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REVISTA BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIAMAI-JUN 2016VOLUME 75 NÚMERO 3 P. 169-252

Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar... w

Efficacy and safety of endothelial keratoplasty: a systematic review and meta-analysis w

Contact lenses as drug controlled release systems. A narrative review w

Orbital apocrine hidrocystoma with imunohistochemmical w

Vol. 75 - nº 3 - Maio/Junho 2016 Publicação bimestral ISSN 0034-7280

Versão impressa

Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa

Scielo, Scopus Scielo, Scopus e Lilacs e Lilacs Scielo, Scopus

e Lilacs

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5 25 75 95 100

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169

Associada a ABEC - Associação Brasileira

de Editores Científicos

Publicação bimestral Rev Bras Oftalmol, v. 75, n. 3, p. 169-252, Mai./Jun. 2016

Revista

Brasileira de

Oftalmologia

PUBLICAÇÃO OFICIAL:

SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA

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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

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ISSN 0034-7280

(Versão impressa)

ISSN 1982-8551

(Versão eletrônica)

Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde

SciELO

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Jean Jacques De Laey - Ghent - Bélgica Jean-Philippe Nordmann - Paris - França Jesús Merayo-LLoves - Oviedo - Espanha Kevin M. Miller - Califórnia - EUA Keweh Mansouri - Paris - Fraça Lawrence P. Chong - Califórnia - EUA Lihteh Wu – San José - Costa Rica Liliana Werner - Utah - EUA Miguel Burnier Jr. - Montreal - Canadá Pablo Cibils - Assunção - Paraguai Patricia Mitiko Santello Akaishi – Arábia Saudita Paulo Torres - Lisboa - Portugal Peter Laibson - Phyladelphia - EUA Steve Arshinoff - Toronto - Canadá Corpo Editorial Nacional

Abelardo de Souza Couto - Rio de Janeiro- RJ Abrahão da Rocha Lucena - Fortaleza - CE Alexandre Antonio Marques Rosa - Paraíba - PA Alexandre Augusto Cabral de Mello Ventura - Recife - PE Alexandre H. Principe de Oliveira – Salvador – BA Alexandre Seminoti Marcon – Porto Alegre - RS Ana Carolina Cabreira Vieira – Rio de Janeiro – RJ Ana Luisa Hofling de Lima - São Paulo - SP André Correa de Oliveira Romano – Americana - SP André Curi - Rio de Janeiro - RJ

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Jeffersons Augusto Santana Ribeiro - Ribeirão Preto - SP João Borges Fortes Filho- Porto Alegre- RS João Luiz Lobo Ferreira – Florianópolis – SC João Marcelo de Almeida G. Lyra - Maceió - AL João Orlando Ribeiro Goncalves- Teresina- PI Jorge Carlos Pessoa Rocha – Salvador – BA JorgeAlberto de Oliveira - Rio de Janeiro - RJ José Augusto Cardillo – Araraquara – SP José Beniz Neto - Goiania - GO

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(3)

169

Revista Brasileira de Oftalmologia

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Presidente: Mansur Elias Ticly Junior Sociedade Paraense de Oftalmologia Presidente: Frederico José Correia Lobato

Sociedade Paraibana de Oftalmologia Presidente: Saulo Zanony Lemos Neiva Sociedade Piauiense de Oftalmologia

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Presidente: Carlos Barreto Barbosa Jr.

Diretoria da SBO 2015-2016

Diretoria da ABCCR/BRASCRS 2016-2018

Diretor de Cursos e Publicação (Seção Superfície Ocular)

Richard Yudi Hida Diretor de Cursos e Publicação

(Seção Glaucoma) Victor Cvintal

Clube de Pesquisa e Publicação Newton Kara José Junior

Diretoras de Vídeo

Amaryllis Avakian e Andreia Peltier Urbano Diretor de Comunicação

Daniel Alves Montenegro, Durval Moraes de Carvalho Junior e João Marcelo de Almeida

Gusmão Lyra

(4)

171

Publicação bimestral Rev Bras Oftalmol, v. 75, n. 3, p. 169-252, Mai./Jun. 2016

Editorial

173 Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar...

We are what we repeatedly do.

André Luis Freire Portes

Artigos Originais

174 Estudo da prevalência das uveítes em hospital oftalmológico terciário em Teresina, Piauí, Brasil Study of the prevalence of uveitis in a tertiary ophthalmology hospital in Teresina, Piauí, Brazil

Leonardo Pinheiro Teixeira, Mayara Martins Abrahão, Eduardo Ribeiro Coutinho Dália, Luana Miranda Campos, João Jorge Nassaralla Junior, Vitor Cortizo Da Fonseca

181 Prevalência de Tracoma em crianças em idade escolar no município de Turmalina, MG Trachoma prevalence among schoolchildren in the municipality of Turmalina, Minas Gerais state

Evanildo José da Silva, Layze Alves Vieira Oliveira, Luciano Sólia Nasser, Luciana Fernandes Amaro Leite, Antônio Prates Caldeira, Leida Calegário de Oliveira

185 Trauma ocular na Faculdade de Medicina de Botucatu Ocular trauma at the Botucatu medical school

Felipe de Queiroz Tavares Ferreira, Marjorie Fornazier do Nascimento, Roberta Lilian Fernandes de Sousa Meneguim, Carlos Roberto Padovani, Silvana Artioli Schellini

190 Fila cirúrgica digital como instrumento auxiliar de gestão hospitalar: Sugestões de adequações propostas por um serviço universitário de oftalmologia

The preoperative scheduling system as a secondary tool for hospital management: sugges- tions for adjustments proposed by a university ophthalmology unit

Nadyr Antonia Damasceno, Marcelo Palis Ventura, Guilherme Herzog Neto, Eduardo F. Damasceno

195 Epidemiologia de ceratites fúngicas tratadas com ceratoplastia penetrante através de achados histopatológicos

Epidemiology of fungal keratitis treated with penetrating keratoplasty by means of histo- pathologic findings

Sumário - Contents

Revista

Brasileira de

Oftalmologia

Disponível eletronicamente:

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de Nível Superior

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Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde

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Fundada em 01 de junho de 1942 CODEN: RBOFA9

PUBLICAÇÃO OFICIAL:

SOCIEDADE BRASILEIRA DE OFTALMOLOGIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CATARATA E CIRURGIA REFRATIVA

Indexada nas bases de dados:

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172

205 Frequência de ocorrência das afecções dos anexos oculares e do olho externo Frequency of occurrence of affections of the adnexa and external eye

Maria Julia de Barros Orsolini, Roberta Lilian de Sousa Fernandes Meneghim, Carlos Roberto Padovani, Iury Lima Veloso, Silvana Artioli Schellini

209 Uso da tonometria de ar em pesquisas populacionais – comparação com o tonômetro de Goldmann em indivíduos com suspeita de hipertensão ocular

Air-Puff Tonometry in population research – a comparison with Goldmann tonometer in individuals with suspected ocular hypertension

Luiz Augusto Tolomei, Mitsuo Hashimoto, Caroline Ferreira da Silva Mazeto, Augusto Tomimatsu Shimauti, Maria Rosa Bet de Moraes Silva, Carlos Roberto Padovani, Silvana Artioli Schellini

214 Nanoskin: uso para reposição de volume na cavidade anoftálmica Use of Nanoskin for volume replacement of the eye socket

Natalia Mussi,Maria Julia de Barros Orsolini, Claudia Helena Pellizon, Carla Adriene da Silva, Silvana Artioli Schellini, Gabriel Molina de Olyveira, Pierre Basmaji

218 Effectiveness and safety of endothelial keratoplasty for pseudophakic and aphakic bullous keratopathy: a systematic review of randomized controlled trials and cohort studies Eficácia da ceratoplastia endotelial no tratamento da ceratopatia bolhosa pseudofácica e afácica: revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados e estudos coortes

Bruno Harfuch, Amélia Kamegasawa, Larissa S Harfuch, Victor Andrigheti Coronado Antunes, Regina El Dib

223 Análise da relação da ocorrência de polimorfismo de nucleotídeo único do gene DOCK9 em ceratocone

Relation analysis of the occurrence of single nucleotide polymorphism of the DOCK9 gene in keratoconus

Leonardo Mariano Reis, Francisco W. Rodrigues, Rodrigo Egídio da Silva, Alexandre Chater Taleb, Marcos Pereira de Ávila

Relato de Casos

228 Sucessfull management of bilateral presumed Candida endogenous endophtalmitis fol- lowing pancreatitis

Tratamento bem sucedido de caso de endoftalmite endógena bilateral presumida por Can- dida pós pancreatite

Ricardo Evangelista Marrocos de Aragão, Ieda Maria Alexandre Barreira, Francisco Holanda Oliveira Neto, Felipe de Freitas Beserra, Cesar Pereira de Araujo, Carine Soares Ramos do Nascimento

231 Orbital apocrine hidrocystoma with immunohistochemical confirmation Hidrocistoma apócrino orbitário com confirmação imunohistoquímica

Eduardo Damous Feijó, Ana Carla de Souza Nery, Fábio Ramos Caiado, Aline Maria Preihs, Paulo Henrique Borges Campos, Augusto Pereira, Roberto Murillo Limongi

235 Diplopia vertical persistente pós-facectomia e tireoidopatia associadas Persistent vertical post-facectomy and associated thyroid disease

Daniel Amorim Leite Galton Carvalho Vasconcelos, Ana Rosa Pimentel Figueiredo, Henderson Celestino de Almeida

238 Atypical presentation of pilomatrixoma in the tarsal conjunctiva Apresentação atípica de pilomatricoma na conjuntiva tarsal

Mirtha Ramirez Dittrich, Jacqueline Martins de Sousa, Paulo Gois Manso

Artigo de Atualização

241 Contact lenses as drug controlled release systems: a narrative review

As lentes de contacto como sistema de libertação controlada de fármacos: uma revisão narrativa

Helena Prior Filipe, José Henriques,Pedro Reis, Pedro Cruz Silva, Maria João Quadrado, Ana Paula Serro

Erratas

248 Erratas

Instruções aos autores

251

Normas para publicação de artigos na RBO

(6)

E

DITORIAL 173

Só fazemos melhor aquilo que

repetidamente insistimos em melhorar...

(Aristóteles, 384-322 AC.)

H á aproximadamente um ano a Revista Brasileira de Oftalmologia (RBO) tem publicado a maioria das suas edições na forma Ahead of Print (à frente da impressão), situação em que o periódico já é disponibilizado eletronicamente, no próprio site da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), antes da distribuição da versão impressa. A divulgação tem sido feita com antecedência de aproximadamente 1 mês antes do prazo normal previsto. Nesse perfil de publicação avançada temos um aumento na agilidade e dinamismo editorial, possibilitando acesso antecipado às pesquisas mais recentes e a possibilidade de citação dos artigos científicos mais precocemente.

O processo de revisão de artigos científicos que já é feito tradicionalmente da forma Peer Review (em pares), por meio de análise com dois revisores diferentes, está sendo feito também com o modelo Fast Track (via rápida). A grande maioria dos artigos enviados para a publicação na RBO tem uma resposta de aceite ou rejeição inicial prevista em até 60 dias. A diminuição nesse tempo, que pode chegar a 6 meses, permite aos autores que deem seguimento às suas pesquisas ou optem por enviar o artigo a outro periódico, não interrompendo sua produção científica em detrimento de um processo de submissão mais lento.

Atualmente a necessidade dos pesquisadores de estarem publicando regularmente está diretamente relacionada à produção científica dos cursos de pós-graduação, que é um dos principais critérios do CAPES para sua avaliação e conceito.

Não há artigos originais prévios à 2016 e todos recebidos a partir de agora tem previsão de publicação no mesmo ano de envio, dependendo principalmente das modificações solicitadas pelos revisores e a sua realização pelos autores. A publicação de um artigo mais rapidamente aumenta a sua possibilidade de originalidade, vinculando o pioneirismo à pesquisa realizada, gerando uma maior discussão relacionada ao artigo e um maior número de citações.

A co-participação internacional está maior após renovação do corpo editorial internacional e parcerias científicas.

Estima-se que hoje aproximadamente 30% do volume total de artigos enviados tenham suas revisões feitas por revisores internacionais, e que 20% de todos os artigos publicados no último ano tenham sido provenientes dos mais variados continentes (América, Europa e Ásia).

Atingimos recentemente pela primeira vez na RBO mais 35.000 acessos mensais pelo site da SciELO, com um aumento real de aproximadamente 39% em relação aos acessos nos anos anteriores. A maior procura foi por artigos originais (72%), entretanto o artigo mais acessado no último ano, foi de revisão sobre a paralisia do VI nervo, publicado em janeiro/fevereiro de 2013. De todos os artigos submetidos para publicação a cerca de um ano, 40% foram reprovados em primeira análise. Todos esses dados estatísticos demonstram a transformação que a RBO vem passando ao longo das últimas diretorias, melhorando seus índices de qualidade e se estabelecendo como periódico científico de relevância e influência na oftalmologia nacional e internacional.

....a busca da excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito.

(Aristóteles, 384-322 AC.)

André Luis Freire Portes

Prof. Adjunto da Disciplina de Oftalmologia do Curso de Medicina da Universidade Estácio de Sá (UNESA- RJ) Doutor em Ciências do Programa de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP-SP) Editor-chefe da Revista Brasileira de Oftalmologia (2015-2016)

R

EFERÊNCIAS

1. Scielo. http://analytics.scielo.org/w/accesses?journal=0034-7280&collection=scl. Retrieved May 31, 2016, from http://www.scielo.br 2. SCImago. (2007). SJR — SCImago Journal & Country Rank. Retrieved May 31, 2016, from http://www.scimagojr.com

3. Curi RLN, Costa ICBO, Barroso TGM. Paralisia do VI nervo (abducente). Rev Bras Oftalmol. 2013; 72 (1): 59-69

We are what we repeatedly do.

(7)

174

Leonardo Pinheiro Teixeira¹, Mayara Martins Abrahão1, Eduardo Ribeiro Coutinho Dália1, Luana Miranda Campos1, João Jorge Nassaralla Junior2, Vitor Cortizo Da Fonseca3

Recebido para publicação em 31/07/2015 - Aceito para publicação em 19/03/2016.

A

BSTRACT

Objective: To analyze the prevalence of uveitis in patients treated at a tertiary ophthalmic service in Teresina, Piauí State, Brazil. Methods: This was a retrospective study based on medical records of patients treated at this service. Sex, age, origin, underlying diseases, anatomical diagnosis, clinical aspects and progression time were described. Results: 403 records were included, noting that 3.2 out of every 1,000 patients treated at the service had uveitis. The average age of patients was 42 years old, with both sexes (50.6% females and 49.4% males) affected similarly, and with 61.5% coming from the state capital, Teresina. The most common underlying disease was toxoplasmosis, followed by idiopathic uveitis with ocular manifestations only. As to the anatomical classification, 49.6% of them were posterior and only 3.5% were intermediate. Regarding the clinical aspects, 64% were granulomatous, 24.8% non-granulomatous, and 11.2% were not classifiable. According to the clinical progression, 41.4% were acute, followed by 30.8% chronic, 14.4% recurrent cases, and 13.4% of patients did not return for medical care. Conclusion: we found that for every 1,000 patients treated at the service, 3.2 had uveitis, with toxoplasmosis itself found to be an important source of uveitis.

Keywords: Toxoplasmosis; Idiopathic uveitis; Uveitis/classification

A

RTIGO

O

RIGINAL

Estudo da prevalência das uveítes em hospital oftalmológico terciário em Teresina, Piauí, Brasil

1 Instituto de Olhos de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil.

3 Departamento de Retina e Vítreo, Instituto de Olhos de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil.

4 Hospital de Olhos Francisco Vilar, Teresina, PI, Brasil.

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Study of the prevalence of uveitis in a tertiary ophthalmology hospital in Teresina, Piauí, Brazil

R

ESUMO

Objetivo: analisar a prevalência das uveítes em pacientes atendidos em um serviço oftalmológico terciário em Teresina, Piauí.

Métodos: estudo retrospectivo baseado em prontuários de pacientes atendidos nesse serviço. Foram descritos: gênero, faixa etária, procedência, doença de base, diagnóstico anatômico, aspecto clínico e tempo de evolução. Resultados: foram incluídos 403 prontu- ários constatando-se que a cada 1000 pacientes atendidos neste serviço, 3,2 tinham uveíte. A idade média dos pacientes foi de 42 anos, tanto o gênero feminino (50,6%) quanto o gênero masculino (49,4%) foram acometidos similarmente, com 61,5% dos pacientes provenientes da capital. A doença de base mais frequente foi a toxoplasmose, seguida das uveítes idiopáticas apenas com manifes- tações oculares. Quanto à classificação anatômica, 49,6% foram posteriores e 3,5% foram intermediárias. Em relação ao aspecto clínico, 64% foram granulomatosas, 24,8% não-granulomatosas e 11,2% não foram classificáveis. Segundo a evolução clínica, 41,4%

foram agudas, seguidas de 30,8% crônicas, 14,4% recorrentes e em 13,4% os pacientes não foi feito o acompanhamento. Conclusão:

pudemos constatar que para cada 1000 pacientes atendidos neste serviço 3,2 tinham uveíte, apresentando-se a toxoplasmose como importante fonte de uveíte neste serviço.

Descritores: Toxoplasmose ocular; Uveíte idiopática; Uveíte/classificação

(8)

175

I

NTRODUÇÃO

U

veíte é definida como inflamação do trato uveal, consti- tuído pela íris, corpo ciliar e coróide, podendo acometer secundariamente outras estruturas como córnea, esclera, vítreo, retina e nervo óptico. Ela pode ser manifestação sistêmica de doenças infecciosas, reumáticas, doenças de etiologia desconhecida ou, ainda, ocorrer na ausência de qualquer enfermi- dade detectável. Complicações, que podem levar a cegueira, como catarata, glaucoma e descolamento de retina podem estar associ- adas às uveítes, sendo a catarata a complicação mais comum1.

O SUN (Standardization of Uveitis Nomenclature) Working Group Descriptors of Uveitis2 no intuito de iniciar um processo de uniformização de dados clínicos no campo das uveítes, adap- tou a classificação elaborada pelo International Uveitis Study Group.3 Esta classificação ajudou na padronização da nomen- clatura e na compreensão dos fatores relacionados à história natural dos diferentes tipos de uveítes e envolveu, dentre ou- tros, aspectos anatômicos, clínicos e evolutivos.4

Devido à grande variedade de causas das uveítes, torna-se comum a influência de fatores demográficos tais como idade, sexo, raça, aspectos socioeconômicos, ocupação, hábitos de vida, origem geográfica, fatores imunológicos, dentre outros. Diante da abundância de doenças que podem originar uveítes, é impor- tante a realização de estudos de prevalência. Esses contribuem para o planejamento preventivo, diagnóstico e terapêutico das entidades clínicas mais frequentes.

Na ausência de estudo semelhante no Piauí, e tendo em vista que Teresina vem há muitos anos se destacando na região do Meio Norte do Brasil como ponto de referência em medicina e saúde, o presente estudo tem como objetivo analisar a prevalência das uveítes em pacientes atendidos em um serviço oftalmológico terciário.

M

ÉTODOS

Foi realizado o estudo epidemiológico descritivo transver- sal retrospectivo com base na consulta de prontuários eletrôni- cos de pacientes atendidos no Hospital de Olhos Francisco Vilar (Teresina, Piauí) no período de 1 de Janeiro de 2006 a 31 de Dezembro de 2011.

Nos prontuários eletrônicos do hospital citado acima, se- guiu-se uma estratégia de busca por palavras-chave que abran- giam uveíte e sinônimos como irite, iridociclite, além da busca por doenças de base (toxoplasmose, toxocaríase, tuberculose, síndrome de Reiter, sarcoidose, sífilis, artrite reumatóide, artrite reumatóide/idiopática juvenil, síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), doença de Behçet, espondilite anquilosante, lúpus eritematoso sistêmico, citomegalovírus, herpes simples, síndrome de Vogh-Koyanagi-Harada, iridociclite heterocrômica de Fuchs) que podiam levar à mesma, com o cuidado de inserir os prontuários apenas uma vez na estatística.

Os seguintes dados foram descritos: gênero, faixa etária, procedência, doença de base e classificações relacionadas à posi- ção, evolução e aspecto clínico. Cada uveíte encontrada foi sepa- rada segundo a sua doença de base, sendo criados também os grupos de uveítes idiopáticas e outros. O grupo de idiopáticas foi utilizado para discriminar as uveítes que apresentavam apenas manifestações oculares sem alterações sistêmicas ou nos exames complementares. O grupo outros foi utilizado para discriminar

doenças que apareceram apenas uma vez e não estavam no pro- tocolo da pesquisa.

O diagnóstico estabelecido era baseado em consultas oftalmológicas completas com a história clínica do paciente (his- tória da doença atual e história patológica pregressa) e do exa- me ocular (medida da acuidade visual, ectoscopia, biomicroscopia dos segmentos anteriores e posteriores, oftalmoscopia), até a posterior solicitação de exames complementares, gerais e/ou oftalmológicos, de acordo com a necessidade, para a confirma- ção da hipótese diagnóstica. Foram excluídos os pacientes que não trouxeram os exames complementares e não deram conti- nuidade à avaliação, além dos pacientes com uveítes desencadeadas em curto tempo pós-operatório ou trauma, sen- do assim não sabemos ao certo a quantidade de pacientes possi- velmente com uveíte excluídos da pesquisa, pois alguns, antes que fosse comprovada a hipótese diagnóstica, abandonaram o acompanhamento no hospital. Foram incluídas na estatística as uveítes que apresentavam sinais e sintomas de atividade duran- te a consulta e acompanhamento. Estas eram consideradas ati- vas quando apresentavam células e “flare” na câmara anterior, precipitados ceráticos (PK’s) finos ou grandes, fibrina no endotélio corneano, hipópio, nódulos de íris, sinéquias anterio- res ou posteriores, células vítreas, bolas de neve (snowballs), bancos de neve (snowbanks), lesões inflamatórias na retina ou coróide, vasculites associadas a sintomas como dor, olho verme- lho, fotofobia, diminuição da acuidade visual, moscas volantes, hiperemia pericerática ou límbica. Os prontuários pré-selecio- nados foram avaliados por um especialista em uveítes para cer- tificar-se a hipótese diagnóstica.

A classificação utilizada seguiu os critérios estabelecidos pelo International Uveítes Study Group 3 adaptados pelo SUN2, sendo assim, segundo a anatomia foram consideradas anterio- res, as uveítes em que o sítio primário de inflamação estava na câmara anterior (irite, ciclites anteriores e iridociclites); interme- diárias quando o sitio primário acometia o corpo vítreo (pars planites, ciclites posteriores, hialites); posteriores quando aco- metiam primariamente a coróide ou retina (coroidite focal, multifocal ou difusa, coriorretinite, retinocoroidite, retinite e neuroretinite); e panuveítes quando atingiam a câmara anterior, vítreo e coróide ou retina concomitantemente.

Um outro critério adotado para a classificação das uveítes foi o seu curso clínico, baseando-se na evolução da doença. As- sim, classificamos como uveítes agudas, aquelas caracterizadas por início súbito e duração limitada; como recorrentes aquelas uveítes com episódios repetidos separados por períodos de ina- tividade quando sem tratamento e que duram mais que três meses; e como uveítes crônicas ou de longa duração aquelas persistentes com recaída em menos de três meses após a descontinuação do tratamento.5

Por último classificamos as uveítes segundo o seu aspecto clínico em uveítes granulomatosas e não-granulomatosas.

Granulomatosas foram as que apresentaram precipitados ceráticos grosseiros, tipo gordura de carneiro (mutton fat), nó- dulos de íris ou quando o aspecto da lesão era de um granuloma.

As não-granulomatosas foram as uveítes com precipitados ceráticos finos e sem lesão ou aspecto granulomatoso.

Os resultados colhidos a partir dos formulários foram sub- metidos ao tratamento estatístico descritivo por meio de percentuais, sendo todos os dados discriminados através de ta- belas e gráficos. Todos os cálculos foram realizados utilizando-se o programa estatístico SPSS versão 17.0 e o Microsoft Office Excel versão 2010.

Estudo da prevalência das uveítes em hospital oftalmológico terciário em Teresina, Piauí, Brasil

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176

A pesquisa foi realizada de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que diz respeito às diretrizes e nor- mas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculda- de NOVAFAPI sob o número de protocolo 0297.0.043.000-11.

R

ESULTADOS

Foram incluídos um total de 403 pacientes com uveíte aten- didos no Hospital de Olhos Francisco Vilar no período de 6 anos. Neste período foram atendidos 127.816 pacientes consta- tando-se que a cada 1.000 pacientes atendidos 3,2 tinham uveíte.

A idade dos pacientes durante o início dos sinais e sintomas de uveíte variou entre 4 e 90 anos, com uma média de 42 anos distribuídos da seguinte maneira: entre 0 e 12 anos: 13 pacientes (3,2%), 13 e 18 anos: 20 pacientes (5%), 19 e 60 anos: 290 pacien- tes (72%), maiores de 60 anos: 80 pacientes (19,8%), dentre esses 199 (49,4%) eram homens e 204 (50,6%) eram mulheres.

Observou-se também, que 248 pacientes (61,5%) eram proce- dentes da capital do estado do Piauí, 110 do interior do estado do Piauí (27,3%) e 45 eram de outro estado (11,2%) (Tabela 1).

Em 164 (40,7%) dos prontuários selecionados não foi possível a identificação das etiologias das uveítes. Dentre as do- enças de base diagnosticadas, a mais frequente foi a toxoplasmose, com 167 casos (41,4%), seguida da tuberculose com 12 casos (3%), espondilite anquilosante com 9 casos (2,2%), Síndrome

Teixeira LP, AbrahãoMM; DáliaERC, CamposLM, Nassaralla JuniorJJ, FonsecaVC

Tabela 1

Perfil clínico epidemiológico dos pacientes com uveíte

%

Gênero

Masculino 199 49,4

Feminino 204 50,6

Faixa etária (anos)

0 a 12 anos 13 3,2

13 a 18 anos 20 5,0

19 a 60 anos 290 80

>60 anos 72,0 19,8

ProcedênciaCapital 248 61,5

Interior 110 27,3

Outro Estado 45 11,2

Total 403 100,0

Gráfico 1

Distribuição das Doenças de Base dos pacientes com uveítes - Teresina - PI, janeiro 2006 - dezembro 2011 de Vogt-Koyanagi-Harada com 8 casos (2%), toxocaríase com 7 casos (1,7%), sífilis com 5 casos (1,2%), artrite idiopática juvenil com 4 casos (1,0%), artrite reumatoide com 4 casos (1,0%), her- pes simples com 3 casos (0,7%), Iridociclite heterocrômica de Fuchs com 3 casos (0,7%), citomegalovírus com 2 casos (0,5%) e lúpus eritematoso sistêmico com 1 caso (0,3%). Além disso, 12 prontuários (3%) estavam no Grupo Outros (Gráfico1).

Doença de Base

Em relação à classificação anatômica, observou-se maior frequência das uveítes posteriores totalizando 200 casos (49,6%), entre as quais, a toxoplasmose se destacou com 157 casos (78,5%).

As uveítes anteriores apresentaram-se em 145 prontuários (36,0%), seguidas das panuveítes 44 (10,9%) e uveítes interme- diárias 14 (3,5%) destacando-se nos três últimos parâmetros

citados as uveítes idiopáticas com manifestações apenas ocula- res em 111, 18 e 11 casos, respectivamente (Tabela 2).

Segundo a evolução clínica na tabela 3, podemos observar que: 167 das uveítes (41,4%) foram agudas, 124 crônicas (30,8%), 58 recorrentes (14,4%) e 54 pacientes (13,4%) não fizeram o acom- panhamento completo, não sendo possível evidenciar a evolução.

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Idiopáticas*: uveítes idiopáticas com manifestações apenas ocularesOutras**: uveítes que apareceram apenas uma vez: Síndrome de Sjogren, psoríase, Síndrome de Posner Schlossman, Fibromialgia, Sindrome CINCA, Herpes Zóster, Oftalmia Simpática, Artrite Reativa, Coroidite Serpiginosa, Doença de Crohn, Coroidopatia de Birdshot, doença de Kawasaki

Tabela 3

Doença de base por evolução clínica Evolução clínica

Aguda Crônica Recorrente Não fez Total Acompanhamento

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Síndrome de Reiter 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0

Sarcoidose 0 ,0 0 ,0 2 3,5 0 ,0 2 ,5

Toxoplamose 98 58,7 39 31,5 10 17,2 20 37,0 167 41,4

Tuberculose 0 ,0 6 4,8 6 10,3 0 ,0 12 3,0

Toxocaríase 2 1,2 2 1,6 1 1,7 2 3,7 7 1,7

Idiopáticas* 59 35,3 55 44,4 21 36,2 29 53,7 164 40,7

Outras** 2 1,2 7 5,6 3 5,2 0 ,0 12 3,0

Sífilis 1 ,6 3 2,4 0 ,0 1 1,9 5 1,2

Artrite reumatoide 1 ,6 0 ,0 3 5,2 0 ,0 4 1,0

Artrite idiopática juvenil 0 ,0 0 ,0 4 6,9 0 ,0 4 1,0

Doença de Behçet 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0

Espontilite anquilosante 2 1,2 2 1,6 5 8,6 0 ,0 9 2,2

Lúpus eritematoso sistêmico 0 0 1 8 0 0 0 0 1 3

Citomegalovírus 0 0 2 1,6 0 0 0 0 2 5

Herpes Simples 0 0 2 1,6 0 0 1 1,9 8 2,0

Sindrome de Vogt-

Koyanagi-Harada 0 0 4 3,2 3 5,2 1 1,9 8 2,0

Iridociclite

Heterocrômica de Fuchs 2 2,2 1 8 0 0 0 0 3 7

Total 167 100,00 124 100,00 58 100,00 54 100,00 403 100,00

Posição anatômica

Anterior Intermediária Posterior Panuveíte Total % Nº % N % N % Nº % Síndrome de Reiter 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 Sarcoidose 0 ,0 1 7,1 0 ,0 1 2,3 2 ,5 Toxoplamose 0 ,0 0 ,0 157 78,5 10 22,7 167 41,4 Tuberculose 4 2,8 1 7,1 4 2,0 3 6,8 12 3,0 Toxocaríase 0 ,0 0 ,0 6 3,0 1 2,3 7 1,7 Idiopáticas* 111 76,6 11 78,6 24 12,0 18 40,9 164 40,7 Outras** 6 4,1 1 7,1 4 2,0 1 2,3 12 ,0 Sífilis 2 1,4 0 ,0 3 1,5 0 ,0 5 1,2 Artrite reumatóide 4 2,8 0 ,0 0 ,0 0 ,0 4 0 Artrite idiopática juvenil 4 2,8 0 ,0 0 ,0 0 ,0 4 1,0 Doença de Behçet 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 Espontilite anquilosante 8 5,5 0 ,0 1 ,5 0 ,0 9 2,2 Lúpus eritematoso sistêmico 1 7 0 0 0 0 0 0 1 3 Herpes Simples 2 1,4 0 0 0 0 1 2,3 3 7 Citomegalovírus 0 0 0 0 1 5 1 2,3 2 5 Sindrome de

Vogt-Koyanagi-Harada 0 0 0 0 0 0 8 18 8 2,0 Iridociclite

Heterocrômica de Fuchs 3 0 ,0 2,1 0 0 ,0 ,0 0 0 Total 145 100,00 14 100,00 200 100,00 44 100,00 403 100,00

Tabela 2

Doença de base por classificação anatômica

Doença de Base

Fonte: Prontuários Eletrônicos do Hospital de Olhos Francisco VilarIdiopáticas*: uveítes idiopáticas com manifestações apenas ocularesOutras**: uveítes que apareceram apenas uma vez: Síndrome de Sjogren, psoríase, Síndrome de Posner Schlossman, Fibromialgia, Sindrome CINCA, Herpes Zóster, Oftalmia Simpática, Artrite Reativa, Coroidite Serpiginosa, Doença de Crohn, Coroidopatia de Birdshot, doença de Kawasaki

Doença de Base

Estudo da prevalência das uveítes em hospital oftalmológico terciário em Teresina, Piauí, Brasil

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Por último, segundo o aspecto clínico, em 258 prontuários (64,0%) observaram-se aspecto granulomatoso, dentre esses, 163 (63,2%) foram por toxoplasmose e 59 (22,9%) foram uveítes idiopáticas com manifestações apenas oculares. Em 100 prontuá-

rios (24,8%) observaram-se aspecto não-granulomatoso dentre os quais 70 (70%) estão relacionados à doenças reumatológicas.

Do total de prontuários, em 45 casos (11,2%) não foi possível classificação devido à dados insuficientes (Tabela 4).

Fonte: Prontuários Eletrônicos do Hospital de Olhos Francisco VilarIdiopáticas*: uveítes idiopáticas com manifestações apenas ocularesOutras**: uveítes que apareceram apenas uma vez: Síndrome de Sjogren, psoríase, Síndrome de Posner Schlossman, Fibromialgia, Sindrome CINCA, Herpes Zóster, Oftalmia Simpática, Artrite Reativa, Coroidite Serpiginosa, Doença de Crohn, Coroidopatia de Birdshot, doença de Kawasaki

D

ISCUSSÃO

O presente estudo, analisou a prevalência das uveítes nos pacientes atendidos em um hospital oftalmológico de referência de Teresina no Piauí, durante o período de seis anos. “Estudos epidemiológicos nas uveítes são importantes, visto que fatores demográficos tais como idade, sexo, raça, aspectos socioeconômicos, ocupação, hábitos de vida, origem geográfica, podem influenciar-nos mesmos. A literatura mundial relata gran- des variações geográficas na etiologia das uveítes”.6

Por se tratar de um estudo retrospectivo em que a exposi- ção e a doença são mensurados após os mesmos já terem ocorri- do, através do registro dos pacientes7, tivemos a perda de alguns doentes, isto, porém, não invalidou a nossa pesquisa pois, além de conseguirmos uma grande amostra, essa perda foi mínima e tive- mos a oportunidade de diagnosticar na nossa região a presença de várias doenças infecciosas, não-infeciosas e de distribuição sistêmica ou local. Não podemos deixar de destacar que a uveíte pode evoluir com diversas complicações que podem levar à ce- gueira limitando a população acometida. O estudo “Análise da qualidade de vida de portadores de uveítes de causas infecciosas e não infecciosas pelo questionário NEI-VFQ-25” realizado por Mello et al.8, destacou que grande parte dos pacientes que tem ou já tiveram uveíte apresentam alto índice de morbidade, seja pela

Tabela 4

Doença de Base por Aspecto Clínico. Teresina (PI), Janeiro 2006-Dezembro 2011

Aspecto clínico

Granulomatosa Não-granulomatosa Não Classificável Total

% % % %

Síndrome de Reiter 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0

Sarcoidose 2 ,8 0 ,0 0 ,0 2 ,5

Toxoplamose 163 63,1 0 ,0 4 8,9 167 41,4

Tuberculose 10 3,9 2 2,0 0 ,0 12 3,0

Toxocaríase 6 2,3 0 ,0 1 2,2 7 1,7

Idiopáticas* 55 22,9 70 70,0 35 77,8 164 40,7

Outras** 5 2,0 7 7,0 0 ,0 12 3,0

Sífilis 1 ,4 1 1,0 3 6,7 5 1,2

Artrite reumatoide 0 ,0 3 3,0 1 2,2 4 1,0

Artrite idiopática juvenil 0 ,0 4 4,0 0 ,0 4 1,0

Doença de Behçet 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0

Espontilite anquilosante 1 ,4 8 8,0 0 ,0 9 2,2

Lúpus eritematoso sistêmico 0 0 1 1,0 0 0 1 3

Citomegalovítus 1 4 1 1,0 0 0 2 5

Herpes Simples 1 4 1 1,0 1 2,2 3 7

Sindrome de Vogt-

Koyanagi-Harada 8 3,1 0 0 0 0 8 2,0

Iridociclite

Heterocrômica de Fuchs 1 4 2 2,0 0 0 3 7

Total 258 100,00 100 100,00 45 100,00 403 100,00

atividade das doenças, erros de refração ou catarata desencadea- dos pelas sequelas. Isso mostra a necessidade de um planejamen- to rigoroso para uma melhor abordagem dos pacientes com uveítes, levando-se em consideração não apenas aspectos terapêuticos bem como também aspectos sociais e econômicos.

Segundo Kanski9 , a idade do paciente, na época da apre- sentação da doença, e o sexo são fatores muito importantes, porque determinados tipos de uveítes ocorrem em uma faixa etária específica, enquanto outras podem acontecer em qual- quer idade, além de apresentarem-se em maior ou menor quan- tidade em determinado sexo ajudando a direcionar o diagnósti- co. De maneira geral, devido à grande variedade de doenças e devido às doenças mais frequentes acometerem ambos os gêne- ros, tanto o sexo feminino (50,6%) como o sexo masculino (49,4%) foram acometidos de maneira similar e embora todas as faixas etárias tenham sido acometidas, observamos, assim como na literatura 10, que as uveítes foram menos frequentes na infân- cia (0 a 12 anos), e responsáveis pela maior parcela dos casos nos adultos (19 a 60 anos). .

Podemos observar no gráfico 1, que a toxoplasmose foi a doença mais prevalente, com 41,4% dos casos de uveíte, sendo também a principal causa de uveíte posterior, conforme a tabela 2, corroborando com os dados da literatura que cita esta como a causa mais comum de retinocoroidite em pacientes imunocompetentes no mundo.5,6,9,11-14

Doença de Base

Teixeira LP, AbrahãoMM; DáliaERC, CamposLM, Nassaralla JuniorJJ, FonsecaVC

(12)

179

Logo em seguida, estão as uveítes idiopáticas apenas com manifestações oculares apresentando-se em uma grande par- cela dos casos, sendo estas, importantes fontes de uveítes ante- riores (76,6%). Já as uveítes associadas a doenças sistêmicas reumatológicas tiveram um total de 5% da amostra, sendo a espondilite anquilosante a mais diagnosticada com 9 casos. Na Europa esta doença mostrou-se a principal causa de uveíte anterior dentre estas uveítes diagnosticadas14 e segundo diver- sas outras fontes, a uveíte idiopática é a forma mais comum de inflamação no seguimento anterior, com cerca de metade dos pacientes apresentando apenas alterações oculares, cerca de 30% apresentando iridociclite com HLA-B27 positivo, e o res- tante associado à doenças sistêmicas como espondilite anquilosante ou artrite idiopática juvenil11,14-16. Na nossa amos- tra a pequena quantidade destas uveítes contrasta com a litera- tura mundial, isso pode ter ocorrido devido ao caráter, que na grande maioria das vezes, é auto-limitado e melhoram apenas com a instilação de colírios de corticosteroide, influenciando os pacientes a não realizarem consultas subsequentes com o devi- do acompanhamento e certificação diagnóstica.

O restante das uveítes discriminadas, dentre elas a tuber- culose, toxocaríase, sífilis, herpes simples, citomegalovírus são importantes causas de uveíte17,18, em que costuma-se ter sucesso no tratamento das mesmas quando diagnosticadas precocemente e tratadas adequadamente. Podemos observar, no entanto, que pela má adesão da terapêutica, algumas vezes, esses processos acabam se tornando crônicos e gerando danos irreversíveis. Na nossa amostra, embora tenhamos alguns pacientes SIDA positi- vos, não tivemos nenhum caso de pacientes com uveíte especifi- camente pelo vírus da SIDA, estas foram distribuídas entre in- fecções oportunistas como tuberculose, sífilis e herpes simples uma vez que pacientes imunocomprometidos progressiva e se- veramente aumentam a suscetibilidade a várias infecções virais, fúngicas e parasitárias.11

Pode-se observar ainda na tabela 4, que a maioria (64,0%) das uveítes tinha aspecto granulomatoso. Este fato sofreu in- fluencia da alta prevalência natural de doenças infecciosas, com predileção pela câmara posterior. As uveítes posteriores, geral- mente são classificadas como granulomatosas, pois este pro- cesso tem predileção pela úvea posterior, embora possam aco- meter qualquer porção do trato uveal.19

Segundo a evolução clínica, embora a uveíte aguda tenha sido mais prevalente 167(41,4%), 124 casos foram crônicas (30,8%), 58 casos foram recorrentes (14,4%) e em 54 casos (13,4%) não foi possível a classificação da evolução. Esses pa- cientes foram incluídos no estudo, pois fizeram o acompanha- mento em tempo suficiente para o diagnóstico (com exame clínico, e exames complementares gerais e/ou oftalmológicos) mas não para a classificação.

C

ONCLUSÃO

Esta pesquisa constatou uma prevalência de 3,2 casos de uveíte para cada 1.000 pacientes atendidos, mostrando-nos a frequência relativa das uveítes encontradas neste serviço, den- tre os quais a toxoplasmose foi a mais prevalente seguida das uveítes idiopáticas com manifestações apenas oculares. Inúme- ras outras causas infecciosas e não infecciosas com importante impacto social como a tuberculose, sífilis e espondilite anquilosante também foram identificadas.

Pudemos observar ainda que a maioria das uveítes teve uma tendência natural ao aspecto granulomatoso, com localização pos- terior. Essas classificações, no entanto, não são independentes e sofrem influencia da doença de base que desencadeou a uveíte.

R

EFERÊNCIAS

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Autor correspondente:

Leonardo Pinheiro Teixeira E-mail: leonardop_007@msn.com Estudo da prevalência das uveítes em hospital oftalmológico terciário em Teresina, Piauí, Brasil

(13)

180

APÊNDICE - Formulário de Coleta dos Dados

Formulário nº:_________________

01 – idade:

______________________________________________________________________

02 – Gênero:

( ) M ( ) F

03 – Procedência:

( ) Capital do PI ( ) Interior do PI ( ) outro Estado 04 – Doença de base:

( )Síndrome de Reiter ( )Artrite reumatóide

( )Artrite Reumatóide Juvenil ( )AIDS

( )Citomegalovírus ( )Doença de Behcet ( )Espondilite anquilosante

( )Iridociclite heretocrômica de Fuchs ( )Herpes Simples

( )Lupus Eritematoso Sistêmico ( )Sífilis

( )Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada ( )Sarcoidose

( )Toxoplasmose ( )Tuberculose ( )Toxocaríase ( )SDD ( )outras

05 – Classificação da uveíte, quanto a posição anatômica:

( ) anterior ( ) intermediária ( ) posterior ( ) difusa 06 – Classificação da uveíte, quando a evolução:

( ) aguda ( ) crônica ( ) recorrente ( ) Sem acompanhamento 07- Classificação da uveíte, quanto ao aspecto clínico:

( ) granulomatosa ( ) não-granulomatosa ( ) Não foi possível classificar

Teixeira LP, AbrahãoMM; DáliaERC, CamposLM, Nassaralla JuniorJJ, FonsecaVC

(14)

A

RTIGO

O

RIGINAL181

Prevalência de Tracoma em crianças em idade escolar no município de Turmalina, MG

R

ESUMO

O tracoma, tido equivocadamente como erradicado em nosso meio, encontra-se na lista de doenças negligenciadas. Trata-se da maior causa de cegueira evitável do mundo, sendo encontrado predominantemente nos países subdesenvolvidos. Diversos trabalhos têm demonstrado que esta doença atualmente se faz presente em todas as regiões do Brasil, o que evidencia que tanto o governo (nas esferas federal, estadual e municipal), quanto a academia devem continuar a considerar o tracoma entre as causas de cegueira em nosso meio. Neste trabalho, procurou-se levantar a prevalência de tracoma entre as crianças de sete a quinze anos matriculadas nas escolas da rede pública do município de Turmalina, MG. A pesquisa foi realizada neste município, situado no Vale do Jequitinhonha, considerando que existem nele regiões com populações em situação de alta vulnerabilidade social, portanto com características propícias para o surgimento da doença. Participaram da pesquisa seis médicos e onze enfermeiros com atuação na atenção primária, capacitados e padronizados para tal. Os profissionais de saúde realizaram o exame de 635 estudantes entre 7 a 15 anos nas escolas públicas de Turmalina, MG. Os estudantes com diagnóstico clínico de tracoma foram submetidos à raspagem de conjuntiva com swab e o material enviado para análise laboratorial. Todos os estudantes diagnosticados com tracoma foram tratados no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados coletados foram analisados com auxílio do software Statistical Package for Social Sciences, IBM Inc., USA – SPSS, versão 22.0. Entre os estudantes foi encontrada uma prevalência do tracoma de 4,7%, com predomínio nas áreas rurais.

Descritores: Tracoma; Prevalência; Estudantes; Cegueira

A

BSTRACT

Trachoma has been mistakenly assumed as having been eradicated, but is on the list of neglected diseases. It is the leading cause of preventable blindness in the world, being found predominantly in developing countries. Several studies have shown that this disease is currently present in all regions of Brazil, which shows that both the government (at the federal, state and municipal levels) and academia must continue to treat trachoma as one of the causes of blindness. In this study, we sought to identify the prevalence of trachoma among schoolchildren aged between seven and 15 years from public schools in the municipality of Turmalina, Minas Gerais state. The survey was conducted in this municipality, located in the Jequitinhonha Valley, a region that contains populations who live in situations of high social vulnerability, and thus display the characteristics that are conducive to the emergence of the disease. The participants were six doctors and 11 nurses working in primary healthcare, trained and standardized to do so. Health professionals examined 635 students aged 7-15 years in the public schools of Turmalina. Students with a clinical diagnosis of trachoma underwent conjunctiva scraping with a swab and the material was sent for laboratory analysis. All school children diagnosed with trachoma were treated at the Unified Health System (SUS). The collected data were analyzed using the Statistical Package for Social Sciences software, IBM Inc., USA - SPSS, version 22.0. Among the students, a 4.7% prevalence rate of trachoma was found, predominantly in rural areas.

Keywords: Trachoma; Prevalence; Students; Blindness

Evanildo José da Silva1, Layze Alves Vieira Oliveira1, Luciano Sólia Nasser2, Luciana Fernandes Amaro Leite1, Antônio Prates Caldeira2, Leida Calegário de Oliveira1

1Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, MG, Brasil.

2 Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, MG, Brasil.

Trachoma prevalence among schoolchildren in the municipality of Turmalina, Minas Gerais state

Recebido para publicação em 26/11/2015 - Aceito para publicação em 21/03/2016.

Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Referências

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