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26 de Novembro de 2002

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Academic year: 2021

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O boletim deste mês foi produzido pela FEWS NETem colaboração com os seus parceiros, incluíndo O Departamento do Aviso Prévio (DAP) e o Sistema de Informação sobre Mercados e Agricultura (SIMA) do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento

Rural (MADER), O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), e o Programa Mundial da Aimentação (PMA).

O Famine Early Warning System Network (FEWS NET) é financiado pela USAID e gerido pela Chemonics International, Inc.

FEWS NET Moçambique • Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural • Direcção Nacional da Agricultura C.P. Box 1406 • Maputo, Moçambique

Telefone: (258-1) 460588/494488 • Facsimile: (258-1) 460588/499791 • E-Mail: mind@fews.net

A A c c t t u u a a l l i i z z a a ç ç ã ã o o d d a a S S e e g g u u r r a a n n ç ç a a A A li l im me e n n t t ar a r e em m M Mo ç a a mb m bi iq qu ue e

Famine Early Warning

Systems Network 26 de Novembro de 2002

Realces

• Durante os últimos dez dias de Outubro e os primeiros dez dias de Novembro, precipitação acima do normal no centro e sul de Moçambique marcou o início da estação chuvosa.

• Toda a região sul (excepto a Província de Maputo) e uma grande parte da região centro, registaram uma precipitação significativa acima do normal, enquanto que a maior parte da região norte, onde a estaçãp normalmente se inicia em Dezembro, foi observada precipitação abaixo do normal.

• Uma depressão tropical fraca “Atang” produziu chuva moderada na Província de Cabo Delgado, Tendo atingido a costa perto da fronteira entre Moçambique e Tanzânia em 12 de Novembro de 2002. Os distritos afectados foram Ibo, Palma, Mocímboa da Praia, Mueda e Macomia no norte de Cabo Delgado.

• “Boura,” o terceiro ciclone tropical da presente época ciclónica, dissipou-se no Oceano Índico antes de atingir Moçambqiue.

• O Sistema de Aviso Prévio contra Ciclones recém adoptado entrou em vigor em 1 de Novembro de 2002. Este sistema, que foi desenvolvido pelo INAM e INGC em colaboração com a FEWS NET MIND, é composto por um sistema de categorização baseado na intensidade do ciclone e de um sistema de alerta através de cores, e foi utilizado pela primeira vez para o ciclone Atang.

• O Grupo Nacional de Análise de Vulnerabilidade em Moçambique está a liderar a Segunda volta das avaliações da Segurança Alimentar e Nutrição em Novembro e Dezembro de 2002.

Os objectivos desta avaliação são de avaliar a presente situação da segurança alimentar através da monitoria da análise nutricional e segurança alimentar.

• A insegurança alimentar nas áreas urbanas é susceptível de aumentar devido aos seguintes factores: (a) rápida urbanização, (b) falta de acesso á terra e êxodo rural, especialmente para Maputo (c) preços altos dos produtos básicos, (d) alteração de preços e da disponibilidade de produtos principais consumidos pelos pobres, (e) dinâmica regional tal como o impacto das mudanças na África Austral em relação á segurança alimentar urbana e (f) outros factores incluíndo HIV/SIDA, desemprego e declínio das remessas.

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Chuvas acima do normal marcam o início da estação chuvosa nas regiões sul e centro de Moçambique

Durante os últimos dez dias de Outubro e os primeiros dez dias de Novembro, chuvas acima do normal nas regiões centro e sul de Moçambique marcaram o início da estação chuvosa. A figura 1(a) mostra a distribuição da precipitação estimada através de satélite durante os primeiros dez dias de Novembro de 2002.

Exceptuando a Província de Maputo no sul, toda a região sul e uma grande parte da região central registaram precipitação significativa, especialmente nas zonas costeiras da Província de Gaza centro de Inhambane e quase toda a Província de Manica. A figura 1(b) mostra a precipitação acumulada para os últimos dez dias de Outubro (Out3) e os primeiros dez dias de Novembro (Nov1). Esta imagem ilustra a grande quantidade de chuva que caíu na região durante este período nas regiões centro e norte.

Os dados das estações terrenas do INAM mostram uma boa correspondência com as imagens de satélite (comparar a Figura 1 (a) á Figura 2). Os dados observados mostram que na maioria das regiões central e sul, a precipitação excedeu os valores normais enquanto que na região norte a precipitação observada foi abaixo do normal. Contudo, é importante notar que a estação das chuvas normalmente começa na região norte em Dezembro, por conseguinte os valores de precipitação abaixo do normal não são necessáriamente causa de preocupação.

Uma sequência de frentes frias activas e tempo tempestuoso localizado devido ao intenso aquecimento foram as causas meteorológicas de chuvas nas regiões sul e centro.

Estas chuvas não causaram nenhuma ameaça séria de cheias nas áreas afectadas devido ao baixo nível do caudal dos rios, boa capacidade de infiltração em resultado da seca prolongada e á grande capacidade de armazenamento nas albufeiras.

Adicionalmente, enquanto que as cheias em Moçambique são

muitas vezes provocadas pelas águas dos rios a montante provenientes dos países vizinhos, as chuvas noutras partes da região austral de África não foram suficientes para causar o receio de cheias.

RFE:

Nov1 2002

RFE:

Out3 + Nov1 2002

(a) (b)

Fonte: USGS Figura 1

(3)

3 A partir de 11 de Novembro de 2002, a depressão tropical fraca “Atang” influenciou o padrão normal do tempo na região norte, especialmente na Província de Cabo Delgado onde ocorreram chuvas moderadas. Conforme já foi afirmado em relatórios anteriores, a precipitação efectiva nessas regiões é apenas esperada no princípio de Dezembro.

A tão esperada chuva nas regiões afectadas pela seca na região sul, traz esperança aos agricultores que já começaram a semear. De acordo com a observação climática da SARCOF, para o período Outubro–Dezembro de 2002, Moçambique terá uma precipitação entre normal a acima do normal.

Actividade Moderada marca o início da época ciclónica de 2002/2003

A época ciclónica de 2002/2003 na bacia sudoeste do Oceano Índico teve início oficialmente em 1 de Novembro de 2002. Durante os primeiros vinte dias da nova estação, formaram-se três depressões tropicais, duas das quais atingiram o estado de maturidade de ciclone tropical. “Atang”, o primeiro ciclone da época com nome, atingiu a costa Moçambicana, e o “Boura” o segundo ciclone da época com nome dissipou-se no Oceano Índico.

Ciclone Tropical “Atang” atinge a costa Moçambicana

Uma perturbação tropical formada em 4 de Novembro de 2002 desenvolveu-se em depressão tropical. Em 6 de Novembro de 2002, esta depressão tropical foi oficialmente designada

“Atang” pelo Centro de Aviso Prévio Contra Ciclones Tropicais de La Réunion; nessa altura, estava na fase de enfraquecimento á medida que se deslocava para sudoeste á velocidade de 9 Km/hr. Em 10 de Novembro de 2002 intensificou- se ao entrar nas águas quentes do Canal de Moçambique, mas no dia seguinte enfraqueceu de novo. Foi nesta sua fase fraca que atingiu a costa junto a fronteira entre Moçambique e a Tanzânia na tarde do dia 12 de Novembro de 2002. De acordo com o Instituto Nacional de Metereologia (INAM), as rajadas de vento observadas nas áreas afectadas atingiam os 70 Km/h. Uma precipitação moderada ocorreu nalguns locais da Província de Cabo Delgado. Os districtos afectados foram Ibo, Palma, Mocímboa da Praia, Mueda e Macomia. Com excepção das chuvas fora de época nestes distritos, não foram registados quaisquer danos causados por este temporal. A figura acima (Figura 3) mostra a trajectória pouco usual do ciclone “Atang”.

Histórica e estatísticamente, o norte de Cabo Delgado não é propenso a ciclones.

Novo SistemaTropical de Aviso Prévio Contra Ciclones agora em vigor

O recém adoptado Sistema de Aviso Prévio Contra Ciclones entrou em vigor em 1 de Novembro de 2002. Este sistema, que foi desenvolvido pelo INAM e pelo INGC em colaboração com a FEWS NET MIND, é essencialmente composto por um sistema de categorização baseado na intensidade do ciclone e num sistema de alerta através de cores.

As categorias de severidade dos ciclones variam de 1 para tempestade tropical moderada a 5 para ciclones tropicais severos. (Quando atingiu a costa, “Atang” tinha uma categoria inferior a 1). Esta escala de severidade é consistente com o plano operacional para o Sudoeste do Oceano Índico da Organização Meteorológica Mundial e, com a prática de outros países da região. O risco de danos nas propriedades e nas culturas, erosão costeira e riscos de vida aumenta de baixo a moderado para a categoria 1 para extremo num ciclone de categoria 4. Um ciclone de categoria 5 é raro e é pouco provável que alguma vez tenha atingido Moçambique.

Os alertas a cores incluídos nas mensagens de Alerta ou de Vigilância fornecem ás comunidades, indicações do tempo disponível para se prepararem para o início de ventos fortes como se segue:

Fonte: http://www.tropicalweather.com/sin.htm Figura 3

(4)

4 Azul Ciclone tropical poderá afectar a área dentro de 24 a 48 horas. Ventos fortes não são ainda uma ameaça mas as comunidades devem começar a tomar precauções. As precauções recomendadas incluem: A verificação da segurança dos objectos que podem ser levados pelo vento – por exemplo os telhados, cercados, andaimes, vasos de plantas, antenas, mobiliário de jardim. As fábricas devem começar a efectuar os procedimentos de encerramento. Alguns navios devem deixar o porto. Verificar as ancoragens dos barcos de pesca.

Amarelot Um ciclone tropical está muito próximo e é muito provável que afecte as comunidades dentro de 24 horas. Aqui, as comunidades são aconselhadas a agir rápidamente. Deve verificar a segurança das portas e janelas, e se as casas forem potencialmente pouco seguras, devem procurar abrigos mais seguros. Devem armazenar água e comida. Fechar escolas – mandar as crianças para casa. Devem abandonar rápidamente os terrenos baixos inundáveis e procurar refúgio seguro. As fábricas poderão ter que fechar. Deve-se pôr os navios e barcos de pesca em segurança. Escutar os avisos de actualização.

Vermelhot Ventos fortes estão eminentes (dentro de 6 horas) ou poderão estar a ocorrer. Nesta fase crítica, as comunidades são aconselhadas a tomar medidas de segurança finais antes do início dos ventos. Garantir que as portas e janelas estejam seguras. Quando os ventos se iniciarem, as comunidades devem permanecer dentro de casa. As estradas e pontes poderão fechar. A rádio irá difundir mensagens de alerta permanentes.

Actualização da Avaliação da Segurança Alimentar em Curso

O Comité Regional de Avaliação de Vulnerabilidade SADC FANR (VAC) está a apoiar uma série de seguimentos ás Avaliações de Segurança Alimentar de Emergência em seis países mais afectados pela seca e quebras na produção. Em Moçambique, o Grupo de Análise da Vulnerabilidade está a conduzir a Segunda volta das avaliações de Segurança Alimentar e Nutricional em Novembro e Dezembro de 2002. Os objectivos desta avaliação são fundamentalmente para: (1) analisar e avaliar o estado de segurança alimentar da população; (2) actualizar os pressupostos da avaliação de Agosto, e (3) fornecer informação detalhada para ajustar a resposta actual de emergência ao nível nacional e sub- nacional.

Esta avaliação tem duas componentes: (1) saúde, nutrição, água e saneamento e avaliação do HIV, lideradas pelo Ministério da Saúde com o apoio do UNICEF e com a participação do INE (Instituto Nacional de Estatística), e (2) actualização da segurança alimentar liderada pelo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural e o INGC (Instituto Nacional de Gestão de Calamidades) com o apoio do PMA, FEWS NET e com a participação da FAO. Os resultados de ambas as componentes serão publicados nos meados de Dezembro.

A cobertura geográfica é baseada nos resultados do Comité Nacional de Avaliação da Vulnerabilidade e nos critérios utilizados para seleccionar os distritos como se segue:

Componente Nutricional

Distritos com mais de 10% da população tida como prioritária na recepção de ajuda alimentar na avaliação de Julho/Agosto e a prevalência do HIV/SIDA de mais de 10%. As respectivas províncias e distritos são:

Maputo: Magude, Marracuene, Matutuine

Gaza: Chicualacuala, Chigubo, Mabalane, Massangena e Massingir Inhambane: Funhalouro, Mabote, Govuro, Inhassoro e Panda Sofala: Chibababva, Machanga, Maringue e Muanza

Manica: Guro, Machaze, Macossa e Tambara

Tete: C. Bassa, Changara, Chiuta, Magoe, Moatize e Mutarara Componente da Segurança Alimentar

Outros distritos com insegurança alimentar identificados na avaliação de Julho/Agosto, os quais não serão cobertos pela componente de Nutrição são os seguintes:

Maputo: Magude e Moamba

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5 Gaza: Chibuto, Guija e Mandlakazi

Inhambane: Homoine, Massinga, Inharrime e Vilanculos Sofala: Chemba

Manica: Tambara Tete: Mágoe e Zumbo

Zambezia: Inhassunge, Maganja da Costa, Mopeia, Namacurra.

Preços dos Alimentos e Vulnerabilidade Urbana: Seis motivos de Preocupação Várias análises recentes indicam que a insegurança alimentar nas áreas urbanas poderá aumentar, devido ás mudanças estruturais a longo prazo (urbanização e HIV/SIDA, por exemplo) e a factores transitórios (preços altos dos alimentos e o desaparecimento dos produtos chave consumidos pelos pobres urbanos.) A FEWS NET coordenará com vários parceiros que trabalham nos aspectos da vulnerabilidade urbana nos próximos meses incluíndo o Ministério da Saúde, SIMA, o Instituto Nacional de Estatística, o Programa Mundial da Alimentação e ONGs, para monitorar este tópico com mais detalhes.

Uma das razões do aumento da preocupação sobre as áreas urbanas é o aumento dos preços dos produtos básicos nos mercados dos centros urbanos. Estes preços altos dos produtos básicos têm sido realçados nos relatórios mensais transactos. Conforme indicado nos gráficos abaixo, os preços do milho a retalho continuam a ser mais altos do que o normal para esta época do ano. O Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA) relata que as quantidades de milho disponível nas principais zonas fornecedoras estão a diminuir, portanto espera-se que os preços de mercado continuem a subir entre agora e a próxima colheita que começa em Fevereiro/Março.

Estes preços altos devem criar fortes incentivos para os produtores rurais para expandirem as áreas cultivadas na próxima época, mas os impactos negativos a curto-prazo podem estar a aumentar para as famílias rurais, as quais compram alimentos nesta altura do ano quando as suas reservas estão esgotadas. A manutenção dos altos preços dos alimentos básicos pode ter um impacto especialmente severo sobre as famílias urbanas pobres, as quais têm que comprar a maior parte dos seus alimentos ao longo do ano. Outros factores podem contribuir para este impacto

nas famílias urbanas pobres. A começar por este relatório, a FEWS NET iniciará uma análise mais aprofundada sobre a vulnerabilidade urbana.

Seis factores que contribuem para a preocupação sobre a vulnerabilidade urbana foram identificados com base nas análises recentes de várias organizações:

#1 Urbanização.

A população urbana em Moçambique está a expandir-se rápidamente, de 4% em 1960 para 13% em 1980 para uma estimativa de 29% no censo de 1997. As projecções demográficas estimam que 1 em cada 3 Moçambicanos viverão em áreas urbanas até 2010. A taxa global de pobreza urbana (60.2%) é mais baixa do que a pobreza rural (71.2%) segundo o Levantamento sobre Agregados Familiares de 1996-97. Contudo, estes números agregados poderao esconder a profundidade da pobreza urbana e mascarar que as famílias urbanas são muito mais dependentes das compras dos seus alimentos no mercado do que as famílias rurais. A vulnerabilidade em áreas urbanas está estreitamente ligada aos

Preç os saz ona is de m ilho e m M aputo

0 1 000 2 000 3 000 4 000 5 000 6 000 7 000

Jul Ago Set Out No v D ez Ja n Fev M ar Abr Ma i Jun

MT/kg

2001/02 2002/03 M éd ('98-'00)

Figura 4 - Dados do SIMA

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6 preços dos alimentos no mercado – os quais têm sido altos e a aumentar vertiginosamente conforme notado acima.

#2 Falta de acesso á terra e fracas ligações rurais, especialmente em Maputo.

Mais de 1.5 milhões de pessoas, ou perto de um terço da população urbana, vive em Maputo e na vizinha Matola. Devido ás pressões da população, uma pequena porção dos pobres de Maputo têm acesso á terra para cultivarem os seus alimentos. Na maioria doutras cidades e vilas de Moçambique, muitas famílias têm acesso á terra nas suas redondezas para cultivarem alguns dos seus alimentos.

Mesmo as famílias que não cultivam os seus próprios alimentos, aquela que têm ligações fortes com as áreas rurais tendem a terem níveis mais baixos de pobreza, de acordo com o Relatório de Vulnerabilidade urbana de 2001 produzido pela Universidade Eduardo Mondlane para o programa Mundial da Alimentação. Estas ligações com as áreas rurais nos arredores de Maputo podem estar constrangidas, devido aos altos custos de transporte e a baixa produção provocada pela seca nas provícias do sul. Isto pode reduzir o acesso dos pobres do Maputo á produção dos amigos e parentes que vivem nas zonas rurais.

#3 Altos Preços de Produtos Básicos

O preço nominal do milho em grão nos mercados urbanos de Maputo tem sido significativamente alto em comparação com os anos recentes, conforme indicado na Figura 4. Os preços actuais são aproximadamente tão altos como os preços máximos atingidos em Fevereiro de 2002, quando o milho foi vendido por 6.473 meticais o quilo. Se os preços seguirem a tendência sazonal normal, espera-se que continuem a subir até Fevereiro, quando o primeiros produtos da nova época se tornam disponíveis. Conforme indicado nos relatórios mensais anteriores, os preços do milho em Maputo continuam mais altos do que o normal mesmo quando os efeitos da inflação desaparecem.

O Ministério da Saúde está a actualizar as estatísticas produzidas para comparar a relação entre o cabaz familiar mínimo e o salário mínimo. O Instituto Nacional de Estatística (INE) está a planear para o próximo ano, a desagregação do índice dos preços ao consumidor por grupo de rendimento, a fim de refinar a análise. Os alimentos constituem mais de 60% do consumo médio total do cabaz familiar no levantamento mensal efectuado pelo INE sobre preços ao consumidor, e esta percentagem é susceptível de ser ainda mais alta para o grupo dos mais pobres. O cabaz de consumo desagregado por grupo de rendimento permitirá uma monitoria mais detalhada dos efeitos do aumento de preços no acesso das famílias urbanas a todos os produtos adquiridos pelos pobres, e não apenas comida.

#4 Alterações em Preços Relativos e Disponibilidade dos Principais Produtos Consumidos pelos Pobres

Outra dinâmica singular no quadro da segurança alimentar urbana é o preço relativo dos diferentes alimentos básicos. Na maioria dos anos, um dos produtos mais baratos para os consumidores pobres em Maputo é o milho em grão. Contudo, muitas famílias urbanas não têm tempo para pilar o milho e trasnformá-lo em farinha, como é costume noutras áreas. A alternativa mais barata para estas

Figura 5 – Dados do SIMA e INE

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000

Jan-00 Abr-00 Jul-00 Out-00 Jan-01 Abr-01 Jul-01 Out-01 Jan-02 Abr-02 Jul-02 Out-02 Meses

MT/kg

Ref. de milho (grão inteiro) Arroz Ref. Milho (nacional) Pão (4 pães) Milho Preços Relativos de Produtos Básicos em Maputo, 2000-2002

(7)

7 famílias tem sido a farinha de milho – milho passado por uma pequena moageira sem nenhumas perdas. As opções mais caras em cereais incluem a farinha de milho embalada (obtida nas moageiras locais ou importada da África do Sul ou Swazilândia), arroz e pão. Embora o pão seja mais caro do que os outros produtos baseados nas calorias que fornecem, é ‘fast food’ que não precisa ser cozinhado e esta característica torna-o atraente para muitos citadinos atarefados.

Conforma mostrado na Figura 5, a partir do início de 2000 até ao fim de 2001, os preços de todos os produtos foram relativamente estáveis. As famílias mais pobres eram suceptíveis de comprar quer milho em grão para pilar em casa, ou farinha de milho se não tivessem tempo ou possibilidade de pilar. Mas no fim de 2001, os preços relativos começaram a mudar. Principalmente, a farinha de milho desapareceu do mercado de Maputo enquanto que ao mesmo tempo, o preço de todos os outros produtos derivados do milho aumentaram vertiginosamente. De forma incomum, o preço do arroz caiu abaixo da farinha de milho embora a nível internacional, o arroz seja quase sempre mais caro que o milho. Actualmente em Maputo, foi sugerido que as famílias pobres – especialmente as que carecem de mão de obra – estão a consumir mais arroz do que milho devido á pequena margem de diferença de preço entre os dois produtos. A carencia regional de milho, altos preços ao nível internacional, e as taxas do governo moçambicano sobre alguns tipos de milho importado podem contribuir para estas distorções embora estes factores necessitem de maior análise.

#5 Dinâmica Regional: O Impacto das Mudanças na África Austral sobre Segurança Alimentar Urbana.

Um certo número de factores regionais pode alterar a situação da segurança alimentar urbana em Moçambique. Antes da actual crise alimentar na África Austral, uma quantidade significativa de milho consumido em Maputo era proveniente da África do Sul. A crise da África Austral conduziu a uma maior procura regional superior á normal do milho sul africano. Aliado aos sinais de redução da plantação de milho a longo prazo na África do Sul á medida que os agricultores se viram para culturas mais lucrativas, isto pode significar preços mais altos e oferta insegura. Outros factores estruturais, tais como o impacto da crise no Zimbabwe e a actual procura do milho Moçambicano pela parte do Malawi, requirem uma maior análise.

#6 Outros Factores: HIV/SIDA, Desemprego, Declínio das Remessas.

Os níveis de vulnerabilidade urbana são igualmente afectados por outros factores além do preço e disponibilidade de alimentos. O levantamento de sentinela efectuado no terreno pelo Ministério da Saúde em 2000 mostrou uma prevalência muito alta de HIV/SIDA nalgumas áreas urbanas, tais como Beira (28%), Chimoio (24.7%), Tete (22.3%) e Xai-Xai (18.3%). Alegadamente as remesssas dos moçambicanos que trabalham na África do Sul cairam e algumas destas pessoas regressaram ás zonas urbanas, contribuindo para o aumento das taxas de desemprego. As cheias de 2000 resultaram em severas roturas de curta duração na maior parte das cidades do sul, mas alguns efeitos foram de longo prazo, tais como os relacionados com a perda do património de pequenos negócios e reassentamento das populações em zonas peri-urbanas.

Referências

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