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Academic year: 2021

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NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS EM FOLHA DE PAGAMENTO.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO. VEDAÇÃO DE INSCRIÇÃO NOS CADASTROS NEGATIVADORES DURANTE A TRAMITAÇÃO DA REVISIONAL.

Tratando-se de cláusula de desconto de prestações de contratos bancários em folha de pagamento de servidor público, a validade da autorização fica condicionada à atualidade desta. Possibilidade de cancelamento pelo funcionário a qualquer tempo.

Precedentes.

Em ação tendo por objeto a revisão do contrato, com a readequação da dívida, deve o credor abster-se de promover a inscrição do devedor em órgãos restritivos de crédito, medida que não o impede de buscar haver o seu crédito pelas vias ordinárias.

NEGADO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, POR DECISÃO MONOCRÁTICA.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

Nº 70031754500 COMARCA DE GRAVATAÍ

HSBC BANK BRASIL S A BANCO MULTIPLO

AGRAVANTE

WAGNER EDUARDO SILVA DOS SANTOS

AGRAVADO

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Vistos.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por HSBC BANK

BRASIL S/A – Banco Múltiplo contra decisão (fls. 34-35) que, proferida nos

autos da ação revisional movida em seu desfavor por WAGNER EDUARDO

SILVA DOS SANTOS, deferiu liminarmente o cancelamento dos descontos

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efetuados na folha de pagamento do autor, bem como determinou que o credor se abstivesse de inscrevê-lo em cadastros negativadores.

Sustenta que não deve subsistir a decisão que limita os descontos em 30% dos rendimentos líquidos do devedor. Este, na condição de servidor público, autorizou expressamente os descontos, os quais, ademais, obedecem à legislação vigente, em especial o Decreto nº 43.574/05, que permite o comprometimento de até 70% do valor da remuneração mensal bruta. Ademais, o empréstimo que originou os descontos foi concedido em condições vantajosas para o agravado, dispensando-se a apresentação de garantias. Em tal contexto, e considerando que não foi pago sequer o principal devido, entende que não há qualquer abusividade no cadastramento da parte adversa em rol de maus pagadores.

Requer seja provido o recurso, ao efeito de permitir que os descontos continuem sendo efetuados na folha de pagamento do autor, no percentual de 70% da remuneração líquida.

Vieram conclusos os autos.

Decido.

Recurso tempestivo, devidamente instruído com as peças obrigatórias e necessárias. Presente a comprovação do preparo.

Possível o julgamento de plano, nos termos do art. 557 do CPC, pois a matéria é recorrente nesta Corte.

Sabidamente a parte pode buscar, inclusive, o cancelamento

dos descontos em folha, o que se afigura mais severo do que apenas limitar

os descontos no patamar de 30% dos seus rendimentos, como no caso em

tela. Nesse passo, sendo-lhe assegurada uma maior tutela, a menor,

evidentemente, está ao seu alcance.

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A Constituição da República confere especial proteção ao salário, nos termos de seu artigo 7°, incisos VII e X.

No mesmo sentido, por força do art. 649, IV, do CPC há vedação da penhora do salário. Nem mesmo o estado, via de execução forçada pode expropriá-lo.

Por conseguinte, com mais razão ainda, torna intangível pela autonomia privada da parte que revoga expressamente a autorização para tanto.

E é nesse sentido que esta Câmara Cível tem repudiado os descontos em folha e a inscrição nos cadastros de restrição ao crédito.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. IRREVERSIBILIDADE DA AUTORIZAÇÃO. DESCABIMENTO. CLÁUSULA ABUSIVA. LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS OBRIGATÓRIOS E FACULTATIVOS A 70% DOS VENCIMENTOS BRUTOS. POSSIBILIDADE.

PLURALIDADE DE CREDORES. ADEQUAÇÃO DOS DESCONTOS INVIDUALMENTE PROCEDIDOS.

AGRAVO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70027596576, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em 25/11/2008).

CONTRATOS DE MÚTUO. REDUÇÃO DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTADUAL. Cláusula de desconto de prestações de contratos de mútuo em folha de pagamento de servidor público. Validade da avença, condicionada à atualidade da autorização.

Possibilidade de redução unilateral dos valores descontados. Legislação relativa aos celetistas aplicada subsidiariamente. Preservação de percentual dos vencimentos ao servidor suficientes à manutenção sua e de sua família. Seguimento negado ao agravo.

(Agravo de Instrumento Nº 70027452150, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 12/11/2008).

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CONTRATOS BANCÁRIOS. DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO. PENSIONISTA DO IPE. Cláusula de desconto de prestações de contratos bancários em folha de pagamento de pensionista. Validade da avença, condicionada à atualidade da autorização.

Possibilidade de cancelamento pelo pensionista a qualquer tempo. Precedentes. Provimento monocrático do agravo. (Agravo de Instrumento Nº 70024926610, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Rafael dos Santos Júnior, Julgado em 24/06/2008)

AÇÃO COMINATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.

DECISÃO MONOCRÁTICA. EMPRÉSTIMO

BANCÁRIO. DESCONTO EM FOLHA.

CANCELAMENTO. A parte tem o direito de eleger certas obrigações como prioritárias em eventual detrimento de outras. Revogada a autorização, devem ser cancelados os descontos dos rendimentos da aposentadoria. NEGATIVA DE SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70021634753, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Francisco Pellegrini, Julgado em 04/10/2007).

EMENTA: AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO.

CANCELAMENTO DE DESCONTOS. DECISÃO

MONOCRÁTICA. I. CADASTROS DE

INADIMPLENTES - Antecipação de tutela para o efeito de impedir a inscrição do nome da parte autora nos cadastros de inadimplentes, bem assim possibilitar a exclusão do cadastro se já procedida a anotação. A ordem de não-inscrição do nome nos cadastros de maus pagadores pode ser tida dentro do poder cautelar geral do juiz, mormente se considerando os danos decorrentes dessa inscrição, antes que realizado o acertamento do débito questionado. II.

DEPÓSITO EM JUÍZO: Possibilidade, observando-se que o depósito corre por conta e risco do devedor, sem possuir efeito liberatório. III. FOLHA DE PAGAMENTO. A parte tem o direito de eleger certas obrigações como prioritárias em eventual detrimento de outras. Revogada a autorização, devem ser cancelados os descontos em folha de pagamento.

AGRAVO DE INSTRUMENTO

MONOCRATICAMENTE PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70024021180, Décima Nona Câmara

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Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Francisco Pellegrini, Julgado em 29/04/2008).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CADASTRO DE DEVEDORES. DESCONTOS. DEPÓSITOS JUDICIAIS. I - Enquanto pendente demanda revisional, o nome do autor não pode ser enviado aos órgãos de restrição ao crédito (SPC, SERASA, etc). II - É possível o depósito judicial dos valores que a recorrente entender devidos do contrato revisando, por sua conta e risco. III - Descabe o pleito de pagamento da água em juízo em face da sobrecarga de seu rateio aos demais condôminos. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Agravo de Instrumento Nº 70021799481, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mário José Gomes Pereira, Julgado em 18/10/2007).

Cadastros nos órgãos restritivos de crédito

É evidente o dano que advém da inscrição do nome em bancos de dados de consumo, isto é, da divulgação dos dados dos cadastros de órgãos como SPC, SERASA, CADIN, SCI, etc. aos seus conveniados.

A matéria em debate vem sendo reiteradamente questionada perante esta 19ª Câmara Cível, obtendo decisão uniforme em qualquer de suas composições.

Exemplificativamente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR EM BANCO DE DADOS DE CONSUMO. Pendente processo que tenha por objeto a definição da existência do débito e/ou seu montante, não cabe a inscrição de devedor junto ao SPC, SERASA, SCI e assemelhados. NEGADO SEGUIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70027367101, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em 07/11/2008).

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Entende-se que, havendo demanda, a inscrição do nome do devedor em órgãos de proteção ao crédito se afigura indevida e configura instrumento de coação.

Esta compreensão resulta do fato de que somente podem amparar tais registros informações incontestáveis.

Para exercer o seu direito de crédito, não é necessário que o mesmo esteja inscrito perante o SPC, SERASA ou assemelhados. A jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça é dominante nesse sentido:

Cadastro de devedores.

Estando sub judice a matéria relacionada com os critérios adotados para o cálculo das prestações mensais e apuração do saldo, isso implica dúvida sobre a existência da mora, pressuposto da inscrição do nome do devedor em cadastro de inadimplentes.

Em casos assim, os precedentes do Tribunal são no sentido de sustar tal inscrição.

Medida cautelar julgada procedente.

STJ-MC 1797/PR Min. Ruy Rosado de Aguiar Júnior, RT 775, pg.189. “

AÇÃO CAUTELAR. DÍVIDA EM JUÍZO. CADASTRO DE INADIMPLENTES. SERASA.SPC. INSCRIÇÃO.

INADEQUAÇÃO. PRECEDENTES DO TRIBUNAL.

RECURSO ACOLHIDO.

- Nos termos da jurisprudência desta Corte, estando a dívida em juízo, inadequada em princípio a inscrição do devedor nos órgãos controladores de crédito.

RESP 263546/SC ; RECURSO ESPECIAL 2000/0059808-9, Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira.

Agravo regimental. Recurso especial não admitido.

Cautelar. Ação revisional. Exclusão do registro em bancos de dados de inadimplentes.

Estando em discussão judicial o débito, regular a determinação de que se afaste o nome do devedor do cadastro de inadimplentes, mormente porque não comprovado o prejuízo ao credor. Precedentes.

Agravo regimental improvido.

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AGA 230809/RS ; Agravo Regimental no Agravo de Instrumento (1999/0019925-1) D.J. 01/07/1999 pg.

177. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO.

Não é outro o entendimento do CETARGS (Centro de Estudos do já extinto Tribunal de Alçada) em sua 11ª conclusão:

(“Não ofende direito do credor liminar obstativa da inscrição do nome devedor em banco de dados de consumo, assim como impeditiva de que o credor comunique a terceiros registro de inadimplência que haja procedido em seu cadastro interno, durante a pendência de processos que tenham por objeto a definição da existência do débito ou seu montante”) Nota: O Centro de Estudos do atual Tribunal de Justiça, em reunião plenária de 07.04.99, adotou sem modificação o enunciado supra.

Com essas considerações, forte no art. 557,

caput, do CPC

nego seguimento ao agravo de instrumento.

Oficie-se.

Intimem-se.

Porto Alegre, 18 de agosto de 2009.

DESA. MYLENE MARIA MICHEL, Relatora.

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