.rewi.hu-berlin.de/tokyo.anklageschrift.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2016. 6 FACING History and Ourselves. Rape as a Weapon of War. Disponível em: <https://www.facinghistory.org/nanjing-atrocities-crimes-war/rape-weapon-war#Endnote 3>. Acesso em: 13 jul. 2016. 7 INTERNATIONAL Criminal Court. Rome Statute. Disponível em: <

https://www.icc-cpi.int/nr/rdonlyres/ea9aeff7-5752-4f84-be94-No que concerne aos Direitos Humanos, é preciso atentar que o processo, até que a violência sexual fosse expressamente incluída nos termos de proteção, também foi demorado. O final da Segunda Guerra Mundial trouxe mudanças decisivas para toda a comunidade internacional. Para além das mudanças ocorridas no campo econômico e político, o fim do conflito impactou diretamente na concepção que o Direito tinha até então sobre os Direitos Humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, se configurou como um marco histórico e grande inovação no campo dos direitos humanos.

A Declaração fundou uma nova concepção em sua proposta de universalidade e indivisibilidade – a chamada concepção contemporânea dos direitos humanos. É preciso ter em mente, todavia, que a Declaração de 1948 foi o símbolo do início de processo de mudanças e, portanto, o sistema internacional de proteção aos direitos humanos, por ela instituído, sofreu modificações ao longo das décadas seguintes. Nessa perspectiva, observa-se um movimento de especificação dos sujeitos de direito com o passar dos anos; a igualdade formal e abstrata estabelecida pela Declaração torna-se insuficiente para proteger aqueles que demandam garantias específicas e diferenciadas devido à sua condição social. Surge, nesse ínterim, para além do direito à igualdade, o direito à diferença e com ele uma série de tratados no âmbito internacional voltados especificamente para garantir os direitos particulares de parcelas da sociedade, assegurando para além da igualdade formal, uma igualdade pautada em sua condição socioeconômica e de acordo com critérios

(6)

de gênero, orientação sexual, etnia, entre outros. É nesse contexto, portanto, que os direitos humanos das mulheres começam a ser delineados. Despontando como a metade da população de quase todos os países do mundo8 e sendo elas historicamente uma parcela

da sociedade impactada e ferida no que concerne aos seus direitos como pessoa, essa mudança de abordagem se torna vital para uma tentativa de remediação do que fora sofrido até então e para a instituição de medidas de proteção específicas.

O fortalecimento do movimento feminista nos anos 1970 teve grande significância na questão, sendo o ano de 1975 declarado pela Assembleia Geral da ONU como o Ano Internacional da Mulher. No mesmo ano, a Conferência Mundial sobre as Mulheres, na Cidade do México, se consolidou como um marco na mudança do papel da mulher; ela não só passa a ser vista como um sujeito de direito a quem carece garantias específicas para sua condição social, como também, no âmbito internacional, amplia sua participação no processo de desenvolvimento e na busca pela plena igualdade entre os gêneros. Nesse sentido, vale destacar que das 133 delegações de Estado presentes na Cidade do México, 113 eram encabeçadas por mulheres9.

Impulsionada pela Conferência, a ONU declarou os anos de 1976 a 1985 como a Década da Mulher10,

criando assim um quadro extremamente propício para o desenvolvimento do campo dos direitos humanos das mulheres na agenda internacional.

Dando continuidade às ações voltadas para os direitos humanos das mulheres, em 1979 foi adotado

8 THE WORLD BANK. Population, female (% of total). Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/SP.POP.TOTL. FE.ZS>. Acesso em: 13 fev. 2016.

9 ESCOLA ABERTA DE FEMINISMO, As quatro conferências mundiais: desenvolvimento e objetivos. Disponível em: <http://www. escueladefeminismo.org/spip.php?article383>. Acesso em: 13 fev. 2016. 10 ONU, A ONU e as mulheres. Disponível em: <http://nacoesunidas. org/acao/mulheres/>. Acesso em: 13 fev. 2016.

pela Assembleia Geral da ONU o documento mais expressivo a esse respeito – a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW, na sigla em inglês). O documento, comumente chamado de Carta Internacional dos Direitos da Mulher, entrou em vigor em 1981 e se consolidou como o registro mais completo no que concerne às garantias aos direitos humanos das mulheres. É importante destacar que essa foi a Convenção que mais sofreu ressalvas por parte dos Estados signatários, especialmente no que concerne à igualdade entre homens e mulheres na estrutura familiar – sendo grande parte das reservas diretamente ligada a preceitos religiosos e culturais (ou até mesmo legais, no caso de Estados que possuem legislação a esse respeito) (PIOVESAN, 2012).

Posterior à Convenção de 1981, a Declaração e Programa de Ação de Viena dá um significativo passo à frente no que concerne aos direitos humanos das mulheres. É a primeira vez que um documento de tal porte não só cita como também possui um artigo em específico referente à violência contra a mulher. Nesse sentido, a Declaração de Viena incorpora a noção de gênero nos direitos humanos, seguindo com o movimento iniciado na metade do século XX de abordagem dos sujeitos de direito a partir das suas particularidades e condição social – marcando, portanto, a necessidade de uma reconceituação dos direitos humanos a partir de uma perspectiva de gênero, adequando assim as garantias obtidas para as mulheres em respeito à sua identidade e às carências que possuem em matéria de direito.

No mesmo ano, a Assembleia Geral da ONU adotou a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher,

(7)

mulheres constitui uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres, que conduziram ao domínio e à discriminação das mulheres por parte dos homens e impediram o progresso pleno das mulheres, e que a violência contra as mulheres constitui um dos mecanismos sociais fundamentais através dos quais as mulheres são forçadas a assumir uma posição de subordinação em relação aos homens (GABINETE DE DOCUMENTAÇÃO E DIREITO COMPARADO, 1993)11.

Conforme Azevedo (2014) destaca, “O documento também definiu violência de gênero como sendo a ‘violência que é dirigida contra uma mulher porque ela é uma mulher ou que afeta desproporcionalmente as mulheres’”. Ademais, a Declaração avançou significativamente em matéria de violência contra mulher ao definir os atos que a caracterizava em seu artigo segundo: a violência física, sexual e psicológica ocorrida tanto no seio da família quanto na comunidade em geral (por exemplo, o assédio e a intimidação sexual no local de trabalho) e aquela praticada ou tolerada pelo Estado.

Em 1994, a Comissão de Direitos Humanos da ONU designa Radhika Coomaraswamy como a primeira special rapporteur para Violência contra a

Mulher, suas Causas e Consequências, com a missão de analisar a situação da mulher perante os diferentes tipos de violência a fim de que mecanismos nacionais e internacionais pudessem ser desenvolvidos de forma a coagir tais práticas. Durante seus três anos de mandato, Radhika produziu dois relatórios voltados especificamente à violência sexual em situações de conflito armados, nos quais chamou atenção para o impacto das instabilidades regionais

11 GABINETE de Documentação e Direito Comparado. Declaração sobre a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Disponível em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/3_4/IIIPAG3_4_7.htm>. Acesso em: 13 fev. 2016

sobre crianças e mulheres, visto que essas além de serem vítimas diretas dos conflitos em casos de estupros e outras violências sexuais, tornam-se refugiadas e viúvas, ficando responsáveis por garantir o sustento da família. Para mais, a repórter especial reconheceu a necessidade do Direito Internacional e dos tribunais adotarem dispositivos referentes às questões de gênero “para pôr um fim à impunidade dos crimes sexuais em períodos de conflitos armados e assegurar às vítimas um meio de compensação pelas violências sofridas” (AZEVEDO, 2014, p. 13).

Dando continuidade ao ciclo de conferências iniciado em 1975, ocorre em 1995 a IV Conferência das Nações Unidas sobre os Direitos da Mulher em Pequim, da qual resulta a conhecida Plataforma de Pequim, que busca listar as doze áreas críticas concernentes aos direitos humanos das mulheres às quais os Estados-membros deveriam atentar e criar medidas eficazes para sua solução – dentre elas, estavam os conflitos armados, versando, por exemplo, a respeito do uso do estupro, o genocídio e a limpeza étnica como arma de guerra. A Conferência de Pequim foi de grande importância por incentivar a criação de novos documentos voltados à proteção da mulher nos anos que se seguiram. Nesse sentido, a Resolução 1325 (2000) e 1820 (2008) do Conselho de Segurança também tiveram grande peso na questão. A primeira, ao exortar seus Estados-membros a assegurar uma participação cada vez maior da mulher em todos os níveis de tomada de decisão – especialmente aqueles ligados aos processos de paz e resolução de conflitos – e ao adotar medidas de proteção para meninas e mulheres em matéria de violência sexual e outros tipos de possíveis abusos12. 12 CONSELHO de Segurança nas Nações Unidades. Resolução 1325. Disponível em: < http://www.igualdade.gov.pt/images/stories/Area_ Internacional/ONU/resolucao%201325%20portugues.pdf>. Acesso

(8)

A segunda, adotada oito anos depois, voltou-se especificamente para a violência sexual como tática de guerra voltada a “humilhar, dominar, intimidar, dispersar ou reinstalar a força os membros civis de uma comunidade ou grupo étnico”13, buscando

assim ações mais efetivas no tocante à proteção às mulheres e meninas nessa situação e defendendo que a violência sexual pode constituir “crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou atos de genocídio, ressaltando, por isso, que esses crimes sejam excluídos das leis de anistias desenvolvidas para a resolução dos conflitos, possibilitando a punição dos perpetradores” (AZEVEDO, 2014).

2. Desafios a proteção às vítimas de

violência sexual em conflitos

A questão que se põe perante a análise apresentada é como, apesar de todo o escopo jurídico criado ao longo dos anos no âmbito do Direito Internacional, a violência sexual ainda assola mulheres e meninas durante conflitos – e o mais agravante, por que tais casos são tão pouco divulgados e/ou julgados. Para tal, uma série de estatísticas levantadas por agências de Direitos Humanos e braços da ONU – nomeadamente, a ONU Mulheres e a campanha Stop Rape Now – ajudam

a compreender a dimensão do problema que existe atualmente – aquele da falta de representatividade.

A GQUAL, campanha formada por acadêmicos, ativistas de Direitos Humanos, juízes e advogados, é um exemplo da extrema necessidade de representatividade feminina no âmbito jurídico.

em 13 fev. 2016.

13 CENTRO Regional de Informação das Nações Unidas. Conselho de Segurança exige fim da violência sexual como tática de guerra. Disponível em: < http://www.unric.org/pt/mulheres/17999>. Acesso em: 13 fev. 2016.

A sub-representação das mulheres afeta virtualmente todos os tribunais internacionais ou órgãos de monitoramento e decisão que desempenham um papel-chave no desenvolvimento do direito internacional, dos direitos humanos, das relações internacionais, e da cooperação. Por exemplo, a partir de setembro de 2015, a Corte Interamericana de Direitos Humanos não tem juízes do sexo feminino; o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia tem 17 juízes permanentes e apenas dois são mulheres; o Comitê de Direitos Humanos tem 18 membros e apenas cinco são mulheres [tradução própria]14. Os tribunais internacionais e demais esferas que lidam com o Direito Internacional são âmbitos de suma importância para sociedade, visto que são muitas das vezes os responsáveis por tomarem decisões relativas às questões de paz, segurança e de proteção aos Direitos Humanos. Nota-se, portanto, que a sub-representação feminina é um grande obstáculo para se alcançar maior proteção a essa substancial parcela da sociedade, tanto em tempos de paz, quanto em tempos de conflito. A título de ilustração, mesmo com estimativas de alarmantes 250.000 a 500.000 casos de estupro, dos dez juízes constituintes do Tribunal Internacional para Ruanda, apenas dois são mulheres15 – sendo

esse positivamente um fator de peso para o baixo número de condenações relativas à violência sexual. Ademais, apesar da pioneira Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU reconhecer o impacto diferenciado de conflitos armados sobre mulheres e meninas, além da necessidade ímpar de maior representatividade feminina no que concerne às resoluções de conflitos e missões de

14 GQUAL: campaign for gender parity in international representation. Why is gender parity in international representation important?. Disponível em: <http://www.gqualcampaign.org/about-gqual/>. Acesso em: 05 mar. 2016.

(9)

paz, segundo dados de setembro de 2015 da própria organização entre os anos de 1992 e 2011, apenas 9% dos integrantes de mesas de negociação eram mulheres16 – uma clara falha no objetivo de promoção

de representatividade proposto pela Resolução. Para mais, um dos mais substanciais empecilhos para um maior alcance das medidas protetivas às mulheres atingidas pela violência sexual em conflitos armados é a falta de dados concretos. Estatísticas e números confiáveis são caminhos imprescindíveis para uma maior efetividade das políticas e segundo artigo da Organização Mundial de Saúde17, a falta deles no que concerne à violência

sexual nesse cenário é latente. É preciso atentar para as restrições em nível macro e micro; em relação ao primeiro, pode-se destacar principalmente a barreira logística para a coleta de dados dessa natureza em larga escala, resultando em estimativas muitas vezes distante da realidade. Outro ponto de destaque é o fato de que, até muito recentemente, as pesquisas voltadas à violência sexual eram restritas ao âmbito feminista, gerando muitas vezes estudos menores, de pequena escala e, portanto, menos propícios a englobar a situação de forma mais genérica.

Em uma perspectiva micro, observa-se que o principal bloqueio em relação ao levantamento de dados está diretamente ligado ao fato de que a violência sexual é vista como um tabu. O estupro é usado como arma de guerra de forma a constranger a população atacada, a menosprezá-la, e assim é

16 UN Women. Infographic: Gender equality – Where are we today? Disponível em: <http://www.unwomen.org/en/digital-library/mul-timedia/2015/9/infographic-gender-equality-where-are-we-today>. Acesso em: 05 mar. 2016.

17 PALMERO, Tia; PETERMAN, Amber. Undercounting, overcount-ing and the longevity of flawed estimates: statistics on sexual violence in conflict. Bulletin Of The World Health Organization, [s.l.], v. 89, n. 12, p.924-925, 1 dez. 2011. WHO Press. http://dx.doi.org/10.2471/ blt.11.089888. Disponível em: <http://www.who.int/bulletin/vol-umes/89/12/11-089888/en/>. Acesso em: 05 mar. 2016.

carregado de estigma não por aqueles que o sofreram, como também por suas famílias e conhecidos – muitas das vezes constrangidos pelo sentimento de impotência perante o inimigo. Dessa forma, é extremamente difícil angariar dados exatos através de pesquisas feitas diretamente com as vítimas – sem contar, ainda, com o fato de que muitos são aqueles que morrem durante o próprio conflito e, portanto, não se consegue mensurar com exatidão a extensão do ato.

A título de exemplo, pode-se tomar o caso da República Democrática do Congo: mais de 15 mil casos de estupros foram reportados à missão das Nações Unidas no país nos anos de 2008 e 2009. Todavia, um estudo tomando como bases estimativas populacionais e os dados do órgão nacional de Pesquisa em Saúde e Demografia entre os anos de 2006 e 2007 mostrou que o total de estupros entre mulheres de 15 a 49 anos no período de um ano era 26 vezes maior que as estimativas apresentadas com base nos dados das Nações Unidas18. A perpetuação

de diferenças como essa em termos de análise quantitativa pode afetar de forma significativa o movimento de proteção às mulheres; subestimar a incidência de violência sexual pode levar a uma diminuição do incentivo para a sociedade internacional agir sobre o caso, enquanto que superestimar uma ocorrência pode acabar por diminuir a percepção de urgência a respeito de outra, também afetando a manifestação de organismos internacionais e governos.

Conclusão

A História não deixa negar a existência e o forte impacto da violência sexual em situações de conflito armado. Ademais, não se pode também

(10)

negligenciar o fato de que diversos avanços foram alcançados em matéria de Direito e medidas protetivas; o movimento contemporâneo de especificação do sujeito e a abertura do campo das Relações Internacionais para estudos voltados a realidade pontuais, previamente ignoradas pela hard politics,

constrói um momento propício para a emergência de investigação e denúncia de casos de violência. Todavia, não se pode afirmar que os mecanismos de proteção e punição sejam efetivos. Os dados apresentados ilustram a dificuldade que persiste em garantir uma maior assistência às vítimas da violência sexual e meios eficientes para a punição daqueles que cometem tais atos. A título de exemplo, podem-se destacar os casos de violência cometidos por soldados das missões de paz da ONU – um relatório elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da organização e recentemente divulgado com lista de 99 denúncias de violência ocorridas em 2015, sendo 69 cometidas por soldados das missões e as outras 30 por funcionários da ONU em outros setores, tendo a maioria dos abusos ocorrido na África, mais especificamente na República Centro-Africana19.

A crise política e humanitária em curso na Europa por conta do grande fluxo de refugiados oriundos de países do Oriente Médio também é pano de fundo para a ocorrência de violações. Em um relatório divulgado pela Anistia Internacional em janeiro de 2015, foram apresentados os relatos de 40 mulheres refugiadas que alegaram ter vivido experiências de violência e abuso durante a travessia até a Europa e já dentro do novo continente, muitas vezes cometida por agentes de segurança, outros

19 ‘Sexo oral por biscoitos’: As denúncias de abuso sexual con-tra soldados e funcionários da ONU. BBC Brasil. São Paulo, 06 mar. 2016. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noti-cias/2016/03/160304_denuncia_abuso_onu_fn#orb-banner>. Acesso em: 07 mar. 2016.

refugiados e traficantes de pessoas – esses, comumente relacionados à barganha de sexo em troca de entrada nos países europeus20. Conforme afirmado por

Iverna McGowan, diretora do escritório da Anistia Internacional, em entrevista para a BBC Brasil:

Extremistas da extrema direita, assim como alguns políticos conservadores, estão alimentando a xenofobia e o racismo ao transformar a questão da violência sexual contra mulheres em ferramenta de discriminação contra refugiados e imigrantes, o que abre um perigoso precedente. (BIZZOTTO, 2016)21 Nota-se, portanto, que apesar das tentativas para reverter essa situação e punir devidamente seus praticantes, a violência sexual em situações de conflito continua a ser uma prática reiterada no cenário internacional. Por estar tão fortemente enraizada nas tradições de guerra, é preciso que se mantenha o esforço constante para descontruir o tabu sustentado em torno do abuso sexual, de forma a garantir que as vozes de um número cada vez maior de vítimas possam ser ouvidas, além da manutenção de mecanismos protecionais e coercitivos efetivos, a fim de se criar uma maior institucionalização da punição referente a tal crime e assim garantir uma diminuição significativa da sua ocorrência. Apesar dos avanços já alcançados, é mandatório fazer mais para pôr fim a esse crime tão perceptível, mas ainda assim invisível aos olhos de uma grande parte da sociedade.

20 MORAES, Aline. Refugiadas sofrem exploração e violência sexual, diz Anistia Internacional. Agência Brasil: EBC. Brasília, 18 jan. 2016. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti- cia/2016-01/refugiadas-sofrem-exploracao-e-violencia-sexual-diz-anis-tia>. Acesso em: 07 mar. 2016.

21 BIZZOTTO, Márcia. Novas acusações de assédio sexual incen-deiam debate sobre refugiados na Europa. Bbc Brasil. São Paulo, 18 jan. 2016. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noti-cias/2016/01/160118_agressoes_debate_refugiados_mb>. Acesso em: 07 mar. 2016.

(11)

Referências bibliográficas

AZEVEDO, Fernanda Ribeiro de. A Violência Sexual Contra a Mulher e o Direito Internacional.

Cedin. Minas Gerais, p. 2-50, out. 2014.

Disponível em: <http://www.cedin.com.br/ wpcontent/uploads/2014/05/AViolênciaS e x u a l C o n t r a a M u l h e r e o D i r e i t o -Internacional.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016. BIZZOTTO, Márcia. Novas acusações de assédio sexual incendeiam debate sobre refugiados

na Europa. Bbc Brasil. São Paulo, 18 jan.

2016. Disponível em: <http://www.bbc. com/portuguese/noticias/2016/01/160118_ agressoes_debate_refugiados_mb> Acesso em: 07 mar. 2016.

CARD, Claudia. Rape as a Weapon of War. Hypatia,

[s.l.], v. 11, n. 4, p.5-18, nov. 1996. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/j.1527-2001.1996. tb01031.x. Disponível em: <http://onlinelibrary. wiley.com/doi/10.1111/j.1527-2001.1996. tb01031.x/abstract>. Acesso em: 20 fev. 2016. CENTRO Regional de Informação das Nações Unidas. Conselho de Segurança exige fim da violência sexual como tática de guerra.

Disponível em: < http://www.unric.org/pt/ mulheres/17999>. Acesso em: 13 fev. 2016. CHINKIN, Christine. Rape and Sexual Abuse of

Women in International Law. European Journal of International Law, Oxford, v. 5, n. 1,

p.326-341, jan. 1994. Disponível em: <http://www.ejil. org/pdfs/5/1/1246.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2016.

CONSELHO de Segurança nas Nações Unidades.

Resolução 1325. Disponível em: < http://

www.igualdade.gov.pt/images/stories/Area_ Internacional/ONU/resolucao%201325%20 portugues.pdf>. Acesso em 13 fev. 2016.

ESCOLA ABERTA DE FEMINISMO. As quatro

conferências mundiais: desenvolvimento

e objetivos. Disponível em: <http://www. escueladefeminismo.org/spip.php?article383>. Acesso em: 13 fev. 2016.

FACING History and Ourselves. Rape as a Weapon of War. Disponível em: <https://www.

facinghistory.org/nanjing-atrocities-crimes-war/ rape-weapon-war#Endnote 3>. Acesso em: 13 jul. 2016.

GABINETE de Documentação e Direito

Comparado. Declaração sobre a Eliminação

da Violência Contra as Mulheres. Disponível

em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/3_4/ IIIPAG3_4_7.htm>. Acesso em: 13 fev. 2016 GQUAL: campaign for gender parity in

international representation. Why is gender parity in international representation important?

Disponível em: <http://www.gqualcampaign.org/ about-gqual/>. Acesso em: 05 mar. 2016.

INTERNATIONAL Criminal Court. Rome

Statute. Disponível em: < https://www.icc-cpi.

int/nr/rdonlyres/ea9aeff7-5752-4f84-be94-0a655eb30e16/0/rome_statute_english.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2016

(12)

McCURRY, Justin. Japan and South Korea agree to settle wartime sex slaves row. The Guardian,

28 dez. 2015. Disponível em: <http://www. theguardian.com/world/2015/dec/28/japan-to- say-sorry-to-south-korea-in-deal-to-end-dispute-over-wartime-sex-slaves>. Acesso em: 13 fev. 2016.

MORAES, Aline. Refugiadas sofrem exploração e violência sexual, diz Anistia Internacional. Agência Brasil: EBC. Brasília, 18 jan. 2016. Disponível em:

<http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/ noticia/2016-01/refugiadas-sofrem-exploracao-e-violencia-sexual-diz-anistia>. Acesso em: 07 mar. 2016.

ONU. A ONU e as mulheres. Disponível

em: <http://nacoesunidas.org/acao/mulheres/>. Acesso em: 13 fev. 2016.

PALMERO, Tia; PETERMAN, Amber.

Undercounting, overcounting and the longevity of flawed estimates: statistics on sexual violence in conflict. Bulletin of the World Health Organization, [s.l.], v. 89, n. 12, p. 924-925, 1 dez.

2011. WHO Press. http://dx.doi.org/10.2471/ blt.11.089888. Disponível em: <http://www.who. int/bulletin/volumes/89/12/11-089888/en/>. Acesso em: 05 mar. 2016.

PIOVESAN, Flávia. A Proteção Internacional dos Direitos Humanos das Mulheres. Revista Emerj, Rio de Janeiro, v. 15, n. 57, p. 70-89, jan.

2012. Disponível em: <http://www.emerj.tjrj. jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista57/ revista57_70.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016.

‘Sexo oral por biscoitos’: as denúncias de abuso sexual contra soldados e funcionários da ONU.

BBC Brasil. São Paulo, 06 mar. 2016. Disponível

em: <http://www.bbc.com/portuguese/ noticias/2016/03/160304_denuncia_abuso_onu_ fn#orb-banner>. Acesso em: 07 mar. 2016. TIEZZI, Shannon. South Korea’s ‘Comfort

Women’ Reject Deal With Japan. The Diplomat,

30 dez. 2015. Disponível em: <http://thediplomat. com/2015/12/south-koreas-comfort-women-reject-deal-with-japan/>. Acesso em 13 fev. 2016.

THE WORLD BANK. Population, female (%

of total). Disponível em: <http://data. worldbank.org/indicator/SP.POP.TOTL.FE.ZS>. Acesso em: 13 fev. 2016.

TÓQUIO. Judgment International Military

Tribunal for the Far East Indictment.

Disponível em: <http://werle.rewi.hu-berlin.de/ tokyo.anklageschrift.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2016.

UN Women. Infographic: Gender equality –

Where are we today? Disponível em: <http:// w w w. u n wo m e n . o r g / e n / d i g i t a l - l i b r a r y / multimedia/2015/9/infographic-gender-equality-where-are-we-today>. Acesso em: 05 mar. 2016.

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

No primeiro livro, o público infantojuvenil é rapidamente cativado pela história de um jovem brux- inho que teve seus pais terrivelmente executados pelo personagem antagonista,

Considerando que, no Brasil, o teste de FC é realizado com antígenos importados c.c.pro - Alemanha e USDA - USA e que recentemente foi desenvolvido um antígeno nacional

By interpreting equations of Table 1, it is possible to see that the EM radiation process involves a periodic chain reaction where originally a time variant conduction

O desenvolvimento desta pesquisa está alicerçado ao método Dialético Crítico fundamentado no Materialismo Histórico, que segundo Triviños (1987)permite que se aproxime de

Sendo assim, o presente estudo visa quantificar a atividade das proteases alcalinas totais do trato digestório do neon gobi Elacatinus figaro em diferentes idades e dietas que compõem

Assim procedemos a fim de clarear certas reflexões e buscar possíveis respostas ou, quem sabe, novas pistas que poderão configurar outros objetos de estudo, a exemplo de: *