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NÃO PODE SER RETIRÂDO

DA BIBLIOTECA

Lina Maria Kneip

Coordenação

O SAMBAQUI DE MANITIBA I

E OUTROS SAMBAQUIS DE SAQUAREMA, RJ

DOCUMENTO DE TRABALHO

Série Arqueologia

No5

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA - MUSEU NACIONAL UNTVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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Documento de Trabalhor 5: L -91,200t.

O Sambaqui de Manitiba I e Outros Sambaquis de Saquarema, (f

Lina Maria Kneip

Coordenação

Autores:

Lina Maria Kneip Filomena Crancio

Rosa Maria Mendonça de Magalhães Maria Amélia Curvelo Elisa Maria Botelho de Mello

Lília Cheuiche Machado Cláudio Limeira Mello

DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA - MUSEU NACIONAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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O Projeto Saquarema e as Pesquisas Realizadas Lina Maria Kneip

Estruturas e Análise Espacial Lina Maria Kneip

Artefatos e Matéria Prima.

Filomena Crancio e Lina Maria Kneip .

A Fauna na Alimentação.

Rosa Maria Mendonça de Magalhães, Maria Amélia Curvelo e Elisa Maria Botelho de Mello

Os Sepultamentos, Contextos Arqueológicos e Dados Bioesqueletais Lília Cheuiche Machado ...

Considerações Estratigráficas e Sedimentológicas a Respeito da Formação do Sambaqui de Manitiba I.

Cláudio Limeira Mello

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O PROJETO SAQUAREMA E AS PESQUISAS REALIZADAS

Lina Maria Kneip-

Introdução

Pesquisas arqueológicas e interdisciplinares em desenvolvimento desde 1987 no município de Saquarema, no Estado do Rio de Janeiro, em sítios de grupos pescadores, coletores e caçadores pré-históricos litorâneos, conhecidos

na literatura arqueológica brasileira como sambaquis, definiram um quadro cronológico posicionado de 4520 + 190 a l79O + 50 anos A.P. (Tabela l). As abordagens propostas - projetos "Pré-História e Paleoambiente em Saquarema"

e "Culturas Pré-Históricas do Município de Saquarema" (Kneip, coordenação) -

envolveram, em diferentes etapas, especialistas diversos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Fundação Estadual de Engenharia e

Meio Ambiente, Instituto de Arqueologia Brasileira e Jardim Botânico do Rio

de Janeiro. As pesquisas têm sido apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Fundação Universitária José Bonifácio/UFRJ e

Prefeitura Municipal de Saquarema. Enfatizando na análise o estudo dos padrões adaptativos de grupos cuja subsistência era baseada na pesca, na coleta e na caça, correlacionando-os com a evolução do ambiente, as pesquisas foram orientadas no sentido de identificar e analisar as variabilidades e as

particularidades características de cada cultura, representativas das ocupações humanas. Com O Sambaqui de Manitiba I e Outros Sambaquis de Saquarema, RI, apresentamos os resultados dos estudos ali realizados, correlacionando-os com os dados dos sítios pesquisados na ârea: sambaquis da Beirada, Pontinha, Moa, Saquarema, Saco, Madressilva e Manitiba I (Figura 1).

Com base no levantamento das áreas de exploração de recursos

abióticos e bióticos das populações pré-históricas de Saquarema, considerou-se

o recôncavo da lagoa de Saquarema como os limites espaciais possíveis de atuação dos pescadores-coletores-caçadores pré-históricos em estudo. Limita-se o recôncavo a oeste, noroeste, norte e nordeste por relevos cristalinos de alto gradiente, formados pelas serras de Mato Grosso, Tingui, Amar e Querer, que representam os divisores das principais bacias de drenagem que deságuam na

- Arqueóloga. Departamento de Antropologia. Museu Nacional/UFRJ. Bolsista do CNPq.

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lagoa de Saquarema como a do Roncador ou Mato Grosso, Tingui, Jundiá e Seco (Figura l).

O projeto de pesquisa na área, com finalidades científicas, e também preservacionistas - proteger e expor à visitação pública na forma de praças e parques os quatro últimos sambaquis de Saquarema - foi direcionado visando pesquisar os sítios da"área arqueológica" do recôncavo da lagoa de Saquarema, bastante alterado pela ocupação desordenada do solo, que destruiu importantes sítios arqueológicos, devastou florestas, modificou a regularização do fluxo das águas alterando inclusive o regime hídrico da lagoa de Saquarema. A riqueza arqueológica da região foi quase totalmente destruída restando apenas 4 (quatro) dos 24 (vinte e quatro) sítios arqueológicos cadastrados no município, com l9

(dezenove) sambaquis e 5 (cinco) sítios cerâmicos da tradição Tupiguarani. O crescente interesse imobiliário-turístico, aliado à expansão urbana, constitui atualmente uma ameaça constante aos sambaquis restantes - Pontinha, Manitiba

I e Jaconé, este último não pesquisado - com exceção do sambaqui da Beirada preservado desde l99l em área de praça municipal (Figura l). A "área

arqueológica" em estudo, caracÍerizada por unidades de paisagens diferenciadas mas bastantes homogêneas em relação aos recursos naturais disponíveis, acompanhou por quase 3000 anos as ocupações sucessivas, e muitas

contemporâneas, dos pescadores, coletores e caçadores pré-históricos de Saquarema .

Visando identificar inter e intra-sítios as semelhanças e diferenças capazes de reconhecer as possíveis variações documentadas no registro arqueológico, optamos para um estudo em termos adaptativo. Caracterizadas

por sucessivos e distintos níveis de desenvolvimento correlacionados não apenas às técnicas mas também ás configurações que lhes são próprias (Cohen, 1968), as adaptações identificadas permitiram detectar variações culturais significativas nos sambaquis de Saquarema, principalmente no equipamento técnico, na dieta alimentar e nas práticas funerárias, com manifestações similares na organização socioespacial e outros aspectos da cultura. A

contemporaneidade de algumas ocupações permitiu também o estabelecimento de inferências, pretendendo retomar o tema de forma integrada em um novo trabalho.

O Projeto Saquarema

Como as sociedades pré-históricas de Saquarema, explorando um ambiente caracterizado por unidades de paisagens diferenciadas mas bastantes homogêneas em relação aos recursos naturais disponíveis, adaptaram-se diferentemente ao meio litorâneo sem modificar sensivelmente seu modo de vida? Durante os três milênios da ocupação pré-histórica a paisagem fisiográfica da região em estudo não mudou, mas as alterações hidrológicas decorrentes das

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diá e oscilações do nível do mar, modificaram a paisagem vegetal e animal com interferência direta na disponibilidade dos recursos alimentares. Para responder as questões levantadas uma série de abordagens, apresentadas neste volume, foram desenvolvidas no campo da arqueologia (Estruturas e Análise Bspacial;

Artefatos e Matéria Prima), antropologia biológica (Os Sepultamentos, Contextos Arqueológicos e Dados Bioesqueletais), zoologia (A Fauna na Alimentação) e geologia (Considerações Estratigráficas e Sedimentológicas a respeito do Sambaqui de Manitiba I), trazendo importantes contribuições paÍa a pré-história do município e do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1987, iniciando as pesquisas sistemáticas em Saquarema, foi escavado o sambaqui da Beirada. Sucessivamente foram pesquisados os sambaquis da Pontinha (1988 e 1989), Moa (1988), Saquarema (1993 e 1994), Saco (1995), Madressilva (1995) e Manitiba I (1998 e 2000). Algumas prospecções foram efetuadas também em sítios de grupos horticultores e ceramistas, tradição Tupiguarani, sobretudo no sítio Bravo, obtendo-se dados importantes sobre sua tradição oleira. As escavações atingiram no sambaqui de Manitiba I 160 m2, 140 Í* no Beirada, 87 m2 no Pontinha, 49 m2 no Moa, 36 m2

no Saquarema, 13,50 m2 no Madressilva e 7,50 m2 no Saco. Embora as pesquisas realizadas até o presente em Saquarema, e de um modo geral nos sambaquis do litoral brasileiro, constituam na verdade amostragens, as escavações têm sido, geralmente, limitadas a trechos que escaparam do processo de destruição.

Levantamento topográfico realizado com teodolito de precisão, em curvas de níveis de I m, posiciona a base do sambaqui da Beirada a 2,85 m acima do nível médio do mar, o sambaqui da Pontinha a2,05 m, o Saquarema a

2,17 m e o ManitibaIa3,36 m (Figuras 2,3,4 e 5). Tais dados, de grande importância para os estudos de variação do nível do mar, são também extremamente importantes para a compreensão da configuração do interior de

um sítio arqueológico, elemento essencial para a reconstituição do contexto socioespacial do assentamento pré-histórico.

De acordo com a linha de pesquisa proposta, destacamos neste trabalho os principais procedimentos metodológicos adotados.

A camada de ocupação

A fim de que os dados interdisciplinares orientados na resolução das questões levantadas possam ser ordenados coerentemente, necessidade de

uma linguagem comum, que inicia-se em campo com os procedimentos da escavação. A análise espacial dos testemunhos arqueológicos expostos pelas escavações implica uma certa ordem em tempo e espaço. E fundamental definir a unidade de tempo onde os fatos sociais se desenvolveram, são sincrônicos, nbém

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sendo extremamente importante que a dimensão temporal esteja bem controlada.

Das estratégias utilizadas pela arqueologia para o estabelecimento das

relações espaço-temporais, além da tipologia e da cronologia, destacamos a abordagem em termos de estruturas, definidas como "la trame des rapports que unissant différents témoins que constituent un groupment significatif' (Leroi- Gourhan, 1972:325). A identificação do grupamento é de crucial importância e

repousa sobre uma ou várias classes de testemunho, termo que significa, segundo o autor, mais uma função do que um estado. É importante destacar que

a superfície exposta pelas decapagens seja suficientemente ampla, capaz de permitir a visualização e identificação do espaço social do homem pré-histórico e das atividades humanas ali desenvolvidas. Leroi-Gourhan foi o pesquisador que mais desenvolveu este tipo de abordagem, adaptada por seus alunos brasileiros à realidade do país. "Estruturas latentes", "estruturas evidentes",

"decapagem seletiva", "ótimo da decapagem", são alguns termos definidos pelo autor e que temos aplicado nos sítios arqueológicos pesquisados no Estado do Rio de Janeiro.

Assim, partindo das análise das estruturas chega-se à unidade mínima de comparação, a camada de ocupação, representativa de uma ordem em tempo

e espaço onde os dados arqueológicos e interdisciplinares são ordenados e datados. A dimensão temporal e espacial, são os primeiros dados que utilizam os arqueólogos para identificar as semelhanças e diferenças existentes nas sociedades pré-históricas (Hodder, 1994).

Delimitando inicialmente a camada de ocupação no plano vertical (perfil), através dos critérios cor, natureza dos sedimentos, espessura e forma, além dos restos faunísticos que destacam-se na observação vertical, chegou-se concomitantemente ao plano horizontal (decapagens) através das estruturas.

Com base na identificação de vestígios/testemunhos, grupamento de testemunhos/estruturas, classificamos nos sambaquis de Saquarema estruturas alimentares, de combustão, de matéria corante, de escavação, de lascamento e de sepultamento, que têm significado próprio relativo ao contexto em que foram encontrados.

A presença de sedimentos arenosos estéreis intercalando camadas de ocupação tem gerado algumas discussões. A geologia, da qual a arqueologia adotou o seu principal método, o estratigráfico, tem demonstrado que na edificação de um solo arqueológico entra não somente fatores antrópicos como também físicos, químicos, geoquímicos e pedológicos. Sedimentos arenosos

estéreis de gênese variada, intercalando camadas de ocupação, foram reconhecidos em Saquarema nos sambaquis da Beirada, Moa, Pontinha, Saquarema e Manitiba I, além do sambaqui do Forte - Cabo Frio, RJ (Kneip,

1977) e sambaqui Zé Espinho - Rio de Janeiro (Kneip, 1987).

Espaço e forma são dois fatores que se complementam e estão

diretamente relacionados ao processo de instalação humana. Portanto, sendo a camada de ocupação o local onde o homem pré-histórico em um determinado

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período de tempo viveu e morreu, ali desenvolvendo uma série de atividades domésticas, artesanais e cerimoniais, fatores culturais pesam na sua

composição, destacando aqui a questão da temporalidade. Na temporalidade deve ser levada em conta as inúmeras variações inerentes ao tipo de ocupação temporária como, procura de novas áreas de exploração de recursos, disputa territorial e mudanças ambientais.

As estruturas

Na identificação do contexto socioespacial de um assentamento humano

é de fundamental importância correlacionar estruturas e organização das

atividades que suportam. E importante também identificar o padrão de assentamento das comunidades em estudo destacando dados tais como, o tamanho e a forma das unidades habitacionais e o seu relacionamento espacial.

As cabanas I e 2 evidenciadas no sambaqui da Pontinha, de estrutura frágil, portanto, de curta duração, planta tendendo a circular e área aproximada de 19,30 m2 e 16,60 m2, abrigariam grupos familiares pequenos ou médios e não

grandes grupos familiares. Os esteios periféricos evidenciados eram implantados em argila, ou escorados em blocos de gnaisses, tendo sido identificado vestígios de um esteio central provavelmente para as amarrações horizontais (Kneip et alii, 1991; Kneip, 1992).

Pesquisas em sítios arqueológicos tipo sambaqui têm demonstrado que as atividades desenvolvidas no espaço interno das unidades habitacionais, não

diferem muitos das atividades desenvolvidas no espaço reconhecido como externo, o que permite sugerir para essas sociedades um espaço integrado e não compartimentado, concepção esta apresentada por Novaes ( 1983) no estudo

sobre habitações indígenas no Brasil. Na individualização das atividades reconhecidas nesse espaço interno e externo, foi possível verificar que as tarefas empreendidas dentro da cabana, repetiam-se também fora da mesma, podendo exemplificar com as atividades relacionadas ao uso de estruturas de combustão

"tipo I maiores", blocos de sedimentos sílticos-argilosos de cor vermelha para o preparo do material corante, manipulação de material lítico e sepultamento humano (Kneip et alii,1991).

Bem característico do espaço externo são as grandes estruturas de combustão "tipo I maiores", que no sambaqui da Beirada cobriam áreas de aproximadamente 3,50 - 4,00 m2 (Kneip, 1999). Representam atividades bem peculiares do espaço externo, com grandes fogueiras ao ar livre diariamente reativadas. A localização de fogueiras no interior ou exterior das cabanas

representam atividades diversas ligadas à alimentação, iluminação, aquecimento, comunicação e, conforme ocorreu no sambaqui da Pontinha, na prática funerária da cremação. Quanto aos hábitos funerários os mortos eram enterrados em locais identificados como externos e internos das unidades

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habitacionais, no centro e periferia do espaço habitado e nas áreas que as

interligam, geralmente com acompanhamentos funerários associados quase sempre às estruturas alimentares e de combustão que ocoÍrem por todo o sítio (Kneip et alii,l99l).

A fauna

A proximidade da fonte alimentar constituiu sempre para os grupos litorâneos um fator preponderante na implantação do sítio. Em Saquarema o ambiente lagunar, onde o homem pré-histórico obtinha os peixes, os moluscos e

os crustáceos mais expressivos na alimentação, foi preferido ao ambiente litorâneo, fonte também de recursos importantes na dieta alimentar como por exemplo o "mexilhão". Na vegetação de restinga, principalmente, os habitantes

dos sambaquis coletavam também vegetais, documentados nos coquinhos carbonizados e sementes identificadas nas análises antrocológicas realizadas por Shell-Ybert (1998) em amostras provenientes dos sambaquis da Beirada e

Pontinha. As análises antrocológicas reconheceram também resíduos de tubérculos monocotiledôneas (provavelmente gramíneas ciperáceas e inhames -

Dioscorea sp.).

A caça ou a captura de aves, répteis, anfíbios e mamíferos terrestres, presentes em escala menor nos restos faunísticos, era obtida tanto no ambiente litorâneo (com vegetação de restinga) e lagunar (com floresta inundada e brejo herbáceo), como no ambiente de encosta e interflúvio (floresta ombrófila densa) e fluvial (floresta de baixada) (Ferreira et alii 1992; Kneip et alii, 1995a).

Para avaliar o "quantum" consumido por grupos pré-históricos de Saquarema a abordagem zooarqueológica tem realizado análises qualitativas e

quantitativas (Kneip et elii, 1989).Na análise qualitativa as peças-chaves que

têm permitido a identificação taxonômica são as maxilas, mandíbulas, pré- maxilas, otólitos, supraoccipital, vômer, frontal, cleithrum basioccipital, dentes, placas faringeanas e pré-dorsais, vértebras e espinhos. Na análise quantitativa o cálculo do NMI (número mínimo de indivíduos) e NDR (número de restos determinados) foram complementados pelas estimativas de porte e de biomassa,

calculadas pelo método de proporcionalidade, com apoio de coleções

osteológicas de referências com os exemplares previamente pesados e medidos à fresco. Para os moluscos foram obtidos em campo amostragens das espécies mais consumidas, coletando na totalidade as de menor ocorrência, incluindo também na coleta os restos de crustáceos.

De um modo geral os peixes, uma das principais fontes protéicas das populações pré-históricas de Saquarema, estão representados principalmente pelas famílias Ariidae, Sciaenidae e Carangidae, com variações quantitativas inter e intra-sítios. São geralmente de médio e grande porte - sem mencionar as

espécies que não deixam nenhum vestígio no registro arqueológico - e entram

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periodicamente na lagoa de Saquarema para a alimentação, a reproduçáo, a

desova e crescimento. Dos mamíferos terrestres foram identificados representantes das famílias Didelphidae, Cavidae, Leporidae, Dasypodidae, Tapiridae, Cervidae, Tayassuidae, Felidae, Agoutidae e Cebidae; dos mamíferos marinhos as famílias Delphinidae e Balaenopteridae; das aves as famílias Diomadeidae, Sulidae e Phalacrocoracidae; dos répteis as famílias Teiidae, Aligatoridae e Chelidae e dos anfíbios a família Bufonidae (Kneip et alii,1989 Kneip, 1994-coord.; Kneip et alii,1997).

Dos moluscos as espécies mais consumidas foram os bivalves Anomalocardia brasiliana (Gmelin,179l), Lucina pectinata (Gmelin,l79l), Ostrea sp., representantes da família Mytilidae como Brachidontes exustus (Linnaeus,1758) e Perna perna (Linnaeus,l758), e o gastrópode Thais haemastoma (Linnaeus,l767) (Kneip et alii, 1989; Kneip, 1994-coord.; Kneip et alii,l99l). No caso dos moluscos as variações qualitativas e quantitativas são

bem acentuadas inter e intra-sítios, ocorrência atribuída geralmente a fatores culturais, em detrimento de fatores ambientais, opção decorrente da ausência de estudo que vise reconstituir não apenas o ambiente físico mas também a relação dos grupos pré-históricos com o seu meio.

Artefatos

Por razões estéticas ou por suas propriedades físicas, os restos

alimentares compostos principalmente de espinhos, ossos de peixes, vértebras de peixes e de tubarão, dentes de mamíferos, esporões de raia e conchas de moluscos , têm sido a matéria-prima mais utilizada pelo homem pré-histórico de Saquarema na confecção de armas, adornos e instrumentos. Por suas qualidades técnicas, mais aptas ao lascamento, o quartzo de veio e de pegmatito têm constituído a matéria-prima lítica preferida para o fabrico de artefatos lascados.

O quartzo de veio, com melhor características de clivagem que o quartzo pegmatito, foi bastante utilizado na confecção de artefatos lascados. No sambaqui da Pontinha o artesão pré-histórico demonstrou grande habilidade técnica em tratar a matéria-prima lítica quartzo, cuja diferença tipológica observada nos artefatos revela perfeito domínio técnico (Kneip et alii, 1988;

Kneip et alii,l994-coord.;Crancio, 1995; Kneip et alii,1997).

Além do lítico, osso, dente e concha de animais, o pescador-coletor- caçador litorâneo de Saquarema deveria utilizar também matéria-prima vegetal, material extremamente perecível e muito raramente preservado nas condições ambientais locais. Necessários à confecção de cabos de ferramenta, esteios de sustentação das cabanas, fabrico de canoas, lenha para as fogueiras, fibras para a sustentação de adornos corporais, alimentação, a lutllizaçáo de vegetais fazia parte também do quotidiano do homem pré-histórico.

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A proximidade da área-fonte de matéria-prima não constituiu em Saquarema um fator preponderante na escolha do local de assentamento. O quartzo de veio e de pegmatito, por exemplo, necessários à confecção de artefatos lascados, encontram-se a alguns quilômetros de grande número de

sítios pesquisados em Saquarema. Da mesma forma o diabásio, bastante utilizado tal qual recolhido na natureza, apresenta-se com maior frequência nos tipos classificados como polidos pelo uso, percutores, lâminas de machado e

almofarizes. O diabásio ocorre nos diques que cortam o embasamento mais antigo, tendo sido selecionado preferencialmente no vale de rios, como o Seco (Kneip et alii,1988).

Cumpre destacar a presença de uma cerâmica simples e utilitária na camada I dos sambaquis da Pontinha e do Moa, e conforme informações bibliográficas, nos sambaquis de Saquarema, Saco e do Hotel Yach Club.

Correlacionada à Tradição Una (Dias Junior, 196611970), parece ter sido introduzida por contato. Como a camada I do sambaqui do Moa, onde ocorre tal cerâmica, foi datada de 3610 + 190 anos A P., é interessante observar que sua

antigüidade é bem anterior à estabelecida para a introdução da cerâmica no Estado do Rio de Janeiro.

As práticas funerárias

O estudo dos restos esqueletais humanos e seus contextos socioespaciais evidenciados nos sambaquis pesquisados em Saquarema,

permitiram identificar formas de sepultamentos distintos, com maior similaridade entre as ocupações do Beirada, Moa e Manitiba I, e diferenças expressivas em relação ao Pontinha e Saquarema. Nos sambaquis do Saco e de Madressilva, face o estado de destruição dos sítios, não foi possível evidenciar sepultamentos.

A ocorrência de sepultamentos cremados no Pontinha, por toda a

sequência de um sítio litorâneo (Kneip, L.M. & Machado, L.C., 1993), e

enterramento secundário com ossos trabalhados no sambaqui de Saquarema (Kneip, Machado & Crancio, 1995b), revelaram práticas funerárias ainda não evidenciadas em sítios litorâneos. Os resultados obtidos na interpretação dos

ritos funerários de Saquarema tem apontado para um tipo de sociedade

igualitária, cujos dados coadunam com os demais indicadores culturais avaliados como cultura material, natureza da dieta e padrões de assentamento.

De um modo geral as diferenças observadas nos ritos funerários em Saquarema, sugerem uma inter-relação entre faixas etárias, sexo, condições patológicas e

valor pessoal (status), característico de um tipo de sociedade igualitária.

As datações radiocarbônicas e as correlações ambientais

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Os sambaquis, pela posição que ocupam na planície litorânea, constituem excelentes indicadores da variação do nível do mar, fornecendo informações sobre sua posição limite em determinada época. Para viabilizar tal correlação torna-se necessário que as camadas sucessivas do sambaqui estejam posicionadas topograficamente em relação ao nível médio do mar atual. As datações radiocarbônicas das camadas de ocupação dos sambaquis de Saquarema têm permitido reconstituições paleoambientais importantes, inclusive com dados seguros sobre a origem dos sedimentos arenosos estéreis que intercalam camadas de ocupação, ou servem de substrato para as ocupações sucessivas.

Ferreira et alii, (1992), utilizando as curvas de variação do nível do mar de Salvador (Suguio et alii, 1985), verificam que as ocupações sucessivas dos sambaquis da Beirada, Pontinha e Moa ocoÍreram em períodos de transição ou fases de abaixamento do nível do mar. Com base no trabalho de Amador (1998) Francisco (1999) observa que a seguir ao máximo Transgressivo Guanabarino, tão logo o nível do mar regredira para níveis próximos ao atual, os sambaquis da Beirada (4520 anos) e Moa (3960 anos) foram formados .Observa ainda, com base em Martin et alii, (1984) e Suguio et alii (1985), que a camada I do sambaqui do Moa, com 3600 anos A.P., desenvolveu-se contemporaneamente a uma nova fase regressiva, entre 3600-2800 anos; um novo período de elevação do nível do mar obrigou o homem a abandonar a ârea que somente mais tarde

foi ocupada com o sambaqui da Pontinha. Assim sendo, tanto Ferreira quando Francisco são unânimes em considerar que as ocupações ocorreram geralmente

em períodos de transição. Mello (ver Considerações Estratigráficas e Sedimentológicas a respeito da Formação do Sambaqui Manitiba I), a partir da análise integrada dos dados estratigráficos, faciológicos e geofísicos, conclui que o sambaqui de Manitiba I está assentado sobre depósitos arenosos produzidos por processos marinhos costeiros e que estes continuaram a ser ativos e bastante importantes ao longo do intervalo de tempo da construção do sambaqui.

Entre as contribuições importantes da análise integrada arqueologia- geologia destacamos a elaboração da "Carta de Oferta de Recursos Abióticos"

(Ferreira et alii,1992), levantando os materiais superficiais utilizados pelo homem pré-histórico como matéria-prima lítica e material sedimentológico;

localizaçáo da área-fonte primária e secundária do material lítico coletado pelo homem pré-histórico, importante na delimitação do território explorado, que permitiu ainda inferências sobre a provável utilização de embarcação para o transporte do material coletado (Kneip et alii,l988); identificação das unidades de paisagens definidas em encosta e interflúvio, fluvial, lagunar e litorâneo, correlacionadas pela botânica a tipos de cobertura vegetal classificados em floresta ombrófila densa, floresta de baixada, floresta inundada, brejo herbáceo e vegetação de restinga (Kneip et alii,l995).

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Referências

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