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Trabalhando o atletismo nas aulas de educação física da educação infantil

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Academic year: 2021

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Trabalhando o atletismo nas aulas de educação física da educação

infantil

Eduardo Massoco Rios, Maria Eduarda Trindade Barreto e Wagner de Lima Ramos eduardotravado@gmail.com; duda_trindade@hotmail.com; wagnerdlramos@gmail.com

Resumo

Este trabalho refere-se às atividades desenvolvidas durante o componente curricular “Seminários de Estágio Supervisionado I: atividades físicas na Educação Infantil”, do curso de Licenciatura em Educação Física, da UNIPAMPA, campus Uruguaiana – RS. O objetivo principal do Estágio foi trabalhar o Atletismo com os alunos da Educação Infantil. Foi escolhida uma turma da V Etapa,

com 18 alunos, de uma escola pública municipal. No total, foram 10 encontros mais três dias de observações. Os objetivos propostos foram alcançados. Ao final do Estágio fica explícita a necessidade de um profissional de Educação Física para trabalhar

com alunos dessa faixa etária nas escolas públicas e privadas.

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1.

Contexto do relato

O presente relato visa apresentar as atividades desenvolvidas no Componente

Curricular “Seminários de Estágio Supervisionado I: atividades físicas na Educação Infantil”, do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, campus Uruguaiana. A disciplina de Seminários de Estágio Supervisionado I apresenta uma carga horária de 105 horas/aula, distribuída entre aulas teóricas, observações, planejamento, elaboração e aplicação das aulas e seminário integrativo, relatando as atividades desenvolvidas com a comunidade escolar escolhida.

A primeira vivência do acadêmico de Educação Física como regente de classe é feita em turmas de Educação Infantil, onde os alunos devem ministrar um mínimo de 10 aulas, além das aproximações/observações da turma escolhida. A proposta principal para a realização das atividades no Estágio foi trabalhar noções de Atletismo para alunos da Educação Infantil.

As atividades foram realizadas em uma turma de V Etapa, de uma escola de Educação Infantil que faz parte de um Complexo Escolar Municipal. A turma era composta de 18 (dezoito) alunos de ambos os sexos, que ao final do ano letivo teriam que ter 5 (cinco) anos completos. O Complexo Escolar abrange 4 bairros muito carentes da periferia de Uruguaiana – RS.

Ao final das atividades, os objetivos propostos foram alcançados. A estrutura da Escola ajudou para realização do Estágio e a comunidade escolar deu total autonomia para os estagiários realizarem o planejamento inicial.

2.

Detalhamento das atividades

O componente curricular “Seminários de Estágio Supervisionado I: atividades físicas para Educação Infantil” é composto de 7 créditos, 4 teóricos e 3 práticos. Os períodos teóricos são destinados para instrumentalizar os acadêmicos para a vivência com alunos entre 2 (dois) e 5 (cinco) anos de idade. A instrumentalização inicial é feita com a discussão de artigos científicos e exibição de filmes que transportam os acadêmicos para a faixa etária. A regência da disciplina foi feita por um professor adjunto e outro professor supervisor de estágio.

A primeira aproximação à Comunidade Escolar é feita através da escolha da Escola para realizar o Estágio, onde serão feitas as observações para conhecimento da turma e que os alunos se acostumem com a presença do estagiário; no total são realizadas entre 3 (três) e 5 (cinco) observações.

Após a realização das observações, foi escrito o diagnóstico da Escola, elencando as principais características da turma e da real situação da comunidade escolar para, assim, poder realizar um planejamento das atividades aplicáveis. Esse planejamento é a elaboração das aulas a serem ministradas pelos estagiários e orientados pelos professores da Universidade.

A turma era composta por 18 (dezoito) alunos de ambos os sexos, com idade entre 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade, moradores de uma região muito carente de Uruguaiana; não só carente

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economicamente, mas principalmente, de atenção. Por ser considerada uma região violenta, esses moradores passam por exclusão.

A Escola foi inaugurada no início do ano de 2012, apresenta uma boa estrutura e materiais de boa qualidade. A área para a prática de atividades físicas propicia vários tipos exercícios e a comunidade escolar sempre foi muito receptiva para presença de estagiários. A ideia de trabalhar com noções de Atletismo para alunos da Educação Infantil surgiu pelo gosto dos acadêmicos pelo esporte e por ser um esporte barato e fácil de dar continuidade pelas classes sociais menos favorecidas.

No município de Uruguaiana – RS, as aulas de Educação Física não fazem parte do currículo da Educação Infantil e são realizadas pelas/os professoras/es da turma. Durante a realização das observações, as professoras relataram que realizam com os alunos apenas atividades de recreação e brincadeiras na pracinha, pois não são instrumentalizadas para realizarem outros tipos de atividades, embora a Escola tenha muitos materiais para a prática de mini-voleibol, mini-futebol e mini-basquetebol.

A Escola destinou para o Estágio, dois encontros semanais, de uma hora/aula cada; no total foram 10 (dez) encontros. As aulas foram realizadas no turno da classe, ou seja, de manhã. Foi escolhido o horário do meio da manhã, para não atrapalhar o horário das atividades de aula e o horário do almoço (realizado antes dos alunos voltarem para casa).

Antes de começarmos com os conteúdos de Atletismo, aplicamos em duas aulas noções de habilidades motoras básicas, onde trabalhamos a análise da marcha, lateralidade, saltos e arremessos. Muitos alunos não tinham noção e nem domínio dessas atividades, o que deixou explícito a necessidade de um profissional de Educação Física para trabalhar nesse nível de ensino. Ao realizarem brincadeiras, conseguíamos fazer com que os alunos caminhassem em linha reta, pulassem em um pé só, usassem a mão direita ou esquerda, pulassem de uma cadeira, caminhassem sobre um banco ou com “pés de lata” etc.

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Figura 2: Caminhando em linha reta

Para a introdução do Atletismo utilizamos materiais alternativos como cabos de vassoura, bolas de jornal e meia de nylon, bastões de cano PVC e fita zebrada (para fazer a marcação das pistas de Atletismo). Os conteúdos de Atletismo trabalhados foram: corridas de velocidade, corridas de revezamento, corridas com obstáculos e corridas de aventura (com orientação); salto com vara, salto em altura e salto em distância e, por fim; arremesso de dardo e lançamento de peso.

Figura 3: Corrida com obstáculos

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Figura 5: Salto em altura

Durante as aulas, os alunos foram sempre muito participativos e interessados. Acabamos trabalhando o Atletismo sem os alunos perceberem. Pois para eles, era tudo brincadeiras. Não tratávamos o Esporte com a forma militarista que tem o Atletismo, mas sim como recreação e a utilização histórias entre as atividades. Muitas vezes, as crianças mudavam as histórias ao longo das atividades, trazendo animais, locais, monstros e fadas. Na aula que trabalhamos corridas de aventura, com atividades de orientação, realizamos a caça ao tesouro.

Todas as aulas eram acompanhadas pela professora da turma e de uma estagiária. Os alunos não demonstravam medo ao realizarem as atividades, embora para eles, fosse tudo novidade. Isso nos deixava satisfeitos com os resultados das aulas e motivados para prepararmos melhores e mais novidades para os próximos encontros.

3.

Análise e discussão do relato

O grande desafio do Estágio Curricular I foi por sermos uma figura masculina num ambiente em que as crianças estão acostumadas apenas com figuras femininas (a mãe e a professora), pois muitos alunos não tem a figura paterna em casa.

Ao criar o vínculo com a turma, passávamos confiança para eles realizarem as atividades propostas durante as aulas sem demonstrarem medo. Durante as aulas de habilidade motoras básicas observamos a falta de coordenação motora e noções de localização espacial dos alunos da faixa etária. Ao conversar com a professora da turma e a estagiária elas ficaram interessadas nas atividades, pois com ideias simples e poucos materiais podiam trabalhar esses e outros conteúdos.

Nas aulas em que foram trabalhados os conteúdos do Atletismo, o cenário da aula era preparado antes de chamarmos os alunos para o pátio. Em conversa com os alunos, muitos falaram que Atletismo eram apenas corridas e que alguns familiares praticavam. O objetivo do Estágio não era formar atletas, mas deixar nos alunos o gosto de praticar o Atletismo de forma criativa e recreativa.

As aulas de saltos foram as que os alunos mais se divertiram; embora sendo um esporte individual, os alunos cooperavam uns com os outros, ensinando formas de cair sobre os colchonetes sem se machucar ou terem mais velocidade durante a corrida. Foram utilizados muitos colchonetes para que

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nenhum aluno se machucasse durante a realização das atividades e para que eles não tivessem medo, os gestos eram demonstrados pelo estagiário.

Outra aula em que os alunos se divertiram muito foi no dia da construção da bola artesanal (com jornal e meia de nylon) para o arremesso de peso e do dardo de jornal. O interesse de todos era para levar para casa e brincar com os amigos. A forma de trabalhar a cooperação dos alunos na construção dos materiais pode ser usado em séries mais avançadas, para, de forma econômica, trabalhar o Atletismo nas escolas.

4.

Considerações finais

Durante os 10 (dez) encontros realizados com a turma da V etapa da Educação Infantil do Complexo Escolar do município de Uruguaiana – RS, conseguimos alcançar os objetivos propostos na elaboração do projeto. A receptividade da comunidade escolar nos incentivou a trabalhar com a inclusão do Atletismo na faixa etária dos alunos da Educação Infantil.

Com a construção do diagnóstico da realidade escolar, observamos a necessidade de trabalhar, inicialmente, as habilidades motoras básicas, para que pudéssemos trabalhar com o Atletismo, propriamente dito. Ao destinarmos duas aulas para trabalharmos com noções básicas, esse tempo não foi perdido, pois, em algum momento teríamos que parar as aulas e explicar o gestual e o modo correto de se posicionarem nas atividades.

Salienta-se, aqui, a necessidade de um profissional de Educação Física para trabalhar as habilidades motoras básicas para alunos da Educação Infantil, despertando o interesse dos mesmos pela prática de atividade física habitual, para que quando cheguem a níveis mais avançados do ensino, as aulas de Educação Física não sejam vistas como obrigação.

Ao despertarmos o interesse dos alunos pela prática de atividades físicas estamos evitando o grande mal da atualidade, que é o sedentarismo e o uso excessivo das tecnologias, que são grandes responsáveis por doenças cardiovasculares e obesidade cada vez mais cedo entre os jovens. Se os alunos tiverem as aulas de Educação Física como uma diversão, eles irão buscar essa prática de forma saudável e responsável.

Assim, por ser o Atletismo um esporte que, basicamente é necessário um par de tênis e disposição para praticá-lo, deve ser cada vez mais incentivado nas escolas, e nada melhor que começar a trabalha-lo na Educação Infantil.

Referências

AYOUB, E. Reflexões sobre a Educação Física na Educação Infantil. Revista Paulista de Educação

Física. São Paulo, supl.4, p. 53-60, 2001.

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COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

FERNANDES, J. L. Atletismo – Corridas. [S.l.] 3 ed. Editora EPU. 2006.

FERNANDES, J. L. Atletismo – Lançamentos e Arremesso. [S.l.] 2 ed. Editora EPU. 2006.

OLIVEIRA, A. A. B. Planejando a Educação Física Escolar. In: VIEIRA, J. L. L. (org.) Educação

Referências

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