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Os determinantes da eleição para o legislativo cearense: um estudo a partir da votação dos candidatos a deputado estadual em 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA - MPE

ÉDIPO HENRIQUE PESSOA DE OLIVEIRA

OS DETERMINANTES DA ELEIÇÃO PARA O LEGISLATIVO CEARENSE: UM ESTUDO A PARTIR DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS A DEPUTADO

ESTADUAL EM 2010

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ÉDIPO HENRIQUE PESSOA DE OLIVEIRA

OS DETERMINANTES DA ELEIÇÃO PARA O LEGISLATIVO CEARENSE: UM ESTUDO A PARTIR DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS A DEPUTADO ESTADUAL

EM 2010

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Economia do Curso de Pós-Graduação em Economia - CAEN, da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia do Setor Público.

Orientador: Prof. Dr. Andrei Gomes Simonassi

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós Graduação em Economia - CAEN

O46d Oliveira, Édipo Henrique Pessoa de

Os determinantes da eleição para o legislativo cearense: um estudo a partir da votação dos candidatos a deputado estadual em 2010 / Édipo Henrique Pessoa de Oliveira. – 2014. 66 f. il. color., enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado profissional) – Programa de Pós Graduação em Economia, CAEN, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.

Orientação: Prof. Dr. Andrei Gomes Simonassi

1. Eleições 2. Gastos em campanha 3. Regressões quantílicas I. Título.

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ÉDIPO HENRIQUE PESSOA DE OLIVEIRA

OS DETERMINANTES DA ELEIÇÃO PARA O LEGISLATIVO CEARENSE: UM ESTUDO A PARTIR DA VOTAÇÃO DOS CANDIDATOS A DEPUTADO ESTADUAL

EM 2010

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Economia do Curso de Pós-Graduação em Economia - CAEN, da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia do Setor Público.

Aprovada em: 19/11/2014.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Dr. Andrei Gomes Simonassi (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Paulo de Melo Jorge Neto

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Aquino de Souza

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, pelo dom da vida e pela fé de cada dia.

Aos meus pais, João Batista de Oliveira e Ângela Maria Pessoa de Oliveira, aos quais sou eternamente grato por toda minha formação e apoio em minhas caminhadas.

Ao meu irmão João Batista de Oliveira Júnior, pelo seu espírito fraternal e disponibilidade.

Ao Prof. Dr. Andrei Gomes Simonassi pela atenção e valiosas contribuições na orientação prestada durante a realização desta pesquisa.

Aos professores membros da banca e aos demais docentes com os quais pude obter novos e relevantes conhecimentos.

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RESUMO

A presente pesquisa busca analisar os impactos de variáveis políticas e socioeconômicas sobre o sucesso eleitoral de um candidato ao legislativo, a partir de um estudo empírico com base na votação das eleições de 2010 para o cargo de Deputado Estadual no Estado do Ceará e segundo duas regiões: Região Metropolitana de Fortaleza e Interior do Estado. Para alcançar os objetivos propostos, são utilizados modelos de regressões múltiplas estimados por Mínimos Quadrados Ordinários e Regressões Quantílicas, com vistas a possibilitar uma maior caracterização da distribuição condicional das variáveis analisadas. Na prática, esta última técnica permite investigar potenciais diferenças no impacto das variáveis para elevados e baixos índices de votação. Dentre os resultados encontrados, se verifica a influência positiva das variáveis explicativas estatisticamente significantes inseridas nos modelos, em diferentes níveis de impacto de acordo com a região em análise, em especial as variáveis que tratam das despesas e receitas de campanha, da reeleição de candidatos e das ligações partidárias com o governo estadual e com as prefeituras municipais na época da campanha, suscitando assim uma reflexão sobre a necessidade de realização de uma reforma política e eleitoral no país visando proporcionar condições mais igualitárias aos pleitos.

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ABSTRACT

This research seeks to analyze the impacts of political and socioeconomic variables on the electoral success of a candidate to the legislature, from an empirical study based on the voting of the 2010 elections for the office of State Representative in the State of Ceará and in two regions: Fortaleza Metropolitan Region and Inner State. To achieve the proposed objectives, multiple regression models estimated by OLS and quantile regressions are used in order to enable greater characterization of the conditional distribution of the variables. In practice, this latter technique allows to investigate potential differences in the impact of the variables for high and low rates of voting. Among the findings, it appears the positive influence of statistically significant explanatory variables included in the models at different levels of impact according to the region in question, especially the variables dealing with expenses and campaign revenue, the re-election of candidates and of party connections with the state government and the municipal governments at the time of the campaign, inspiring a reflection on the need to carry out a political and electoral reform in the country aiming to provide more equal conditions for elections.

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LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Perfil dos candidatos ... 22

Tabela 2 - Estatísticas descritivas para as variáveis quantitativas ... 26

Tabela 3 - Votos por percentil ... 27

Tabela 4 - Resultados da estimação da Equação (1) para a votação no Estado do Ceará ... 61

Tabela 5 - Resultados da estimação da Equação (1) para a votação na Região Metropolitana de Fortaleza... 62

Tabela 6 - Resultados da estimação da Equação (1) para a votação no Interior do Estado do Ceará ... 63

Tabela 7 - Resultados da estimação da Equação (2) para a votação no Estado do Ceará ... 64

Tabela 8 - Resultados da estimação da Equação (2) para a votação na Região Metropolitana de Fortaleza... 65

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LISTA DE SIGLAS

CNBB Confederação Nacional dos Bispos do Brasil IDH Índice de Desenvolvimento Humano

MQO Mínimos Quadrados Generalizados MQO Mínimos Quadrados Ordinários RQ Regressões Quantílicas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA ... 16

3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ... 22

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 29

4.1 Base de dados ... 29

4.2 Técnicas econométricas ... 29

4.2.1 Mínimos Quadrados Ordinários ... 29

4.2.2 Regressões Quantílicas ... 31

4.3 Modelos econométricos ... 32

5 RESULTADOS ... 34

5.1 Variável binária (masc) relacionada ao sexo dos candidatos ... 34

5.2 Variável binária (reeleic) relacionada aos candidatos à reeleição ... 37

5.3 Variável binária (nivsup) relacionada ao grau de instrução dos candidatos ... 40

5.4 Variáveis políticas (nprefpart e coliggov)... 42

5.5 Variáveis econômicas (despcamp e receitcamp) ... 45

5.6 Variável (temptv) relacionada ao tempo de televisão dos candidatos ... 47

5.7 Variável binária (casado) relacionada ao estado civil dos candidatos ... 49

5.8 Síntese comparativa dos resultados por região ... 51

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 53

REFERÊNCIAS ... 58

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1 INTRODUÇÃO

As variáveis determinantes dos resultados nos pleitos eleitorais são aspectos relevantes para candidatos a cargos eletivos e foco de diversas pesquisas por parte das coordenações e dos comitês de campanhas, visando à elaboração de estratégias eleitorais eficazes que culminem no sucesso (eleição) dos seus candidatos.

A democracia brasileira, relativamente jovem com 26 anos de existência, já vivenciou diversos escândalos de corrupção, abuso de poder econômico e uso da máquina administrativa em favor de grupos políticos específicos em épocas de campanha eleitoral. Esses fatores sinalizam traços de fragilidade na democracia do país e demonstram a necessidade de mudanças no sistema político brasileiro a fim de proporcionar disputas mais igualitárias e que os fatores que determinem a escolha dos candidatos sejam primordialmente suas ideias e planos de governos.

A escolha dos representantes do povo através do processo eleitoral no Brasil é realizada a cada dois anos, em anos pares, no primeiro domingo de outubro, por meio do voto direto, secreto e obrigatório. De acordo com a Constituição Federal, em seu artigo 14, o voto é facultativo para os analfabetos, aos maiores de 70 anos e para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos, sendo obrigatório para os cidadãos entre 18 e 70 anos. É necessário justificar a ausência em qualquer seção eleitoral, no dia da eleição, sob pena de multa.

O processo eleitoral brasileiro é organizado pela Justiça Eleitoral, sendo composta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com sede em Brasília, pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), sendo um em cada Estado, Território ou Distrito, pelos Juízes Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais. Todos estes órgãos têm seu funcionamento organizado pela Lei nº 4.737 de 15 de julho de 1965, que instituiu o Código Eleitoral Brasileiro.

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votados no primeiro turno da eleição, considerando-se eleito aquele que conseguir a maioria dos votos válidos.

Para os demais cargos do Poder Legislativo (Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores), a disputa é realizada em turno único por meio do sistema proporcional que permite a representação de diversas ideologias partidárias, mas que, ao mesmo tempo, estimula a competição partidária interna e possibilita que candidatos com maior capacidade econômica obtenham vantagem em relação aos concorrentes de menor poderio econômico de mesmo partido na disputa pelas vagas nas Casas Legislativas.

O sistema de representação proporcional (lista aberta) começou a ser adotado no Brasil em 1945. Nesse sistema, a concorrência entre os integrantes de cada partido por uma melhor colocação na lista partidária leva os candidatos a buscarem diferenciais para a conquista dos votos do eleitorado (SAMUELS, 1999).

Muito se comenta a respeito da reforma política necessária para proporcionar maior isonomia nos processos eleitorais no Brasil, bandeira levantada principalmente por partidos de menor representatividade considerados os mais prejudicados pelo atual sistema eleitoral brasileiro. Alguns dos principais pontos discutidos nas propostas de reforma são a garantia da divisão equitativa do tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita, o fim das coligações para eleições proporcionais e o financiamento das campanhas eleitorais com recursos exclusivamente públicos.

Um aspecto que chama a atenção em relação aos processos eleitorais no Brasil atualmente é a dimensão da importância do financiamento e dos gastos de campanha na disputa eleitoral, na medida em que de forma bem antecipada se iniciam diversas articulações em busca de suporte financeiro para atender a demanda de dispêndios envolvidos no processo de viabilização da eleição dos candidatos. Dessa forma, os gastos e o financiamento de campanhas eleitorais são temas frequentemente debatidos em democracias modernas (SPECK, 2003).

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centralizados em determinados candidatos com maior potencial de sucesso nos pleitos, o que pode favorecer esquemas de corrupção na medida em que os candidatos vencedores tendem a retribuir os favores dos seus apoiadores ou "investidores".

Partindo-se do pressuposto de que os recursos financeiros tendem a proporcionar maiores chances de sucesso nos processos eleitorais, diversos fatores relevantes podem ser analisados para identificar outras variáveis que possam influenciar no desempenho dos candidatos a Deputado Estadual nas urnas.

Nesse contexto, a pesquisa tem como objetivo geral verificar o impacto de variáveis políticas e socioeconômicas envolvidas no processo eleitoral sobre a quantidade de votos obtidos pelos candidatos ao cargo de Deputado Estadual nas eleições de 2010 no Estado do Ceará. A partir da problematização e da definição do objetivo geral foram traçados os seguintes objetivos específicos para o desenvolvimento da pesquisa: estimar modelos econômicos utilizando técnicas de Econometria Clássica que busquem explicar o impacto das variáveis independentes nos resultados das votações; e verificar a existência de diferenças regionais no impacto das variáveis independentes na Região Metropolitana de Fortaleza e no Interior do Estado do Ceará.

Os fatores que determinam os resultados de uma eleição podem mudar substancialmente dependendo da região, das condições políticas e socioeconômicas, bem como das propostas apresentadas pelos candidatos que pleiteiam ocupar cargos políticos. Dessa forma, a análise em diferentes regiões buscará captar possíveis diferenças de comportamento das variáveis disponíveis nas regiões em análise nos resultados das eleições de 2010 para Deputado Estadual no Estado do Ceará para a 28ª legislatura correspondente ao período 2011-2014.

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Com base nos seus objetivos, a presente pesquisa se classifica como do tipo explicativa. Seu caráter explicativo se dá, pois, segundo Gil (2002, p. 42) “tem como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos".

Quanto ao tipo de delineamento adotado, a pesquisa é classificada como do tipo bibliográfica e ex-post facto, ou seja, a partir de fatos passados, que consiste essencialmente em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis capazes de influenciá-lo e verificar a existência de relações entre as variáveis analisadas.

Na presente pesquisa empírica, são adotadas técnicas econometrias de Econometria Clássica a partir da estimação de regressões múltiplas utilizando o método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) com eventual correção de heterocedasticidade por Mínimos Quadrados Generalizados (MQG). Como estes métodos se baseiam na média da distribuição condicional da variável dependente e, portanto, consideram que as dispersões em torno da média não são informações relevantes, essa limitação acaba por prejudicar análises relevantes, e portanto, serão utilizadas também modelagens por regressões quantílicas (RQ) visando proporcionar uma análise mais completa da distribuição condicional da variável dependente.

Dentre alguns dos achados da presente pesquisa, os resultados apontam influências positivas das variáveis políticas e socioeconômicas estatisticamente significantes inseridas nos modelos, em diferentes níveis de impacto de acordo com a região analisada, com destaque para as variáveis relacionadas às despesas e receitas de campanha, à reeleição de candidatos e às ligações partidárias com o Governo do Estado e as Prefeituras municipais. Demais variáveis como sexo, estado civil, grau de escolaridade e tempo de televisão apresentaram impactos positivos na obtenção de votos durante os pleitos, porém em menores escalas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo serão abordados os principais estudos realizados relacionados sobre a temática tratada neste trabalho, buscando apresentar as metodologias utilizadas pelos autores e os principais resultados encontrados.

O campo da ciência econômica que analisa a interação entre as instituições políticas e econômicas é a Economia Política. De acordo com Acemoglu (2008), a Economia Política corresponde a investigação estruturada da tomada de decisão coletiva em processos eleitorais.

Diversos trabalhos defendem a tese de que as receitas e despesas de campanha contribuem para condições cada vez menos isonômicas dos candidatos nas disputas eleitorais. Por outro lado, há os que sustentam a importância destes instrumentos como uma forma de evolução da democracia, na medida em que possibilitam a intervenção social a partir da contribuição financeira para os partidos e candidatos que se encarregarão de representar a sociedade no exercício de seus mandatos eletivos.

Em uma análise para verificar o efeito dos gastos de campanha nas eleições para Senador nos Estados Unidos, Gerber (1998) estimou um modelo com conjunto de variáveis socioeconômicas (bens, faixa etária dos eleitores, gastos realizados pelo partido nas eleições passadas) por meio do método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) em dois estágios, a partir da tese de que os gastos de campanha têm relação proporcional ao nível de competitividade dos candidatos. Como resultados da pesquisa, foi verificado que os gastos dos candidatos incumbentes tem um efeito marginal menor quando comparados com os dos candidatos desafiantes.

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campanha se baseia nas características dos candidatos, e, portanto, elas possuem grande impacto na determinação do montante de doações que irão financiar os gastos de campanha.

Dentre os estudos correlatos ao tema realizados no âmbito das eleições brasileiras, a pesquisa de Filho (2005) investigou a relação entre gastos de campanha e quantidade de votos nas eleições para o cargo de Deputado Federal em 2002. Foram utilizadas regressões lineares bivariadas, estimando-se o valor da variável dependente (votos) a partir dos valores da variável explicativa (receita), além de regressões logísticas entre a receita e a variável

dummy eleito. Os resultados da pesquisa ratificam a hipótese do senso comum de que recursos

financeiros representam uma variável essencial na definição de quem ganha e quem perde as eleições.

Dessa forma, os gastos de campanha possuem correlação positiva e significante com o número de votos obtidos. Porém, o autor ressalta que correlação é diferente de causa e efeito e nem sempre o candidato que investir mais recursos em sua campanha vencerá as eleições, pois existem outras variáveis culturais e institucionais que interferem no resultado eleitoral, cabendo aos candidatos analisar a alocação ótima de recursos nas campanhas eleitorais.

A partir de uma análise realizada sobre as eleições brasileiras, Samuels (2006) verificou que o partidarismo não exerce influencia no voto para a grande maioria do eleitorado brasileiro. Através da utilização de um modelo de regressão binária do tipo logit, a pesquisa apontou que variáveis como renda, educação e crença religiosa não impactam no que diz respeito a defesa das ideias de determinado partido político por parte do eleitorado, tendo em vista que isso está ligado à obtenção de informações políticas. Dessa forma, o partidarismo significa uma informação racional, e não uma mera irracionalidade momentânea realçada dos processos eleitorais.

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e para Senadores, a medida em que os gastos dos candidatos à Câmara Federal apresentam efeitos negativos mais rapidamente e valores mais robustos que os encontrados para os candidatos ao Senado.

Em um contexto semelhante à análise realizada por Gerber nas eleições americanas em 1998, Menezes (2010) buscou identificar evidências empíricas que justifiquem decisões políticas sobre à regulação dos financiamentos de campanhas eleitorais e se a utilização desses recursos financeiros oferece os mesmos retornos nas urnas para candidatos incumbentes e desafiantes nas eleições para o cargo de Senador no ano de 2006 no Brasil.

O impacto dos gastos foi estimado a partir de uma abordagem de maximização da utilidade do eleitor utilizando modelos de escolha discreta (modelo logit com erros robustos a

cluster e um modelo logit condicional, com variações nos dados e nas variáveis utilizadas).

Os resultados demonstraram que os gastos são de fato importantes na determinação do sucesso dos candidatos e que os gastos dos incumbentes são menos eficientes, o que reforça a tese da literatura atual existente.

Sanfelice (2010) investigou variáveis que afetam a votação de deputados federais candidatos a reeleição na Câmara Federal, com foco na relação entre provisão de emendas e desempenho eleitoral no período de 1994 a 2006, sendo verificadas também as eleições municipais intermediárias para aferição do impacto das emendas nas disputas eleitorais. Para o alcance dos resultados foi utilizado um modelo econométrico com dados em painel contendo matrizes com variáveis explicativas referentes ao mandato exercido pelo parlamentar, tal como emendas executadas e mudança de partido no período; características pessoais do deputado que variam ao longo das eleições, por exemplo, idade e número de legislaturas anteriores; variáveis relacionadas à histórica política e características do candidato que se mantém constantes ao longo do tempo.

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Backes e Santos (2012) analisaram a relação entre volume de gastos e possibilidade de sucesso dos candidatos a partir da evolução das despesas de campanha declaradas pelos candidatos aos cargos de Deputado Federal entre os anos de 2002 e 2010. A partir de análise descritiva dos dados, foi constatado que o crescimento dos gastos de campanha tem sido exponencial (triplicaram de 2002 para 2010, ultrapassando a evolução inflacionária, considerando a variação de 76% da inflação no período). O estudo constatou que os gastos dos eleitos para o cargo de Deputado Federal são em média 12 vezes maiores que os dos candidatos que não obtiveram sucesso.

Silva (2013) analisou a variação do custo do voto nas grandes regiões, nos estados e mesorregiões e nas microrregiões do Nordeste do Brasil para os cargos de Deputado Federal e Estadual nas eleições de 2010 e se características socioeconômicas afetam essas variações. A partir de testes não paramétricos (Kruskal-Wallis e Mann-Whitney) e da utilização de um modelo logarítmico-linear, a pesquisa constatou que as eleições brasileiras não devem ser avaliadas considerando o Brasil como um todo, pois as médias dos custos por voto são estatisticamente diferentes entre as grandes regiões e entre os estados. O estudo apontou ainda que os votos no Nordeste são mais caros em mesorregiões e microrregiões mais pobres, isto é, quanto maior a desigualdade socioeconômica da região, maior tende a ser o valor que o candidato deve gastar para conquistar seus votos.

A questão da influência dos recursos financeiros nas eleições incita ainda debates em torno da ampliação dos programas do tipo cash transfers (transferência de renda) durante os dois mandatos presidenciais de 2002 e 2006, com destaque para o programa Bolsa Família, e o desempenho eleitoral do partido da atual presidente nas últimas três eleições presidenciais instigaram diversas discussões acadêmicas recentes sobre o tema.

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Essa constatação advém da identificação da correlação entre indicadores sociais e a votação do candidato, pois em 2002 uma melhor situação social do município refletia em resultados mais expressivos nas urnas. Já em 2006, em municípios com baixos índices de indicadores sociais, a votação do candidato eleito era mais expressiva, o que sinaliza uma maior dependência econômica desses municípios perante o governo e a consequente influencia positiva do programa Bolsa Família como determinante dos resultados eleitorais.

Nesse sentido, Pereira, Shikida e Nakabashi (2011) realizaram uma análise introdutória das variáveis que afetaram o desempenho da candidata eleita à Presidência da República Federativa do Brasil em 2010. Utilizando diagramas de dispersão e análise empírica de correlação entre o percentual de votos obtidos pelo presidente eleito em 2006 e o

vote share da candidata eleita em 2010 nos municípios, verificou-se que programas de

transferência de renda, notadamente o Programa Bolsa Família, foram fundamentais para a continuidade do partido da candidata no poder, tendo em vista o seu expressivo desempenho em municípios com baixos níveis de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e de escolaridade, fatores que expressam uma maior dependência da população perante ao Estado.

Peixoto e Rennó (2011) analisaram os determinantes do voto no primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais de 2010 para a candidata eleita, utilizando diversos indicadores políticos, econômicos e sociais, como o estado da economia na época, a avaliação do governo, percepções sobre corrupção e o efeito da mobilidade social sobre o voto. Modelos logísticos binários multinomiais foram utilizados para verificar a consistência das relações entre as variáveis. O estudo tem como principais constatações a influencia positiva nas urnas relacionada à percepção de mobilidade social ascendente por parte do eleitor e os índices de avaliação do governo acima da média na época do pleito, além da ausência de efeito significante da variável percepção sobre corrupção.

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3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

Esta seção objetiva apresentar um breve perfil dos candidatos, bem como as variáveis a serem utilizadas nos modelos econometricos aplicados com fins de atender os objetivos propostos da presente pesquisa.

A amostra do presente estudo é composta por um universo de 440 observações (número de candidatos aptos à disputa das eleições para o cargo de Deputado Estadual em 2010 no Estado do Ceará). A tabela 1 a seguir apresenta um breve perfil dos candidatos a partir de dados oficiais obtidos no sítio do Tribunal Superior Eleitoral:

Tabela 1 – Perfil dos candidatos

Sexo Casado Nível Superior Candidato à

Reeleição

Coligação do Governador Masc. Fem. Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não

312 70,9%

128 29,1%

257 58,4%

183 41,6%

206 46,8%

234 53,2%

35 7,9%

405 92,1%

114 25,9%

326 74,1% Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE

A partir dos dados acima, constata-se que no pleito para o cargo de Deputado Estadual em 2010 no Ceará, a maioria dos candidatos que concorreram às eleições pertencia ao sexo masculino. Do total de participantes, a maior parte era de indivíduos casados e pouco mais da metade não possuíam nível superior completo. Dos 440 candidatos, 35 tentaram a reeleição (considerando as 46 vagas disponíveis, 76% dos deputados eleitos em 2006 se candidataram novamente em 2010). Quanto ao número de candidatos pertencentes à coligação do atual Governador (e candidato a reeleição na época), apenas 25% deles eram filiados a um dos 07 (sete) partidos que compuseram à coligação do candidato ao Governo do Estado em 2010.

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candidatos no Interior do Estado (votosint). O Gráfico 1 a seguir ilustra a proporção de votos nas regiões em análise:

Gráfico 1 – Distribuição dos votos por região do Estado do Ceará

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE

A partir dos dados coletados, foram definidas as seguintes variáveis explicativas a serem utilizadas na pesquisa conforme a seguir:

 Sexo (masc): variável dummy que assume valor 1 para candidatos do sexo masculino e valor 0 para candidatos do sexo feminino. Historicamente, conforme Pinto (2001), a participação feminina na política sempre foi reduzida. Em 1997, a Lei nº 9.504 (conhecida como "Lei de Cotas") instituiu que cada partido ou coligação deve preencher o percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo visando proporcionar maior isonomia entre os candidatos a cargos eletivos. Contudo, Nicolau (2006) afirma que esta determinação não tem sido seguida pelos partidos políticos. Dessa forma, é natural que candidatos do sexo masculino obtenham resultados mais expressivos nas urnas.

 Estado Civil (casado): variável dummy que assume valor 1 para candidatos casados e valor 0 caso contrário (solteiro (a), divorciado (a), separado (a); viúvo (a)). Esta variável pode indicar um maior grau de maturidade do candidato e consequentemente um maior

58,79%

41,21%

Votos por região

Interior (2.262.802)

Região Metropolitana de Fortaleza (1.586.238)

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número de pessoas (parentes) envolvidas na campanha, sendo razoável a expectativa de que candidatos casados possam obter uma maior quantidade de votos que os demais.  Nível de escolaridade (nivsup): variável dummy que assume valor 1 para candidatos

com nível superior completo e valor 0 caso contrário (superior incompleto; médio completo; médio incompleto; fundamental completo; fundamental incompleto; lê e escreve). Pressupõe-se que candidatos com maior grau de instrução sejam mais capacitados para desempenhar suas funções políticas de fiscalizar e legislar a partir do controle e da elaboração de políticas públicas efetivas para o desenvolvimento socioeconômico do Estado.

 Reeleição (reeleic): variável dummy que assume valor 1 para candidatos a reeleição (ocupavam o cargo de Deputado Estadual na época do pleito) e valor 0 caso contrário. Parte-se do pressuposto que os atuais ocupantes de cargos políticos, por sua ampla visibilidade e maior nível de experiência política, tendem a obter melhores resultados nos processos eleitorais. Conforme Sanfelice (2010), um dos fatores que afeta o desempenho do político em uma eleição está relacionado ao seu comportamento e sua história enquanto no poder. Por outro lado, a frequente ausência de melhorias significativas na qualidade de vida da população e as recentes ondas de manifestações sociais que clamam por mudanças, podem acabar influenciando a decisão dos eleitores levando-os a dar chance para novos representantes.

 Coligação do Governador (coliggov): a variável assume valor 1 caso o candidato pertença à coligação do Governador em exercício na época e valor 0 caso contrário. A coligação na época do pleito foi composta por sete partidos (PSB, PMDB, PT, PDT, PCdoB, PRB e PSC).

 Quantidade de Prefeitos do partido do candidato no Estado (nprefpart). Tanto a variável

coligov como a variável nprefpart pressupõem vantagens aos candidatos que fazem

parte do partido ou da coligação dos chefes dos executivos Estadual e Municipais. De acordo com Marques (2008), o uso da máquina político-administrativa pelos atuais detentores dos cargos do Executivo tende a favorecer candidaturas coligadas.

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destina aos partidos um terço do tempo de forma igualitária e dois terços proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos políticos que a integram.

 Receita de campanha (receitcamp): a variável reflete a capacidade dos candidatos de obter recursos financeiros de pessoas físicas e jurídicas para o financiamento das campanhas. Dessa forma, é esperado que maiores volumes de recursos arrecadados reflitam positivamente na quantidade de votos obtidos.

 Despesa de campanha (despcamp): a variável indica os gastos de campanha declarados por cada candidato durante o processo eleitoral. De acordo Backes e Santos (2012), candidatos que não gastam muito têm suas chances de serem eleitos reduzidas, o que faz com que a competitividade esteja diretamente ligada ao volume de recursos investidos nas campanhas.

As duas últimas variáveis explicativas constituem exigências da legislação eleitoral vigente às candidaturas, conforme o disposto no artigo 28 § 4º da lei nº 9.504/1997:

Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial de computadores (Internet) nos dias 6 de agosto e 6 de setembro, relatório discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral, e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados somente na prestação de contas final de que tratam os incisos III e IV do art. 29 desta lei. (BRASIL, 1997)

É importante considerar a possibilidade da existência de inconsistências relacionados à veracidade dos valores declarados nas variáveis receitcamp e despcamp, em virtude de eventuais problemas de "caixa 2" caracterizados pela não contabilização receitas e despesas na prestação de contas final.

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Quadro 1 - Resumo das Variáveis Dependentes

Variável Descrição

votostot Total de votos dos candidatos no Estado do Ceará

votosrmf Total de votos dos candidatos na Região Metropolitana de Fortaleza

votosint Total de votos dos candidatos no Interior do Estado do Ceará

Fonte: Elaborado pelo autor

Quadro 2 - Resumo das Variáveis Explicativas

Variável Descrição

masc Dummy para candidato do sexo Masculino e Feminino

casado Dummy para candidato(a) Casado(a) e Não Casado(a)

nivsup Dummy para candidato(a) com grau de escolaridade de nível superior

reeleic Dummy para candidato(a) à reeleição

coliggov Dummy para candidato aliado à coligação do Governador

nprefpart Quantidade de Prefeitos do partido do candidato no Estado do Ceará

temptv Tempo de televisão do candidato durante o horário eleitoral gratuito

receitcamp Volume de recursos arrecadados para a campanha declarados pelo candidato

despcamp Volume de recursos despendidos para a campanha declarados pelo candidato

Fonte: Elaborado pelo autor

A tabela 2 a seguir apresenta um panorama estatístico geral da amostra utilizada na pesquisa composta por 440 observações:

Tabela 2 – Estatísticas Descritivas para as Variáveis Quantitativas

Variável Máximo Mínimo Média Desvio Padrão

votostot 131.171 0 8747,82 18.001,28

votosrmf 45.112 0 3605,09 7.820,41

votosint 118.896 0 5142,73 13.442,38

nprefpart 54 0 7,14 12,70

temptv 11,50 0,32 2,25 1,66

receitcamp R$ 1.157.103,42 0 R$ 49.114,69 132.955,29

despcamp R$ 881.629,01 0 R$ 47.827,80 124.467,89

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE

(29)

A tabela 3 abaixo contém as quantidades máximas de votos por região e por percentil a ser analisado por regressões quantílicas nas sessões seguintes:

Tabela 3 - Votos por percentil

Variável 5% 25% 50% 75% 95%

votostot 10,95 190,25 544 5778,5 50.533,05

votosrmf 5 96,25 362 2358,5 21.333,2

votosint 2 19 109,5 1626 34.809,8

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE

Conforme dados da tabela 3, verifica-se que dentre os candidatos ao cargo de Deputado Estadual em 2010 considerando a votação em todo o Estado do Ceará, os 5% menos votados obtiveram no máximo cerca de 10,95 votos válidos. Já os 95% menos votados em todo o Estado obtiveram no máximo 50.533 votos válidos.

O gráfico 2 a seguir ilustra a correlação entre a quantidade de votos recebidas pelos candidatos e o montante de despesas de campanha declaradas na prestação de contas final junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

Gráfico 2 – Correlação entre quantidade de votos e despesas de campanha

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral - TSE 0

100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000 900000 1000000

0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000

D

e

sp

e

sa

d

e

c

a

m

p

a

n

h

a

,

e

m

R

$

Votos obtidos

(30)

Na escala horizontal do gráfico 2, os candidatos estão dispostos de acordo com os votos obtidos nas eleições de 2010 para Deputado Estadual. Já na escala vertical, a disposição se dá de acordo com o volume de recursos despendidos na campanha eleitoral. A correlação dos dados é acompanhada de uma linha de tendência crescente e conforme valor do coeficiente de relação linear (r = 0,837166851) verifica-se correlação forte positiva (0,8 ≤ r < 1) entre os dados, o que a princípio pode reforçar a tese da influência positiva dos gastos de campanha na quantidade de votos obtidos pelos candidatos. Contudo, correlação não significa causalidade, ao passo que relações entre dados desta natureza podem apresentar-se como sendo exponenciais, considerando que a partir de um dado nível de gastos, os retornos para a votação podem cessar, principalmente pela própria natureza finita do número de votos (eleitores).

(31)

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção far-se-á a apresentação da metodologia adotada neste trabalho, sendo descrita a base de dados e referenciadas as teorias e técnicas econométricas utilizadas para a obtenção dos resultados.

4.1 Base de dados

Os dados utilizados na pesquisa são originários do sítio do Tribunal Superior Eleitoral, sendo compostos por estatísticas referentes à quantidade de votos e informações socioeconômicas dos candidatos que disputaram as eleições para Deputado Estadual no Ceará realizadas em 2010 para a 28ª legislatura correspondente ao período 2011-2014.

A amostra é composta por um universo de 440 observações (número total de candidatos aptos à disputa das eleições para o cargo de Deputado Estadual em 2010 no Estado do Ceará).

A base de dados inclui, como variável dependente, a quantidade de votos recebidos por cada candidato em todo o Estado. No intuito de verificar a existência de diferenças regionais no impacto das variáveis envolvidas no processo eleitoral, os resultados das votações serão analisados também separadamente em outros dois grupos: votação na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e votação no interior do Estado.

4.2 Técnicas econométricas

4.2.1 Mínimos Quadrados Ordinários

Para a consecução dos objetivos da pesquisa torna-se imprescindível a aplicação de técnicas econométricas pelas quais serão obtidos os resultados a serem analisados a partir da proposição de três modelos de regressão múltipla.

O modelo clássico de regressão linear é exemplificado conforme a seguir:

i i

i X u

(32)

onde: Y representa a variável dependente,

0 e

1 os parâmetros (intercepto e coeficiente angular) até então não identificados, X a variável independente ou explicativa e u o distúrbio ou erro estocástico que se refere a outras prováveis causas ou variáveis omitidas no modelo, mas que conjuntamente afetam a variável dependente. A função pode se tornar mais complexa a partir da inclusão de novas variáveis independentes (Xn), resultando em um modelo de

regressão múltipla, conforme a seguir:

i

i X X X u

Y 01 12 23 3

Conforme Gujarati (2006), dentre os métodos de estimação de regressões existentes, o método dos mínimos quadrados ordinários (MQO) é técnica econométrica mais utilizada para a análise de regressões devido a sua fácil aplicabilidade e interpretação dos resultados em termos matemáticos, na medida em que minimiza os erros quadrados de estimação entre os valores observados e os valores preditos, ou seja, minimiza os resíduos da regressão.

Uma das premissas do modelo de regressão linear clássico é a de que os termos de erro ui de uma função de regressão devem ser homocedásticos, ou seja, devem ter todos a

mesma variância. O contrário deste fenômeno é a heterocedasticidade, que de acordo com Pyndick & Rubinfeld (2004) impõe uma ponderação implícita em que os quadrados dos resíduos da região mais volátil recebem pesos maiores que àqueles na região menos volátil.

A identificação de heterocedasticidade torna-se de grande relevância para a análise estatística qualitativa do modelo, podendo ser realizada através de procedimentos estatísticos, notadamente os testes Breusch-Pagan-Godfrey (BPG) e o teste de White, sendo este último o que possui menos problemas, pois nele, o pressuposto da normalidade não é exigido como no BPG.

(33)

concluindo-se que há preconcluindo-sença de heterocedasticidade, e neste caso, a variância dos erros não é constante ao longo do tempo.

Com efeito, Maddala (2003) afirma que na presença da heterocedasticidade, "o estimador MQO permanece não tendencioso, consistente e assintoticamente normal, porém o estimador MQO torna-se ineficiente, ou seja, não tem variância mínima". De acordo com Gujarati (2006), o procedimento que transforma as variáveis originais de modo que as novas resultantes atendam as premissas do modelo clássico, para posteriormente realizar a aplicação dos mínimos quadrados ordinários (MQO) é conhecido como método dos mínimos quadrados generalizados (MQG).

4.2.2 Regressões Quantílicas

Ao utilizar o método de MQO para estimar o impacto das variáveis explicativas na variável dependente de um modelo, assume-se que a dispersão que gira em torno da distribuição condicional da variável exógena não seja relevante e isso pode se apresentar como inadequado em determinadas pesquisas. Conforme Koenker e Bassett (1978), caso a variável exógena influencie os parâmetros de uma distribuição condicional da variável dependente diferente da média, uma análise que ignora essa possibilidade será considerada deficiente.

Diferentemente de MQO, os modelos de Regressões Quantílicas (RQ) possibilitam uma maior caracterização da distribuição condicional da variável dependente. Considerando a importância de todos os dados de uma distribuição na influência da variável dependente, a análise realizada por quantis se apresenta como uma metodologia mais indicada para a investigação detalhada da distribuição condicional da variável a ser explicada.

(34)

Em RQ a estimação dos parâmetros do modelo proposto é realizada por quantis da variável dependente. O modelo de regressão quantílica pode ser escrito como:

� = ����+ �� com � � � �|�� = ����

� define o quantil de " ", de forma que a �-ésima regressão quantílica ( < � < é definida como a solução para o problema:

�∈��{∑�:�� �| |+ ∑�:�� < − � | |}

Esta função objetivo é a soma ponderada dos desvios absolutos. A equação anterior é normalmente escrita como:

�∈��∑ �

De tal modo que:

�� � =�� � � ≥ ou �� � = � − � � <

A principal vantagem desse método é a sua flexibilidade em modelar dados com distribuição condicional heterogênea, quando a taxa de mudança condicional no quantil, expressa pelos coeficientes de regressão, depende do quantil. Fazendo-se � = /2, tem-se a mediana, � = /4, o primeiro quartil e assim por diante.

4.3 Modelos econométricos

Para o alcance dos objetivos definidos na pesquisa são propostos dois modelos de regressão múltipla por MQO, sob os quais incidiram também a metodologia por regressões quantílicas a partir das variáveis coletadas que compõe a base de dados da pesquisa, sendo a variável dependente votaçãoijdefinida em três regiões conforme a seguir:

i j i j i j i j i j i j i j i coliggov

(35)

onde votaçãoij, representa a votação do candidato i, na região j, sendo j = Estado do Ceará; Região Metropolitana de Fortaleza (RMF); e Interior do Estado.

As estimações são realizadas em dois modelos distintos visando verificar sua robustez e a consistência das variáveis explicativas em relação aos seus impactos nos montantes de votos obtidos pelos candidatos. As demais variáveis explicativas que compõem os modelos são as descritas anteriormente na seção 3. Cada modelo possui um termo de erro associado (

i e

i) que indica que a relação explicativa proposta pelo modelo não pode ser

representada de maneira perfeita, ou seja, ainda que fossem conhecidos os valores dos coeficientes, não seria possível identificar o valor exato da variável dependente, dada a existência de diversos outros fatores subjetivos ou desconhecidos associados à determinação da quantidade de votos obtidas pelos candidatos.

(36)

5 RESULTADOS

Os dados desta seção mostram os resultados das estimações obtidas pela aplicação das técnicas de Econometria Clássica (MQO) e modelagens por regressões quantílicas descritas na seção anterior a partir das informações constantes na base de dados coletada para a realização desta pesquisa. Para buscar explicar os modelos, foram consideradas variáveis políticas e socioeconômicas, conforme hipóteses e descrições apresentadas na seção 3.

As tabelas 4 a 9 constantes em anexo apresentam os resultados das estimações das equações (1) e (2) apresentadas na seção anterior ao longo dos cinco percentis analisados, bem como os resultados obtidos para MQO para as variáveis dependentes relacionadas à votação total obtida pelos candidatos em todo o Estado do Ceará (votostot), na Região Metropolitana de Fortaleza (votosrmf) e no Interior do Estado (votosint). Os valores constantes nas tabelas representam os coeficientes estimados das variáveis explicativas utilizadas nesta análise com os respectivos p-valores entre parênteses.

Os gráficos 3 a 15 apresentados a seguir ilustram os resultados (coeficientes) das estimações de cada variável nos dois modelos em análise para as três regiões supracitadas. Apenas os coeficientes que foram considerados estatisticamente significantes a 5% ou a 10% têm seus valores contidos em suas respectivas colunas.

5.1 Variável binária (masc) relacionada ao sexo dos candidatos

Conforme os resultados constantes nas tabelas 4, 5 e 6 em anexo para a equação (1), a partir da análise dos coeficientes de cada um dos cinco percentis, a medida que a quantidade de votos recebidos aumenta os coeficientes da variável “masc” também aumentam acentuadamente nas 3 regiões analisadas, não sendo estatisticamente significante apenas no primeiro percentil (5%) no caso da votação em todo o Estado do Ceará, e nos dois primeiros percentis (5% e 25%) tanto na RMF quanto no Interior do Estado.

(37)

masculino são significativamente maiores que na RMF, conforme ilustrado no gráfico 3 a seguir:

Gráfico 3 – Coeficientes relacionados ao sexo dos candidatos, por percentis de votação, para a equação (1)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

A variável binária (masc) relacionada ao sexo dos candidatos apresentou coeficientes positivos na análise das três regiões na equação (1). Os resultados por MQO a nível de votação em todo o Estado apontam que candidatos homens obtêm, em média, 2.488 votos a mais que candidatas do sexo oposto. No Interior do Estado candidatos do sexo masculino recebem, em média, 1.718 votos a mais, enquanto que na RMF a diferença para as candidatas femininas é reduzida para 770 votos.

Na análise do percentil 95%, que agrega candidatos com votações mais expressivas, verifica-se que candidatos do sexo masculino na RMF recebem, em média, 2.673 votos a mais que candidatas mulheres, ao passo que no Interior essa diferença cai para cerca de 1.380 votos.

Analisando o comportamento da mesma variável na equação (2), as tabelas 7, 8 e 9 em anexo apresentam resultados que se comportam de forma semelhante à verificada na

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

5% 25% 50% 75% 95% MQO

183 359

850

3.579

2.488

223

501

2.673

770

34 124

1.380

1.718

(38)

equação anterior tanto em relação à significância das variáveis quanto ao sinal dos coeficientes, com impactos maiores na votação da RMF para indivíduos do sexo masculino quando comparado com o Interior nos três últimos percentis analisados. Assim como na equação (1), nas estimativas por MQO, os impactos da variável apresentaram-se maiores no Interior do que na RMF, porém essa diferença é reduzida quando comparada à diferença apresentada na equação anterior, conforme se verifica no gráfico 4 a seguir:

Gráfico 4 – Coeficientes relacionados ao sexo dos candidatos, por percentis de votação, para a equação (2)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

Os resultados apresentados nas estimações das duas equações condizem com o histórico da reduzida participação feminina na política brasileira. Durante séculos da história do Brasil, as mulheres não tiveram direito à participação na política, tendo em vista que a elas eram negados os principais direitos políticos como, a possibilidade de votar e de se candidatar. Apenas em 1932, durante o mandato presidencial de Getúlio Vargas, as mulheres conquistaram o direito do voto, assim como puderam se candidatar a cargos políticos.

Na literatura atualmente há poucas evidências da existência de diferenciação de gênero nos resultados dos processos eleitorais. A pesquisa de Rekkas (2008) indica que para um mesmo padrão de gastos, homens candidatos à reeleição tem vantagem sobre mulheres nesta mesma situação, porém a desvantagem se reduz a medida que os gastos aumentam. Já as

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

5% 25% 50% 75% 95% MQO

215 323

731

3.747

2.289

250

515

3.644

915

41 131

374

1.375

(39)

mulheres que não são candidatas à reeleição têm vantagem sobre homens do mesmo grupo quando considerado um alto padrão de gastos para ambos, sendo essa vantagem também uma função crescente dos gastos. Os resultados foram obtidos estimando um modelo MQO instrumentalizado para gastos com dois termos de interação para a realização de Testes de Wald: gastos X gênero e incumbente X gênero.

De acordo com Vaz (2008), a quase ausência de representação feminina se reproduz no Legislativo de diferentes países da América Latina, Caribe, Estados Unidos e da África. A representação feminina ainda é muito desigual, mas essa situação tende a mudar a medida que o aumento da participação feminina na política brasileira vem sendo uma causa defendida e incentivada pela Justiça Eleitoral. Em março de 2014, o TSE lançou, com o apoio do Congresso Nacional, a campanha “Mulher na Política” que teve como principal objetivo sensibilizar os partidos para a importância da valorização da questão da igualdade de gênero, prevista na legislação eleitoral pela Lei de Cotas de 1997, que determina a reserva de vagas de no mínimo 30% e no máximo 70% para cada gênero no que se refere às candidaturas.

5.2 Variável binária (reeleic) relacionada aos candidatos à reeleição

De acordo com os resultados apontados nas tabelas 4, 5 e 6 em anexo para a equação (1) sobre a variável "reeleic", é possível verificar que a variável se apresentou significante e com sinais positivos nas três regiões em análise, com exceção dos dois primeiros percentis da votação na RMF.

(40)

Dessa forma, os resultados obtidos por RQ denotam impactos mais precisos nos resultados das urnas quando comparados com os resultados obtidos por MQO, tendo em vista que o impacto da variável “reeleic” para os candidatos pertencentes ao percentil 50% é de cerca de 21.514 votos e de algo em torno de 25.865 votos para os pertencentes ao percentil 75%, ou seja, maiores que o impacto do resultado por MQO que aponta que um candidato a reeleição obtém, em média, 18.546 votos a mais que os desafiantes, considerando a votação em todo o Estado conforme dados da tabela 4 em anexo, evidenciando que, de maneira geral, os candidatos incumbentes tendem a obter votações mais expressivas que seus concorrentes.

Ao se comparar o impacto da candidatura a reeleição nos votos obtidos na RMF e no Interior na análise por MQO, verifica-se que a influência desta característica é superior no Interior do Estado, considerando que, em média, são obtidos 13.124 votos a mais que os desafiantes, ao passo que na RMF, em média, se obtém 5.423 votos a mais que os candidatos que não disputam uma reeleição conforme é possível verificar no gráfico 5 a baixo:

Gráfico 5 – Coeficientes relacionados à candidatura à reeleição, por percentis de votação, para a equação (1)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

No modelo 2, os resultados apresentam-se semelhantes aos do modelo 1 para a votação em todo o Estado conforme gráfico 6 a seguir. Já na RMF, dos cinco percentis

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000

5% 25% 50% 75% 95% MQO

7628

15881

21514

25865

17947 18546

2176

11584

17782

5423 5128

8138

18737

16397

11279

13124

(41)

estimados apenas os dois últimos apresentaram-se estatisticamente significantes. No interior do Estado, todos os coeficientes dos cinco percentis se apresentaram estatisticamente significantes, sendo que o impacto da candidatura a reeleição foi significativamente maior na mediana, reduzindo nos percentis seguintes e no resultado por MQO.

Gráfico 6 – Coeficientes relacionados a candidatura à reeleição, por percentis de votação, para a equação (2)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

Dentre as variáveis políticas do modelo, verifica-se que a variável (reeleic) apresentou-se significante e com sinais positivos na maioria das estimações para as três regiões em análise, o que reforça a hipótese de que candidatos à reeleição (incumbentes), pelo próprio exercício do mandato parlamentar, bem como pela ampla visibilidade na mídia com cada vez mais casas legislativas equipadas com meios de comunicação de amplo alcance como rádio e televisão, e ainda, maior grau de experiência política para construção e articulação de alianças, tendem a obter melhores resultados nos processos eleitorais quando comparados aos candidatos considerados desafiantes.

Outra característica que chama a atenção é o fato do impacto da candidatura a reeleição nos votos obtidos ser relativamente maior no Interior do Estado em comparação aos votos obtidos na RMF. Esta constatação, em analogia aos resultados obtidos por Sanfelice (2010), pode ainda ter relação com a influência das emendas parlamentares às leis

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000

5% 25% 50% 75% 95% MQO

10387

21820 23167

25871

19598

21734

11530

16340

5587 5033

9509

21506

18313

12722

16146

(42)

orçamentárias anuais, tendo em vista que a grande maioria delas são direcionadas às regiões do Interior do Estado, locais onde estão concentradas as grandes bases eleitorais dos candidatos.

5.3 Variável binária (nivsup) relacionada ao grau de instrução dos candidatos

Ao analisar os resultados por RQ constantes nas tabelas 4, 5 e 6 em anexo, verifica-se que no modelo 1 nenhum dos resultados obtidos para os cinco percentis analisados apresentou-se estatisticamente significantes para as 3 regiões em análise.

Já na análise por MQO verifica-se que os coeficientes apresentam-se positivos para as três regiões em análise, porém estatisticamente significantes apenas na votação em todo o Estado e na RMF. Pelos resultados na votação geral em todo o Estado, constata-se que candidatos com nível superior obtém, em media, cerca de 1.621 votos a mais que candidatos com escolaridade inferior conforme gráfico 7 a seguir. Verifica-se ainda pelo coeficiente da variável que o impacto do diploma de nível superior dos candidatos é maior na captação de votos na RMF do que no Interior do Estado, região na qual essa variável demonstrou-se estatisticamente insignificante.

Gráfico 7 – Coeficientes relacionados ao nível de escolaridade dos candidatos, por percentis de votação, para a equação (1)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

5% 25% 50% 75% 95% MQO

1.621 1.178

(43)

Os resultados da variável “nivsup” para o modelo 2 seguem o mesmo padrão

apresentado no modelo anterior conforme observado no gráfico 8 abaixo, não sendo os seus coeficientes estatisticamente significantes nos cinco percentis das três regiões, bem como por MQO na votação para o Interior do Estado.

Gráfico 8 – Coeficientes relacionados ao nível de escolaridade dos candidatos, por percentis de votação, para a equação (2)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

A significância e o sinal positivo dos coeficientes da variável que representa candidatos com nível superior demonstram a importância da qualificação profissional dos candidatos para a formação de sua imagem perante os eleitores e consequente captação de votos no processo eleitoral, considerando que muitos se apresentam nos programas eleitorais pela titulação que possuem, pressupondo-se que candidatos com um maior nível de conhecimento técnico em determinadas áreas e capacidade de expor ideias e projetos sociais nas campanhas eleitorais obtenham melhores resultados nas urnas por aparentarem maior credibilidade para população, além do apoio obtido pelas suas respectivas classes profissionais que anseiam por melhorias nas condições de trabalhos de suas categorias.

Ainda que uma formação superior se apresente como fator que contribua para a eleição dos candidatos, ocorrem determinados casos em que o voto é dado como forma de

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

5% 25% 50% 75% 95% MQO

1.444 1.189

(44)

protesto ao se promover a eleição de candidatos considerados, a princípio, tecnicamente desqualificados com baixo nível de escolaridade e sem histórico de participação em movimentos sociais, como o caso humorista Francisco Everardo Oliveira Silva (Tiririca) em 2010, eleito para o cargo de Deputado Federal em São Paulo, sendo a segunda maior votação da história para deputado no Brasil.

5.4 Variáveis políticas (nprefpart e coliggov)

As variáveis políticas “nprefpart” e “coliggov”do modelo 1 não apresentaram significância estatística individual em nenhum dos cinco percentis do modelo de regressões quantílicas nas 3 regiões analisadas conforme tabelas 4, 5 e 6 em anexo.

Já na análise por MQO, ambas as variáveis apresentaram coeficientes com sinais positivos e significância estatística a 10% para a votação em todo o Estado. Na votação do Interior do Estado apenas a variável "nprefpart" apresentou significância estatística a 5%, sendo que na RMF nenhuma das variáveis foi considerada estatisticamente significante.

(45)

Gráfico 9 – Coeficientes relacionados ao número de prefeituras do partido dos candidatos, por percentis de votação, para a equação (1)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

Já os candidatos filiados a partidos da coligação do Governador obtém, em média, cerca de 2.121 votos a mais que candidatos não integrantes da coligação do atual Chefe do Executivo Estadual, considerando a votação em todo o Estado conforme gráfico 10 a seguir. Gráfico 10 – Coeficientes relacionados à candidaturas ligadas à coligação do Governador, por percentis de votação, para a equação (1)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

-60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140

5% 25% 50% 75% 95% MQO

78 126

Estado RMF Interior

-2500 -2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000 1500 2000 2500

5% 25% 50% 75% 95% MQO

2.121

(46)

No modelo 2, a variável “coliggov” apresentou-se estatisticamente significante a 10% apenas no percentil 75% quando considerada a votação em todo o Estado do Ceará. Em todos os demais percentis das 3 regiões, os coeficientes não apresentaram significância estatística a 5% e a 10%.

Na análise por MQO, o gráfico 11 a seguir indica que os candidatos da coligação do Governador obtém, em média, cerca de 2.715 votos a mais que candidatos de outras coligações, considerando a votação em todo o Estado. Já na votação da RMF, esse impacto é de, em média, 1.684 votos. Os resultados para o Interior do Estado não apresentaram significância estatística.

Gráfico 11 – Coeficientes relacionados à candidaturas ligadas à coligação do Governador, por percentis de votação, para a equação (2)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

Os coeficientes das variáveis consideradas significantes apresentaram sinais positivos, o que condiz com a hipótese de retornos positivos nas urnas para candidatos que possuem apoio da máquina pública nos Executivos Municipais e Estadual. É válido ressaltar que o uso da máquina administrativa pelas prefeituras ou governos estaduais para apoiar padrinhos políticos a exemplo da promoção de festividades populares, propagandas

-1000 -500 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

5% 25% 50% 75% 95% MQO

506

2.715

1.684

(47)

institucionais vinculatórias, transferências voluntárias de recursos e programas assistenciais podem ser caracterizados como improbidade administrativas e abuso de poder político pela legislação eleitoral, cabendo ao Ministério Público Eleitoral fiscalizar o eventual uso da máquina pública por parte dos chefes dos Poderes Executivos em prol das candidaturas de seus correligionários candidatos aos cargos de deputado Estadual e Federal.

5.5 Variáveis econômicas (despcamp e receitcamp)

Quanto a variável econômica “despcamp”, no modelo 1 verifica-se que a medida que a quantidade de votos recebidos aumenta, os impactos nas votações advindos dos gastos de campanha também aumentam nas 3 regiões, sendo mais acentuado no percentil 95% em comparação aos resultados obtidos por MQO. Os resultados obtidos para os cinco percentis se distanciam sensivelmente da média, e portanto, tendem a indicar impactos mais precisos das despesas de campanha sobre os resultados nas urnas quando comparados com as estimações obtidas por MQO conforme gráfico 12 a seguir:

Gráfico 12 – Coeficientes relacionados às despesas de campanha dos candidatos, por percentis de votação, para a equação (1)

Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE

Nota: Apenas os coeficientes estatisticamente significantes tiveram seus valores reportados e constam em cores

de acordo com sua respectiva região.

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

5% 25% 50% 75% 95% MQO

0,05

0,07

0,11

0,14

0,22

0,09

0,007

0,04

0,06

0,16

0,03 0,03

0,06

0,10

0,19

0,06

(48)

A variável econômica "despcamp" inserida no modelo que trata das despesas de campanha apresentou-se significante nas três regiões em análise. Considerando os resultados obtidos por MQO para a votação em todo o Estado, a cada R$1,00 despendido na campanha, em média, são obtidos 0,09 votos pelo candidato. Na comparação entre as duas regiões do Estado, no Interior os impactos são maiores em todos os percentis e nos resultados por MQO tendo em vista que a cada R$1,00 gasto na campanha, em média, são obtidos 0,06 votos pelo candidato, enquanto que na RMF, os candidatos obtêm retornos inferiores, sendo, em média, 0,03 votos a cada real investido conforme dados das tabelas 4, 5 e 6 em anexo.

Os sinais positivos dos coeficientes dessa variável apontados pelas estimações reforçam a hipótese da influência positiva e direta do poder econômico nos resultados das urnas nos processos eleitorais, fato este que é alvo de diversas discussões no âmbito das reformas política e eleitoral, em especial no tocante as propostas de financiamentos de campanha exclusivamente públicos, a exemplo do Projeto de Lei nº 268 de 2011 em tramitação no Senado Federal que visa proporcionar condições mais igualitárias aos candidatos nos pleitos eleitorais, além de buscar a redução dos gastos das campanhas eleitorais e consequentemente minimizar a possibilidade da utilização de recursos não contabilizados oriundos dos chamados “Caixa 2”.

Imagem

Tabela 1  –  Perfil dos candidatos
Gráfico 1  –  Distribuição dos votos por região do Estado do Ceará
Tabela 2 – Estatísticas Descritivas para as Variáveis Quantitativas
Gráfico 2  –  Correlação entre quantidade de votos e despesas de campanha
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