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UTILIZAÇÃO DOS MODELOS DE RONNINGSEN E EYRING PARA AVALIAÇÃO DA VISCOSIDADE DE GEL DE FRATURAMENTO HIDRÁULICO

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UTILIZAÇÃO DOS MODELOS DE RONNINGSEN E EYRING PARA AVALIAÇÃO DA VISCOSIDADE DE GEL DE FRATURAMENTO HIDRÁULICO

Geraldine Angélica S. da Nóbrega1, Josinira A. Amorim2, Roberta de Melo Pegado2, Afonso Avelino Dantas Neto2, Osvaldo Chiavone Filho2, Márcio Luis Lyra Paredes3

1Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia.Unidade Simões Filho. Via Universitária, s/n, Pitanguinha, Simões Filho, Cep:43.700-000 Bahia – Brasil - Fone: (071)3396-8400 - Fax: (071)3396-7326

e-mail: dine@eq.ufrn.br

2Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Química, Campus Universitário, S/N. CEP 59072-970. Natal -RN–Brasil. Fone:(084)3215-3773 – Fax:(084)3215-3756

e-mail: aadantas@eq.ufrn.br

3Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Departamento de Físico-Química, Campus Maracanã, PHLC, 411.

CEP 20550-900 Rio de Janeiro – Brasil. Fone (021) 2587.7631 e-mail: paredes@uerj.br

O fraturamento hidráulico tem papel importante no aumento da produção de óleo e gás. O processo envolve a injeção de um fluido até a sua pressão sobrepor à pressão da formação rochosa. Os géis de fraturamento hidráulico a base de tensoativos são considerados géis limpos, por não formarem resíduos insolúveis. Este tipo de fluido de fraturamento tem o propósito de minimizar, ou eliminar, danos na formação rochosa. Entre as características físico-químicas do gel de fraturamento hidráulico, a viscosidade apresenta-se como parâmetro determinante no bombeio e transporte do propante. Desta forma o presente trabalho visa à obtenção experimental de dados de viscosidade do sistema ternário microemulsionado composto de Aguarrás (fase orgânica), RDG 60 (tensoativo não-iônico) e água (fase aquosa), numa faixa de temperatura de 40 a 90 ºC, bem como a modelagem desses dados. Para formulação do gel a base de tensoativo, é necessária a construção de diagramas de fases. O método de construção destes diagramas baseia-se na titulação com pesagem analítica das proporções volumétrica, a fim de se obter as respectivas proporções mássicas. A obtenção da viscosidade foi realizada através de um reômetro Brookfield RS2000. A modelagem foi realizada através da avaliação de regras de misturas para viscosidade segundo a teoria de Eyring (para mistura) e o modelo de Ronningsen verificando assim a influência da viscosidade de microemulsões água/óleo. O gel de fraturamento hidráulico foi formulado a partir de mistura de aguarrás-RDG 60-água, numa faixa de 85 a 10% de tensoativo. A partir dos experimentos com o gel formulado, foram gerados dados de viscosidade para toda a faixa de temperatura. Sob influência do aumento da temperatura, o gel apresentou diminuição da viscosidade, contudo não houve a quebra do gel. O trabalho utilizou hipóteses simplificadoras para descrever a aguarrás, representada por um único alcano, tendo sido obtidos resultados satisfatórios, que foram independentes do alcano escolhido. Com relação a modelagem, foi obtida pelas regras estudadas uma boa representação dos dados experimentais, comprovando a qualidade das análises de viscosidade e que os modelos se adequam para sistemas de gel de fraturamento a base de tensoativos.

É amplo o campo de aplicações desta caracterização, especialmente para géis a base de tensoativos, e seus resultados são muito importantes, visando prever o comportamento da viscosidade do gel em função da temperatura e da composição.

Viscosidade, gel de fraturamento, microemulsão, modelagem.

1. INTRODUÇÃO

O fraturamento hidráulico é a técnica de estimulação de poços mais utilizada na indústria de petróleo. Os alvos desse tratamento são, principalmente, os poços cujos índices de produtividade não estejam atingindo valores economicamente satisfatórios. Nesta técnica, um fluido viscoso é bombeado para o fundo do poço a uma pressão suficientemente elevada, visando à criação de uma fratura de alta condutividade na formação de interesse (Grothe, 2000). A fratura inicia-se junto à parede do poço e propaga-se em direção ao interior da formação à medida que o fluido é injetado. O fluido de fraturamento transporta sólidos responsáveis pela sustentação da fratura (areia, bauxita ou cerâmica), os quais asseguram a existência de um canal efetivo e permanentemente aberto ao fluxo de hidrocarbonetos após o fim do bombeio. A viscosidade do gel de fraturamento deve ser baixa na coluna do poço para reduzir a perda de carga e deve ser alta durante a propagação e fechamento da fratura para evitar a decantação do agente de sustentação. Após o fechamento da fratura a viscosidade deve ser reduzida rapidamente para facilitar a limpeza do poço (Economides e Nolte, 1989).

(2)

Uma maneira de diminuir a viscosidade de um fluído é aumentando a temperatura de trabalho. A teoria cinética define bem a relação entre a viscosidade e a temperatura no que diz respeito aos gases, entretanto, quando nos referimos a substâncias líquidas esta teoria não está completamente desenvolvida , sendo necessária à utilização de modelos matemáticos na estimativa da variação da viscosidade com a temperatura.

O presente trabalho visa à obtenção experimental de dados de viscosidade do gel formado pelo sistema ternário microemulsionado composto de Aguarrás (fase orgânica), RDG 60 (tensoativo não-iônico) e água (fase aquosa), numa faixa de temperatura de 40 a 90 ºC, bem como a modelagem desses dados através da avaliação de regras de misturas para viscosidade segundo a teoria de Eyring (para mistura) e o modelo de Ronningsen (1995 citado por Farah, 2005) para estudar a influência da viscosidade de microemulsões água/óleo com a variação da temperatura.

2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1.Tensoativos

Os tensoativos são moléculas anfifílicas, as quais têm a característica de possuírem dupla polaridade quando presentes em meio aquoso. As moléculas anfifílicas são formadas por um grupo estrutural com afinidade por componente apolar, chamado de grupo hidrofóbico, ligado a outro que tem grande afinidade por componente polar, chamado de grupo hidrofílico. Estes grupos se comportam de maneira distinta. Usados para modificar um meio reacional, estes agentes permitem solubilizar espécies de baixa solubilidade ou promover um novo meio que pode modificar a velocidade reacional, a posição de equilíbrio das reações químicas e, em alguns casos, a estereoquímica destas dependendo da natureza da reação, do tipo de reativo (eletrofílico, nucleofílico etc) e do tipo (catiônica, aniônica etc) (Pelizzetti & Pramauro, 1985). Os tensoativos podem ser classificados de acordo com as características do grupo polar da molécula. Sendo eles: aniônicos, catiônicos, anfóteros e não-iônicos. As principais características do uso de tensoativos estão relacionadas à formação de estruturas organizadas, também conhecidas como estruturas micelares (Weest & Harwell, 1992). As micelas são agregados moleculares, possuindo ambas as regiões estruturais hidrofílica e hidrofóbica que, dinamicamente, se associam espontaneamente em solução aquosa a partir de uma certa concentração denominada concentração micelar crítica (CMC), formando grandes agregados moleculares de dimensões coloidais, chamados micelas. Abaixo da CMC o tensoativo está, predominantemente, na forma de monômeros, quando a concentração está abaixo, porém próxima da CMC, existe um equilíbrio dinâmico entre monômeros e micelas (Figura 1). As micelas são termodinamicamente estáveis e facilmente reprodutíveis, e são destruídas pela diluição com água quando a concentração do tensoativo ficar abaixo da CMC (Pelizzetti & Pramauro, 1985).

Figura 1. Formação do agregado micelar.

2.2. Microemulsões

As microemulsões são formadas por tensoativo e/ou cotensoativo na presença da fase apolar e polar, formando assim um filme misto que reduz a tensão interfacial a valores muito baixos. O cotensoativo é uma molécula não-iônica, associada ao tensoativo iônico e sua presença é facultativa, pois seu papel é ajudar na estabilização do sistema, quando o tensoativo possui uma grande parte polar. São consideradas misturas termodinamicamente estáveis, transparentes e, geralmente, compostas de quatro componentes: tensoativo, cotensoativo, composto polar e apolar. As microemulsões podem ser formadas com várias configurações, dependendo de sua composição. Nas microemulsões ricas em óleo, a água é solubilizada sob a forma de pequenas gotículas envolvidas por uma membrana constituída pelas moléculas do tensoativo e do cotensoativo, como pode ser observado através da Figura 2. Estas estruturas são conhecidas como microemulsões água em óleo (A/O) e neste domínio ocorrem às micelas inversas, onde as moléculas anfifílicas nas membranas são orientadas com a parte lipofílica voltada para o óleo e a parte hidrofílica voltada para a água. Uma estrutura análoga é encontrada nas microemulsões óleo em água (O/A), sendo que neste domínio ocorrem em micelas do

(3)

tipo direta, onde a cabeça polar do tensoativo é voltada para a fase contínua aquosa e a cauda apolar se dirige para o interior hidrófobo da micela.

Figura 2. Estrutura de microemulsão O/A e A/O.

No que diz respeito ao gel de fraturamento, os aspectos fundamentais que governam o estudo reológico de géis são descritos pela viscosidade, taxa de deformação, tensão de cisalhamento e energia de ativação, que são considerados parâmetros que representam o comportamento e a morfologia (Lee et al., 1996). Uma das propriedades reológicas mais importantes, a viscosidade, é influenciada por vários fatores como, por exemplo, a temperatura (Hassan et al., 1998). Geralmente, a elevação da temperatura ocasiona uma diminuição na viscosidade devido à existência de menos fricção molecular e ao enfraquecimento das forças hidrodinâmicas (Davis, 1995).

2.3 Modelos para viscosidade de emulsões

A viscosidade de emulsões é função, entre outros fatores, de temperatura, pressão, viscosidade da fase contínua, viscosidade da fase dispersa e fração volumétrica da fase dispersa. Uma abordagem usual utiliza a viscosidade da fase contínua como referência para a viscosidade da emulsão, e a temperatura e a fração volumétrica da fase dispersa são utilizadas como variáveis independentes na modelagem do afastamento entre a viscosidade da emulsão e da referência.

2.3.1 modelo de Einstein

Einstein (1911 citado por Lima, 2006), foi o pioneiro em estudos sobre viscosidade relativa de emulsões ao perceber um aumento linear dessa propriedade com um aumento na concentração da fase dispersa:

φ + µ =

= µ

µ 1 2,5

r c (1)

onde µr é a viscosidade relativa, µcé a viscosidade da fase contínua e φ é a fração volumétrica da fase dispersa. Nesse modelo, o efeito da temperatura na viscosidade da emulsão acompanha o efeito na viscosidade da fase contínua.

2.3.2. modelo com temperatura variável

Ronnigsen (1995 citado por Farah, 2005) baseando-se na relação exponencial entre a viscosidade relativa e a fração volumétrica da fase dispersa proposta por Richardson (1953), propôs um modelo que correlaciona a viscosidade com a fração volumétrica da fase dispersa e a temperatura:

φ + φ + +

=

µr a1 a2T a3 a4T

log (2)

onde a1,a2,a3,a4são os coeficientes da correlação.

Posteriormente, Jonhsen e Ronningsen (2003) propuseram um modelo preditivo baseado na equação anterior, tendo trabalhado com emulsões de água em petróleos do Mar do Norte. Os parâmetros propostos pelos autores foram os apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Parâmetros do modelo (Eq. 2) de Jonhsen e Ronningsen (2003)

(4)

Tensão de cisalhamento /s-1

30 100 500

a1 0,01334 0,04112 -0,06671

a2 -0,003801 0,002605 -0,0007750

a

3 4,338 3,841 3,484

a4 0,02628 0,02497 0,00500

2.4 Modelo para viscosidade de soluções

Um dos modelos para predição da viscosidade de soluções, em função de composição e temperatura, mais utilizado na literatura é o modelo de Eyring, apresentado a seguir:

RT M G

M E

i i

i i i

x

ln ,#

ln ∆

+

 

 ρ

= µ



 

 ρ

µ

(3)

onde M é a massa molar,ρé a massa específica e∆GE,# RT é o termo de excesso. Como proposta para o termo de excesso, o modelo UNIFAC-Visco (Chevalier et al, 1988) vem sendo utilizado com sucesso. Segundo os autores, o modelo UNIFAC-Visco apresenta melhores resultados quando esse termo de correção é considerado independente de temperatura. Assim, nesse trabalho será considerado como simplificação que essa correção não varia com a temperatura, sendo uma função da composição apenas. Como conseqüência, a eliminação desse termo, ou seja, escolher ∆GE,# RT =0 acarreta erro sistemático como função da composição, mas não como função da temperatura. Uma vez que o foco desse trabalho é o efeito da temperatura sobre a viscosidade de uma microemulsão (e logo sobre a viscosidade da fase contínua), será utilizado o modelo ideal de Eyring:





= 



 

i i

i i i

M

M

x

µρ

ρ

µ ln

ln (4)

3. METODOLOGIA 3.1. Gel a base de tensoativo

Os produtos químicos usados para a preparação do gel a base de tensoativo foram: aguarrás (composto apolar), água destilada (composto polar) e mistura na proporção de 1:1 para o tensoativo não-iônico RDG 60.

Para preparar o gel a base de tensoativo, foi necessária a determinação da região de gel em diagrama de fase ternário. As regiões do diagrama de fases foram descritas como: gel turvo, gel, microemulsão (Win IV) e emulsão. Winsor (1948) foi um pesquisador que propôs uma classificação baseada na natureza das fases envolvidas. Winsor IV (Win IV) corresponde a um sistema monofásico microemulsionado, em escala macroscópica, constituído por uma fase única.

Obtido o diagrama de fases ternário com a região de gel delimitada, um ponto dentro da região de gel foi escolhido. Os géis foram preparados em um misturador Waring, onde todos os produtos químicos foram adicionados ao mesmo tempo e mantidos em agitação por 30 minutos (Castro Dantas et al, 2003).

3.2. Medidas de viscosidade

Com o propósito de avaliar a variação da viscosidade do gel em função da temperatura, medidas de viscosidade do gel e do RDG 60 foram realizadas em um Reômetro Brookfield RS 2000 à temperaturas de 40 a 90ºC e temperatura constante e controlada através de banho termostático. Gravimetria foi usada para a obtenção das composições (35% de RDG 60; 40% de Aguarrás e 25% de água). Os dados de viscosidade da água e dos n- alcanos foram obtidos da literatura (Lemmon et al, 2005).

3.3. Avaliação dos modelos de viscosidade de emulsões

Os modelos de Einstein e de Ronningen necessitam informação sobe a viscosidade da fase contínua. Na presente aplicação, a fase contínua é a fase oleosa, sendo formada pela mistura aguarrás / RDG-60. Com o

(5)

intuito de se utilizar uma modelagem tão simples e eficiente quanto possível, nesse trabalho o modelo ideal de Eyring será utilizado para o cálculo de µc. Uma vez que se avaliará o efeito da temperatura sobre a viscosidade, e que, como apresentado, não se espera um erro de modelagem como função de temperatura, e logo não será alterado o coeficiente angular da reta que descreve a relação entre o logaritmo da viscosidade relativa e a temperatura. Reescrevendo a Eq. (2), tem-se que:

(

a a

) (

a a

)

T

r = + φ + + φ

µ 1 3 2 4

log (5)

Com essa metodologia, pode-se comparar o coeficiente angular encontrado com o valor de a2+a4φ proposto pelo modelo preditivo de Johnsen e Ronningsen (2003).

Ainda com o intuito de simplificar a modelagem, a aguarrás é representada nesse trabalho como um único n- alcano. A aguarrás utilizada nos experimentos foi caracterizada como próxima ao n-decano. Por esse motivo, três n-alcanos serão testados nessa simplificação: n-octano, n-decano, e n-dodecano. Com isso espera-se quantificar o efeito da escolha do n-alcano representativo da aguarrás no cálculo da influência da temperatura na viscosidade da microemulsão.

Apesar do modelo de Eyring para substâncias puras fornecer uma forma funcional para a viscosidade como função da temperatura, esse modelo não é explícito na fração volumétrica da fase dispersa. Por esse motivo os modelos de Einstein e Ronningsen são avaliados em destaque no presente trabalho.

4. RESULTADOS

4.1. Obtenção de diagramas de fases

Com o objetivo de identificar as regiões de gel, foi construído diagrama de fases ternário (Figura 3), para os seguintes sistemas: fase orgânica: hidrocarboneto; fase aquosa: água destilada; e tensoativos: tensoativo não- iônico RDG 60.

Figura 3. Diagrama de fases ternário com regiões de gel para os sistemas: aguarrás, água e RDG 60.

Com base na Figura 3, pôde-se verificar que o tensoativo apresenta-se completamente solúvel na fase orgânica. A região de Win IV é apresentada em todos os sistemas na fase rica em aguarrás. O aparecimento da fase gel é devido à presença de água no sistema. A presença da região de gel turvo é devido à fraca interação do tensoativo na estabilização entre as fases orgânica e aquosa. A região de emulsão foi observada na região de baixa concentração de tensoativos. A formulação do gel foi estabelecida em 40% de tensoativo, 30% de aguarrás e 30% de água destilada.

4.2. Viscosidade em função da temperatura

Na Tabela 2 são apresentados os dados de viscosidade obtidos experimentalmente.

Tabela 2 – Dados experimentais de viscosidade (Pa.s)

(6)

T (ºC) RDG Gel de fraturamento

40.2 0.083 0.035

50.2 0.05 0.020

60.2 0.032 0.012

70.4 0.023 0.008

80.7 0.017 0.006

90.1 0.013 0.003

Na Figura 4 são apresentados os dados de viscosidade em função da temperatura obtidos nesse trabalho e obtidos da literatura (Lemmon et al, 2005). Verificamos que a viscosidade do gel é maior quando comparado com o óleo hipotético (formado pela mistura n-decano/RDG-60 isento de água), confirmando o que já era previsto pelos modelos de Einstein e Ronningsen, nos quais a viscosidade da emulsão aumenta quando há um aumento na fração de volume da fase dispersa. O mesmo não seria observado se calculássemos a viscosidade da emulsão com o modelo de Eyring, considerando a emulsão como uma solução verdadeira. Nesse caso, uma vez que a viscosidade da água é menor do que a do óleo hipotético, a viscosidade da mistura seria inferior à do óleo hipotético.

1.E-4 1.E-3 1.E-2 1.E-1

40 50 60 70 80 90

T (ºC)

µ (Pa.s)

Gel RDG 60

Decano Agua

Óleo hipotético

Figura 4 – Dados da viscosidade como função de temperatura

Nas Figuras 5 a 7 são apresentadas as viscosidades relativas em função da temperatura, e os respectivos coeficientes de determinação e equações da reta, para os 3 n-alcanos utilizados como representativos da aguarrás.

(7)

y = -0.0103x + 1.1899 R2 = 0.9603 0

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

20 40 60 80 100

T (ºC) logµ r

Figura 5 – Viscosidade relativa da emulsão utilizando n-decano como representativo da aguarrás

y = -0.0123x + 1.5703 R2 = 0.9743 0

0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

20 40 60 80 100

T (ºC) log µ r

Figura 6 – Viscosidade relativa da emulsão utilizando n-dodecano como representativo da aguarrás

y = -0.0141x + 2.1112 R2 = 0.9784

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8

20 40 60 80 100

T(ºC) log µr

Figura 7 – Viscosidade relativa da emulsão utilizando n-octano como representativo da aguarrás

(8)

Podemos observar que a utilização da hipótese simplificadora da representação da aguarrás como uma única substância (n-alcano linear) foi satisfatória, permitindo a obtenção de uma relação linear entre a viscosidade relativa e a temperatura, como proposto por Ronningsen. Verificamos também que o coeficiente angular, linear e de determinação são não-monotônicos quando avaliados contra o número de carbonos dos n-alcanos escolhidos para o estudo. Esse resultado indica que, apesar de poderem ser utilizados diferentes n-alcanos nessa simplificação, parece conveniente utilizar aquele que melhor representa a fração aguarrás, uma vez que os pontos extremos das curvas dos coeficientes citados contra número de carbono ocorrem justamente no ponto central, onde se encontra o n-decano.

Os valores de a2+a4φ do modelo preditivo de Ronningsen são sempre positivos para a fração volumétrica de fase dispersa estudada nesse trabalho, indicando que a viscosidade relativa deveria aumentar com o aumento da temperatura e podemos observar pelas Figuras 5 a 7 que a viscosidade relativa decresce com o aumento da temperatura. Esse fato indica que microemulsões de água em misturas aguarrás/RDG-60 não apresentam o mesmo comportamento em função de temperatura que emulsões de água em petróleos do Mar do Norte.

O resultado experimental na temperatura de 80 ºC apresenta-se um pouco afastado do comportamento esperado, podendo esse desvio ser fruto de erro experimental. Diante desses resultados, reforça-se a importância do estudo da influência da temperatura na viscosidade de microemulsões.

5. CONCLUSÃO

Gel para fraturamento hidráulico foi formulado a partir de mistura de aguarrás-RDG 60-água, numa faixa de 85 a 10% de tensoativo, aproximadamente.

Foram gerados dados de viscosidade para o gel de fraturamento em uma ampla faixa de temperatura, onde a partir dos compostos escolhidos foi também possível a formação da microemulsão.

De acordo com os resultados obtidos concluímos que o modelo de viscosidade relativa de emulsões de Ronningsen foi aplicados com sucesso para a microemulsão estudada, uma vez que a viscosidade relativa da emulsão apresentou dependência linear com a temperatura. O modelo de Einstein, por sua vez, prevê que essa propriedade não é função de temperatura, o que não foi observado experimentalmente.

A utilização da hipótese simplificadora de que a aguarrás pode ser representada por um único n-alcano foi satisfatória e pode-se entender que a simplificação independe do n-alcano escolhido. Apesar disso, o comportamento dos coeficientes das retas ajustadas para descrever a relação entre a viscosidade relativa e a temperatura indicam ser interessante escolher um n-alcano que melhor represente a aguarrás.

A utilização da teoria de Eyring para a predição da viscosidade do óleo hipotético permitiu a obtenção da viscosidade relativa de microemulsões de acordo com o comportamento previsto por Ronningsen, o que reforça a expectativa que o termo de excesso nesse modelo pode ser considerado pouco dependente da temperatura.

O resultado apresentado pelo modelo preditivo de Ronningsen sugere mais estudos sobre viscosidade de microemulsões, como função da fração volumétrica de fase dispersa.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem FINEP/CTPetro através do Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional de Petróleo (PRH-ANP 14) pelo suporte financeiro concedido para a realização deste trabalho e o Programa de Pós- Graduação em Engenharia Química (PPGEQ-UFRN).

7. REFERÊNCIAS

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GROTHE, V.P. Estudo da filtração de fluidos reticulados em simulações físicas de fraturamento hidráulico.

Dissertação (Mestrado), Engenharia de Petróleo, UNICAMP, Campinas – SP, 2000.

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APPLICATION OF RONNINGSEN AND EYRING MODELS IN THE EVALUATION OF FRACTURING HIDRAULIC GEL VISCOSITY

The hydraulic fracturing has important paper in the increase of the oil production and gas. The process involves the injection of a fluid up to pressure to put upon to the pressure of the rocky formation. The gels of hydraulic fracturing the surfactants base clean gels are considered, for they form not insoluble residues. This type of fracturing fluid has the purpose of minimizing or eliminates damages in the rocky formation. An important physiochemical characteristic for the fracturing fluid is the viscosity. She is the main parameter in the activities of pump and transport of the propant. This way the present work seeks to the experimental obtaining of data of viscosity of the microemulsified ternary system composed of Turpentine (organic phase), RDG 60 (nonionic surfactant) and water (aqueous phase), in a temperature range from 40 to 90 ºC, as well as the modelling of those data. For formulation of the gel the surfactant base, is necessary the construction of diagrams of phases. The method of construction of these diagrams bases on the titration with analytical weighting of the volumetric proportions, in order to if to obtain the respective weight mass. The obtaining of the viscosity was accomplished through a rheometer Brookfield RS2000. The modeling was accomplished through the evaluation of rules of mixtures for viscosity according to the theory of Eyring (for mixture) and the model of Ronningsen verifying like this the influence of the viscosity of microemulsions water/oil. The gel of hydraulic fracturing was formulated starting from mixture of turpentine-RDG 60-water, in the range 85 to 10% of surfactant. Starting from the experiments with the formulated gel, viscosity data were obtained for the whole temperature range.

Under influence of the increase of the temperature, the gel presented decrease of the viscosity; however there was not the break of the gel. The work used hypotheses simplifying to describe to turpentine, representative by a single alkane, having been obtained satisfactory results that were independent of the chosen alkane. Regarding modeling, it was obtained by the studied rules with a good representation of the experimental data, proving the quality of the viscosity analyses and that the models are adapted for systems fracturing gel the surfactants base. It is wide the field of applications of this characterization, especially for gels the surfactants base, and their results are very important, aiming to predict the behavior of the viscosity of the gel in function of the temperature and of the composition.

Viscosity, fracturing gel, microemulsion, modeling.

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste artigo.

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