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MUDANÇAS CLIMÁTICAS: DISCUSSÕES SOBRE O CLIMA EM GOIÁS

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Academic year: 2021

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS: DISCUSSÕES SOBRE O CLIMA EM GOIÁS

Adriana Aparecida Silva1, Felisberto Rodrigues Tavares2

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Docente do Curso de Geografia, UnU de Itapuranga – UEG

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Docente do Curso de Especialização em Educação Ambiental, UnU de Itapuranga - UEG

RESUMO

Nos últimos tempos o assunto em voga no meio acadêmico/científico e entre a população de um modo geral é a tão alardeada “mudança no clima da Terra”. Existem três linhas de discussão: a primeira defende que as mudanças observadas fazem parte do ciclo de evolução natural do planeta; a segunda considera que parte das alterações seriam naturais e parte de caráter antrópico; e a terceira afirma que as mudanças percebidas hoje seriam ocasionadas unicamente pela presença humana, haja vista o uso indiscriminado dos recursos naturais e a emissão sem controle de poluentes na atmosfera. Em busca de entender o status destas discussões no Estado de Goiás, sabendo que nos últimos anos está temática foi assunto em diversos eventos, realizamos um levantamento das abordagens percebidas a partir de encontros realizados (FICA, ADUFG), textos produzidos, além de informações vinculadas à mídia goiana (jornais Opopular e Opção). De um modo geral as discussões consideram sim que alterações têm sido percebidas e mensuradas nos últimos anos, porém, não possibilita uma conclusão final sobre o tema, ao contrário, abre para a necessidade de mais estudos. Um ponto importante diz respeito à necessidade de que sejam estudos localizados, onde as realidades pontuais sejam consideradas dentro do global. Como falar sobre o todo sem pensar na participação das partes.

PALAVRAS-CHAVE: mudanças climáticas, abordagens, Goiás

INTRODUÇÃO

“Uma verdade inconveniente”, esta foi a forma com a qual o ex-vice presidente americano Al Gore se referiu à questão das mudanças climáticas globais, e conseguiu, se não nos convencer de seus argumentos ou de sua boa intenção, pelo menos chamar a atenção de todas as esferas da sociedade para o tema. Como assistir ao filme/documentário e não internalizar as dez ações que todos podem fazer para evitar esta catástrofe ambiental. Mas talvez o assunto não seja assim de tão fácil compreensão e mesmo de tão simples soluções.

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É possível afirmar que alterações/mudanças climáticas sempre ocorreram na dinâmica natural deste planeta (Ayoade, 1998), porém, alguns autores tratam do assunto com certa prudência (Sant’Anna Neto, 2002) (Ribeiro, 2002) (Fonseca et al., 2004), uma vez que consideram importante lembrar que o clima na Terra comporta-se em ciclos, e que tais eventos podem sim fazer parte desta dinâmica. Outros estudiosos consideram que os dados obtidos até então já são suficientes para confirmar a mudança climática, e afirmam que o clima vem sendo influenciado cada vez mais pela ação antrópica, principalmente na escala local, como por exemplo nas chamadas ilhas de calor urbano (Silva e Guetter, 2003) (Bessat, 2003) (Nunes, 2002 (IPCC, 1990, 1996, 2001 e 2007).

Mesmo não sendo consenso afirmar a ocorrência de mudanças climáticas globais, os pesquisadores não podem negar que existem alterações locais observadas e mensuradas. No Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica, realizado em agosto de 2006, foram apresentados cinqüenta e três (53) trabalhos sobre ritmos e mudanças climáticas para as diversas cidades do território brasileiro. Destes, trinta e dois (32) trabalhos tratavam de estudos de dinâmica climáticas local; treze (13) destacavam alterações locais percebidas; cinco (5) tratavam de alterações ocasionadas pelo efeito dos fenômenos la niña e el niño; e três (3) tratavam do assunto mudanças climáticas globais, onde podemos perceber que maior parte dos estudos são de escala local. Dos trabalhos do referido simpósio, seis (6) se referiram a Estado de Goiás.

Para entender o status destas discussões no Estado de Goiás, buscamos além das pesquisas acadêmicas, outras esferas de difusão de informações, sendo elas: fóruns, encontros ambientalistas e mostras científicas, além dos jornais de circulação local. Com isso pudemos reforçar a idéia de que muitas dúvidas ainda pairam nas discussões sobre mudanças climáticas, no entanto, é consenso afirmar que o padrão antrópico de uso e abuso dos recursos naturais precisa mudar, se não pelo bem do clima no planeta ao menos pela possibilidade de vida para a própria raça humana.

MATERIAL E MÉTODOS

Localizado no centro-oeste brasileiro o Estado de Goiás, com cerca de 350 mil quilômetros quadrados, apresenta duzentos e quarenta e seis municípios distribuídos em cinco meso-regiões e dezoito micro-regiões. Estando situado sob domínio do bioma Cerrado, possui duas estações bem definidas, sendo inverno seco e verão úmido. Em relação à temperatura média anual, observa-se um gradiente crescente no sentido leste-oeste com menores valores

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em torno de 24º e 25º. A precipitação média para a região de Cerrado é de 1500 mm, tendo sido registrado em Goiás na a região norte e nordeste 1.200 a 1.400 mm e para a região a sul 2.400 a 2.600 mm. Em relação a umidade relativa, observa-se uma crescente no sentido leste-oeste variando de 63 a 75%. A nordeste e sudeste foram registrados os menores índices. (Atlas, 2002) Este Estado, em virtude de sua localização geográfica, não sofre influência direta das massas de ar oceânicas ou de eventos como El niño, La niña e mesmo de furacões como o Catarina, no entanto, sabemos que o clima reflete a dinâmica atmosférica de outras regiões, estando assim sujeito a receber influências e sofrer variações em alguns dos elementos do sistema atmosféricos.

Este estudo se realizou a partir das seguintes etapas metodológicas: 1. levantamento bibliográfico; 2. levantamento de informações junto a publicações científicas (SBCG – ABClima) e informativas (jornais e revistas de circulação regional); 3. participação em eventos com temática associada à pesquisa; 4. levantamento de trabalhos acadêmicos sobre a temática; 5. trabalho de gabinete para a junção e correlação das informações obtidas; 6. Elaboração de relatório final de pesquisa e de artigo para publicação em evento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

No sentido de contribuir para as discussões acerca dos fenômenos climáticos no estado de Goiás, apresentamos uma pesquisa bibliográfica referente a observação das produções realizadas neste Estado.

Eventos temáticos:

A) 3ª Mostra Milton Santos, realizada entre maio e junho de 2006 em Goiânia, cujo o tema geral foi: “A natureza em fúria – As mudanças climáticas e os impactos sócio-ambientais”. Este evento contou com a palestra do professor Dr. Francisco Mendonça, autor dos livros: “Clima Urbano - Contexto” e “Climatologia: noções básicas e climas do Brasil- Oficina de Textos”. Da fala deste professor é possível destacar alguns pontos interessantes, sendo eles: a possibilidade de previsão e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, através dos conhecimentos da sociedade técnico científica; o fato de que mudanças no clima sempre ocorreram ao longo da história da Terra só que neste momento, são divulgadas haja vista a facilidade de comunicação e por existirem hoje habitações em área de alto risco; na perspectiva deste professor a temperatura média global vai aumentar podendo chegar a 4ºCelsius; porém é otimista e considera que através de medidas mitigadoras é possível

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minimizar os impactos causados pela mudanças climáticas, sendo esta uma questão de responsabilidade de todos.

B) FICA – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental realizado na cidade de Goiás. Na 9º edição, entre os dias 12 a 16 de junho de 2007, debateu-se a temática: O clima, a Amazônia e o Cerrado; já na 10º edição, entre os dias 10 a 15 de junho de 2008, a temática foi: “O Cerrado, o clima e o meio ambiente”. Foram quatro dias de palestras sobre mudanças climáticas com ênfase para o bioma Cerrado. As falas foram ministradas por especialistas brasileiros e membros do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC, e atingiram um público bastante diversificado, formado por acadêmicos de cursos como geografia e biologia, dentre outros, pessoas envolvidas com as questões ambientais e mesmo cidadãos sensibilizados pelo assunto. Foram apresentados diversos pontos de vista, dentre os quais destacamos a possibilidade de aumento na produção de alguns alimentos em virtude destas mudanças, contraste com as perdas de espécies da fauna e flora de alguns biomas, dentre os quais o Cerrado e a extinção completa de tipos de formações vegetacionais. Publicações da imprensa goiana

Foram publicados textos nos jornais de circulação local, com conteúdos diversos apontando desde o tema de um modo bastante amplo, com informações de cunho científico, até especulações de caráter bastante sensacionalista. Dentre os artigos produzidos consideramos de maior relevância o que foi publicado no Jornal Opção, dia 27 de agosto a 02 de setembro de 2006, assinado por Ronaldo Angelini, professor da Universidade Estadual de Goiás, doutor em ecossistemas aquáticos. Neste artigo intitulado “Catastrofistas, graças a Deus” Angeline discute o quão alardeado tem sido a temática mudança ambiental nos últimos tempos. O autor questiona os dados e critica os chamados “alarmistas” que tendo o planeta Terra 3,5 bilhões de anos, estuda os últimos 500 anos e afirmam “o clima na Terra está mudando sendo o ‘homem’ declarado com culpado, com agravante se for capitalista”. Por fim, de modo bastante espirituoso o pesquisador destaca a importância do cuidado com o local, já que, segundo ele, “não vivemos no mundo. Vivemos em nossos bairros e cidades.”

Já o jornal Opopular, em sua edição do dia 24 de março de 2008, publicou uma reportagem com dados sobre o crescimento no número de casos de doenças chamadas tropicais: dengue e febre amarela. Estas doenças nos últimos anos aumentaram consideravelmente o número de casos de contaminação e de mortes relacionadas. Este é o cenário epidemiológico que temos atualmente, considere também que em relação a questão sócio-econômica e cenário climatológico, outros dois índices considerados pelo IVG, este

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dependência de benefícios do governo, e por outro a presença de usinas com as de álcool que têm produzido alterações micro-climáticas consideráveis.

Publicações Científicas

As produções acadêmicas realizadas pela Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Itapuranga em questão se referem a trabalhos monográficos onde se discutiu a dinâmica de parâmetros atmosféricos em escala local. Um primeiro produzido pelas acadêmicas: Divina Rodrigues e Cleidimar Aparecida Lacerda intitulado: “Comportamento dos parâmetros atmosféricos no município de Itapuranga” defendido no ano de 2006. E outro produzidos por Ana Paula da Silva e Karine Macena da Silva, com o título: “Análise do comportamento dos parâmetros atmosféricos em Goiânia e Itapuranga” defendido em 2007. Ambos trabalhos demonstraram que é possível discutir clima e climatologia em trabalhos monográficos de graduação, além do fato de que este tipo de estudo é de grande relevância por tratar de dados pontuais referentes a uma região onde a produção da cana-de-açúcar e cada vez mais presente. Estes trabalhos demonstraram uma alteração micro-climática nos últimos anos para esta região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A quem diga que o clima vem alterando, outros que são mudanças globais que estão ocorrendo, fato é que durante os últimos anos, toda a dinâmica climática terrestre tem sofrido transformações e estas, se não globalmente mensuradas, ao menos localmente são bastantes sentidas. Estamos falando de oscilações na temperatura do ar, distribuição diferenciada no regime de chuvas ou modificação nos padrões de umidade relativa. Todos estes fatores que, se observados isoladamente, podem não responder as razões destas alterações mas se correlacionados podem levar ao menos a algumas considerações preliminares.

Esta pesquisa não nos possibilitaram avançar no sentido confirmar a percepção que se tem das mudanças no clima do Estado de Goiás, podemos afirmar, no entanto, que de acordo com as informações analisadas o tempo neste Estado tem mudado. Por mais que ano a ano não se observe grandes mudanças, outro sim observou-se uma tendência a flutuações mês a mês dos parâmetro atmosféricos. Outro ponto importante é a associação destas mudanças a um comportamento em termos de qualidade de vida e de modo de produção diferenciados.

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Sem grandes pretensões, este foi um trabalho inicial que teve como objetivo maior introduzir alunos na pesquisa e iniciar uma base de estudo que possam ter continuidade com outros projetos envolvendo o corpo docente e discente da UEG.

Por fim, este estudo se propôs a enfatizar a idéia de que questões climáticas devem ser consideradas e debatidas localmente. Neste sentido, retomamos à questão apresentada no início em relação à proposta de mudanças de conduta apresentadas por Al Gore e associamos a uma frase do pesquisador James Lovelok, que define bem nossa pequenez em relação ao planta Terra. Ele diz: “Não é a Terra que é frágil. Nós é que somos frágeis. A natureza tem resistido a catástrofes muito piores do que as que produzimos. Nada do que fazemos destruirá a natureza. Mas podemos facilmente nos destruir.” Em tempos de mudanças climáticas globais, não basta cuidar do próprio jardim, mas já é um bom começo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Atlas climatológico do Estado de Goiás. Goiânia. Ed. UFG, 2002.

AYOADE, J. O Introdução a climatologia para os trópicos. 5ª ed. trad. Maria Juraci Zani dos Santos. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1998.

BESSAT F. A mudança climática entre ciência, desafios e decisões: olhar geográfico. Terra Livre, São Paulo, ano 19, v. I, n. 20, p. 11-26. jan-jul. 2003.

CHAGAS E MARQUES. Revista de Manguinhos. www.scielo.br/hcsm (23 de maio de 2007) CONTI, J. B. Clima e Meio Ambiente. Editora Atual. São Paulo. 1998.

FONSECA, V. et al. Clima e saúde humana. In: VI Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica. Anais. Sergipe, 2004.

RIBEIRO, W. C. Mudanças climáticas, realismo e multilateralismo. Terra Livre, São Paulo nº 18, jan – jun, 2002.

SILVA, M. E. S.; GUETTER, A. K. Mudanças climáticas regionais observadas no estado do Paraná. Terra Livre, São Paulo, ano 19, v. I, n. 20, p. 111-126, jan-jul. 2003.

NUNES L. H. Discussão acerca de mudanças climáticas. (nota) Terra Livre, São Paulo nº 18, jan – jun, 2002.

SANT’ANNA NETO, J. L. Variabilidade de Mudanças climática. Maringá. Eduem, 2002. Uma verdade inconveniente: um aviso global (Na inconvenient truth. Estados Unidos, 2006) Direção Davis Guggenheim. 96 min. Documentário.

Referências

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