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AS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA E A SOLUÇÃO DOSCONFLITOS INDIVIDUAIS DE TRABALHO

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E A S O L U Ç Ã O D O S

CONFLITOS INDIVIDUAIS D E T R A B A L H O

N A R C I S O F I G U E I R Ô A J Ú N I O R ^

"Nunca se deve negociar por medo, mas nunca se deve ter medo de negociar." (J. E Kennedy)

1. Introdução; 2. Breve histórico; 3. Do conceito de conciliação; 4. Cria­

ção, modalidades e composição das Comissões de Conciliação Prévia; 5. Competência e funcionamento; 6. Conciliação prévia e a ação trabalhista; 7. Dos conflitos que podem ser conciliados; 8. Do custeio da CCP; 9. Núcleos Intersindicais de Conciliação; 10. Con­

ciliação celebrada por Comissão que não representa as partes em conflito. Consequências jurídicas; 11. Conclusão; 12. Bibliografia.

1. I N T R O D U Ç Ã O

É inegável q u e o Brasil possui u m excesso d e conflitos trabalhistas, sobretudo n o âmbito individual.

Muito e m b o r a os conflitos coietivos d e trabalho t e n h a m diminuído sensivelmente nos últimos anos, seja e m decorrência d o a u m e n t o dos acor­

d o s e c onvenções coletivas celebradas o u pelos efeitos nefastos d a reces­

s ã o e co n ô m i c a q u e afetou o poder de mobilização dos sindicatos, o fato é q u e o n ú m e r o d e conflitos individuais d e trabalho v e m a u m e n t a n d o e m pro­

gressão geométrica, congestionando a Justiça do Trabalho.

S e g u n d o d a d o s estatísticos fornecidos pelo Tribunal Superior do Tra­

balho0’, s o m e n t e n o a n o de 2001 foram distribuídos 1.742.571 processos n a Justiça d o Trabalho, tendo sido solucionados 1.800.015. N o m e s m o ano, s o m e n t e o TST, instância m á x i m a trabalhista, recebeu 114.615 recursos, tendo solucionado 102.788.

(■) Procurador d a Universidade d e S â o Paulo, especialista e m Direito d o Trabalho pela P U C - S P e ex-Juiz d o T R T d a 2» Região.

(1) P á g i n a n a internei: www.tst.gov.br

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108 REVISTA D O T R T D A 15* R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

Entretanto, o próprio T S T constatou q u e d e todo esse v ol um e d e s c o ­ m u n a l d e litígios, 4 0 % dos c asos são resolvidos n a 1a audiência; 4 0 a 4 5 % dos casos são resolvidos na 1 “ instância, ou seja, ainda na Vara d o Traba­

lho; e s o m e n t e 15 a 2 0 % dos processos são apreciados pelos Tribunais.'21 E s s a constatação permitiu a conclusão d e q u e aigo precisaria ser feito para estimular o entendimento direto entre as partes, s e m a interfe­

rência d o P o d e r Judiciário, b us c a n d o - s e c o m p o r o conflito através d a conciliação.

N e s s e p a n o r a m a surgiu a Lei n. 9.958/2000, publicada n o D O U de 13.1.2000 e q u e entrou e m vigor a partir d e 11.4.2000, d a n d o nova reda­

ç ã o aos artigos 6 2 5 e 8 7 6 d a Consolidação d a s Leis d o Trabalho, possibili­

tando a criação d a s C o m i s s õ e s d e Conciliação Prévia.

Analisar os aspectos jurídicos d a referida lei, enfocando alguns p o n ­ tos polêmicos, tanto na doutrina quanto n a jurisprudência é o objetivo de nosso estudo.

2. B R E V E H I S T O R i C O

A s comissões d e conciliação ou m ed ia çã o são encontradas e m v á ­ rios países desenvolvidos do mundo, c o m o Estados Unidos, A l e m a n h a e Japão, s e n d o t a m b é m encontrado esse m e c a n i s m o d e solução extrajudi­

cial d e conflitos d e trabalho na Espanha, Bélgica e Argentina, entre tantos outros. Preservadas as culturas e n ua nç as próprias d e c a d a nação, o re­

sultado d o trabalho das comissões de conciliação nesses países t e m sido altamente satisfatório.'3’

P o d e m o s apontar sua origem no Conselho dos H o m e n s Prudentes —

“Conseildes Prud’ Hommes”, instituído e m Lyon, na França, e m 18.3.1806'2 3 4) 5 e aperfeiçoado e m 1981-1982, e d o Conselho d e Conciliação d o Distrito de N o v a Zelândia, criado e m 1894.

A o contrário d o q u e se p o d e imaginar, no Brasil as comissões não constituem experiência inédita, pois elas estiveram presentes n a origem dos próprios órgãos jurisdicionais trabalhistas.

C o m a edição d o Decreto n. 1.637/1907, foram instituídos o s C o n s e ­ lhos P er ma n e n t e s de Conciliação e Arbitragem, d a n d o origem à Justiça do Trabalho, ainda c o m o órgão administrativo1®1.

C o m a edição do Decreto n. 21.396/32, foram criadas as C o m i s s õ e s Mistas d e Conciliação, q u e tinham a finalidade d e apreciar os dissídios (2) Assessoria d e Imprensa d o TST. Endereço eletrônico: www.tst.gov.br

(3) Galdino, Dirceu. “Vantagens das Com issõe s d e Conciliação Prévia e dos Nücleos Intersindi- cais". Sup lemen to Trabaihista LTrn. 145/00.

(4) Batalha, Wilson d e Souza Campos, 'Tratado d e Direito Judiciário d o Trabalho', S ã o Paulo, Editora LTr, 1977, pág.174.

(5) Nascimento, Amaurí Mascaro. “Curso d e Direito d o Trabalho", 12" ed., Saraiva, 1996, pág. 52.

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coletivos e q u e a t u a v a m a o lado das Juntas d e Conciliação e Julgamento, as quais apreciavam o s dissídios individuais (Decreto n. 22.132/21), s endo certo q u e d e 1 93 2 a 1 9 3 7 foram instaladas 38 (trinta e oito) comissões'61.

A partir d a d é c a d a d e 1980, intensificaram as tentativas de reeditar aqueles m e c a n i s m o s de solução extrajudicial q u e citamos anteriormente, tendo s e destacado o papel d a A c a d e m i a Nacional d e Direito d o Trabalho que, e m m e a d o s d e 1982, formulou proposta d e constituição das c omis­

s õe s paritárias d e conciliação, culminando c o m o Projeto d e Lei n. 4.694/

98, q u e teve origem no próprio Tribunal Superior d o Trabalho e que, após inúmeras discussões e alterações, foi convertido n a Lei n. 9.958, d e 12 . 1 . 2000 .6 (7) 8

O interesse d o T S T peio assunto, fez c o m q u e a cúpula do Judiciário Trabalhista passasse a a c o m p a n h a r de perto o trabalho desenvolvido p e ­ los Núcleos Intersindicais de Patrocínio ( M G ) e Maringá (PR) que, incenti­

v ados pelos magistrados trabalhistas locais, p a s s a r a m a suprir a deficiên­

cia d a legislação c o m a conciliação dos conflitos trabalhistas.

M e s m o s e m existir legislação específica a regular a conciliação ex­

trajudicial dos conflitos d e trabalho, os Núcleos Intersindicais p a s s a r a m a criar regras próprias para apreciação dos conflitos, estabelecendo valor m á x i m o b a s e a d o e m salários mín im os para fixar competência para apre­

ciação d o s conflitos, a lé m d e restringir a atuação d o Núcleo a m e d ia çã o dos conflitos envolvendo matérias d e m e n o r complexidade, exciuindo justa causa, estabilidade e declaração d o vínculo empregatício.

Pela Lei n. 9.958/2000, n ã o há essas restrições, p o d e n d o os Núcleos Intersindicais analisar as m e s m a s matérias d e competência d a Justiça do Trabalho, salvo previsão e m contrário constante d e C o n v e n ç ã o Coletiva.

O s resultados obtidos pelos Núcleos Intersindicais foram e ainda estão s e n d o altamente satisfatórios. S ó para q u e se tenha u m a n oção mais nítida desses resultados, s o m e n t e o Núcleo d e Patrocínio ( M G ) atendeu no a n o d e 1994, 2.227 casos, dos quais 2.200 foram solucionados, e e m 1996 foram atendidos 12.583 e solucionados 12.392'61.

Assim, t e m o s q u e a inovação d a Lei n. 9.958/2000 é a pe na s u m reflexo d a tendência mundial d a a do çã o d e m e c a n i s m o s extrajudiciais para solução das lides trabalhistas, tendo e m vista a morosidade d a m á q u i n a judiciária e a necessidade d e amenizar o eterno e m b a t e entre capital e trabalho.

3. D O C O N C E I T O D E C O N C I L I A Ç Ã O

A conciliação é a forma mais singela d e c o m po si çã o dos conflitos.

Para José Augusto Rodrigues Pinto, p o d e m o s definir conciliação c o m o sen- (6) Ibidem.

(7) G aldino, Dirceu. Ob. clt., pág. 787.

(8) Vasconcelos, Antonío G o m e s de. "Os núcleos intersindicais c o m o agentes d e transformação

das relações d e trabalho e d a administração d a justiça", págs. 340/342.

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d o a atividade de alguém que tenta aproximar os protagonistas de um con­

flito de interesses, estimulando-os a encontrar solução negociada que lhe ponha fim.ia)

Para o Prof. Octavio Bueno Magano, conciliação é o negócio jurídico em que as partes respectivas com assistência de terceiro, põem fim a con­

flito entre elas existente.m

Assim, pela análise dos dois conceitos, p o d e m o s inferir q u e a conci­

liação tanto p o d e servir d e m é t o d o d e negociação c o m o resultado a ser obtido, d e p e n d e n d o d a forma q u e os protagonistas v e n h a dela se utilizar.

4. C R I A Ç Ã O , M O D A L I D A D E S E C O M P O S I Ç Ã O D A S C O M I S S O E S D E C O N C I L I A Ç Ã O P R E V I A

A Lei n. 9.958 de 12.1.2000, trouxe nova redação ao artigo 6 2 5 da Consolidação das Leis d o Trabalho, criando os artigos 6 25-A a 625-H.

E m face d o contido n o primeiro desses artigos, a s e m p r e s a s e os sindicatos p o d e m instituir C o m i s s õ e s de Conciliação Prévia, d e c o m p o s i ­ ção paritária, c o m representantes dos e m p r e g a d o s e dos empregadores, c o m a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.

O primeiro aspecto relevante sobre a C C P é q u e sua criação é facul­

tativa, ou seja, d e p e n d e d o interesse e d o c on se ns o d a classe patronal e trabalhadora.

D o s termos d a citada lei, resultam quatro modalidades de Comissões:

5. Comissão Interempresarial, criada por ato unilateral d a administra­

ção da e m p r e s a e instalada dentro d a própria empresa;

6. Comissão por grupo de empresas, criada por decisão d a adminis­

tração d a s respectivas empresas;

7. Comissão intersindical, criada por con ve nç ão coletiva de trabalho, celebrada entre sindicato, ou sindicatos, e m p re ga do re s e sindicato, ou sin­

dicatos, d e trabalhadores, para todas as e m p r e s a s das correspondentes categorias o u grupos econômicos.

8. Núcleos Intersindicais de Conciliação, englobando diversos sindi­

catos d e categorias profissionais e econômicas, todos signatários de c o n ­ v e n ç õ e s coletivas d e trabalho, c o m atuação participativa n a m a n u t e n ç ã o e nos trabalhos d e conciliação.

S e g u n d o o artigo 6 25-B d a CLT, a comissão instituída no âmbito da e m p r e s a será c o m p o s t a de, n o mínimo, dois e, n o máximo, d e z m e m b r o s e igual n ú m e r o d e suplentes. A m e t a d e será eleita pelos e m p r e g a d o s inte­

ressados, e m escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato, o u sindicatos, dos trabalhadores. A outra m e t a d e será indicada pela administração d a 9 1 0 (9) Rodrigues Pinto, José Augusto. "Direito Coletivo d o Trabalho", pág. 258, LTr.

(10) Magano, Octavio Bueno. “Direito Coletivo d o Trabalho", pág. 305, LTr.

(5)

e m p r e s a ou, se for o caso, d a s e m p r e s a s c o m p o n e n t e s d o grupo. O m a n ­ dato ó d e u m ano, permitida u m a reeleição, s e n d o assegurado aos repre­

sentantes d o s e m p r e g a d o s m e m b r o s d a C C P , titulares e suplentes, estabi­

lidade n o e m p r e g o d e até u m a n o a pó s o final do mandato, salvo se c o m e ­ terem falta grave, nos termos d a lei.

A c o m p o s i ç ã o e funcionamento das C o m i s s õ e s sindicais ou intersin- dicais, serão livremente reguladas pelos acordos coletivos ou, s e for o caso, pelas c onvenções coletivas d e trabalho, nos termos d o artigo 625-C.

Considerando o disposto nos dois artigos anteriormente citados, c h e ­ g a m o s à conclusão de q u e o legislador s e preocupou e m regular a consti­

tuição e funcionamento d a comissão interempresarial, relegando aos sindi­

catos profissionais e patronais a atribuição d e constituírem as comissões intersindícals c o m regras próprias e específicas d e constituição e funciona­

m e n t o definidas n a conve nç ão o u acordo coletivo.

N o q u e tange à estabilidade d o s representantes dos e m p r e g a d o s m e m b r o s das comissões, t e m o s q u e a lei s o m e n t e a prevê para a modali­

d a d e d e C C P interempresarial. N a s C o m i s s õ e s instituídas pelos instrumen­

tos d a negociação coletiva, a matéria poderá o u n ã o ser regulada, confor­

m e a vontade das entidades sindicais signatárias.

A lei é omissa quanto à remuneração dos m e m b r o s da comissão. E m se tratando dos m e m b r o s d a comissão Interempresarial, a lei prevê q u e a atuação d o representante dos e m p r e g a d o s dar-se-á e m seu horário nor­

mal d e trabalho, o q u e nos leva a concluir q u e não fará jus a n e n h u m p a g a ­ m e n t o adicional, salvo ajuste expresso e m contrário. C o m relação à s c o ­ missões intersindicais, o assunto poderá o u n ã o ser regulado no acordo ou con ve nç ão coletiva.

N o q u e concerne aos conciliadores d a s c om i s s õ e s intersindicais, s o m o s d a opinião d e q u e os m e s m o s poderão o u n ã o ser remunerados.

Todavia, se a s entidades sindicais optarem pela remuneração dos concilia­

dores, deverão suportar esse ônus, s e m estabelecer qualquer espécie de vlnculação c o m os valores dos acordos celebrados.

S. C O M P E T Ê N C I A E F U N C I O N A M E N T O

A atribuição d a C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia é tentar conciliar os conflitos Individuais d o trabalho (art. 625-A), o q u e afasta a possibilidade d a m e s m a vir a apreciar conflitos coletivos ou assuntos estranhos à rela­

ç ã o d e emprego. Está preservado, assim, o princípio d e q u e os conflitos coletivos d e v e m ser objeto d e negociação coletiva, c o m a participação dos sindicatos d e trabalhadores (reserva sindical), tai c o m o resulta das C o n ­ v en çõ es n. 98, de 1 94 9 e n. 154, d e 1981 d a Organização Internacional do Trabalho. Aliás, a Constituição Federal reconhece a eficácia d a s conven­

ç õe s e d o s acordos coletivos d e trabalho (art. 7®, XXVI) e considera obriga­

tória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas d e trabalho

(art. 8®, VI).

(6)

112

D e acordo c o m o artigo 6 25-D d a CLT, qualquer d e m a n d a d e nature­

za trabalhista será submetida à C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia se, na localidade d a prestação d e serviços, houver sido instituída a C o m i s s ã o no âmbito d a e m p r e s a ou do sindicato da categoria.

N o q u e concerne ao funcionamento, a lei estabelece q u e a d e m a n d a será formulada s e m p r e por escrito, p o d e n d o ser t o m a d a a termo por qual­

quer dos m e m b r o s d a Comissão. N ã o h a v e n d o conciliação, será fornecida ao patrão e a o e m p r e g a d o u m a declaração de q u e foi frustrada a tentativa de acordo c o m a descrição d e seu objeto, assinada pelos m e m b r o s da Comissão, q u e deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista.

C a s o n ã o exista C o m i s s ã o instituída n o âmbito d a e m p r e s a o u do sindicato d a categoria, essa circunstância deverá ser declarada n a petição inicial d a a çã o trabalhista.

S e g u n d o o § 3® do artigo 625-D, existindo n a localidade tanto a C o ­ missão intersindical quanto a C o m i s s ã o dentro d a empresa, poderá o e m ­ pregado optar por u m a delas para submeter a s u a d e m a n d a , s e n d o c o m p e ­ tente aquela q u e primeiro conhecer d o pedido.

E m h a v e n d o conciliação, será lavrado termo assinado pelo e m p r e g a ­ do, pelo patrão o u seu preposto e pelos m e m b r o s d a Comissão, fornecendo- se cópia às partes. Referido termo d e conciliação é considerado pela lei c o m o título executivo extrajudicial, possuindo efeito d e quitação geral, ex­

ceto quanto à s parcelas objeto de ressalva expressa.

A partir d a provocação d o interessado, fica s us pe ns o o prazo prescri- cionai para o ajuizamento d a a çã o trabalhista, p a s s a n d o o m e s m o a fluir, pelo q u e resta, a partir da tentativa frustrada d e conciliação o u do esgota­

m e n t o d o prazo d e dez dias.

C o n s i d e r a n d o a redação p o u c o esclarecedora d o artigo 6 2 5 e s ua s alíneas, a l g u m a s dúvidas t ê m surgido acerca d a s C o m i s s õ e s d e C onci­

liação Prévia, a l g u m a s já tendo sido objeto d e manifestação d o P oder Judiciário.

Vejamos, pois, a l g u m a s das principais discussões.

REVISTA D O T R T D A 15* R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

6. C O N C I L I A Ç Ã O P R E V I A E A A Ç A O T R A B A L H I S T A S e g u n d o o artigo 6 2 5 - D qualquer d e m a n d a d e natureza trabalhista será submetida à C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia se, n a localidade d a prestação d e serviços, h o u v e r sido instituída a C o m i s s ã o n o âmbito d a e m p r e s a o u d o sindicato da categoria.

Diante d essa redação, existem dois entendimentos acerca d a obriga­

toriedade d a p a s s a g e m d o conflito d e trabalho pela Comissão, antes do ajuizamento d a reclamação trabalhista.

A primeira posição é no sentido d e q u e s e n d o facultativa a criação d a

comissão, e m qualquer d e suas modalidades, e n ã o h a v e n d o n e n h u m a co-

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m i n a ç ã o expressa na lei pela ausência d a tentativa d e conciliação prévia, o credor trabalhista possui u m a faculdade de submeter o seu conflito à C C P e n ã o u m a obrigação. Para essa corrente o legislador não poderia exigir q u e a d e m a n d a fosse submetida previamente à comissão, antes d e s e pro­

vocar a Justiça d o Trabalho, sob p e n a d e violar a Constituição Federal, que dispõe e m seu artigo 58, inciso X X X V , o a m p l o acesso a o Poder Judiciário nos casos d e lesão ou a m e a ç a a direito.('1)

A 6 a T u r m a do Tribunal Regional d o Trabalho d a 2 a Região, e m acór­

d ã o publicado e m 30.1.01, adotando a tese anteriormente citada, assim decidiu:

" O credor não é obrigado a se conciliar com o devedor, nem é obrigado a se dispor à negociação (CF, 5 ° II)O não compareci- mento à sessão de conciliação extrajudicial não é cominado; se o comparecimento é uma faculdade (a ausência não está cominada), o endereçamento da demanda à Comissão não pode corresponder a uma obrigatoriedade (TRT2a Região6a Turma; R O em rito su- maríssimo n. 20010019795-SP; Ac. n. 20010022150; Rei. Juiz Rafael E. Pugliese Ribeiro; j. 30.1.2001; v. u.).™

Entretanto, há u m a s e g u n d a corrente q u e defende a obrigatoriedade da p a s s a g e m d o conflito pela C o m i s s ã o de Conciliação Prévia, tendo e m vista q u e o legislador a o redigir o artigo 6 25-D d a CLT, criou u m a condição da a çã o para o ajuizamento da a çã o trabalhista, exigindo o esgotamento da negociação extrajudicial antes d o Judiciário apreciar o conflito. Para essa corrente, c o m p r o v a d a a existência d a C o m i s s ã o n o âmbito sindical o u da empresa, a ausência d e submissão prévia do conflito à C C P , acarreta a extinção do processo trabalhista, s e m julgamento d o mérito.

Neste sentido, existem várias decisões d e primeira instância dos T R T d a 2 a e d a 15a Regiões e, recentemente, a 7 a T u r m a d o TRT/SP, n o julga- m e n i o d o Processo T R T - R O 20010380773, publicado e m 2.10.01, tendo c o m o Relator o Juiz Sérgio Pinto Martins, assim decidiu:

"Prevê o artigo 625-D da CLT que qualquer demanda de nature­

za trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia, caso essa tenha sido criada na empresa ou em negociação coletiva com o sindicato. O § 2a do mesmo artigo declara que o empregado deverá juntará eventual reclamação trabalhista cópia da declaração forneci­

da pela Comissão de tentativa de conciliação frustrada.

Emprega o artigo 625-D da CLT o verbo será, no imperativo.

Isso indica que o empregado terá de submeter a sua reivindicação à Comissão antes de ajuizar a ação na Justiça do Trabalho. O § 2B do 1 1 1 2

(11) Art. 5 “, X X X V d a CF: A lei nio excluirá d a apreciação d o Poder Judiciário lesão o u a m e a ç a a direito.

(12) Fonte: Boletim d a Associação dos Ad v o g a d o s d e S ã o Paulo, n. 3306, pág. 178.

(8)

mesmo artigo também usa o verbo dever no imperativo para efeito de juntar com a petição inicial da reclamação trabalhista a declaração frustrada da tentativa de conciliação.

E m caso de motivo relevante é que será indicada por que não foi utilizada da comissão para solucionaras questões trabalhistas (§ 3B do art. 625-D da CLT).

Nota-se que o procedimento instituído representa condição da ação para o ajuizamento da reclamação trabalhista. Trata-se de hipótese de interesse de agir, que envolve o interesse em conse­

guir o bem por obra dos órgãos públicos (Chlovenda, Giuseppe,

“Instituições de direito processual civil", Campinas: Bookseller, 1998,89).”™

114 REVISTA D O T R T D A 15a R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

C o m u n g a m o s d a opinião d a s e g u n d a corrente, e n t en de nd o q u e a exigência d e q u e o conflito deva ser submetido à C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia é u m a condição d a ação trabalhista, ligada a o interesse d e agir (ne­

cessidade e utilidade d a prestação jurisdicional).

A intenção d o legislador foi prestigiar a solução pacífica do conflito antes dele vir a ser apreciado pelo Judiciário, n u m a clara d em on stração de q u e a tentativa d e entendimento direto entre a s partes é o c a m i n h o inicial para solucionar o conflito.

Disposição semelhante existe n a própria Constituição Federal, n o que concerne a o s dissídios coletivos, o n d e a c o m p r o v a ç ã o de esg ot am en to das negociações é condição essencial para q u e o conflito seja apreciado e jul­

g a d o pelo Tribunal.114'

E n e m s e alegue a inconstitucionalidade d a exigência d e condição da a çã o para o dissídio individual, pois o procedimento criado peio artigo 6 25-D n ã o contraria o inciso X X X V , d o artigo 5S d a Constituição1'5’, n a m e d i d a e m q u e o direito d e a çã o n ã o é absoluto e sim condicionado a o preenchimento d o s pressupostos processuais e d a s condições d a ação.1’6’

Haverá ausência d e interesse d e agir, s e o reclamante postular dire­

tamente à Justiça d o Trabalho, n ã o observando a via alternativa d a conci­

liação prévia, n ã o h a v e n d o impedimento a o acesso ao Judiciário, m a s sim cumprimento de exigência legal d e esgotamento d a via administrativa.1'7’ 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 (13) Fonte: Revista LTr, vol. 12, d e z e m b r o d e 2001.

(14) Art. 114, § 2 9 d a CF: Recusando-se qualquer das partes à negociação o u à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, p o d e n d o a Justiça d o Trabalho esta­

belecer n o r m a s e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mí n i m a s d e pro­

teção a o trabalho.

(15) Art. 5a, X X X V d a CF: A lei n ã o excluirá d a apreciação d o Poder Judiciário lesão o u a m e a ç a a direito.

(16) Este o entendimento d e A d a Pellegrini Grinoverem sua obra “A conciliação extrajudicial n a Justiça d o Trabalho. O processo e m evolução". Rio d e Janeiro: Forense Universitária, 1996, pág. 94.

(17) Neste sentido K a zuo Walanabe, “Controle constitucional". S ã o Paulo: Revista dos Tribunais,

1980. págs. 49, S S e S7.

(9)

O próprio S u p r e m o Tribunal Federai já decidiu ser constitucional a exigência legai d e q u e o postulante a o benefício d e acidente d o trabalho deva comunicar previamente o INSS, antes do ajuizamento da ação.1'81

R e n o m a d o s juristas t ê m entendido q u e o artigo 6 2 5 - D criou efetiva­

m e n t e u m a condição d a a çã o n ã o hav en do se falar e m inconstitucionalida- de. Dentre o s vários mestres q u e já s e manifestaram a respeito, invocamos as lúcidas palavras d o mais destacado deies, Arnaldo Süssekind, que, e m recente artigo, assim leciona:

"Condição para a ação judicial e sua constitucionaiidadecomo vimos, a criação de Comissão de Conciliação Prévia é uma faculdade legal. No entanto, desde que ela exista na empresa ou na categoria econômica da empresa da qual o trabalhador é empregado, este só poderá ajuizar ação na Justiça do Trabalho depois de obterá comuni­

cação formal da Comissão de que foi malograda a conciliação do res­

pectivo litígio. Trata-se, pois, de condição essencial à propositura da reclamação no âmbito judicial .(!9>

N a m e s m a linha d e raciocínio, l em b r a m o s a lúcida lição d e Estevão Mallet:

“O direito constitucional de ação não torna ilícita toda e qual­

quer condicionante imposta ao pedido de tutela jurisdicional. Seu verdadeiro alcance está como mostrou Pontes d e M ir an da — de longe o mais autorizado intérprete de várias Constituições brasi­

leirasem que os legisladores ordinários nenhuma regra podem editar que permita preclusão em processo administrativo, ou em inquérito parlamentar, de modo que se exclua (coisa julgada mate­

rial) a cognição pelo Poder Judiciário. Quer isso dizer, em outras palavras, que se proíbe, apenas, seja a autoridade administrativa transformada em última instância, porque “o titular do direito, não se conformando com o decidido, pode propor ação judicial. A últi­

ma palavra tem-na a Justiça". Não se estabeleceu, pois, a obriga­

ção de dever ser sempre da Justiça não só a última, como também a primeira palavra, em matéria de direito ou interesse. Donde não haver, em princípio, abusividade em condicionarse a propositura de ação, inclusive, à prévia tentativa de conciliação. E m princípio, porque a condicionante não pode prevalecer quando haja necessi­

dade de tutela jurisdicional imediata, em virtude da ameaça de dano irreparável .” 1201 1 8 1 9 2 0

(18) R E 144.840-SPJ. 2.4.96, Rei. Min. Moreira Alves, Informativo n. 2 5 d o STF.

(19) SOssekinü, Arnaldo Lopes, "Co missões d e Conciliação Prévia", Sup lemento Trabalhista LTr, 067/01, pág. 337.

(20) Mallet, Estevão. “Apo ntame ntos d e Direito Processual d o Trabalho', S ã o Paulo. LTr, 1997,

pãg. 24.

(10)

N o m e s m o sentido o e nt en dimento d a Professora Ada Pellegrini Grinover.

116 REVISTA D O T R T D A 15* R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

“E certo que a Constituição assegura a inafastabilidade do con tro­

le jurisdicional no inciso XXXV do artigomas é igualmente certo que o exercício do direito da ação não é absoluto, sujeitando-se a condições (as condições da ação), a serem estabelecidas pelo iegis!ador."m C o n f o r m e sustenta o mestre Süssekind, essas condições d a a ç ã o — d e s d e q u e razoáveis, dentro d o critério substancial d a s garantias d o devi­

d o processo legal — s ã o legítimas e se s u b s u m e m às categorias clássicas d a possibilidade jurídica d o pedido, d a legitimação para a c ausa e do inte­

resse d e agir (art. 267, VI d o C P C ) . (2!|

A jurisprudência dos Tribunais Regionais t e m s e firmado n o sentido d e exigir a p a s s a g e m d o conflito pela C CP , d e s d e q u e c o m p r o v a d a pela parte a s u a existência, sob p e n a d e extinção do processo s e m julgamento d o mérito, conforme p o d e m o s inferir das seguintes ementas:

“Comissão de Conciliação PréviaInstituiçãoSubmissão

ObrigatoriedadeConciliação frustrada — Juntada de certidão à peça vestibularÓbice ao direito de açãoNão configuração.

Comissão de Conciliação PréviaA Lei n. 9.958/00 introduziu em nosso ordenamento jurídico a figura das Comissões de Concilia­

ção Prévia, disciplinadas nos arts. 625 A-H da CLT. Portanto, resta evidente a vontade do legislador em determinar que, havendo Comis­

são de Conciliação Prévia em funcionamento na localidade do confli­

to, qualquer demanda de natureza trabalhista será levada à Justiça do Trabalho somente depois de submetida a respectiva comissão, jun­

tando à peça vestibular a certidão de conciliação frustrada, pressu­

posto este que não importa em óbice ao direito de ação, uma vez que ao legislador infraconstitucional está reservada, desde que os mes­

mos não impeçam o exercício do direito constitucional de ação. Ade­

mais, as indigitadas comissões prévias constituem apenas instâncias prévias conciliatórias, nas quais as comissões estão obrigadas a dar resposta às pretensões em dez dias (art. 625, f, CLT), o que não re­

presenta violação ao acesso ao Poder Judiciário. Como corolário ló­

gico fica rejeitada a arguição incidental de inconstitucionalidade da Lei n. 9.958, de 12.1.00, que introduziu os arts. 625 A a H no Diploma Consolidado, por destituída de razão.1 '(Ac. un. da 4a Turma do TRT da 3a RegiãoR O 831/02ReI . Juiz Julio Bernardo do Carmoj.

13.3.02DJ M G 6.4.02, pág. 14ementa oficiai)™. 2 1 2 2 2 3

(21) Grinover, A d a Pellegrini, "Pronunciamento no Congresso d e Direito Processual d o Trabalho"

promovido, n a cidade d e S ã o Paulo, pela LTr Editora, apud Arnaldo Süssekind, /n "Co missões de Conciliação Prévia”, Sup lemento LTr n. 067/01,

(22) Ob. cit., pág, 336.

(23) Fonte: Repertório d e Jurisprudência I O B — 2* quinzena d e maio d e 2 0 0 2 — n. 10/02 —

C a d e r n o 2.

(11)

"Comissão de Conciliação PréviaInstituição no âmbito da empresaPressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do processoCaracterização.

Comissão de conciliação prévia. Pressuposto de constituição de e de desenvolvimento válido e regular do processo. O sistema de tentativa de conciliação extrajudicial precedente à lide, instituído pela Lei n. 9.958/2000, que acrescentou os arts. 625-A a 625-H a CLT, constitui mecanismo idôneo de autocomposição dos litígios trabalhis­

tas de absoluta relevância e conveniência social, propiciando o desa- fogamento do Poder Judiciário e atendendo aos princípios de econo­

mia e celeridade processual. Embora os sujeitos da relação jurídica do trabalho não estejam obrigados, por lei, a instituir a Comissão de Conciliação Prévia — - CCP (art. 625-A), nem tampouco a aceitar a proposta de conciliação ofertada pela Comissão mediadora (§ 2- do art. 625-D), o legislador exige, obrigatoriamente, que, havendo a CCP no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria, o trabalhador leve ao seu conhecimento, para fins de mediação, a demanda de na­

tureza trabalhista, antes de intentar uma ação perante a Justiça do Trabalho ou, não o fazendo, que declare, na inicial, o “motivo relevan­

te" da impossibilidade de observância do procedimento legal (art. 625- D). Trata-se de pré-requisito processual que deverá ser observado, sob pena de extinção do feito, por ausência de um dos pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo (art. 267, IV, do CPC). Presente a prova de instituição da Comissão no âmbito da construção civil no DF, e ausentes o termo de tentativa de conciliação, bem como do motivo impeditivo d a m e s m a , m e r e c e extinção o processo sem julgamento do mérito" (Ac. da 1a T. do TRT da 10B Região — - R O 0008/02 — DJU 12.4.02, pág. 92 — ementa oficial).™

Assim, e n t e n d e m o s q u e o ajuizamento d a a çã o s e m a prévia aprecia­

ção pela C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia, obrigará o juiz a extinguir o pro­

cesso s e m apreciação d o mérito (art. 267, Vi d o C P C ) , por ausência de interesse d e agir, devolvendo-se os autos à C o m i s s ã o para q u e esta proce­

d a à tentativa d e conciliação.

N a hipótese de acordo parcial na C o m i s s ã o e posterior ajuizamento d e a ç ã o para discussão de outras matérias q u e não foram ventiladas n a via administrativa, e n t e n d e m o s q u e o juiz deverá extinguir o processo quanto à s matérias n ã o submetidas à Comissão, e m face d a ausência de condição d a ação, apreciando o mérito das demais.

V e j a m o s u m e xe mp lo prático.

O e m p r e g a d o reclama n a C C P verbas rescisórias e horas extras, fa­

z e n d o u m acordo parcial n o tocante às rescisórias, d a n d o quitação quanto 2 4

(24) Fonte: Repertório 1 0 8 d e Jurisprudência — 2® quinzena d e Junho d e 2 0 0 2 — n. 12/2002 —

C a d e r n o 2.

(12)

118 REVÍSTA D O T R T D A 15a R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

às parcelas respectivas e ressalvando o direito d e reclamar as horas extras q u e n ã o foram objeto de acordo. A o ajuizar a reclamação trabalhista, plei­

teia a lé m das horas extras, diferenças d e F G T S . Neste caso, o juiz deverá extinguir s e m apreciação d o mérito o pedido de diferenças d e F G T S , devol­

v e n d o à C C P a matéria para a tentaíiva d e conciliação, dando prossegui­

m e n t o à a çã o s o m e n t e c o m relação às horas extras, cuja conciliação res­

tou frustrada.

A c o m p r o v a ç ã o da p a s s a g e m do conflito pela C o m i s s ã o é feita pela declaração d e tentativa frustrada d e conciliação q u e deverá ser elaborada pelos m e m b r o s d a C CP , contendo obrigatoriamente a descrição do objeto, d e v e n d o o referido d o c u m e n t o estar assinado pelos conciliadores.

H a v e n d o motivo relevante q u e impossibilite q u e o reclamante s u b m e ­ ta o conflito previamente à Comissão, a lei permite a propositura direta da a çã o trabalhista junto à Justiça do Trabalho, d e s d e q u e haja declaração na petição inicial.

Muito e m b o r a a lei n ã o preveja quais circunstâncias seriam conside­

radas ponderosas a justificar a inobservância d o procedimento anterior­

m e n t e descrito, p od eríamos citar a lg um as hipóteses: a) ausência d a C C P n o local d a prestação d e serviços; b) constituição da C C P d e forma irregu­

lar, s e m a presença dos representantes das categorias e co n ô m i c a e profis­

sional, por exemplo; c) existência d a C C P e m outra localidade, ainda q u e a b as e territorial reúna vários municípios.

A análise d a procedência o u não d a justificativa para o ajuizamento direto d a a çã o será feita pelo juiz d o trabalho, q u a n d o d a realização da audiência inicial.

C a s o exista, n a m e s m a localidade e para a m e s m a categoria, C o m i s ­ são d e e m p r e s a e C o m i s s ã o intersindicai, o interessado optará por u m a delas para submeter a s u a d e m a n d a , dispondo a lei q u e será competente para apreciar o conflito aquela q u e primeiro conhecer d o pedido.

7. D O S C O N F L I T O S Q U E P O D E M S E R C O N C I L I A D O S Q u e s t ã o relevante q u e t e m surgido na prática é a possibilidade d a C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia apreciar todos os conflitos individuais de trabalho.

Da análise d o caput do artigo 625-D, p o d e m o s inicialmente concluir q u e toda e qualquer d e m a n d a d e natureza trabalhista poderá ser submeti­

d a à C C P . Entretanto, o assunto m e r e c e a lg um as reflexões.

Iniciaimente, c u m p r e ressaltar, q u e a expressão “qualquer d e m a n d a "

contida n o artigo 6 2 5 - D n ã o distingue a autoria d o pleito {se pelo e m p r e g a ­ do, se pelo empregador), d e s d e q u e seja u m conflito individual d o trabalho.

T a m b é m n ã o v e m o s óbice para q u e a C o m i s s ã o v e n h a conciliar c o n ­

flitos d e trabalho d e contratos e m curso, já q u e os conflitos n ã o s u r g e m

s o m e n t e c o m o rompimento d o vínculo d e emprego.

(13)

Diante d a ausência d e ressalvas n a lei, c o m u n g a m o s do entendimen­

to d e q u e a C o m i s s ã o possui atribuição para apreciar conflitos envolvendo rescisão d o contrato de trabalho d e e m p r e g a d o s estáveis o u n ã o estáveis e d o s detentores de garantia d e emprego, ainda q u e provocada a comissão pelo e m p r e g a d o r — c o m o se u m inquérito fosse. P o d e m o s acrescentar ain­

d a o pedido d e c o m p l e m e n t a ç ã o de p en sã o o u d e auxílio funeral, feito pela viúva o u pelos herdeiros d o e m p r e g a d o falecido, além d o s conflitos mais corriqueiros envolvendo horas extras, depósitos d o F G T S etc.

Neste rol, p o d e m o s Incluir, ainda, a d e m a n d a envolvendo declaração d e relação d e emprego. S e o interessado se diz e m p r e g a d o e o empresário o considera autônomo, eventual o u avulso, a título d e exemplos, n ã o se p o d e dizer q u e este Interessado esteja autorizado a ajuizar diretamente a a ç ã o trabalhista. Trata-se d e u m a “d e m a n d a d e natureza trabalhista" e a C o m i s s ã o estará, a nosso ver, autorizada a buscar a conciliação entre as partes. Tal entendimento já v e m s e n d o defendido pela doutrina.'22’

Multo e m b o r a a lei seja o mi ss a quanto à obrigatoriedade d a p a s s a ­ g e m pela c o m i s s ã o d e outras espécies de a ções judiciais, a l é m da recla­

m a ç ã o trabalhista, e n t e n d e m o s q u e n ã o h á razão lógica o u jurídica para s e exigir tentativa d e conciliação e m M a n d a d o d e Segurança, A ç ã o R e s ­ cisória, A ç ã o Anulatória, A ç ã o Monltórla, A ç õ e s Cautelares e A ç õ e s d e Cumprimento.

C o m o a Lei n. 9.958/00 n ã o revogou o disposto no artigo 477, § 1® da C L T 2 5 (26) 2 7 , e n t e n d e m o s q u e a C C P não poderá homologar rescisões d e c o n ­ trato de trabalho, a despeito d e posicionamento e m contrário d o Ministério d o Trabalho e Emprego, através das Orientações Normativas d a Secretaria d e Relações d o Trabalho.1271

8. D O C U S T E I O D A C O M I S S Ã O D E C O N C I L I A Ç Ã O P R E V I A Q u e s t ã o q u e t e m gerado certa polêmica n o âmbito jurídico é a possi­

bilidade das C o m i s s õ e s d e Conciliação Prévia cobrarem taxa d e mediação para fazer face às despesas administrativas.

Vale ressaltar q u e a Lei n. 9.958/00 n ã o trata d o assunto, assim c o m o t a m b é m n ã o h á v ed aç ão expressa para tal procedimento.

(25) Mateus da Silva, H o m e r o Batista. “A expectativa e m torno das Com issõe s d e Conciliação Prévia". Revista d a A M A T R A li, n. 1, abril d e 2000, pâg. 32.

(26) Art. 477, § 1* d a CLT: O pedido d e demissão o u recibo d e quitação d e rescisão d o contrato de trabalho, tirmado por e m p r e g a d o c o m mais d e

1

(um) a n o d e serviço, só será válido q u a n d o feito c o m a assistência d o respectivo Sindicato ou perante a autoridade d o Ministério d o Trabalho e Emprego.

(27) Portaria M T E / S R T n. 1, d e 22.3.02: E m e n t a 18 — "A assistência a o e m p r e g a d o n a rescisão

d o contrato d e trabalho. O termo d e conciliação celebrado no âmbito d a C C P e N I N T E R , após a

extinção d o contrato d e trabalho, dispensa a assistência na rescisão contratual realizada pelo

sindicato d a categoria o u pela autoridade d o Ministério d o Trabalho e Emprego, por se tratar de

titulo executivo extrajudicial. Referência: art. 477, § 1* e art.625-E, parágrafo único d a CLT.

(14)

120 REVISTA D O T R T D A 15a R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

Logo, c o m o a lei n ã o proíbe, n ã o há n e n h u m a ilegalidade n a cobran­

ç a d a taxa, d e s d e q u e haja previsão e m Acordo o u C o n v e n ç ã o Coletiva.

N o âmbito d a s relações entre particulares, tudo q u e a lei n ã o proíbe expressamente, e m princípio, é permitido.

Daí por q u e a necessidade d e constar no instrumento normativo a finalidade d a c ob ra nç a d a taxa, haja vista q u e a própria Constituição Federal recon he ce a validade d a s c o n v e n ç õ e s e acordos coletivos de trabalho.128’

Entretanto, a fixação d o valor d a taxa deve observar o principio d a razoabilldade, levando e m conta q u e os sindicatos n ã o d e v e m s e utilizar d e tal cobrança c o m o forma de auferir receita, m a s sim d e suprir as necessi­

d a d e s de m a n u t e n ç ã o d e u m a estrutura m í n i m a d e funcionamento do ór­

g ã o para q u e a s respectivas categorias p o s s a m ter u m atendimento digno e eficiente. T a m b é m n ã o deverá ser cobrado n e n h u m valor d o reclamante, e m face d o princípio d a gratuidade, t a m p o u c o s e justifica a fixação d e valor incidente sobre o s acordos celebrados.

A disponlbillzação d e u m a C C P a o s integrantes das categorias e c o ­ nômica e profissional acarreta a necessidade d e criação d e u m a estrutura a d e q u a d a a o atendimento diário dos interessados, dotada d e pessoal ca ­ pacitado e treinado, a lé m d e m eios d e com un ic aç ão ágeis, s e m contar a necessidade d e constante aperfeiçoamento d o relevante trabalho dos c o n ­ ciliadores e, evidentemente, isto gera u m custo adicional q u e as entidades sindicais n ã o s ã o capazes d e suportar, unicamente c o m as receitas oriun­

das d a s contribuições sindicais.

Daí a razão pela qual, e n t e n d e m o s ser possível a cobrança d e u m a m ód ic a taxa d e mediação, c a b e n d o às entidades sindicais a obrigação de divulgar o caráter privado d a C CP , b e m c o m o a faculdade d a celebração do acordo extrajudicial.

9. N Ú C L E O S I N T E R S I N D I C A I S D E C O N C I L I A Ç Ã O

Dispõe o artigo 6 25-H d a C L T que, aplicam-se aos Núcleos Intersin- dicais d e Conciliação Trabalhista e m funcionamento ou q u e vierem a ser criados, n o q u e couber, as m e s m a s regras q u e r e g e m as C o m i s s õ e s de Conciliação Prévia, d e s d e q u e observados o s princípios d a paridade e da negociação coletiva n a s u a constituição.

O s Núcleos Intersindicais são órgãos criados por entidades sindicais c o m o objetivo d e t a m b é m conciliar os conflitos d e trabalho, m a s dotados d e estrutura mais complexa d o q u e as C o m i s s õ e s d e Conciliação Prévia.

Tais núcleos distinguem-se das C CP , porque eles v isam sanar as c a u ­ sas mais profundas e remotas d o surgimento o u recrudescimento d e confli­

to trabalhista, b e m c o m o a transformação cultural d o sindicalismo. 2 8

(28) Artigo 7», X X V i d a CF.

(15)

A lei n ã o fixa diretrizes para a constituição dos Núcleos, deixando a matéria a critério dos sindicatos, através d e C o n v e n ç ã o Coletiva. Entretan­

to, q u a n d o a Lei n. 9.958/00 reconheceu expressamente o s Núcleos inter- sindicals, t a m b é m acolheu os principios por eles adotados.

O s primeiros Núcleos Intersindicais d e Conciliação surgiram nos E s ­ tados d o Paraná e d e Minas Gerais, mais precisamente nos municipios de Maringá/PR e Patrocínlo/MG.

O Núcleo Intersindical d e Conciliação Trabalhista d e Maringá é c o m ­ posto por: a) Conselho Tripartite; b) Direção Executiva; c) S e ç ã o Intersindí- cal d e Conciliação; d) Conselho d e Arbitragem; e) Secretaria.

O Conselho Tripartite é formado pelos presidentes d o s sindicatos que integram o Núcleo e pelo presidente do Conselho d e Arbitragem.

A Direção Executiva elabora o plano d e trabalho anual do Núcleo, g e ­ rencia administrativamente o Núcleo e o representa perante a comunidade.

A S e ç ã o Intersindical de Conciliação é apenas u m órgão especializado d o Núcleo Intersindical. É c o m p o s t a por dois conciliadores: u m é represen­

tante d o sindicato dos empregados; outro, d o sindicato patronal. Ela possui t a m b é m u m Coordenador, q u e procura concretizar a conciliação, caso os conciliadores n ã o o consigam.

O Conselho d e Arbitragem é c o m p o s t o por a dv o g a d o s e árbitros lei­

gos, d e v e n d o o n ú m e r o de indicados pelo sindicato patronal ser igual ao de indicados pelo sindicato d o s trabalhadores.

A Secretaria é o órgão responsável pelo expediente e pelo registro dos atos internos do Núcleo.

Vê-se, pois, q u e os Núcleos Intersindicais d i s p õ e m d e u m c a m p o d e atuação m ai s a m p l o d o q u e a s C o m i s s õ e s d e Conciliação Prévia, e m b o r a o objetivo d e a m b o s seja o m e s m o : conciliar os conflitos Individuais d e trabalho.

O Núcleo Intersindical de Conciliação p o d e congregar vários sindica­

tos profissionais e patronais d e diversas categorias, s e n d o muito c o m u m encontrá-los e m cidades d e m e n o r porte, c o m o alternativa d e redução d e custos para o s sindicatos, na m ed id a e m que, n u m m e s m o local físico, p o ­ d e m ser realizadas conciliações d e várias categorias, d e s d e q u e integrem o Núcleo e t e n h a m firmado C o n v e n ç õ e s Coletivas d e Trabalho entre si.

C o n f o r m e opina Dirceu Galdinoa3), as vantagens dos Núcleos Intersin- dicais sobre as C om i s s õ e s d e Conciliação são manifestas, tanto e m exten­

são quanto e m profundidade: e m extensão, porque se inserem e m sua c o m ­ petência material não só os dissídios individuais, m a s t a m b é m os coletivos;

e m profundidade, porque eles a tuam n ã o só para a solução de eventuais litígios, m a s t a m b é m para a sua prevenção, inclusive e m matéria n ã o estrita­

m e n t e trabalhista, p o d e n d o orientar a trabalhadores e empregadores quanto

ao m ei o ambiente, a o direito d o consumidor, ao direito d e família etc. 2 9

(29) "Núcleos Intersindicais d e Conciliação Trabalhista", S ã o Paulo, ITr, Editora, 1999, pág. 109.

(16)

122 REVISTA D O T R T D A 15® R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

P o d e m o s afirmar q u e os Núcleos Intersindicais d e Conciliação são u m a evolução das C o m i s s õ e s de Conciliação Prévia, c a b e n d o a c a d a enti­

d a d e sindical avaliar as vantagens e desvantagens d e adotá-los c o m o m e ­ can is mo d e solução extrajudicial d o s conflitos d e trabalho, à luz d e sua própria realidade sindicai.

10. C O N C I L I A Ç Ã O C E L E B R A D A P O R C O M I S S Ã O Q U E N A O R E P R E S E N T A A S P A R T E S E M C O N F L I T O .

C O N S E Q U Ê N C I A S J U R Í D I C A S

Interessante questão nos t e m sido trazida, c o m a indagação acerca da validade d o procedimento conciliatório celebrado por C o m i s s õ e s ou N ú ­ cleos Intersindicais de Conciliação Prévia, instituída por sindicatos q u e não representam as partes e m litígio.

E m primeiro lugar, a interpretação q u e f az em os d o artigo d o artigo 6 25-A d a C L T é a de q u e o legislador possibilitou a criação d e C o m i s s õ e s Intersindicais d e Conciliação Prévia, tanto no âmbito interno das e m p r e s a s quanto e m caráter intersindical.

E n q ua nt o q u e n o âmbito interempresarial o legislador estabeleceu a l g u m a s regras m í n i m a s d e criação e funcionamento, n o q u e pertlne às C o m i s s õ e s Intersindicais, o instrumento normativo — seja este Acordo ou C o n v e n ç ã o Coletiva — é q u e vai definir as regras d e funcionamento (art. 625-C).

Entretanto, e m se tratando d e C o m i s s ã o d e Conciliação Prévia Inter- sindical é absolutamente necessário q u e os conflitos individuais estejam restritos à s categorias profissional e econô mi ca signatárias d o Acordo ou C o n v e n ç ã o Coletiva d e Trabalho, sob p e n a d o intérprete distinguir o n d e a lei n ã o o faz.

T e m o s t o m a d o conhecimento através da Imprensa d e q u e alguns Núcleos Intersindicais t ê m apreciado conflitos d e categorias estranhas à q u e ­ las integrantes d o Núcleo, mediante a elaboração d e u m simples termo de a d e s ã o o n d e as partes aceitam as regras de constituição e funcionamento previamente estabelecidas.

E n t e n d e m o s q u e tal procedimento é ilegal, na m e d i d a e m q u e o arti­

g o 6 2 5 - H d a CLT, ao dispor q u e "aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista em funcionamento ou que vierem a ser criados, no que couber, as disposições nele previstas, desde que observados os prin­

cípios da paridade e da negociação coletiva na sua constituição", criou u m a regra essencial para q u e haja limites n a atuação tanto d a s C o m i s s õ e s d e Conciliação quanto d o s Núcleos Intersindicais.

Assim, e m se tratando d e órgão intersindical d e conciliação, é Im­

prescindível a existência d a paridade, ou seja, presença d o s representan­

tes d a s categorias profissional e econô mi ca envolvidas n o conflito, a l é m da

negociação coletiva entre estas m e s m a s categorias, elegendo o referido

órgão para conciliar os conflitos individuais d e trabalho.

(17)

A inobservância desta regra fundamentai acarreta a nulidade d o ato d e conciliação, p o d e n d o gerar prejuízos a o trabalhador e a empresa, tendo e m vista q u e o artigo 82 do Código Civil Brasileiro estabelece q u e a valida­

de d o ato jurídico requer três requisitos essenciais: agente capaz { art. 145, I);

objeto licito e forma prescrita ou não defesa em lei {arts. 129, 130 e 145).

O Código Civil declara, ainda, e m seu artigo 145, incisos II e IV, q u e é nulo o ato jurídico q u a n d o n ã o revestir a forma prescrita e m lei (arts. 82 e 130) ou q u a n d o for preterida a lg um a solenidade q u e a lei considere e s s e n ­ cial para a s u a validade.

A aplicabilidade das regras d o Código Civil e m matéria trabalhista é autorizada expressamente pelo artigo 8a, parágrafo único d a CLT, q u e assim dispõe: "O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naqui­

lo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste".

Neste passo, caso haja celebração d e acordo s e m o cumprimento destas regras legais, a consequência jurídica será a s u a nulidade, deixan­

d o o termo d e conciliação d e s e revestir d a natureza jurídica de título exe­

cutivo extrajudicial, b e m c o m o ficará s e m efeito a eventual quitação d o o b ­ jeto o u d o extinto contrato d e trabalho p a s s a d a pelo reclamante.

11. C O N C L U S Ã O

A Lei n. 9.958/00, a o trazer nova redação ao artigo 6 2 5 d a CLT, pro­

porcionou u m importante avanço na solução das controvérsias envolvendo patrões e empregados.

O elevado n ú m e r o de conflitos individuais d e trabalho e m nosso País t e m contribuído para o e m p er ra me nt o d o Poder Judiciário, frustrando a e x ­ pectativa das partes d e u m a solução célere para a s d em a n d a s , e m que p e s e m os esforços d e magistrados e servidores.

T e m o s a certeza de q u e a possibilidade legal d e u m entendimento prévio entre as partes não objetiva substituir a solução estatal das d e m a n ­ das, t a m p o u c o violar o u suprimir direitos trabalhistas, m a s sim criar u m a alternativa para a solução do conflito de m o d o rápido, eficaz e simplificado.

A participação das entidades sindicais neste processo é d e funda­

mental Importância, pois fortalece a atuação junto às suas b ases e aperfei­

ç o a o relacionamento interslndical, criando e sp aç o para o aprimoramento d o s A co rd os e Convenções Coletivas de Trabalho.

C u m p r e à s entidades sindicais a obrigação d e divulgar a m p l a m e n t e junto à categoria o caráter privado d a C C P , b e m c o m o a faculdade d a cele­

bração d o acordo extrajudicial, zelando para q u e s e j a m apreciados e c o n ­ ciliados a p e n a s os conflitos n o âmbito d e sua representação, s e m se imis­

cuir e m d e m a n d a s d e outras categorias o u estranhas a o s objetivos traça­

dos pela lei.

B u s c a n d o corrigir irregularidades q u e foram constatadas e m algumas

C o m i s s õ e s d e Conciliação Previa, e m 5.6.02, foi assinado o T e r m o de

(18)

124 REVISTA D O T R T D A 15» R E G I Ã O — N. 20 — S E T E M B R O , 2002

C o o p e r a ç ã o Técnica n. 001/02 entre o Ministério d o Trabalho e Emprego, o Tribunal Superior d o Trabalho, o Ministério Publico d o Trabalho, as Centrais Sindicais — C G T , S D S e Forca Sindical — e a A s s o c i a ç ã o d o s S I M P I

— Sindicatos d a Micro e P e q u e n a s Indústrias — A S S I M P I , e as Confedera­

ções Patronais — C N C , C NT , C N F e C N A — , c o m a finalidade de promover a ções conjuntas, visando o aprimoramento dos m e c a n i s m o s d e a c o m p a ­ n h a m e n t o das C o m i s s õ e s d e Conciliação Prévia.

C o m o parte d o c om p r o m i s s o firmado entre as referidas entidades foi instituído grupo de trabalho, c o m representantes d e todas as entidades e órgãos anteriormente citados, sob a coordenação d o Ministério d o Traba­

lho e Emprego,'1301 para análise d o t e m a e implantação d e m e c a n i s m o s de auto-regulamentação, a c o m p a n h a m e n t o e avaliação das comissões.131’

O objetivo deste grupo d e trabalho é traçar diretrizes básicas para q u e as C o m i s s õ e s de Conciliação Prévia e m funcionamento e a s q u e vie­

r e m a ser instaladas p o s s a m promover maior eficácia e transparência às s ua s relevantes atividades.

A s experiências b e m sucedidas das C C P d e v e m ser incentivadas, s e n d o louvável a iniciativa inédita do m e n c i o n a d o T e r m o d e C o o p e r a ç ã o Técnica para q u e este m e c a n i s m o extrajudicial de solução d o s conflitos seja p e r m a n e n t e m e n t e aperfeiçoado, s e n d o d e fundamental importância o a c o m p a n h a m e n t o constante das entidades sindicais d e sorte a evitar o desvirtuamento d o s objetivos trazidos pela Lei n. 9.958/00, buscando-se s e m p r e a aplicabilidade d o s princípios d a razoabilidade e d a boa-fé, vi­

s a n d o a construção d e relações trabalhistas m e n o s conflituosas e mais cooperativas.

12. B I B L I O G R A F I A

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(30) Portaria n. 264, d e 5.6.02 d o Ministro d e Estado d o Trabalho e Emprego.

(31) Portaria n. 2, de 12.7.02 d a Secretaria d e Relações doTrabalho, publicada n o O O U — seção 1.

(19)

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Referências

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