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Ciênc. saúde coletiva vol.15 suppl.2

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Academic year: 2018

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Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar: da academia para a sociedade

National Adolescent School-based Health Survey: from the academy to society

Pedro Curi Hallal 1

O artigo de Malta e colaboradores1 descreve os principais resultados da primeira Pesquisa Nacio-nal de Saúde do Escolar (PeNSE). O simples fato de possibilitar uma análise da prevalência de di-versos indicadores de saúde para uma amostra representativa de escolares de todas as capitais brasileiras já transforma a PeNSE numa iniciati-va histórica. No entanto, a perspectiiniciati-va de a PeN-SE ser repetida a cada dois anos, transforman-do-se em um sistema de vigilância, aumenta ain-da mais a sua importância.

A parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) merece os parabéns pela iniciativa e pelo sucesso alcançado. Nesse texto, porém, procu-ra-se destacar o fato de que tanto o inquérito quanto o sistema de vigilância são apenas um passo, existindo ainda um longo caminho a ser trilhado. Ênfase especial é dada à necessidade de que o conhecimento científico produzido supere os muros acadêmicos e chegue à sociedade, por meio de informações em linguagem adaptada à realidade cultural do povo brasileiro, mas prefe-rencialmente por meio de políticas públicas de promoção da saúde, especialmente na escola.

A divulgação dos resultados da PeNSE deve ser planejada estrategicamente. Nesse sentido, a publicação desse suplemento possibilita à comu-nidade científica ter acesso aos resultados do pri-meiro inquérito. No entanto, outras formas de divulgação são igualmente prioritárias. Os re-sultados da PeNSE devem chegar a todas as esco-las brasileiras, numa linguagem simples, adapta-da à realiadapta-dade do público-alvo. A criação de fo-lhetos educativos deve ter a mesma prioridade dada a esse suplemento; é fundamental que o Ministério da Saúde, por meio de sua equipe téc-nica e seus consultores, prepare materiais de qua-lidade para serem divulgados na mídia e entre-gues à população. Professores, pais e alunos de-vem ter acesso aos resultados da pesquisa e, prin-cipalmente, ao que pode ser feito para se lidar com os problemas detectados.

Mais im portante do que a divulgação dos resultados, no entanto, é a necessidade da cria-ção de políticas públicas que priorizem os princi-pais problemas detectados pela PeNSE. Menos

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1 Universidade Federal de Pelotas. prchallal@gmail.com

da metade dos adolescentes estudados realiza uma hora por dia de atividade física. Um quarto deles admitiu já ter experimentado cigarro, o que suge-re que o suge-real percentual deva ser ainda maior2. Mais de 70% já experimentaram álcool, sendo que 27% consomem álcool atualmente. Além dis-so, 8,7% admitiram ter usado drogas ilícitas, o que novamente sugere que o percentual real seja ainda maior. As prevalências elevadas de consu-mo de refrigerantes e guloseimas também estão longe do ideal. Enfim, enfrentar esses problemas de saúde pública é uma prioridade urgente.

Para isso, a promoção da saúde precisa ur-gentemente ser repensada. A abordagem de fa-tores de risco, prevenção de doenças e responsa-bilização individual pelas escolhas com porta-mentais tem se mostrado inócua para realmente promover a saúde da população. O despejo de informações sobre os malefícios do tabagismo, obesidade e sedentarismo não tem sido suficien-te para modificar o comportamento no âmbito populacional. Em adolescentes, tal excesso de in-formações pode até ter efeito contrário, visto que a rebeldia típica da fase pode estimular a opção pelo que é considerado “errado”.

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Referências

Malta DC, Sardinha LM, Mendes I, Barreto S, Giatti L, Rugani I, Moura L, Dias AJR, Crespo C. Vigilân-cia de fatores de risco e proteção de doenças crôni-cas e não transmissíveis em adolescentes no Brasil, 2009. Cien Saude Colet 2010; 15(Supl.2):3009-3019. Malcon MC, Menezes AM, Assunção MC, Neutzling MB, H allal PC. Agreem en t between self-reported smoking and cotinine concentration in adolescents: a validation study in Brazil. J Adolesc Health 2008; 43(3):226-230.

Hoehner CM, Soares J, Par ra Perez D, Ribeiro IC, Joshu CE, Pratt M, Legetic BD, Malta DC, Matsudo VR, Ramos LR, Simões EJ, Brownson RC. Physical activity interventions in Latin America: a systemat-ic review. Am J Prev Med 2008; 34(3):224-233. Barros MV, Nahas MV, Hallal PC, Farias Júnior JC, Florindo AA, Honda de Barros SS. Effectiveness of a school-based intervention on physical activity for high school stu den ts in Brazil: the Sau de n a Boa Project. J Phys Act Health 2009; 6(2):163-169.

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