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An. mus. paul. vol.12 número1

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Academic year: 2018

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Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v.12. p. 33-34. jan./dez. 2004.

Comentário III

Carlos Fadon

Fotógrafo

Além do horizonte: disseminação e controle de informação

Os acervos fotográficos pertencentes a arquivos, bancos de imagens, bibliotecas, centros de documentação, coleções, etc. até um passado recente lidavam com a conservação, reprodução (“duplicação”) em base química, catalogação manual e consulta local – o pano de fundo certamente é a memória e a condição humana.

Transformações culturais impuseram paulatinamente a renovação de metodologias de pesquisa e de recuperação de informação assim como sua informatização. Elas trouxeram a reprodução e o armazenamento em base eletrônica, também expandiram o acesso e a distribuição em modo remoto. Observa-se ainda a acentuação do caráter interdisciplinar dessas metodologias e o perfil multidisciplinar das equipes profissionais, ao lado da mudança qualitativa do atendimento ao público leigo e especializado.

Tal moldura se aplica, em geral, a acervos em instituições públicas e privadas, com recorte histórico ou contemporâneo, quase que de forma independente de seu porte, porém com ênfase variável segundo o país e o contexto sociocultural.

Significativamente, as questões relativas à fotografia como fonte histórica e à própria história da fotografia vêm sendo discutidas em diferentes colóquios e por meio de proposições e reflexões metodológicas (KOSSOY, B. 2001a; FONTCUBERTA, J. 2003).

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e materiais e sua capacitação gerencial – não são portanto poucos os desafios. Tais situações têm sido objeto de estudo por organizações tradicionais, como o Image Permanence Institute (www.rit.edu). O redemoinho tecnológico evidencia a inefável obsolescência dos sistemas versusa resiliência do arcabouço conceitual de pesquisa e a engenhosidade de um planejamento realista.

Por conta de fatores culturais e econômicos, a aquisição e a concentração de acervos de valor histórico – lembrando que o estoque de imagens do passado é limitado (artefato fotográfico fica assimilado a uma mercadoria) – lançam uma sombra sobre o futuro face o inerente risco de controle. Não são poucos os conflitos daí derivados, como por exemplo o affaire Sygma/Corbis (http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/asp2702200297.htm).

Alguns fatos revelam o lado frágil dos acervos, entre eles estão a prática (tática) artística de apropriação de imagens, anônimas ou não, em coleções públicas e o discurso pró-eliminação de arquivos fotográficos (Joachim Schmid, no evento Panoramas da Imagem, 1996) – em que se detecta novamente a condição de mercadoria. Entretanto, outros fatos se contrapõem: a integração e a intercomunicação de acervos por exemplo, o Sistema Nacional de Fototecas do México (www.sinafo.inah.gob.mx). Além disso, os acervos postos em base eletrônica e digital podem ser multiplicados, ganham portabilidade e se franqueado o acesso on-line permitem, em tese, a expansão das pesquisas – impulsionando a sistematização do conhecimento – em contraposição a tradição/lenta circulação do documento em papel e do cerceamento ao acesso que prevalece em alguns círculos.

Está sempre presente a sedução/ameaça da manipulação – a criação de versões da História, senão de uma cultura amestrada. Tal reside em reanimar figuras, reaproveitar cenários, reencarnar eventos e remanufaturar a imagem (oculta por vezes na “restauração digital”). O material do acervo se torna um pretexto segundo um viés ideológico – já que ninguém fala pelos mortos (personagens, eventos, cenários e autores), a não ser a ética do pesquisador ou curador. Trata-se de aproximar os acervos fotográficos a “geladeiras da memória”, como assinalado por Kossoy (2001b).

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