AWO
Intolerância religiosa no espaço escolar, não! AWO
Prezado(a) Leitor(a),
Esta revista em quadrinhos é objeto do projeto “Cultura e Educação em Direi- tos humanos: respeitando o sagrado nas escolas”, que foi aprovado no Edital 2013 do Fundo Municipal de Cultura do Município de Uberlândia e desenvol- vido durante o ano de 2014.
A concepção deste projeto surgiu durante o desenvolvimento do Projeto de Ex- tensão e Interação com a comunidade da Universidade Federal de Uberlândia, intitulado “Liberdade religiosa das religiões de matriz africana” (Edital PEIC/
UFU/2013/11034), que teve dentre os seus objetivos o combate à intolerância e à discriminação religiosa contra as comunidades de terreiro.
Durante a realização das atividades de extensão, percebeu-se dois momentos relevantes: 1º) uma expressiva dificuldade em efetivar normas que garantem o direito à liberdade religiosa e que punem casos de intolerância, e 2º) necessi- dade de fortalecer medidas que evitem atos intolerantes.
Neste segundo aspecto a cultura e educação em direitos humanos destacaram-se como possibilidades consistentes para a prevenção de atos de intolerância religio- sa no espaço escolar. A utilização da arte gráfica em quadrinhos se mostrou uma boa opção para cumprir com este objetivo, já que agrega a linguagem gráfica e textual, e também porque as religiões de matriz africana foram historicamente re- presentadas nos quadrinhos de forma negativa, associadas a rituais de magia negra, como é tratado na tese de doutoramento de Nobu Chinen, Doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), de forma que este trabalho apresenta-se como uma ação afirmativa.
Neste sentido, esta revista em quadrinhos não pretende apontar soluções para os conflitos apresentados, mas retratá-los e incentivar a reflexão sobre os mes- mos. As histórias pretendem desmistificar elementos que mais inflamam o pre- conceito e atos de intolerância contra os povos e comunidades tradicionais de terreiro: sua matriz africana.
Desejamos que todos aproveitem deste recurso gráfico e que em suas práticas di- árias possam utilizar a cultura e educação em direitos humanos para combater a intolerância religiosa no espaço escolar. Tenham em mente que a convivência, a hu- manidade, o respeito, são sagrados, assim como a diversidade, a escola também são.
A responsabilidade pela promoção, proteção dos direitos humanos e a constru- ção da paz, é um dever de todos nós.
Aprendendo sobre a África
É autorizada a reprodução, total ou parcialmente, desta obra, mediante notificação e autorização expressa através do e-mail:
rubia.freitas.direito@gmail.com
CAÇA – PALAVRAS:
OSSAIN O SENHOR DAS FOLHAS
Ossain é o nome de um orixá que pode nos ensinar muito sobre as plantas, afinal de contas, nas religiões de matriz africana ele é o senhor das folhas. Vejam só ...
Ossain O senhOr das fOlhas
“Ossain recebera de Olodumaré o SE- GREDO DAS FOLHAS.
Ele sabia que algumas delas traziam a cal- ma ou o vigor.
Outras, a sorte, as glórias, as honras, ou ainda, a mi- séria, as doenças e os acidentes.
Os outros ORIXÁS não tinham poder sobre nenhu- ma planta.
Eles dependiam de OSSAIN para manter a SAÚDE ou para o sucesso de suas ini-
ciativas.
Xangô, cujo temperamento é impacien- te, guerreiro e imperioso, irritado com
esta desvantagem, usou de um ardil para tentar usurpar, de Ossain, a
PROPRIEDADE DAS FOLHAS.
Falou do plano à sua esposa Iansã, a senhora dos ventos.
Explicou-lhe que, em certos dias, Ossain pendurava, num GALHO de Iroko, uma cabaça contendo suas fo- lhas mais poderosas.
- Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias -, disse-lhe Xangô.
Iansã aceitou a missão com muito gosto.
O vento soprou a grandes rajadas, levando o telhado das casas, arran- cando as ÁRVORES, quebrando tudo por onde passava e, o fim desejado, soltando a CABAÇA do galho onde estava pendurada.
A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram.
Os orixás se apoderaram de todas. Cada um tornou-se dono de algumas delas, mas Ossain permaneceu senhor do segredo de suas virtudes e das palavras que devem ser pronunciadas para provocar sua ação. E, assim, continuou a reinar sobre as PLANTAS, como senhor absoluto.
Graças ao poder (axé) que possui sobre elas”. (Verger, 1997)
Vamos aprender com Ossain, o senhor das folhas, um pouco sobre botâni- ca? Então mãos à obra. Vamos combinar com o professor ou professora de visitar um terreiro e conhecer um pouco sobre as propriedades das plan- tas? Como essas plantas contribuem para o nosso bem estar? Não se esque- çam de levar um caderno de campo para anotar todas as informações!!!
I N H S S O C D D P N P S E T Y P I O R N R W G K I L T T O H W O R I X A S S P T G D E M K N V Ç R J U C D J L T V O I H P E O U L A B O E A R V O R E S N I D E S O A C P G N K A T A S S Y I Y M J D W G O F V S A U D E W C A O A A F E X D E P O L J R T O K A W X E H H J U J K S W C O A A O F I X F R R O S S A I N K O O H E C O T A U O L L T G D M K A V Ç H J C A B A Ç A S O A H Q E Q U L F B O S Mas antes ... desafio vocês a encontrar as palavras destacadas na história sobre Ossain!
Créditos:
Rúbia Mara de Freitas Proponente Matheus Moura revisão de Texto
Thiago Carvalho
Projeto Gráfico e diagramação Roberta Fusconi
atividade didática
Deborah Vinhal e Thiago Carvalho
roteiro Rodrigo Lara desenho, Cores e Capa
Jimmy Rus desenho, Cores e Capa Gráfica Compooser LTDA
fotolito e impressão
a experiência da relatoria dos direitos humanos à educação, desenvolvido na Plata- forma Brasileira de direitos humanos econômicos, sociais, Culturais e ambientais, entre o ano de 2010 e 2011, aponta que existem muitas faces para o racismo brasileiro – e que a intolerância e o preconceito contra as religiões de matriz africana, via de regra, são vistas como brincadeiras entre alunos e raramente encarada na sua dimensão dis- criminatória. O relatório aponta ainda que essas religiões foram historicamente consi- deradas como manifestações “primitivas”, desqualificadas , depreciadas e perseguidas, de forma que não raro as ações de discriminação e intolerância religiosa no espaço es- colar resultam em agressões físicas, como socos, pontapés e até apedrejamentos.
se você presenciar qualquer atitude de discriminação e intolerância religiosa, garan- ta que a mesma seja registrada no livro de Ocorrências da escola, e faça a denúncia.
O nucleo de educação das relações etnicorraciais do Centro de estudos e Projetos educacionais Julieta diniz (nerer/CeMePe) e o Conselho Municipal da igual- dade racial, são órgãos da administração pública municipal que podem contribuir para a solução do conflito especialmente no âmbito educacional, mas a avaliação sobre a ocorrência de tipo penal e danos materiais e imateriais à vitima deve ser rea- lizado pelo poder judiciário – de forma que você deve procurar a defensoria Publica do estado de Minas Gerais, ou o Ministério Público do estado de Minas Gerais.
além dessas existem outras instituições em Uberlândia que atuam para a igualdade racial e o combate ao racismo e a intolerância religiosa. Como por exemplo o fórum Municipal para a igualdade racial (fOMPir), o núcleo de estudos afro-brasileiros da Universidade federal de Uberlândia (neaB/UfU), a superintendência de Promoção da igualdade racial da Prefeitura Municipal de Uberlândia, além das diversas entida- des do movimento negro e dos povos e comunidades tradicionais de terreiro da cidade.
inTOlerÂnCia reliGiOsa nO esPaÇO esCOlar, nÃO!
denUnCie. edUQUe.
Saiba mais sobre o projeto em nossa Fan Page www.facebook.com/pages/hQ-direitos-humanos
Este projeto é viabilizado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Uberlândia, através do Fundo Municipal de Cultura.
incentivo realização