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RELATÓRIO ANUAL SOBRE O GOVERNO DAS SOCIEDADES COTADAS EM PORTUGAL 2013

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RELATÓRIO ANUAL SOBRE O

GOVERNO DAS SOCIEDADES

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1

Índice

Capítulo 1 – A Situação do Governo das Sociedades ... 3

I Estrutura acionista ... 3

I.1 Capital Próprio, Capitalização Bolsista e Valor Transacionado ... 3

I.2 Estrutura de Capital ... 3

I.3 Participações Sociais ... 5

II Órgãos Sociais e Comissões ... 7

II.1 Assembleia Geral ... 7

II.1.1 Convocatórias e Pontos da Agenda ... 7

II.1.2 Composição da Mesa da Assembleia Geral ... 9

II.1.3 Exercício dos Direitos de Voto ... 10

II.2 Administração e Supervisão ... 12

II.2.1 Composição ... 12

II.2.2 Funcionamento ... 15

II.2.3 Comissões no Seio do Órgão de Administração ou Supervisão e Administradores Delegados ... 17

II.3 Fiscalização ... 19

II.4 Auditoria Externa ... 19

II.5 Gestão de Risco e Política de Comunicação de Irregularidades ... 23

III Remuneração dos Membros dos Órgãos Sociais ... 24

III.1 Remuneração Total ... 24

III.2 Outros Mecanismos de Remuneração e Indemnizações ... 27

Capítulo 2 – Supervisão do Cumprimento das Obrigações Legais e Regulamentares Relativas ao Governo das Sociedades ... 29

I. Relatórios de governo societário: análise do cumprimento global (“comply”) das recomendações do Código de Governo das Sociedades da CMVM 2013 ... 30

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3

CAPÍTULO 1 – A SITUAÇÃO DO GOVERNO DAS SOCIEDADES

I

ESTRUTURA ACIONISTA

I.1

Capital Próprio, Capitalização Bolsista e Valor Transacionado

As 43 sociedades de direito nacional com ações cotadas na Euronext Lisbon em 31 de dezembro de 20131 tinham uma capitalização bolsista média de 1.338,4 milhões de Euros. A capitalização

bolsista média diminuiu nas sociedades não integrantes do PSI20 (-50,0%) e nas não financeiras (-36,5%). Nas sociedades que integram o PSI20 e nas financeiras a capitalização bolsista média aumentou 1,8% e 21,1%, respetivamente.

O valor transacionado médio foi de 878,5 milhões de Euros, mais 89,9% do que em 2012. Enquanto o valor médio transacionado das sociedades que integram o PSI20 mais do que duplicou, as demais sociedades cotadas observaram uma redução na ordem dos 59,4%.

As 43 sociedades detinham um capital próprio médio de 1.054,9 milhões de Euros, o que representa uma redução de 2,7% face ao ano anterior. Esta redução foi mais expressiva nas cotadas não integrantes do PSI20 (-29,9%) e nas sociedades financeiras (-7,0%).

Capital Próprio, Capitalização Bolsista e Valor Transacionado

I.2

Estrutura de Capital

O capital social disperso (free float) representava, no final de 2013, em média, 24,3% do capital das cotadas. O peso do capital disperso era superior nas sociedades do PSI20 e nas financeiras. Se o capital social for ponderado pela capitalização bolsista, o peso do capital disperso aumenta para 35%.

1 No presente relatório não são consideradas as sociedades anónimas desportivas (S.A.D.) admitidas à

negociação na Euronext Lisbon.

0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 2011 2012 2013 2011 2012 2013 2011 2012 2013

Capitalização Bolsista Valor Transacionado Capital Próprio

M ilh õ e s d e E u ro s

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4 Vinte e oito sociedades, das quais três financeiras e 10 pertencentes ao PSI20, detinham alguma fração do seu capital social em carteira própria. O peso das ações em carteira própria, apesar de marginal, era superior no caso das sociedades que não integram o PSI20 e nas não financeiras. Numa sociedade o valor detido em carteira própria ultrapassava o limiar legalmente exigido.

As participações qualificadas representavam cerca de três em cada quatro Euros do capital social das cotadas, possuindo um peso superior no caso das sociedades não integrantes do PSI20 e das não financeiras. Considerando a tipologia dos detentores das participações qualificadas, o Estado representava 4,7% do total dessas participações e os titulares de órgãos sociais 18,0%.

Estrutura Acionista, para as Sociedades Cotadas

Estrutura Acionista, por Grupo de Cotadas

Quatro sociedades, três das quais pertencentes ao PSI20, possuíam ações preferenciais com direito a dividendo prioritário. O peso das ações preferenciais no capital social destas sociedades variava entre 0,003% e 69%, correspondendo o valor mais elevado a ações especiais do Banif - Banco Internacional do Funchal, S.A. detidas pelo Estado Português.

Quarenta e uma cotadas referiram que as ações representativas do capital social são livremente transmissíveis, não havendo restrições à sua titularidade previstas nos estatutos. As ações subscritas pelo Estado Português estão sujeitas a restrições à sua transmissão, nos termos dos respetivos estatutos, em duas cotadas (na EDP – Energias de Portugal, S.A. a norma deixou de ter aplicabilidade em fevereiro de 2013 na sequência da extinção das ações, após a redução para 0% da participação da Parpública – Participações Públicas, S.A. no capital da EDP).

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5 respetivo e pelo seu valor nominal ou pelo respetivo valor de mercado (quando seja inferior aquele), as ações da sociedade detidas por acionista que, direta ou indiretamente, exerça atividade concorrente ou similar com a da sociedade.

Apenas cinco sociedades referiram a existência de acordos significativos de que são parte e que entrem em vigor, sejam alterados ou cessem em caso de mudança de controlo da sociedade (nos termos da alínea j) do número 1 do Artigo 245.º-A do Código dos Valores Mobiliários). Estes contratos estão relacionados, nomeadamente, com contratos de financiamento que preveem a possibilidade de credores resolverem os contratos ou solicitarem o reembolso antecipado dos montantes utilizados em caso de alteração do controlo acionista.

Seis sociedades reportaram a existência de medidas defensivas que preveem a limitação do número de votos suscetíveis de detenção ou de exercício por um único acionista de forma individual ou em concertação com outros acionistas (nos termos da alínea f) do número 1 do Artigo 245.º - A do Código dos Valores Mobiliários). Em cinco sociedades não são contados os votos emitidos por um acionista, isoladamente e em relação com acionistas com ele conexionados (por alguma das relações previstas no número 1 do artigo 20.º do Código dos Valores Mobiliários), que correspondam a uma parcela dos votos entre 10% a 25% do respetivo capital social. Adicionalmente, tal como já referido, num caso o respetivo contrato de sociedade determina que poderão ser amortizadas, sem consentimento do titular respetivo, as ações da sociedade detidas por acionista que direta ou indiretamente exerça atividade concorrente ou similar com a sociedade.

Nove sociedades, quatro das quais do PSI20, identificaram acordos parassociais suscetíveis de conduzir a restrições em matéria de transmissão de valores mobiliários ou de direitos de voto.

I.3

Participações Sociais

Foram identificadas, no final de 2013, 183 participações qualificadas nas 43 sociedades analisadas, 42% das quais correspondentes a uma fração do capital social entre 2 e 5%. Quinze sociedades mantêm relações significativas de natureza comercial com os titulares das participações qualificadas.

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6

Estrutura das Participações Qualificadas

Caracterização das Posições de Domínio

O Conselho de Administração pode deliberar sobre o aumento de capital em 24 sociedades. O valor médio do aumento autorizado é de 634 milhões de Euros, variando entre 7 milhões de Euros e 7.500 milhões de Euros. Os valores mínimo e máximo estão associados a uma sociedade não financeira não integrante do PSI20 e a uma sociedade financeira integrante do PSI20, respetivamente.

Número de Sociedades em que o Conselho de Administração pode Deliberar sobre o Aumento de Capital

Aumento de Capital Máximo Médio que o Conselho de Administração pode Deliberar

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7

II

ÓRGÃOS SOCIAIS E COMISSÕES

II.1

Assembleia Geral

II.1.1 Convocatórias e Pontos da Agenda

As 43 sociedades com ações cotadas na Euronext Lisbon em 31 de dezembro de 2013 em análise no presente relatório realizaram um total de 58 assembleias gerais de acionistas ao longo do ano. Destas, 48 corresponderam à Assembleia Geral Anual ou a Assembleias Gerais Ordinárias (AGA) e 10 a Assembleias Gerais Extraordinárias (AGE). Adicionalmente, foi convocada uma Assembleia Geral de Obrigacionistas (pela Zon Optimus, S.A.) e duas Assembleias de Participantes (pelo Banco BPI, S.A.). Os emitentes do setor financeiro continuaram realizar, em termos relativos, mais assembleias gerais, o que decorreu do facto de o Banif, S.A. ter convocado quatro assembleias gerais no decurso do ano. Em média, as convocatórias das AGA continham sete pontos e as das AGE dois pontos.

Em termos globais, foram analisados 318 pontos nas 48 AGA. A maioria das assembleias gerais abordou os tópicos relativos à apreciação geral da administração e da fiscalização da sociedade, à aprovação do relatório de gestão e as contas individuais e consolidadas do exercício, à decisão sobre propostas de aplicação de resultados, à apreciação ou deliberação da política de remuneração dos órgãos de administração, fiscalização e demais dirigentes e à deliberação sobre aquisição e alienação de ações próprias. Os demais temas abordados em pontos da ordem de trabalhos são apresentados na Tabela 1.2

Número de Pontos na Ordem de Trabalhos por Tipo de Assembleia

2 Quando num ponto da ordem de trabalhos é incluído mais do que um tema, procedeu-se à respetiva

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8

Tabela 1. Temas Abordados em Pontos da Ordem de Trabalhos das Assembleias Gerais Anuais ou Ordinárias

Pontos das Assembleias Gerais Anuais ou Ordinárias % do Total de

Pontos das AGA

AGA que Abordaram o

Tópico

Nº %

Apreciação geral da administração e da fiscalização da sociedade 13,52% 43 90%

Aprovação do relatório de gestão e as contas do exercício 8,39% 42 88%

Decisão sobre propostas de aplicação de resultados 13,05% 42 88%

Apreciação/Deliberação da política de remunerações dos órgãos de

administração, fiscalização e demais dirigentes 13,52% 42 88%

Aprovação do relatório de gestão e as contas consolidadas do exercício 8,39% 40 83%

Deliberar sobre aquisição e alienação de ações próprias 10,06% 33 69%

Eleição/cooptação de membro(s) dos órgãos de administração e alterações à

sua composição e/ou dimensão 7,42% 23 48%

Analisar e/ou deliberar sobre o relatório do governo relativo ao exercício de

2013 e demais deliberações sobre o governo das sociedades 2,41% 13 27%

Deliberar sobre aquisição e alienação de obrigações próprias 3,46% 13 27%

Nomeação do revisor oficial de contas 2,39% 11 23%

Alterações estatutárias 4,56% 10 21%

Outros assuntos 2,99% 10 21%

Eleição de membro(s) da comissão de fixação de vencimentos 1,76% 10 21%

Eleição de membro(s) da mesa da Assembleia Geral 0,82% 7 15%

Eleição de membro(s) dos órgãos de fiscalização 0,82% 6 13%

Deliberar sobre a aquisição e/ou detenção de ações representativas do capital social desta sociedade por sociedades dela direta ou indiretamente dependentes

1,57% 5 10%

Deliberar sobre a proposta de distribuição de reservas 1,10% 4 8%

Deliberar sobre aumento de capital efetivo ou potencial (delegação de poder sobre o órgão de administração - inclui alterações estatutárias sobre o assunto)

0,94% 3 6%

Atribuição e fixação de remunerações aos membros da Comissão de

Remunerações 0,63% 2 4%

Deliberar o aumento/redução do capital social de uma sociedade participada 0,94% 2 4%

Deliberar sobre a realização de emissões de títulos de dívida (papel

comercial, notes, etc.) 0,31% 1 2%

Delegação de poderes para formalização e execução de todas as

deliberações adotadas em Assembleia Geral de acionistas 0,31% 1 2%

Discutir e deliberar sobre a participação da sociedade numa operação de

uma sua subsidiária 0,63% 1 2%

(10)

9 aumento/redução do capital social e as relativas a distribuição de reservas foram discutidas em mais do que uma AGE.

Tabela 2. Temas Abordados em Pontos da Ordem de Trabalhos das Assembleias Gerais Extraordinárias

Pontos das Assembleias Gerais Extraordinárias % do Total de

Pontos das AGE

AGE que Abordaram o

Tópico

Nº %

Eleição/cooptação de membro(s) dos órgãos de administração e alterações

à sua composição e/ou dimensão 24% 5 50%

Alterações estatutárias 16% 4 40%

Outros assuntos 16% 4 40%

Aprovação do relatório de gestão e as contas do exercício 10% 2 20%

Deliberar sobre aumento de capital efetivo ou potencial (delegação de poder sobre o órgão de administração - inclui alterações estatutárias sobre o assunto)

6% 2 20%

Deliberar sobre a proposta de distribuição de reservas 7% 2 20%

Decisão sobre propostas de aplicação de resultados 2% 1 10%

Nomeação do revisor oficial de contas 5% 1 10%

Eleição de membro(s) da comissão de fixação de vencimentos 5% 1 10%

Deliberar sobre a realização de emissões de títulos de dívida (papel

comercial, notes, etc.) 5% 1 10%

Delegação de poderes para formalização e execução de todas as

deliberações adotadas em Assembleia Geral de acionistas 5% 1 10%

II.1.2 Composição da Mesa da Assembleia Geral

Identificaram-se 31 presidentes da mesa da Assembleia Geral distintos. Destes, 23 desempenhavam este cargo numa única sociedade e oito acumulavam o cargo em várias sociedades. Foi identificado um presidente da mesa da Assembleia Geral que acumulava o cargo em quatro sociedades. Em quatro sociedades o presidente da mesa da Assembleia Geral apresentou a sua demissão no decurso de 2013.

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10

Número de Presidentes da Mesa da Assembleia Geral que Desempenham o Mesmo Cargo em Uma ou Mais Sociedades

Remuneração Média do Presidente da Mesa da Assembleia Geral

II.1.3 Exercício dos Direitos de Voto

O número de sociedades onde é necessário dispor de mais de uma ação para participar na Assembleia Geral diminuiu para 11, refletindo o crescente acolhimento do princípio “uma ação, um voto”. Também o número médio de ações necessárias para votar diminuiu para 119 ações.

Número de Sociedades em que é Necessário mais do que uma Ação para Participar na AG e Número Médio de Ações Necessárias para o Exercício do Direito de Voto

Entre as sociedades que exigiam mais do que uma ação para participar na Assembleia Geral, a Lisgráfica Impressão e Artes Gráficas, S.A. continuou a ter o critério mais exigente (2.500 ações), seguida da Portucel, S.A. (1.000 ações), Portugal Telecom, S.A. (500 ações) e Semapa, S.A. (385 ações). Por seu turno, Banco Espírito Santo, S.A., Estoril-Sol, S.A., Imobiliária Construtora Grão Pará, S.A., Grupo Media Capital, S.G.P.S., S.A., Toyota Caetano Portugal, S.A., Vista Alegre Atlantis, S.A. e Zon Optimus, S.A. exigiam, à semelhança do ano anterior, pelo menos 100 ações para participação na Assembleia Geral.

0 50 100 150 200 250 0 5 10 15 20 25 30 2008 2009 2010 2011 2012 2013 N.º d e Aç õ e s N.º d e So c ie d a d e s

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11

Tabela 3. Número Mínimo de Ações para Participar na Assembleia Geral

N.º de Ações Nº de Sociedades % de Sociedades

1 32 74% ]1,100] 7 16% ]100,500] 2 5% ]500,1000] 1 2% >1000 1 2% Total 43 100%

Tal como ocorreu em 2012, eram seis as sociedades com limites ao exercício dos direitos de voto por um único acionista, sendo que cinco destas sociedades integravam o PSI20 e duas eram do setor financeiro. A percentagem máxima média dos direitos de voto por um único acionista situou-se em 18%, variando entre os 10% e os 25% da totalidade dos votos correspondentes ao capital social.

Por seu turno, 12 sociedades declararam existir deliberações acionistas que, por imposição estatutária, têm de ser tomadas por maioria qualificada superior à prevista na lei, com as respetivas percentagens situadas entre 50% e 90%. Nas matérias que carecem de aprovação por maioria qualificada mais exigente do que a prevista na lei prevalecem as deliberações sobre a dissolução e sobre a fusão, cisão e transformação da sociedade, seguidas de alterações estatutárias e da eleição do Conselho de Administração.

Número de Sociedades em que há Matérias que Exigem Aprovação por Maioria Qualificada 19 24 4 39 11 31 43 5 7 3 9 2 10 12 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Integram o PSI 20 Não Integram o PSI 20 Financeiras Não Financeiras Modelo Anglo-Saxónico

Modelo Latino Cotadas

N .º d e so cied ad es

(13)

12

II.2

Administração e Supervisão

II.2.1 Composição

No que diz respeito às estruturas de administração e de fiscalização das sociedades previstas no número 1 do artigo 278.º do Código das Sociedades Comerciais, o modelo Latino continua a ser dominante (era adotado por 31 sociedades) seguido do Anglo-Saxónico (11 sociedades). O modelo de governo Dualista apenas era adotado num caso.3

Modelo de Governo das Sociedades Cotadas

Modelo de Governo por Tipo de Sociedade

Número Atual de Membros que Integram o Órgão de Administração e Número Estatutário Mínimo e Máximo de Membros, por Sociedade

3 Por este motivo, as representações gráficas e as análises segmentadas por modelo de governo incluem

(14)

13 No final de 2013 existiam 434 cargos nos órgãos de administração das sociedades cotadas. O órgão de administração dos emitentes analisados era, em média, composto por 10 membros, com um mínimo de três e um máximo de 25 membros. A média do número mínimo estatutário de membros do órgão de administração era de cinco e o respetivo valor máximo de 19. Em três casos não estavam previstos mínimos estatutários para o número de membros. A média do número máximo estatutário de membros do órgão de administração era de 13, variando entre cinco e 35. A dimensão média do órgão de administração foi mais elevada nos emitentes integrantes do PSI20, do setor financeiro e do modelo Anglo-Saxónico.

Número Médio de Membros do Órgão de Administração, por Tipo de Sociedade

Em termos globais para as 43 sociedades, o peso dos membros não executivos no órgão de administração (52%) era ligeiramente superior ao dos executivos (48%). Não obstante, em cinco sociedades o respetivo órgão de administração era integralmente constituído por executivos. A ausência de membros não executivos nestas sociedades pode comprometer a efetiva capacidade de acompanhamento, supervisão e avaliação da atividade dos demais membros do órgão de administração.4 A proporção de não executivos foi mais saliente nas sociedades do

PSI20, nas do setor financeiro e nas do modelo anglo-saxónico.

De entre os membros não executivos, o peso dos que poderiam ser considerados independentes esteve compreendido entre os 0% e os 75%, com a média a situar-se nos 32%. Em 17 sociedades nenhum dos seus membros não executivos podia ser considerado independente.5 A

representatividade de membros independentes nos membros não executivos foi mais significativa nas sociedades do PSI20 (48%), nas do setor financeiro (41%) e nas que adotaram o modelo Anglo-Saxónico (42%).

4 Cf. Recomendação número II.1.6. do Código de Governo das Sociedades da CMVM de 2013.

5 A presença de independentes entre os administradores não executivos consta da recomendação II.1.7 do

(15)

14

Peso dos Membros Executivos e Não Executivos no Órgão de Administração

Identificaram-se 126 administradores em 32 sociedades que estabeleciam relações familiares, profissionais ou comerciais, habituais e significativas, com acionistas detentores de participações qualificadas superiores a 2% dos direitos de voto da sociedade. Onze sociedades reportaram que nenhum dos seus dirigentes detinha relações deste tipo, e duas declararam que todos os seus administradores estabeleciam relações desta natureza com acionistas detentores de participações qualificadas. No universo das 43 cotadas, o peso dos administradores com relações deste tipo era de 31%, e era superior nas sociedades do PSI20 (33% versus 30%), nas sociedades não financeiras (32% versus 27%) e nas que adotaram o modelo Latino relativamente ao modelo Anglo-Saxónico (33% versus 28%).

Dos 434 cargos nos órgãos de administração, apenas 23 eram ocupados por administradores que não exerciam funções em mais nenhuma sociedade. Em 33 cotadas todos os membros do órgão de administração acumulavam cargos noutras sociedades. Considerando as 43 sociedades em análise, a percentagem de administradores que acumulava funções era de 96%.

Apenas 38 cargos nos órgãos de administração eram ocupados por mulheres. Em 18 sociedades o órgão de administração era apenas formado por homens. Das 25 sociedades cujo órgão de administração incluía pelo menos uma mulher, 13 integravam o PSI20, quatro pertenciam ao setor financeiro e 18 adotaram o modelo Latino. Nessas 25 sociedades o peso médio das mulheres era de 16% e variava entre 5% e 40%.

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15

Tabela 4. Número de Sociedades em que Ocorreram Renúncias de Membros do Órgão de Administração e Número Médio de Renúncias

N.º Sociedades % Sociedades N.º Médio de

Renúncias

N.º de Renúncias/N.º de Membros do Órgão de

Administração

Não Integram o PSI20 9 20,9% 2,4 28,7%

Integram o PSI20 12 27,9% 2,8 23,3% Não Financeiras 18 41,9% 2,6 25,4% Financeiras 3 7,0% 3,0 26,9% Modelo Anglo-Saxónico 7 16,3% 3,7 29,8% Modelo Latino 14 32,6% 2,1 23,5% Total 21 48,8% 2,6 25,6%

A duração estatutária do mandato do órgão de administração era de três anos em 58% das cotadas (25 sociedades) e de quatro anos em 37% (16 sociedades). Nas restantes duas sociedades a duração do mandato era de um e de dois anos, respetivamente. Em todos os emitentes estava prevista, nos respetivos estatutos, a possibilidade de reeleição do órgão de administração por um ou mais mandatos.

A antiguidade média dos membros que integravam o órgão de administração a 31 de dezembro de 2013 era de 7,3 anos. Aproximadamente metade dos membros exerciam o respetivo cargo há cinco anos. Foi também identificado um caso em que o Presidente do órgão de administração mantinha o cargo há 45 anos. A duração média dos mandatos era ligeiramente superior nas sociedades que não integram o PSI20 (7,6 versus 7,2 anos), nas do setor financeiro (8,9 versus 7 anos) e naquelas em que vigora o modelo Latino (7,6 versus 6,9 para o Anglo-Saxónico).

II.2.2 Funcionamento

O órgão de administração das 43 sociedades em análise reuniu em média 13 vezes em 2013. Aproximadamente metade das sociedades reuniu 10 ou mais vezes e o número mínimo e máximo de reuniões observado foi de dois e 59, respetivamente. As sociedades que realizaram um maior número de reuniões do órgão de administração não integravam o PSI20 (13 versus 12), eram sociedades não financeiras (13 versus 11) e adotaram o modelo Latino relativamente ao modelo Anglo-Saxónico (13 versus 9).

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16 Todas as 19 sociedades que integravam o PSI20 no final do ano possuíam regulamentos de funcionamento dos respetivos órgãos de administração e 17 sociedades disponibilizavam este documento no respetivo endereço da Internet a 31 de dezembro de 2013. Uma sociedade financeira encontrava-se a rever o seu regulamento sobre o funcionamento do órgão de administração, motivo pelo qual este não se encontrava disponibilizado, e outra sociedade não financeira não disponibilizava ao público os regulamentos de funcionamento internos do órgão de administração por considerar que estes regulamentos vão para além dos aspetos de mero funcionamento dos órgãos, contendo um conteúdo reservado.

Das 24 sociedades em análise que não integravam o PSI20, cinco não possuíam regulamentos formais relativos ao funcionamento dos órgãos sociais. Das demais 19 sociedades, 18 disponibilizavam os respetivos documentos no endereço na Internet e uma encontrava-se a desenvolver os esforços necessários para esse efeito.

Em termos globais, 38 das 43 sociedades em estudo possuíam regulamentos de funcionamento dos órgãos de administração e 35 divulgavam este documento ao público no endereço da Internet.

Tabela 5. Órgãos da Sociedade Competentes para Realizar a Avaliação de Desempenho dos Administradores Executivos Nº de Sociedades

Órgãos da Sociedade Integram o

PSI20 Não Integram o PSI20 Financeiras Não Financeiras Cotadas Comissão de Remunerações 7 5 3 9 12 Comissão de Vencimentos 10 6 1 15 16

Comissão de Governo da Sociedade 2 2 1 3 4

Assembleia Geral de Acionistas 1 7 1 7 8

Comissão de Nomeações e Avaliações 3 2 2 3 5

Presidente da Comissão Executiva 1 1 1

Comissão de Auditoria 1 1 1

Conselho de Administração 1 2 3 3

Administrador Não Executivo 2 2 4 4

Comissão de Avaliação do Desempenho

dos Administradores 2 2 2

Comissão de Nomeações e

Remunerações 4 2 6 6

Conselho Fiscal 1 1 1

(18)

17 Nove sociedades não aplicavam critérios pré-determinados na avaliação de desempenho dos administradores executivos. Em quatro destas sociedades, a Assembleia Geral era considerada o órgão societário competente para a avaliação dos administradores executivos. Nas demais 34 sociedades os critérios pré-definidos possuíam uma natureza apenas individual em duas sociedades, estando relacionados, nomeadamente, com as qualificações e as competências dos administradores executivos (e.g., incluindo critérios qualitativos como a ‘capacidade de aplicação das competências adquiridas em cargos anteriores’ ou a ‘orientação para os clientes e/ou públicos-alvo’). Em 15 sociedades eram usados critérios de natureza agregada, aplicados a todos os administradores executivos, e 17 sociedades definiam simultaneamente critérios agregados e critérios relacionados com o contributo de cada administrador para os resultados globais.

Dezasseis sociedades utilizavam critérios definidos numa base anual e 18 combinavam critérios anuais com critérios plurianuais. Os indicadores de natureza económica e financeira estavam presentes em 32 sociedades, que eram conjugados com critérios ligados ao marketing (e.g., satisfação dos clientes e imagem do grupo) em três casos e com critérios ligados às qualificações e às competências dos administradores executivos em cinco. Duas sociedades apenas aplicavam critérios ligados às competências na avaliação do desempenho dos seus dirigentes.

II.2.3 Comissões no Seio do Órgão de Administração ou Supervisão e Administradores

Delegados

Cinco sociedades não integrantes do PSI20, não financeiras e do modelo Latino não sentiram necessidade de criar comissões específicas em matéria de administração ou de fiscalização. As demais 38 sociedades criaram, em média, 2,6 comissões. O número de comissões criadas variou entre um e sete. Das 17 sociedades com apenas uma comissão, 11 possuíam Comissão Executiva, quatro possuíam Comissão de Remunerações e duas tinham Comissão de Governo Societário ou Comissão de Governo Corporativo e Remuneração dos Quadros Executivos.

Tabela 6. Número de Comissões Criadas do Seio do Órgão de Administração ou Supervisão

Sociedades N.º

Sociedades

N.º de Comissões

Média Mediana

Desvio-padrão Mínimo Máximo

Integram o PSI20 19 3,3 4 1,9 1 7

Não Integram o PSI20 19 1,9 1 1,5 1 6

Financeiras 4 4,3 4 0,5 4 5

Não Financeiras 34 2,4 2 1,8 1 7

Modelo Anglo-Saxónico 11 2,8 3 1,9 1 5

Modelo Latino 26 2,4 1 1,5 1 7

(19)

18

Tabela 7. Número de Comissões Criadas do Seio do Órgão de Administração ou Supervisão, por Tipo de Comissão e Sociedade

Comissão Integram o PSI20 Não Integram o PSI20 Financeiras Não Financeiras Cotadas Comissão Executiva 14 14 4 24 28

Comissão de Governo Societário/ de Avaliação

do Governo Societário 9 4 4 9 13

Comissão de Remunerações 4 2 2 4 6

Comissão de Nomeações e Avaliações/ de

Avaliações 4 2 1 5 6

Comissão de Auditoria 2 3 1 4 5

Comissão de Controlo Interno/ de Auditoria e de

Controlo/ Auditoria e Controlo Interno 5 1 4 5

Comissão de Ética/de Ética e Deontologia 3 1 1 3 4

Comissão de Governo Societário e Sustentabilidade/ de Governo Societário e Responsabilidade Social

1 3 4 4

Comissão de Riscos e de Auditoria/ de

Avaliação de Riscos/ de Riscos Financeiros 3 3 3

Comissão de Nomeações e Remunerações 2 1 3 3

Comissão de Auditoria e Finanças 2 1 3 3

Comissão de Sustentabilidade/ Ambiental/de

Responsabilidade Corporativa 3 3 3

Comissão de Estratégia 2 2 2

Comissão de Vencimentos 2 2 2

Comissão de Reflexão da Estratégia Internacional/ de Planeamento Estratégico e Internacional

1 1 2 2

Outras* 7 5 12 12

* A categoria “outras” inclui as seguintes comissões: Comissão de Avaliação de Riscos, Comissão de Acompanhamento da Fusão, Comissão de Acompanhamento do Fundo de Pensões, Comissão Operacional, Comissão de Avaliação da Atividade do Conselho de Administração, Comissão de Análise de Performance e Competitividade, Comissão de Operações entre Partes Relacionadas, Comissão para as Matérias Financeiras, Comissão de Investimento, Auditoria e Risco, Comissão de Análise de Risco, Sustentabilidade, Controlo Interno e Financeiro, Comissão de Análise e Acompanhamento de Riscos Patrimoniais, Comissão de Governo Corporativo e Remuneração dos Quadros Executivos.

Tabela 8. Número de Sociedades com Comissão Executiva e Dimensão Média

N.º Sociedades com Comissão Executiva % Dimensão Média da Comissão Executiva Integram o PSI20 14 74% 5,9

Não Integram o PSI20 14 58% 3,2

Financeiras 4 100% 8,3

Não Financeiras 24 62% 3,9

Modelo Anglo-Saxónico 8 73% 5,5

Modelo Latino 20 65% 4,2

(20)

19 Entre as 28 sociedades que possuíam Comissão Executiva, o número de constituintes situou-se entre os dois e os 10 membros.6 Em média, o número de membros foi 4,5, sendo mais elevado

entre as sociedades do PSI20, as financeiras e as do modelo Anglo-Saxónico. Em 10 destas sociedades (36% das que constituíram uma Comissão Executiva) aferiu-se a presença de uma mulher na Comissão Executiva. Em duas sociedades não financeiras integrantes do PSI20 ocorreu a renúncia de um membro da Comissão Executiva.

Em seis sociedades (21% das que constituíram uma Comissão Executiva) o Presidente do Conselho de Administração acumulava também o cargo de Presidente da Comissão Executiva. Duas sociedades, ambas não integrantes do PSI20 e não financeiras, nomearam administradores delegados (um e três, respetivamente).

II.3

Fiscalização

As comissões de auditoria das 11 sociedades que adotaram o modelo Anglo-Saxónico eram compostas, em média, por três membros,7 tendo-se reunido cerca de 11,1 vezes durante o ano.

A assiduidade média global das reuniões das comissões de auditoria foi de 96% (99% em 2012). A remuneração média dos membros da comissão de auditoria foi, em termos médios, de 81.635 Euros. O valor máximo pago individualmente a um membro desta comissão foi de 271.404 Euros, e o valor mínimo foi de 10.792 Euros.

Em média, os conselhos fiscais das sociedades do modelo Latino reuniram-se 6,2 vezes durante o ano (6,6 vezes em 2012). A composição dos conselhos fiscais variou entre um mínimo de três e um máximo de quatro elementos. Cerca de 96% dos membros dos conselhos fiscais eram considerados independentes, e apenas três sociedades reportaram a existência de membros não independentes no seu conselho fiscal. A assiduidade média global às reuniões do conselho fiscal foi de 99%. A remuneração média dos membros deste órgão foi de 12.123 Euros. Três sociedades reportaram a inexistência de qualquer remuneração aos membros deste órgão.

II.4

Auditoria Externa

Foram dez os auditores externos que forneceram serviços de auditoria às sociedades cotadas em 2013. A Deloitte e a PWC foram as auditoras externas selecionadas por um maior número de emitentes, 17 (13 em 2012) e 14 (15 em 2012), respetivamente. Cinco auditores externos auditaram apenas uma sociedade emitente.

Uma forma alternativa de avaliar a concentração da atividade de auditoria consiste em medir a representatividade de cada uma das sociedades prestadoras de serviços de auditoria no total da capitalização bolsista das sociedades. Neste caso, a Deloitte e a PWC representam 66% do

6 Excluem-se desta contagem os secretários da Comissão Executiva.

7 Apenas o BCP tinha uma comissão de Auditoria composta por quatro elementos; em todos os

(21)

20 mercado regulamentado português. A KPMG Auditores SL e a KPMG & Associados SROC SA auditaram no seu conjunto 33% da capitalização bolsista portuguesa. As demais seis sociedades de auditoria tinham uma quota inferior a 2%.

Quota de Mercado dos Auditores Externos

Painel A - Quota medida pelo número de sociedades auditadas

Painel B - Quota medida pela capitalização bolsista das sociedades auditadas

Nota: a BDO, Mariquito, Correia & Associados, Patrício, Moreira, Valente e Associados, Deloitte, KPMG, Auren, Lampreia & Viçoso, E&Y e PWC correspondem, respetivamente, BDO & Associados, SROC; Mariquito, Correia & Associados – SROC; Patrício, Moreira, Valente e Associados, SROC; Deloitte & Associados, SROC, S.A.; KPMG & Associados - Sociedade de Revisores e Oficiais de Contas, S.A.; Auren, Auditores e Associados, SROC, SA; Lampreia & Viçoso, SROC; Ernst & Young, Audit And Associados – SROC, S.A.; e PricewaterhouseCoopers & Associados - Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda.

O índice Herfindahl-Hirschman (HHI) é utilizado frequentemente para avaliar a concentração da oferta em determinados mercados. O HHI foi de 3173,4 pontos medido pela quota calculada em

(22)

21 termos de capitalização bolsista e de 2644,6 pontos medido pela quota calculada em termos de número de sociedades auditadas. Por comparação com o ano anterior, verificou-se um aumento da concentração desta atividade, porquanto em 2012 o HHI era de 2980,9 pontos e de 2341,8 pontos medido pela capitalização e pelo número de sociedades auditadas, respetivamente.

No que se refere aos honorários recebidos pelos trabalhos efetuados pelas empresas de auditoria externa considerou-se o envolvimento global com os respetivos grupos empresariais das cotadas (ou apenas com a própria sociedade quando o conceito de grupo não é aplicável), e foram considerados os serviços de auditoria, de fiabilidade, de fiscalidade e outros serviços prestados. Em relação ao âmbito dos serviços prestados pelo auditor, foram prestados outros serviços à sociedade e/ou respetivo grupo distintos dos de auditoria (incluindo trabalhos em fiabilidade) em 34 emitentes. Os honorários recebidos pelos serviços de auditoria prestados corresponderam a 63% do total da faturação dos auditores externos (82% se incluídos também os trabalhos em fiabilidade). Apenas nove dos emitentes não recorreram a outros serviços da sociedade de auditoria além dos enquadrados no âmbito da auditoria e trabalhos em fiabilidade. Num caso os serviços de fiscalidade e outros serviços prestados corresponderam a mais de 50% da faturação da sociedade de auditoria.

As sociedades de auditoria com menor expressão tendem a concentrar a sua atividade no serviço de auditoria. A título exemplificativo, a Mariquito, Correia & Associados, a Auren e a Lampreia & Viçoso tiveram toda a sua atividade focada nos serviços de auditoria, enquanto na Deloite e na Ernst & Young os serviços de auditoria corresponderam a um peso próximo de 50% das respetivas receitas totais.

Honorários dos Auditores Externos por Tipo de Serviço Prestado à Sociedade (%)

Se atendermos ao volume de negócios de cada tipo de serviço prestado, 87% dos honorários recebidos por serviços de auditoria, fiabilidade, fiscalidade e outros serviços estavam concentrados em três sociedades de auditoria (Deloitte, KPMG e PWC), o que atesta o elevado

0% 20% 40% 60% 80% 100% B D O Mar iqu it o , C o rr e ia & A s s o c ia d o s P a tr ic io, M o re ira ,V a le n te e A s s o c iad o s D e loit te K P M G A u re n L a mp re ia & V iç o s o E & Y P W C K P M G A u d it o re s S L

(23)

22 grau de concentração deste mercado. Quatro das sociedades de auditoria eram responsáveis por menos de 1% do total de receitas geradas por esta atividade.

Honorários dos Auditores Externos em (%) das Receitas Totais

Analisando exclusivamente os serviços de auditoria, a Deloitte e a KPMG tinham um peso de 70% dos honorários referentes a esta atividade. Significa isto que estas duas auditoras receberam sete em cada dez Euros do negócio gerado pela prestação de serviços de auditoria. Os honorários provenientes de serviços de fiscalidade estavam concentrados na Deloitte e na KPMG (72% do total), tal como os honorários totais recebidos relativos aos serviços de fiabilidade (79%).

Euro de Capitalização Bolsista dos Auditados por cada Euro de Honorários Recebidos Serviços de Auditoria e Fiabilidade

(24)

23 Uma medida que permite confrontar os honorários recebidos com a dimensão da empresa auditada é o rácio entre a capitalização bolsista e os honorários cobrados.8 O valor mais elevado

ocorreu na PWC, que ‘auditou’ 3.476 Euros por cada Euro de honorários recebidos da atividade de auditoria e fiabilidade, e o mais reduzido na Patrício, Moreira, Valente e Associados (14 Euros). No que concerne aos honorários de serviços de fiscalidade e outros serviços, é de sublinhar novamente a posição da PWC (27.042 Euros de capitalização bolsista por cada Euro despendido nesses serviços). A KPMG, a BDO, a Ernst & Young e a Deloitte registam valores mais baixos que a PWC, conquanto não desprezíveis.

O número de anos que, em média, a empresa de auditoria externa prestava consecutivamente serviços ao emitente era de 10,1 anos (9,7 anos em 2012). À semelhança de anos anteriores, a PWC foi a única das quatro maiores auditoras a apresentar um nível de antiguidade inferior à média global (6,9 anos), ao passo que a KMPG (16,3) e a Ernst & Young (15,3) denotam um índice de antiguidade significativamente superior à média. A BDO e a Mariquito, Correia & Associados eram os outros auditores externos com um nível de antiguidade inferior à média. Em contraposição, a Patrício, Moreira, Valente e Associados auditava a Compta há cerca de 34 anos consecutivos. Segundo o código de governo das sociedades da CMVM aprovado em 2013, as sociedades devem promover a rotação do auditor externo ao fim de dois ou três mandatos, conforme sejam, respetivamente, de quatro ou de três anos, e a sua manutenção além desse período deverá ser fundamentada num parecer específico do órgão de fiscalização. A este respeito, três sociedades declararam impor uma limitação ao número de anos em que a empresa de auditoria externa poderá prestar serviços à sociedade: a Soares da Costa (limite de seis anos), a Orey Antunes e a Sonae S.G.P.S (ambas com limite de oito anos).

A avaliação da empresa de auditoria externa era, em termos gerais, da responsabilidade do órgão de fiscalização da sociedade (conselho fiscal ou comissão de auditoria), pese embora partilhando competências, em algumas situações, com o órgão de administração. Existia ainda uma sociedade em que a avaliação da empresa de auditoria estava a cargo da Assembleia Geral.

II.5

Gestão de Risco e Política de Comunicação de Irregularidades

O número de sociedades que reportaram ter um sistema de controlo interno de risco aumentou de 38 (em 2012) para 40. Duas das sociedades do índice PSI20 afirmaram não ter um sistema de controlo interno de risco. Quanto à existência formal de uma unidade orgânica de auditoria interna, constata-se a sua existência em 31 sociedades, das quais 16 integravam o índice PSI20.

Trinta e cinco sociedades declararam ter estabelecido nas suas organizações uma política de comunicação de irregularidades. Encontram-se entre essas sociedades a totalidade das que operam no setor financeiro e 17 das que integravam o índice PSI20.

8 Comparações com anos transatos deverão ser feitas com cautela devido à volatilidade exibida pela capitalização

(25)

24

III REMUNERAÇÃO DOS MEMBROS DOS ÓRGÃOS SOCIAIS

III.1 Remuneração Total

As remunerações pagas aos membros dos órgãos de administração, no âmbito do perímetro de consolidação das sociedades cotadas (isto é, sociedade-mãe e subsidiárias) atingiram 105,160 milhões de Euros9, valor que compara com 110,092 milhões de Euros em 2012. Os

administradores executivos receberam 356.036 Euros per capita e os não executivos auferiram 88.856 Euros. Estes montantes não incluem, porém, os valores pagos referentes a planos de reforma e fundos de pensões. Considerando todo o perímetro de consolidação das respetivas sociedades, 25% (75%) daquele montante advém de remunerações variáveis (fixas).

Decomposição da Remuneração Recebida no Âmbito do Perímetro de Consolidação das Sociedades Cotadas

Painel A – Todos os administradores

Painel B – Apenas administradores executivos

Treze administradores executivos receberam mais de um milhão de Euros, tendo o valor máximo sido de 2,035 milhões de Euros. A componente variável das remunerações dos executivos representou 26% do total (considerando apenas a remuneração fixa e variável).

Os montantes totais recebidos através da sociedade totalizaram 76,3 milhões de Euros, sendo que 85% correspondiam a remunerações fixas e o remanescente a remunerações variáveis. Dos

9 Não inclui valores pagos a administradores da Cimpor pelas subsidiárias por não ter sido disponibilizada

(26)

25 montantes recebidos através das subsidiárias, 63% respeitam a remunerações fixas e o remanescente a remunerações variáveis.10

Distribuição da Remuneração Por Referência ao Setor de Atividade, à Dimensão e ao Modelo Societário Adotado

Painel A – Todos os administradores

Painel B – Apenas executivos

A análise por tipo de empresa (financeira e não financeira) e dimensão/liquidez (usando como proxy o facto de a empresa integrar ou não o índice PSI20) revela que o peso das remunerações fixas nas remunerações totais globais foi superior nas sociedades do setor financeiro o que poderá estar relacionado com as imposições da Comissão Europeia para a aprovação da subscrição de capital por parte do Estado Português em alguns dos bancos cotados no sentido de restringir os prémios aos administradores, e nas sociedades que integram o índice PSI20. No que concerne às especificidades associadas ao modelo societário acolhido, é de sublinhar a maior importância das remunerações fixas nas sociedades que optaram pelo modelo

10 Média Capital, Reditus, Semapa e SonaeCom agregaram os valores pagos pelas subsidiárias e não

foram consideradas no cálculo desta percentagem.

87% 73% 76% 73% 64% 90% 13% 27% 24% 27% 36% 10% S e to r Fina n c e iro S e to r N ã o Fina n c e iro In te g ra n te s d o P SI 2 0 N ã o in te g ra n te s d o P S I2 0 Mod e lo L a tino Mod e lo A n g lo-S a x ó n ic o

Remuneração Fixa Remuneração Variável

93% 70% 76% 67% 62% 91% 7% 30% 24% 33% 38% 9% S e to r Fina n c e iro S e to r N ã o Fina n c e iro In te g ra n te s d o P S I2 0 N ã o int e g ra n te s d o P S I2 0 Mod e lo L a tino Mod e lo A n g lo-S a x ó n ic o

(27)

26 Saxónico. As sociedades que adotaram o modelo Latino apresentam um maior peso das remunerações variáveis. Se atendermos apenas às remunerações dos administradores executivos, nas empresas não financeiras e naquelas que não integram o índice PSI20 as remunerações variáveis tiveram maior relevância.

77 administradores não foram remunerados diretamente pela sociedade, dos quais 37 são não executivos. Duas emitentes (Altri e F. Ramada) remuneraram os seus administradores exclusivamente através das sociedades participadas.

Distribuição da Remuneração Proveniente das Sociedades Emitentes e Respetivas Participadas por Tipo de Administrador

O rácio entre as remunerações dos administradores não executivos e as dos executivos foi mais elevado entre as sociedades que não integram o índice PSI20, as não financeiras e as que acolheram o modelo Latino. Nas sociedades financeiras a remuneração dos executivos representou quatro vezes a dos demais membros do órgão de administração.

Rácio Entre a Remuneração Média dos Não-Executivos e a dos Executivos

O peso das remunerações pagas diretamente pelo resto do grupo foi superior entre as sociedades não financeiras eas do modelo Latino (25% e 33%, respetivamente). A este respeito releva referir que sempre que os administradores recebem remunerações significativas de outras empresas do grupo que não a sociedade cotada é legítimo que os acionistas avaliem tais

(28)

27 situações com redobrada cautela. De facto, estes não só suportam (indiretamente) essas remunerações, como poderão não ter qualquer controlo sobre a fixação do seu valor.

Proporção do Total de Remunerações Pagas aos Membros dos Órgãos de Administração por Origem

III.2 Outros Mecanismos de Remuneração e Indemnizações

Sete sociedades referem a possibilidade de virem a ser atribuídas ações ou opções em função do desempenho dos seus administradores. São várias as emitentes que preveem a atribuição de ações aos membros do Conselho de Administração ou a ligação da remuneração variável de médio prazo ao desempenho das ações em mercado secundário. Entre essas sociedades encontram-se o BES, a Zon, a Sonae SGPS, a Sonae Capital, a Sonae Indústria e a SonaeCom, que preveem a atribuição de ações aos membros do Conselho de Administração como parte integrante da sua componente de remuneração variável de médio prazo. À semelhança de anos anteriores, a Novabase contempla a atribuição de opções aos seus administradores.

(29)
(30)

29

CAPÍTULO

2

SUPERVISÃO DO

CUMPRIMENTO DAS

OBRIGAÇÕES

LEGAIS E

R

EGULAMENTARES

R

ELATIVAS AO

G

OVERNO DAS

S

OCIEDADES

As sociedades emitentes de ações sujeitas a lei pessoal portuguesa devem publicar anualmente informação sobre as respetivas práticas de governo societário, num capítulo ou num anexo ao relatório de gestão anual, de forma a permitir a compreensão do modelo e das práticas de governo adotadas. A CMVM analisou os relatórios de governo societário relativos a 2013 e desenvolveu os seguintes trabalhos:

(a) Foi preparado um modelo de tabela de controlo do cumprimento dos requisitos legais relativos ao relatório do governo societário de cada emitente, com os seguintes elementos: o primeiro, relativo à verificação do cumprimento dos deveres de informação sobre estrutura acionista, organização e governo da sociedade; o segundo, respeitante à verificação do cumprimento das recomendações constantes do Código de Governo das Sociedades da CMVM de 2013;

(b) Foi avaliado o cumprimento dos requisitos legais pelos emitentes;

(c) Na sequência da análise desenvolvida, foi enviado um ofício a cada um dos emitentes (com exceção do Banco Espírito Santo, S.A.), com as conclusões alcançadas em matéria de informação cuja prestação é obrigatória mas que se encontra em falta e com a apreciação da CMVM quanto à autoavaliação efetuada pelas sociedades do cumprimento das recomendações referentes ao Código de Governo das Sociedades da CMVM;

(d) As respostas das sociedades a esses ofícios foram analisadas e foram objeto de resposta fundamentada da CMVM, de modo a esclarecer quaisquer dúvidas que pudessem subsistir e para que possam ser tomadas em consideração na elaboração do relatório de governo da sociedade referente ao exercício de 2014, a apresentar na assembleia geral anual a decorrer em 2015.

(31)

30

I.

RELATÓRIOS DE GOVERNO SOCIETÁRIO: ANÁLISE DO CUMPRIMENTO GLOBAL

(“

COMPLY

”) DAS RECOMENDAÇÕES DO

C

ÓDIGO DE

G

OVERNO DAS

S

OCIEDADES DA

CMVM 2013

Como antecipado no anterior Relatório, esta edição do Relatório Anual Sobre o Governo das Sociedades Cotadas não apresenta o resultado da análise individual levada a cabo pela CMVM. O facto de não ser divulgado publicamente o resultado da análise individual não significa que tal avaliação não deva ser feita. A CMVM tem um dever de acompanhamento das normas e recomendações por si emitidas e, nesse âmbito, avaliou o cumprimento individual das recomendações sobre governo societário pelos emitentes. Em termos agregados, o incumprimento ou o cumprimento parcial das recomendações do Código de Governo das Sociedades da CMVM está ilustrado no gráfico seguinte.

Recomendações:

(1) I. Votação e controlo da sociedade

(2) II. Supervisão, Administração e Fiscalização; II.1. Supervisão e administração (3) II. Supervisão, Administração e Fiscalização; II.2. Fiscalização

(4) II. Supervisão, Administração e Fiscalização; II.3. Fixação de remunerações (5) II. Supervisão, Administração e Fiscalização; III. Remunerações

(6) II. Supervisão, Administração e Fiscalização; IV. Auditoria

(7) II. Supervisão, Administração e Fiscalização; V. Conflitos de interesses e transações com partes relacionadas

De entre as recomendações incumpridas ou apenas parcialmente cumpridas, destacam-se:

«I.5. Não devem ser adotadas medidas que tenham por efeito exigir pagamentos ou a

assunção de encargos pela sociedade em caso de transição de controlo ou de mudança da composição do órgão de administração e que se afigurem suscetíveis de prejudicar a livre transmissibilidade das ações e a livre apreciação pelos acionistas do desempenho dos titulares do órgão de administração».

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

I.1. I.4. I.5. II.1.4. II.1.5. II.1.7. II.1.10. II.2.1. II.2.2. II.2.5. II.3.1. II.3.3. III.1. III.2. III.3. III.4. III.5. III.8. IV.1. IV.3. V.2. (1)

Gráfico 27 - Nível de incumprimento e cumprimento parcial das recomendações da CMVM por ponto do modelo de relatório de governo societário

Recomendação incumprida / cumprida parcialmente

Não cumprida Cumprida parcialmente

Número de incumprimentos / cumprimentos parciais

(32)

31 Da informação prestada pelas sociedades resulta que, em geral, ou não existia plena consciência do sentido e alcance desta recomendação ou não havia intenção de reconhecer a existência de determinados contratos com cláusulas de alteração de controlo (cláusula que prevê a produção de determinados efeitos jurídicos em caso de transição de controlo ou de mudança na composição do órgão de administração).

As sociedades tendem frequentemente a considerar que não são abrangidas pela recomendação as cláusulas que estão inseridas em contratos de financiamento, por exigência da contraparte e de acordo com eventuais práticas de mercado (como medida de salvaguarda da entidade financiadora). Ora, conforme resulta da recomendação, a previsão de quaisquer cláusulas ou disposições que tenham aquele efeito, independentemente da sua natureza ou fonte, não constitui, em princípio, boa prática de governo societário, pelo que a sua existência determina um juízo de não adoção da recomendação. As referidas circunstâncias (exigência da contraparte e práticas de mercado) poderão eventualmente ser invocadas como justificação para a não adoção (segundo o princípio comply or explain), no sentido de explicitar que a sua previsão contratual não tem o sentido imediato de obstar a alterações de controlo mas de criar as condições necessárias à obtenção de financiamento (pelo que correspondem a exigências das entidades financiadoras).

Esta questão está relacionada com o problema, mais abrangente, de não estar ainda sedimentada a ideia de que uma adequada justificação para o incumprimento de determinada recomendação pode ser preferível para os acionistas do que a adoção acrítica de uma recomendação, sobretudo quando esse cumprimento não apresente qualquer mais-valia para a sociedade em causa. Este paradigma, que se enraizou essencialmente com a divulgação de rankings de cumprimento de recomendações, não foi ainda invertido, pelo que os emitentes continuam a procurar cumprir mais ou menos acriticamente com o maior número de recomendações possível. Ainda a este propósito deve ser referido que, no passado, a CMVM já considerou recomendações não adotadas mas cujas justificações para o incumprimento eram efetivas como equivalentes a recomendações adotadas.

«II.1.4. Salvo por força da reduzida dimensão da sociedade, o Conselho de Administração

e o Conselho Geral e de Supervisão, consoante o modelo adotado, devem criar as comissões que se mostrem necessárias para: a) assegurar uma competente e independente avaliação do desempenho dos administradores executivos e do seu próprio desempenho global, bem assim como das diversas comissões existentes; b) refletir sobre sistema estrutura e as práticas de governo adotado, verificar a sua eficácia e propor aos órgãos competentes as medidas a executar tendo em vista a sua melhoria».

(33)

32 uma verdadeira planificação que, incidindo sobre uma análise crítica do modelo efetivamente adotado e das suas falhas, parta para uma correção consciente e previamente programada. Nessa medida, depreende-se que em muitos casos as funções que deveriam ser cometidas a órgãos ou comissões internas, especificamente criadas para o efeito, acabam por ser delegadas no próprio gabinete de relação com investidores ou em advogados (internos ou externos) da sociedade.

«II.1.7. Entre os administradores não executivos deve contar-se uma proporção adequada

de independentes, tendo em conta o modelo de governação adotado, a dimensão da sociedade e a sua estrutura acionista e o respetivo free float (…).»

De acordo com os critérios específicos para determinação da independência dos administradores não executivos não se pode considerar independente quem seja titular de participação qualificada ou representante de um acionista titular de participação qualificada. Tomando em consideração a estrutura acionista característica das sociedades cotadas portuguesas, com o capital significativamente concentrado em poucos acionistas ou em acionistas controladores, é prática usual a atribuição de funções de direção a pessoas que mantêm com tais acionistas especiais relações de proximidade. É, assim, a própria estrutura de capital das sociedades cotadas que propicia o significativo incumprimento da recomendação.

Merece ainda saliência a frequente e indevida qualificação de determinados administradores como independentes, fenómeno que continua a causar preocupação, desde logo porque tal qualificação é essencial para o cumprimento de determinados requisitos legais, como sejam os relativos à composição da comissão de auditoria (art. 423.º-B/5 do Código das Sociedades Comerciais) nas sociedades com modelo de governo Anglo-Saxónico. Ao longo de 2014, e no âmbito da apreciação de operações de mercado (ofertas públicas e admissão à negociação de valores mobiliários), a CMVM detetou situações de incumprimento dos requisitos legais relativos à composição dos órgãos sociais, tendo determinado a necessidade da sua atempada resolução.

C

AIXA

1

-

O

P

APEL DOS

A

DMINISTRADORES

N

ÃO

E

XECUTIVOS

(34)

33 Atualmente, nos termos do Código das Sociedades Comerciais (CSC)11:

i) Salvo disposição estatutária em contrário, pode o conselho de administração encarregar algum ou alguns administradores de se ocuparem de certas matérias de administração (art. 407.º/1 e 2 do CSC).

ii) Quando autorizado pelos acionistas no contrato de sociedade, pode o conselho de administração delegar num ou mais administradores, ou numa comissão executiva, a gestão corrente da sociedade: neste caso está em causa uma mais ampla delegação de poderes que abrange matérias de planeamento, organização e coordenação (art. 407.º/1 e 3 do CSC).

Em qualquer dos casos, o órgão de administração não deixa de ter por missão garantir que a sociedade atua de modo consonante com os seus objetivos. Assim, cabe ao órgão de administração “definir a estratégia da empresa; assegurar o cumprimento dessa estratégia; controlar e verificar a evolução dos negócios nas suas diversas componentes; medir e gerir os riscos inerentes à atividade da empresa; tratar de modo igualitário todos os acionistas; garantir a suficiência, fiabilidade e veracidade da informação divulgada; assegurar que a empresa, nas suas diferentes áreas e divisões, funciona de forma eficaz, eficiente e segura; e assegurar que as políticas de remuneração respeitam os princípios do desempenho e do mérito” (Silva, et al., 2006). Havendo delegação, «o conselho de administração deve acompanhar e vigiar o desenvolvimento da atividade social pelos delegados e, onde se justifique, deve intervir, sobrepondo a sua própria iniciativa à dos delegados, seja porque esta é inadequada ou simplesmente insuficiente à prossecução dos melhores interesses da sociedade” (Ferreira Gomes, 2015).

Esta perspetiva do órgão de administração como primeiro responsável pelos destinos da sociedade reflete-se na posição jurídica de cada um dos seus membros. Todos são responsáveis pela realização dessa função. O movimento de corporate governance, porém, há muito realça a especial importância dos administradores sem poderes delegados ─ frequentemente designados administradores não executivos ─ no aconselhamento estratégico e na vigilância dos administradores com poderes delegados ─ frequentemente designados administradores executivos.

É atualmente reconhecida como boa prática de governo societário a presença de administradores não executivos no órgão de administração. O Código de Governo das Sociedades da CMVM de 2013 recomenda que o órgão de administração de uma sociedade

11 Toma-se aqui por base as normas aplicáveis ao modelo Latino e ao modelo Anglo-Saxónico. O art. 407.º

(35)

34 “(…) deve incluir um número de membros não executivos que garanta efetiva capacidade de acompanhamento, supervisão e avaliação da atividade dos restantes membros do órgão de administração” (Recomendação II.1.6). Silva, et al. (2006) vão um pouco mais longe e recomendam que “[o]s administradores não executivos devem ser em número claramente superior ao número de membros que integram a Comissão Executiva” (Recomendação 8). Entre os Princípios da OCDE sobre o Governo das Sociedades (2004) pode ler-se que “[o]s órgãos de administração devem ponderar a possibilidade de designarem um número suficiente de membros não executivos do órgão de administração capazes de exercer um juízo independente para a execução de tarefas susceptíveis de serem afectadas por um conflito de interesses”, destacando algumas responsabilidades fundamentais, tais como “(…) garantir a integridade dos relatórios financeiros e não financeiros, a análise de transacções com partes relacionadas, a nomeação de membros do órgão de administração e dos principais executivos e a remuneração dos membros do órgão de administração” (Secção VI, Princípio E.1).

As razões que fundamentam a inclusão de membros não executivos no órgão de administração de uma sociedade são múltiplas. Em primeiro lugar, direção da sociedade e gestão da sociedade são tarefas diferentes. Nas palavras de Tricker (2009, p. 36), “management runs the business; the board ensures that it is being well run and run in the right direction”. Ao órgão executivo deve caber a gestão quotidiana da sociedade, enquanto a principal tarefa do board (direção da sociedade) é dirigir a sociedade, isto é, formular a estratégia e os objetivos da sociedade, concretizar a vontade da sociedade (ou seja, a definir as políticas que devem orientar a gestão da sociedade, materializadas no respetivo plano de atividades e orçamento), fiscalizar a gestão executiva e responsabilizar a sociedade perante acionistas e outras partes interessadas. A inclusão de membros não executivos no órgão de administração tem subjacente aquela tarefa, devendo assumir o papel de fiscalizadores, desafiadores, avaliadores e conselheiros da gestão executiva. Assenta também na perceção de que os administradores não executivos são norteados por uma capacidade de julgamento independente e, enquanto catalisadores de uma gestão responsável e prudente, asseguram a prossecução dos melhores interesses dos acionistas e da sociedade. Decorre igualmente da constatação de que a responsabilidade de supervisão da gestão não deve estar exclusivamente depositada nos acionistas, na medida em que os investidores carecem de incentivo para questionar o modelo de governo quando o desempenho financeiro da sociedade é satisfatório (lógica do “conform or perform”), tornando necessária a presença permanente de uma figura que monitorize, questione e avalie criticamente as decisões tomadas pela gestão.

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35 Vários estudos estabelecem uma relação positiva entre o número de administradores não executivos e o desempenho financeiro da sociedade (Kaplan e Reishus, 1990; Ferris et al., 2003). Contudo, a validade deste tipo de análise parece estar condicionada pelas específicas características do mercado no qual se desenvolveu o estudo. Ainda a este respeito, convém assinalar que parece existir um limite aos benefícios decorrentes da presença de administradores não executivos no quadro das empresas. A literatura teórica propõe a existência de um trade-off entre, por um lado, o benefício da independência, do conhecimento e da experiência adicional com que cada administrador não executivo contribui para o órgão de administração e, por outro lado, os custos de coordenação e os problemas de free-riding decorrentes do aumento da dimensão do órgão de administração (Raheja, 2005; Harris e Raviv, 2008). O problema de free-riding emerge da relação negativa entre a influência de cada administrador e a dimensão do órgão de administração. À medida que diminui a influência de cada administrador, menor será o seu incentivo a suportar os custos privados de investir em informação e supervisionar ativamente a atuação da gestão executiva. No plano empírico, Lehn et al. (2009) encontram evidência consistente com a existência de trade-offs desta índole na determinação do número ótimo de administradores não executivos no órgão de administração.

A literatura documenta também importantes limitações à eficácia do papel dos administradores não executivos. Estas limitações são analisadas sob as lentes teóricas da teoria da agência (Jensen e Meckling, 1976; Fama, 1980) e da teoria da informação (Stigler, 1961). Implícita na teoria da agência está a assunção de que os administradores não executivos dispõem de livre acesso a toda a informação necessária para desempenhar o seu papel de supervisão e fiscalização. Contudo, a informação tem custos e é, por natureza, incompleta, pelo que a tomada de decisão num contexto empresarial se reveste necessariamente de incerteza. Informação adicional tem o potencial de reduzir a incerteza, mas há um trade-off entre o custo de obter informação adicional e o retorno decorrente da redução da incerteza no processo de tomada de decisão. Além do custo de obtenção da informação, Williamson (1979) sublinha que existem outras características da informação com o potencial de influenciar materialmente o processo de tomada de decisão. Por um lado, a informação pode ser privada, dando origem a assimetria de informação. Neste caso, a informação pode ser utilizada estrategicamente para influenciar a tomada de decisão. Por outro lado, a informação é por vezes complexa, podendo haver limites à capacidade de os envolvidos processarem toda a informação disponível. A literatura assinala ainda que a assimetria de informação que governa a relação entre os administradores executivos e os administradores não executivos pode consubstanciar o denominado “paradoxo da independência”: por forma a obter informação adequada ao exercício das suas funções, a administração não executiva está por vezes dependente dos membros executivos, que é esperado que avalie e dos quais se espera que seja independente (Nowak e McCabe, 2003; Hooghiemstra e van Manen, 2004).

Referências

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