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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL VENDA NOVA DO IMIGRANTE ES

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

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Sumário

1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) ... 3

1.1O Capítulo 36 da Agenda 21 ... 5

2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO ... 8

2.1 Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao Desenvolvimento Sustentável ... 10

3 ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE ... 10

3.1A Década no Contexto da Globalização... 11

3.2Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino... 11

4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E INTERPRETAÇÕES ... 12

4.1Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável ... 13

4.2Educação e sustentabilidade ... 15

5 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L ... 17

5.1O Nível Genético ... 18

5.2Nível De Espécies ... 19

5.3Estado da Conservação da Flora e da Fauna ... 21

5.4Os Principais Ecossistemas Brasileiros ... 22

6 ENERGIA SUSTENTÁVEL ... 47

6.1Fontes renováveis de energia elétrica ... 49

7 O PRINCÍPIO DOS TRÊS ERRES (3R’S) NA LEI Nº 12.305/2010: REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR ... 55

7.1A participação popular... 57

7.2 Educação ambiental e sua importância para a implementação da lei nº 12.305/2010...58

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8.1Soluções Utilizadas para a Questão Hídrica ... 62

8.2 Gestão de resíduos sólidos... 66

8.3 Classificação dos resíduos sólidos ... 67

8.4 Outros tipos de resíduos sólidos ... 74

8.5 Resíduos industriais ... 74

8.6 Impactos Causados pela Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos ... 76

8.7 Doenças Causadas Devido à Disposição Inadequada dos Resíduos Sólidos...77

8.8Reciclagem: a indústria do presente ... 78

8.9 Para onde vai o lixo? ... 79

9 CULTURA E SUSTENTABILIDADE EM FOCO: A CULTURA DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ... 85

9.1 Ambiente, Cultura e Sustentabilidade ... 86

9.2 Cultura, produto do desenvolvimento do homem ... 87

9.3 A Cultura da Sustentabilidade Ambiental ... 87

9.4 Técnicas para Elaboração e Avaliação de Projetos Sustentáveis ... 88

10 O MEIO AMBIENTE E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ... 91

10.1 As Diferentes Concepções de Educação e de Educação Ambiental ... 92

10.2 Olhares e Práticas diferenciadas na Educação Ambiental... 92

10.3 A construção do campo educativo-ambiental e o compromisso com a sociedade...93

10.4Educação Ambiental Popular ... 95

10.5 Educação Ambiental Crítica ... 97

10.6 A Metodologia Participativa como Ferramenta para a Educação Ambiental Crítica...99

10.7O Saber Ambiental ... 100

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3

1 A EVOLUÇÃO HISTÓRIA E TEÓRICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA)

O conceito de Educação Ambiental é mais antigo que o conceito de Educação para o Desenvolvimento Sustentável e, nos últimos anos, tem havido muita discussão sobre as inter-relações entre estes dois conceitos. O conceito de EA surgiu com a própria UNESCO, em 1946, mas foi reforçado em 1975, na Carta de Belgrado (UNESCO, 1975). Nessa Carta, afirmava-se que a meta da EA é formar uma população consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas a ele associados e que seja capaz de trabalhar para resolver os problemas existentes e para evitar que surjam outros (LEITE & DOURADO,2015).

Nos finais da década de 1980 e inícios da década de 1990 começou a emergir uma nova concepção de Educação que viria a designar-se como Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS).

Em 1997, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, em Tessalónica, Grécia, considerou que os resultados da implementação das diversas orientações sobre EA tinham sido insuficientes e realçou a necessidade de uma educação voltada ao Desenvolvimento Sustentável (LEITE & DOURADO,2015).

No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, em seu Artigo 1º estabelece que "entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade"(IATO, et al, 2014) .

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4

Imagem: Conferência de estolcomo

Fonte: www.profes.com.br

A Assembleia Geral das Nações Unidas com base na resolução n° 57/254 instituiu a “Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável” (2005-2014) com o propósito de estimular estratégias articuladas que permitissem à educação respostas às crises ambiental, social e econômica. Criaram-se assim condições que encorajaram os Estados-membros da ONU (entre eles o Brasil) a promoverem a integração dos valores do desenvolvimento sustentável em todas as formas de aprendizagem, abrindo perspectivas de diálogo entre os parceiros empenhados e com responsabilidades na construção de sociedades mais equilibradas ambiental, social e economicamente (IATO, et al, 2014).

Segundo Barreto, & Vilaça, (2018), atualmente a educação ambiental é frequentemente complementada com ‘para a sustentabilidade’, sendo um tema relevante e prioritário nas discussões de diversas instituições governamentais e não governamentais. Assim a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) traz consigo elementos complementares àquela visão de EA apenas sob a vertente ambiente, aproximando da discussão elementos como sociedade e economia.

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5 problemas econômicos sociais e ambientais, bem como para a análise de ações educativas capazes de minorá-los e ou evitá-los, de uma forma sustentada (LEITE & DOURADO,2015).

Para dar cumprimento a esse propósito, um dos objetivos do programa da disciplina requer a análise das diversas perspectivas sobre EA e EDS, bem como a análise dos significados desses conceitos e das suas inter-relações, uma vez que, como já mencionado, não existe consenso absoluto sobre esse assunto.

1.1 O Capítulo 36 da Agenda 21

A Agenda 21 entendeu a "Promoção do treinamento" como um dos instrumentos mais importantes para desenvolver recursos humanos e facilitar a transição para um mundo mais sustentável, devendo ser dirigido a profissões determinadas e visar preencher lacunas no conhecimento e nas habilidades que ajudarão os indivíduos a achar emprego e a participar de atividades de meio ambiente e desenvolvimento.

Segundo a Agenda 21, ao mesmo tempo, os programas de treinamento devem promover uma consciência maior das questões de meio ambiente e desenvolvimento como um processo de aprendizagem de duas mãos. A "Promoção de treinamento" tem os seguintes objetivos:

1) estabelecer ou fortalecer programas de treinamento vocacional que atendam

às necessidades de meio ambiente e desenvolvimento com acesso assegurado a oportunidades de treinamento, independentemente de condição social, idade, sexo, raça ou religião;

2) promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, que

possa enfrentar os problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as mudanças ocasionadas pela transição para uma sociedade sustentável;

3) fortalecer a capacidade nacional, particularmente no ensino e treinamento

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6

4) assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam

integradas a todos os níveis administrativos e todos os níveis de manejo funcional, tais como marketing, produção e finanças.

A partir da publicação do relatório Nosso futuro comum, produzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cmmad), a expressão desenvolvimento sustentável passou a ser difundida e tornou-se popular, com a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (Cnumad), realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (BARBIERI e SILVA, 2011).

A Agenda 21, documento aprovado durante a Conferência do Rio de Janeiro, é um programa de ação abrangente para guiar a humanidade em direção a um desenvolvimento que seja ao mesmo tempo socialmente justo e ambientalmente sustentável. Ela é constituída por 40 capítulos, dedicados: às diversas questões sociais e ambientais de caráter planetário (erradicação da pobreza, proteção da atmosfera, conservação da biodiversidade etc.); ao fortalecimento dos principais grupos de parceiros para implantar as ações recomendadas (ONGs, governos locais, comunidade científica e tecnológica, sindicatos, indústria e comércio etc.); e aos meios de implementação, como mecanismos financeiros, desenvolvimento científico e tecnológico, cooperação internacional e a promoção do ensino (BARBIERI e SILVA, 2011).

Após a Eco-92, merecem menção, na discussão das ideias da educação ambiental, o "Congresso Mundial para Educação e Comunicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento", Toronto, Canadá (1992) e o "I Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: uma estratégia para o futuro", Guadalajara, México (1992), que se manifestaria em sequência, nos seguintes eventos: "II Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: em busca das marcas de Tbilisi", Guadalajara, México (1997); "III Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: povos e caminhos para o desenvolvimento sustentável", Caracas, Venezuela (2000); "IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: um mundo melhor é possível", Havana, Cuba (2003) e "V Congresso Iberoamericano de Educação Ambiental", Joinville, Brasil (2006).

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7 seu preâmbulo que as recomendações da Conferência de Tbilisi ofereceram os princípios fundamentais desse capítulo, uma análise de seu texto mostra que ele foi muito mais influenciado pela Conferência Mundial do Ensino para Todos para a Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizado, realizada em Jomtien, Indonésia, em 1990. Com efeito, apenas uma única menção foi feita à EA em todo o texto do Capítulo 36. Esse fato mostra uma mudança de trajetória no âmbito das conferências intergovernamentais promovidas pela ONU e nos documentos produzidos por elas. A Declaração de Jomtien reafirma a ideia da educação como um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro, e que pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, ao mesmo tempo que favoreça o progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional. A Declaração reconhece que uma educação básica adequada é fundamental para fortalecer os níveis superiores de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, para alcançar um desenvolvimento autônomo. A educação básica é considerada, de modo amplo, como satisfação das necessidades de aprendizagem ao longo de toda a vida para todos (UNESCO, 1990).

A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS) foi criada em 1992 para acompanhar e avaliar a implantação das áreas de programas e atividades recomendadas pela Agenda 21 e a cooperação internacional relacionada com elas. A coordenação das atividades do Capítulo 36 da Agenda ficou a cargo da Unesco, que promoveu uma iniciativa internacional denominada Educação para o Futuro Sustentável (EPS), em 1994, com o propósito de reforçar os objetivos, as propostas e as recomendações constantes nesse capítulo e nas conferências mencionadas (BARBIERI e SILVA, 2011).

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2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO CRÍTICA AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: NOTAS SOBRE O MÉTODO

Segundo Leher (2016), a matriz discursiva dessa orientação é o desenvolvimento sustentável que, a rigor, não é um conceito científico, mas, sobretudo, uma ideologia penetrante e indispensável ao capital, em um contexto em que os problemas socioambientais alcançam perigosa escala planetária e as resistências se ampliam. Está fora de questão que a eficiência energética e o controle dos resíduos avançaram de modo extraordinário nas últimas décadas, repercutindo de modo positivo em determinados indicadores ambientais e em certos territórios. Entretanto, é a lógica destrutiva do capital – materializada no desenvolvimento desigual do capital nos territórios – que calibra a forma de consumo de energia, o custo possível das mercadorias e define a escala de circulação das mesmas em âmbito planetário.

A opção por um método que converte o Estado em unidade de análise bastante em si inevitavelmente leva à reiteração da ordem e ao reforço da institucionalidade vigente. Muitos estudos e pesquisas, ao focalizarem a análise interna desses documentos, concluem que existe uma polarização nas concepções sobre a problemática ambiental, como se houvesse um corte epistemológico entre o culto à vida silvestre e o eco cientificismo. A rigor, os dois enfoques possuem pressupostos comuns, conforme argumento adiante, ao examinar o Instituto (LEHER, 2016).

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Antes de seguir a análise, uma rápida explicitação dos termos é necessária:

 Culto à vida silvestre, orientação que busca se referenciar na ecologia – políticas que em geral resultam na delimitação de parques e áreas de preservação ambiental e da biodiversidade. Muitas dessas medidas são patrocinadas por organizações não governamentais de âmbito mundial, financiadas por corporações e, muito frequentemente, buscam regulamentar as reservas a despeito de conflitos com os povos que nelas vivem.

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9 contaminação. Se valem de proposições como desenvolvimento sustentável, modernização ecológica e indústrias verdes, validadas por selos de sustentabilidade ambiental. Essas proposições poderiam ser implementadas, na prática, por meio de impostos que levassem em consideração a variável ambiental, o uso de mercados de permissão de emissões e pelo desenvolvimento de tecnologias que economizassem energia e recursos naturais, por meio de formas mais eficientes e complexas de reciclagem: a ideia chave é a mitigação dos efeitos socioambientais da produção capitalista.

A matriz discursiva dessa orientação é o desenvolvimento sustentável que, a rigor, não é um conceito científico, mas, sobretudo, uma ideologia penetrante e indispensável ao capital, em um contexto em que os problemas socioambientais alcançam perigosa escala planetária e as resistências se ampliam. Está fora de questão que a eficiência energética e o controle dos resíduos avançaram de modo extraordinário nas últimas décadas, repercutindo de modo positivo em determinados indicadores ambientais e em certos territórios. Entretanto, é a lógica destrutiva do capital – materializada no desenvolvimento desigual do capital nos territórios – que calibra a forma de consumo de energia, o custo possível das mercadorias e define a escala de circulação das mesmas em âmbito planetário. O exemplo da Articulação Internacional dos Atingidos pela Val é significativo. A coordenadora de iniciativas populares existe, justamente, em virtude dos efeitos devastadores provocados pela mineração da Vale em distintas partes do planeta. Produtos sofisticados, ambientalmente certificados, estão inseridos em cadeias produtivas globais, que contém nódulos que requerem despojo de populações e elevado custo socioambiental. O pensamento ambiental eurocêntrico ignora isso (LEHER, 2016).

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2.1 Construindo Consenso Sobre a EA (Educação Ambiental) Associada ao Desenvolvimento Sustentável

Após a Conferência de Estocolmo de 1972, a EA (Educação Ambiental) passou a receber atenção especial em praticamente todos os fóruns relacionados com a temática do desenvolvimento e do meio ambiente. Dela resultou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que viria a dividir com a Unesco as questões relativas à EA no âmbito das Nações Unidas.

Foi estabelecido um plano de trabalho com 110 resoluções, e uma delas se refere à necessidade de implantar a EA de caráter interdisciplinar com o objetivo de preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente (Resolução nº 96). Para cumprir essa resolução, a Unesco e o Pnuma criaram o Programa Internacional de Educação Ambiental (Piea), com o objetivo de promover o intercâmbio de ideias, informações e experiências em EA entre as nações de todo o mundo, fomentar o desenvolvimento de atividades de pesquisa que melhorem a compreensão e a implantação da EA, promover o desenvolvimento e a avaliação de materiais didáticos, currículos, programas e instrumentos de ensino, favorecer o treinamento de pessoal para o desenvolvimento da EA e dar assistência aos Estados membros com relação à implantação de políticas e programas de EA (BARBIERI e SILVA, 2011).

3 ALIANÇA MUNDIAL PELA SUSTENTABILIDADE

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11  estabelecer os princípios para uma grande aliança mundial pela

sustentabilidade, governamental e não governamental;

 concretamente, iniciar pela criação e acompanhamento dos trabalhos das comissões nacionais da Década;

 criar centros de referência em diferentes partes do mundo para fomentar a discussão, a pesquisa e a intervenção na EDS;

 estabelecer estreita ligação com outras iniciativas e décadas da ONU, tais como: Década da Alfabetização, Educação para Todos, HIV/Aids e os Objetivos do Milênio;

 estabelecer uma estratégia de comunicação e informação fortemente ancorada nas novas tecnologias e, particularmente, na internet.

3.1 A Década no Contexto da Globalização

A globalização, impulsionada pela tecnologia, parece determinar cada vez mais nossas vidas. As decisões sobre o que nos acontece no dia-a-dia parecem nos escapar, por serem tomadas muito distante de nós, comprometendo nosso papel de sujeitos na história. Mas não é bem assim. Como fenômeno, como processo, a globalização é irreversível. Mas não esse tipo de globalização, esse modelo de globalização, o “globalista” (Ianni, 1996) ao qual estamos submetidos hoje: a globalização capitalista. Seus efeitos mais imediatos são o desemprego, o aprofundamento das diferenças entre os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco, a perda de poder e de autonomia de muitos estados e nações. Há, pois, que distinguir os países que hoje comandam a globalização – os globalizadores (países ricos) – dos países que sofrem a globalização – os globalizados (pobres) (GADOTTI,2008).

Dentro deste complexo fenômeno, pode-se distinguir também a globalização econômica, realizada pelas transnacionais, da globalização da cidadania. Ambas se utilizam da mesma base tecnológica, mas com lógicas opostas.

3.2 Uma Grande Oportunidade para os Sistemas de Ensino

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12 educação. O apelo do documento das Nações Unidas é, sobretudo, para os “Estados membros”. O documento resgata a história de lutas por uma cultura da sustentabilidade, desde Estocolmo (1972), passando pelo Nosso Futuro Comum (1987), pela Rio-92, pelo Fórum de Educação de Dakar (2000) e pelos Objetivos do Milênio (2002).

A Década representa um meio de implementação do capítulo 36 da Agenda 21, buscando reorientar e potencializar políticas e programas educativos já existentes como o da educação ambiental e iniciativas como a da Carta da Terra. O capítulo 36 da Agenda 21 enfatiza que a educação é um “fator crítico” para promover o desenvolvimento sustentável e para desenvolver a capacidade das pessoas no que se refere às questões do meio ambiente e do desenvolvimento. O mesmo capítulo identifica quatro desafios básicos para implementar uma EDS: melhorar a educação básica, reorientar a educação existente para alcançar o desenvolvimento sustentável, desenvolver a compreensão pública, o conhecimento e a formação (GADOTTI,2008). A educação para o desenvolvimento sustentável, apesar de sua ambiguidade, é uma visão positiva do futuro da humanidade, um consenso apoiado por uma grande maioria. Com o aquecimento global, a Década tornou-se ainda mais atual, e pode contribuir para a compreensão das grandes crises atuais (água, alimento, energia etc.).

4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS, SIGNIFICADOS E INTERPRETAÇÕES

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13 destacando-se as questões sociais, principalmente no que se refere ao uso da terra, sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano (BARBOSA, 2008).

O relatório Brundland considera que a pobreza generalizada não é mais inevitável e que o desenvolvimento de uma cidade deve privilegiar o atendimento das necessidades básicas de todos e oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de vida para a população. Um dos principais conceitos debatidos pelo relatório foi o de “equidade” como condição para que haja a participação efetiva da sociedade na tomada de decisões, através de processos democráticos, para o desenvolvimento urbano (BARBOSA, 2008).

Não é esperado que toda uma Nação se conscientize de seu papel essencial no quadro ambiental e social mundial. Apesar disso, as diversas discussões sobre o termo “desenvolvimento sustentável” abrem à questão de que é possível desenvolver sem destruir o meio ambiente.

O Direito Ambiental deve ser firmado em princípios e normas específicas, que têm como premissa buscar uma relação equilibrada entre o homem e a natureza ao regular todas as atividades que possam afetar o meio ambiente. O fato de que o desenvolvimento sustentável tenha respaldo na comunidade brasileira e poder, através do Direito Ambiental, fazer parte de uma disciplina jurídica, torna o termo capaz de definir um novo modelo de desenvolvimento para o país (BARBOSA, 2008).

4.1 Críticas e Objeções ao Desenvolvimento Sustentável

A expressão “desenvolvimento sustentável” se tornou popular após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, embora já estivesse presente, com diferentes denominações, desde a Conferência de Estocolmo, de 1972.

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14 rápida que não é exagero afirmar que se trata de verdadeiro sucesso em termos de popularidade. Mas também não são poucos os que se manifestaram contrários à ideia de desenvolvimento sustentável.

Com efeito, nas medidas de mitigação dos problemas socioambientais, as ações de educação ambiental são convocadas para provocar o encontro harmonioso entre os “cidadãos” expropriados e os grandes empreendimentos econômicos. As resistências verificadas no IBAMA e no ICMBio são trincheiras e ações localizadas que provocam correções, ajustes, revisões, mudanças de rota de gasodutos, indenização a pescadores e outros atingidos. Entretanto, as medidas de educação ambiental exigidas pelo órgão fiscalizador, ainda que a favor das populações afetadas, são efetivadas, via de regra, por parcerias público-privadas com organizações que, contraditoriamente, dependem do financiamento da empresa que o órgão público está interpelando. As tensões são inevitáveis, visto que o setor público exige a mitigação dos efeitos das ações provocadas pela empresa que financiará o programa de educação ambiental. É uma relação que, a despeito da correção, ética e disposição crítica da ONG (ou mesmo do grupo universitário), torna o futuro do trabalho crítico incerto e vulnerável às pressões mais ou menos sutis das empresas. Ademais, como é possível constatar nos grandes empreendimentos, essas medidas corretivas são rapidamente internalizadas nos custos dos produtos e serviços ou, então, têm seus cursos absorvidos pelo Estado, em nome da preservação ambiental. No cômputo geral, é um ambiente inóspito para vicejar o pensamento crítico, passível de ser adensado teoricamente e sistematizado (LEHER, 2016).

De fato, a educação ambiental crítica não pode ser nutrida teórica e politicamente, de modo endógeno, no âmbito do Estado.

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15 (Associação Brasileira do Agronegócio), torna quase que estéril o solo para vicejar a educação ambiental inscrita na perspectiva histórico-crítica e libertária. O controle do capital sobre a educação básica busca pasteurizar, por meio de seu moinho triturador, todas as práticas educativas críticas nas escolas (LEHER, 2016).

Ademais, em virtude da presença de movimentos sociais que reivindicam a perspectiva crítica, os intelectuais do capital chegam a se valer até mesmo do léxico pós-moderno para assimilar e esvaziar as proposições emancipatórias de seus sentidos anticapitalistas produzidos nas lutas de classes. É necessário, por conseguinte, dialogar com a produção do conhecimento decorrente das lutas contra o despojo e de seus nexos com espaços de produção de conhecimento científico referenciado em uma ética pública.

A retomada do crescimento com um objetivo do desenvolvimento sustentável tanto suscita críticas e desconfianças por diversas razões quanto aplausos e regozijos. No entanto, foi a menção à retomada do crescimento que trouxe popularidade ao desenvolvimento sustentável entre os políticos profissionais de modo geral, pois o crescimento econômico sempre foi bandeira fácil de carregar e de render votos.

Para os governantes, o crescimento econômico gera impostos e uma gestão mais tranquila, pois aumenta a possibilidade de atender às demandas de diversos setores da sociedade, além do fato de que uma economia em crescimento gera menos greves e necessidades de recursos para atender desempregados. Um político que propõe em sua plataforma reduzir o crescimento econômico certamente teria uma vida política curta. (BARBIERI e SILVA, 2011).

4.2 Educação e sustentabilidade

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Fonte: www.ver.pt

Essa forma de educação passou a ser preconizada internacionalmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2002 e tem como meta beneficiar as pessoas com uma educação em que seus valores e comportamentos possam gerar e gerir sociedades sustentáveis.

À medida que os debates a respeito da sustentabilidade se aprofundam e envolvem cada vez mais pessoas, instituições e organizações da sociedade civil, compreendemos que a solução dos problemas ecológicos é complexa. Aos poucos, percebemos que sem uma mudança de paradigma certamente não seremos capazes de encontrar alternativas razoáveis aos grandes desafios que a crise ecológica impõe à sociedade global (TROMBETTA, 2014).

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17 recursos naturais em níveis suportáveis em todo mundo. Em resumo, a proposta de desenvolvimento sustentável é de crescimento econômico com controle ambiental. A desigualdade é tratada como um desajuste a ser superado pela universalização do desenvolvimento econômico, porém com sustentabilidade (DE CAMPOS TOZONI-REIS, 2011).

Apesar desse aspecto, a influência do conceito de desenvolvimento sustentável manteve-se amparada principalmente no âmbito das políticas nacionais e internacionais. O Banco Mundial lançou em 1992 um relatório sobre desenvolvimento e meio ambiente, em que deixou clara sua postura neomalthusiana, afirmando que, apesar dos conflitos entre crescimento econômico e qualidade ambiental, é possível encontrar caminhos para adequar o modelo de crescimento econômico ao bem comum.

5 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NO BRASI L1

Conhecer a biodiversidade brasileira é uma condição fundamental para a elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável de nosso país. Ao se abordar a temática da biodiversidade, faz-se necessária uma breve definição do termo.

Fonte: www.luciacangussu.bio.br

1 Texto extraído do site:

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18 A relevância desse tema se traduz na decisão, pela Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), de declarar 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade, com o objetivo precípuo de aumentar a consciência sobre a importância da preservação da biodiversidade em todo o mundo, assim como destacar sua influência na qualidade de vida humana e dinamizar iniciativas de redução da sua perda (CARDOSO JR, 2010).

A diversidade dentro de espécies abrange toda a variação de indivíduos de uma população, bem como entre populações distintas de uma mesma espécie. Embora essa definição pudesse incluir outros aspectos, tais como diversidade morfológica e comportamental, entre outras, na prática, vem sendo tratada como equivalente à diversidade genética.

A diversidade entre espécies, por sua vez, refere-se usualmente ao número de espécies (riqueza) presentes em determinado tipo de ambiente ou região de interesse – por exemplo, o Brasil. Ainda como apontado por esses autores, a diversidade de ecossistemas é mais ambígua que as outras categorias relacionadas na CDB e, em termos práticos, vem sendo abordada como a diversidade de fisionomias de vegetação, de paisagens ou de biomas (CARDOSO JR, 2010).

5.1 O Nível Genético

A diversidade genética está na base dos processos ecológico-evolutivos, que determinam, em última instância, a constituição dos níveis superiores (espécies e ecossistemas). A manutenção da composição intraespecífica de alelos (diferentes versões de um mesmo gene) é tão importante quanto a conservação de espécies ou ecossistemas. Essa composição pode variar muito entre os indivíduos de uma mesma população ou entre populações diferentes de uma mesma espécie. Isso significa que em uma população com 100 irmãos ou primos espera-se encontrar menos biodiversidade do que em uma com indivíduos não aparentados.

Conservar a variabilidade intraespecífica é importante dos pontos de vista ético e estético, mas também por motivos mais pragmáticos.

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19 sempre possui maior risco de extinção, pois pode ter todos os seus indivíduos dizimados por uma mesma doença, por exemplo.

Uma vez que a perda de hábitats e a fragmentação são as maiores responsáveis pela redução da diversidade genética, investir no desenvolvimento de técnicas de manejo em paisagens fragmentadas reveste-se de uma importância evidente. Sabe-se, por exemplo, que a persistência de populações em paisagens fragmentadas é criticamente dependente da manutenção da conectividade entre fragmentos, o que diminui o isolamento (CARDOSO JR, 2010).

Pesquisas sobre a ecologia e a genética de populações mostram-se fundamentais, pois o desconhecimento do poder de dispersão das espécies de interesse, assim como da sua estrutura genética populacional antes da fragmentação, pode ser um sério empecilho à sua conservação. Estudos com anfíbios e aves mostram que a erosão genética não ocorre imediatamente após o processo de fragmentação. Assim, a preservação de fragmentos onde a deriva genética e a endogamia ainda não são pronunciadas pode ser crítica para a manutenção da diversidade genética e viabilidade das populações em uma determinada região. Apesar de poucos projetos terem abordado efeitos temporais da fragmentação, os resultados indicam que diferentes estratégias devem ser adotadas de acordo com a idade dos fragmentos (CARDOSO JR, 2010).

5.2 Nível De Espécies

A diversidade é um dos aspectos mais fascinantes do mundo vivo. Nos últimos 300 anos, a partir das viagens de exploração – a mais célebre certamente foi a de Darwin a bordo do Beagle – o conhecimento sobre a diversidade da vida cresceu exponencialmente. Fundamentais à sua consolidação foram as teorias sobre a definição biológica de espécie. Ainda que não seja um consenso, já que atualmente há diversas definições para a espécie, o conceito proposto por Mayr (1999) fundamenta-se em três premissas:

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 Considerando seu isolamento reprodutivo, todos os processos evolutivos que ocorram em uma determinada espécie restringem-se a ela e a seus descendentes: a espécie seria a moeda da evolução biológica; e

 A espécie é também a unidade básica em ecologia e nenhum ecossistema será compreendido de forma plena sem que se conheçam as espécies que o integram e suas respectivas interações. Dessa maneira, a diversidade – ou riqueza – de espécies traduz-se em inestimável patrimônio sob os pontos de vista evolutivo, ecológico e econômico (CARDOSO JR, 2010).

A tarefa de apresentar um diagnóstico do estado da biodiversidade brasileira em nível de espécies é gigantesca, considerando sua acentuada riqueza e, ao mesmo tempo, a magnitude daquilo que ainda falta ser conhecido. O estudo mais abrangente até o momento, no que se refere à síntese do conhecimento atual, foi realizado no âmbito do projeto Estratégia Nacional da Biodiversidade, do MMA. A partir de informações obtidas de especialistas nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos e catalogados, estimou-se que o país teria, em média, cerca de 13% do total mundial desses grupos, algo entre 168.640 e 212.650 espécies.

Enquanto para organismos maiores da biota vegetal e animal a aplicação dos métodos tradicionais de classificação possibilita a identificação da espécie, para os microrganismos é comum que a caracterização taxonômica seja feita apenas em nível de gênero, o que traz restrições às estimativas de riqueza de espécies para a microbiota. Sob o aspecto de estudo da diversidade, há ainda limitações associadas à grande variabilidade genética registrada em microrganismos em ambiente natural (não cultivados em laboratório). Dessa maneira, antes da abordagem sobre o estado de conhecimento da flora e da fauna, apresentam-se aspectos singulares acerca da diversidade e da conservação da microbiota (CARDOSO JR, 2010).

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21 resíduos sólidos. O isolamento e o cultivo de microrganismos em laboratório respondem também por considerável parcela das inovações nas áreas médica, biotecnológica e ambiental. A despeito de sua importância, há uma significativa defasagem no conhecimento de sua diversidade em relação a outros grupos, tais como animais e plantas superiores. Em nível mundial, estima-se que tenham sido descritos cerca de 5% das espécies estimadas de fungos, 0,1% a 12% dos procariotos (arqueas e bactérias), 31% dos protozoários e 4% dos vírus. Como o conhecimento sobre a diversidade desses grupos no Brasil é ainda incipiente, presume-se que também há um vasto campo propício à descoberta de novas espécies (CARDOSO JR, 2010).

Os invertebrados respondem por 95% das espécies animais hoje viventes e o número de espécimes tombados em coleção brasileira é quase oito vezes maior que o total de vertebrados. Ainda que a maioria dos filos seja total ou parcialmente marinha, os invertebrados terrestres destacam-se pela sua riqueza e suas importâncias ecológica e econômica. Há filos numerosos, como o Arthropoda,9 que inclui aproximadamente 1,5 milhão de espécies já descritas e estudos recentes estimam que esse total pode alcançar até quarenta vezes o número atualmente conhecido.

Avaliado de forma resumida o estado de conhecimento da biodiversidade, busca-se a seguir apresentar o nível de proteção – e por consequência de ameaça – a que estão sujeitas as espécies brasileiras.

5.3 Estado da Conservação da Flora e da Fauna

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22 lista de plantas superiores foi novamente atualizada, listando 472 espécies ameaçadas de extinção e 1.079 com deficiência de dados.

5.4 Os Principais Ecossistemas Brasileiros

O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantidade de calor durante todo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no mapa a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil.

Fonte: www.estudokids.com.br

Floresta Amazônica

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23 pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses ecossistemas, ele apresenta, até o momento, 1,5 milhão de espécies de vegetais identificadas por cientistas.

Fonte: www.fatosdesconhecidos.com.br

Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de km², a Floresta

Amazônica é a principal cobertura vegetal do Brasil, ocupando 45% do nosso

território, além de espaços de mais nove países, sendo também a maior floresta tropical do mundo. É chamada de Floresta latifoliada equatorial.

A Floresta Amazônica caracteriza-se por ser heterogênea, havendo um elevado quantitativo de espécies, com cerca de 2500 tipos de árvores e mais de 30 mil tipos de plantas. Além disso, ela é perene, ou seja, permanece verde durante todo o ano, não perdendo as suas folhas no outono. Apresenta uma densidade elevada, o que é propício ao grande número de árvores por m².

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24 Mata de Igapó

Também chamada de floresta alagada, a mata de igapó caracteriza-se por se localizar muito próxima aos rios, estando permanentemente inundada. Apresenta plantas de pequeno porte em comparação ao restante da vegetação da Amazônia e que costumam ser hidrófilas, ou seja, adaptadas à umidade. Possui, em geral, raízes elevadas que acompanham os troncos.

Fonte: www.infoescola.com

Mata de Várzea

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Fonte: meioambiente.culturamix.com

É uma mata muito fechada, com elevada densidade, árvores altas (em média 20m de altura) e, em geral, com galhos espinhosos, o que dificulta o seu acesso. As espécies mais conhecidas são o Jatobá e a Seringueira, essa última muito usada na extração de látex, a matéria-prima da borracha.

Mata de Terra Firme

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Fonte: cristalinolodge.com.br

A importância da Floresta Amazônica reside, principalmente, em sua função ambiental. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, ela não é o “pulmão do mundo”, pois o oxigênio por ela produzido é consumido pela própria floresta. Sua importância ambiental reside no controle das temperaturas, graças ao aumento da umidade, que é resultado da constante evapotranspiração da floresta, produzindo massas de ar úmido para todo o continente sul-americano, os chamados Rios Voadores.

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27

Fonte: www.sobiologia.com.brp

Mata de Cocais

A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a caatinga. São matas de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de animais habitam esse ecossistema, como a arara canga e o macaco cuxiú.

A Mata dos Cocais é um tipo de cobertura vegetal situada entre as florestas úmidas da região Norte e as terras semiáridas do Nordeste do Brasil, sendo uma zona de transição entre os biomas Caatinga, Floresta Amazônica e Cerrado. Abrange predominantemente o Meio-Norte (sub-região formada pelos estados do Maranhão e Piauí), mas também se estende pelos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Tocantins.

Influenciado pela sua localização, esse bioma possui três tipos de climas: equatorial úmido - quente e chuvoso, predominando em menos de 20% do bioma; tropical semiúmido - predomina em mais de 65%, com estações secas e úmidas bem definidas e temperaturas médias elevadas; tropical semiárido – quente e seco, com chuvas escassas e irregulares, predomina em 15% do bioma.

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28 região dos cocais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o ano inteiro.

Fonte: educacao.uol.com.br

A vegetação da Mata dos Cocais é dominada pela palmeira babaçu (sendo a mais importante a Orbignya speciosa), que predomina nos locais mais úmidos como o Maranhão, norte do Tocantins e oeste do Piauí. Na área menos úmida, que abrange o leste do Piauí e litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, predomina a palmeira carnaúba (Copernicia cerifera). As outras principais palmeiras são o buriti (Mauritia

flexuosa) e a oiticica (Licania rigida). Uma grande quantidade de arbustos e

vegetações de pequeno porte também são encontradas nos locais de menores altitudes.

O babaçu chega a atingir 20 metros de altura e uma árvore pode produzir até 2.000 frutos (cocos) por ano. Dentro dos frutos existem as amêndoas, das quais é extraído um óleo muito utilizado em diversas indústrias (alimentícias, farmacêuticas, químicas, etc.). Outras partes do coco também são aproveitadas, como o epicarpo (camada externa), que é utilizado na produção de estofados, embalagens, vasos, placas, etc.

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29 Assim, a Mata dos Cocais representa uma importante fonte de renda para a população local. (CARDOSO JR, 2009).

A fauna nesse bioma é muito diversa, destacando-se a arara-vermelha, gavião-real, jaguatirica, lobo-guará, macaco cuxiú (endêmico do Brasil) e outras muitas espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Nos rios vivem a ariranha, o boto, o acará-bandeira (peixe), entre outros.

A Mata dos Cocais está sendo prejudicada pelo desmatamento desordenado para desenvolvimento da pecuária e cultura de soja. Além disso, a extração de minerais que ocorre nesse ambiente acaba por fragilizá-lo ainda mais.

Mata Atlântica

Com uma área de 1.110.182 km2, o bioma Mata Atlântica10 é um complexo ambiental que incorpora cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies ao longo de toda a faixa continental atlântica brasileira, avançando em direção ao interior do Brasil nas regiões sudeste e sul (CARDOSO JR, 2009).

Essa enorme biodiversidade é resultado, em grande parte, da ampla gama de latitudes pela qual a Mata Atlântica se distribui (27º de 3ºS a 30ºS), das grandes variações em altitude (desde o nível do mar até 2.700 m, nas montanhas da Mantiqueira e Caparaó, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo) e dos regimes climáticos diversos presentes ao longo de sua extensão – desde regimes subúmidos e estações secas no Nordeste até áreas que atingem 4 mil mm/ano de pluviosidade, nas montanhas da Serra do Mar.

A cobertura vegetal da Mata Atlântica começou a ser mapeada utilizando-se a análise de imagens de satélite no início da década de 1990, em um trabalho conjunto entre a organização não governamental SOS Mata Atlântica e o Inpe. Desde então, as duas instituições têm publicado regularmente um atlas contendo informações sobre a dinâmica da vegetação da Mata Atlântica – desmatamentos, fragmentação e, mais recentemente, regeneração. A quinta e última edição, correspondente ao período 2005-2008, foi lançada em 2009 (CARDOSO JR, 2009).

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30 por uma paisagem antropizada constituída por áreas urbanas, industriais e rurais, áreas degradadas e em regeneração, bem como as características dos remanescentes da paisagem natural (por exemplo, tamanho, perímetro e grau de isolamento – distância – em relação a fragmentos adjacentes) têm implicações importantes em relação à capacidade desses fragmentos conservarem a biodiversidade

Pantanal

Com uma área total de 150.355 km2, o bioma Pantanal está inserido na Bacia do Alto Paraguai e abrange no Brasil parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Seus limites coincidem com a chamada “Planície do Pantanal” ou “Pantanal Mato-grossense”, que representa a parte mais baixa da bacia hidrográfica e é também a maior superfície interiorana inundável do mundo (IBGE, 2004a).

Considerando-se sua reduzida área em relação aos demais biomas brasileiros, a riqueza de espécies do Pantanal pode ser considerada elevada, embora haja na região um baixo número de endemismos.

A principal atividade econômica no Pantanal é a pecuária bovina de corte, realizada de forma extensiva em pastagens naturais. O gado foi introduzido em fazendas no Pantanal a partir de 1740, o que foi favorecido por extensas áreas de campo nativo. Porém, foi somente a partir de 1914, com a criação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – de Bauru a Corumbá –, que a pecuária entrou no circuito nacional.

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Fonte: www.vix.com

O bioma Pantanal conta com apenas cinco UCs, o menor número e o que proporcionalmente tem a menor cobertura por UCs entre os biomas continentais brasileiros. São duas UCs federais e três estaduais, todas de proteção integral, cuja área total soma aproximadamente 440 mil ha, o que corresponde a 2,9% da área do bioma. As duas UCs federais, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (135.600 ha) e a Estação Ecológica do Taiamã (14.300 ha), foram criadas em 1981. Em 2000 o Mato Grosso do Sul criou o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (77 mil ha) e na década atual o Mato Grosso constituiu suas duas unidades, o Parque Estadual do Guirá (103 mil ha) e o Monumento Natural Estadual Morro de Santo Antônio (258 ha).

Campos Sulinos

No Brasil, o bioma Campos Sulinos abrange parte do território do Rio Grande do Sul. São cerca de 170 mil Km2. Além das fronteiras do país, ele se estende por terras do Uruguai e da Argentina.

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32 pedaço das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas semelhantes a savanas.

Nos campos do Sul já foram encontradas 102 espécies de mamíferos, 476 de aves e 50 de peixes.

Para que você possa imaginar como é a fauna deste bioma, vamos citar alguns de seus integrantes. No grupo dos mamíferos, podemos citar o tatu, o guaxinim, o zorrilho, o graxaim (Pseudalopex gymnocercus) e outras duas espécies em risco de extinção: o gato-dos-pampas ou gato palheiro (Leopardus pajeros) e a preguiça-de-coleira.

Fonte: www.emaze.com

Entre as aves mais comuns estão o cisne-de-pescoço-preto, o marreco, a perdiz, o quero-quero, o pica-pau do campo e a coruja-buraqueira, que ganhou este nome por fazer seus ninhos em buracos cavados no solo.

Fazem parte das 50 espécies de peixes catalogadas o lambari-listrado, o lambari-azul, o tambuatá, o surubim e o cação-anjo.

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33 os insetos, podemos destacar a vespa da madeira e o conhecido bicho-da-maçã, também chamado traça-das-frutas.

São chamados de pampas os campos mais planos que estão localizados ao sul do estado do Rio Grande do Sul. Neles existe uma vegetação campestre, que parece um imenso tapete verde. Nos pampas predominam espécies que medem até um metro de altura. São comuns as gramíneas, que às vezes transformam os campos em grandes capinzais.

Nos pampas a vegetação pode, então, ser considerada rala e pobre em espécies. Ela vai se tornando mais rica nas proximidades de áreas mais altas. Nas encostas de planaltos, existem matas com grandes pinheiros e outras árvores, como a Cabreúva, a grápia, a caroba, o angico-vermelho e o cedro. Nestas regiões, chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, onde a espécie vegetal predominante é o pinheiro-do-paraná.

Próximo ao litoral, a paisagem é marcada pela presença de banhados, ambientes alagados onde aparecem juncos, gravatás e aguapés. O mais conhecido banhado é o de Taim, onde foi criada, em 1998, uma estação ecológica administrada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para preservação de tão importante ecossistema.

Na região dos pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas.

Ainda mais férteis são as áreas com solo do tipo "terra roxa", batizado assim devido ao nome que receberam dos italianos que vieram para o Brasil trabalhar na lavoura. Por causa de sua cor avermelhada, eles chamavam o solo de terra

rossa, pois em italiano, rosso é vermelho. Só que quem começou a chamar de terra

roxa não sabia italiano e acabou confundindo rosso com roxo por conta do som da palavra.

Em áreas de planalto os solos são também avermelhados, mas não possuem a fertilidade da terra roxa. Na planície litorânea o solo é bastante arenoso.

Algumas áreas dos pampas estão sofrendo processo de desertificação, devido à retirada da vegetação nativa e sua substituição por monoculturas ou pastos.

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34 Além das coxilhas existem também alguns planaltos. Cavernas e grutas são comuns. A pedra do Segredo, em Caçapava do Sul, tem 160 metros de altura e três cavernas em seu interior.

Destacam-se como rios importantes deste bioma o Santa Maria, o Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Estes e outros da região se dividem em duas bacias hidrográficas: a Costeira do Sul e a do rio da Prata. Tratam-se de rios que apresentam boas condições para navegação, constituindo verdadeiras hidrovias na região.

Próximo ao litoral existem muitos lagos e lagoas. A Lagoa dos Patos, localizada no município de São Lourenço do Sul, é a maior laguna do Brasil e a segunda maior da América Latina, com 265 km de comprimento.

O clima da região é o subtropical úmido. O que isso significa? Bom, isso quer dizer que, nos campos sulinos, os verões são quentes, os invernos são frios e chove regularmente durante todo o ano.

Quando falamos em invernos frios, estamos falando de temperaturas que podem registrar menos que 0º C, ou seja, que podem ser negativas. Quando falamos de verões quentes, estamos falando de temperaturas que podem chegar a 35º C. É a região com a maior amplitude térmica do país, isto é, onde há maior variação de temperatura.

Caatinga

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Fonte: www.ecoprimos.com.br

As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25°C e 29°C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes de rochas.

A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.

As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.

As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas.

A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de mortalidade infantil.

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36 artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São Francisco, o principal rio da região, juntamente ao Parnaíba.

Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima

seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com recursos para diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.

Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis

(principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais.

A primeira área protegida criada no bioma foi a Floresta Nacional do AraripeApodi, no estado do Ceará, em 1946. A década de 1990 foi a que apresentou o maior incremento em área de UCs, mas esse incremento se deveu praticamente à criação de apenas três APAs: dunas e veredas do baixo-médio São Francisco (1 milhão de ha), pelo governo do estado da Bahia e Chapada do Araripe (0,9 milhão de ha) e Serra do Ibiapaba (1,6 milhão de ha), pelo governo federal. Na atual década a Bahia criou mais uma APA de grande extensão, a do Lago de Sobradinho (1,2 milhão de ha) (gráfico 3). A maior unidade de conservação de proteção integral do bioma Caatinga é o Parque Nacional da Chapada Diamantina, no estado da Bahia, com cerca de 150 mil ha. Das 67 UCs do bioma, 20 têm área entre 10.001 e 100.000 ha, 21 têm área entre 1.001 e 10.000 ha e 19 têm área menor do que 1.000 ha.

Zona Costeira

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37 vegetação, não lhe seja aplicável. A Zona Costeira e Marinha é a fusão de conceitos, ações e políticas relacionadas à gestão e do ordenamento territorial, e ao reconhecimento da soberania nacional sobre recursos econômicos marinhos (CARDOSO JR, 2010).

A Zona Costeira e Marinha (ZCM) acompanha os mais de 8 mil quilômetros da costa brasileira e abriga uma grande diversidade de ambientes, como estuários, praias, dunas, os únicos recifes de coral de todo o Atlântico Sul e a maior extensão contínua de manguezais do planeta. Cinco dos seis biomas continentais brasileiros possuem interface com a ZCM (BRASIL, 2008). Considerando aspectos físicos e biológicos, estima-se que existam entre três e nove grandes regiões marinhas no Brasil.

A biodiversidade marinha da costa brasileira é ainda relativamente pouco conhecida. No caso de invertebrados bentônicos, já foram registradas pouco mais de 1.300 espécies na costa sudeste do Brasil, com elevado grau de endemismo, mas muitas regiões e ambientes ainda precisam ser adequadamente inventariados. Para grupos mais bem conhecidos, os peixes somam aproximadamente 750 espécies, cuja diversidade é relativamente uniforme ao longo da costa e de baixo grau de endemismo (CARDOSO JR, 2010).

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38 O nível de proteção do ambiente marinho por UCs é o mais baixo comparado aos biomas continentais brasileiros. Apenas 1,5% da zona marinha é coberta por UCs e esta porcentagem cai para meros 0,3% caso a área de APAs não seja contabilizada. São ao todo 40 UCs, 22 federais e 18 estaduais, que somam 5,4 milhões de ha. Entretanto, excluindo-se as APAs – que representam 89,4% da área de UCs de uso sustentável –, a área protegida por UCs é de um milhão de ha (CARDOSO JR, 2010).

Com área de 35 mil ha, a unidade de conservação mais antiga da zona costeira é a Reserva Biológica do Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte, de 1979. Em 1980 foi criado também o Parque Nacional de Cabo Orange, no extremo norte do Amapá – bioma Amazônia –, com uma área de pouco mais de 600 mil ha, dos quais aproximadamente 200 mil ha correspondem a ambientes marinhos, trecho que constitui a maior área contínua de unidade de conservação de proteção integral existente na zona marinha. Na década seguinte, mais cinco UCs federais de proteção integral exclusivas à zona marinha foram criadas, com destaque para as duas maiores, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos (aproximadamente 90 mil ha) e o de Fernando de Noronha (aproximadamente 11mil ha). A maior UC estadual de proteção integral é o Parque do Parcel de Manuel Luiz, no Maranhão, criado em 1991, com 50 mil ha. Nas últimas duas décadas, apenas duas pequenas UCs de proteção integral foram criadas, ambas pelo estado de São Paulo, cobrindo uma área de pouco mais de 5 mil ha. Assim como nos biomas terrestres, a ênfase tem sido dada à criação de unidades de proteção de uso sustentável, que totalizam 11 APAs (2,5 milhões de ha) e nove reservas extrativistas marinhas (500 mil ha) (CARDOSO JR, 2010).

Restinga

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Fonte: www.overmundo.com.br

Sobre a restinga é possível se encontrar a vegetação de restinga, que é um conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluviomarinha, que ocorrem distribuídas em mosaico e em áreas de grande diversidade ecológica, sendo consideradas comunidades edáficas, por dependerem mais da natureza do substrato que do clima.

A cobertura vegetal nas restingas pode ser encontrada em praias e dunas, sobre cordões arenosos, e associadas a depressões. Na restinga os estágios sucessionais diferem das formações ombrófilas e estacionais, ocorrendo notadamente de forma mais lenta, em função do substrato que não favorece o estabelecimento inicial da vegetação, principalmente por dissecação e ausência de nutrientes.

O corte da vegetação ocasiona uma reposição lenta, geralmente de porte e diversidade menores, onde algumas espécies passam a predominar. Os diferentes tipos de vegetação ocorrentes nas restingas brasileiras variam desde formações herbáceas, passando por formações arbustivas, abertas ou fechadas, chegando a florestas cujo dossel varia em altura, geralmente não ultrapassando os 20m. São em geral caracterizada por comunidade com pouca riqueza, quando comparada a outras comunidades vegetais, sendo protegidas por lei devido à sua fragilidade.

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40 influência na distribuição de algumas formações vegetacionais. A periodicidade com que ocorre o encharcamento e a sua respectiva duração são decorrentes principalmente da topografia do terreno, da profundidade do lençol freático e da proximidade de corpos d’água (rios ou lagoas), produzindo em muitos casos um mosaico de formações inundáveis e não inundáveis, com fisionomias variadas, o que até certo ponto justifica o nome de “complexo” que é empregado para designar as restingas.

As formações herbáceas ocorrem principalmente nas faixas de praia e ante dunas, em locais que eventualmente podem ser atingidos pelas marés mais altas, ou então em depressões alagáveis. Nas zonas de praia, dunas frontais e dunas mais próximas ao mar, predominam espécies herbáceas, em alguns casos com pequenos arbustos e árvores, que ocorrem tanto de forma isolada e pouco expressiva, como formando agrupamentos mais densos, com variações nas suas respectivas fisionomias, composições e graus de cobertura. A vegetação das praias e dunas tem ocorrência praticamente ao longo de toda a costa brasileira, mas a sua exata circunscrição e os termos empregados para designá-la variam muito. As pressões antrópicas no sentido de ocupação e urbanização da zona costeira já suprimiram muitas áreas representativas desta formação em vários pontos no litoral brasileiro.

As formações arbustivas das planícies litorâneas, que para muitos autores constituem a restinga propriamente dita são os tipos vegetacionais que mais chamam a atenção no litoral brasileiro, tanto pelo seu aspecto peculiar, com fisionomia variando desde densos emaranhados de arbustos junto a trepadeiras, bromélias terrícolas e cactáceas, até moitas com extensão e altura variáveis, intercaladas por áreas abertas que em muitas locais expõem diretamente a areia, principal constituinte do substrato nestas formações. Os termos “scrub”, “thicket”, “escrube” e “fruticeto” já foram empregados para designar comunidades e/ou formações desta natureza, notadamente na região litorânea.

As formações florestais que ocorrem na planície litorânea brasileira variam bastante ao longo da costa, sendo essas variações geralmente atribuídas às influências das formações vegetacionais adjacentes e às características do substrato, principalmente sua origem, composição e condições de drenagem.

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41 alturas em torno de 15-20m, muitas vezes associadas a solos hidro mórficos e/ou orgânicos.

Estes dois tipos de florestas em geral acompanham as variações topográficas decorrentes da justaposição dos cordões litorâneos, ao menos onde tais feições são bem definidas. Em locais situados mais para o interior da planície costeira, geralmente em terrenos mais deprimidos onde tais alinhamentos não são claramente definidos e os solos são saturados hidricamente e têm uma espessa camada orgânica superficial, ocorrem florestas mais desenvolvidas semelhantes florística e estruturalmente àquelas situadas nas depressões entre os cordões.

A fauna ocorrente nas restingas brasileiras está relativamente menos estudada quando comparada com os conhecimentos que já se acumulam sobre a composição e estrutura dos seus diferentes tipos vegetacionais. Dentre os estudos tratando de grupos de animais invertebrados, podem ser mencionados os realizados com os artrópodos, notadamente com diferentes grupos de insetos, estes constituindo a maioria dos relatos encontrados. A fauna de vertebrados ocorrente nas restingas brasileiras também é relativamente pouco pesquisada, com destaque para os trabalhos realizados no litoral do Rio de Janeiro, principalmente com pequenos mamíferos e répteis.

Manguezal: Os mangues ou manguezais são um ecossistema típico de áreas

litorâneas, alagadas, onde há o encontro da água do mar com a dos rios dando um aspecto salobro à água dessas regiões. É de sua característica a transição entre aspectos marinhos e terrestres e sua presença em locais com clima tropical ou subtropical. Sua vegetação é composta por três tipos de árvores que podem atingir até 20 metros de altura em certos pontos do país: Rhizophora mangle (mangue-bravo ou vermelho), Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Avicena schaueriana (mangue-seriba ou seriúba).

Os mangues estão presentes em diversas partes do mundo como Oceania, África, Ásia, alguns países da América e Brasil. No Brasil esse ecossistema pode ser encontrado no nordeste do país em Cabo Orange no estado do Amapá até a região sul em Laguna em Santa Catarina compreendendo um total de 20 mil quilômetros quadrados, 15 % do total em todo o mundo.

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42  Esse tipo de ecossistema possui o solo extremamente rico em nutrientes e

matéria orgânica, raízes e material vegetal em decomposição.

 As raízes aéreas são uma de suas características mais marcantes, e têm como principal função proporcionar a respiração das plantas já que o solo é pobre em oxigênio e elas obtêm o mesmo fora dele.

 O cheiro dos mangues também é um aspecto bem característico, isso ocorre devido à presença de água salobra e matérias vegetais em estado de decomposição.

 Suas sementes são geralmente compridas, finas e pontudas para garantir a reprodução ao se fixarem melhor ao caírem no solo úmido.

 A caça e comércio do caranguejo, espécie com grande população nos mangues, é o que garante o sustento de diversas famílias que vivem na região.

Uma das principais ameaças a esse ecossistema é a exploração, (como a caça do caranguejo) que teve início com fins comerciais em países da Ásia ganhando expansão rápida para demais países detentores de mangues. O uso desordenado e de maneira não sustentável de seus recursos causa uma depredação quase que irrefreável, em países como Tailândia e Filipinas a área de manguezal teve grande parte dizimada por conta da super-exploração, chegando a ser reduzida em 110.000 hectares da área original de 448.000 nas Filipinas.

No Brasil não é diferente, porém algumas leis foram estabelecidas com o intuito de promover a preservação dos manguezais. A lei de número 4.771 de 15 de setembro de 1965 define os mangues como APPs (Área de Preservação Permanente), e a Resolução da CONAMA de número 369 de março de 2006 estabelece a proibição da supressão de vegetação ou qualquer outro tipo de intervenção, salvo apenas em casos de utilidade pública para as áreas de mangues. Ainda assim esse ecossistema é o mais ameaçado dentre todos nos Brasil.

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43 Cerrado

A primeira unidade de conservação do bioma foi a Floresta Estadual Bebedouro, criada pelo estado de São Paulo em 1937. Na década de 1940 foram criadas mais duas UCs, a Floresta Estadual de Avaré, também pelo estado de São Paulo e a Floresta Nacional de Silvânia, pelo governo federal, no estado de Goiás. Até 1960 nove UCs existiam no bioma, sendo sete de uso sustentável e duas de proteção integral. A maior destas, criada em 1959, era o Parque Nacional do Araguaia, que abrangia toda a Ilha do Bananal – aproximadamente 2 milhões de ha.

Fonte: www.revistaplaneta.com.br

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44 Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo Ibama9 e pelas Comunidades Indígenas Javaé, Karajá e Avá-Canoeiro. Outra unidade de conservação do Cerrado que teve os limites drasticamente reduzidos foi o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Criado originalmente em 1961 como Parque Nacional do Tocantins, com aproximadamente 600 mil ha, hoje o parque conta com aproximadamente 10% da área original.

É a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje, restam apenas 20% desse total. Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical, deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, entre arbustos esparsos e gramíneas, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação, de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua biodiversidade.

Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.

Referências

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