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Academic year: 2018

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Radiol Bras. 2017 Nov/Dez;50(6):VI

VI

0100-3984 © Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem

Editorial

Aspectos de imagem do sistema nervoso central

na dengue

Imaging aspects of the central nervous system in dengue

Nina Ventura1

1. Médica Radiologista da DASA e do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Nie-meyer, Rio de Janeiro, RJ, Professora de Radiologia da Universidade Federal Flumi-nense (UFF), Niterói, RJ, Brasil. E-mail: niventuraa@gmail.com.

A dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus RNA da família Flaviviridae,gênero Flavivirus, que apresenta qua-tro sorotipos (DEN1 a DEN4) e é transmitida aos seres humanos especialmente pelo mosquito Aedes aegypti(1). Nos últimos 50 anos, a incidência de dengue aumentou 30 vezes, com ampliação da expansão geográica para novos países. Estima-se que 50 mi -lhões de infecções por dengue ocorram anualmente e que aproxi-madamente 2,5 bilhões de pessoas morem em países onde esta doença é endêmica(1).

As principais manifestações clínicas são mialgias, artralgias,

rash cutâneo, vômitos e náuseas, e as complicações mais comuns são dengue hemorrágica e choque(2). As manifestações neurológi-cas centrais são encontradas em neurológi-casos graves e são geralmente subdivididas em: a) encefalopatia secundária ao acometimento sistêmico, por choque, hipóxia, hiponatremia, falências renal e/ou hepática; b) encefalite por invasão direta do vírus; c) desmieliniza-ção ou vasculite imunomediadas(3,4). Acredita-se que os sorotipos DEN2 e DEN3 estejam diretamente relacionados ao acometimento neurológico(4). Os critérios diagnósticos da encefalite por dengue compreendem dados clínicos compatíveis com encefalopatia fe-bril, anticorpos IgM e/ou PCR positivos para dengue no sangue ou no líquor e exclusão de outras causas de encefalite viral(4).

Apesar de a ressonância magnética (RM) ser o principal método na avaliação do dano neurológico causado pelo vírus da dengue, há poucos relatos descrevendo os seus aspectos de ima-gem. As principais alterações relacionadas à encefalite são pouco especíicas e incluem hipersinal bilateral em T2 e FLAIR, vistas especialmente na região gangliotalâmica. Focos de restrição à di-fusão e discretas áreas de realce pelo meio de contraste também podem ser observados. Outras possíveis regiões acometidas são os hipocampos, a ponte, o cerebelo e o corpo caloso(5–7). Micro- hemorragias podem ocorrer em pacientes com encefalite aguda hemorrágica e são mais bem demonstradas nas sequências gra-diente(8). Alterações da substância branca, especialmente periven-triculares, podem ser encontradas em processos desmielinizantes imunomediados(8). Raramente, vasculite secundária à infecção por

dengue pode se manifestar com infartos focais(9). Estes achados não são especíicos da infecção pelo vírus da dengue e deve-se fa -zer o diagnóstico diferencial, especialmente com outras encefalites virais e com a acute disseminated encephalomyelitis (ADEM). Além disso, pacientes com encefalite e especialmente com encefalopa-tia por dengue podem apresentar RM normal(8).

No número anterior da Radiologia Brasileira, Jugpal et al.(10) apresentam os achados na RM de crânio de nove pacientes com manifestações neurológicas por dengue, corroborando os acha-dos descritos na literatura. As principais alterações encontradas foram hipersinal em T2 e FLAIR, restrição à difusão e focos de sangramento predominantemente na região gangliotalâmica. Os autores também revisam as alterações de imagem dos principais diagnósticos diferenciais, como a encefalite japonesa, a encefalite por herpes e a ADEM, assinalando os achados que favorecem um ou outro diagnóstico.

Apesar de não haver tratamento especíico para a dengue, o conhecimento dos principais achados de RM em pacientes com sintomas neurológicos é essencial para o reconhecimento precoce da forma grave desta doença, permitindo o tratamento sintomático e prevenindo complicações.

REFERÊNCIAS

1. Bhatt S, Gething PW, Brady OJ, et al. The global distribution and burden of den -gue. Nature. 2013;496:504–7.

2. Rodriguez-Roche R, Gould EA. Understanding the dengue viruses and progress towards their control. Biomed Res Int. 2013;2013:690835.

3. Puccioni-Sohler M, Soares CN, Papaiz-Alvarenga R, et al. Neurologic dengue

manifestations associated with intrathecal speciic immune response. Neurol -ogy. 2009;73:1413–7.

4. Carod-Artal FJ, Wichmann O, Farrar J, et al. Neurological complications of

den-gue virus infection. Lancet Neurol. 2013;12:906–19.

5. Bhoi SK, Naik S, Kumar S, et al. Cranial imaging indings in dengue virus infec -tion. J Neurol Sci. 2014;342:36–41.

6. Wasay M, Channa R, Jumani M, et al. Encephalitis and myelitis associated with dengue viral infection. Clinical and neuroimaging features. Clin Neurol Neuro-surg. 2008;110:635–40.

7. Garg RK, Rizvi I, Ingole R, et al. Cortical laminar necrosis in dengue encephali-tis—a case report. BMC Neurol. 2017;17:79.

8. Garg RK, Malhotra HS, Jain A, et al. Dengue encephalopathy: very unusual

neu-roimaging indings. J Neurovirol. 2017;23:779–82.

9. Nanda SK, Jayalakshmi S, Mohandas S. Pediatric ischemic stroke due to dengue vasculitis. Pediatr Neurol. 2014;51:570–2.

10. Jugpal TS, Dixit R, Garg A, et al. Spectrum of indings on magnetic resonance im -aging of the brain in patients with neurological manifestations of dengue fever. Radiol Bras. 2017;50:285–90.

Referências

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