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PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTO PARA A ANÁLISE DOS CADERNOS ESCOLARES GERES

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Academic year: 2021

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PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTO PARA A

ANÁLISE DOS CADERNOS ESCOLARES GERES

Orientadora: Alicia Bonamino Bolsistas Capes: Maíra Fagundes Tomazini Maria Ângela dos Santos Cardoso

Relatório Anual PUC-RIO

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1. Introdução

Este relatório apresenta os resultados do trabalho desenvolvido por nós Maíra Fagundes Tomazini e Maria Ângela dos Santos Cardoso, durante as atividades como bolsistas de PIBIC em 2012 com financiamento da CAPES.

O objetivo da pesquisa é investigar, nos resultados do desempenho dos alunos em Língua Portuguesa (Leitura), desigualdades nos processos de aprendizagem no 3º e 4º anos do Ensino Fundamental, a partir dos dados da pesquisa Geres – Estudo Longitudinal da Geração Escolar 2005. Esta pesquisa acompanhou uma amostra de alunos em cinco cidades brasileiras de 2005 a 2008, e avaliou o desempenho dos alunos em Língua Portuguesa (Leitura( e em Matemática, nos primeiros anos do Ensino Fundamental.

A pesquisa identificou inconsistências na aprendizagem em leitura e em matemática, que indicam, em matemática, processos de desaceleração da aprendizagem e, em leitura, processos de aceleração e desaceleração.

Para procurar compreender esses resultados, relacionados ao contexto de ensino aprendizagem e a práticas pedagógicas já vivenciadas, procedemos à coleta de cadernos escolares para análise constitui, portanto, um dispositivo de transposição didática, um instrumento que permite inferências sobre uma para análise do que foi efetivamente ensinado no contexto da sala de aula.

2. Os cadernos escolares

A coleta de cadernos de alunos participantes do Geres iniciou-se em seis escolas do município do Rio de Janeiro. Foram coletados cadernos de sete alunos.

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apenas uma parte da representação do que ocorre na sala de aula, apresentam modos pelos quais se objetiva, no contexto intraescolar, o ato da escrita. Segundo Hébrard, os cadernos, embora não circunscrevam o ensino permitem “fazer aparecer entre os exercícios, todo um memorandum da vida escolar, informações sobre as lições do dia que não foram acompanhadas de exercícios ou, simplesmente, um título.” (2001, p.134).

Em consonância com o que é apontado por Hébrard, como o objetivo da pesquisa é a apreensão de práticas já vivenciadas, os cadernos escolares são entendidos como instrumento privilegiado na identificação de variáveis que indiciam dimensões da prática docente. À análise dos cadernos dos alunos serão integrados estudos relativos às proficiências prévias dos alunos e às práticas informadas pelos seus professores, através dos questionários que responderam quando da pesquisa Geres. Os cadernos são, assim, instrumentos que, embora não reproduzam a atividade escolar e, de per si, não traduzam o currículo apreendido permitem delinear aspectos que remetem, ainda que parcialmente, a interpretações acerca de práticas vivenciadas, sobre o ensino da língua portuguesa. Trata-se, portanto, de um trabalho que concebe os cadernos como documentos tipicamente escolares que apesar de não abrangerem toda a escrita organizada na sala de aula, traduzida a partir da interação com outros suportes que vão desde a folha solta até a tela do computador, informam sobre uma parcela do que nela ocorre. Como afirma Viñao Frago (2008, p.25):

Dadas as indubitáveis vantagens que os cadernos escolares oferecem – em comparação com as prescrições oficiais, os livros de texto e os programas ─ para conhecermos e nos aproximarmos do currículo real, pode-se cair na tentação de que essa fonte reflita quase toda a realidade escolar. /.../ o que podemos fazer é nos aproximarmos do passado e reconstruí-lo de modo parcial e com um enfoque determinado. /.../ Nem tudo está nos cadernos.

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Procurou-se, porém, não perder de vista a importância de considerar, na análise de conteúdo, aspectos discursivos da interação, das condições de produção e/ou do contexto em que o fenômeno discursivo ocorreu. No estudo em tela, isso implica em dizer que subsidia a análise dos cadernos a ideia de que eles expressam dimensões do fazer docente que se consubstanciam a partir de exercícios, modos de proposição de atividades com o texto; formas de tratamento da letra (forma e cursiva, por exemplo) estratégias de correção, entre outros aspectos. Os cadernos constituem, portanto, um tipo de documento a partir do qual é possível apreender, ainda que em diferentes graus de aproximação, modos de conceber a alfabetização e seu aprendizado. Considera-se, assim, que a análise de conteúdo é uma estratégia que tem, na mensagem, seu ponto de partida, mas cujo significado guarda estreita relação com o contexto e as condições objetivas na qual a mensagem é produzida. Como afirma Bardin (1997, p.38) “A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção das mensagens, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)”

3. A construção do instrumento para a análise dos cadernos escolares

Antes de iniciar o estudo dos exercícios constantes dos cadernos, que deveriam ser devolvidos às famílias, garantiu-se sua preservação a partir de cópias reprográficas, excetuando alguns exemplares, que foram doados.

A análise dos cadernos teve início com a identificação de variáveis, que foram categorizadas e estruturadas em forma de planilhas. Essa atividade envolveu as seguintes etapas: [1] leitura de um conjunto de cadernos e registros, em forma de lista, dos tipos de exercícios constantes dos cadernos, tendo em vista a natureza da atividade neles privilegiada; [2] organização das variáveis identificadas em categorias e [3] produção de uma planilha.

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um mesmo aluno tinha um relativo em 2005, m 2006 e 2007 e três em 2008. Tem-se, nesse caso, uma planilha referente a cada ano, posteriormente agrupada às demais, obtendo-se, assim, uma visão ano a ano e, também, uma visão global do conjunto de propostas ao longo do período 2005-2008 de um mesmo aluno em dada instituição. Pode-se, também, comparar conjuntos de tarefas privilegiadas ao longo de ano, entre diferentes anos numa mesma escola, entre turmas, tendo em vista o universo e diversidade dos materiais disponíveis. Viabiliza-se, a partir desse modo de sistematização dos dados, uma visão “panorâmica” da composição do conjunto das atividades identificadas em duas dimensões: a vertical, organizando as categorias de análise de língua portuguesa contidas nos cadernos; e a horizontal, organizando a distribuição das atividades e a sua quantidade no decorrer do tempo. Procurou-se, nesse percurso, levantar o maior número de itens possíveis para definição das categorias da planilha, independente da frequência com que figuravam. Só após essa primeira aproximação com os dados, partiu-se para um levantamento mais apurado das variáveis identificadas, organizando-as em categorias ou conjuntos analíticos. Foram identificados, também, aspectos que não guardam relação direta com um componente curricular, mas que indiciam modos de utilização desse dispositivo escolar como as atividades de rotina, cabeçalhos que, face à suas especificidades, foram registrados separadamente. Outra estratégia foi a delimitação de um espaço específico para observações visando à inclusão de variáveis que, no desenho preliminar, não tivessem sido contempladas e que pudessem constituir-se em objeto de análise quer como uma nova categoria, quer como uma variável particular, notável por sua singularidade. Consta, também, no inicio da planilha, um espaço dedicado à identificação dos cadernos como: disciplina, nome do aluno, período de escolaridade, número de páginas utilizadas, período letivo a que se refere.

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propriamente. Essa organização buscava facilitar o trabalho de (re)organização da planilha, na medida em que novas atividades/itens iam sendo incluídos conforme avançava o estudo das variáveis apreendidas, ou mesmo, se, nesse movimento, outras variáveis ou categorias se configurassem. Embora do ponto de vista quantitativo, o número de cadernos não seja amplo, essa “codificação” visa um modo de organização e estruturação de dados que permita tanto análises mais amplas e de caráter integrado, quanto estudos verticalizados, centrados em cadernos e/ou exercícios em particular. A estrutura dessa codificação pode ser expressa no seguinte esquema:

Quadro 1.Esquema de codificação das categorias, subcategorias e unidades analíticas na planilha

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Tabela 1. Demonstração da estrutura da planilha de análise dos cadernos.

LÍNGUA PORTUGUESA

[...]

6 PRODUÇÃO DE TEXTO

6.1 pressupõe um leitor modelo: 6.1.1 Fábula

6.1.2 Conto

[...]

6.A correção do professor

6.B estímulo do professor

6.C auto-correção/correção de pares

6.2 não pressupõe um leitor modelo: 6.2.1 Fábula

6.2.2 Conto 6.2.3 Poema

[...]

6.A correção do professor

6.B estímulo do professor

6.C auto-correção/correção de pares

Outra aplicação prática da codificação é a indicação, nos cadernos, do local onde se encontravam os apontamentos feitos nas planilhas, de forma a facilitar sua localização exata, quando da retomadas desses documentos. A sinalização foi feita através de etiquetas do tipo post-it numeradas com o código e coladas imediatamente ao lado da unidade identificada. Acima ou abaixo, em etiquetas mais largas, figuram as observações, devidamente replicadas na planilha, como mostra a figura 1.

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É desse percurso de construção do instrumento para análise dos cadernos que participamos até o momento. Na sequência da pesquisa, serão realizadas análises longitudinais e, também anuais, a fim de que se possa verificar se diferenças nas proficiências (currículo apreendido) se relacionam, ou não, com a natureza do conjunto de atividades propostas. Paralelamente, como os cadernos não podem ser isoladamente entendidos como reveladores do currículo real serão analisados os questionários respondidos por professores cujos alunos preservaram e emprestaram seus cadernos, bem como serão estudadas as ênfases dos livros didáticos que eles declararam utilizar.

4. Outras atividades desenvolvidas

Esta seção apresenta, em forma de tópicos, atividades de caráter pontuais desenvolvidas ao longo do período da bolsa, consideradas relevantes:

• Participação nas reuniões semanais do Laboratório de Avaliação Educacional do Departamento de Educação - LAEd - PUC - Rio.

• Participação de seminário Internacional em Avaliação da Alfabetização, Leitura e Escrita (Maíra Fagundes Tomazini)

• Leitura do projeto de pesquisa e participação em reuniões de apresentação de pesquisas de mestrandos e doutorandos.

5. Referências Bibliográficas

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

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HÉBRARD, Jean. Por uma bibliografia material das escritas ordinárias: o espaço gráfico do caderno escolar. Revista Brasileira de História da Educação, Campinas/São Paulo: Autores Associados, n.1, p.115-141, jan./jun.2001.

OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO. “As inconsistências na Aprendizagem de Leitura e Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental”; Projeto de Pesquisa submetido a Capes. PUC-RIO, UFMG e UFJF. Edital 038/2010 Capes/Inep. Agosto, 2010.

Referências

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