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CONVENTO DE S. FRANCISCO - PORTALEGRE

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CONVENTO DE S. FRANCISCO - PORTALEGRE

Instalação de Estabelecimento Hoteleiro, Estabelecimento de Alojamento Local, na modalidade de Estabelecimento de Hospedagem, ou outro Projeto de Vocação Turística

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CONVENTO DE S. FRANCISCO - PORTALEGRE

Instalação de Estabelecimento Hoteleiro, Estabelecimento de Alojamento Local, na modalidade de Estabelecimento de Hospedagem, ou outro Projeto de Vocação Turística

CADERNO DE ENCARGOS

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5 | 44 ÍNDICE Caderno de Encargos 1. Apresentação do imóvel. .……….………7 2. Enquadramento da intervenção……….…………..……….17 3. Espaços disponíveis………..………..………21 4. Vocação……….………..………..……..….…25 5. Condicionantes da intervenção………..………..………….…27 5.1. Níveis de proteção………...…….29 5.2. Elementos notáveis……….……..………...…31

5.3. Área de possível construção………...………33

6. Acessos e estacionamento………...……….…35 Anexo I

(Obrigações legais e exigências à instalação) Anexo II

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f|1 – Vista aérea de Portalegre

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1. Apresentação do imóvel 1.1 Enquadramento geográfico

O Convento de S. Francisco de Portalegre localiza-se na Praça de República, fora dos limites da urbe medieval, às portas da cidade, como convinha à mendicância, inserindo-se nos dias de hoje no núcleo histórico da cidade de Portalegre.

Portalegre insere-se num planalto situado a sudoeste da Serra de São Mamede, em Área Protegida, num espaço geográfico de interposição entre a serra e a planície Alentejana, tendo como acesso rodoviário principal o IP2 que permite uma ligação facilitada à A23, da qual dista cerca de 50km.

Localiza-se a 48 Km de Campo Maior e 95 km de Castelo Branco, distando cerca de 200km de Lisboa. Possui ainda uma proximidade grande à fronteira espanhola da qual dista cerca de 25 km, assim como da cidade histórica de Cáceres, a 130km.

A cidade possui um património muito relevante destacando-se a Sé de Portalegre, a Igreja de São Bernardo, Cruzeiro de Portalegre, Câmara Municipal de Portalegre, Lápide do Município, Janelas da Casa da Rua de Azevedo Coutinho, Igreja da Misericórdia e Casa do Consistório, Casa Amarela, Palácio Barahona, Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre, entre outros, assim como alguns edifícios civis notáveis como o Palácio Avilez, antigo Governo Civil de Portalegre.

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f|5 - Intervenção que colocou a descoberto a escadaria da Igreja (SIPA) f|4 - Terreiro defronte à Igreja antes da intervenção (SIPA)

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1.2 Enquadramento histórico 1.2.1 Nota histórica (SIPA)

"Este conjunto é constituído pela Igreja de São Francisco (classificada individualmente como IIP pelo Decreto n.º 47 508, DG n.º 20, de 24-01-1967) e parte do convento, pelos antigos edifícios conventuais onde veio posteriormente a funcionar a Fábrica Robinson, e por todas as estruturas fabris, incluindo maquinaria pesada e altos-fornos. Trata-se de um conjunto patrimonial com evidente coerência e unidade, excedendo o valor memorial e artístico da igreja e convento e estendendo-se ao uso fabril das instalações, que passam a constituir um testemunho económico, social e urbanístico da maior importância para a cidade de Portalegre. O Convento de S. Francisco foi fundado no último quartel do século XIII, junto da Porta de Alegrete. A edificação original sofreu profundas campanhas de obras posteriores. Das obras góticas restam apenas os dois absidíolos da cabeceira, algumas abóbadas de cruzaria de ogivas assentes em capitéis de decoração vegetalista, e as elegantes janelas da nave. No século XVI, o corpo da igreja e o cruzeiro foram reformulados, e o absidíolo sul foi adaptado como capela de Gaspar Fragoso, albergando um monumental túmulo e retábulo manuelino. As mais importantes obras datam, porém, de meados de Seiscentos, testemunhando o impacto que o Barroco tardio teve neste espaço. Os trabalhos incidiram sobre a quase totalidade do conjunto, desde o portal principal à capela-mor, onde o novo retábulo, revela a influência do panteão da família dos Bragança em Vila Viçosa, e passando pelo claustro. A extinção das Ordens Religiosas determinou a rápida degradação do convento, parcialmente adaptado como quartel. A igreja passou também para a posse dos militares em 1910, altura em que deixou de estar aberta ao culto e foi abandonada.

Entretanto, parte da cerca conventual adquiria outros usos. Uma oficina de cortiça aí instalada pelo inglês Thomas Reynolds foi alugada em 1848, e mais tarde vendida em hasta pública, ao comerciante Georges Williams Robinson, seu compatriota. Esta foi a base de uma instalação industrial gerida por sucessivas administrações familiares, denominada Fábrica de Cortiça Robinson, finalmente transferida para mãos portuguesas em 1941. Numa primeira fase, foram reutilizadas as áreas correspondentes à antiga livraria conventual e ao refeitório, sobre o qual se ergueram os dois primeiros edifícios fabris. O edifício destinado ao fabrico de rolhas foi já construído de raiz.

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f|6 - Pormenor de uma capela lateral da Igreja do Convento em 1957 (SIPA)

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À importância patrimonial das estruturas do complexo fabril, tanto as originárias do antigo convento como as levantadas de raiz, soma-se o valor do equipamento industrial, atualmente in situ, e que inclui uma linha de doze autoclaves para cozimento dos aglomerados negros de cortiça, associada aos respetivos sistemas de energia e de vapor instalados ainda na primeira metade do século XX. Entre as estruturas mais recentes, nem todas de uso exclusivamente fabril, devem ser mencionadas as habitações de trabalhadores e proprietários, para além de uma creche erguida junto à fábrica.

O conjunto da Igreja e Convento de São Francisco e da Fábrica de Cortiça Robinson constitui assim um testemunho fundamental para contextualizar os fenómenos religiosos, culturais, económicos, sociais e urbanísticos que caracterizaram o quotidiano de Portalegre pelo menos até à segunda metade do século XX, recordando que a fábrica chegou a dar emprego na cidade a milhares de trabalhadores."

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f|9 - Tardoz da capela-mor (SIPA) f|8 - Arco da Igreja medieval (SIPA)

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1.2.2 Cronologia (SIPA) SÉC. XIII

- 1275 - fundação do Convento; SÉC. XVI

- 1541 - instituição da Capela de Nossa Senhora da Piedade por André de Sousa Tavares, na capela colateral do Evangelho;

- 1567 - renovação da Capela de Nossa Senhora da Piedade por André de Sousa Tavares, da Capela de Nossa Senhora da Piedade, estando hoje o altar no Mosteiro de São Bernardo e os leões com escudos de armas da campa de Nuno Vaz no Museu Municipal;

- 1542 - expulsão dos Frades Claustrais franciscanos e entrega do convento aos Frades Observantes da mesma ordem;

- 1571 - reparação da capela-mor, construção da abóbada do cruzeiro e do túmulo de Gaspar Fragoso, com o retábulo na capela colateral do lado da Epístola; séc. XVI, final - pinturas murais das capelas laterais da nave;

SÉC. XVIII

- 1711 ou 1719 - remodelação da nave da qual resta o portal e o corpo da nave; SÉC. XIX

- 1835 - a família inglesa Reynolds explora uma pequena fábrica de cortiça ocupando uma das alas do convento abandonado;

- 1840, cerca de - George Robinson, já detentor de fábricas de transformação de cortiça, em Inglaterra, de nome Robinson Brothers, Cork Growers an Manufacturers, compra a fábrica à família Reynolds introduzindo novos conceitos de industrialização; ampliação da fábrica para novas alas do convento, fazendo várias construções de raiz;

SÉC. XX

- 1900 - "Fábrica de rolha" tinha aproximadamente 2000 operários; é criado o primeiro sindicato operário da indústria corticeira assim como uma creche para os filhos dos operários e a cooperativa de abastecimento operária; construção das chaminés;

- George W. Robinson introduz profundas alterações tecnológicas, com o desenho de novas máquinas patenteadas por si, em diversos países da Europa, expandindo o negócio para Espanha adquirindo outras fábricas em San Vicente de Alcântara, Forest of Casillas Membrio;

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- 1903 - é fundada na fábrica a própria Corporação de Bombeiros Privativos; - 1910 - ampliação da fábrica para o espaço que se supõe ter sido o logradouro do antigo convento; encerramento da igreja ao culto e sua entrega ao quartel que ocupava parte do convento;

- 1941 - a fábrica Robinson é comprada por portugueses mas mantém o nome Fábrica de Cortiça Robinson;

- meados do século XX - é realizada a maior obra de ampliação da fábrica Robinson com o acrescento de mais um piso, à ala já ampliada em comprimento, que redesenha os vãos exteriores conferindo à fachada, uma estrutura fabril, perdendo os vestígios do antigo desenho de fachada com marcas conventuais;

- década de 70 - a fábrica das rolhas deixa de as produzir, dedicando-se ao fabrico de aglomerado branco e negro;

- 1979 DGEMN - programa de trabalhos; reconstrução de coberturas; restauro das capelas colaterais, levantamento e reassentamento de campas;

- 1980/1982 - restauro de capelas laterais e coro;

- 1983 - recuperação de coberturas dos anexos e do nártice;

- 1984 - recuperação de anexos e construção de sanitários, beneficiação da instalação elétrica;

- 1986 - reconstrução do telhado do coro e de rebocos exteriores.

- 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2001, 03 julho - proposta do IPPAR de classificação da Fábrica; Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR;

- 2003 - requalificação Urbana do Espaço da Antiga Fábrica Robinson, sendo elaborado um projeto de Arquitetura, Plano Robinson (em construção), pelos arquitetos Eduardo Souto de Moura e Graça Correia, tendo sido construído até à data a escola de Hotelaria e Turismo, o estacionamento, localizado numa estrutura pré-existente, o armazém da Prancha, os dois únicos edifícios do Plano Robinson já em funcionamento, um auditório e um centro de realidade virtual para empresas internacionais;

- 2004, 26 dezembro - é constituída a Fundação Robinson com registo no Cartório Notarial da Guarda;

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- 2005 - instalação da Manufatura de Tapeçarias de Portalegre no antigo lagar, reabilitado, do convento;

- 2005, 23 maio - proposta de ampliação da classificação da Igreja, de forma a abranger o convento e a antiga fábrica;

- 2007/2009 - elaboração de um novo projeto de arquitetura, por Cândido Chuva Gomes, para a Igreja do convento, que propõe a recuperação da estrutura do edificado, o restauro de elementos de revestimento e escultóricos e a ampliação da Igreja através da construção de um pequeno volume, tendo em vista a constituição de um pequeno núcleo museológico de arte sacra pertencente à Fundação Robinson

- 2008, 05 dezembro - proposta da DRCAlentejo de fixação da ZEP; - 2009 - a fábrica Robinson deixa de funcionar;

- 2009, 16 fevereiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo diretor do IGESPAR e Despacho de encerramento do processo de classificação da fábrica;

- 2011, 19 agosto - nova proposta da DRCAlentejo de classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação de Zona Especial de Proteção;

- 2012, 09 maio - nova proposta da DRCAlentejo de classificação do conjunto arquitetónico; parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura;

- 2012, 17 outubro - publicação do projeto de decisão de classificação do edifício como Conjunto de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 13581/2012, DR, 2.ª série, n.º 201;

- 2016, março - lançada a petição pública " Salvem a Robinson - Património Industrial Corticeiro", alertando para o seu risco de ruína;

- 2016, novembro - projeto de resolução do Grupo Parlamentar do PS propõe a inclusão do imóvel no projeto Revive, visando a sua requalificação para valência de hotel da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre;

- 2017, 08 junho - publicação da Resolução da Assembleia da República n.º 116/2017, em DR, 1.ª série, n.º 111/2017, recomendando ao Governo a inclusão do convento de São Francisco na lista de imóveis que integram o projeto "Revive", considerando a possibilidade, no concurso a ser lançado, dessa unidade poder desenvolver, nomeadamente através de protocolo, a valência de "Hotel de Aplicação" da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre, contribuindo para o incremento da respetiva oferta formativa.

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2. Enquadramento da intervenção

A Igreja do Convento de S. Francisco de Portalegre encontra-se classificada como IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 47 508, DG, 1.ª série, n.º 20 de 24 janeiro 1967 estando o conjunto edificado convento e fábrica de rolhas Robinson inserido num CIP - Conjunto de Interesse Público/ZEP, de acordo com a Portaria n.º 740-DX/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012.

O edifício serviu até 1834 como convento mendicante da Ordem dos frades minoritas tendo sido abandonado e parcialmente adaptado a quartel e unidade industrial, e o seu património integrado vendido e desmantelado. Em 1910 a igreja deixa de servir ao culto e é anexada ao quartel.

O complexo monástico caracteriza-se pela sua enorme complexidade advinda essencialmente da sua transformação numa grande unidade industrial associada à cortiça que, desde o séc. XIX, ocupava grande parte da cerca, estando destinada uma significativa parte da área conventual e a Igreja, após a extinção das ordens religiosas, a um quartel militar, o que permitiu apesar do atual avançado estado de degradação, manter pouco alterada uma parte da estrutura/volumetria primitivas.

Atualmente o cenóbio encontra-se devoluto tendo servido parcialmente como unidade residencial plurifamiliar dos militares.

A definição programática ajustada é deste modo a única forma de devolver à cidade este edifício que se encontra inserido no interface entre a urbe antiga e a requalificação Urbana do Espaço da Antiga Fábrica Robinson, Plano Robinson, um projeto dos arquitetos Eduardo Souto de Moura e Graça Correia, do qual já se encontram construídos a Escola de Hotelaria e Turismo, o estacionamento, o Armazém da Prancha e o auditório.

A reabilitada Igreja anexa ao convento é a sede da Fundação Robinson, uma fundação pública de direito privado que visa desenvolver ações de ordem cultural, educativa, social e científica, estando instalada no antigo lagar do convento a Manufatura de Tapeçarias de Portalegre, conferindo ao conjunto um polo dinamizador de atividade cultural e social local à qual acresce a existência do Centro de Artes e Espetáculo de Portalegre e da Casa Museu José Régio na proximidade.

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f|10 e f|11 - Corredores do piso 1

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Com o intuito de valorizar o edifício restituindo a sua dignidade, entendemos como prejudiciais e pouco qualificadoras para uma leitura correta do convento as seguintes intervenções mais recentes:

- introdução de elementos estruturais em betão e metal;

- compartimentação dos espaços não considerando o carácter primitivo; - introdução de infraestruturas que hoje se encontram obsoletas;

- introdução de escadaria exterior de acesso à torre através do terraço da galilé e acesso ao coro alto através do mesmo terraço;

- entaipamento de vãos exteriores e interiores; - encerramento da escadaria de acesso à igreja; - encerramento parcial da arcaria do claustro;

- tratamento do espaço público como parque estacionamento, sem enquadra-mento dos valores patrimoniais existentes no edifício conventual.

Nesse sentido consideramos oportuno devolver alguns valores arquitetónicos perdidos conferindo ao conjunto edificado maior unidade e ordenação funcional, anulando ou minimizando o impacto das intervenções posteriores pouco qualificadas.

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f|14 e f|15 - Antigo refeitório e De Profundis

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3. Espaços Disponíveis 3.1. Edifício

A área conventual disponível do edifício distribui-se ao longo de dois pisos. Na sua generalidade, a maioria dos espaços encontra-se descaracterizada, nomeadamente no que concerne aos seus acabamentos e compartimentação ressaltando ao nível do piso 0, para além da entrada que permite o acesso à escadaria monumental e ao claustro, a existência de três grandes espaços, dois dos quais localizados no corpo poente/norte, com uma possível vocação mais exterior, e um outro, a nascente do claustro, que poderá permitir a expansão do conjunto com o aumento de mais um piso de área útil, e de modo a colmatar as empenas adjacentes. Ao nível do piso térreo os tetos das alas do claustro são revestidas por abóbadas de tijolo parcialmente truncadas pela compartimentação ora existente e que em muito prejudicam a sua leitura.

Acede-se ao piso superior através de uma escadaria monumental de interessante desenho e que desemboca na ala poente do claustro, a mais nobilitada no conjunto e que ainda possui uma fácies conventual advinda da escala do corredor que dá serventia às prováveis antigas celas dos superiores e ao refeitório. Neste piso, os corredores que acompanham o claustro encontram-se compartimentados e truncados retirando a escala e a leitura tão característica da tipologia construtiva.

De destacar, embora muito transformados, são os espaços do refeitório e do “de profundis”, áreas espacialmente interessantes pela sua verticalidade, muito embora se encontrem profundamente descaracterizadas.

O edifício possui deste modo uma área de implantação de 3301 m2 na qual se inclui o claustro. O piso 0 contém uma área bruta de 2095 m2, o piso 1, de 2483 m2, o piso 2 e 3 possuem uma área bruta de 23 m2 cada, correspondentes aos dois pisos da torre, perfazendo uma área bruta total de 4624 m2.

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f|17 - Grande terreiro da entrada

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3.2. Espaço exterior

O espaço exterior afeto ao edifício é de 2572m2, 359m2 referentes ao pequeno logradouro localizado nas traseiras com um acesso independente e 2213m2 relativos ao grande terreiro da entrada, fazendo com que a área total de terreno seja de 5969m2.

O terreiro público defronte ao convento é hoje um amplo parque de estacionamento muito pouco dignificante para o edificado de valor patrimonial envolvente, sendo merecedor de um tratamento diferenciado que melhor se coadune com a vocação turística e patrimonial do imóvel.

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4. Vocação

A proposta de instalação de Estabelecimento Hoteleiro, Estabelecimento de Alojamento Local, na modalidade de Estabelecimento de Hospedagem, ou outro Projeto de Vocação Turística no Convento de S. Francisco em Portalegre surge da necessidade de reabilitar um edifício com evidentes qualidades arquitetónicas e patrimoniais cujas características espaciais se adequam à instalação do programa proposto.

Muito embora a adequação da utilização de um espaço deva respeitar a memória do mesmo, no caso particular essa memória poderá não ser evidente pois a sua teia de relações internas encontra-se fatalmente truncada pela sobreposição da utilização fabril, na maior parte dos últimos dois séculos, à utilização religiosa inicial.

Nesse sentido, o modo como se vão vivenciar os espaços convertidos, estará dependente do restabelecimento dos sistemas internos de circulação, de modo a melhorar a leitura do espaço conventual por parte de quem o visita.

No sentido de viabilizar a instalação projeto de vocação turística, a intervenção deverá albergar os seguintes núcleos programáticos:

- Alojamento, predominantemente no piso superior mas que também pode ocupar a ala Poente do Claustro no piso 0.

- Restauração, preferencialmente destinada aos hóspedes da instalação, deverá também ser equacionada a sua abertura ao público em geral, nomeadamente se se localizar na ala poente/norte, com acesso facilitado pelo terreiro de entrada.

- Lazer e bem-estar; com a construção de health club, spa e ginásio, também preferencialmente destinados aos utentes da instalação, mas que também poderão estar abertos ao público em geral.

- Espaços multiusos de modo a acolher o mais variado tipo de eventos e exposições. - Espaços comunitários, o grande terreiro defronte ao convento e o claustro de grandes dimensões, já no interior, espaços que, pelas suas características, permitem a mais variada realização de espetáculos e eventos ao ar livre.

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5. Condicionantes da intervenção

São condicionantes da intervenção os seguintes fatores: 1. Volumetria / geometria: o respeito pela sua integridade.

2. Elementos estruturais existentes: poderão haver reforços, mas não podem ser introduzidas alterações que subvertam a lógica estrutural original.

3. Infraestruturas: sempre que possível as infraestruturas originais devem ser integradas nas novas soluções.

4. Respeito pelos elementos notáveis assinalados no capítulo 4.

A intervenção carecerá, para além da arquitetura, de uma equipa multidisciplinar que se complementará atendendo aos valores patrimoniais em causa. Serão oportunas e necessárias sondagens para averiguação de algumas patologias latentes e outras com um carácter informativo de modo a sustentar as opções de projeto.

Previamente à elaboração do projeto geral de intervenção dever-se-ão fazer diagnósticos relativos a todas as áreas disciplinares a intervir de modo a minorar o impacto da intervenção a realizar.

Os princípios da intervenção deverão atender às principais cartas internacionais sobre o património assim como à legislação nacional em vigor, salvaguardando as exceções a que edifícios desta natureza estão sujeitos.

Uma vez terminados os projetos dever-se-á proceder a um planeamento e/ou faseamento cuidado das várias ações de recuperação a realizar de forma a minorar os tempos de intervenção, impacto no património e a maximizar recursos.

A leitura do conjunto ou (de algumas) das suas partes patrimonialmente relevantes deverá ser sempre salvaguardada.

O acesso ao edifício deverá ser claro e hierarquizado segundo a função (público e condicionado).

Apenas será permitida a construção no subsolo quando a instalação de equipamentos o justifique e de forma a minorar o impacto de algumas das infraestruturas necessárias.

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5.1 Níveis de proteção

As condicionantes da intervenção, do ponto de vista patrimonial, são apresentadas na Planta de Condicionantes, apresentando no presente caso uma proteção parcial na totalidade do conjunto:

Nível 2 - Proteção Parcial

É permitida a demolição de paredes e elementos não estruturais e que sejam claramente adições sem valor arquitetónico ou histórico, salientando-se as escadas de acesso à torre, paredes de compartimentação e/ou entaipamento de vãos.

É proibida a alteração de volumetrias, no entanto, após uma análise mais detalhada poderá concluir-se pela necessidade de alterações volumétricas com vista à reposição da originalidade do imóvel. É igualmente permitida a adição de corpos, conforme referido no capítulo 5.3 destes termos de referência.

Encontra-se neste nível de proteção a totalidade do conjunto, salientando-se pela sua maior relevância o claustro, a escadaria monumental, a torre sineira e a espacialidade característica dos espaços abobadados, como o refeitório, o “de profundis”, os espaços de armazenagem do piso 0 e os corredores.

No que concerne ao terreiro, atualmente destinado a estacionamento, a sua organização urbana poderá ser alterada à superficie, de forma a adaptar-se à vocação turística da concessão e a valorizar o conjunto, sendo permitida a alteração e melhor adequação dos materiais de revestimento, mobiliário urbano e enquadramento urbano.

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f|20 - portadas primitivas f|21 - abóbadas do piso 0 f|22- portas e rodapés primitvos

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5.2. Elementos Notáveis

Ao contrário da igreja cuja origem medieva ainda se perceciona, os espaços do convento abertos a esta instalação não são em si portadores de grande excecionalidade sendo contudo de destacar uma grande harmonia e coerência volumétrica que deverá ser melhorada com pequenos ajustes de beirados e cumeeiras.

No que concerne ao claustro, cuja dimensão impressiona (25x25 metros), salienta-se a necessidade de restabelecer os ritmos dados pelo vazio das arcarias e os corredores encerrados superiores ritmados por janelas com molduras lavradas em estuque, algumas das quais, nomeadamente a poente, se encontram em falta e que deverão ser reproduzidas.

Construtivamente são de destacar também as abóbadas e arcos em tijolo existentes nas alas adossadas ao claustro, porventura os espaços mais antigos existentes, e que deverão ser reabilitadas e cujos vestígios evidentes de policromia deverão servir de mote às intervenções futuras, ajudando a devolver a dignidade e carácter aos espaços onde se encontram.

No seu interior são ainda de destacar a escadaria monumental de cantaria em granito com um lambrim, nos dois primeiros lanços, de núcleos azulejares seiscentistas, e paredes e tetos em estuque com vestígios de policromia, cujo desenho encontramos paralelo na escadaria do Palácio Avillez, antigo Governo Distrital, onde os vestígios da pintura primitiva são indiciadores da riqueza policromática original.

De igual modo, considera-se importante a manutenção do corredor abobadado da ala poente e das respetivas carpintarias, que conferem carácter ao edifício e são reveladoras de um modo de fazer, embora artisticamente pouco significativas.

Salienta-se, por último, a existência de um bonito plátano no centro do claustro cujo porte aconselha à sua manutenção muito embora contrarie o vazio tão característico destes espaços, cuja ocupção era feita normalmente apenas ao nível térreo com pequenas sebes decorativas e pequenas árvores de citrinos, tanques, fontes e alegretes.

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5.3. Área de expansão

Dadas as grandes limitações de espaço exterior somos levados a concluir que o edifício não permite ampliações de grande dimensão podendo contudo ser equacionada e desejável no corpo a nascente da ala nascente do claustro a construção de mais um piso e a colmatação das empenas existentes.

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6. Acessos e estacionamento

6.1. pedonais (público e condicionado)

O acesso ao edifício deverá ser efetuado pelo acesso principal existente podendo ser complementado por outros ao nível do terreiro da entrada assim que o programa o justifique, como por exemplo no âmbito da restauração e/ou do health club, abertos a um público mais alargado e com a possibilidade de entradas independentes.

O acesso de serviço deverá ser efetuado pelas traseiras do edifício devendo para esse efeito considerar-se para além das questões de funcionamento também as de segurança e acessibilidade, devendo ser reequacionados os acessos verticais de utilização comum ou os exclusivos a funcionários e aos serviços.

6.2. Estacionamento e acesso de viaturas

O estacionamento de viaturas individuais do público deverá ser maioritariamente feito no parque de estacionamento existente no terreiro, em subsolo.

A reorganização funcional do terreiro ditará a quantidade de lugares disponíveis no exterior sendo de equacionar a sua inexistência, o que em muito beneficiaria o espaço público e dignificaria o edifício e, com isso, o projeto turístico na sua globalidade.

Na presente concessão encontramse incluídos 20 lugares cobertos ao nível do piso -1, podendo equacionar-se, se assim se justificar e de acordo com as entidades envolvidas, a criação de uma ligação direta do estacionamento existente ao projeto de vocação turística.

O acesso a veículos de cargas e descargas deverá ser condicionado apenas a esse fim e deverá ser efetuado pela entrada de serviço, na qual poderão existir alguns lugares de estacionamento adstritos exclusivamente a funcionários.

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ANEXO I

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Obrigações legais e exigências à instalação Exigências à instalação

(1ª) É obrigatória a apresentação de um Relatório Prévio nos termos do Decreto-Lei nº 140/2009 de 15 de junho, abordando e fundamentando todos os aspetos da intervenção e sua compatibilização com os aspetos patrimoniais a caracterizar, nos termos do artigo 15º do referido diploma.

(2ª) É igualmente exigível a apresentação de Relatório Final da Obra, previsto no mesmo diploma, e conforme dispõe o artigo 45º da Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro: ”concluída a intervenção, deverá ser elaborado e remetido à administração do património cultural competente um relatório de onde conste a natureza da obra, as técnicas, as metodologias, os materiais e os tratamentos aplicados, bem como documentação gráfica, fotográfica, digitalizada ou outra sobre o processo seguido.” A documentação fotográfica deverá abranger todos os aspetos sujeitos a intervenção, com registo da situação anterior, durante e após os trabalhos.

(3ª) O concessionário tem que apresentar um plano de manutenção de todo o conjunto patrimonial, tanto da área construída, como da área verde sobrante.

(4ª) A intervenção numa parte de um Conjunto de Interesse Público (CIP) exige uma equipa e acompanhamento técnico pluridisciplinares nas várias áreas envolvidas, e inclui também trabalhos específicos no âmbito da conservação e restauro, designadamente no que se refere aos materiais e revestimentos primitivos em processo de degradação, a conduzir igualmente por técnicos da especialidade.

(5ª) A nova função e programa devem acautelar a leitura do conjunto edificado e preservar a sua identidade, não interferindo negativamente na sua interpretação e fruição. Não devem ser interpostos obstáculos ou usos/ocupações indevidos/inadequados ao carácter deste sistema, devendo antes ser reforçadas as dinâmicas e a identidade de todo o complexo conventual.

(6ª) É primordial assegurar que a nova ocupação não acarreta riscos para a segurança e integridade do CIP e que garanta a reversibilidade e a compatibilidade relativamente ao CIP.

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(7ª) Na adaptação do programa ao existente, ressalta-se a necessidade de respeito pela coerência/tipologia espacial e sistemas construtivos e materiais primitivos/consolidados, devendo ser restringidas as ações de demolição/alteração definitiva apenas aos aspetos adulterados e claramente dissonantes (ex. compartimentação recente, instalações sanitárias, alteração das cotas de beirados etc.).

(8ª) Importa garantir que os meios de prevenção de segurança (ex. contra incêndios), bem como outros equipamentos e instalações técnicas não lesem os valores patrimoniais em presença. Estes meios e equipamentos não devem afetar irreversivelmente o Imóvel, pelo que em lugar do cumprimento “cego” da legislação específica deve procurar-se o recurso a soluções mais adequadas e adaptadas ao CIP. Inclui-se aqui a não afetação das coberturas, devendo ser assegurada a continuidade da leitura dos telhados tradicionais (não interferência por exemplo de instalações de AVAC), das fachadas voltadas para a rua, em geral dos ambientes interiores (em geral pouco afetados pelas funções anteriores) e suas características construtivas e espaciais.

(9ª) Em particular no que se refere ao Convento de S. Fransisco de Portalegre, esta ocupação não deve sacrificar os pavimentos em pedra primitivos/consolidados e demais características espaciais e construtivas inerentes ao espaço em que se vai inserir, nem impedir a sua leitura e salvaguarda integrada (p. ex. qualidade do ar, humidade, etc.). Esta função deve portanto procurar uma adaptação às características do espaço e aos condicionalismos patrimoniais em presença.

(10ª) No que se refere ao concurso previsto, salvaguardando análise específica dos procedimentos em causa e implicações jurídicas, ressalta-se a desejável prevalência, ou mesmo eventual separação, da qualidade da intervenção arquitetónica proposta (fator “a”, alertando-se ainda que a proposta engloba outros aspetos para além da arquitetura) sobre os demais fatores de ponderação, face à importância e exemplaridade que fundamentam a própria classificação do CIP (único e irrepetível) comparativamente ao nível de qualidade e perfil do projeto de vocação turística (fator “b”).

(42)

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Obrigações legais e exigências à instalação

a) Adequação das obras ou intervenções em relação às características do imóvel - As obras de instalação de um projeto de vocação turística no Convento de S. Francisco de Portalegre devem obedecer a rigorosos critérios de respeito pelas pré-existências construídas, tratando-se de um imóvel classificado pelo Estado Português no âmbito de um Conjunto de Interesse Público, consequentemente com um elevado valor histórico e arquitetónico. As obras obedecerão a um projeto que deverá subordinar-se ao respeito pelo edifício, o que significa seguir o princípio da intervenção mínima, ainda que se trate de um projeto de remodelação para dar resposta a uma ocupação diferente das que anteriormente aqui existiram. A coerência formal e construtiva do imóvel não pode ser posta em causa para viabilizar a instalação de um projeto de vocação turística. Inevitavelmente a função deverá submeter-se ao primado dos valores patrimoniais. Outra lógica não faria sentido já que é a mais-valia patrimonial que justifica a instalação de um projeto de vocação turística neste imóvel.

b) Compatibilidade dos sistemas e materiais propostos em relação aos existentes

- Essencialmente, os sistemas e materiais construtivos permanecem, em grande medida, presentes e coerentes. Assim, é absolutamente imperioso que esta intervenção respeite esta coerência e que as perturbações construtivas que daí advierem sejam minimizadas, tendo sempre presente que a introdução de novos materiais não deve gerar situações de incompatibilidade com os materiais existentes. Reforça-se a importância de que a obra resulte de um projeto de subordinação e não de imposição à estrutura histórica existente.

c) Avaliação dos benefícios e riscos das obras ou intervenções propostas

- A intenção de aqui instalar um Estabelecimento Hoteleiro, Estabelecimento de Alojamento Local, na modalidade de Estabelecimento de Hospedagem, ou outro Projeto de Vocação Turística é claramente benéfico em termos de conservação do património construído pelo facto de repor uma função aos espaços que se encontram hoje devolutos.

(43)
(44)

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ANEXO II Peças desenhadas

(45)

5 1 10 15 25 20 26 484.47 497.54 498.41 489.72 498.57 489.41 489.30 489.30 484.57 484.58 484.35 484.57 489.26 489.44 489.25 489.24497.41 494.80 489.27 494.83 489.37 489.73 489.85 494.14

01

subs.: esc.: 1/200 12/17 data:

Levantamento | Planta do Piso 0

tel. (00 351) 213 614 345

(46)

486.56

02

subs.: esc.: 1/200

12/17 data:

Levantamento | Planta do Piso 1

tel. (00 351) 213 614 345

(47)

N 486.56

03

subs.: esc.: 1/200 12/17 data:

Levantamento | Planta do Piso 2

tel. (00 351) 213 614 345

(48)

N 486.56

04

subs.: esc.: 1/200 12/17 data:

Levantamento | Planta do Piso 3

tel. (00 351) 213 614 345

(49)

N 486.56

05

subs.: esc.: 1/200 12/17 data:

Levantamento | Planta de coberturas

tel. (00 351) 213 614 345

(50)

4.05 3.05 2.64 E TURISMO DE PORTALEGRE

06

subs.: esc.: 1/200 12/17 data:

Levantamento | corte longitudinal

tel. (00 351) 213 614 345

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