• Nenhum resultado encontrado

QUINTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 48707/ CLASSE CNJ COMARCA DE VÁRZEA GRANDE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "QUINTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 48707/ CLASSE CNJ COMARCA DE VÁRZEA GRANDE"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

AGRAVANTE: SAFRA LEASING S. A. - ARRENDAMENTO MERCANTIL AGRAVADA: SUCESSO DISTRIBUIDORA DE EMBALAGENS LTDA.

Número do Protocolo: 48707/2011 Data de Julgamento: 25-01-2012

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO – REINTEGRAÇÃO DE POSSE – EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL – BENS ESSENCIAIS À ATIVIDADE COMERCIAL DA EMPRESA – PRAZO DE BLINDAGEM EXTENDINDO – JURISPRUDENCIA STJ – FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO

- O artigo 49, § 3º da Lei 11.101/2005, estabelece categoricamente, a proibição da venda ou retirada do estabelecimento do devedor, dos bens de capital essenciais a sua atividade. Embora o prazo de blindagem tenha terminado, o Superior Tribunal de Justiça tem entendido pela extensão do mesmo, dada a função social da empresa; mitigando a aplicação do art. 6º, § 4º, da Lei nº11101/2005. Em se tratando de situação extraordinária, sendo os bens vitais a própria existência da empresa e sem estes a falência seria corolário natural, excepcionando a regra, devem os bens ser mantidos em poder da recuperanda.

(2)

AGRAVANTE: SAFRA LEASING S. A. - ARRENDAMENTO MERCANTIL AGRAVADA: SUCESSO DISTRIBUIDORA DE EMBALAGENS LTDA.

RELATÓRIO

EXMO. SR. DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO Egrégia Câmara:

Recurso de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto por SAFRA LEASING S. A. – ARRENDAMENTO MERCANTIL, contra a decisão interlocutória proferida na Ação de Reintegração de Posse nº 58/2011 em trâmite perante a 4ª Vara Cível da Comarca de Várzea Grande/MT, movida em desfavor SUCESSO DISTRIBUIDORA DE EMBALAGENS – REI DAS EMBALAGENS – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, que deferiu pedido de restituição dos bens arrendados apreendidos.

Aduz a empresa agravante que (I) é incontestável a inadimplência da agravada; (II) o art. 49, § 1º, da Lei nº. 11101/2005 exclui os credores fiduciários da recuperação judicial; (III) foram apreendidos 12 caminhões, 02 veículos de passeio e diversos equipamentos de informática e determinada sua restituição por suposta indispensabilidade para a exploração da atividade da empresa agravada; (IV) mesmo que seja essencial já decorrido o prazo de blindagem estabelecido pelo art. 6º, § 4º, da Lei nº11101/2005.

Trouxe documentos às fls. 15/292-TJ.

Pedido de efeito suspensivo negado por este relator, mantendo incólume a decisão recorrida até final julgamento de seu mérito pela colenda 5ª Câmara Cível deste Tribunal. Fls. 298/302-TJ

As informações vieram ás fls. 314-TJ, dando conta do não cumprimento do art. 526 CPC, por parte do agravante, bem como a manutenção da decisão pelos seus próprios fundamentos.

Nas contrarrazões de fls. 319/332-TJ, alega preliminarmente o

(3)

descumprimento do art. 526 CPC; No mérito alega (I) que está em recuperação judicial, deferida em 26/3/2010, publicada em 09/9/2010; (II) que um dos efeitos do processamento da recuperação judicial é a suspensão da exigibilidade dos créditos pré-existentes ao pedido recuperacional; (III) que também, efeito da recuperação, nenhum bem essencial para o desenvolvimento de suas atividades pode ser retirado de sua posse, o que impõe a devolução, uma vez já ocorrida à remoção; (IV que a proibição vem sendo estendida além dos 180 dias, por julgados do STJ; Pugnando ao final pelo desprovimento do presente agravo de instrumento.

As fls. 362/363-TJ, fora dada efeitos infringentes aos embargos declaratórios opostos pelo agravante, que comprovou o cumprimento do art. 526, do CPC.

Revogando a decisão monocrática de fls. 334/339-TJ.

A douta procuradoria, em fls. 276/283-TJ, emitiu parecer pelo desprovimento do agravo.

É o relatório.

PARECER (ORAL)

A SRA. DRA. MARA LIGIA PIRES DE ALMEIDA BARRETO Ratifico o parecer escrito.

(4)

VOTO

EXMO. SR. DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO (RELATOR) Egrégia Câmara:

Recurso de agravo de instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto por SAFRA LEASING S. A. – ARRENDAMENTO MERCANTIL, contra a decisão interlocutória proferida na Ação de Reintegração de Posse nº 58/2011 em trâmite perante a 4ª Vara Cível da Comarca de Várzea Grande/MT, movida em desfavor SUCESSO DISTRIBUIDORA DE EMBALAGENS – REI DAS EMBALAGENS – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, que deferiu pedido de restituição dos bens arrendados apreendidos.

Em que pese os argumentos vertidos pelo agravante, não comungo de seu entendimento pelos motivos de fato e de direito que passo a expor.

Agiu com acerto o magistrado de piso ao deferir a restituição dos bens arrendados apreendidos uma vez que o artigo 49, § 3º da Lei 11.101/2005, estabelece categoricamente, a proibição da venda ou retirada do estabelecimento do devedor, dos bens de capital essenciais a sua atividade.

Art. 49, da Lei 11.101/2005:

“Estão sujeitos á recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos”.

(...)

§ 3º - Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens moveis ou imóveis, de arrendados mercantil, de proprietários ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham clausulas de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu credito não se submetera aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se

(5)

refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.”

Aduz o agravante que estaria autorizado pela decorrência do prazo de 180 dias, estabelecido no art. 6º, § 4º, da Lei nº. 11101/2005. No entanto o Superior Tribunal de Justiça vem firmando entendimento que, pela própria função social da empresa, interesses egoísticos de credores individuais devem ser sobrepostos, proibindo-se a contrição patrimonial de empresas com plano de recuperação aprovado.

Nesse sentido:

“PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DE DIREITO E JUIZADO ESPECIAL CIVIL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. MONTANTE APURADO. ART. 6º, § 4º, DA LEI N. 11.101/2005. RETOMADA DAS EXECUÇÕES INDIVIDUAIS. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE. CRÉDITO EXTRACONCURSAL. PRECEDÊNCIA EM RELAÇÃO A QUAISQUER OUTROS.

FATO SUPERVENIENTE. CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA. HABILITAÇÃO NO JUÍZO FALIMENTAR E SUJEIÇÃO DOS CRÉDITOS AO CONCURSO DE CREDORES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA VARA EMPRESARIAL.

1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor.

2. Se, de um lado, deve-se respeitar a exclusiva competência do juizado especial cível para dirimir as demandas previstas na Lei n. 9.099/1995, de outro, não se pode perder de vista que, após a apuração do montante devido à parte autora naquela jurisdição especial, processar-se-á no Juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, consoante os princípios e normas legais que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda.

(6)

3. A Segunda Seção do STJ tem jurisprudência firmada no sentido de que, no normal estágio da recuperação judicial, não é razoável a retomada das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005.

4. O crédito constituído no curso da recuperação judicial advindo de decisão proferida em ação proposta contra o devedor, inclusive de natureza indenizatória, por se inserir na categoria de crédito extraconcursal e, portanto, ter precedência em relação a quaisquer outros, deve submeter-se ao processo de recuperação, caso não tenha sido objeto de reserva, ao invés de ser perseguido por meio de medidas judiciais em juízos diversos, uma vez que implicaria oneração de bens da sociedade recuperanda, descontrole na negociação e no pagamento de credores e desestímulo para o equacionamento do estado de crise econômico- financeira.

5. Em razão de fato superveniente, isto é, decreto da falência da empresa mediante sentença - ato circunscrito à convolação da recuperação judicial em regime falimentar -, os créditos já submetidos ao processo de recuperação e aqueles constituídos até a data da quebra sujeitam-se ao concurso de credores, observadas as regras aplicáveis à verificação e habilitação de créditos, bem como o disposto no art. 80 da Lei de Recuperação e Falência.

6. Agravo regimental desprovido.” (STJ, Ministro João Otavio de Noronha, AgRg 92664/RJ)

Friso, derradeiramente, que, para o caso em comento, não podendo os Códigos abranger explicitamente todas as relações jurídicas e, por consequência, dilatam-se, de modo a ampararem hipóteses imprevistas, tratando-se de fato extraordinário sem precedentes já que os bens são vitais ao próprio funcionamento da empresa em recuperação judicial, como bem enfatizou o substancioso parecer ministerial, este caso é de todo excepcional e, portanto, frisando este aspecto, abro a exceção, comungando com o mesmo entendimento do ilustre magistrado prolator da decisão.

(7)

Com essas considerações, CONHEÇO do presente agravo de instrumento e NEGO-LHE PROVIMENTO.

É como voto.

(8)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUINTA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. SEBASTIÃO DE MORAES FILHO (Relator), DES. DIRCEU DOS SANTOS (1º Vogal) e DES. MARCOS MACHADO (2º Vogal convocado), proferiu a seguinte decisão:

RECURSO DESPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME, E DE ACORDO COM O PARECER.

Cuiabá, 25 de janeiro de 2012.

--- DESEMBARGADOR SEBASTIÃO DE MORAES FILHO - PRESIDENTE DA QUINTA CÂMARA CÍVEL E RELATOR

--- PROCURADOR DE JUSTIÇA

Referências

Documentos relacionados

Estudo, leitura, interpretação de texto e redação para trabalhos acadêmicos.. Normas para elaboração de

Parágrafo Décimo Primeiro: Para os empregados enquadrados na hipótese do parágrafo anterior e que trabalhem para o mesmo empregador por período igual ou superior a 5 (cinco)

Ora, em já tendo ocorrido o julgamento da ação possessória que tramitava perante o Juízo da 4ª Vara Cível da Comarca de Juiz de Fora, não há razão para se falar em

Quanto maior o ISO, menos luz a câmera precisa e mais ruído teremos na foto.. O ISO está diretamente relacionado à granulação

TABELA 6 – Agrupamento pelo método de Tocher de onze cultivares de cafeeiro, com base na Distância Generalizada de Mahalanobis, em função das produções

<O ESPÓLIO DE PETROLINA FERNANDES MAIA interpôs agravo de instrumento contra decisão proferida pelo Juiz Carlos Alberto de Faria, da 2ª Vara Cível da Comarca de Pirapora, que,

Co-operação e automação: a automação de funções de comando de produção permite ao artista agilizar o seu fazer, acrescentando à obra a velocidade como auxílio para novas

Com isso, é possível inferir que, em um AVA cuja abordagem pedagógica se assente no sociointeracionismo, os sujeitos tem a prerrogativa de interagir mutuamente, num processo de ir