• Nenhum resultado encontrado

Ciênc. saúde coletiva vol.14 suppl.1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Ciênc. saúde coletiva vol.14 suppl.1"

Copied!
4
0
0

Texto

(1)

1340

B

o

d

st

ei

n

R

e

t

a

l.

3,4 Departamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP. jsyrocha@fmrp.usp.br

oposição a encobrir a interdependência entre os dois subsistemas.

Além do mais, o setor saúde vivencia a deterio-ração das relações, o esvaziamento das corpora-ções e das instituicorpora-ções políticas. A despolitização generalizada se expressa no distanciamento dos profissionais de saúde, especialmente os médicos, do sistema público de saúde. Os profissionais não percebem o SUS como um projeto coletivo da so-ciedade, do qual eles fazem parte e no qual desem-penham uma função estrutural, um papel estraté-gico para que o sistema funcione, “dê certo”. Parci-almente, esta descrença resulta da forma como o poder público vem lidando com estes profissio-nais, no encaminhamento dos processos e na ad-ministração da saúde pública brasileira. Por outro lado, o debate político nos espaços públicos como os conselhos de saúde se encontra cristalizado no

modus operandi e nos discursos repetitivos, e a

atu-ação das entidades de representatu-ação, seja dos pro-fissionais ou da população, engessada por dispu-tas de micropoderes e falsos embates ideológicos que encobrem a ausência de proposições e de au-tonomia para enfrentamento dos verdadeiros en-traves. Estes dizem respeito a qual sistema de

saú-de a sociedasaú-de brasileira está disposta a bancar.

zxvutsrponmligfedcbaUTSRQPONIHFEDCBA

Referências

Cam pos CEA. Exercícios de Adm inistração e

Planeja-mento em Saúde. Tem a: Sistem a Único de Saúde. Sub-tema: Atenção Primária à Saúde-Saúde da Família.

Dis-ciplina de Adm inistração e Planejam ento em Saúde, Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, UFRJ; 2008. [Mim eo].

Conill EM. Sistemas comparados de saúde. In: Cam-pos GWS, Minayo MCS, Akerm an M, Drum ond

Ju-n ior RM, Car valh o YM, or gaJu-n izad ores. Tratado de

saúde coletiva. São Pau lo: H u citec; Rio de Jan eiro:

Fiocruz; 2006. p. 563-614.

Starfield B. Is Prim ary Care Essen tial. Lancet 1994;

344(8930):1129-1133.

Andrade LOM, Bueno ICC, Bezerra RC. Atenção Pri-m ária à Saú de e Estratégia de Saú de da FaPri-m ília In : Campos GWS, Minayo MCS, Akerman M, Drumond

Jun ior RM, Car valho YM, organ izadores. Tratado de

saúde coletiva. São Pau lo: H u citec; Rio de Jan eiro:

Fiocruz; 2006. p. 783-832.

Giovan ella L. A aten ção prim ária à saúde n o países da Un ião Européia. Con figurações e reform as

orga-n izacioorga-n ais orga-n a década de 1990. Cad Saude Publica

2006; (22)5: 951-963.

Conill EM. Ensaio histórico-conceitual sobre a Aten-ção Primária à Saúde: desafios para a organizaAten-ção de serviços básicos e da Estratégia Saúde da Família em

cen tros urban os n o Brasil. Cad Saude Publica 2008;

24(Supl. 1):S7-S27.

OPS/OMS. Renovação da Atenção Prim ária em Saúde

nas Am éricas – Docum ento de posicionam ento da Or-ganização Pan-Am ericana de Saúde /OM S.

Washing-ton, D.C.: OPS/OMS; 2005.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

A atenção básica na construção da saúde

Primary care at health construction

Juan Stuardo Yazlle Rocha 3

Maria do Carmo Gullaci Guimarães Caccia-Bava 4

O trabalho “Programa Saúde da Família no Brasil: uma agenda incompleta?”, de autoria de Maria de Fátima Souza e Edgard Merchán Hamann, pro-põe-se a realizar uma análise longitudinal da expe-riência brasileira nessa área desde a perspectiva de considerar o mesmo um projeto de reorganização da atenção básica. Discutem o significado do PSF diante da realidade de serviços de atenção básica ou de atenção primária à saúde, destacando o sig-nificado de implementar um novo modelo e os principais marcos oficiais do processo de desen-volvimento dessa estratégia. Entre avanços e desa-fios, apontam para as necessidades mais urgentes em termos de incorporação tecnológica, forma-ção da força de trabalho, estabelecimento de no-vos mecanismos e pactos em torno do financia-mento da atenção básica e encaminhafinancia-mento de novas estratégias e tecnologias nos processos de monitoramento e avaliação. Alguns pontos são destacados, como a questão da expansão da co-bertura em grandes centros urbanos, a co-respon-sabilidade do financiamento da atenção básica e a política de capacitação, formação e educação per-manente para o PSF.

Algumas considerações

O título do artigo sugere que os autores atribuiri-am ou focariatribuiri-am na questão da agenda incompleta a razão das dificuldades ou problemas da estrutura e organização dos serviços de atenção básica no país. Eles tratam de várias questões outras e tam-bém de várias agendas: das agendas oficiais (de

(2)

1341

C

n

ci

a &

S

d

e C

o

le

tiv

a, 1

4

(S

u

p

l. 1

):1

3

3

6

-1

3

4

5

, 2

0

0

9

municípios, estados e União), das agendas dos ato-res sociais – movimento sanitário, a tecnocracia da saúde, grupos acadêmicos da saúde coletiva, entre outros. O SUS – mais que a Saúde Coletiva – é resultante da somatória de forças sociais, como as referidas antes, muitas vezes assíncronas, divergen-tes e até conflitandivergen-tes. Tecnicamente é fácil encontrar textos especializados – como o de Starfield, para ficar num dos autores citados – que sistematizam e apresentam um todo organizado e coerente acerca da atenção primária e saúde da família e que cons-tituem importantes referenciais para a implanta-ção de serviços e projetos. Como é sabido, não há prática sem uma teoria que a oriente – todavia, desenvolver um projeto ou programa não é uma tarefa técnica apenas (domínio dos conteúdos e reu-nião e aplicação dos recursos necessários), mas principalmente política – conseguir que os “outros” queiram o nosso projeto ou proposta (ou o ado-tem ou adiram a ele/ela) como se deles fosse. Esta é a principal dificuldade, nem sempre suficientemen-te compreendida, que marca a agenda da constru-ção do SUS. O SUS se desenvolve e avança na medi-da em que os atores sociais (técnicos, políticos, aca-dêmicos) coincidem ou convergem em cada passo ou etapa. Daí também observarmos, por vezes, aparentes “atrasos” ou descompassos no processo de construção do SUS. Tal é a explicação, certamen-te, para o fato que a Conferência de Alma Ata enun-ciou as diretrizes da atenção primária em 1978 – de conhecimento das áreas acadêmicas e objeto do desejo de muitos militantes da saúde – e apenas em 1994, dezesseis anos depois, teve início a implanta-ção do PSF como política pública – descontados alguns esforços restritos, citados pelos autores, no estado do Ceará, na cidade de São Paulo e outros lugares. Construir o consenso em torno da necessi-dade de mudar o modelo de assistência, aceitar que deveria haver uma porta de entrada acessível para uma população de referência conhecida, com seus problemas de saúde conhecidos e avaliados de for-ma a fundamentar um planejamento e prografor-ma- programa-ção de ações é, afinal, o passo mais importante para a transformação das práticas na assistência à saúde da população. Aceitos os preceitos, temos então a agenda – e, como já foi dito, o homem só se propõe problemas que (quando) ele pode resolver.

Uma segunda consideração é que a atenção bá-sica e a saúde da família não podem descolar-se do processo de desenvolvimento do SUS, pois não possuem autonomia para tanto. Queremos dizer que, antes da descentralização, da solução dos re-passes fundo a fundo, do desenvolvimento dos modelos de gestão e definição das atribuições assis-tenciais de responsabilidade dos municípios, que

configuram o cenário de definição da área da saúde na esfera municipal, dificilmente haveria outros avanços – fossem focais ou parciais. Cabe lembrar que, tendo em vista a autonomia dos entes federa-dos que conformam o Brasil, a adesão a modelos ou projetos passa em muito pela construção de uma hegemonia no pensar e fazer saúde – tarefa que de forma nenhuma pode ser subestimada. Outra vez, devemos reconhecer que antes destas questões es-tarem estabelecidas, houve cidades e municípios, com parcerias acadêmicas ou não, que de forma pioneira iniciaram projetos de construção de um novo modelo de atenção primária à saúde, inspira-dos nos conhecimentos e experiências de outros países, principalmente. Mas foi somente após a su-peração dessas etapas que se abriu a possibilidade de estruturar políticas de atenção básica que reque-rem, entre outras coisas, o devido suporte institucio-nal, como a criação do DAB/SAS/MS. Isto posto, a agenda do desenvolvimento da atenção básica e saúde da família passou a ser exigência do desen-volvimento do Sistema Único de Saúde como um todo e os primeiros produtos viriam no bojo da NOB 96 – que instituiu a descentralização (munici-palização) e os modelos de gestão dos sistemas municipais de saúde, definiu os repasses fundo a fundo de recursos per capita (como citado) e a

sus-pensão do pagamento de atendimentos básicos em serviços regionais de saúde. Criou, pois, as condi-ções para a proposição sistematizada da organiza-ção da atenorganiza-ção básica – Portaria no 3.925 de 13/11/

1998 e Manual de Organização da AB no SUS. En-tretanto, a consolidação deste avanço requeria es-tabelecer a definição de atribuições entre serviços municipais (primordialmente de atenção básica) e os de caráter regional, divisão de tarefas na saúde entre órgãos municipais e estaduais, definição que viria com a NOAS 2001 e NOAS 2002, que explicita-ram atribuições na atenção básica, média e alta complexidade, passando a primeira a ser atribui-ção precípua dos governos municipais. Como não chegam a trezentos os municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes, para a imensa maioria dos municípios, a saúde se resume aos serviços ou sistema municipal de saúde, isto é, a atenção pri-mária. Os níveis assistenciais – a atenção básica, a média e alta complexidade – estarão presentes em poucos municípios que, no entanto, concentram a maior parte da população do país. Ali se coloca a questão da articulação entre os diferentes níveis as-sistenciais e o avanço do SUS passa a requerer a superação da questão local-regional ou atenção básica versus especialidades – e a regionalização

(3)

1342

B

o

d

st

ei

n

R

e

t

a

l.

com diferença de apenas dois dias, em março de 2006, são editadas duas novas Portarias: a 648 de 28/03/2006 que define a Política Nacional de Aten-ção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agen-te Comunitários de Saúde (PACS), onde reafirma o conceito da atenção básica e explicita que deva ser desenvolvida por meio do exercício de práticas geren-ciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados. Podemos concordar

facilmente com a citação de Campos et al.1, que

assinala o caráter original e inédito do modelo bra-sileiro de PSF devido ao trabalho multiprofissional e em equipe – embora seja muito mais original e inovadora a concepção da saúde a partir da PT 699 de 30/03/2006 que fixou as Diretrizes Operacionais do Pacto pela Vida e de Gestão. Mais do que a cri-ação do Teto Financeiro do Bloco da Atenção Bási-ca – soma das partes fixa e variável do Piso da Aten-ção Básica – o Pacto de Gestão conduz os municí-pios a dialogarem entre si e com o Estado, reconhe-cendo as dificuldades e possibilidades de cada um para, a partir daí, integrar ações e compartir recur-sos mediante compromisso público, apreciado e aprovado pelos respectivos Conselhos de Saúde, resultando nos Termos de Compromisso de Ges-tão dos municípios e estados – sem necessidade de mecanismos legais do tipo convênios ou contratos, mas de verdadeiros pactos políticos pela saúde.

Esses espaços de interlocução entre as três esfe-ras de gestão abrem a possibilidade de se articular medidas de superação para o desfinanciamento sis-temático que o SUS vem enfrentando desde a dé-cada de noventa, com desdobramentos para o fi-nanciamento da atenção básica e saúde da família. Vale lembrar que logo no seu início deixaram de ser destinados ao setor saúde os 30% do orçamen-to da Seguridade Social, a fonte de receita previ-denciária, e a CPMF vai de adicional a substitutiva, passando pelo desenho final da Emenda Consti-tucional 29, que permitiu clara retração da partici-pação da esfera federal em relação às demais. Sua não regulamentação levou, só no ano de 2005, a que dezessete estados e 430 municípios deixassem de investir o mínimo legal exigido para a saúde. Seu descumprimento pela União e estados signifi-cou, de 2000 a 2004, uma perda de R$ 7,2 bilhões, de acordo com Mendes2. Em outras palavras, não

se pode esperar que a atenção básica e o PSF se financiem frente ao desfinanciamento do SUS.

Uma terceira consideração diz respeito à neces-sidade de expansão da cobertura nos grandes

cen-tros urbanos e às dificuldades apontadas para rea-lizar tal tarefa2-4: a existência e predomínio de

mo-delos tradicionais de atenção básica e de progra-mas verticalizados que dificultam a superação do modelo assistencial vigente5 – centrado na

assis-tência a doenças, à demanda e calcado no trio mé-dicos-equ ipam en tos-m edicam en tos – cen ário onde se desenrolam os embates políticos partidá-rios, os interesses corporativos mais o subfinanci-amento geral da assistência. A verdade é que, onde foram feitas tentativas de implantar serviços de atenção básica baseados no PSF e PACS, não foi possível demonstrar – à população usuária e aos gestores responsáveis – a vantagem marginal do modelo PSF quando comparado aos sistemas tra-dicionais – ou houve ligeira vantagem, visível para os olhos técnicos e menos perceptível para os usuá-rios6 – vantagem esta quanto à porta de entrada ao

sistema e ao vínculo com o profissional, mas pou-co aceita quanto à acessibilidade. Ou seja, se o mo-delo não oferece vantagens do lado financeiro (o subsídio federal é insuficiente) mas ao contrário demanda mais recursos, também não consegue seduzir a maioria da população que não enxerga nele um modelo superior ao tradicional.

Viabilizar a assistência integral, humanizada e resolutiva requer um processo de trabalho em saúde articulado intra e inter equipes de saúde, na pers-pectiva da construção das linhas de cuidado. Nes-se Nes-sentido, a Educação Permanente (EP) pode Nes-ser um forte disparador para a construção desse pro-jeto técnico, ético e político, ao superar a mera aqui-sição cumulativa de informações por parte do tra-balhador para problem atizar e transform ar, de forma sistemática, o processo e a organização do trabalho em saúde.

No que diz respeito à formação dos futuros profissionais, há que se destacar algumas políticas indutoras de mudanças realizadas de forma arti-culada pelos ministérios da Saúde e da Educação, como o Pró-Saúde e, mais recentemente, o Pet Saú-de, que valorizam os saberes existentes na rede as-sistencial e permitem incorporar à formação aca-dêmica a lógica do SUS.

Finalmente, concordamos com Campos1 que

no debate com Conill7 reconhece que ainda há

“ ‘desafios’ teóricos e operacionais – problemas de extensão, de intensidade e de sustentabilidade – à implementação de uma rede de atenção básica no Brasil”.

(4)

1343

C

n

ci

a &

S

d

e C

o

le

tiv

a, 1

4

(S

u

p

l. 1

):1

3

3

6

-1

3

4

5

, 2

0

0

9

ou encaminhamento dos problemas da saúde em geral e da atenção básica em particular. Como se-ria de esperar, ela não segue a racionalidade técnica da construção de um sistema de atenção básica, mas o caminho do possível, percurso técnico e político para sustentar o desenvolvimento do Sis-tema Único de Saúde.

Referências

Campos GWS. Suficiências e insuficiências da

políti-ca para a Atenção Básipolíti-ca no Brasil. Cad Saude Publica

2008; 24(Supl. 1):S17-S19.

Men des A. Financiam ento, gasto e gestão do SUS: a

gestão descentralizada semiplena e plena do sistema mu-nicipal do Estado de São Paulo (1995-2001) [tese].

Cam-pinas (SP): Instituto de Econom ia, Universidade Es-tadual de Cam pinas; 2005.

Viana ALD, Rocha JSY, Elias PE, Ibañez N, Bousquat A. Aten ção Básica e din âm ica u r ban a n os gr an des

municípios paulistas, Brasil. Cad Saude Publica 2008;

24:579-590.

Ibañez N, Rocha JSY, Castro PC, Ribeiro MCSA, Fors-ter AC, Novaes MH D, Vian a ALD. Avaliação do de-sempenho da atenção básica no Estado de São Paulo.

Cien Saude Colet 2006; 11(3):683-704.

Vian a ALD, Rocha JSY, Elias PE, Ibañ ez N, Novaes MHD. Modelos de Atenção Básica nos grandes municí-pios paulistas: efetividade, eficácia, sustentabilidade e

governabilidade. Cien Saude Colet 2006; 11(3):577-606.

Elias PEM, Ferreira CW, Alves MCG, Cohn A, Kishi-m a V, Escr ivão A, Go Kishi-m es A, Bou squ at A. Aten ção Básica em Saúde: com paração en tre PSF e UBS por estrato de exclusão social no m unicípio de São Pau-lo. Cien Saude Colet 2006; 11(3):633-642.

Conill EM. Ensaio histórico-conceitual sobre a Aten-ção Primária à Saúde: desafios para a organizaAten-ção de serviços básicos e da Estratégia Saúde da Família em

cen tros urban os n o Brasil. Cad Saude Publica 2008;

24(Supl. 1):S7-S16. 1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

Os autores respondem

The authors reply

Quinze anos de uma agenda em construção: diálogos sobre o PSF no Brasil

Fifteen years of a building agenda:

dialogues about the Family Health Program (PSF) in Brazil

Em dezembro de 2006, encaminhamos para a re-vista Ciência & Saúde Coletiva o manuscrito inti-tulado “O Programa Saúde da Família no Brasil: uma agenda incompleta”, que foi aprovado já no

formato de artigo. Ora apresenta-se oportunamen-te como um “instrumento” motivador de abertura de diálogos entre tantas formas de pensar e ver essa estratégia no Brasil. Agradecemos os editores e pareceristas da revista pelo incentivo à ampliação da reflexão em torno das várias dimensões que circunscrevem o PSF no âmbito do SUS. Nossos agradecimentos são extensivos em igual medida aos docentes e pesquisadores Maria de Lourdes Tavares Cavalcanti, Regina Bodstein, Juan Yazlle Rocha e Maria do Carmo Caccia-Bava pelas con-cisas apreciações e agudas reflexões que certamen-te serão valiosas não só para o debacertamen-te em torno do PSF, mas também para a conjuntura atual no to-cante aos desafios para a consolidação do SUS após vinte anos de base legal.

Os comentários dos autores acima menciona-dos ressaltaram algumas dimensões das quais tra-tava do artigo original, por exemplo, a dimensão da política; a expansão e qualificação do PSF nos grandes centros urbanos; o financiamento da aten-ção básica no âmbito do SUS; a capacitaaten-ção, for-mação e educação permanente para o pessoal do PSF e, finalmente, sobre monitoramento/avalia-ção da política de atenmonitoramento/avalia-ção básica.

A necessidade de implantar o PSF no Brasil constituiu, desde sua origem, uma iniciativa con-tra-hegemônica ao modelo tradicional na forma de ofertar as ações e os serviços de saúde, ainda que alguns formadores de opinião tenham consi-derado essa implantação como uma estratégia di-rigida exclusivamente a populações de baixa renda e às regiões em desenvolvimento. Tal posiciona-mento gerou uma polêmica circular sobre a dico-tomia focalização - universalização, o que não ini-biu a implantação, por parte dos gestores do SUS, do PSF em áreas prioritárias de exclusão sócio-sanitária. Foram respeitadas, ademais, as diferen-ças entre os sujeitos e suas complexas situações nos processos de adoecimento, morte e cuidados. O fato de ter sido inicialmente dirigido à redução da mortalidade materno-infantil em populações excluídas, objetivo de fato alcançado, principalmen-te no Nordesprincipalmen-te, não exclui a possibilidade de se atingir o desejo de equidade: tratando de maneira diferente os diferentes, os coloca na condição de igualdade. Nesse sentido, resgatamos as palavras de Boaventura Santos1, quando afirma: “temos o

direito de ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza, e temos o direito de ser diferente sem-pre que a igualdade nos descaracteriza”.

Referências

Documentos relacionados

Foram encontradas, também, as pes- quisas de Soares (2007), sob o título “O Sistema Nacional de Avaliação da Educa- ção Superior e a Gestão Estratégica das

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

As rimas, aliterações e assonâncias associadas ao discurso indirecto livre, às frases curtas e simples, ao diálogo engastado na narração, às interjeições, às

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Sou aluno do curso de Mestrado Profissional do Programa de Pós-graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública PPGP - CAED - UFJF e desenvolvo

A presente dissertação foi desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e

continua patente a ausência de uma estratégia de desenvolvimento sustentável, o que poderá ser consequência ser tão insignificante que tal preocupação ainda não se

Dentro de uma estrutura atuarial, a plataforma do Tesouro Direto é utilizada como fundamento para a implementação de um sistema apto a proteger os valores dos participantes,