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O
DIA
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QUE
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Entre a primeira colisão e a queda, passaram-se 102 minutos, intervalo no qual os dois edifícios de mais de uma centena de andares e quase 500 metros de altura vieram abaixo duas décadas atrás, em Nova York, Estados Unidos. Era terça-feira, 11 de setem-bro, e todos se lembram de onde estavam e o que faziam quando a tragédia se abateu.
Ao final daquele dia, aproxi-madamente 2,6 mil pessoas te-riam morrido apenas na queda do World Trade Center, símbolo do poder econômico norte-a-mericano e alvo de ataque ter-rorista meticulosamente plane-jado e executado.
Às 10h28min daquela ma-nhã de céu limpo, a torre norte do WTC desabou, depois de ter sido atingida por um Boeing da American Airlines (voo 11) com 92 pessoas – 11 tripulantes e 81 passageiros, entre os quais cin-co sequestradores.
Antes dela, a torre sul tivera o mesmo destino. Impactada por outra aeronave da United Airlines (voo 175) às 9h03min, desmoronara 56 minutos de-pois, às 9h59min. Entre uma queda e outra, um avião (voo 77 da American Airlines) caíra
contra o Pentágono, deixan-do 125 mortos, e mais um (voo 93) fora derrubado numa área aberta da Pensilvânia, matando outras 50 pessoas.
Em 11/9 de 2001, o único ci-dadão norte-americano fora do planeta era o astronauta Frank Culbertson, que havia embarcado na Estação Espa-cial Internacional dias antes. Do espaço, a centenas de qui-lômetros de altura, Culbertson testemunhou a queda da se-gunda torre do WTC.
O relato do astronauta é par-te do livro “O único avião no céu: uma história oral do 11 de se-tembro” (Todavia), do historia-dor e jornalista Garrett M. Graff. Recém-lançada, a obra reence-na os acontecimentos daquele dia terrível na esteira do qual o mundo mergulhou em outra or-dem, demarcando de vez a en-trada no século XXI.
“A cerca de 640 km de dis-tância”, conta Culbertson, “eu conseguia ver Nova York niti-damente. O clima era impecável nos Estados Unidos naquele dia, e a única atividade visível era a grande coluna de fumaça preta que saía de NY e avançava sobre Long Island e o Atlântico”.
Segundo ele, ao dar zoom na câmera, viu “uma enorme bolha cinzenta que envolvia basica-mente todo o sul de Manhattan”. “Eu estava vendo a queda da segunda torre”, lembra.
A essa história, que abre o volume, seguem-se outras cen-tenas. Reunidas, formam uma espécie de coro que reconta, em ordem cronológica, os eventos do dia que nunca cessou de lan-çar uma sombra sobre o futuro, principalmente dos próprios EUA, que mergulhariam numa guerra cujo encerramento se daria apenas 20 anos.
“Passei três anos coletando as histórias dos que viveram e sobreviveram ao 11 de setembro: onde estavam, do que se lem-bram e como aquilo mudou sua vida”, escreve Garrett M. Graff.
O livro resulta de pesquisa em fontes diversas, entre museus e outros equipamentos que con-servam a memória, e consulta direta a acervo oral dos últimos
conta o profissional.
Outra é de John Cartier, ir-mão de um eletricista que es-tava trabalhando na torre sul minutos antes de sua ruína. “No começo era um som distante, mas aí foi chegando cada vez mais perto”, recorda. Esse som lhe pareceu indescritível.
O paramédico James Dobson descreve o barulho da queda das torres “como uma avalanche”, e a contadora Constance LaBet-ti diz que “realmente achamos que o mundo ia acabar”.
Hospedado no hotel Marriott, que ficava exatamente entre as torres norte e sul, Frank Raz-zano revê aqueles momentos finais: “Olhei pela janela e aquilo que até então fora um dia claro e ensolarado havia subitamente ficado preto como o breu. Era como se tivesse descido uma cortina de concreto e ferro, como a cortina de um palco de teatro. Dava para sentir a torre se desfazendo ao redor”.
O médico legista Charles Hirsch tem uma lembrança que ainda o assombra: os corpos despencando do céu, gente de-sesperada que se viu encurra-lada pelo fogo e a fumaça e cuja única alternativa era saltar do alto das torres para o vazio. “É uma visão e um barulho que ja-mais esquecerei. O som horrível do choque”, fala.
Tal como em “Vozes de Tchernóbil”, da ganhadora do Nobel Svetlana Aleksiévitch, que revisita o desastre nuclear a partir das pessoas comuns, a reprodução da oralidade em “O único avião no céu” assegura que cenas e sons já vistos suces-sivamente não se banalizem e caiam no esquecimento. Continua na página 6
| MEMÓRIAS |
Conjunto de
500 relatos de
sobreviventes do
11 de setembro,
“O único avião no
céu”, do jornalista
Garrett M. Graff,
refaz aquele dia
hora a hora, a partir
da história de quem
viveu a tragédia 20
anos atrás
HENRIQUE ARAÚJO
henriquearaujo@opovo.com.br
17 anos anteriores à sua publica-ção – ele foi originalmente lan-çado em 2019, em inglês.
Cinco mil histórias de sobre-viventes do 11/9 foram agrupa-das, das quais 2 mil separaagrupa-das, ouvidas e depois lidas. Desse recorte, 500 foram escolhidas a partir do olhar de dezenas de jornalistas e historiadores sob a batuta do autor.
O papel de Graff se consti-tui em organizar essas vozes, de modo que, ao encadeá-las, ampliem e confiram sentido umas às outras dentro de um fluxo mais vasto de relatos das vítimas. Trata-se do 11 de se-tembro contado por quem so-breviveu àquele dia, cronologi-camente repassado, da véspera até o ato final.
Dividido em capítulos que se-guem o curso dos acontecimen-tos, do estupor com o choque e a explosão das torres à deter-minação do presidente George W. Bush para que caças F-16 abatessem qualquer aeronave sequestrada, “O único avião no céu” justapõe essas narrativas, obtendo um efeito que, mesmo tanto tempo depois, ainda sur-preende por sua força e crueza.
Uma dessas vozes recupe-radas por Graff é a de Dan Ni-gro, comandante de operações do Corpo de Bombeiros de NY. “Ninguém jamais tinha ouvi-do um arranha-céu desabar, mas assim que eu ouvi, sou-be o que estava acontecendo”,
O livro assegura
que cenas e
sons já vistos
sucessivamente
não se banalizem
e caiam no
esquecimento
O único avião no céu,
de Garrett M. Graff
Editora Todavia 560 páginas - R$ 99
VIDA&ARTE
FORTALEZA - CE, SÁBADO, 11 DE SETEMBRO DE 2021
ANA MIRANDA*
amliteratura@hotmail.com
*ESCREVE AOS SÁBADOS
C O N F I R A E STA E O U T R A S C O LU N A S E M W W W. O P O V O . C O M . B R / C O LU N A S
1109ANAMIRANDA
1109anaMIRANDA
Dançar para sobreviver
Foi impressionante ver os nossos povos in-dígenas dançando na Praça dos Três Poderes, numa luta por suas terras. Lutaram dançando e cantando. Eram mais de seis mil índios de todos os lugares. Estavam numa luta por sua sobrevi-vência. Dançavam em roda batendo os pés, mar-cavam o tempo forte, faziam movimentos quase hipnóticos, cantavam, emitiam sons repetitivos, eloquentes, profundos. Dançaram debaixo de um temporal, o seu suor escorreu com a água pela terra que um dia foi sua.
Tudo aquilo dizia quem eles são. Como são. Sua história, suas dores. Seus sonhos. Enquan-to esperavam, eles dançaram, enquanEnquan-to perós julgavam seus direitos eles dançaram, enquanto os mamõyguara discutiam leis eles dançavam e dançavam... sem acolhimento, sem que alguém lhes armasse uma tenda, ou lhes servisse água, uma merenda. O nome Três Poderes me pareceu tão absurdo! As pessoas em volta olhavam, em si-lêncio, magnetizadas, apontavam suas câmeras, e as danças de luta, danças de sobrevivência, cor-reram o mundo.
Lutar por sua sobrevivência, ou simplesmen-te lutar, por meio da dança e do canto é uma
sabedoria que os indígenas nos ensinam. A dança une, tanto pelo ritmo que bate junto ao coração, como pelo movimento do corpo, que traz energia e prazer. Sempre é impressionante ver os indíge-nas em seus rituais, fui uma vez assistir aos Kaxi-nawas dançando numa oca construída em uma floresta do Rio de Janeiro. Era um círculo largo de kaxinawas que iam batendo e arrastando os pés, numa simplicidade, calma e doçura que me comoveram, ainda mais me partiu o coração uma indiazinha, que fiquei imaginando ela ser Jarina, a personagem de meu romance indígena. A dança era constante, longamente estendida pela noite lua acima e lua abaixo, os dançarinos incansáveis, cada vez mais imersos e suaves. Eu quis dançar, mas fiquei magnetizada, olhando, como as pes-soas na Praça dos Três Poderes.
Eles dançam para homenagear pessoas mortas, para expulsar doenças e males, espantar maus es-píritos, atrair os bons, para agradecer a colheita, a boa pesca e a boa caça, para marcar a passagem de um jovem para a idade adulta, ou preparar uma guerra. Danças são a conexão com as entidades e espíritos da floresta. Dançam para os matos, os rios, os animais. Celebram as flores que vão desa-brochar, a troca das folhas das árvores, a reprodu-ção dos peixes, a chegada da chuva... dançam com a natureza, que faz parte do seu ser.
Devemos dançar, como eles, para afastar os maus espíritos e atrair os bons, dançar ao nascer do sol, homens e mulheres. Lado a lado, adorna-dos com cocares de sonhos, colares de lágrimas, a justiça amarrada nos pés. Devemos dançar para evocar as entidades do clima, da igualdade, da natureza. Devemos dançar a Dança da Onça, que celebra um bravo jovem caçador que matou a onça com as próprias mãos, temos de matar on-ças com as nossas mãos todos os dias. Devemos dançar com eles a dança de sobrevivência na Pra-ça dos Poderes do Povo, que era contra o marco temporal. Vi numa fotografia a cacique Culung Teie, do povo Xokleng Konglui, ajoelhada a chorar de emoção. Ha’evete amados indígenas.
SEM ACOLHIMENTO,
SEM QUE ALGUÉM
LHES ARMASSE UMA
TENDA, OU LHES
SERVISSE ÁGUA...
A cantora e compositora paulista Maria Gadú participa da #ViradaSP Online 2021 neste sábado, 10 de setembro, às 19h10min
FERNANDO B
ANZI/DIVULG
A
ÇÃO
A cantora e compositora baiana Xenia França participa da programação Inhotim em Cena, neste sábado, 11, às 11 horas. A transmissão é feita pelo canal “Inhotim” no YouTube
BRENDON CAMPOS/DIVULG A ÇÃO
O
MELHOR
DA A G E N DA C U LT U R A L
Q U E R D I V U L GA R S E U E V E N T O ? M I G U E L A R AUJ O @ O P O V O . C O M . B RGRUPO MURMURANDO
MAVIGNIER
SHOW ON-LINE LIVEO grupo Murmurando comemora os 15 anos juntos com show on-line de canções autorais e músicas do compositor e instrumentista Zé Menezes, que completaria 100 anos em 2021. Os músicos Samuel Rocha, Cleyton Gomes e Lauro Viana recebem o clarinetista Antonio Guilherme e o percussionista Igor Ribeiro.
Quando: hoje, 11, às 19 horas
Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste
no YouTube
Com a nova persona musical “Mavignier” (pronuncia Mavinhê), o cantor e compositor João Pinheiro lançou o videoclipe do single “Você só queria chão” ontem, 10, no Youtube. A faixa, composta em parceria com Fábio Cadore, une batida estilizada do funk ao bolero. Hoje, 11, às 21 horas, ele fará live especial em seu Instagram. A persona “Mavignier” é inspirada em sua bisavó, a francesa Marie Mavignier.
Quando: hoje, 11, às 21 horas
Onde: @mavigniermusic no Instagram
INFORMAÇÕES SOBRE ATRAÇÕES, DATAS E HORÁRIOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS ORGANIZADORES DOS EVENTOS
MARIA GADÚ NA #VIRADASP
80 ANOS DE
BRIAN DE PALMA
#CULTURAEMCASA
TV POR ASSINATURA
A cantora e compositora paulista Maria Gadú participa da #ViradaSP Online 2021. Hoje, às 19h10min, a artista leva seu repertório para a maratona de música, artes cênicas e cultura urbana do Estado de São Paulo. A programação também conta com apresentações do grupo Fundo de Quintal (às 17 horas) e do cantor de reggae
Ras Bernardo (às 21h50min), além de atrações artísticas do município de Ribeirão Preto. A transmissão é gratuita e acontece pela plataforma virtual e pelo aplicativo #CulturaEmCasa.
Quando: hoje, 11
Onde: www.culturaemcasa.
com.br
O canal de televisão por assinatura Paramount Network celebra os 80 anos do cineasta norte-americano Brian de Palma hoje, 11. A partir das 18 horas, o público poderá assistir aos filmes de ação: “Um Tiro na Noite”, “Os Intocáveis”, “Missão Impossível” e “Pecados de Guerra”.
XENIA FRANÇA
INSTITUTO INHOTIM
A programação Inhotim em Cena recebe uma performance musical da cantora e compositora baiana Xenia França hoje, 11, às 11 horas. Com o repertório de jazz, música eletrônica, ritmos cubanos e afro-brasileiros, a artista apresenta canções do álbum “XENIA” (2017).
Quando: hoje, 11, às 11 horas Onde: Inhotim no YouTube
FORTALEZA - CE, SábAdO, 11 dE SETEmbRO dE 2021
3
&
Artes cênicAs
Pavilhão da Magnólia
Após mais de um ano com restrições impostas pela pandemia, a estreia da peça “Há uma festa sem começo que não termina com o fim” marca o retorno de artistas teatrais cearenses aos pal-cos. Os atores do grupo Pa-vilhão da Magnólia se apre-sentam na Casa Absurda, durante os fins de semana de setembro, com montagem que convida o público a per-correr uma viagem temporal para indagar: como estare-mos juntos novamente?
A produção foi inspirada na obra “O livro dos come-ços” (2015), de Noemi Jaffe, texto de estudo na imersão realizada pela equipe em março, em conjunto com o coletivo brasiliense Teatro do Concreto. Nos encontros virtuais, os artistas se apro-fundaram em arquivos pes-soais, do próprio grupo e do País. “Esse é um livro que fala do processo de criação. Fiquei com isso na cabeça, dos começos. Nossas con-versas iniciais foram nesses sentidos, de trazer essa du-pla identidade dos atores, da equipe”, relembra Francis Wil-ker, diretor do espetáculo.
Tornou-se perceptível que os documentos, juntos, se articularam em material para a peça. Algo que fosse capaz de trançar o tempo, as memórias e as narrativas para fazer um panorama en-tre o passado, o presente e o que está por vir. Para dar conta dessas dimensões, o
grupo teatral utilizou uma mistura de linguagens, entre elas a palestra-performan-ce e o teatro documentário, o qual utiliza uma série de elementos em cena. “A gen-te pensa o arquivo, o docu-mento, de uma maneira ex-pandida. Tudo o que eles têm dentro da Casa já foi de uma peça, como a mesa, um do-cumento da primeira monta-gem que o Pavilhão montou”, comenta Francis.
| TeaTro |
Produção de coletivo artístico cearense marca retorno do público às apresentações
presenciais. Com direção de Francis Wilker, peça está em cartaz durante setembro na Casa Absurda
A Arte de
recomeçar
“Há uma festa sem
começo que não
termina com o fim”
Quando: de sexta adomingo, em setembro, a partir das 19 horas
Onde: Casa Absurda (Rua
Isac Meyer, 108 - Aldeota)
Quanto: R$ 15, a meia,
e R$ 30, a inteira
Ingressos:
pela plataforma Sympla
Mais informações:
@pavilhaodamagnolia no Instagram
Novas realidades
“Há uma festa sem começo que não termina com o fim” também é “uma celebração da vida do Pavilhão”, aponta o diretor, já que o coletivo não pôde comemorar os quinze anos de formação em 2020. O trabalho, de acordo com o profissional, transita entre o pessoal e o coletivo; o âmbito privado e o público, além de trazer uma emergência de discussão social e política. “A força do Pavilhão está no coletivo e nos encontros com artistas colaboradores, onde experimentamos poéticas e práticas teatrais para nos mantermos em cena”, define o ator Jota Júnior, integrante da equipe desde 2013.
dentro da trajetória do coletivo teatral, eles já montaram mais de 14 espetáculos, com mais de 900 apresentações em mais de 50 cidades do País. O repertório é composto por peças direcionadas
ao público adulto e infantil. devido ao contexto pandêmico, a retomada das atividades presenciais foi feita nesta nova produção, com a parceria de equipamentos como o Centro Cultural Porto dragão e a coprodução do Projeto Giro das Artes, da Quitanda Soluções Criativas e Instituto bR Arte. O trabalho que marca este
recomeço é a primeira colaboração entre o coletivo, Francis e a dramaturgista Thereza Rocha, responsável por fazer o trabalho de corpo e oferecer um olhar crítico no processo de produção. “Esse trabalho exigiu de nós, atores, outras qualidades de presenças para estar em cena, pois
performamos com o público e com o espaço, com memórias pessoais e coletivas”, exemplifica Jota. Com os corpos aquecidos, o desejo de relatar memórias e a esperança de tempos melhores, os artistas retomam para si o
rito ancestral do teatro como tem que ser: cara a cara com o público. Este, composto por, no máximo, 15 pessoas, devidamente aparadas com máscara, álcool em gel e com ingresso garantido apenas por compra antecipada. “Alimentar essa chama que nos move como artistas é simbólico, estamos do nosso jeito, falando do nosso tempo e de tudo que nos constituiu”, sintetiza o ator. Para o artista, em tempos difíceis como o que está sendo vivenciado, é “importante que, juntos, imaginemos outros possíveis” com responsabilidade e consciência. Francis reverbera a ideia e ainda afirma que o retorno do teatro ao presencial é histórico para a Cidade. “Estar junto para mim tem algo muito forte de poder imaginar outros horizontes. Voltar à cena é criar um tempo-espaço para imaginar outros futuros”.
CAROL VERAS/dIVuLGAçãO
Casa Absurda reabre as portas com todos os cuidados sanitários
Lara MontezuMa
lara.montezuma@opovo.com.br
ESPECIAL PARA O POVO
“Voltar à cena
é criar um
tempo-espaço
para imaginar
outros futuros”
Francis Wilker diretor teatral
nova produção do Pavilhão da Magnólia utiliza múltiplas linguagens
VIDA&ARTE
FORTALEZA - CE, SÁBADO, 11 DE SETEMBRO DE 2021
O que é e como jogar
1. O jogo é constituído de 81 quadrados numa grade de 9 x 9 quadrados, subdivivida em nove grades menores de 3 x 3 quadrados. 2. Cada fileira (vertical e horizontal) deverá conter números de 1 a 9. 3. Cada grade menor, de 3 x 3 quadrados, deverá conter números de 1 a 9.
4. Nas fileiras horizontais e verticais da grade maior, cada número deverá aparecer uma só vez.
SUDOKU
PALAVRAS CRUZADAS
23 DE SETEMBRO A 22 DE OUTUBRO 23 DE OUTUBRO A 21 DE NOVEMBRO 22 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO 21 DE JUNHO A 22 DE JULHO 23 DE JULHO A 22 DE AGOSTO 23 DE AGOSTO A 22 DE SETEMBRO
22 DE DEZEMBRO A 20 DE JANEIRO 21 DE JANEIRO A 19 DE FEVEREIRO 20 DE FEVEREIRO A 20 DE MARÇO 21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL 21 DE ABRIL A 20 DE MAIO 21 DE MAIO A 20 DE JUNHO
Brincar
Os mundos de Liz.
DANIEL BRANDÃO
www.estudiodanielbrandao.comCabeça de passarinho.
ROND MENDONÇA
@cabecadepassarinhoFinho Doguinho.
GABO
@gaboseirasHORÓSCOPO PERSONARE
www.personare.com.br | a.martins@personare.com.brPEIXES
AQUÁRIO
CAPRICÓRNIO
SAGITÁRIO
ESCORPIÃO
LIBRA
VIRGEM
LEÃO
CÂNCER
GÊMEOS
TOURO
ÁRIES
Como sugere o trígono entre Lua e Netuno, busque valorizar a estabilidade da vida familiar. Lua, Júpiter e Urano tensionados tendem a evidenciar prejuízos sociais, como perdas fi nanceiras e situações que fragilizam a imagem pública. Procure ser criteriosa em suas atitudes e cuidado com frustrações.
Lua e Netuno em trígono podem sugerir que a superação se dá por meio de posturas pacífi cas e apoio mútuo. Aspectos tensos entre Lua, Júpiter e Urano tendem a incidir sobre seu signo e o eixo família-relacionamentos, destacando problemas que afetam a rotina e o trato interpessoal.
A autoconfi ança pode pedir entorno estável, como aponta o trígono entre Lua e Netuno, sendo preciso se cercar de tranquilidade. O trânsito lunar na área de crise tendem a alertar para a importância de cultivar serenidade frente aos desafi os, de modo a neutralizar o drama que afl ora nesta fase. Busque ser seletiva ao se
expor, privilegiando os afetos próximos ou por meios virtuais, como aponta o trígono Lua-Netuno. O circuito social pode confl itar com o íntimo diante da tensão Lua-Júpiter-Urano, sinalizando a necessidade de zelar por privacidade e por gastos responsáveis com lazeres.
Gentileza e boa vontade tendem a levar a acordos, considerando o trígono Lua-Netuno. A tensão entre Lua, Júpiter e Urano pode prejudicar as parcerias ao tensionar o circuito íntimo e o setor do trabalho. Tente superar diferenças pessoais para que os obstáculos sejam contornados.
Procure encarar os desafi os com equilíbrio emocional e transmitir otimismo para as pessoas do entorno. A Lua forma trígono com Netuno, nutrindo seu carisma e sua empatia no trato social. Tente levar essa postura aos ambientes que fazem parte do seu dia a dia.
Busque ter bom convívio com as pessoas, como aponta o trígono lunar com Netuno, sem prejudicar as fi nanças. A tensão Lua-Júpiter-Urano entre o circuito social e o setor material tendem a indicar confl itos territoriais e prejuízos fi nanceiros, o que contraindica lazeres caros e empréstimos.
As áreas profi ssional, familiar e seu signo confl itam na tensão Lua-Júpiter-Urano, indicando desafi os que afetam a compatibilização de demandas pessoais e de trabalho e geram estresse, sendo necessário ajustes e planejamento. É preciso encarar a fase como oportunidade de aprimoramento.
Tente não desanimar e se manter fi el a seus valores, como aponta o trígono Lua-Netuno. Lua, Júpiter e Urano se aspectam de modo tenso entre as áreas espiritual, de crise e comunicativa, sugerindo afl orar de inseguranças com relação a planos idealizados e de reações danosas para sua imagem.
Mesmo que alguém se interponha entre você e algo muito desejado, com inteligência emocional você pode ter mais chances de prosperar, como pontua o trígono formado por Lua e Netuno. Os trânsitos tensionados de Lua, Júpiter e Urano tendem a sugerir momento complicado para as relações.
Procure dar valor às parcerias que se nutrem de afi nidades, a fi m de neutralizar a hostilidade, dada a harmonia entre Lua e Netuno. Os relacionamentos de trabalho podem confl itar diante da tensão Lua-Júpiter-Urano. É preciso adotar posturas éticas e ser imparcial nos julgamentos.
Tente cultivar equilíbrio emotivo ao lidar com situações que lhe tiram da zona de conforto, como aponta o trígono Lua-Netuno. Lua, Júpiter e Urano tensionados no eixo cotidiano-espiritualidade-crise podem pedir revisão de ideias para tornar possível os ajustes na rotina, fazendo as mais urgentes.
O SANTO
São João Gabriel Perboyre
O ANJO
Omael
Desde muito jovem São João Gabriel Perboyre demonstrou vocação para a vida religiosa. Aos 14 anos ingressou na
Congregação da missão fundada por São Vicente de Paulo para tornar-se um padre vicentino ou lazarista, como também são chamados os sacerdotes dessa Ordem.
Em 1935 foi enviado em Macau, em missão. Ele se disfarçava de
chinês, pois estrangeiros não eram aceitos.
Apesar de aprender a língua e os costumes locais, foi denunciado, perseguido e preso, período em que sofreu torturas, como ser amarrado em uma cruz, morreu estrangulado. Em 1889, o Papa João Paulo II beatificou João Gabriel Perboyre. Ele foi o primeiro missionário da China a ser declarado santo pela Igreja. Quem nasce sob esta influência é extremamente justo e vive em harmonia com seu universo. Por ser superprotegido por seu anjo, terá uma confiança inabalável em si mesmo e lutará sempre por grandes ideais. Amará os animais, a natureza e os homens com uma grande sinceridade. Terá conhecimento geral de todas as áreas, estando sempre reavaliando as situações em busca de uma visão mais objetiva.
FORTALEZA - CE, SÁBADO, 11 DE SETEMBRO DE 2021
CLOVISHOLANDA@OPOVO.COM.BR | *ESTA COLUNA É PUBLICADA TODOS OS DIAS
CLÓVIS
HOLANDA
CLOVISHOLANDA@OPOVO.COM.BR | *ESTA COLUNA É PUBLICADA TODOS OS DIAS
HOLANDA
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FIEC 70 ANOS_ MÉRITO INDUSTRIAL
MAIS UMA
CERVEJA...
Hoje é sábado, 20 anos do
atentado às Torres Gêmeas em Nova York, o clima já está naturalmente pesado, sobretudo para os que acreditam no trânsito de almas entre nós... Sou da turma que tem mais medo do vivinhos da Silva...
Não ia nem escrever nada
baixo astral, mas o Brasil virou definitivamente aquele seriado sem fim... La Casa de Papel eterna.
A cada cena a gente precisa se
sentar na cama para acreditar no que bandidos e mocinhos estão fazendo. No nosso caso, os mocinhos andam meio acanhados...
Vendo o lance da carta escrita por
Michel Temer (“Vamp feelings”) para que o PR conseguisse expressar algo com sentido, viajei no tempo. Primeiro, lembrando do clássico “Central do Brasil”, obrigatório que seja visto. Depois fui mais longe...
Sempre fui metido a “escrevedor”.
Na adolescência, meus amigos, sabendo disso, me pediam para incrementar os bilhetes para as paqueras. Hoje em dia é mais raro bilhetes de amor. No mundo do “crush” os códigos mudaram completamente. Like no insta-whatsapp-cama, bem assim... Ou sex app direto.
Mas voltando à nossa novela da
vida real, até o personagem Zé Trovão apareceu. Lembram do folhetim da Manchete? Faltou a Ana Raio, devia estar chorando nas redes sociais.
Aliás, minha solidariedade a quem
está confuso neste momento. De fato, para alguns vieses político-ideológicos deve ser alucinante acompanhar raciocínios alucinógenos... O templo das fake news tem seu chá alucinógeno, sua ayahuasca...
Bom, abrirei minha cerva do
sábado, ouvindo qualquer coisa, de forma que neurônios se reorganizem para a semana, já que, a preço de hoje, é um dia de cada vez... Se até Nelson Piquet virou uber...
Reconhecimento, emoção e poesia
Top 3 Literatura
LIVROS PARA ENTENDER SOBRE A HISTÓRIA E A FORMAÇÃO DO BRASIL
“POR UM
FEMINISMO
AFRO-LATINO-AMERICANO”,
LÉLIA GONZALEZ
DIVULGAÇÃOComo o título mesmo informa, o livro não se restringe ao Brasil, porque também faz um apanhado dos contextos de outros países latino-americanos. Nestes textos de Lélia Gonzalez (1935 - 1994), uma das mais importantes intelectuais brasileiras e cofundadora do Movimento Negro Unificado e do Olodum, é possível compreender novas visões sobre a diáspora africana em território nacional e as características complexas do racismo e do machismo na sociedade. A organização, feita por Flavia Rios e Márcia Lima, percorre quase 20 anos de produção da antropóloga.
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Por Clara Menezes
clara.menezes@opovo.com.br
“O POVO
BRASILEIRO”,
DARCY RIBEIRO
DIVULGAÇÃO
Considerado um dos mais famosos antropólogos brasileiros, Darcy Ribeiro (1922 - 1997) demorou décadas para finalizar “O Povo Brasileiro”, que traça um panorama da formação do País até o início dos anos 1990. Com divisões por regiões em grupos - sertanejo, crioulo, caboclo, caipira e sulino -, o pesquisador busca encontrar alguns dos vários sentidos possíveis para compreender os brasileiros. Expõe as desigualdades sociais e o racismo que fundamenta o País. Ainda cria o termo “ninguendade” para explicar a nossa identidade.
1
368 páginas Global Editora Preço médio: R$ 59,90“BRASIL: UMA
BIOGRAFIA”,
LILIA SCHWARCZ
E HELOISA M.
STARLING
DIVULGAÇÃO As historiadoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling se propõem a criar uma biografia para o Brasil a partir do marco temporal de 1500, quando os primeiros portugueses invadiram as terras indígenas. A partir daquele período, aborda as transformações nos cotidianos dos brasileiros, as manifestações culturais e as questões econômicas durante mais de cinco séculos. Também dão destaque aos conflitos iniciados pelas populações inconformadas com suas realidades. No pós-escrito, ponderam sobre o País até o impeachment de Dilma Rousseff.808 páginas
Companhia das Letras Preço médio: R$ 77,90
376 páginas Zahar
Preço médio: R$ 59,90 Federação das Indústrias do
Ceará (Fiec) fechou, na última quinta-feira, sua série de três solenidades marcando os 70 anos da entidade. Os últimos homenageados com a Medalha do Mérito Industrial foram os empresários Pior Rodrigues e Igor Queiroz Barroso. Há uma linha que os liga: a sensibilidade. Ambos são homens de negócios, é fato, mas com um olhar atento às humanidades e às artes. Isso ficou expresso nos discursos recheados por belas citações e tomados por forte carga emotiva. Seguem registros...
Pio Rodrigues Neto, Ricardo Cavalcante e Igor Queiroz Barroso
JOAO FILHO TAVARES
Ana Carolina e Ivan Bezerra
Roberta e Etevaldo Nogueira
Aderaldo Silva e Maira
Francisco Philomeno e Nayana Igor Barroso e Aline, Rosângela
e Ricardo Cavalcante
Stella, Pio, Edir, Ticiana e Guilherme Rolim Fernando Cirino, Beto
Studart e Carlos Prado
Amarílio Cavalcante, Evandro Leitão, Eduardo Rolim e Mino Castelo Branco
Carla Sofia Pereira e Cristiana Carneiro
Teodoro Santos e Ana Maísa
Francisco Philomeno, Nizabro Fujita, Carlos Pereira e Lucas Barroso
VIDA&ARTE
FORTALEZA - CE, SÁBADO, 11 DE SETEMBRO DE 2021
Em um honroso convite da recém-reaberta Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE), mi-nistrei no fim de agosto uma oficina intitulada “O ensino da Literatura na educação remota”. Apesar de não gostar de escrever com inicial maiúscula o nome dessa linguagem artística por considerar que a letra minúscula a humaniza, a atividade foi uma das experiências mais interessantes que já executei. Muito embora as três horas do encontro estejam disponíveis ao público no canal do Youtu-be da BECE, senti que seria produtivo registrá-lo também aqui em minha coluna n’O POVO.
Após o susto ao receber a missão de passar cento e oitenta minutos fazendo tal discussão pe-dagógica virtual, percebi o quão aparentemente pretensioso seria falar sobre como a literatura foi trabalhada por colegas professores e estudantes durante o período pandêmico em sua exigência de isolamento. Programei-me, então, para falar de minha experiência pessoal ao ler e discutir um artigo acadêmico recentemente publicado por mim na Revista Entrelaces do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras-UFC) que trata da mesma temática que a oficina. Acabei, ao fim, por abrir na tela a ferramenta pedagógica virtual que mais utilizei em 2020-2021 e construir aquela tarde com a investigação de minha página profis-sional no Instagram, a @auladolucio.
Visando à proximidade com o espaço mais ocu-pado por alunos, alunas e alunes, criar um per-fil nas redes sociais mostrava-se, em janeiro de 2020, uma necessidade de contato e de responder a uma cobrança de meu corpo discente: profes-sor, por que o senhor me stalkeia mas o seu perfil é fechado? Assim o fiz, criando a tal página. Dois meses depois, o mundo já enclausurado pelo vírus da covid-19, estar no Instagram seria quase uma obrigação de quem trabalha com jovens e buscava evitar sua evasão escolar. Para dar conta da rea-lidade completamente virtual da Educação, trans-formei os posts instagrâmicos em lições de classe e casa, mostrando para toda a comunidade escolar (incluindo as famílias, que muitas vezes apontam infundada e injustamente os professores como de-socupados durante a pandemia!) que não estamos vivendo anos completamente perdidos.
Esta foi, por fim, a proposta central da ofici-na para a BECE: compartilhar ideias de resis-tência e reinvenção com profissionais da área e demais interessados. O mais bonito foi perceber
minha própria surpresa dian-te de tantas realizações exe-cutadas: projetos de leitura de poemas por meio de áudios de Whatsapp; vídeos para o IGTV com resenhas de obras literá-rias; ilustrações inspiradas em clássicos trabalhados nas aulas virtuais; encenação de textos teatrais dos alunos com seus familiares; execução de canções que auxiliarão a discussão sobre períodos históricos e correntes estéticas; o lançamento de uma ebook autoral da escola em que trabalhava, de nome “Poesia em Pandemia”, e por aí vai...
Em determinado momento, respondendo a uma pergunta de um amigo professor sobre experiências de violência so-fridas em sala, lembrei-me de uma que agrediu não apenas minha condução profissional, mas a própria arte: a proibi-ção de uma escola particular (a primeira e única onde traba-lhei - por apenas dois e longos meses!) de que eu lesse com os alunos em sala de aula. A jus-tificativa para tal veto absurdo
foi de que, por solicitação dos estudantes, eu tomasse o tempo em classe para encher a lousa de informações e não para fazer uma atividade que eles pode-riam fazer sozinhos em casa.
Além de excluir um dos princípios mais defendidos por estudiosos do ensino de litera-tura como Rildo Cosson, a cen-tralidade do texto literário em sala de aula, essa concepção de aprendizagem regride em tudo aquilo que hoje faço de melhor e que me levou à alegria dessa partilha na BECE: a integra-ção de meios e mídias para a construção de uma educação em que estudantes são pro-tagonistas. Eles passam a ter na arte um instrumento e não um referencial distante sobre o qual devem aprender caracte-rísticas e fórmulas. Agradeço a cada pessoa que constrói comi-go a @auladolucio, à Biblioteca Pública Estadual do Ceará pela oportunidade e, como diria uma artista brasileira, a mim mesmo, por seguir com fé. Si-gamos, leitores e leitoras!
@AULADOLUCIO
YURI EVANGELISTA
LÚCIO FLÁVIO GONDIM*
vidaearte@opovo.com.br *ESCREVE QUINZENALMENTE
Educação e arte
“Transformei os posts
instagrâmicos em lições
de classe e casa”
YURI EVANGELISTA
Ex-aluno do professor Lúcio Flávio Gondim, Yuri Evangelista assina a ilustração desta edição da coluna
“Ideias de
resistência e
reinvenção”
LIVRO DE JORNALISTA BRASILEIRA
AMPLIA OLHAR SOBRE O 11/9
SIMONE DUARTE resgata impacto
do atentado de 11 de Setembro
DIVULGAÇÃO
Jornalista da Rede Globo, Si-mone Duarte chefiava a redação da empresa em Nova York em 2001. Às 9h15min da manhã de 11/9 daquele ano, logo depois de o segundo avião colidir contra a torre sul do World Trade Center, Simone entrou ao vivo. Perma-neceria no ar por cerca de três horas ininterruptas.
“Olha, a situação ainda é mui-to confusa, Nascimenmui-to”, narrou ao âncora do telejornal, Carlos Nascimento, ainda sem saber o que de fato se passava. “Todas as televisões americanas estão ao vivo, todas as equipes de te-levisão, bombeiros, polícia estão tentando chegar ao local. Está muito difícil o acesso.”
Depois de explicar o simbo-lismo do WTC e alertar que a edificação já tinha sido alvo de um atentado em 1993, Simone disse: “Nós conseguimos fa-lar com algumas testemunhas, com pessoas que trabalhavam em restaurantes próximos ao
World Trade Center, e o que eles dizem é que houve uma explo-são horrível, um barulho que foi ouvido por toda a região de Wall Street, mas ninguém está en-tendendo muito bem o que pode ter acontecido”.
Por quase 20 anos, a brasileira evitou voltar ao assunto, ao qual finalmente se dedica em livro recém-lançado pela editora Fós-foro, que inclui o trecho de seu relato na cobertura televisiva.
Em “O vento mudou de dire-ção: o onze de setembro que o mundo não viu”, a jornalista am-plia o olhar sobre a tragédia que deixou quase 3 mil mortos nos Estados Unidos naquele dia.
Na obra, Simone traça um fio que sucedeu ao sequestro de quatro aviões, dois dos quais lançados contra as Torres Gê-meas (um terceiro contra o Pen-tágono e um quarto, atirado ao chão na Pensilvânia), mapeando, a partir da vida de personagens, os efeitos dos acontecimentos.
“Ao longo de dois anos e meio”, escreve a autora, “entrevistei, acompanhei e reconstituí a vida de Ahmer, um rapaz treinado para ser um menino-bomba; do jornalista Baker Atyani, escolhi-do por Osama bin Laden para anunciar um grande atentado; do general Ehsan Ul-Haq, ex-es-pião-chefe do equivalente à cia paquistanesa; da poeta iraquia-na Faleeha Hassan, obrigada a viver no país invasor”.
A essa galeria se juntam “Ga-whar, uma afegã que fugiu da ocupação militar americana rumo à Europa; da jovem ira-quiana Gena, que fugiu para a Sí-ria, onde cairia em outro conflito
sangrento; e de Rafi, um afegão que atravessou oito países para escapar do Talibã”.
De acordo com a jornalista, “com exceção de Ahmer, o me-nino treinado pelo Talibã pa-quistanês, todos são pessoas de classe média ou média alta, com vidas semelhantes às das vítimas dos ataques de 2001”.
O resultado é um livro que revê o 11/9 sob a lente da guer-ra ao terror, deflagguer-rada na es-teira da queda das torres, que lançaria os EUA num conflito armado com o Afeganistão, e depois o Iraque, apenas in-terrompido duas décadas de-pois. (Henrique Araújo)