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Ciência et Praxis v. 7, n. 13, (2014) Docente da Universidade do Estado de Minas Gerais (Campus de Passos).

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INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença de etiolo- gia multifatorial que pode ser explicada por ocorrência de distúrbios metabólicos que se caracteriza bioquimi- camente por uma hiperglicemia decorrente da ausência ou incapacidade da insulina desempenhar suas funções.

É considerado um problema de saúde pública por seu caráter crônico e por ser uma doença que afeta uma sig- nificativa proporção da população (SILVA et al., 2011).

No geral, o diabetes é assintomático nos estágios iniciais, o que retarda o seu diagnóstico durante anos, aumentando o risco de complicações microvasculares, neuropáticas e macrovasculares que se instalam em longo prazo, nos quais se destacam as doenças coro-

narianas, acidentes vasculares cerebrais e doenças vas- culares periféricas, concomitante a maior probabilidade de desenvolver dislipidemia, hipertensão e obesidade (BRASIL, 2008).

No Brasil, havia cerca de 5 milhões de diabéticos em 2000, estima-se que em 2025 possa existir, aproxi- madamente, 11 milhões de pessoas diagnosticadas no país, o que se refere ao dobro da população diabética (MORAIS et al., 2009).

A elevação da expectativa de vida juntamente com o envelhecimento da população e o aumento da obe- sidade e sedentarismo têm colaborado para um maior índice de pacientes diabéticos no mundo (SANTOS;

PINHO, 2012).

Risco para o desenvolvimento de úlceras plantares em portadores de diabetes mellitus cadastrados na estratégia saúde da família escola no município de Passos (MG)

Tânia Maria Delfraro Carmo1; Djalma Reis do Carmo1; Milene de Sales Godoy2; Danielle de Sousa da Silva3; Heloisa Turcatto Gimenes Faria3; Kenia Fernandes Freitas3; Chenya Silva Oliveira3

Resumo: A úlcera plantar é uma das complicações dos membros inferiores mais comuns do diabetes, causando uma queda significativa na qualidade de vida dos portadores. Este estudo teve como objetivo analisar os com- portamentos de risco associados à instalação de úlceras plantares em portadores de diabetes mellitus. Trata-se de um estudo do tipo descritivo transversal de natureza quantitativa. Participaram 47 diabéticos cadastrados na Estratégia Saúde da Família Escola e para a coleta de dados utilizou-se de um questionário, considerando variáveis sócio-demográficas, história clínica e risco para lesões nos pés. Os resultados apontaram que 25 (53%) eram do sexo masculino, 34 (72%) com idade igual ou superior a 60 anos, 21 (45%) com menos de quatro anos de estudo e 39 (83%) recebiam menos de três salários mínimos. Nos antecedentes clínicos 28 (60%) referiram hipertensão arterial, 4 (9%) obesidade e 4 (9%) dislipidemia. Na classificação de risco identificou-se que 26 (55%) apresen- taram edema nos pés, 19 (40%) formigamento, 14 (30%) rachaduras e 18 (38%) possuíam calos. Portanto, esses fatores de risco podem ser controláveis e diminuídos, principalmente, com o envolvimento da equipe de saúde na busca do controle metabólico, consolidação de ações de prevenção das complicações e programas educacionais abrangentes, com ênfase no exame regular e cuidados com os pés.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Úlceras Plantares; Fatores de risco.

Abstract: The plantar ulcer is one of the most common complications lower members of diabetes, causing a sig- nificant decline in the quality of life of patients. This study aimed to examine the risk behaviors associated with the installation of plantar ulcers in patients with diabetes mellitus. This is a descriptive cross-sectional study of a quantitative nature. The participants were constituted by 47 diabetic patients enrolled in the Family Health Strat- egy School. For data collection was used in a form considering socio-demographic variables, medical history and risk for foot injuries. The results showed that 25 (53%) were male, 34 (72%) aged over 60 years, 21 (45%) with less than four years of study and 39 (83%) received less than three minimum wages. In clinical history 28 (60%) reported hypertension, 4 (9%) obesity and 4 (9%) dyslipidemia each. In risk classification identified that 26 (55%) had edema in the feet, tingling 19 (40%), cracking 14 (30%) and 18 (38%) had calluses. Therefore, these risk factors can be controlled and reduced, especially with the involvement of the health team in search of metabolic control, consolidation of actions to prevent complications and comprehensive educational programs, with empha- sis on examination and regular foot care.

Keywords: Diabetes Mellitus; Plantar ulcers; Risk factors.

Risk for developing plantar ulcers in patients with diabetes mellitus registered in family health strategy school in the municipality of Passos (MG)

1Docente da Universidade do Estado de Minas Gerais (Campus de Passos). Email: tania.carmo@fespmg.edu.br

2Docente do Instituto Federal de Minas Gerais (IFISUL - Passos - MG)

3Discente do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Minas Gerais (Campus de Passos)

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do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

Para a obtenção das variáveis estudadas foi utilizado um questionário construído com 32 questões fechadas, fundamentado no estudo de Pace; Foss; Ochoa-Vigo;

Hayashida, (2002) a cerca dos fatores de risco para o desenvolvimento de lesões nos pés. Esse instrumento foi dividido em quatro partes, a saber: (I) variáveis so- ciodemográficas; (II) variáveis clínicas; (III) variáveis terapêuticas; e (IV) variáveis relacionados ao risco de lesão no pé.

A coleta de dados foi realizada em janeiro de 2014 mediante entrevista dirigida, pelas pesquisadoras, na USF Escola. Após a obtenção da lista de nomes e ende- reços da população em estudo, foi elaborada uma carta convidando as pessoas a participarem do estudo. Essas cartas foram entregues pelos Agentes Comunitários de Saúde e nelas constavam o objetivo da pesquisa e a data e horário para comparecerem ao serviço. Nas entrevis- tas as pesquisadoras se apresentaram ao sujeito, expli- caram a natureza da pesquisa e seus objetivos e os con- vidaram a participar do estudo. Para cada sujeito que concordou em participar foi oferecido o Termo de Con- sentimento Livre e Esclarecido para leitura e, após a sua concordância foi solicitada a assinatura. Para aqueles com dificuldade para assinar o nome, ou analfabetos, foi solicitado a sua impressão digital. Uma cópia des- se foi entregue para cada sujeito. As entrevistas foram realizadas em uma sala da Unidade, com privacidade reservada para responderem às questões, com tempo médio de aproximadamente 15 minutos de duração.

Para a organização dos dados foi criado primeira- mente um banco de dados no Programa Excel, com dupla digitação dos dados. Os dados foram agrupados em categorias e analisados estaticamente, por meio de tabelas, obedecendo ao tipo de variável estudada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com relação às características sociodemográficas dos participantes, verificou-se uma população adulta, com prevalência de idade igual ou superior a 60 anos, masculino, baixo nível de escolaridade e baixa renda.

Dos 47 (100%) sujeitos entrevistados, a idade va- riou de 42 a 90 anos, com 34 pessoas (72%) com idade acima de 60 anos e predomínio do sexo masculino 25 pessoas (53%). É interessante observar que, em vários estudos realizados com pessoas diabéticas, foi encon- trada a prevalência do sexo feminino, porém no estudo que realizamos o gênero masculino foi verificado com maior frequência (ASSUNÇÃO; URSINE, 2008; FA- RIA, 2008; CUBAS et al., 2013).

Segundo o Ministério da Saúde a prevalência de DM acima de 65 anos vai duplicar até o ano de 2030 e triplicar no grupo de 45 a 64 anos (BRASIL, 2013).

Cabe destacar que a idade pode representar fator de risco significativo para o autocuidado, uma vez que a ida- de avançada pode influenciar diretamente a autonomia Umas das principais complicações da doença é o pé

diabético, que caracteriza uma situação patológica mar- cada por úlceras, pode ser definido como uma infecção, ulceração e ou destruição de tecidos profundos associados a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica nos membros inferiores (BRASIL, 2001).

As úlceras nos pés apresentam uma incidência anual de 2% e representa a causa mais comum de amputações não traumáticas de membros inferiores, tendo a pessoa com diabetes um risco de 25% em desenvolver úlceras nos pés ao longo da vida, representando uma das princi- pais causas de morbidade para os diabéticos e de maior impacto socioeconômico (BOULTON et al., 2008).

As amputações de membros inferiores são mais fre- quentes em portadores de diabetes, representando um risco de 15 vezes mais, quando comparados com não diabéticos. A maioria dos especialistas indica medidas de prevenção como a melhor forma de se conter as con- sequências impostas pela neuropatia diabética (FER- RAZ et al.,2007).

O exame frequente dos pés de pessoas com DM, realizado pelo médico ou pela enfermeira da Atenção Básica é de vital importância para a redução das com- plicações, identificação dos fatores de risco e redução das chances de ulceração e amputação. Há evidências sobre a importância do rastreamento em todas as pesso- as com diabetes a fim de identificar aquelas com maior risco para ulceração nos pés, que podem se beneficiar das intervenções profiláticas, incluindo o estímulo ao autocuidado (SINGH, ARMSTRONS, LIPSKY, 2005).

Desta forma o presente estudo buscou analisar os comportamentos de risco associados à instalação de úlceras plantares das pessoas com diabetes mellitus da Estratégia Saúde da Família Escola de Passos (MG).

Para tanto, buscou caracterizar as pessoas com diabetes mellitus cadastradas nessa unidade, segundo as variá- veis sociodemográficas, clínicas e terapêuticas e iden- tificar os fatores de risco para o desenvolvimento de lesões nos pés.

MATERIAL E MÉTODO

Estudo descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, realizado na Estratégia Saúde da Família Escola, do município de Passos (MG), com prévia apro- vação do Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação de Ensino Superior de Passos - FESP, conforme o Proto- colo nº 281/2010.

Das 139 pessoas com diabetes mellitus, cadastradas no local de estudo, 92 foram excluídas por não compare- cerem ao serviço no dia e horário agendados para a en- trevista. Desse modo, a amostra foi constituída por 47 su- jeitos que atenderam aos critérios de inclusão adotados, ou seja, pessoas com DM, com idade superior a 18 anos, que apresentaram capacidade auditiva e cognitiva preser- vada, cadastradas na USF Escola em janeiro de 2014 e que aceitaram participar do estudo mediante assinatura

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prevalência de pessoas com diagnóstico de hipertensão arterial, o que está de acordo com outros estudos (FA- RIA, 2008; GORNELA, 2010; TAVARES et al., 2009).

Em relação às variáveis terapêuticas, 38 (81%) utili- zavam antidiabéticos orais em seu tratamento, 14 (30%) utilizavam insulina, 10 (21%) antidiabéticos orais asso- ciados à insulina e 6 (13%) não souberam responder.

O estudo de Faria (2008) mostrou que 26,1% dos pacientes realizam o tratamento somente com antidia- bético oral, 8,7% somente com insulina, seguido por 17,4% com antidiabético oral associado à insulina.

Ainda em relação ao tratamento utilizado no con- trole do DM, 26 (55%) referiram realizar reeducação alimentar, 11 (23%) praticar atividade física, 9 (19%) referiram ambos, redução alimentar e atividade física, e 19 (40%) relataram não realizar nenhum outro tipo de tratamento além do medicamentoso.

Segundo as recomendações do Ministério da Saúde o planejamento alimentar e a prática de atividade física, associados a mudanças no estilo de vida, são essenciais para a obtenção de um controle glicêmico e metabóli- co adequado. Essas recomendações têm como objeti- vo diminuir os níveis plasmáticos de glicose, reduzir a circunferência abdominal e a gordura visceral, o que melhora o perfil lipídico, reduz o risco cardiovascular e, por fim, melhora a autoestima da pessoa com DM.

No que se refere às variáveis relacionadas ao risco para o desenvolvimento de lesão nos pés, 31 (66%) afir- maram examinar os pés em busca de alterações, sendo que em 26 (55%) dos casos esse exame era feito pela própria pessoa e 16 (34%) o realizavam diariamente. Ob- servou-se que 18 (38%) possuíam calos nos pés, sendo que 6 (13%) cuidavam dos mesmos com lixa de papel.

Autores recomendam como um cuidado essencial ao pé a remoção de pequenas calosidades com lixa de papel ou pedra pomes, devendo ser realizado por pro- fissionais qualificados. Ainda, reforçam que é totalmen- te contra indicado deixar os pés em imersão em água morna e utilizar produtos químicos, objetos cortantes ou pontiagudos para remoção de calos e/ou verrugas devido ao risco de ferimentos na pele (OCHOA-VIGO;

PACE, 2005).

Quanto às alterações apresentadas nos pés, os par- ticipantes relataram edema nos membros inferiores 26 (55%), seguido por dor ao caminhar e repouso 24 (51%), formigamento 19 (40%) e rachaduras 16 (30%), observando-se uma proporção menor de hiperemia, am- putações e bolhas (Tabela 1).

Quanto aos cuidados com os pés 40 (85%) dos pes- quisados limpavam e secavam entre os dedos; 24 (51%) usavam creme hidratante nos pés; 44 (94%) nunca co- locaram bolsa de água quente nos pés e 26 (55%) não tinham o hábito de usar meias. Entretanto, dos 21 (45%) que usavam meia 17 (36%) usavam meias de algodão e 13 (28%) usavam meias de cor escura. Quanto à hi- giene dos pés e ao hábito de cortar as unhas, 7 (15%) do indivíduo para o cuidado com os pés, além de propor-

cionar menor aceitação da doença e consequentemente, menor adesão ao tratamento (STANCCIARINI, 2007).

No que se refere à escolaridade, a maioria tinha me- nos de quatro anos de estudo 21 (45%) o que corrobora com outro estudo onde os pesquisados possuíam baixo nível de escolaridade (SANTOS et al., 2013).

Ainda, segundo esses autores o desenvolvimento do diabetes independe da escolaridade e pode acome- ter pessoas de todos os níveis socioeconômicos, mas a baixa escolaridade pode levar o paciente a não adesão ao cuidado com os pés devido à dificuldade para com- preender as instruções para o cuidado com o mesmo, aumentando assim, os riscos para o desenvolvimento de complicações da doença, inclusive as úlceras de pé.

Reconhece-se, entretanto, que a escolaridade é um fator que deve ser considerado na proposição de programas educativos.

Em relação à renda familiar mensal 39 (83%) su- jeitos referiram que recebiam menos de três salários mínimos, semelhante ao encontrado em outros estudos (SANTOS; ROSSI; NASCIMENTO, 2010).

No que se refere às variáveis clínicas, 23 (49%) dos sujeitos pesquisados referiram ser portadores de DM tipo 2 e 24 (51%) não souberam responder o tipo da doença. O tempo de diagnóstico variou de 1 a 20 anos, com média de 10 anos. Quanto aos antecedentes fa- miliares, a maioria 28 (60%) referiu história familiar positiva para o DM, sendo os pais e irmãos os mais fre- quentes, 8 (17%) e 20 (43%) respectivamente.

De acordo com Rocha et al. (2007), indivíduos com história familiar positiva para DM, especialmente aque- les com primeiro grau de parentesco apresentam alto risco para o desenvolvimento de síndrome metabólica e do DM tipo 2 .

Ao analisar as complicações crônicas e as comorbi- dades associadas ao DM, as mais citadas foram a retino- patia 7 (15%), hipertensão arterial sistêmica 28 (60%), obesidade 4 (9%), dislipidemia 4 (9%) e problemas re- lacionados aos pés 4 (9%). Cabe destacar que 33 (70%) dos sujeitos negaram a presença de complicações.

A retinopatia diabética é a primeira causa de ceguei- ra adquirida após a puberdade, embora seja evento raro em pessoas com DM. A perda da acuidade visual é co- mum após dez anos de diagnóstico, acometendo 20 a 40% indivíduos em idade avançada. Após 20 anos do diagnóstico, quase todos os indivíduos com DM tipo 1 e mais de 60% daqueles com DM tipo 2 apresentam alguma forma de retinopatia (BRASIL, 2013).

O DM e a hipertensão arterial sistêmica são respon- sáveis pela principal causa de mortalidade e de hospita- lizações no sistema único de saúde e representam, ain- da, mais da metade do diagnóstico primário em pessoas com insuficiência renal crônica submetidas à diálise (BRASIL, 2013).

Na presente pesquisa, foi possível observar uma alta

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As pessoas com DM devem ser aconselhadas a utili- zar calçados apropriados que se ajustem à anatomia dos pés. Uma vez identificado neuropatia, mesmo na ausên- cia de deformidades estruturais, recomenda-se a utiliza- ção de palmilhas com o objetivo de reduzir e amortecer tensões repetitivas (AMARAL; TAVARES, 2009).

CONCLUSÃO

O presente estudo apontou fatores desencadeantes de úlceras plantares ou de formação do pé diabético como higiene precária, cortes de unhas impróprios, ede- ma em membros inferiores, formigamento, calosidades, rachaduras, hiperemias e bolhas e apontou também condições que podem comprometer esses fatores como a hipertensão, obesidade, dislipidemia e retinopatia.

Esses fatores de risco podem ser controláveis e diminuídos, principalmente, com o envolvimento da equipe de saúde na busca do controle metabólico, con- solidação de ações de prevenção das complicações e programas educacionais abrangentes, com ênfase no exame regular e cuidados com os pés.

Ao considerar as condições socioeconômicas ob- servadas no estudo em questão, somadas às limitações impostas pelo diabetes mellitus, que podem surgir, prin- cipalmente, com o avanço da idade e da doença, tor- nam-se necessárias ações de educação às pessoas com diabetes, pela equipe da ESF Escola, utilizando-se de estratégias motivacionais, com linguagem simples, cla- ra e acessível, levando-se em consideração a vivência e o contexto em que essas pessoas vivem.

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apresentaram higiene precária, 25 (53%) cortes de unhas em formato arredondado/impróprio e 40 (85%) dos sujeitos negaram andar descalço em casa o que está de acordo com as recomendações de Grossi e Pascali (2009). Lembrando que para os diabéticos há indicação de meias de algodão, sem costura e preferencialmente claras, pois facilita a visualização de possíveis lesões.

O corte das unhas deve ser quadrado devido à menor possibilidade de lesão nos cantos dos dedos (ROCHA;

ZANETTI; SANTOS, 2009).

Segundo Ochoa-Vigo e Pace (2005) para as pessoas com DM, os cuidados básicos com os pés incluem a higiene dos mesmos com água morna e sabonete neu- tro, secando-os cuidadosamente, especialmente entre os dedos; o corte das unhas retas não muito rentes; o uso de creme ou óleo hidratante e a utilização de calçados apropriados que propiciem conforto aos dedos com o mínimo de costuras internas, devendo o forro permitir a evaporação do suor.

A Tabela 2 aponta os resultados dos cuidados com os sapatos e mostra que 31 (66%), observavam dentro dos sapatos antes de calçá-los; 24 (51%) usavam o mes- mo sapato o dia todo e 23 (49%) usavam sapatos aber- tos e inadequados.

Segundo o Ministério da Saúde, o calçado ideal para pessoas com DM deve privilegiar o conforto e a redução das áreas de pressão. É preferível que o sapato tenha cano alto, couro macio que permita a transpiração do pé, alargamento da lateral para acomodar as defor- midades como artelhos em garra e hállux valgo e caso tenha salto, é recomendado que seja do estilo Anabela (BRASIL, 2001).

Cubas et al. (2013) ressalta que 85% dos casos de úlceras que necessitam de internação são originárias de lesões superficiais em pessoas com neuropatia peri- férica, lesões estas diretamente relacionadas ao uso de calçados impróprios.

Tabela 1: Distribuição das pessoas com DM, cadastradas na Estratégia de Saúde da Família Escola, segundo alterações nos pés, em Passos (MG), 2014.

Fatores relacionados às alterações nos pés N (%)

Edema nos membros inferiores 26 55

Dor ao caminhar e repouso 24 51

Formigamento 19 40

Rachaduras 16 30

Hiperemia 6 13

Amputações 2 4

Bolhas 2 4

Fissuras/Feridas 0 0

NSA 6 13

As categorias não são mutuamente exclusivas.

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Fatores relacionados ao cuidado com os calçados n % Inspecionar o interior

Sim 31 66

Não 16 34

Limpar / arejar

Sim 42 89

Não 5 11

Frequência da limpeza

Diariamente 15 32

Semanalmente 17 36

Quinzenalmente 3 6

Mensalmente 4 9

Raramente 5 11

NSA 3 6

Usa o mesmo sapato

Sim 24 51

Não 23 49

Formato do sapato Bico fino 1 2

Salto > que 5 cm 1 2

Abertos (Sandálias) 23 49

Fechados e macios 22 47

Fechados e apertados 0 0

Horário que compra sapatos

Pela manhã 11 23

Começo da tarde 3 6

Final da tarde 5 11

Não tem horário 28 60

Tabela 2: Distribuição das pessoas com DM, cadastradas na Estratégia Saúde da Família Escola, segundo cuidado com os calçados, em Passos (MG), 2014.

As categorias não são mutuamente exclusivas.

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AGRADECIMENTOS

À FAPEMIG, através do processo APQ-00415-13, pelo auxílio financeiro para realização deste trabalho.

À FESP/UEMG pelo apoio e infraestrutura disponibi- lizada.

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