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CURSO DE ENFERMAGEM CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE EXTUBAÇÃO ACIDENTAL NURSING CARE IN THE PREVENTION OF ACCIDENTAL EXTUBATION

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CURSO DE ENFERMAGEM

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA

PREVENÇÃO DE EXTUBAÇÃO ACIDENTAL

NURSING CARE IN THE PREVENTION OF

ACCIDENTAL EXTUBATION

Leandro Alves de Brito

Railane Marcos Lima

Karla Daniela Ferreira

RESUMO

Introdução: A ventilação mecânica tem por finalidade manter o equilíbrio entre a procura e oferta de oxigênio. Trata-se de um método de suporte de vida, com indicações específicas e não curativo, necessário aos pacientes com alterações agudas da função respiratória. No cuidado a estes utentes, uma das preocupações mais frequentes envolve a extubação acidental. Objetivo: Tendo em vista a relevância do tema, o objetivo geral desta pesquisa consiste em descrever os cuidados de enfermagem na prevenção da extubação acidental, evento adverso relacionado, principalmente, ao manejo do paciente pela equipe de saúde. Material e métodos: Para a coleta de dados, foram consultados e selecionados os periódicos indexados no período de 2007 a 2017 no buscador Bireme, Lilacs e Scielo, além de protocolos e livros com abordagem pertinente ao tema. Resultados: De acordo com o levantamento de dados, constatou-se que os momentos dos cuidados de enfermagem em que há maior probabilidade de extubação acidental compreenderam o banho no leito, a mudança de decúbito, o transporte do paciente, a troca e fixação do tubo e aspiração de vias aéreas. Considerações: Conclui-se, portanto, que a equipe de enfermagem, por prestar cuidados contínuos ao paciente em uso de ventilação mecânica, necessita de fundamentação técnico-científica e habilidades específicas para desempenhar suas funções de forma satisfatória, contribuindo assim para a diminuição da ocorrência de extubação não programada.

Palavras-chave: ventilação mecânica; extubação acidental; cuidados de enfermagem; cuidados intensivos.

ABSTRACT

Introduction: Mechanical ventilation is intended to maintain the balance between demand and supply

of oxygen. It is a life support method, with specific and non-curative indications, necessary for patients with acute changes in respiratory function. In caring for these users, one of the most frequent concerns involves accidental extubation. Objective: In view of the relevance of the theme, the general objective of this research is to describe nursing care in the prevention of accidental extubation, an adverse event related mainly to the management of the patient by the health team. Material and methods: To collect data, we consulted and selected indexed journals from 2007 to 2017 in the Bireme, Lilacs and Scielo search engine, as well as protocols and books with a relevant approach. Results: According to the data collection, it was found that the moments of nursing care in which there is a greater probability of accidental extubation included bathing in the bed, change of position, transport of the patient, exchange and fixation of the tube and aspiration of the airways. Considerations: It is concluded, therefore, that the nursing team, because it provides continuous care to the patient in use of mechanical ventilation, needs technical-scientific reasoning and specific abilities to perform their functions satisfactorily, thus contributing to the decrease of the occurrence extubation.

Keywords: mechanical ventilation; accidental extubation; nursing care; intensive care.

EMAIL: kadani.0503@gmail.com

1.

INTRODUÇÃO

A ventilação mecânica é um método

de suporte de vida, necessário aos

pacientes com insuficiência respiratória

aguda ou crônica agudizada, geralmente

alocados na Unidade de Terapia Intensiva

(CASTELLÕES, SILVA, 2007).

Como citar esse artigo:

Brito LA, Lima RM, Ferreira KD.CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE EXTUBAÇÃO ACIDENTAL. Anais do 13 Simpósio de TCC e 6 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(13); 1930-1943

(2)

Conforme AMIB, SBPT (2013), a

ventilação mecânica substitui parcial ou

totalmente a ventilação espontânea. Seu

objetivo é melhorar as trocas gasosas e

diminuir o trabalho e esforço respiratório,

podendo ser utilizada de forma

não-invasiva, por meio de máscaras

naso-faciais, e de forma invasiva através de uma

cânula de traqueostomia ou de um tubo

endotraqueal (Figura 1).

Figura 1. Classificação do suporte ventilatório.

Fonte: AMIB, SBPT (2013).

Melo et al (2014) corrobora que a

ventilação mecânica invasiva é um método

que assiste ou substitui a respiração

espontânea por meio de um equipamento

designado “respirador ou ventilador”, que é

acoplado ao paciente por uma via artificial,

seja uma traqueóstomo ou um tubo

orotraqueal.

Para Menezes, Carvalho, Gois

(2013), como forma de assegurar o

processo de ventilação e respiração, é

imprescindível o controle rigoroso da

pressão do balonete presente na parte

distal desses dispositivos.

Entende-se

por

dispositivo

respiratório o tubo traqueal introduzido por

via

oral,

nasal

ou

traqueal

que

transpassando as vias aéreas superiores,

possibilita desobstruir, proteger contra

aspirações, remover secreções e favorecer

a instituição de métodos de ventilação

(SILVA, 2003 apud CASTELLÕES, SILVA,

2007).

Menezes, Carvalho, Gois (2013)

inferem que a utilização da ventilação

mecânica em terapia intensiva potencializa

os resultados durante o período de

internação do paciente, por ser um suporte

de vida eficaz no tratamento de diversas

doenças.

No cuidado ao paciente em

ventilação

mecânica,

uma

das

preocupações mais frequentes envolve a

prevenção de complicações decorrentes

do uso da tecnologia e a prevenção da

extubação

acidental

(PONTES,

GARDENGHI, CAPUCHO, 2017). Para os

autores, a extubação acidental é a retirada

não planejada do dispositivo respiratório.

Esse evento pode ocorrer pelo

manejo inadequado do paciente pela

equipe de saúde como também pode vir a

acontecer pela autoextubação, isto é, o

próprio paciente retira o dispositivo.

Independente do motivo, a extubação

acidental é sempre considerada um evento

adverso, já que o cuidado adequado pode

prevenir a extubação (CASTELLÕES,

SILVA, 2007).

Conforme Fontenele et al (2017) e

Pontes, Gardenghi, Capucho (2017), o

diagnóstico da extubação acidental pode

ser dado por: presença de vocalização,

escape de ar súbito e inexplicado, cianose

ou queda abrupta de saturação, ausência

Ventilação

Mecânica

Não-invasiva

(3)

de

movimentos

respiratórios,

deslocamento

do

tubo,

distensão

abdominal ou evidências radiológicas de

posicionamento inadequado do dispositivo.

Melo et al (2014) alega que

pacientes

em

ventilação

mecânica

requerem

cuidados

de

enfermagem

criteriosos

tais

como:

mudança

de

decúbito; transporte seguro; aspiração

traqueal; controle da pressão do balão

(cuff) da traqueostomia e do tubo

orotraqueal e; ações para a prevenção de

complicações

como

barotrauma,

pneumotórax, pneumonia por aspiração ou

associada à ventilação e extubação

acidental.

Segundo o autor, já que o manuseio

do paciente pela equipe de saúde pode

causar extubação não intencional, faz-se

necessário intervir nos momentos em que

o cuidado está sendo executado.

Nesse sentido, tendo em vista que

a extubação seja um evento adverso

prevenível, é importante que a equipe de

enfermagem tenha conhecimento

técnico-científico e habilidades específicas para o

desempenho do cuidado ao paciente em

ventilação mecânica.

Além disso, é fundamental a

utilização

de

um

protocolo

como

ferramenta para prevenir a extubação

acidental,

principalmente

durante

os

procedimentos mais comuns como banho

no leito, mudança de decúbito, transporte

do paciente, troca de fixação do dispositivo

ventilatório, aspiração de vias aéreas e

agitação neurológica.

Sendo assim, o objetivo geral deste

trabalho consiste em: descrever os

cuidados de enfermagem na prevenção da

extubação

acidental.

Os

objetivos

específicos são: identificar as causas mais

comuns

relacionadas

à

extubação

acidental e apresentar a importância da

aplicação de um protocolo de prevenção da

extubação não intencional.

Esse estudo justifica-se, pois, pela

importância que a extubação acidental

exerce tanto para o paciente como para a

equipe de saúde, de forma a proporcionar

uma reflexão acerca da qualidade do

cuidado dispensado ao enfermo em

ventilação mecânica.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se

de

uma

revisão

bibliográfica de caráter qualitativo. Foram

pesquisados artigos científicos publicados

entre 2007 a 2017, em periódicos

nacionais, em língua portuguesa, com texto

completo disponibilizado nas bases de

dados Scielo, Bireme e Lilacs.

Os artigos foram selecionados

considerando os descritores “ventilação

mecânica”,

“extubação

acidental”,

“cuidados de enfermagem” e “cuidados

intensivos”. Também foram utilizados

protocolos e livros com abordagem

pertinente ao tema.

A

partir

desse

processo

de

identificação, foi feito a leitura de resumos

e incluídos artigos e manuais nacionais,

disponibilizados

na

íntegra,

que

(4)

discutissem os temas relevantes para o

desenvolvimento da pesquisa.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A ventilação pulmonar é o processo

pelo qual ocorre a troca de gases entre a

atmosfera e os alvéolos pulmonares. Este

ar flui devido às diferenças de pressão

formadas pela contração e relaxamento

dos músculos respiratórios (TORTORA,

GRABOWSKI, 2008).

De acordo com Martins et al (2014),

o suporte ventilatório invasivo é indicado

quando o enfermo não for capaz de realizar

essa

troca

gasosa,

apesar

da

suplementação de oxigênio.

Segundo Barros, Silva, Mesquita

(2017), a obtenção e manutenção de uma

via aérea artificial é um procedimento

comum na Unidade de Terapia Intensiva,

porém, embora seja considerada uma

prática segura, há riscos de extubação

acidental.

Este evento adverso consiste na

retirada

não

programada

do

tubo

ventilatório,

podendo

causar

sérias

complicações em pacientes com estímulo

respiratório

diminuído,

com

lesões

neurológicas e em pacientes sedados,

devido a diminuição de oxigênio e retenção

de gás carbônico (BARROS, SILVA,

MESQUITA, 2017).

A extubação acidental pode ocorrer

pela autoextubação, quando o próprio

paciente retira o dispositivo ventilatório, ou

pode ocorrer pelo manejo da equipe de

saúde durante procedimentos como banho

no leito, mudança de decúbito, transporte,

passagem de sonda, aspiração de vias

aéreas, falha na contenção física do

paciente e fixação inadequada do tubo

orotraqueal (Figura 2) (CASTELLÕES,

SILVA, 2007).

Figura 2. Causas de extubação acidental.

Fonte: Barros, Silva, Mesquita (2017) e Castellões, Silva (2007).

Antonucci, Savino (2014) afirmam

que alterações na pressão do cuff e

balonete pouco insuflado também são

precursores da extubação não intencional.

Pontes,

Gardenghi,

Capucho

(2017) e Neto et al (2014) concordam que

a extubação acidental pode ocorrer devido

à agitação psicomotora do paciente,

sedação inadequada, cuff furado ou vazio,

peso excessivo ou tração dos acessórios

do

ventilador

mecânico,

inadequada

fixação do tubo ventilatório, e também pelo

manejo inadequado do paciente pela

equipe de saúde.

Garcia, Fugulin (2012) também

alegam que a proporção de pacientes por

enfermeiros tem relação direta com os

casos de extubação acidental. Para eles, a

• O próprio paciente retira o dispositivo respiratório.

Autoextubação

• Destaque para banho no leito, mudança de decúbito, transporte, fixação do tubo e aspiração de vias aéreas.

(5)

incidência de extubação não programada

reduz à medida que se prolonga o tempo

de assistência de enfermagem despendido

por enfermeiros.

No estudo de Lima, Barbosa (2015),

os

profissionais

de

enfermagem

participantes da pesquisa identificaram as

seguintes causas para a ocorrência de

extubação

acidental:

contenção

inadequada do paciente (33,2%); agitação

neurológica (16,7%); sedação superficial

(16,7%);

fixação

inadequada

da

traqueostomia ou do tubo orotraqueal

(16,7%) e; manuseio do paciente durante

procedimentos (16,7%).

Ainda segundo os autores, o

transporte para a realização de exames e a

proporção enfermeiro/paciente também

são fatores que aumentam o risco de

extubação não programada.

Quando

ocorre

extubação

acidental,

complicações

para

o

paciente, uma vez que a reintubação é

necessária e, por isso, há um aumento do

tempo de hospitalização do mesmo

(ANTONUCCI, SAVINO, 2014).

Pontes,

Gardenghi,

Capucho

(2017) e Castellões, Silva (2007) referem

que além da necessidade de reintubação,

há aumento do tempo de ventilação

mecânica, que acarreta em prolongamento

da

internação

e,

consequentemente,

aumenta o risco de complicações como

hipoxemia, lesão traqueal, instabilidade

hemodinâmica, atelectasia, pneumonia

associada

à

ventilação

mecânica,

arritmias, parada cardiorrespiratória e

morte.

Diante

desse

contexto,

a

enfermagem exerce papel de relevância no

cuidado direto e indireto ao paciente em

ventilação mecânica, uma vez que estes

profissionais participam ativamente das

ações assistenciais e administrativas que

envolvem o suporte não-invasivo e invasivo

nos pacientes em ventilação mecânica.

3.1. Cuidados de enfermagem na

prevenção da extubação acidental

A ventilação mecânica é uma das

principais intervenções terapêuticas em

uma Unidade de Terapia Intensiva, sendo

considerada uma importante ferramenta no

tratamento de pacientes críticos (GARCIA,

FUGULIN, 2012).

Como a equipe de enfermagem

acompanha o paciente de forma contínua e

ininterrupta, estes profissionais exercem

papel fundamental no cuidado ao paciente

em ventilação mecânica.

Castellões, Silva (2007) alegam

que a assistência de enfermagem ao

paciente em ventilação mecânica envolve

desde cuidados com o tubo endotraqueal

até manuseio de respiradores mecânicos.

Nesse sentido, uma das finalidades

do cuidado é prevenir as complicações

decorrentes do uso do suporte ventilatório

e, principalmente, prevenir a extubação

acidental (MELO et al, 2014).

Caso ocorra extubação acidental, o

alarme do ventilador mecânico será

ativado, para comunicar a desconexão.

(6)

Esta informação deve ser valorizada pela

equipe de saúde e o enfermeiro deve

investigar as causas do disparo do alarme,

contudo, geralmente a causa do disparo

está relacionada ao manejo do paciente,

aspiração da traqueostomia ou do tubo

orotraqueal,

tosse

ou

taquipneia

(ANTONUCCI, SAVINO, 2014).

De acordo com Fontenele et al

(2017), além do sinal auditivo, os

ventiladores mais modernos apresentam

sinal visual com cores que evidenciam a

gravidade do alarme.

Sem dúvida, a conduta de ignorar

os sinais de alarme do ventilador mecânico

não é segura, uma vez que os profissionais

estariam desconsiderando o risco de

hipóxia, barotrauma, dentre outros eventos

adversos (ANTONUCCI, SAVINO, 2014).

Além da vigilância constante e

atenção aos alarmes, o paciente em

ventilação mecânica requer uma série de

cuidados de enfermagem específicos,

como monitorização dos sinais vitais e

padrão

respiratório,

observação

de

agitação neurológica e nível de sedação,

troca da fixação do tubo, higiene oral,

aspiração

endotraqueal

criteriosa,

verificação da pressão do balonete a cada

12 horas e cuidado com os circuitos do

ventilador mecânico (NETO et al, 2014).

Segundo a AMIB e a SBPT (2013),

os cuidados também incluem a troca de

circuito, filtro e umidificadores, mudança de

decúbito de 2/2 horas e manter a cabeceira

elevada entre 30º a 45º.

Conforme Castellões, Silva (2007),

embora a temática da ventilação mecânica

invasiva seja bem difundida entre os

enfermeiros e técnicos de enfermagem,

ainda assim a extubação acidental ocorre,

principalmente, durante cinco momentos

de cuidados de enfermagem, que são o

banho no leito, a mudança de decúbito, o

transporte do paciente, a troca de fixação

do dispositivo ventilatório e aspiração de

vias aéreas.

Durante o banho no leito do

paciente em ventilação mecânica, a equipe

de enfermagem deve ter cautela para

executar as etapas da técnica e ter

competência para identificar alterações do

respirador.

Nesse momento é comum ocorrer

desconexão do respirador devido a um

movimento brusco ou excessivo do

paciente pela equipe de enfermagem,

principalmente porque a lateralização do

corpo pode descentralizar a cabeça do

paciente,

causando

a

extubação

(ANTONUCCI, SAVINO, 2014).

Por este motivo, Castellões, Silva

(2007) recomendam que a técnica do

banho seja realizada em cinco etapas:

higiene do couro cabeludo; higiene do rosto

e boca; higiene da genitália; higiene das

mãos e higiene do restante do corpo. Vale

salientar que antes de ser iniciada qualquer

uma dessas etapas, faz-se necessário a

verificação da fixação do dispositivo e que

a cabeça do paciente esteja centralizada

ao corpo.

(7)

Tal qual Castellões, Silva (2009), o

banho no leito é uma técnica de domínio da

enfermagem e, no caso de pacientes mais

instáveis, recomenda-se que o banho seja

realizado por técnicos de enfermagem e

supervisionado pelo enfermeiro.

A mudança de decúbito de um

paciente crítico em ventilação mecânica

também exige habilidade da equipe de

enfermagem,

visto

que

o

desposicionamento de algum acessório

pode acarretar em morbidade e morte

(NETO et al, 2014).

A tração do circuito do respirador

durante

elevação

da

cama

e

a

descentralização da cabeça em relação ao

corpo são os momentos onde mais

ocorrem

as

extubações

acidentais

(CASTELLÕES, SILVA, 2007).

Neto et al (2014) inferem que para

a realização da mudança de decúbito é

necessário conhecimento e zelo, pois a

falta de cuidado e a pressa podem causar

extubação não intencional.

Dessa

forma,

os

autores

recomendam que a mudança de decúbito

do paciente em uso de ventilação

mecânica seja realizada por, no mínimo,

dois profissionais de enfermagem, pois há

necessidade de um deles direcionar sua

atenção para a estabilidade do dispositivo

ventilatório.

Durante sua internação, o paciente

crítico realiza transportes internos e

externos; essa manipulação também é

propícia à extubação não planejada.

Geralmente o transporte é realizado

pela equipe de enfermagem, que deve ter

atenção e cautela, visto que qualquer

movimento brusco durante a manipulação

do paciente pode causar extubação

acidental (LIMA, BARBOSA, 2015).

Segundo Fontenele et al (2017, p.

3) o transporte interno e externo deve

ocorrer com todo o material de urgência:

maleta de transporte completa com

material para intubação e medicações de

emergência; oxímetro de pulso; balão auto

inflável com reservatório de O2 e extensor

de látex, fluxômetro com bico para

oxigênio; cilindro de O2

abastecido, com

válvula redutora e; ventilador de transporte.

Nesse sentido, Castellões, Silva

(2009) recomenda que o transporte seja

acompanhado

por

um

técnico

de

enfermagem e um enfermeiro, e que este

esteja sempre atento às alterações

hemodinâmicas e ventilatórias do paciente.

A troca de fixação do dispositivo

ventilatório e o procedimento de rodízio de

posição do tubo são ações que também

favorecem o evento adverso de extubação

acidental, portanto, devem ser realizados,

de preferência, por dois profissionais de

enfermagem (SANTOS, FIGUEIREDO,

2010).

Antonucci, Savino (2014) ratificam

que a troca de fixação do tubo orotraqueal

é atribuição exclusiva do enfermeiro e,

embora seja considerado um procedimento

simples, a inadequada fixação pode

danificar o guia do balonete e acarretar em

extubação acidental.

(8)

Castellões, Silva (2007) alertam

que em se tratando de uma traqueostomia,

durante a troca do fixador é necessário a

estabilização do mesmo devido ao fácil

desposicionamento que ocorre decorrente

da tosse gerada pela movimentação da

cânula na traqueia.

Portanto, Fontenele et al (2017)

corrobora que, uma das formas de se evitar

uma extubação não planejada é por meio

da correta fixação do tubo com bandagens

adesivas

apropriadas,

além

da

centralização da cabeça e da estabilização

do dispositivo.

Lima, Barbosa (2015) referem que

a padronização de um método seguro de

fixação do tubo orotraqueal reduz o risco

de ocorrência de extubação acidental. Para

estes autores, também é importante a

implementação de um modelo de triagem

aplicado aos pacientes em ventilação

mecânica que possa identificar aqueles

que estão mais suscetíveis ao risco de

extubação não programada.

Os

pacientes

em

ventilação

mecânica invasiva estão propensos ao

acúmulo de secreções respiratórias devido

à tosse ineficaz, “em detrimento do

não-fechamento da glote e do prejuízo no

transporte do muco pela presença do tubo”

(MELO et al, 2014, p. 60).

Diante dessa situação, o autor

infere que a assistência de enfermagem

deve priorizar a permeabilidade das vias

aéreas do paciente, já que o mesmo se

encontra impossibilitado de expectorar as

secreções retidas nas vias aéreas.

É importante, então, que a equipe

de enfermagem tenha domínio da técnica

de aspiração traqueal e cuidado no

momento da remoção dos líquidos do

circuito, visto que estes procedimentos

podem deslocar o tubo e a traqueostomia,

causando extubação acidental (SANTOS,

FIGUEIREDO, 2010).

Fontenele et al (2017) e Menezes,

Carvalho, Gois (2013) inferem que o

acúmulo de secreções no tubo orotraqueal

pode soltar a fixação do tubo e levar à

extubação, portanto, este dispositivo deve

ser aspirado rotineiramente ou sempre que

necessário, e deve ser realizado em todos

os pacientes em ventilação mecânica.

Outro ponto que merece destaque

no cuidado ao utente em ventilação

mecânica consiste na no controle da

sedação e contenção física no paciente

com agitação psicomotora (ANTONUCCI,

SAVINO, 2014).

Porém, de acordo com Lima,

Barbosa (2015), o uso das contenções

físicas ainda é controverso, visto que as

contenções podem apresentar um dilema

ético e contrário ao cuidado humano e

respeitoso. Sendo assim, elas só são

indicadas quando medidas alterativas para

reduzir a agitação neurológica do paciente

tenham falhado.

Conforme Fontenele et al (2017),

em relação à sedação, os pacientes em

ventilação mecânica normalmente estão

sedados. Vale ressaltar que durante o

desmame da sedação o paciente pode

(9)

agitar-se e, com isso, causar extubação

não programada.

Enfim, Melo et al (2014) afirma que

é imprescindível o aprimoramento e

atualização do profissional de enfermagem

para que a assistência seja adequada,

direcionado às necessidades do paciente e

com o mínimo de riscos.

Também é necessário que a equipe

multidisciplinar atuante no cuidado ao

paciente em ventilação mecânica esteja

capacitada para intervir em situações de

emergência, com o intuito de assegurar a

estabilidade clínica dos indivíduos que

estão sob os seus cuidados, sendo

requisito obrigatório a assistência médica e

de enfermagem contínua e qualificadas

(MELO et al, 2014).

Entende-se,

portanto,

ser

necessário que os profissionais de

enfermagem detenham conhecimento dos

equipamentos de ventilação mecânica e

saibam lidar com o paciente intubado,

afinal, a prioridade do cuidado de

enfermagem nesta situação é evitar

complicações, diminuir a incidência de

extubação

acidental

e

manter

a

estabilidade clínica do paciente.

3.2.

Protocolo

de

prevenção

de

extubação acidental

A Educação Permanente exerce

papel de destaque em uma instituição

hospitalar. Ela é fundamental no controle

de eventos adversos, uma vez que

promove conhecimento e melhoria do

cuidado

através

de

mudanças

no

comportamento dos indivíduos e da

empresa (BARROS, SILVA, MESQUITA,

2017).

Faz parte desse processo, cursos e

treinamentos para a equipe, assim como a

elaboração

de

protocolos

para

a

padronização do cuidado ao paciente em

ventilação mecânica (BARROS, SILVA,

MESQUITA, 2017).

De fato, a implementação de

protocolos de cuidados é uma medida

eficiente para melhorar a produtividade da

equipe de saúde, contribuindo assim para

a melhoria da assistência ao paciente.

Então, não existem dúvidas de que a

instituição de um protocolo de prevenção

de extubação acidental assegura uma

assistência qualificada e segura ao

paciente.

Diante

dessa

necessidade,

Fontenele et al (2017) elaborou um

protocolo clínico para capacitar as equipes

envolvidas no o cuidado ao paciente em

ventilação mecânica, prevenindo assim a

extubação acidental (Quadro 1).

De acordo com outro protocolo -

Santa Casa de Valinhos, em caso de

extubação

não

planejada

deve-se

prosseguir com as seguintes ações de

mitigação:

solicitação

imediata

de

avaliação médica que procederá com a

reintubação; atenção redobrada para todos

os cuidados de prevenção de extubação;

registro

da

intercorrência

em

anotação/evolução de enfermagem e;

registro da ocorrência e encaminhamento

(10)

da

mesma

para

a

Comissão

de

Gerenciamento de Risco.

Portanto, além da capacitação

profissional para o cuidado ao paciente em

ventilação mecânica, é necessário que a

instituição hospitalar disponha de um

protocolo para direcionar a assistência e

enfermagem e, assim prevenir a extubação

acidental e suas complicações.

(11)

Quadro 1. Protocolo clínico para prevenção da extubação acidental com ênfase nos momentos do cuidado associado a extubação não programada e ações preventivas da extubação.

1. Banho do leito do paciente

• Checar a fixação e estabilidade do dispositivo ventilatório; • Manter o tubo apoiado;

• Aproximar o paciente para próximo das traqueias do ventilador para que não fique pesado; • Mudar o paciente de decúbito de forma cuidadosa;

• Ficar atento aos alarmes. 2. Mudança de

decúbito

• Checar a fixação do dispositivo ventilatório; • A seguir soltar o circuito do ventilador;

• Logo depois baixar a cabeceira e apoiar as traqueias do ventilador no próprio braço do funcionário;

• Deve-se elevar o paciente no leito e neste momento manter os olhos no dispositivo ventilatório, lateralizar a 30° o paciente mantendo a cabeça apoiada;

• Elevar cabeceira e fixar o circuito no suporte do ventilador com folga para que caso ocorra deslocamento do paciente no leito, o dispositivo ventilatório não sofra tração do circuito.

3. Transporte do paciente

• Certificar da sedação e analgesia pré-transporte;

• Lembrar de fixar e pinçar o cateter vesical além de fixar os drenos e pinçar aqueles que não apresentem fuga aérea; • Reduzir o número de bombas infusão;

• Levar todo material de urgência. 4. Troca de fixação

do dispositivo

• Checar o nível de sedação do paciente; • Sempre ser realizado por 2 profissionais; • Manter tubo centralizado;

• Retirar o fixador antigo com auxílio de álcool 70% (para adultos se não houver lesão de pele) e com água destilada para neonatos; • Manter uma das mãos no tubo endotraqueal e esta apoiada no dorso do paciente com a finalidade de não perder o ponto de

apoio durante o procedimento;

• Inspecionar cavidade oral e realizar higiene;

• Passar solução desengordurante e de proteção (Cavilon Spray Protetor Cutâneo ®) e esperar secar e refixar respeitando o posicionamento centralizado e a numeração na comissura labial.

5. Aspiração tubo orotraqueal

• Rotina de inspeção a cada 3h, com ausculta pulmonar, visualizar simetria de tórax aos movimentos respiratórios e checar padrão geral do paciente;

• Checar a numeração da fixação do tubo e localização do mesmo no Raio X.

6. Agitação • Verificar diariamente a possibilidade do desmame diário da ventilação mecânica e extubação precoce; • Checar sedação;

• Posicionamento adequado.

(12)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso do ventilador mecânico

consiste numa intervenção valorosa no

paciente com insuficiência respiratória,

servindo como importante instrumento

dentro das terapias intensivas.

Embora a temática da ventilação

mecânica invasiva seja conhecida entre os

profissionais de enfermagem, ainda assim

ocorre

a

extubação

acidental,

principalmente durante cinco momentos de

cuidados de enfermagem, que são o banho

no leito, a mudança de decúbito, o

transporte do paciente, a troca de fixação

do dispositivo ventilatório e aspiração de

vias aéreas.

A extubação acidental é entendida

como a retirada não planeja do dispositivo

ventilatório, podendo ser decorrente de

uma falha no cuidado de enfermagem ou

de autoextubação, ou seja, o próprio

paciente retira o dispositivo. Sem dúvida, a

extubação

não

programada

acarreta

prejuízos tanto para o paciente como para

a equipe de saúde; a equipe tem seu

trabalho aumentado e o paciente, sua alta

protelada.

Portanto,

os

profissionais

de

enfermagem que prestam cuidados a estes

pacientes devem buscar evidências que

justifiquem a sua prática clínica, a fim de

aprimorar

seus

conhecimentos

e

habilidades e garantir a qualificação da

assistência.

Enfim,

mesmo

diante

da

importância do cuidado de enfermagem ao

paciente crítico em ventilação mecânica,

ainda assim registra-se uma pequena

produção científica referente à temática,

inclusive sobre extubação acidental e

cuidados de enfermagem, e uso de

protocolos para sua prevenção.

Vale salientar que a qualificação do

cuidado

de

enfermagem

e

a

implementação de protocolo de prevenção

da

extubação

acidental

promove

diminuição das complicações decorrentes

do evento, reduz o índice de mortalidade,

orienta o trabalho da equipe de saúde e

garante melhor qualidade de vida ao

paciente com suporte ventilatório.

(13)

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