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Terapia Combinada (Agente Biológico + Imunossupressor) em Crianças e Adolescentes com Doença Inflamatória Intestinal

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VI CURSO PRÉ-CONGRESSO DO GEDIIB

CAPÍTULO 15

Maraci Rodrigues

Terapia Combinada (Agente Biológico + Imunossupressor) em Crianças e Adolescentes com Doença Inflamatória Intestinal

15

Há duas teorias a favor dos benefícios da terapia combinada com agente biológico ao imunossupressor: 1) As duas drogas agem so- bre mecanismos imunes diferentes promovendo maior controle da inflamação na Doença Inflamatória Intestinal (DII), 2) A terapia com agente anti-fator de necrose tumoral-a (anti-TNFa) como monotera- pia é mais comumente associada com o desenvolvimento de anti- corpos anti -TNFa.1

O início da imunogenicidade se manifesta através do clareamen- to rápido do agente anti-TNFa e consequente perda de resposta clínica. A reação infusional é uma manifestação comum após o de- senvolvimento do anticorpo anti-TNFa, representada por dificuldade respiratória e em algumas vezes, sintoma mais grave como ana- filaxia. A terapia imunomoduladora concomitante anti-TNFa reduz significativamente a formação de anticorpo contra o IFX e melhora sua farmacocinética.1

Algumas medidas podem reduzir o risco de início da imunogeni- cidade como a administração regular do anti-TNF após a indução, na fase de manutenção, uso da terapia imunomoduladora concomi- tante ao agente anti-TNFa e se necessário, utilizar anticorpo mono- clonal totalmente humanizado.1

No entanto, alguns pacientes apresentam baixos títulos de anti-

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corpo anti-TNF e perda de resposta ao agente anti-TNF, mesmo com a administração regular do anti-TNF, pois existem outros fatores que contribuem para o nível de clareamento da droga, não relacionada a imunogenicidade.1

Em relação a doença inflamatória intestinal (DII) pediátrica, sa- bemos que pode se apresentar com atividade inflamatória em grau moderada-grave no início ou ao longo da evolução da doença. Até o momento, utilizamos o agente biológico na DII pediátrica moderada- -grave refratária ao tratamento convencional2,3. Sabe-se que, nes- tes casos, o uso combinado do anti-TNF com o imunossupressor é o esquema de tratamento mais efetivo4. No entanto, esta decisão equivale a um desafio médico após o conhecimento de raros mas graves eventos adversos, mais comuns com a terapia combinada.1

Podemos resumir as vantagens sobre a terapia combinada do agente biológico na DII Pediátrica na tabela a seguir.

Risco de desenvolvimento de Linfoma

Na literature pediátrica, Ashworth et al. realizaram estudo retros- pectivo em um único hospital pediátrico para avaliar a relação entre DII e linfoma. Entre os 1374 pacientes, 58% tinhasm DC, 34% RCU e 3% colite não determinada. Foi observado 2 casos de linfoma entre 2574 pacientes-ano que estavam recebendo tiopurina. Ambos pa- cientes eram meninos, com idade entre 12 a 18 anos, um com DC e outro com RCU respectivamente. Ambos pacientes tinham recebido tiopurina (22 e 28 meses de uso) mas tinham sorologia para EBV negativas. Um terceiro paciente tinha Linfohistiocitose hemafagoci- tica e estava com tiopurina. Comparando com os dados DE Epide- miologia de Vigilancia (0.58 por 10.000 pacientes-anos) o nível de linfoma total foi 3 para 10.000 paciente-anos e de 4.5 por 10.000 paciente-ano com tiopurina.No entanto, não foi observado maligni-

Tabela. Prós e contra a Terapia Combinada do Agente Biológico e Imunossupressor

Combinação Prós Contra

AZA + IFX Melhor efeito Linfoma

MTX + IFX Funciona. Diminui a formação

de anticorpos Não é melhor do que IFX monoterapia?

Modificada de Bern E, Bouvaros A, 20131

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zação entre 1140 pacientes-anos com terapia combinada de anti- -TNF e tiopurina ou em 694 pacientes-ano com terapia com MTX.5 Estudos Pediátricos

O estudo REACH descreve a eficácia da terapia combinada (maio- ria com tiopurinas) em crianças com DC moderada-grave refratária a terapia convencional, acima de 6 anos de idade. Os pacientes receberam IFX na dose de 5mg/kg nas semanas 0,2,6. A seguir, os respondedores mantiveram a terapia a cada 8 semanas. Os resulta- dos foram de 88% de resposta clínica após 3 infusões iniciais e 56%

de remissão clínica após 12 meses de manutenção da terapia[6].

Zitomersky et al em estudo observacional transversal avaliaram em 133 crianças com DC a prevalencia de anticorpos anti-TNF. Os autores encontraram que 20% das crianças apresentavam anticorpo anti-TNF, com correlação positiva a baixo nível sérico de IFX, mas sem perda de resposta ou reação infucional. No momento da coleta da amostra de sangue, 50 (37%) dos pacientes estavam recebendo terapia combi- nada comparado com 84 (63%) com monoterapia com IFX. A terapia combinada no momento da amostra não correlacionou com o aumento do nível do IFX ou de baixo anticorpo anti-TNF comparado com a mono- trapia com IFX. Contudo, o uso de imunomodulador previamente estava associado com menor nível de anticorpos (p = 0.007).Os autores con- cluíram que os anticorpos anti TNF correlacionam com a redução dos nívesi de IFX e maior risco de cirrugia em pacientes com DII.7

Vahabnezhad et al avaliaram a evolução de crianças portadoras de DII em terapia com IFX. Das 259 crianças, 84% eram portadoras de DC e 16% com RCU, com a duração média de tratamento de 29 meses, sendo a maioria (188 crianças) com pelo menos 1 ano de tratamento. Metade das crianças permaneceram em remissão com monoterapia com IFX após a indução da remissão e a outra meta- de com terapia combinada do IFX e baixa dose oral de metotrexato (MTX). Observaram que 50% das crianças necessitaram de intensifi- cação da dose para manter ou recuperar a remissão da doença, cer- ca de 70% das crianças em ambos os grupos permaneceram com IFX e não houve diferença com o uso de baixa dose oral de MTX .8

Singh et al realizaram estudo prospectivo de 58 crianças com DII ( 81% com DC) para avaliar a influencia do nível sérico do IFX na evo-

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lução clínica destes pacientes. Observaram que o nível sérico do IFX na 14 semana correlacionou com a remissão da doença (4.7 mcg/

ml versus 2.6 mcg/ml nos pacientes com remissão e não remissão da doença respectivamente em 1 ano de tratamento). Encontraram 13% de não respondedores primários, 58% de remissão clínica per- sistente com 1 ano de tratamento, 26% apresentaram anticorpo anti-IFX na semana 54. O uso de imunomodulador correlacionou-se com maior nível sérico de IFX, mas sem diferença estatística.9

Kierkus et al avaliaram recentemente a eficácia da monoterapia com IFX versus a terapia combinada na manutenção da remissão clí- nica de crianças com DC moderada-severa em estudo multicêntrico randomizado aberto. As crianças foram randomizadas em 2 grupos:

grupo I (n = 45): IFX + IMM mantido até semana 54 e grupo II (n = 39):

IFX + IMM até semana 26, a seguir monoterapia com IFX. Os auto- res observaram que não houve diferença significativa na perda de resposta clínica, PCDAI e escore endoscópico (SES-CD) na semana 54 entre os 2 grupos.

Houve necessidade de otimização do tratamento no grupo I de 29% e no grupo II de 28% dos pacientes . Ocorreram 9 eventos ad- versos; nenhum óbito durante o seguimento Os autores concluíram que a terapia combinação IFX/IMM durante 26 semanas foi segura nesta amostra de pacientes com DC.10

Hyams et al avaliaram 192 crianças com DC ativa (PCDAI > 30) com Adalimumabe, cerca de 60% com terapia combinada com imu- nossupressor. Observaram remissão clínica na 26 semana em 57%

dos pacientes que não receberam infliximabe previamente, 17% dos pacientes que receberam infliximabe anteriormente. Em compara- ção com a semana 54, 45% dos pacientes sem uso prévio de IFX estavam em remissão clínica e 19% dos pacientes que receberam infliximabe previamente. Além disso, cerca de 5% dos pacientes apresentaram infecções e 3% anticorpo anti TNF.11

Hyams et al realizaram estudo randomizado, multicêntrico, aber- to, em crianças com RCU ( média de idade de 1.4 anos). As crianças participantes deste ensaio apresentavam média do escore de Mayo de 8.0 e PUCAI(Pediatric Ulcerative Colitis Activity Index) de 55. Cer- ca de 53% dos pacientes receberam tiopurinas antes e Durant eo ensaio clínico. Todos os pacientes receberam IFX 5mg/kg nas sema-

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nas 0,2 e 6 semanas. Os pacientes que responderam a indução com IFX foram randomizados para receber a mesma dose de IFX a cada 8 ou 12 semanas até a semana 54. No controle de 8 semanas, a re- missão clínica foi de 40% das crianças pelo escore de Mayo e 33.3%

pelo PUCAI. A cicatrização da mucosa foi observada em 68% dos 60 pacientes avaliados na semana 8. No seguimento na semana 54, a remissão clínica pelo PUCAI foi de 38,1% no grupo com IFX a cada 8 semanas comparado a18,2% no grupo com IFC a cada 12 semanas p=0146). Não foi possível avaliar a terapia combinada neste estudo devido não apresentar significância estatística.12

Resumo

Há boas evidências da terapia combinada com tiopurinas em pa- cientes que iniciam com IFX

• melhora a remissão clínica na RCU e na DC

• reduz a formaçãode anticorpos

Dados sobre a terapia combinada do metotrexato com infliximabe são escassas

• talvez auxilie na redução da formação de anticorpo

• são necessários mais estudos

Não esta claro se a combinação da terapia do imunossupressor com Adalimumabe tem impacto no desenvolvimento de anticorpos e evolução clínica da doença

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