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MORTE SÚBITA E EXERCÍCIO FÍSICO

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Academic year: 2021

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Marcos Nasinbene RA: 001200600988 Orientador Científico: Profª Ms Ana Caroline Prioli

Universidade São Francisco

Curso de Educação Física - Licenciatura Avenida São Francisco de Assis, 218 Jardim São José

CEP 12916-900

Bragança Paulista-SP

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A morte súbita relacionada à pratica esportiva é um acontecimento trágico, que na grande maioria das vezes se deve a doenças cardiovasculares congênitas ou adquiridas. A morte súbita relacionada ao exercício físico somente pode ser caracterizada como tal nos casos de morte durante a atividade física ou até uma hora após seu término. Essa morte acontece devido a várias cardiopatias, na sua maioria de origem congênita.

Palavras Chave: Morte Súbita. Cardiopatias. Exercício Físico

ABSTRACT

The sudden death related to practices her sporting it is a tragic event, that in the great majority of the times is due to congenital or acquired cardiovascular diseases. The sudden death related to the physical exercise can only be characterized as such in the cases of death during the physical activity or until one hour after end of that. That death happens due to several heart diseases, in majority of congenital origin.

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, devido ao estilo de vida sedentário levado pelas pessoas, principalmente nas grandes cidades, a moda do momento é dedicar um tempo livre a prática esportiva, geralmente nos finais de semana (PY; JACQUES, 1998).

O grande problema é que na grande maioria das vezes, essa prática esportiva é praticada sem nenhum tipo de orientação por parte dos profissionais da área da Educação Física. (PY; JACQUES, 1998).

Isso acaba gerando um mal, muitas vezes mais perigoso que os males causados pelo sedentarismo: a morte súbita no esporte, que é como se chamam as mortes ocorridas, geralmente por problemas cardíacos durante ou até uma hora após a prática esportiva(PY; JACQUES, 1998).

Apesar de ser um mal que atinge relativamente poucas pessoas cerca de 1 para cada 165.000 (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001), é preciso manter-se atento para o risco, uma vez que geralmente as males que causam a morte súbita não apresentam sintomas claros, limitando assim uma possibilidade de diagnóstico precoce (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

O estudo desse tema controverso permite uma chance a mais de se reconhecer os grupos de risco e causas da morte súbita.

Trata-se de uma fatalidade lembrada apenas quando atinge atletas famosos, como o caso do zagueiro Serginho, do time paulista São Caetano, morto em 2005 por um mal conhecido como miocardiopatia hipertrófica.

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2. OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é entender através da revisão de literatura quais as cardiopatias que causam a morte súbita e de que maneira essas cardiopatias podem ser previstas, combatidas ou minimizadas.

2.1 Objetivos específicos:

Compreender as causas da morte súbita

Estudar através da revisão de literaturaos meios de prevenção e combate às cardiopatias

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Efeitos do exercício sobre o sistema cardiovascular

Antes de abordar especificamente as causas da morte súbita em si, deve-se compreender primeiramente os efeitos que o exercício físico tem sobre o sistema cardiovascular. O exercício físico, como se sabe, demanda um aumento no consumo da energia utilizada pelo organismo.

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Esse ajuste se dá da seguinte forma: os nervos e os metabólicos locais atuam sobre as faixas de músculos lisos das paredes arteriolares, aumentando seu diâmetro interno (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

O aumento no diâmetro permite atender rapidamente à demandas de fluxo sanguíneo. Além desse fator, a vaso constrição visceral e a bomba muscular desviam um grande fluxo de sangue para dentro da circulação central (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Por meio desse mecanismo, o sistema cardiovascular desvia o sangue das vísceras, levando-o até onde o mesmo é necessário no momento, ou seja, os músculos que estão sendo utilizados no exercício físico. Essa ação obviamente exige um esforço maior do coração (LEITE, 2000).

O coração, por sua vez, bombeia uma quantidade de sangue “x” por minuto para o restante do corpo. Essa relação de sangue bombeado por minuto é chamada de Débito Cardíaco. O valor máximo do débito cardíaco indica a capacidade do sistema cardiovascular em atender as necessidades da atividade física (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Nesse contexto, podemos dizer que o rendimento do coração, como acontece a qualquer bomba, depende de sua velocidade de bombeamento (freqüência cardíaca) e da quantidade de sangue enviada a cada batida do coração (volume sistólico da ejeção) (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

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sobre os nervos que modulam os vasos de resistência arterial (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

Durante o exercício o fluxo sanguíneo apresenta um aumento proporcional à intensidade do exercício. Assim, o débito cardíaco aumenta de maneira muito rápida durante a transição entre o estado de repouso e o exercício em ritmo estável. Desse momento em diante, o débito cardíaco aumenta gradativamente, até o momento em que atinge um ponto estável, quando o fluxo sanguíneo consegue suprir as necessidades metabólicas exigidas pelos exercícios (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003).

A título de ilustração de ponto, McArdle, Katch e Katch 2003 afirmam que: Nos homens sedentários em idade universitária, o débito cardíaco durante o exercício máximo aumenta quatro vezes acima do nível de repouso, até um máximo de 20 a 221 b/min. A freqüência cardíaca máxima para esses adultos jovens é, em média, de 195 b/min [...] [...] Em contrapartida, os atletas de endurance de classe mundial alcançam débito cardíacos de 35 a 401/min. Esse valor alto assume um maior significado quando se leva em conta que a pessoa treinada em geral alcança uma freqüência cardíaca ligeiramente mais baixa que uma pessoa sedentária de idade semelhante.

Assim sendo, o atleta de endurance alcança um grande débito cardíaco máximo exclusivamente através de um grande volume sistólico de ejeção. Isso significa que, por possuírem um maior treinamento, os atletas são capazes de enviar mais sangue ao organismo a cada batido do coração, ou seja, são capazes de suprir as necessidades do corpo durante o exercício com um menor esforço para o coração (POWERS; HOWLEY, 2000).

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coração durante a atividade física e quais os principais grupos de risco atingidos por esse mal.

3.2 Morte súbita: causas e grupos de risco

Conforme foi dito anteriormente, a morte súbita pode ser causada por diversos fatores relacionados a várias cardiopatias. Para se entender melhor o que podemos chamar de morte súbita relacionada a atividade física, é interessante analisarmos a seguinte definição.

A morte súbita relacionada aos exercícios físicos pode ser definida como as mortes que ocorrem por problemas cardíacos durante ou até uma hora após o término de atividades físicas vigorosas (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Uma importante informação deve ser acrescentada a essa definição: deve-se excluir as atividades esportivas que tenham em si risco de vida intrínseco, tais como alpinismo, paraquedismo, automobilismo, entre outros (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Com relação aos grupos de risco, é possível identificar dois grupos distintos: indivíduos com menos de 30 anos, nos quais a principal causa da morte súbita deve-se mais frequentemente a problemas na estrutura do miocárdio e o grupo dos indivíduos com mais de 30 anos, nos quais a principal causa é a doença arterial coronária (OLIVEIRA, LEITÃO 2003).

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Estima-se que a proporção de mortes súbitas por ano é de uma para cada 165.000 entre as pessoas que praticam atividades físicas regularmente (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Embora seja uma baixa proporção, o risco não pode ser completamente desconsiderado. Seria temerário afirmar que a proporção é baixa demais para não gerar preocupação.

Entre essas mortes, é importante ressaltar que pessoas sem o hábito de uma prática esportiva constante tem maior possibilidade de sofrer uma morte súbita do que indivíduos com uma prática esportiva constante (OLIVEIRA, LEITÃO 2003).

Nesse contexto, pode-se dizer que o risco de se sofrer um infarto agudo do miocárdio é de aproximadamente 5,9% no período de uma hora após o exercício físico vigoroso (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

No entanto, há uma queda significativa nesse risco quando a prática do exercício físico é regular e quando a freqüência dessa atividade semanal aumenta (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Assim como os demais eventos cardíacos agudos, a morte súbita apresenta uma variação circadiana, ou seja, tem maior incidência em determinada hora do dia. No caso da morte súbita, essa incidência é maior nas primeiras horas da manhã, embora não há evidencias de que exercitar-se no período da manhã promova riscos maiores que exercitar-se em qualquer outro período do dia (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

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equilíbrio do sistema, de maneira que acaba desencadeando toda a cadeia de eventos que acaba por culminar na morte súbita (OLIVEIRA, LEITÃO 2003).

Nesse contexto, a atividade física pode vir a desempenhar esse papel de “momento crítico”, ou ainda como uma espécie de gatilho, pois, conforme visto anteriormente, a atividade física causa diversas alterações no funcionamento do sistema cardíaco, tal como o débito cardíaco, por exemplo (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Com relação a esse gatilho, diversos outros fatores podem vir a desempenhar esse papel, causando alterações que comprometem seriamente a função miocárdia, seja por aumento excessivo do consumo de oxigênio sem que haja o mesmo em quantidade suficiente para suprir a demanda, seja por desordem aguda no sistema excito-condutor cardíaco (OLIVEIRA, LEITÃO 2003).

Assim, a atividade física desempenha um papel paradoxal nesse complexo cenário: pode vir a produzir as alterações cardiovasculares necessárias para diminuir o risco de morte súbita em pessoas que praticam atividades físicas regularmente, possivelmente por proporcionar um aumento na atividade autonômica parassimpática melhorando assim a estabilidade elétrica do coração; por outro lado, é passível de aumentar o risco de eventos cardiovasculares agudos, especialmente em pessoas que não praticam nenhuma atividade física regularmente, possivelmente por ativar o sistema autonômico simpático e promover a ruptura de placas ateroscleróticas vulneráveis (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

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todas suas variantes, anormalidades congênitas nas artérias coronárias, doença arterial coronária e ruptura da aorta causada pela síndrome de Marfan. Outras causas menos comuns que são dignas de notas: uso de cocaína, a displasia arritmogênica do ventrículo direito, espasmo arterial coronário e prolapso da válvula mitral. Em indivíduos com mais de 30 anos, a causa mais comum é a doença arterial coronária. As valvulopatias adquiridas, o prolapso da válvula mitral a miocardiopatia hipertrófica e outras causas diversas, correspondem a 5% das mortes súbitas relacionadas a exercícios físicos nessa faixa etária (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Assim, uma vez conhecidos os fatores causais e os grupos de risco, é pertinente conhecer mais a fundo as cardiopatias citadas, para uma melhor compreensão de sua atuação sobre o sistema cardíaco e quais as possíveis prevenções contras as mesmas.

3.3 Miocardiopatia hipertrófica – características e prevenção

A miocardiopatia hipertrófica ou cardiomiopatia hipertrófica é uma doença caracterizada pela hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo na ausência de outra explicação fisiopatológica (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Essa hipertrofia pode afetar desigual o septo interventricular de um ventrículo esquerdo não dilatado (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Essa característica faz com que seja produzida uma disfunção ventricular diastólica, devido à maior pressão de enchimento do ventrículo esquerdo (OLIVEIRA, LEITÃO 2003).

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ecocardiogramas apontam ocasionalmente, algum grau de hipertrofia em cerca de 0,5% dos casos (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Apesar da baixa ocorrência na população, estudos demonstram que a Miocardiapatia Hipertrófica é apontada como a principal causa da morte súbita em atletas com menos de 30 anos (OLIVEIRA, LEITÃO 2003).

Nesse segmento, ela é apontada como responsável por cerca de 50% dos óbitos. Um fator preocupante é que em muitos casos, a morte súbita é a primeira e única manifestação da doença (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Esse fator acaba por reduzir e muito as chances de diagnóstico e tratamento.

A miocardiapatia hipertrófica atinge mais frequentemente os homens, embora as mulheres ainda possam ser atingidas por essa cardiopatia. As mulheres, talvez devido ao menor volume do ventrículo esquerdo, tendem a apresentar a doença mais precocemente (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

O grau de hipertrofia é também pode ser um fator chave na determinação do grupo de risco. Essa afirmação é validada pelo fato de que o risco de morte súbita é diretamente proporcional ao grau de hipertrofia ventricular esquerda, sendo a proporção fixada em 0 para 1000 em indivíduos com espessura ventricular esquerda com valor menor ou igual a 15 mm e de 18,2 para 1000 em indivíduos com espessura septal maior ou igual a 30mm (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

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pré-sincope ou morte súbita durante exercícios físicos pode servir como fator de alerta para um possível diagnóstico desse mal (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Conforme dito anteriormente, a miocardiopatia hipertrófica praticamente não apresenta sintomas específicos que permitam um diagnóstico preciso. Essa afirmação fundamenta-se no fato que os sintomas apresentados são dispnéia, angina e palpitações em mais de 50% dos indivíduos afetados (OLIVEIRA, 2002). O que torna difícil o diagnóstico a partir desses sintomas é o fato de que os mesmo ocorrem em diversas patologias cardíacas (OLIVEIRA, 2002).

Existem alguns fatores podem levar a suspeitar da miocardiopatia hipertrófica, tais como a ocorrência de dispnéia na presença de ação sistólica normal ou a presença de angina quando o indivíduo apresenta coronárias angiograficamente normais (OLIVEIRA, 2002). Contudo, algo que poderia caracterizar a miocardiopatia hipertrófica com muito mais propriedade seria o aparecimento de sincope ou pré-sincope em indivíduos jovens e previamente assintomáticos (OLIVEIRA, 2002).

Pode-se notar entre os autores consultados um consenso no que diz respeito à prevenção da morte súbita causada pela miocardiopatia hipertrófica. Tal consenso seria de que a melhor forma de prevenção é a avaliação pré-participação em exercícios físicos, observados os critérios para definição se o indivíduo encontra-se ou não nos grupos de risco (OLIVEIRA, 2002).

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3.4 Anomalias congênitas nas artérias coronárias – características

e prevenção

As anomalias congênitas coronárias correspondem a cerca de 12% a 14%

dos casos de morte súbita relacionada ao exercício físico em pessoas até 30 anos (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Essa anomalia, entre diversas anomalias coronárias, é a que mais comumente leva a morte súbita (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Apesar dessa cardiopatia ser a segunda em incidência de casos de morte súbita, é uma anomalia rara, ocorrendo numa proporção de 1 para cada 300.000. Representa uma parcela pequena no vasto universo das cardiopatias, representando cerca de 0,24% (TAKIMURA; NAKAMOTO; HOTTA; CAMPOS; MÁLAMO; OTSUBO, 2002).

Essa anomalia apresenta-se em duas faixas etárias: a forma infantil e a forma adulta. A forma infantil ou imatura caracteriza-se pela má circulação colateral ou intercoronariana, podendo resultar em infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, ou morte súbita. Estima-se que 80% a 90% das crianças atingidas por essa forma da anomalia congênita coronária morra no primeiro ano de vida. Nesses casos, devido às diversas complicações circulatórias, a morte súbita ocorre nos dois primeiros meses de vida (TAKIMURA; NAKAMOTO; HOTTA; CAMPOS; MÁLAMO; OTSUBO, 2002).

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sobrevida de cerca de 72 anos. A doença, nesse caso, pode se apresentar de forma assintomática, com quadros de cansaço, dispnéia durante esforço físico e angina de peito, podendo assim levar a morte súbita (TAKIMURA; NAKAMOTO; HOTTA; CAMPOS; MÁLAMO; OTSUBO, 2002).

Nesse quadro, a estrutura anatômica normal é afetada, fazendo com que a artéria coronária sofra um estreitamento, devido a sua passagem entre a aorta e o tronco pulmonar, acabando por formar um ângulo agudo (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Essa configuração anatômica acaba por provocar o pinçamento da coronária esquerda entre esses dois grandes vasos durante a situação em que produzam contração cardíaca vigorosa (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Esse acontecimento cardíaco acaba por ocasionar quadros de isquemia aguda e pelo substrato arritmogênico que esses indivíduos apresentam (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Uma vez levantada a suspeita de anomalia, o ecocardiograma é a principal ferramenta para um diagnostico preciso, embora em alguns casos, mesmo esse exame apresenta algumas limitações (TAKIMURA; NAKAMOTO; HOTTA; CAMPOS; MÁLAMO; OTSUBO, 2002).

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Embora as anomalias congênitas nas artérias coronárias sejam a segunda causa das mortes súbitas, existe outra cardiopatia de origem coronária que também pode vir a causar a morte súbita, como mostrado a seguir.

3.5 Aterosclerose coronariana prematura – características e

prevenção

A aterosclerose coronariana prematura corresponde, de acordo com estudos a cerca de 10% das mortes súbitas em jovens praticantes de exercícios físicos. Essa cardiopatia normalmente causa isquemia miocárdica e infarto do miocárdio, geralmente na segunda ou na terceira década de vida (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Uma das causas mais comuns para essa aterosclerose é formação de placas de lipídios nas artérias. Um acúmulo de lipídios sugere dislipidemia, condição na qual há uma concentração anormal de lipídios e lipoproteínas no sangue, condição essa mais facilmente encontrada em pessoas acima do peso. Dessa, os indivíduos apresentando sobrepeso com histórico familiar de aterosclerose coronariana prematura tem uma chance mais alta de desenvolver a doença (ROMALDI; ISSLER; CARDOSO; DIAMENT;FORTI, 2004).

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Embora infartos e pinçamentos da artérias sejam as principais causas do morte súbita, como visto anteriormente, há ainda problemas com a ruptura de artérias, algumas importantíssimas como a aorta. Uma das principais causas dessa ruptura da aorta será tratada no capitulo seguinte.

3.6 Ruptura da aorta na síndrome de Marfan – características e

prevenção

A síndrome de Marfan é uma doença autossômica dominante, causadora de uma mutação no gene da fibrilina – 1 (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Essa doença possui uma imensa variabilidade, podendo afetar os sistema músculo-esquelético, ocular e cardiovascular (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

As manifestações mais comuns da síndrome de Marfan incluem aracnodactilia, pectus excavatum (tórax côncavo), frouxidão ligamentar, palato estreito e alto, miopia, luxação do cristalino, prolapso da válvula mitral e dilatação da raiz aortica (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Assim, esses sinais externos podem servir como alerta para o profissional de educação física da provável presença da síndrome de Marfan, ou seja, indica que o individuo é passível de possuir doenças cardíacas que podem leva-lo à morte súbita.

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A dilatação e regurgitação da aorta podem na maioria das vezes ser identificada através de ausculta, entretanto, cerca de 40% dos casos não podem ser identificados dessa maneira. Nesses casos, mais uma vez o ecocardiograma é ferramenta fundamental para a confirmação da patologia. Nesses casos, a intervenção cirúrgica pode se fazer necessária (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). A ruptura da aorta na síndrome de Marfan é responsável por cerca de 7% das mortes súbitas de praticantes de atividades físicas (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Assim como a síndrome de Marfan e outras cardiopatias, a causa de distúrbios no coração é genética. Essa característica genética é mantida na cardiopatia seguinte, como visto a seguir.

3.7 Displasia arritmogênica do ventrículo direito – características e

prevenção

A displasia arritmogênica do ventrículo direito é uma cardiopatia de origem autossômica dominante, que originalmente foi identificada em pessoas submetidas a cirurgia para tratamento de taquicardia ventricular (ELIAS; TONET; FRANK; FONTAINE, 1998).

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Pode-se identificar mais freqüentemente a displasia arritmogênica do ventrículo direito em adultos jovens, predominantemente em indivíduos do sexo masculino (ELIAS; TONET; FRANK; FONTAINE, 1998).

A displasia arritmogênica do ventrículo direito é a provável causadora de cerca de 5,9% das mortes súbitas, sendo que, como acontece com a miocardiopatia hipertrófica, muitas vezes a morte súbita é a primeira e única manifestação da doença (ELIAS; TONET; FRANK; FONTAINE, 1998).

As alterações de ritmo têm sua origem em estruturas que normalmente não existem dentro do ventrículo direito, que normalmente encontra-se dilatado e recoberto pelo tecido fibro-adiposo. Essas alterações encontram-se em localização e quantidade maior que o normal, sendo facilmente visualizadas através de ecocardiogramas. Outra alteração digna de nota freqüentemente presente nesses ecocardiogramas é a inversão das ondas T (ELIAS; TONET; FRANK; FONTAINE, 1998).

A presença de alguns sintomas durante a prática de exercícios físicos pode alertar para a presença dessa cardiopatia, tais como palpitações, tonturas e sincope, geralmente ocasionadas devido à taquicardias provocadas pela displasia arritmogênica do ventrículo direito. Outro fator importante a ser considerado é a antecedência familiar de tal cardiopatia, uma vez que trata-se de uma doença de origem autossômica dominante (ELIAS; TONET; FRANK; FONTAINE,1998).

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A displasia arritmogênica do ventrículo direito, assim como as demais cardiopatias elencadas até o momento tende a causar morte súbita em pessoas com menos de 30 anos. A próxima cardiopatia irá tratar da causa das mortes após essa faixa etária, conforme tratado a seguir.

3.8 Doença arterosclerótica coronária – características e prevenção

Esse tipo de cardiopatia costuma afetar cerca de 10% dos praticantes de exercícios físicos com menos de 30 anos, risco esse que se encontra dentro da normalidade para a população em geral. O risco se torna muito maior para os praticantes de exercícios físicos com mais de 30 anos, onde passa a apresentar o índice de cerca de 77% (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Cerca de 1/3 dos praticantes de exercícios físicos que vêm a morrer depois da pratica esportiva têm a morte súbita como primeira manifestação da doença aterosclerótica coronária (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Isso significa que um montante considerável de indivíduos sequer tem a chance tratar a doença, vindo a falecer sem nem mesmo desconfiar do risco que corre.

Entretanto, apesar desse 1/3 que nem sequer imaginam que sofrem dessa cardiopatia, cerca de metade das pessoas que morrem subitamente durante exercícios físicos experimentam algum tipo de sintoma padrão já sofrem de algum tipo de doença coronária prévia (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

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Enquanto a doença aterosclerótica prematura atinge com mais freqüência homens, outro causador de morte súbita atinge indistintamente homens e mulheres. Trata-se do prolapso da válvula mitral.

3.9 Prolapso da válvula mitral – características e prevenção

Embora o prolapso da válvula mitral seja freqüentemente apontado como uma das causas da morte súbita relacionada ao exercício físico, apenas uma pequena porcentagem de pessoas, algo por volta de 3% morre efetivamente por essa razão (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001). Considerando essa porcentagem, o risco percentual é baixo, embora não totalmente ausente (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

Devido a esse risco, ainda que pequeno, é preciso estar atento para alguns sinais, que podem indicar a presença dessa cardiopatia, tais como: sincope, dor torácica incapacitante, arritmias ventriculares complexas, cardiomegalia moderada devido a regurgitação valvular mitral ou caso algum familiar tenha apresentado morte súbita.

Nesses casos, é interessante que a prática dos exercícios físicos seja adequadamente avaliada, procurando uma atuação em parceria entre o médico e o profissional de educação física para esse fim (BRONZATTO; SILVA; STEIN, 2001).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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a prática de exercícios físicos, com o intuito de diminuir o risco. Esse comportamento por parte da classe médica acaba por refletir um aspecto importante a ser observado, que é insistência dessa classe em se envolver na prescrição/proibição da prática de atividades físicas, atitude essa cabível apenas ao profissional de educação física. Nesse tipo de situação, talvez uma ação conjunta pudesse ser levada em consideração.

Por conta disso, esse tipo de atitude por parte desses representantes da classe médica mostra-se equivocada, já que embora eventualmente um ou outro individuo possa vir a sofrer a morte súbita durante a pratica de exercícios físico, a grande maioria dos indivíduos pode praticar exercícios físicos sem problemas, ou seja, a chance real da morte súbita acontecer durante essas atividades é por demais pequena.

Apenas esse fator já seria suficiente para que a classe médica não desaconselhasse a pratica esportiva. Entretanto, há ainda uma questão a se considerar. É sabido que na grande maioria das vezes a prática de exercícios regularmente tem ação preventiva contra acontecimentos cardíacos agudos durante atividades físicas não planejadas, e por isso mesmo impossíveis de serem evitadas.

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esses grupos de risco, podendo assim estabelecer padrões que o auxiliem nesse sentido.

Assim, é importante conhecer o perfil e o histórico do individuo em questão, saber seu histórico familiar, se alguma vez apresentou sincope durante a realização de um esforço físico, se apresenta dor torácica durante a realização de atividades que aumentem o consumo miocárdico de oxigênio, se há presença de algum familiar que possua ou tenha possuído alguma cardiopatia e em caso de resposta positiva, qual a idade desse individuo quando veio a falecer. A resposta a essas questões aliada ao exame físico e ao eletrocardiograma em geral podem oferecer condições para o individuo ser liberado ou não para a pratica de exercícios físicos.

Uma vez identificadas, as pessoas portadoras de alguma das cardiopatias citadas acima deve ser aconselhada de acordo com sua condição. Usualmente, os indivíduos que possuem cardiopatias consideradas de alto risco, são desaconselhadas a praticarem exercícios físico, a fim de se evitar complicações maiores.

Com base nesses dados, decisão de desaconselhar ou não a prática de exercícios físicos deve ser criteriosa, fundamentada em um risco realmente presente. Uma avaliação errônea pode privar um individuo em condições de utilizar uma medida simples e eficaz para evitar o risco de outras doenças cardiovasculares. Assim, o exercício físico regular pode produzir diversos benefícios, não apenas sobre a doença arterial coronária, mas também sobre seus fatores de risco.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRONZATTO, Ha; SILVA, RP da; STEIN, R. Morte Súbita Relacionada ao Exercício Físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio Grande do Sul, vol. 7, nº 5, p. 163-169, Set/Out 2001.

ELIAS, Jorge et al. Displasia Arritmogênica do Ventrículo Direito. Arquivo Brasileiro

de Cardiologia, São Paulo, vol 70, nº 6, p.449-456,1998.

LEITE, Paulo Fernando; Fisiologia do Exercício – Ergonomia e Condicionamento

Físico – Cardiologia Desportiva. 4ª Edição. Robe Editorial. São Paulo 2000.

MCARDLE, Willian D; KATCH, Frank I; KATCH, Victor L; Fisiologia do Exercício –

Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5ª Edição. Editora Guanabara Koogan

S.A. Rio de Janeiro, 2003.

OLIVEIRA, Marco Aurélio Brazão de; Cardiomiopatia Hipertrófica, atividade física e morte súbita. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, vol 8, nº 1, p. 20-25, Jan/Fev 2002.

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POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T; Fisiologia do Exercício – Teoria e

Aplicação ao Condicionamento e Desempenho. 3ª Edição. Editora Manole Ltda.

Barueri, SP, 2000.

PY, Luiz Alberto; JACQUES, Haroldo; A Linguagem da Saúde. 1ª Edição. Editora Campus Ltda. Rio de Janeiro, 1998.

ROMALDI, Ceres C. et al. Fatores de Risco para aterosclerose em crianças e adolescentes com história familiar de doença arterial coronariana prematura. Jornal

de Pediatria, Rio de Janeiro, vol 80, nº 2, p.135-140, 2004.

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