• Nenhum resultado encontrado

Intervenção de Terceiros:

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Intervenção de Terceiros:"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Intervenção de Terceiros:

Denunciação da Lide, Princípios processuais, Servidor Público, Ação de Regresso, Responsabilidade Civil, Nulidade do Processo.

Teoria Geral do Processo 2 – Professor : Vallisney de Sousa Oliveira.

Aluno : Guthemberg B. Domingues – 13/0027677 Turma :Noturno .

(2)

Ementa

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. INDENIZAÇÃO.

RESPONSABILIDADE

CIVIL. DENUNCIAÇÃO À LIDE DE SERVIDOR DO RECORRENTE.

DESNECESSIDADE,

EM FACE DOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAIS. AÇÃO

REGRESSIVA GARANTIDA. PRECEDENTES.

1. Agravo regimental contra decisão que negou seguimento ao Especial do agravante.

2. O acórdão a quo indeferiu a denunciação da lide em ação de indenização por danos morais e materiais em virtude de morte por atropelamento da filha da recorrida.

3. A responsabilidade pelos atos dos servidores públicos quando em serviço ativo é imputada ao Poder Público do qual são agentes, dado o princípio da despersonalização dos atos administrativos. Tem-se, pois, por incabível a denunciação à lide, uma vez que, sendo a responsabilidade do recorrente objetiva, independe da aferição de existência de culpa ou não, por parte de seus agentes.

4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça envereda no sentido de que, “embora cabível e até mesmo recomendável a denunciação à lide de servidor público causador de dano decorrente de acidente de veículo, uma vez indeferido tal pedido,

injustificável se torna, em sede de recurso especial, a anulação do processo para conversão do rito sumário em ordinário e admissão da denunciação, em atenção aos princípios da economia e celeridade processuais” (REsp nº 197374/MG, Rel. Min. Garcia Vieira), além de que, “em nome da celeridade e da economia processual, admite-se e se recomenda que o servidor público, causador do acidente, integre,

desde logo, a relação processual. Entretanto, o indeferimento da denunciação da lide não justifica a anulação do processo” (REsp nº 165411/ES, Rel. Min. Garcia Vieira) e, por fim, que “os princípios da economia e da celeridade podem justificar a não anulação parcial do processo onde indevidamente não se admitiu denunciação da lide (CPC, art. 70, III), ressalvado ao denunciante postular seus

eventuais interesses na via autônoma.” (REsp nº 11599/RJ, Rel. Min.

Sálvio de Figueiredo Teixeira).

5. Precedentes das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª Turmas desta Corte Superior.

6. Agravo regimental não provido.

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs.

Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki.

(3)

INTRODUÇÃO

Denunciação Da Lide e Nulidade do Processo.

A denunciação da lide é uma das formas de intervenção de terceiro admitidos no Código de Processo Civil Brasileiro. Sua propositura tem azo quando o autor ou réu de uma ação judicial, chame um terceiro, denominado denunciado, para o referido processo. No caso em questão temos o Estado como denunciante, o qual chamaria o agente público que causou o dano com o objetivo de lhe cobrar o valor que teria que pagar à vitima caso fosse Condenado. Aqui será abordada matéria de Código de Processo Civil, especialmente os capítulos que tratam da Intervenção de Terceiros, especificamente, denunciação da Lide; Nulidade de Processo e Responsabilidade Civil , especificamente do Estado.

DESENVOLVIMENTO

A denunciação da Lide é possível nas hipóteses previstas no artigo 70 do Código de Processo Civil. Contudo o tema se torna inovador e polêmico quando se trata de responsabilidade Civil do Estado.

È bom salientar, que para a doutrina brasileira, especialmente para Celso Antônio Bandeira de Mello, em seu Curso de Direito Administrativo, pág. 1032- 1033 essa não é permitida. Para o professor bandeira de Mello, as teorias objetivas de responsabilidade objetiva e subjetiva, são distintas, já que o agente apenas responderia caso agisse com dolo ou culpa , sendo assim uma responsabilidade subjetiva e não objetiva e assim seus elementos definidores são diversos, bem como os conjuntos probatórios serem diferentes.

O Estado teria assim que provar a sua culpa e dolo, prova essa que não é

produzida quando se aplica o instituto da teoria objetiva, na ação em face da

(4)

pessoa Jurídica. Quando feito isso, é natural que o conjunto probatório se torne cada vez mais amplo, procrastinando o feito e consequentemente, prejudicando a vítima. Cabe ressaltar que a discursão da culpa é um fato novo que não estava presente na ação, o que também é dado em caso de denunciação da lide.

Igualmente, prejudica a denunciação o fato de a alegação do Estado, para se defender das investidas da vítima, não ser compatível com os aspectos apresentados no processo pra denunciar o agente. É importante ressaltar também que , para o Estado trazer o agente, será obrigado a demonstrar sua culpa, assim automaticamente assumindo sua responsabilidade, já que é uma pessoa jurídica e responde pelos seus atos, assumindo assim a referido obrigação de indenizar.

Porém, o desenrolar do acórdão, nos mostra que essa não é a orientação majoritária da jurisprudência, principalmente, como foi exposto, o acórdão e Recurso especial n º 197.374 / MG, Rel. Ministro Garcia Vieira, exposto nesse breve trabalho. O código de Processo Civil , em seu art. 70, inciso II, a possibilidade de denunciação da lide quando se tratar de direito de regresso, o que exatamente ocorre na responsabilidade Civil Objetiva do Estado. Desta feita, o STJ admite a possibilidade da denunciação , no entanto, não há a obrigação de fazê-lo, inclusive pelo fato de que , ao denunciar a lide estaria assim o denunciante, diga-se, o Estado, estaria assumindo a culpa.

Um dos princípios processuais importante para a atitude do Estado em assumir

a responsabilidade está na celeridade e economicidade pois ao mesmo tempo

que se vê livre do processo judicial pagando a vítima , recebe do mesmo modo

do servidor responsável, gerando assim até um efeito pedagógico ao servidor

que ao pagar a dívida, pensará tomará uma postura de maior cautela com

relação ao serviço público realizado. Para tanto e a título exemplificativo,

abaixo é transcrito um trecho de decisão da Ministra Eliana Calmon realizada

no dia 18/06/2009.

(5)

‘’ (...) A denunciação da lide só é obrigatória em relação ao denunciante que, não denunciando, perderá o direito de regresso, mas não está obrigado o julgador a processá-la, se concluir que a tramitação de duas ações em uma só onerará em demasia uma das partes, ferindo os princípios da economia e da celeridade na prestação jurisdicional, sendo desnecessária em ação fundada na responsabilidade prevista no art.37, parágrafo 6º da CF/88 , vez que a primeira relação jurídica funda-se na culpa objetiva e a segunda na subjetiva, fundamento novo não constante da lide originária.(...) ‘’ (REsp 955.352/ RN, STJ – Segunda Turma, Rel.Min.Eliana Calmon, julgamento :18/06/2009).

Há de se observar também o caráter autônomo do Estado na opção de denunciar ou não à lide o servidor responsável, pois para o colendo tribunal no julgamento do REsp.850.251/SC, decidiu que a opção de não chamar o servidor responsável não gerará nulidade para o processo e muito menos comprometerá o direito de regresso, o qual poderá ser exercido em ação autônoma.

(...) 3. Em observância aos princípios da economia e celeridade processuais, a não denunciação à lide de servidor público causador de dano decorrente de acidente de veículo não causa nulidade ao

processo. Precedentes.(...) (‘’ REsp 850.251/ SC . STJ – Segunda Turma , Rel.Min.Humberto Martins, julgamento 27/02/2007,

DJ: 09/03/2007).

Reforçando o aspecto da Celeridade processual no instituto da denunciação da lide afirma Humberto Theodoro Júnior (2011): “Como aplicações práticas do princípio da economia processual, podem ser citados os seguintes exemplos:

indeferimento, desde logo, da inicial, quando a demanda não reúne os requisitos legais; denegação de provas inúteis; coibição de incidentes irrelevantes para a causa; permissão de acumulação de ações conexas num só processo; fixação de tabela de custas pelo Estado, para evitar abusos dos serventuários da Justiça; possibilidade de antecipar julgamento de mérito, quando não houver necessidade de provas orais em audiência; saneamento do

processo antes da instrução, etc.”

(6)

Nesse Sentido também temos julgado que foi relatado pelo Ministro pelo Ministro César Asfor Rocha, da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (REsp 191.118, RSTJ 160:306, ac. De 07/05/2002):

‘’Não se admite a denunciação da lide pretendida com base no inciso III do art.

70 do Código de Processo Civil se o seu desenvolvimento invocar fato novo ou fato substancial distinto do que foi veiculado na defesa da demanda principal, como no caso, não estando o direito de regresso comprovado de plano, nem dependendo apenas da realização de provas que seriam produzidas em razão da própria necessidade instrutória do feito principal’’.

CONCLUSÃO

Apesar de controverso o caso, com decisões conflitantes dentro dos

tribunais e doutrinas diversas, acredita e concorda com a decisão do

acórdão supracitado. A matéria exposta envolve questões polêmicas de

direito processual civil e direito administrativo e constitucional,

especialmente no que se diz respeito ao artigo 70 do Código de Processo

Civil, bem como ao artigo 37 da Carta Magna, abordando principalmente

assuntos de denunciação da lide, responsabilidade civil e cabimento no

caso concreto de nulidade do processo. Vejo a decisão dos tribunais em

acordo com os princípios da celeridade e economia processual , tão

caros ao nosso Direito Processual Civil e tão importante para a satisfação

de uma justiça eficaz e justa. Sabemos que vivemos em um país em que o

jurisdicionado não pode esperar décadas, afim de não ver seu direito

resolvido. Em um país em que ainda muitas pessoas não têm o básico

para a sobrevivência, é importante ressaltar também a questão da

(7)

economia pros cofres públicos, respeitando assim as contribuições dos cidadãos. É fato que o Princípio da Economia Processual engloba uma economia de custo, de tempo e de atos processuais, no intuito de atingir a eficiência na prestação jurisdicional, com uma justiça rápida e de baixo custo, conforme nos recomenda a lei maior. Como mesmo afirma a doutrina de Carneiro da Cunha o fundamento da denunciação da lide é a economia processual, evitando-se que a parte, após o término da demanda originária, na qual resulte derrotada, tenha que ingressar com uma demanda regressiva contra o sujeito que está obrigado a lhe dessa

forma ressarcir o dano regressivamente.

Outro aspecto a se elogiar na decisão do acordão, é o fato de se respeitar a segurança jurídica e evitar assim decisões conflitantes. A vitima assim poderia escolher a quem demandar, caso o agente público for culpado,:

contra o próprio agente público; mover a ação em desfavor do agente público e do Estado num litisconsórcio passivo; ou mover a ação tão somente contra o Estado.

Mas caso a decisão seja de mover contra o Estado e esse tendo a opção

de denunciar a lide ou não, me parece assim uma forma de atingir o

interesse público respeitando as regras do direito processual civil.

(8)

Referências Bibliográficas:

CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de Terceiros. 19ª edição, São Paulo: Saraiva, 2010.

FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil. 3ª edição, Rio de Janeiro: Forense, 2005

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil vol. I. 52ª edição, Rio de Janeiro: Forense, 2011.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo:

Malheiros, 2009, p. 1032.

*** Sítio http://www.stj.gov.br/ e Carta Magna de 1988.

Referências

Documentos relacionados

As diferenças mais significativas de humidade do solo entre tratamentos manifestam-se no final do Inverno e início da Primavera em resultado do grau de

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Outras possíveis causas de paralisia flácida, ataxia e desordens neuromusculares, (como a ação de hemoparasitas, toxoplasmose, neosporose e botulismo) foram descartadas,

Além disso, serão abordados os estudos sobre os dois programas que surgiram no cenário educacional como políticas públicas educacionais curriculares, com propostas

da equipe gestora com os PDT e os professores dos cursos técnicos. Planejamento da área Linguagens e Códigos. Planejamento da área Ciências Humanas. Planejamento da área

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

[r]

O caso de gestão estudado discutiu as dificuldades de implementação do Projeto Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMMT) nas escolas jurisdicionadas à Coordenadoria