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Considerações teóricas acerca da utilização da pesquisa qualitativa

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Academic year: 2018

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C O N S ID E R A Ç Õ E S T E Ó R IC A S A C E R C A D A U T IL IZ A Ç Ã O

D A P E S Q U IS A Q U A L IT A T IV A

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

L ú c ia M a r ia G o n ç a lve s S ie b r a '

R E S U M O

E s te tr a b a lh o te m c o m o o b je tivo a p r e s e n ta r u m a vis ã o g e r a L a c e r c a d o q u e s e ja a p e s q u is a q u a L ita tiva . A p e s q u is a q u a L ita tiva b u s c a e s s e n c ia L m e n te e xp lic a r a o c o r r ê n c ia d o s jê n ô m e n o s e a s u a r e s p e c tiva in te r p r e ta ç ã o s u b je tiva . N a p e s q u is a q u a L ita tiva n ã o e xis te a p r e o c u p a ç ã o c o m a m e n s u r a ç ã o d a s o c o r r ê n c ia s s e n d o o in d ivíd u o c o m p r e e n d id o d e m a n e ir a c o m p le xa , o q u e to r n a d iflc iL q u a lq u e r te n ta tiva d e c a te g o r iza ç ã o . As p r in c ip a is c a r a c te r ís tic a s d a p e s q u is a q u a L ita tiva s ã o :

wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1.Au s ê n c ia d e m e d id a s n u m é r ic a s ; 2. P r e o c u p a ç ã o e m d e te c ta r o c o r r ê n c ia d e jê n ô m e n o s ;

3.

P r e o c u p a ç ã o c e n tr a d a n o c o m o e p o r q u ê d o s jê n ô m e n o s ;

4.

T r a b a L h a c o m a m o s tr a s p e q u e n a s ; 5.I n te g r a o s n íve is s im b á lic o , d e c o n te ú d o e d e a tr ib u to s ; 6 P o s s u i p o s tu r a s in tr a - p s íq u ic a e c o n te xtu a L . C o m o p r in c ip a is té c n ic a s u tiliza d a s p e la p e s q u is a q u a lita tiva te m - s e a e n tr e vis ta e m p r o fo n d id a d e , fo c u s g r o u p , e s tu d o d e c a s o , té c n ic a s p r o je tiva s , té c n ic a D e lp h i e o b s e r va ç ã o . A e s c o lh a d o m é to d o e té c n ic a s a s e r e m u tiliza d a s te m p r o fo n d a r e la ç ã o c o m o o b je to e p r o b le m á tic a d o e s tu d o .

P a la u r a s - c h a u e : P e s q u is a q u a L ita tiva ; p e s q u is a q u a n tita tiva ; p e s q u is a b ib lio g r á fic a ; té c n ic a s d e p e s q u is a .

T h e o r e tic c o n s id e r a tio n s a b o u t th e u s e o / q u a lita tive r e s e a r c h

A B S T R A C T

T h is p a p e r p r e s e n ts a g e n e r a L vis io n o f Q u a L ita tive R e s e a r c h . T h is typ e o f r e s e a r c h tr ie s to e xp la in s u b je c tive in te r p r e ta tio n o fth e s tu d ie d o b je c t. Q u a lita tive R e s e a r c h d o e s n 't d e a l p r im a r ily w ith th e m e a s u r e o fh a p p e n in g s . T h e in d ivid u a l o r o b je c t o fs tu d y is u n d e r s to o d in a c o m p le x w a y, w h a t b e c a m e a h a r d ta s k to c a te g o r ize th e m . M a in c h a r a c te r is tic s o f Q u a lita tive R e s e a r c h a r e : 1.Ab s e n c e o f q u a n tita tive m e a s u r e ; 2. P r e o c c u p a tio n to fin d h a p p e n in g s o f p h e n o m e n o n ;

3.

P r e o c c u p a tio n w ith " th e h o u /" a n d " th e w h y" o f th e p h e n o m e n o n ;

4.

It w o r ks w ith little s a m p le s ; 5.It s tu d ie s th e s ym b o lic le u e ls o f c o n te n ts a n d its c h a r a c te r is tic s ; 6 It u s e s c o n te xtu a l a n d in tr a - p s yc h ic a ttitu d e s in a n a lys e s o fth e s tu d ie d o b je c t. T h e q u a lita tive r e s e a r c h u s e s a s p r in c ip a l te c h n iq u e s th e in te r vie w in d e e p , fo c u s g r o u p , c a s e a n a lys e s , p r o je c tive te c h n iq u e s , D e lp h i te c h n iq u e s a n d o b s e r va tio n . T h e c o r r e c t c h o ic e o f th e m e th o d a n d te c h n iq u e s d e p e n a s o n th e o b je c t a n d th e s tu d y' sp r o b le m .

K e y w o r d s : q u a lita tive r e s e a r c h ; q u a n tita tive r e s e a r c h ; d e s k r e s e a r c h ; r e s e a r c h te c h n iq u e s .

• Professora Assistente do Departam ento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará. Psicóloga, M estre em Adm inistração pela Universidade de São Paulo.

30

(2)

1 I N T R O D U Ç Ã O

wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Existem m uitas m aneiras de se fazer pesquisa e

essas diversas form as podem ser organizadas em dois

grandes grupos, a pesquisa quantitativa e a pesquisa

qualitativa. A pesquisa quantitativa está sem pre

pre-ocupada com a m ensuração dos fenôm enos

enquan-to a pesquisa qualitativa se encontra sem pre facada

nos "com o" e "porquês" dos fenôm enos.

Neste trabalho será abordada de m aneira especial

a pesquisa qualitativa. Inicialm ente serão tratados alguns

aspectos relacionados com definição de pesquisa

quali-tativa, podendo nesse m om ento ser feita algum a

refe-rência à pesquisa quantitativa com o contraponto.

Em um segundo m om ento se tratará dos

objetivos im plícitos da pesquisa qualitativa,

anali-sando-se ainda em que situações seu uso é m ais

ade-quado. Em seguida, serão relacionadas as principais

características da pesquisa qualitativa e descritas as

principais técnicas utilizadas pelos pesquisadores.

Ao final do trabalho serão feitos com entários

acerca dos m uitos aspectos do texto num a tentativa

de síntese dos assuntos abordados.

Foi utilizada

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

D e s k R e s e a r c h com o m eto-dologia para a realização deste trabalho, ou seja,

este foi um trabalho de pesquisa essencialm ente

bibliográfico.

2

A P E S Q U I S A Q U A L I T A T I V A

2 .1 D e f in iç ã o

Não seria oportuno falar de pesquisa

qualita-tiva sem fazer referência, pelo m enos em um

pri-m eiro pri-m opri-m ento, tam bém à pesquisa quantitativa,

já que a partir da diferenciação entre essas duas

for-m as de fazer pesquisa, estaríafor-m os por fim definindo

a pesquisa qualitativa.

Um dos prim eiros pontos de diferenciação está

pautado no fato de que a pesquisa, ao ser q u a lita ti-va , b u s c a e xp lic a r o c o r r ê n c ia s , enquanto a pesquisa

q u a n tita tiva se preocupa principalm ente em

m e n s u r a r a s o c o r r ê n c ia s .A pesquisa qualitativa veri-fica até que ponto um fenôm eno ocorre ou não,

enquanto a pesquisa quantitativa verifica o quanto

isso acontece. Dessa form a, a prim eira se volta para

a interpretação subjetiva dos fatos enquanto a

se-gunda busca um a lógica nos dados apurados.

8CH-PERIODICOS

Ap e s q u is a q u a lita tiva é um procedim ento que essencialm ente busca c o m p r e e n d e r , in te r p r e ta r , e xp li-c a r a lg u m fe n ô m e n o , não tendo com o preocupação tornar essa conclusão am plam ente válida, afinal,

considera os fenôm enos analisados dentro de um a

ótica subjetiva. Não com preende o indivíduo com o

quantificável e sim de m aneira com plexa e de difícil

categorização.

Um a definição que corrobora o com entário

anterior acerca da natureza da pesquisa seria,

A p e s q u is a q u a lita tiva e n vo lve a c o le ta , a n á li-s e e in te r p r e ta ç ã o d o s d a d o s q u e n ã o p o d e m te r s e u s ig n ific a d o q u a n tific a d o , is to é ,sumarizado

e m fo r m a d e n ú m e r o s . ( P AR AS U R AM AN ,

1986, p. 240)

Assim , a pesquisa qualitativa não é passível de

quantificação em função de sua própria essência.

Algum tipo de tratam ento quantitativo até poderá

ser dado aos fenôm enos analisados, porém jam ais

esse tratam ento m udará a essência qualitativa dos

dados, nem transform ará essa pesquisa em

quanti-tativa, pois está-se falando em conteúdos de dados

essencialm ente diferentes.

SAM PSON (1991) afirm a que:

N a p e s q u is a q u a lita tiva n e n h u m e m p e n h o éfe i-to p a r a tir a r c o n c lu s õ e s s ó lid a s e r á p id a s . É m a is im p r e s s io n is ta q u e d e fin itiva . ( S AM P S O N ,

1991,p.29)

Percebe-se assim que a pesquisa qualitativa é

um trabalho que envolve im pressões, sendo

neces-sários alguns cuidados especiais que serão

aborda-dos ao longo desse artigo.

Para C O O D

&

HATT (1969), autores clás-sicos da área de m etodologia científica,

A p e s q u is a m o d e r n a d e ve r e je ita r c o m o u m a fo ls a d ic o to m ia a s e p a r a ç ã o e n tr e e s tu d o s " q u a

-lita tivo s " e " q u a n tita tivo s ' : o u e n tr e p o n to s d e vis ta " e s ta tís tic o " e " n ã o e s ta tís tic o " . A a p lic a -ç ã o d a m a te m á tic a às o c io lo g ia n ã o g a r a n te o r ig o r d a p r o va m a is d o q u e o u s o d e in s ig h t g a r a n te a s ig n ific â n c ia d a p e s q u is a . ( G O O D

&

H AT T ,

1969,

p.

398)

Os autores com preendem que as questões

es-senciais a serem levantadas são relativas à precisão, à

fidedignidade e relevância dos dados e análises, essa

segurança é propiciada quando o estudo pode ser

repetido e quando é rigoroso no levantam ento dos

31

(3)

dados. Quanto à precisão dos dados os autores

colo-cam com o não sendo o m ais im portante, im

portan-te é o reconhecim ento de que se está m edindo um a

qualidade. Ainda nas palavras dos citados autores:

O

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

p r o c e s s o d e a lc a n ç a r p r e c is ã o a u xilia a e s c la -r e c e -r a s id é ia s e a -r e fu n d i-r o c o n h e c im e n to s u b s -ta n tivo , m a s n u m s e n tid o fo n d a m e n ta l a p e s -q u is a p o d e s e r c h a m a d a q u a lita tiva . ( G O O D &

HATT,

1969,

p. 399)

Existem algum as categorizações no que se

refere à pesquisa qualitativa, destacarem os aquela

apresentada por CALDER (I 986). Segundo o

re-ferido autor, a pesquisa qualitativa possui três

abordagens distintas: exploratória, clínica e

fenom enológica.

A a b o r d a g e m e xp lo r a tó r ia tem com o objetivo fazer um estudo inicial em ternática ainda não m

ui-to desenvolvida.

É

um a form a de obter inform ações

básicas que poderão fundam entar, por exem plo, a

estrururação de um questionário quantitativo. Pode assim funcionar com o um m om ento prévio em um

estudo que depois será com plem entado com outras

técnicas, sejam qualitativas ou quantitativas.

A a b o r d a g e m c lín ic a , que tem sua origem na psicologia clínica, se ocupa com a análise dos

aspec-tos m ais inconscientes do com portam ento das

pes-soas. Tem com o referência a Psicologia Freudiana.

As técnicas projetivas são um exem plo da utilização

dessa abordagem . Aqui a preocupação é às vezes

m aior com o que não é dito, m as está expresso ou

m anifesto de algum a form a.

A a b o r d a g e m fe n o m e n o ló g ic a , que tem sua ori-gem na sociologia, busca com preender o cerne do

fenôm eno estudado, seja um a organização, um gru-po ou ainda um indivíduo. No caso deste últim o,

com preende-o com o m em bro de grupos, e que o m esm o tem seu com portam ento influenciado pelos

outros m em bros e que o pesquisador precisa "vestir

a pele" de m em bro do grupo para com preender este

fenôm eno da intersubjetividade.

É

im portante ainda salientar que a pesquisa qualitativa, devido às peculiaridades de suas

técni-cas, trabalha com núm ero reduzido de sujeitos, ao

contrário da pesquisa quantitativa, que tem núm ero significativo de participantes em suas am ostras e/ou

universos de pesquisa. As pesquisas qualitativas

po-dem ser utilizadas antes, depois ou sim

ulranearnen-.

..

te a um a pesquIsa quantitativa.

32

Os estudos qualitativos são usados antes dos

estudos quantitativos quando o objetivo é um

estu-do explorarório prelim inar ou ainda com o estudo piloto de um questionário quantitativo.

É

realizado

sim ultaneam ente quando há necessidade de

aprofundar aspectos que estão sendo quantificados,

este caso é o m enos freqüente. É realizado após um

estudo quantitativo quando percebe-se a necessi-dade de esclarecim ento de pontos obscuros ou para

auxiliar na interpretação dos dados coletados no

estudo quantitativo.

2.2

UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

C a r a c t e r ís t ic a s

A pesquisa qualitativa possui algum as carac-terísticas que a distinguem claram ente, quanto à sua

natureza, da pesquisa quantitativa.

Um a prim eira característica seria aa u s ê n c ia d e m e d id a s n u m é r ic a s . Na pesquisa qualitativa se traba-lha com a com preensão de fenôm enos, inexistindo

aí qualquer preocupação em relacionar ou categorizar

com portam entos que tenham com o referência

aspec-tos num éricos. Isso não quer dizer que o pesquisador não possa, ao final de sua análise, encontrar algum a

relação quantitativa para os fenôm enos, porém , isso

não é passível de generalização. Essa relação num

éri-ca encontrada é verdadeira apenas no grupo traba-lhado, não podendo ser am pliada para qualquer

po-pulação. Ou seja, não é a existência de algum tipo de quantificação que tornará o estudo quantitativo, a

natureza daqueles dados continua a ser qualitativa.

Um a segunda característica da pesquisa qua-litativa seria o fato de se preocupar em detectar a

e xis tê n c ia o u in e xis tê n c ia d e a lg u m fe n ô m e n o , e não no q u a n to este fenôm eno ocorre, que já seria um a preocupação da pesquisa quantitativa.

A terceira característica dos estudos qualitati-vos diz respeito à com preensão dos fenôm enos, a

preocupação central está no c o m o e nop o r q u ê a q u e

-le fenôm eno ocorre.

É

nesse m om ento que se

in-troduz O aspecto de p r o fo n d id a d e do estudo quali-tativo em contraste ao aspecto de e xte n s ã o dos estudos quantitativos.

Um a característica que pode ser incluída aqui

está relacionada à escolha da am ostra. O estudo

qualitativo trabalha com a m o s tr a s p e q u e n a s , na m aior parte das vezes, afinal tem com o intenção

aprofundar conteúdos, o que seria m uito

(4)

cado em se tratando de grandes am ostras. Já o

es-tudo quantitativo, pelo aspecto da validade

requerida, trabalha com am ostras ditas

representa-tivas, sendo, portanto, num ericam ente superiores

às utilizadas pelas pesquisas qualitativas. Esta

es-colha de am ostras está diretam ente relacionada à

natureza do estudo.

Um a quinta característica seria o propósito do

estudo qualitativo

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

d e in te g r a r tr ê s n íve is d e in fo r m a -ç ã o , o s im b ó lic o (m uitas vezes relacionado com

as-pectos não-conscientes), o c o n te ú d o (a própria es-sência do fenôm eno pesquisado) e os a tr ib u to s .

Para finalizar, o estudo qualitativo é

caracterizado por duas posturas, diferentes porém

com plem entares, ap o s tu r a in tr a p s íq u ic a e a p o s tu r a

c o n te xtu a L . A postura intrapsíquica tem com o referência teórica os estudos da Psicologia e tenta

com preender os significados dos fenôm enos. A

postura contextual, por sua vez, tem com o referência

teórica os estudos da Antropologia e da Sociologia,

que possuem em basam ento na investigação das

culturas e dos grupos, respectivam ente. Busca-se

assim , com preender o contexto sociocultural, estilo

de vida e valores, entre outras questões.

Diante das características até aqui descritas

existem algum as recom endações acerca de quando

devem ser utilizadas as pesquisas qualitativas, ou seja,

em que situações e a partir de quais objetivos

deve-se utilizar deve-seus procedim entos. Veja a seguir.

Quando existe pouca inform ação disponível

a respeito do tem a ou da situação que se deseja

pesquisar, um estudo qualitativo exploratório é re-com endado. Nesse caso, o estudo levantaria um a

série de inform ações, opiniões, percepções, enfim ,

dados que poderiam ser fundam entais para um a

m elhor organização do estudo e definição de

futu-ras técnicas de levantam ento e análise dos dados, não invalidando, inclusive, a possibilidade de

fun-dam entar um estudo, a partir dali, quantitativo.

Um a outra situação que leva à escolha da

pes-quisa qualitativa reside no fato de que alguns

fe-nôm enos só podem ser captados através da

obser-vação, pois qualquer outra técnica produziria

efeitos que alterariam os resultados reais do

fenô-m eno observado.

Utiliza-se a pesquisa qualitativa tam bém

quan-do se deseja com preender fenôm enos relativos a

as-pectos psicológicos, afinal se trata de assunto com

-plexo e que exige um aprofundam ento para um a

adequada com preensão. Tam bém é verdadeiro o

ra-ciocínio quando se busca explorar fenôm enos

rela-cionados com aspectos psicossociais. Estão

incluí-dos aqui os estuincluí-dos que visam identificar padrões

de com portam ento, m otivações, percepções,

atitu-des, valores e crenças.

Pesquisando os autores da Sociologia,

perce-be-se que alguns fenôm enos com plexos só podem

ser estudados pelos m étodos qualitativos. Para

BOUDON (1971), a pesquisa qualitativa se aplica

sem exceção aos casos do que denom ina "fenôm eno

único", neste caso se afasta totalm ente a hipótese de

trabalhar com m étodos quantitativos.

Para esse tipo de estudo, do fenôm eno

úni-co, no qual se inclui o fam oso trabalho de M ax

W eber sobre a Ética Protestante, BOUDON

(1971) coloca três m étodos com o possíveis: 1.

exis-tência de leis da história ou de leis de m udanças;

2. pesquisa das hom ologias estruturais; 3. análise funcional. No caso do estudo de W eber, o m étodo

utilizado foi o da pesquisa das hom ologias

estru-turais que consiste em evidenciar o parentesco

exis-tente entre dois fenôm enos ou dois aspectos da

ordem social.

Observa-se, portanto, que a pesquisa

quali-tativa possui características bem específicas,

ten-do siten-do apresentadas algum as situações onde sua

adequabilidade é m aior do que um estudo

quan-nranvo.

UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2 .3 P r in c ip a is t é c n ic a s

Os diversos autores que tratam da tem ática

da pesquisa qualitativa relacionam com o principais

técnicas as seguintes: entrevista em profundidade,

[ o c u s g r o u p , estudo de caso, técnicas projerivas, téc-nica D e L p h ie observação. Outras ainda existem , m as se bem analisadas, são na verdade variações de

al-gum a das técnicas anteriorm ente citadas.

2 .4 E n t r e v is t a e m p r o f u n d id a d e

A entrevista em profundidade é um a das m

ui-tas variações da técnica cham ada sim plesrnente de

en-trevista, e que consiste em um processo dirigido de

investigação oral realizado por um entrevistado r. É

33

(5)

cham ada de individual quando conta com um

respondente e de grupo quando com porta um

nú-m ero variado de participantes. O núm ero de

partici-pantes é definido caso a caso, dependendo da tem ática

do estudo e do tem po disponível, afinal, quanto m aior

o grupo, m ais tem po é necessário para o alcance dos

resultados desejados.

A escolha desta técnica, entrevista em

profun-didade, com um ente está relacionada ao fato de ser

preciso aprofundar ternáticas. Aprofundar ternáticas

em grupo seria inviável. Ou ainda, se fosse

entrevis-ta a técnica escolhida, m as esta fosse realizada de

m aneira superficial, certam ente não atenderia à

ne-cessidade do estudo, a opção passa a ser entrevista

em profundidade. Nela a inform ação é m ais rica em

detalhes.

Nesse tipo de técnica o aspecto m ais im

por-tante é que o entrevistado esteja sensibilizado para a

im portância da entrevista e m antenha um a postura

de colaboração. M uito dessa postura colaboradora é

responsabilidade do entrevistador, que deve criar um

clim a de em patia e confiança para que o

entrevista-do possa de fato contribuir com o estudo proposto.

A entrevista em profundidade é um processo

m ais dem orado do que um a entrevista com um ,

po-dendo levar desde trinta m inutos até algum as horas.

Tem com o característica principal o fato de ser

serni-estruturada, nela o entrevistador tem um a sugestão

de roteiro, preferencialm ente não escrito, para não

inibir o entrevistado, além disso, ela é focada em um a

ternática específica. M esm o com o roteiro, a condu-ção da entrevista se dá de acordo com os cam inhos

ditados pelo entrevistado, ele precisa se sentir à

von-tade para falar, é aí que está a riqueza do processo.

A intervenção do entrevistador no processo

deve ser a m ínim a possível e cada m udança no

curso da entrevista deverá ser feita de form a

cuida-dosa. O entrevistado precisa sentir segurança no

am biente, no entrevistado r e no fato de estar ali.

Não é m uito recom endado que pessoas com

pouca experiência conduzam entrevistas em

profun-didade.

É

preciso que o entrevistador tenha um bom

período de treinam ento, tenha m aturidade para

con-duzir o processo, especialm ente para com preender

que o m ais im portante ali é o entrevistado. Além

disso, deve o entrevistador ser capaz de gerar um

clim a propício, especialm ente deixar o entrevistado

à vontade e confiante. Ter capacidade de se

cornu-34

nicar e perspicácia ao ouvir o discurso do outro é

fundam ental.

É

im portante lem brar que não são

apenas as palavras que falam no discurso do

entre-vistado, existe todo um contexto corporal, de

ex-pressão e gestos que tam bém possuem significado.

O entrevistado r precisa ainda ser capaz de relacionar fatos e fazer associações a partir do

dis-curso m anifesto pelo outro. Apesar de todas essas

com petências serem necessárias, é possível

desen-volver algum as dessas habilidades através de

treina-m entos orientados.

Devido ao tem po e à necessidade de

profissio-nal especializado e experiente para conduzir o

pro-cesso, esta técnica tem um alto custo financeiro, fato

esse a ser considerado por ocasião de sua escolha.

2.5 Focus group

O cham ado

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

fo c u s g r o u p é na realidade um a variação de um processo de entrevista em grupo.

Tem esta denom inação devido ao fato de abordar

um a tem ática única e específica na m aior parte das

vezes. É focado ou centralizado em algum a

consi-deração particular.

Norm alm ente ofo c u s g r o u p é realizado em am biente especialm ente estruturado, onde

con-fortavelm ente se pode instalar um núm ero de

pes-soas que varia de oito a doze participantes. A

pre-paração do am biente exige algum as condições

com o m obiliário adequado, aparência agradável

do am biente e, principalm ente, um a condução exem plar.

O objetivo dofo c u s g r o u p é discutir a tem ática apresentada de form a a que se tenham opiniões,

per-cepções ou im pressões sobre a questão específica no

sentido principal de com preender o porquê de

cer-tas escolhas e atitudes. A discussão é sem pre

não-estruturada.

Cuidados especiais devem ser tom ados por

ocasião do recrutam ento do grupo, se possível, é

interessante m esclar pessoas com características

in-dividuais diversas. Além disso, por ocasião do

pro-cesso de grupo propriam ente dito deve-se atentar

para fenôm enos interpessoais com o

cornparibilida-delincom patibilidade entre participantes, controlei

descontrole em ocional, ansiedade, atitudes

defensi-vas, entre outros.

(6)

Quando foi feita referência anteriorm ente à

condução exem plar, falava-se da com petência do m oderador, pessoa responsável pela condução do

processo de grupo. Este m oderador precisa ter

cla-ram ente definidos os objetivos da reunião, ter

fa-cilidade de com unicação, capacidade de

percep-ção e julgam ento para identificar rapidam ente tipos

psicológicos e tom ar as atitudes adequadas. Por exem plo, controlar os im pulsos dos m uitos

falan-tes e m uito inf1uenciadores de opinião, estim ular

os m ais tím idos e recatados, tentar dem ocratizar o

tem po e as falas dos participantes. Este trabalho

exige um preparo m uito grande em liderança de

grupos, pois toda atitude a ser tom ada precisa

ne-cessariam ente ser cuidadosa no sentido de que as

pessoas "controladas" em seus ím petos não se

sin-tam reprim idas ou desencorajadas, e que por isso term ine sendo gerado um clim a desagradável.

O m oderador tem papel fundam ental no

es-tabelecim ento do clim a no m om ento da reunião. É

preciso buscar um a form a na qual as pessoas se

sin-tam bem , im portantes no processo e colaboradoras

com algo m aior.

O processo é conduzido pelo m oderador e por

ele é apresentada a tem ática, im portante salientar

que os participantes só devem ser com unicados da

ternática no m om ento exato da reunião, pois de

outra form a poderiam "ensaiar" opiniões, alterando

os resultados em face da não naturalidade.

Apresentada a tem ática, o m oderador deve

tam bém cuidar para evitar desvios do assunto em

foco, decidir sobre a necessidade ou não de pausa e

o m om ento ideal, que ajude e não quebre o clim a já

instalado, ou, caso o clim a esteja tenso, até

aprovei-te o m om ento para esfriar os ânim os, afinal quando

se reúnem pessoas que não se conhecem em um am

-biente fechado e se força a com unicação entre elas,

m uitas coisas podem acontecer e nem sem pre ape-nas coisas agradáveis, daí a im portância do m

odera-dor ser alguém treinado e devidam ente

especializa-do em processos grupais.

Um a das m ais im portantes vantagens na

utili-zação do

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

fo c u s g r o u p é a riqueza de inform ações obti-das na discussão. Sem dúvida, ao ser bem conduzido,

o processo pode resultar em um nível de inform ação

altam ente relevante para o estudo em questão.

A versatilidade de sua utilização tam bém é

outro ponto vantajoso para utilização desta técnica

e, ainda, a possibilidade de trabalhar com os m ais

diversos tipos de sujeitos, inclusive crianças, o que

de outra form a seria com plicado.

Com o desvantagem da técnica, os autores

apontam principalm ente a não possibilidade de

ge-neralização, já que o grupo participante não atende

aos critérios de represenrarividade de am ostra,

exis-tentes nos m étodos quantitativos. Além disso, o

custo pode ser elevado.

UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2 .6 E s t u d o d e c a s o

"O caso ou estudo de caso se refere a um a

intensa análise de um a situação singular" (TULL

&

HAW KINS, 1976). Isso significa que o estudo de

caso é um m étodo que se baseia num a análise

pro-funda de um a situação específica, particular.

O estudo de caso, quando tem com o objetivo

a pesquisa (tam bém é utilizado pedagogicam ente

com o técnica de ensino), é m ais adequado aos

estu-dos de tipo exploratório.

O e s tu d o d e c a s o s e c a r a c te r iza c o m o u m tip o d e

p e s q u is a c u jo o b je to é u m a u n id a d e q u e s e a n a li-s a p r o fo n d a m e n te . Vis a a o e xa m e d e ta lh a d o d e u m a m b ie n te , d e u m s im p le s s u je ito o u d e u m a s itu a ç ã o e m p a r tic u la r . N ã o d e ve s e r c o n fo n d id o c o m o " m é to d o d o c a s o ' : q u e c o n s titu i u m a e s tr a -té g ia d e e n s in o a m p la m e n te d ivu lg a d a n o c u r s o d e Ad m in is tr a ç ã o . ( G O D O Y, 1995,p . 2 5 )

Com o m étodo de pesquisa qualitativa, tem

com o objetivo apurar o m ais profundam ente

possí-vel as ocorrências dentro de um a determ inada

orga-nização. O foco do estudo é a gerência da situação organizacional.

Norm alm ente, o estudo de caso tem com o

base depoim entos obtidos através de entrevistas,

especialm ente das pessoas que ocupam posições chaves. Esses seriam os dados prim ários do estudo.

Um a das vantagens do estudo de caso é poder

tra-balhar com dados secundários, relatórios,

balan-ços, atas de reunião, etc., além dos cham ados

da-dos prim ários obtidos através das entrevistas. O

estudo de caso tam bém utiliza dados obtidos

atra-vés da observação.

Um a das desvantagens do estudo de caso é

o fato dele estar sujeito de m aneira extrem a aos

dados do contexto atual, ou seja, qualquer

altera-35

(7)

ção ou atitude adm inistrativa poderá influenciar

de m aneira significativa o estudo.

Outro aspecto não m uito desejável, porém

inevitável no estudo de caso, é a lim itação provocada

pela facilidade/dificuldade de acesso aos dados.

Tra-balha-se praticam ente com os dados aos quais é

per-m itido o acesso pela organização, e isso sem dúvida

altera o estudo, ou pelo m enos o torna apenas

par-cialm ente verdadeiro. Para GODOY (1995),

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O r g a n iza r e a n a lis a r to d o o m a te r ia l o b tid o p o r m e io d e d o c u m e n to s , o b s e r va ç õ e se e n tr e vis ta s n ã o

éta r e jà fic il e e xig e o d o m ín io d e u m a m e to d o lo g ia

b a s ta n te c o m p le xa d a q u a l a a n á lis e d e c o n te ú d o fo z p a r te . ( G O D O Y,

1995,

p . 2 7 )

Pode-se trabalhar com um caso ou realizar

aná-lises com parativas ao se trabalhar com casos m

últi-plos - C o m p a r a tive C a s e M e th o d , nesta situação se-riam realizados estudos em m ais de um a organização

que teriam seus resultados confrontados ao final, a

partir daí viria a interpretação dos fenôm enos de

diferenciação.

2. 7

UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

T é c n ic a s p r o j e t iv a s

As técnicas projetivas se baseiam no princípio

da projeção, palavra que vem da Psicologia e cujo

conceito apresentado por ARGYRIS (1968), um

autor considerado clássico, diz o seguinte:

O c o n c e ito d e p r o je ç ã o te m d o is s ig n ific a d o s .

C o lo q u ia lm e n te , é u s a d o p a r a s ig n ific a r q u a l-q u e r te n ta tiva d e e vita r c e n s u r a s o u a tr ib u ir a o s o u tr o s m o d o s d e c o n d u ta , s e n tim e n to s e o p in iã o q u e , n a ve r d a d e , s ã o n o s s o s... N u m ve r d a d e ir o s e n tid o p s ic o ló g ic o , a p r o je ç ã o é o m e c a n is m o p e lo q u a l " ve m o s " n a o u tr a p e s s o a u m a c a r a c te r ís tic a q u e n o s p r e ju d ic a r ia m u i-to s e a d m itís s e m o s q u e e la r e a lm e n te n o s p e r te n c e . ( AR G YR 1 S ,

1968,

p . 5 3 )

O princípio das técnicas projetivas se baseia

na utilização de um estím ulo, aparentem ente vago,

am bíguo ou desestruturado, m as que leva o

indiví-duo a em itir um a opinião, projetar um a atitude que

aparentem ente não é dele.

Essa técnica é utilizada quando o conteúdo

a ser tratado é delicado ou constrangedor para o

entrevistado, de form a que o indivíduo jam ais se abriria ou se exporia naturalm ente, seja por

inibi-36

ção, seja por questões ligadas aos padrões e

nor-m as sociais. Sendo assim , a técnica projeriva tira

do entrevistado o peso da personalização das

ati-tudes ou opiniões.

É preciso m uito cuidado e m uita seriedade

na utilização de técnicas projerivas pelo fato de se

estar lidando com conteúdos não autorizados e

m uitas vezes desconhecidos pelo próprio indivíduo.

Algum as questões éticas caberiam ser discutidas,

es-pecialm ente quando essas ferram entas são

utiliza-das em estudos de m arketing. Na Psicologia, as

téc-nicas projetivas são utilizadas com um a série de

cuidados, acordos, contraros, entre cliente e

terapeuta, e o objetivo é o autoconhecirnento, o

de-senvolvim ento pessoal e a superação de

dificulda-des pessoais, tudo isso envolto em preceitos éticos

seriam ente considerados.

É

preciso discutir com os participantes da pesquisa questões relacionadas a este tipo de acesso

aos seus conteúdos pessoais a fim de evitar

proble-m as. A transparência pode ser utilizada sem que se

prejudiquem os "segredos" da técnica.

As principais técnicas projerivas são:

associ-ação de palavras, com plem entação de sentenças,

teste de apercepção tern ática, com plem entação de estórias, psicodram a ou dram atização, teste dos

ba-lões, colagens, desenhos a n im a d o s ,fo to - b o a r d , per-sonificação, teste da 3ª pessoa, entre outras. O que

distingue cada técnica é o tipo de estím ulo

utili-zado que pode ser desde palavras, desenhos,

fil-m es, ou outros tipos de m ateriais diversos, até

m esm o o próprio corpo, com o é o caso nas

dram atizações onde se trabalha com expressões e

criações.

Na realidade, este cam po pode ser m uito

fér-til para a criação de novas form as de se trabalhar

com estím ulos num a perspectiva projeriva, é

pre-ciso, porém , um conhecim ento m ais profundo da

cham ada ciência do com portam ento hum ano, a

Psicologia.

2 .8 T é c n ic a

Delphi

A técnica D e lp h i tem com o característica essen-cial o fato de pesquisar tem áticas relacionadas a

projeções futuras e, ainda, ter com o sujeitos da

pesqui-sa os cham ados e s p e c ia lis ta sem determ inado assunto.

(8)

Tem com o procedim enro básico a utilização de um questionário estruturado que é distribuído aos especialistas participantes. Depois de respondi-do e devolvirespondi-do, são com putados os dados e é devol-vido um feedback aos participantes, sendo em se-guida realizada nova rodada de questionários com os m esm os pontos anteriores. Os novos questioná-rios serão novam ente respondidos pelo m esm o gru-po. âo existe um núm ero fixo de rodadas, irá de-pender de cada estudo em particular.

A teoria que fundam enta o m étodo acredita que, com a repetição, as respostas irão convergir para um ponro centralizado r de opiniões e que esta con-vergência de opinião representará a tendência ver-dadeira futura relativa àquele tem a.

Existem três elem entos fundam entais na téc-nica

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

D e Lp h i: o anonimato, o controle de feedback e a estatística do grupo de respostas.

O anonim ato significa que os especialistas participantes não devem ter conhecim ento uns dos outros, ou seja, não devem saber quem m ais está participando da pesquisa ou, caso saibam por al-gum m otivo, em hipótese algum a devem se com u-nicar durante o processo.

O controle de feedback está relacionado ao faro de que a cada rodada do questionário os parti-cipantes devem ter acesso a algum as inform ações fornecidas pelos outros participantes.

A estatística do grupo de respostas significa que cada opinião de cada participante é válida, con-siderada e introduzida com o dado nos controles do processo.

Ao final, a técnica D e Lp h i proporciona ao pes-quisador não um a resposta definitiva, m as sim um a forte tendência diante de um a projeção de futuro.

2.9

UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

T é c n ic a o b s e r v a ç ã o

A definição de observação diz:

um con-junto de técnicas utilizadas para descrever e analisar as características e as propriedades de um fenôm eno sem a inrerrnediação da linguagem ". I

Inicialm ente faz-se necessário diferenciar um a observação científica de um a observação casual. A

observação científica se caracteriza principalm ente por três aspecros: serve a um propósito específico de pesquisa que foi form ulado anteriorm ente, é planejada de m aneira sistem ática e está sujeita a checagens e controles.

Existem três condições básicas para que se possa utilizar a observação. A prim eira condição está ligada ao aspecto dos dados, ou seja, é preciso que os dados a serem colerados sejam acessíveis à observação. A segunda condição diz que o com -portam ento precisa ser repetitivo, freqüente ou, de outra form a, previsível. A terceira condição é que um evento necessita cobrir um espaço de tem po que seja razoavelm ente curto.

A utilização da observação se dá em situações nas quais outras técnicas não sejam úteis, ou m elhor, em situações em que só a observação pode atender à necessidade de coleta daquele tipo de dados. Outra situação de uso freqüente da observação é quando, tendo seu custo com parado a outras técnicas possí-veis, percebe-se um valor significativam ente inferior,

levando conseqüentem ente à opção pela observação. A observação tam bém costum a ser usada em com binação com outras técnicas, seja no sentido de com plem entação, seja no sentido de checagem de dados.

É

freqüente o uso da observação em estudos de caráter exploratório. Pode ser natural ou planejada, aberta ou disfarçada, estruturada ou nâo-estruturada, direta ou indireta, hum ana ou m ecânica.

Trata-se enfim de um a técnica fundam en-tal devido ao seu caráter explorarório. Porém , de qualquer form a talvez seja necessário que, em ter-m os de pesquisa social, se pense em algum a outra técnica que com plem ente os dados obtidos atra-vés da observação, especialm ente nos estudos que buscam com preender o porquê dos com porta-m entes m anifestos.

3

C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S

A m aior parte do m aterial consultado acerca de pesquisa qualitativa teve com o origem autores da área de M arketing. Algum m aterial com plem en-tar foi utilizado para esrruturação deste trabalho,

IAnor.rção em sala de aula na disciplina M etodologia de Pesquisa Aplicada àAdm inistração Il, m inistrada pelo Professor José Afonso M azzon no Curso de M esrrudo em Adm inistração na Universidade de São Paulo

37

(9)

porém , alguns aspectos deixam a desejar quanto à

aplicabilidade na Psicologia, outros podem

perfei-tam ente ser aplicados.

Em prim eiro lugar a questão básica quanto

à escolha do m étodo. É m uito im portante que o

pesquisador seja coerente por ocasião da escolha

do m étodo e das técnicas de que fará uso em sua

pesquisa. O m elhor m étodo é aquele que m elhor

trata o problem a levantado. Parece que às vezes o

pesquisador se deixa iludir quanto à facilidade de algum m étodo ou, ainda, se deixa influenciar pelo

julgam ento de terceiros quanto à validade de um e

outro, term inando por fazer opção com base em

critérios que não a avaliação de sua problem ática

de pesquisa.

Acredita-se que a qualidade final dos

traba-lhos de pesquisa tem relação com o m étodo sim ,

m as não com o tipo de julgam ento que diz "este é

bom " e "este não é". Com o foi visto, todos, e cada

um em particular, têm pontos positivos e lim

ita-ções quando de sua utilização, daí, às vezes, ser

ne-cessário trabalhar com m étodos com plem entares.

M as um a escolha coerente com o todo, torna o

tra-balho sem dúvida algum a sério e passível de defesa

em qualquer instância.

A escolha de um a abordagem qualitativa se

dá na m edida em que o conteúdo, ou m elhor, o

problem a de pesquisa e seu objetivo pedem um

tratam ento subjetivo, profundo, com aspectos de

interpretação bastante fortes e não a transform

a-ção de inform ações em dados num éricos, ao que

seria m ais adequado o tratam ento quantitativo.

Um a questão relevante a favor da abordagem

qualitativa é o fato de que os m étodos quantitativos não apresentam possibilidade de abordagem dos

fe-nôm enos com portam entais relacionados com

aspec-tos do inconsciente, sendo o cam inho do

qualitati-vo a única possibilidade.

Outra questão im portante diz respeito à

form ação do pesquisador para utilização de

al-gum as técnicas em particular. Treinar pessoas

para aplicar algum as técnicas é possível e até

desejável, m as algum as outras, em especial as

projetivas e a entrevista em profundidade,

pres-supõem um tipo de conhecim ento e postura que

talvez o treinam ento não atenda, e seja de fato

um a questão de form ação teórico-prática. A

pró-pria condução do

kjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

fo c u s g r o u p necessita de um a

38

extrem a habilidade em lidar com pessoas e

gru-pos, sendo im prescindível um a qualificação

es-pecífica.

Em outro m om ento seria oportuno

abor-dar a cham ada triangulação, que na verdade se

constitui com o um m ixin g dos m étodos qualita-tivos e quantitaqualita-tivos. Para JICK (1983), os m

éto-dos qualitativos e os m étodos quantitativos

deve-riam ser vistos m uito m ais com o m etodologias

que se com plernentam do que com o cam pos

ri-vais. Para o citado autor, a triangulação é um a

com binação de m etodologias no estudo de um

m esm o fenôm eno.

Na realidade, ao pesquisador cabe identificar

a m ais adequada m etodologia, tendo sem pre em

m ente o objetivo m aior de identificação e com

pre-ensão dos fenôm enos. A triangulação se apresenta

com o um a alternativa nos casos em que se pretenda

abranger variados objetivos no estudo.

UTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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39

Referências

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