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O que é a Filosofia Política? Disciplina de Filosofia Política I I Semestre 2017 Curso de Graduação em Filosofia da Unioeste Prof. Dr.

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O que é a Filosofia Política?

Disciplina de Filosofia Política I

I Semestre 2017 Curso de Graduação em Filosofia da Unioeste Prof. Dr. Jadir Antunes

De um ponto de vista mais restrito e moderno, a Filosofia Política estuda a relação dos homens com o poder estatal. Sua preocupação central é definir o que é o poder e quem dele pode participar: se todos, alguns ou somente um. De um ponto de vista mais amplo e antigo, porém, a Filosofia Política estuda a vida humana em sociedade nos seus mais diversos aspectos: éticos, políticos, jurídicos, religiosos e econômicos.

Podemos dizer, de maneira bem geral, que a disciplina de Filosofia Política pode ser dividida em duas grandes doutrinas clássicas: a antiga e a moderna. A antiga adota como ideia básica o modelo de comunidade [Koinononia ou Gemeinschaft] e a moderna o modelo de sociedade [Societās ou Gesellschaft]. O modelo de comunidade é o adotado por filósofos clássicos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho e Thomás de Aquino.

O modelo de sociedade é o adotado pelos sofistas gregos e pelos contratualistas modernos como Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

Evidentemente, poderemos encontrar certas características do modelo societário em filósofos comunitaristas, como em Sócrates e Aristóteles, assim como certas características do modelo comunitarista em autores societaristas, como em Hobbes e Rousseau. Mas, de maneira geral, imperam, em última instância, certas características em um e outro modelo que os definem como modelos clássicos e com certa validade geral.

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Quadro comparativo dos modelos clássicos de Filosofia Política

Koinonia x Societās Gemeinschaft x Gesellschaft

Comunidade x Sociedade

Gemeinschaft [Koinonia] Gesellschaft [Societās]

Comunidade: entidade natural cuja causa está na vontade ou propósito da natureza.

Não pode ser feita nem desfeita conforme a vontade humana. Não nasce da mera reunião dos indivíduos, pois a comunidade é ontologicamente anterior aos próprios indivíduos. Os indivíduos nascem no

interior da comunidade e vivem para ela. O Estado é uma finalidade e os indivíduos são seus instrumentos.

Os gregos dão a esta forma de vida o nome de koinonia e os alemães o de Gemeinwesen ou Gemeinschaften. Tanto koinonia quanto gemein significam comum ou comunidade. Os latinos a chamam de communitati ou civitatis.

Sociedade: Entidade artificial cuja causa está na vontade dos indivíduos. Pode ser feita ou desfeita conforme esta vontade seja maior ou menor. Reunião dos indivíduos em torno de um contrato ou interesse comum. Findo o interesse põe- se fim ao contrato e à sociedade. A sociedade nasce com os indivíduos e vive para eles. Os indivíduos são uma finalidade e o Estado é seu instrumento.

Os gregos dão a esta forma de

associação os termos de symmachia, nomikon, homologia ou synthêkê, que podem ser traduzidos por aliança, convenção ou contrato [que liga dois ou mais indivíduos ou Estados], ou por acordo [de submissão entre dois

desiguais; entre o cidadão e a cidade; ou o cidadão e as leis; entre dois Estados].

Os alemães dão a ela o nome de

Gesellschaft. Gesellschaft geralmente é empregado com o significado de

companhia [Gesell = companheiro], especialmente no sentido comercial do termo. Os latinos a chamam de Societās e os ingleses de Society. Ambos com o sentido de associação, liga, coalizão ou aliança. Na língua latina Gesellschaft tem o sentido negativo de turba ou multitudo [multidão]. A Gesellschaft seria, assim, a forma de associação própria da turba e da multidão – daqueles que são a pura diferença e não possuem nada em comum.

Finalidade: Mais do que viver a vida simplesmente. Viver a vida com propósito e finalidade. Na comunidade nada se faz sem um propósito maior, coletivo e para além dos propósitos individuais. O grande propósito da vida é viver para a

comunidade. Viver a vida com propósito é

Finalidade: Viver a vida simplesmente.

Ausência da ideia de que a vida enquanto tal tem um propósito. No modelo de sociedade vive-se sem propósito porque é um modelo ateu. No contratualismo ninguém vive para cumprir um propósito. Se houver algum propósito

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viver a vida para cumprir ou realizar um propósito pré definido - pelos deuses ou pela natureza. Viver sem propósito é viver como livre e sem ter que realizar nada de pré-definido. Os comunitaristas geralmente pensam que a vida deve ser vivida para se realizar algum propósito bom - geralmente cumprido somente pela alta nobreza como pensa Aristóteles. A massa teria o

propósito de viver como meio ou

instrumento da realização deste propósito, como são os escravos e as mulheres para Aristóteles.

na vida este propósito será sempre pessoal e relativo.

Laços de sociabilidade naturais e afetivos: casamento, philia, parentesco, língua, território, profissão, cultura, religião.

Família, tribos e nações. Mesmo gene.

Mesmo demos. Comunidade baseada no princípio da igualdade de sangue dos indivíduos.

Na Filosofia, o laço natural de sociabilidade entre os homens, laço interno, intrínseco, imanente e do qual nenhum deles pode fugir, surge da dependência natural que cada um dos homens individualmente tem de outros homens diferentes dele para suprir parte de suas necessidades da vida. A diferença natural entre os indivíduos e a sua

insuficiência enquanto indivíduos os obrigam naturalmente a viver em comunidade e ali garantirem a vida. Os indivíduos são vistos como desiguais naturalmente e hipossuficientes em si mesmos e se associam com outros indivíduos diferentes pela força da

necessidade, que não pode ser afastada, pois a autossuficiência só pode ser alcançada na comunidade. O bom governante é aquele que promove e estimula os laços naturais de

sociabilidade, a dependência e a amizade natural entre os indivíduos, a liberdade, a autonomia e a autossuficiência da cidade, pois a do indivíduo é inconveniente, antinatural e humanamente impossível.

Laços de sociabilidade artificiais: união comercial, aliança militar, contrato de compra e venda. Indiferença natural entre os indivíduos. Abstração das diferenças.

Comunidade baseada na abstração das diferenças naturais. Comunidade

baseada na igualdade abstrata entre os indivíduos.

Na Filosofia, o laço de sociabilidade é um laço externo e contingente. Os indivíduos são vistos como naturalmente iguais, autônomos e autossuficientes em si mesmos e só se associam com outros homens pela conveniência da

associação. Afastada a conveniência, os indivíduos prefeririam uma vida isolada e distante da convivência com outros

homens. O bom governante é aquele que preserva e estimula a liberdade, a

autoestima, o autointeresse, a autonomia e a independência dos indivíduos entre si.

Estado: O Estado surge como produto do desenvolvimento natural da comunidade, surge para dar aos homens uma vida digna e virtuosa que eles não teriam fora do Estado. O Estado cumpre uma

Estado: O Estado surge como produto da vontade e do interesse dos indivíduos, surge para garantir certos direitos

individuais naturais que são anteriores ao próprio Estado. O Estado é uma máquina

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finalidade da natureza: formar os homens na virtude e na excelência. O Estado não é o governo nem uma máquina feita pelas mãos e cérebros do homem para

administrar a comunidade, o Estado é uma entidade sagrada, é a própria comunidade e se opor ao Estado é se opor à

comunidade.

burocrática e administrativa feita pelas mãos e cérebros do homem que não visa a virtude e a excelência, mas a liberdade, a propriedade, a prosperidade, a

felicidade e o bem estar dos indivíduos.

Se opor ao Estado é se opor a uma máquina burocrática de poder.

Finalismo: o todo antecede as partes. A comunidade é anterior aos indivíduos.

Ideia de que o todo é um organismo vivo composto de partes que só são em relação com este todo. Fora do todo não existem partes. As partes são dependentes do todo e a ele devem sua existência. Ideia de um bem final supremo e imanente a este todo.

O movimento só possui sentido para o todo e visa alcançar e realizar este bem final supremo. O bem final é sempre o bem do todo. O governo deve servir a este todo superior.

Mecanicismo: as partes antecedem o todo. O indivíduo é anterior à sociedade.

Ideia de que o todo é uma mera soma ou junção das partes, que subsistem sem ele. O todo é dependente das partes e deve existir para elas. Ausência da ideia de um bem final supremo. Os bens são sempre múltiplos, externos e individuais.

O movimento não possui sentido para o todo, mas apenas para as partes. O governo deve servir ao conjunto das partes.

Formas de governo: O Estado é uma grande família, é a família ampliada. A autoridade máxima é uma pessoa

individual, viva e sensível. O poder emana ora da sua própria vontade ora da

interpretação da vontade dos deuses ora da perpetuidade dos costumes. O poder é vitalício e hereditário. Governos baseados na obediência aos costumes e aos

naturalmente superiores. Ausência de igualdade política entre os membros da comunidade. Os indivíduos são desiguais em direito, capacidade e dignidade.

Existência de membros superiores e membros inferiores [homens e mulheres;

senhores e escravos; velhos e jovens;

nobres e plebeus; aristocratas e povo;

bem-nascidos e mal-nascidos; linhagem divina e linhagem desconhecida].

Hierarquização do poder e dos cargos segundo a noção de mérito e virtude. a) Religioso: baseado nas mesmas crenças religiosas, nos mesmos deuses, no mesmo texto sagrado; b) Patriarcal: baseado na superioridade natural do homem e dos chefes de família; c) Monárquico: baseado na superioridade natural do rei que é o chefe de todos os chefes. Os chefes concentram todos os poderes [político,

Forma de governo: a Lei positiva e abstrata. A Lei baseada no princípio da abstração das diferenças naturais entre os indivíduos, das paixões e da vontade do legislador. A Lei é imparcial, universal, racional, abstrata e a autoridade máxima do Estado. A autoridade máxima é um texto impessoal. O poder emana da autoridade da Lei. O poder é temporário e exercido por homens comuns

escolhidos pelos membros da sociedade.

O exercício deste poder é fiscalizado pelos membros da sociedade. Ausência dos princípios de mérito e superioridade entre os indivíduos. Os indivíduos são iguais em direito, capacidade e

dignidade.

Governo Republicano: divisão dos poderes entre diferentes membros do Estado. Separação dos poderes civis, militares, políticos e religiosos. Os chefes são membros do povo, são eleitos,

governam sob o império da Lei, exercem um mandato temporário e prestam contas ao povo ao final do mandato.

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militar, civil e religioso], não são eleitos e nem se submetem ao império da Lei – que não existe.

Natureza humana: Ideia de uma natureza humana desigual e inalterável e que há homens superiores e inferiores por natureza. A educação é sempre o desenvolvimento desta natureza, é a atualização de certas potências e

capacidades inerentes a esta natureza. Os nobres têm uma natureza superior à dos vulgos, considerados de natureza servil e submissa, por isso, só os nobres podem ser educados na virtude e na excelência política, assim, só eles podem assumir a direção da cidade e do Estado. O vulgo não pode ser educado na excelência devido à sua falta de natureza. O vulgo geralmente se dedica às artes inferiores, como o comércio e o trabalho manual, às artes interesseiras e do ganho e, por isso, não podem governar. Os melhores

governantes, por isso, são os nobres e os notáveis.

Natureza humana: Ideia de uma natureza humana igual ou de total ausência de uma natureza humana.

Todos os homens são considerados iguais por natureza entre si. As diferenças são consideradas como o produto da força, da sorte, dos costumes, da lei, das convenções e dos hábitos humanos. Sendo todos iguais por natureza, todos possuem os mesmos direitos de governar e de serem

governados. O melhor governante não possui nenhuma relação com as forças divinas e misteriosas da natureza. O melhor governante é um homem racional e dessacralizado, é um homem prático e de virtú, escolhido pelos próprios homens e não pelos deuses. Sua tarefa é a de manter a paz no interior da cidade e representar a sociedade diante de outras sociedades. A Política, assim, é somente uma técnica de poder.

Lei: Ideia de que a Lei, os costumes, a educação, a forma de governo, o status de cada indivíduo ou família dentro da cidade e tudo mais devem seguir as leis desiguais da natureza. Os elevados por natureza têm o direito natural de governar enquanto os inferiores devem obedecer e ser

governados.

Lei: Ideia de que a Lei tem origem na força do mais forte, nos costumes milenares e nas convenções humanas.

Ideia de que a educação e o status de cada indivíduo não possuem nenhuma relação com sua suposta linhagem, seja divina ou vulgar, de que a educação e o status se devem aos costumes, à força, à lei e às convenções humanas.

Ideia de uma origem divina dos nobres.

Acredita-se que a cidade foi fundada por pioneiros de origem divina. Por terem origem numa estirpe divina, os nobres possuem o privilégio e o direito divino de governar, em detrimento dos homens de origem não divina e servil. Os nobres transmitem hereditariamente a seus descendentes tanto sua natureza divina e superior quanto o direito natural de

governar. Divinização da vida humana.

Ideia de uma origem não divina do homem. Quando divina, os homens são considerados todos iguais diante dos deuses. Os deuses não se importam com a vida humana e não possuem

escolhidos ou preferidos entre os homens. Os assuntos humanos são inteiramente humanos. Os homens não consultam o divino para decidir sobre suas vidas, mas apenas a si mesmos, os conselheiros ou a assembleia da cidade.

Dessacralização, desencantamento e racionalização da vida humana.

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Ideia de que os costumes, as leis, as convenções, a educação, a arte, a forma de governo, a religião e tudo mais devem seguir a ordem perfeita da natureza. Ideia de um cosmos, de uma harmonia perfeita entre o conjunto das partes e o todo, representado pela ordem moral inteligível e superior da natureza. Ideia de uma legislação e soberania universal da natureza e dos deuses.

Ausência da ideia de cosmos, perfeição e totalidade. A própria ideia de natureza é uma ideia humana que sofre a influência do tempo, do lugar e dos mesmos

costumes que pretende legislar. O único que pode legislar sobre os negócios humanos é o homem e sua vontade própria. O homem e o seu entendimento são o próprio soberano do homem.

Justiça: Ideia de um Justo-em-si divino, racional ou por natureza. Justo é o que concorda com o divino, o logos e a natureza, com suas formas e

necessidades. Se a natureza é dócil é justo ser dócil; se é boa é justo ser bom;

se tem medidas é justo ter medidas e ser temperante; se a natureza é bela é justo ser belo; se a natureza é perfeita é justo ser perfeito; se a natureza é inteligível e sábia é justo ser sábio. Os justos, assim, são os melhores e os mais aptos, por natureza, a governarem. O governante, por isso, deve ser justo, belo e bom. Deve promover a justiça a beleza e o bem da mesma maneira que os deuses e a natureza. O governante deve ser um promotor da perfeição da natureza, um instaurador desta natureza entre os homens, um formador de homens na justiça e na virtude que emanam dos

deuses, do logos e da natureza. O governo dos Justos é um governo moralista que arbitra e condena a desmedida, a

intemperança, o hedonismo, o utilitarismo e o individualismo.

Justiça: O justo não possui nenhuma relação com os deuses e a natureza. O Justo não é belo nem feio, nem perfeito nem imperfeito, nem bom nem mau. O Justo é uma ideia humana e produto da convenção e da força. O governante será justo na medida em que governar

segundo estas convenções. O

governante não governa segundo uma ideia de justo. O governante governa para os indivíduos, para a satisfação de seus interesses, de suas paixões e de seus prazeres, não se importando com seus modos particulares de vida, com suas desmedidas e intemperanças. O modo de vida individual é deixado ao arbítrio de cada um.

A ideia de Justo-em-si tem uma origem externa à vontade e ao pensamento humanos, tem origem ora na vontade dos deuses, ora na physis e ora no logos. Para conhecer o que é o Justo é necessário conhecer esta coisa externa ao homem, conhecimento que só é acessível e se revela ao sacerdote, ao oráculo, ao adivinho, ao poeta e ao filósofo. Os magistrados, o governante e o legislador imitam, assim, tanto na ação de governar quanto na de legislar, uma perfeição e uma beleza que se aproximam daquela perfeição, daquela beleza e daquela

Inexistência de uma ideia externa de Justo. O Justo é resultado da decisão e da vontade humanas, é imanente à ação humana, é resultado de determinadas vontades, sejam elas coletivas ou individuais, consentidas ou forçadas, boas ou más, estejam elas consumadas nos costumes, nas convenções ou na Lei. O Justo é o que diz a Lei. Separação entre Ética, Direito e Política.

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medida que são imanentes ao cosmos. A Política se submete, assim, à Ética e ao poder dos que conhecem este Justo absoluto.

Bem: Ideia de um Bem-em-si ou Bem supremo. Além dos muitos bens

individuais e das várias noções pessoais de bem existe um Bem supremo e

universal para o qual tendem todas as coisas. O governo Justo deve governar em vista deste Bem e educar os indivíduos para a busca deste valor supremo. A educação será uma educação cidadã, uma educação voltada para o desenvolvimento da virtude, uma educação contrária ao desenvolvimento da paixão, dos desejos individuais, da vontade para o trabalho, da ambição de enriquecimento pessoal, das forças produtivas da riqueza, da ciência e da dominação humana sobre a natureza.

Bem: Negação da ideia de um Bem-em- si. O bem não tem valor universal e absoluto, mas apenas individual e relativo. O governante não governa, por isso, em vista de uma ideia suprema de bem, válida universal e atemporalmente.

O governante governa em vista da promoção do maior bem de todos

individualmente. O bem coletivo é o bem da maioria, produto da multiplicação e soma dos muitos bens individuais. O bom governante é aquele capaz de multiplicar a soma dos incontáveis bens individuais e promover o livre desenvolvimento das infindáveis capacidades técnicas e criadoras dos indivíduos. O bom governante é aquele que não se

intromete na vida individual do cidadão, que não o regula moralmente e que não o priva de sua liberdade para o trabalho e para o desfrute prazeroso da vida. O bom governante é aquele que demove o indivíduo de servir de impedimento ao livre movimento do outro.

Igualdade proporcional ou geométrica.

Sendo os homens desiguais, seja por natureza, por riqueza ou por nobreza, o valor de cada cidadão será definido de acordo com esta desigualdade, para mais ou para menos. Os cidadãos mais

valorosos, membros das classes mais elevadas, ocuparão os melhores cargos da cidade e os inferiores os piores. Cada cidadão será julgado proporcionalmente ao valor da classe ou estamento ao qual pertence.

Igualdade numérica ou aritmética.

Sendo todos os homens iguais entre si, a igualdade entre eles será a igualdade numérica, a de que todo número é igual a si mesmo, a de que todo um será igual a um. Não havendo classes mais ou menos elevadas, os cargos, sejam mais ou menos elevados, serão ocupados por qualquer homem indistintamente.

Liberdade: Ideia de que a liberdade

consiste em seguir a necessidade, o logos e a natureza. Sendo a natureza racional é necessário seguir o racional, o logos, o universal que há no homem. A liberdade é compreendida como a capacidade do indivíduo para desenvolver suas capacidades racionais. Ser livre é ser

Liberdade: a liberdade é compreendida como a ausência de impedimentos

externos ao livre movimento das paixões.

Ser livre é não ser impedido de realizar os prazeres, os desejos, a libido, a vontade e as paixões. Ser livre é não estar impedido por nada nem por

ninguém de executar livremente as forças

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capaz de seguir somente o que é racional, é ser senhor e mestre de si mesmo, é não estar submetido ao poder e à vontade de ninguém, é ser capaz de dominar e não estar submetido à turba violenta das paixões. Ser livre é ser capaz de

desenvolver o que há de mais elevado e nobre no homem, tanto do ponto de vista moral quanto intelectual. Não livre é todo aquele que se encontra submetido ao poder e à vontade de alguém, de um

senhor, de um marido, de um pai. Não livre também é todo aquele que se encontra submetido ao domínio dos desejos, dos prazeres e das paixões. Ser livre é ser capaz de viver em vista das coisas mais elevadas do homem: a virtuosidade e a intelectualidade.

individuais para o trabalho, o comércio, o ganho, a acumulação, a riqueza e a ciência. Ser livre é não estar impedido por ninguém, pelo pai, pelo marido, pelo sacerdote, pelo moralista, pelas leis, pelo governante, de mover-se livremente pelo plano da realidade. Liberdade é a

ausência total e absoluta de coerção externa ao livre desenvolvimento dos indivíduos em todas as direções humanamente possíveis. Os impedimentos externos, quando existirem, devem ser postos e

autorizados, consentidos racionalmente, pelos indivíduos.

Cidadão: O cidadão nunca é uma pessoa abstrata, uma pessoa de direito, com capacidade jurídica e abstraída de seus caracteres individuais ou sociais. O

cidadão é sempre um indivíduo concreto e cheio de caracteres pessoais. O cidadão é sempre oriundo das famílias nobres e descendente dos pioneiros da cidade.

Escravos, trabalhadores e mulheres nunca são vistos como cidadãos. O cidadão é sempre dividido em cidadão perfeito e imperfeito. O perfeito é aquele que possui certos caracteres ligados à perfeição como a justiça, a coragem, a prudência, a

temperança, a continência, a beleza etc. O imperfeito é aquele em quem estes

caracteres estão ausentes. O perfeito tem privilégios naturais em relação ao

imperfeito assim como o cidadão os tem em relação ao não cidadão.

Cidadão: O cidadão é sempre uma pessoa abstrata, uma pessoa jurídica, com direitos regulados e garantidos pela lei. O cidadão é uma pessoa de direito abstraída de qualquer traço ou caractere pessoal. O cidadão não é este ou aquele nem possui este ou aquele caractere. O cidadão é sempre uma pessoa igual, indeterminada e impessoal. Ausência de privilégios, valoração, méritos e

hierarquização entre os cidadãos.

Referências

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