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IMPACTO DA ADIÇÃO DE COLOSTRO BOVINO NAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE IOGURTE POTENCIALMENTE SIMBIÓTICO

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IMPACTO DA ADIÇÃO DE COLOSTRO BOVINO NAS

CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE IOGURTE

POTENCIALMENTE SIMBIÓTICO

C. de Souza

1

, S. C. da Silva

1

, D. A. Drunkler

1

1- Departamento Acadêmico de Alimentos – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Medianeira – CEP: 85884-000 – Medianeira – PR – Brasil, Telefone: (45) 3240-8000 – e-mail: (deisydrunkler@utfpr.edu.br)

RESUMO – O crescente interesse pelos alimentos funcionais tem levado os pesquisadores a estudar diferentes ingredientes que possam ser adicionados aos alimentos com o objetivo de exercer efeitos fisiológicos benéficos à saúde, mantendo a aceitabilidade sensorial. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da adição de colostro bovino em iogurte adicionado de Lactobacillus acidophilus La-5 sobre as características sensoriais: cor, aceitabilidade (sabor, aroma, aparência e consistência) e escala FACT. Desta forma, foram elaboradas duas formulações: uma contendo L. acidophilus, denominada de FP, e a outra contendo colostro bovino e L. acidophilus, denominada de FAC. As formulações diferiram entre si significativamente para todos os atributos avaliados (p<0,05), sugerindo que modificações sejam realizadas no fluxograma de elaboração da FAC visando mascarar a presença de colostro bovino.

ABSTRACT – The increasing interest in functional foods has led researchers to study different ingredients that can be added to foods in order to exert beneficial physiological effects on health by maintaining the sensory acceptability. This study aimed to evaluate the effect of adding of bovine colostrum in yogurt added Lactobacillus acidophilus La-5 on the sensory characteristics: color, acceptability (flavor, aroma, appearance and consistency) and FACT Scale. Thus, two formulations were prepared: one containing L. acidophilus, called FP, and the other containing bovine colostrum and L. acidophilus, called FAC. The formulations differed significantly for all attributes (p <0.05), suggesting that changes should be made in flow diagram the FAC aiming mask the presence of bovine colostrum.

PALAVRAS-CHAVE: probiótico; prebiótico; leite fermentado. KEYWORDS: probiotic; prebiotic; fermented milk.

1. INTRODUÇÃO

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destacando-se os leites fermentados, dentre estes os iogurtes, que são os principais produtos comercializados contendo cultura probióticas.

Entende-se por produtos lácteos probióticos àqueles adicionados de microrganismos vivos que quando administrados em quantidade adequada conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FAO/WHO, 2002). Podem-se citar inúmeros benefícios atribuídos ao consumo de probióticos, conforme os trabalhos de Khani et al. (2012) Pandey et al. (2015).

No entanto, para que as culturas probióticas se desenvolvam, elas precisam de um substrato que favoreça o seu crescimento, surgindo então os prebióticos, que são compostos alimentícios não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro estimulando o crescimento e atividade de uma ou mais bactérias benéficas do cólon, melhorando a saúde do hospedeiro (Pandey et al., 2015). Dentre as inúmeras fontes de prebióticos, os oligossacarídeos do leite tem encontrado destaque, surgindo o colostro bovino como uma possibilidade de fonte destas substâncias. Os oligossacarídeos mais encontrados no colostro bovino são os oligossacarídeos ácidos, chamados de sialiloligossacarídeos, que são estruturalmente similares àqueles encontrados no leite humano. Como estes compostos não são digeridos, eles chegam intactos ao cólon intestinal, onde vão agir como prebióticos, fortalecendo a microbiota local (Zivkovic e Barile, 2011).

Por sua vez, atrelado ao perfil funcional, as características sensoriais também são importantes norteadores na compra destes alimentos (Carrillo et al., 2011). Desta forma, o objetivo foi avaliar as características sensoriais de um iogurte potencialmente simbiótico por meio da adição do probiótico Lactobacillus acidophilus La-5 e do colostro bovino como fonte de oligossacarídeos com caráter prebiótico.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Elaboração de iogurte adicionado de colostro bovino

Foram elaboradas duas formulações: uma de iogurte contendo apenas L. acidophillus La-5 (Formulação padrão “FP”) e outra de iogurte contendo L. acidophillus La-5 e colostro bovino (Formulação adicionada de colostro “FAC”). Para a formulação padrão (FP), o leite em pó integral

(Elegê, BRF, Três de Maio)

foi reconstituído a 12% de sólidos totais (m/m) em água, adicionado de 10 % (m/m) de açúcar

cristal (Caravelas, Ariranha)

e tratado termicamente a 85º ± 1ºC por 15 minutos, sob agitação constante. As culturas láticas iniciadoras (Streptococcus thermophilus e

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2.2 Análise de cor

A avaliação da cor dos iogurtes foi realizada através do emprego de colorímetro (KÔNICA MINOLTA® CR 31), onde foram obtidos os parâmetros de L* (luminosidade), a* (transição da cor verde -a* para o vermelho +a*) e b* (transição da cor azul -b* para a cor amarela +b*).

2.3 Análise sensorial

Foram recrutados 112 julgadores não treinados (Hough et al., 2006), de ambos os sexos, discentes, docentes e técnicos administrativos do Câmpus Medianeira da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, de forma aleatória. Para tal, foram selecionados aqueles com idade superior a 18 anos e que não apresentavam intolerância ou alergia ao leite. A avaliação sensorial dos atributos e da aceitação do produto desenvolvido foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial, em cabines individuais dotadas de luz branca fluorescente, onde cada provador recebeu uma amostra da FP e uma da FAC. As amostras foram servidas em copos plásticos descartáveis (cerca de 20 g), à temperatura de 7º  2ºC, devidamente codificados com números de três dígitos aleatórios. Foi instruído aos provadores sobre a utilização de água mineral entre as amostras para limpeza do palato. Para a avaliação dos atributos sensoriais sabor, aroma, aparência e consistência foi empregada a Escala Hedônica Verbal de 09 pontos, onde 4 corresponde a “gostei extremamente” e -4 “desgostei extremamente” (Silva et al., 2013). Na mesma ficha, foi também avaliado o grau de aceitação empregando a Escala FACT (Minim, 2006), bem como algumas questões referentes ao consumo de iogurte.

Para verificação do cumprimento das exigências no que diz respeito às condições higiênico-sanitárias dos produtos, foram realizadas as contagens de coliformes a 30 ºC (UFC.g-1), coliformes a

45 ºC (UFC.g-1) e bolores e leveduras (UFC.g-1) (Brasil, 2001), segundo a metodologia determinada

pela Instrução Normativa n° 62, de 26 de agosto de 2003 (Brasil, 2003).

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que emitiu parecer favorável sob o n. 953.506, CAAE: 37972714.3.0000.5547. Seguiram-se as recomendações descritas na Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que regulariza as pesquisas com seres humanos e recomenda a assinatura prévia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

2.4 Análise estatística

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Análise de cor

Os parâmetros de cor “L”, “a” e “b” das duas formulações de iogurte diferenciaram-se entre si significativamente (p<0,05). De acordo com Aryana e McGrew (2007), um fator que influencia a cor do produto é a cor dos ingredientes utilizados em sua fabricação. Como neste trabalho os ingredientes utilizados nas duas formulações foram os mesmos, exceto pelo colostro bovino, conclui-se que a adição deste ingrediente foi a principal causa das diferenças de cor entre eles.

O parâmetro “L” apresentou-se maior na FP (79,96 ± 1,59), constatando assim que a FAC apresentou menor luminosidade (73,81 ± 3,30), devido à adição de colostro que aumentou o teor de sólidos totais no produto e resultou em menor reflexão de luz (García-Pérez et al., 2005). Em relação aos resultados do parâmetro “a”, nas duas formulações apresentaram-se maior que zero direcionando a cor dos produtos para o vermelho (FP 8,08 ± 0,37 e FAC 9,80 ± 0,60). Os valores de “b” direcionam para o amarelo, onde para FAC este ficou maior devido a adição do colostro bovino que apresenta como característica coloração amarela (FAC 11,13 ± 1,39 e FP 8,65 ± 0,52).

3.2 Análise sensorial

Dentre os participantes da análise sensorial, 58,03% eram do sexo masculino e 41,96% do sexo feminino; 90,18% dos julgadores pertenciam a faixa etária de 18 a 25 anos e 50,89% frequentavam o 3º grau. Com relação à frequência com que consumiam iogurte 38,39% disseram que o faziam uma vez por semana, 25,89% das participantes consumiam iogurte diariamente, 21,43% apenas uma vez por mês e 14,29% raramente. A maioria das pessoas (77,68%) não sabe o que significa iogurte simbiótico; mas, apesar disso, estão dispostos a comprar um produto benéfico à saúde (95,54%).

De acordo com os resultados demonstrados na tabela 1 é possível verificar que a adição de colostro bovino alterou todos os atributos referentes à análise sensorial.

O sabor ácido colostro bovino pode ter contribuído para os valores obtidos para este atributo. No entanto, 34,8% dos provadores escolheram a resposta “não gosto disso, mas comeria ocasionalmente” para FAC (Tabela 2). Além disso, alguns julgadores comentaram que apesar do forte sabor residual, consumiriam este produto se soubessem que este trouxesse benefícios para a saúde. Tabela 1. Valores médios dos atributos sabor, aroma, aparência e consistência dos iogurtes dos iogurtes contendo apenas L. acidophillus LA-5 (FP) e iogurte contendo L. acidophillus LA-5 e colostro bovino (FAC).**

PARÂMETROS* FP*** FAC****

Sabor 2,9 ± 1,1 a -0,5 ± 2,5 b

Aroma 2,7 ± 1,3 a 0,8 ± 2,1 b

Aparência 2,6 ±1,2 a 1,6 ± 1,6 b

Consistência 2,2 ± 1,5 a 1,2 ± 1,9 b

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Tabela 2. Valores médios* referentes ao teste de Escala FACT dos iogurtes dos iogurtes contendo apenas L. acidophillus LA-5 (FP) e iogurte contendo L. acidophillus LA-5 e colostro bovino (FAC).

RESPOSTAS FP (%)** FAC (%)***

Comeria isso sempre que tivesse oportunidade 36,6 1,8

Comeria isso muito frequentemente 20,5 0,9

Comeria isto frequentemente 21,4 4,5

Gosto disso e comeria de vez em quando 18,8 16,1

Comeria isto se tivesse acessível, mas não me esforçaria para isso 1,8 21,4

Não gosto disso, mas comeria ocasionalmente 0,9 34,8

Raramente comeria isto - 8,0

Só comeria isto se não pudesse escolher outro alimento - 5,4

Só comeria isto se fosse forçado(a) - 7,1

*Número de provadores 112. **FP: Formulação padrão. ***FAC: formulação adicionada de colostro.

A adição do colostro exerceu uma efeito inibidor ao aroma de morango. Quanto à aparência, a FAC recebeu menor nota provavelmente devido à cor mais turva e menos rosa do que FP que apresentou tom de rosa característico de iogurte de morango, o que vai de encontro aos resultados da análise instrumental de cor.

Biscoitos tipo cookies suplementados com colostro bovino em pó foram os que receberam menores notas quanto aos atributos aparência, sabor e aceitabilidade global quando comparados com cookies suplementados com outros produtos lácteos (Sert et al., 2015). Por sua vez, em pesquisa sensorial realizada com manteiga e dois sabores de bebida láctea adicionados de silagem de colostro bovino, percebeu-se uma boa aceitação dos produtos e que estes seriam adquiridas pelas pessoas que participaram da pesquisa (Saalfeld, 2013).

Ao decorrer da pesquisa, foi possível observar que as pessoas possuem conceitos estabelecidos de que o colostro bovino é algo que não se deve consumir. Talvez este preconceito seja oriundo da proibição de adicionar colostro ao leite que será comercializado, porém esta proibição está relacionada aos problemas de instabilidade protéica frente ao tratamento térmico que o colostro pode causar devido à diferença de constituição comparada ao leite. Existem diversas aplicações do colostro bovino na alimentação humana em vários países do mundo. Nos países escandinavos durante muito tempo era produzido um pudim de colostro coberto com mel para celebrar o nascimento de herdeiros. Na Turquia, o “Kelle” é conhecido como um prato feito com colostro bovino. No Cáucaso, o colostro solidificado é polvilhado com açúcar sendo conhecido como "Gumus” (Kalafat, 2015).

4. CONCLUSÃO

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2001). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2003).

Oficializa os Métodos

Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem

Animal e Água

(Instrução Normativa Nº 62, de 26 de agosto de 2003). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

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