E STUDO P SICOTERÁPICO E P SICANALÍTICO DE P ACIENTES COM D IAGNÓSTICO DE
T RANSTORNO DA P ERSONALIDADE (DSM-IV)
M ARIA L UIZA M. F IORE1,L ATIFE Y AZIGI 2, J ULIETA F. R AMALHO DA S ILVA 3, P ATRÍCIA
, J ULIETA F. R AMALHO DA S ILVA 3, P ATRÍCIA
G AZIRE 4 E S ALVADOR B IANCO
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I- Introdução
Os pacientes que se enquadram no diagnóstico de Transtorno de Personalidade pelo DSM-IV (APA, 1994), de baixo nível sócio-econômico, não possuem lugar assistencial além da internação psiquiátrica. Não há uma rede de atendimento psicoterápico eficiente e qualificada para acolhê-los.
Schestatsky (1999) afirma que estes são os mais psicanalíticos dos pacientes psiquiátricos e os mais psiquiátricos dos pacientes psicanalíticos. Desta forma, um estudo minucioso do funcionamento psíquico desses pacientes permitirá uma articulação profunda entre Psiquiatra e Psicanálise.
Os Transtornos de Personalidade (DSM IV, APA, 1994) são descritos como aqueles transtornos em que há alterações da vivência e do comportamento da pessoa, de tal forma que esta se afasta do socialmente esperado. São quadros estáveis e podem ser encontrados em diferentes tipos de personalidade.
Compreendem as seguintes subcategorias: 1) A: Transtornos da Personalidade
1
Candidata da SBPSP, psiquiatra, doutora do Departamento de Psiquiatria da EPM-UNIFESP (Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo)
2
Candidata da SBPSP, psicóloga, Professora Titular do Departamento de Psiquiatria da EPM-UNIFESP
3
Psicanalista da SBPSP, psiquiatra, chefe da Disciplina de Psicoterapia e Psicodinâmica do Departamento de Psiquiatria da EPM-UNIFESP
4
Psicóloga, Mestre em Saúde Mental do Departamento de Psiquiatria da EPM-UNIFESP.
5
Psiquiatra, Mestre do Departamento de Psiquiatria da EPM-UNIFESP.
Paranóide, Esquizóide e Esquizotípica; 2) B: Transtornos da Personalidade Anti- Social, Borderline, Histriônica e Narcísica; 3) C: Transtornos da Personalidade Esquiva, Dependente e Obsessivo-Compulsiva.
Partindo do vértice psicodinâmico, Grotstein (1984) aborda o conceito de pacientes borderlines. Estes também foram chamados, através dos tempos, de fronteiriços e estados limites, pois estariam na fronteira com a psicose, podendo até apresentar episódios psicóticos rápidos. O mesmo autor salienta a ocorrência nesses pacientes de impulsividade e freqüentes movimentos de auto-agressão com tentativas de suicídio. Segundo Kernberg (1995), esses pacientes apresentam o ódio como a principal qualidade do afeto e mecanismos de defesa de ego muito arcaicos como identificações projetivas freqüentes e intensa cisão.
Green (1977), por sua vez, afirma que o protótipo mítico do paciente do nosso tempo já não é mais Édipo e sim Hamlet. O problema é anterior ao triângulo relacional já que se localiza no si-mesmo e na noção de existência. O autor estuda esses pacientes a partir do vértice da representação mental como função básica do campo psíquico, e conclui que o que os caracteriza é a pouca capacidade de fazer uso dessa representação e da simbolização.
Steiner (1993) concorda com Rosenfeld quanto à importância do narcisismo destrutivo como elemento complicador da relação transferencial destes pacientes identificando esta questão como ponto central das organizações patológicas da personalidade. Kohut (apud Wallerstein,1998) enfatiza que com esses pacientes não é a interpretação que cura, mas a experiência do vínculo empático. Kernberg
(apud Wallerstein,1998) defende que a análise da transferência não deve ser sistemática nesses pacientes, como quer a psicanálise tradicional. Wallesrstein (1998) conclui que tanto a psicanálise como a psicoterapia psicanalítica são úteis para esses pacientes e que a pergunta atual deve ser o que leva à mudança psíquica e não mais qual das duas traz melhor resultado.
II- Objetivo Objetivo Geral
Nossa proposta é estudar as possibilidades e o processo terapêutico em psicoterapia psicanalítica e psicanálise de pacientes que chegam à instituição psiquiátrica da EPM-UNIFESP
*e que se enquadram no diagnóstico de Transtorno de Personalidade pelo DSM-IV (APA, 1994).
Objetivos Específicos
1. Pesquisar as mudanças psíquicas durante o desenvolvimento psicológico de pacientes com diagnóstico de Transtorno da Personalidade por meio de atendimento psicoterápico psicanalítico em um enquadre de serviço público gratuito.
2. Pesquisar os diferentes aspectos deste atendimento, tais como:
a) o processo psicoterápico por meio da análise de: aliança terapêutica, transferência, contratransferência, assinalamentos, interpretações e intervenções;
b) o funcionamento psíquico do paciente expresso por meio de: pulsões, agressividade, estruturação do ego, defesas do ego, mudança psíquica,
*