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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS III - GUARABIRA CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE DIREITO CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS

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Academic year: 2021

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UN IVERSID AD E EST ADU AL D A PAR AÍB A C AMPU S III - GU AR AB IR A

CENT RO DE HU MAN ID ADES DEPART AMENT O DE D IREIT O

CURSO DE B ACH AREL ADO EM C IÊN CIAS JU R ÍD IC AS

HUGO MAT EUS NU NES DO S SANT OS

OUT ORGA CONJ UG AL N AS ESPÉC IES DE REN ÚNC IA D A H ER ANÇ A

GU AR AB IR A 2021

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OUT ORGA CONJ UG AL N AS ESPÉC IES DE REN ÚNC IA D A H ER ANÇ A

Trabal ho de Concl usão de Curso (Arti go) apresentado ao Departa mento do Curso de Ci ênci as Jurídi cas da Uni versi dade Estadual da Paraíba, co mo requi si to parci al à obtenção do títul o de Bacharel em Di rei to.

Orientador: Prof. Me. Mári o Vi níci us Carnei ro Medei ros.

GU AR AB IR A 2021

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Dedico este trabalho a m inha mãe, Josefa, por sempre ter priorizado a minha formação intelectua l e acadêmica; as m inhas irmãs, Vitór ia e Isabel, pelos momentos de desconcentração durante este trabalho; e a m inha v ida, namorada e amor Maria Eduarda, m inha ma ior fonte de apoio, insp iração e pa z; o seu amor me salva.

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1 INT RODUÇ ÃO ... ... ... ... 08

2 CONCEITOS IN IC IAIS D A SUC ESSÃO ... ... 09

2.1 Morte como requisito ... ... ... ... 09

2.2 Sucessão por ca usa mortis o u hered itária ... ... 10

3 RENÚ NC IA ABD IC AT IVA E R ENÚN C IA T RANSL AT IVA ... ... 10

4 CESSÃO D E D IREITOS HERED IT ÁR IOS D A HER ANÇ A ... 12

5 AUTORIZ AÇ ÃO CONJUG AL N AS ESPÉC IES D E R ENÚN C IA .. 13

5.1 Necessidade de outorga conjugal no s regimes de bens do casamento ... ... ... ... ... 18

5.1.1 Outorga conjugal sobre a renúncia no regime de separação total de bens ... ... ... 18

5.1.2 Outorga conjugal sobre a renúncia no regime de comunhão universal de bens ... ... ... 19

5.1.3 Outorga conjugal sobre a renúncia no regime de comunhão parcial de bens ... ... ... 20

5.1.4 Outorga conjugal sobre a renúncia no regime de participação final nos aquestos ... ... 21

5.1.5 Outorga conjugal sobre a renúncia na união estável ... 22

6 CONCLUSÃO ... ... ... ... ... 23

REFER ÊNC IAS ... ... ... ... ... 25

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OUTORGA CO NJUG AL N AS ESPÉC IES DE REN ÚNC IA D A HER ANÇ A

Autor (Hugo Mateus Nunes)*

RESUMO

O di rei to sucessóri o di ri me a sucessã o de pessoa fal eci da, de modo a regul ar a si tuação daquel es bens dei xados. Poré m, e mbora a suce ssão ocorra de for ma auto máti ca, co m o pri ncípi o da sais ine co mo funda mento, o herdei ro não é obri gado a acei tar a herança, capaz de rejei tá-l a através do i nstru mento da r enúnci a, o que per mi te -se fazer e m mo mento oportuno. A renúnci a não é tão si mpl es co mo parece ser, e esta pode se apresentar de dua s for mas di sti ntas: abdi cati va e transl ati va, sobre as quai s recairão regras d i ferentes. Isto i ncl ui a possi bili dade da autori zação do cônjuge ser necessári a para a val i dade dessa deci são que, personal íssi ma co mo tal , deveri a caber apenas a o herdei ro. Tal necessi dade decorre do di rei to à herança ser consi derado be m i mó vel , cuja abdi cação ou ali enação que afete tai s bens al cançari a mai or segurança jurídi ca co m a autori zação do côn juge. Ta mbé m se fa z i mportante sal i entar como os regi me s de bens do casa mento pode m i nfl uenci ar em u ma possível outorga conjugal do côn juge, pel os quai s se torna obri gatóri a ou não, e a si tuação da uni ão estável neste caso.

Palavras -c have: Su cessão. Renúnci a. Outorga con jugal . Regi me de bens.

*Hugo Mat eus Nunes do s Sa nt o s é co nc lu int e do Curso de C iê nc ia s Jur íd ic a s pe la U nive rsid ade Est adua l da Para íba e fo rma do e m t éc nico e m nut r ição pe lo Co lég io Agr íco la Vida l de N egre iro s (hug o .mat eus2015 @o ut lo o k.co m).

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1 INT RODUÇ ÃO

O di rei to sucessóri o compõe -se das regras da sucessão e do di rei to à herança, estabel ecendo os l i mi tes te mporai s e os i nstru men tos necessári os para a efi cáci a da sucessão. Dentro desse conte xto, o di rei to à herança é u m di rei to funda mental que, devi do à su a i mportânci a, está previ sto na Constitui ção Federal . No Códi go Ci vi l ta mbé m é perceptível essa i mportânci a, no qual se estabel ece a natureza real i mobi l i ári a do di rei to à sucessão aberta, a fi ns de mel hor proteção desse di rei to.

O di rei to à sucessão surge no mo mento e m que u ma pes soa fal ece, i ndependentemente desta pos sui r bens ou não, quando se fará i nventári o negati vo para demonstr ar a i nexi stênci a de bens a i nventari ar. De todo modo, é necess ári a a sucessão, para reger não so mente o patri môni o dei xado p el o de cujus, co mo ta mbé m os di rei tos e dívi das remanescente s.

Co m o pri ncípi o da sais ine, o patri môni o do autor da herança é auto mati ca mente transferi do aos seu s herdei ros, mas nenhu m pode to mar posse dos bens ai nda, poi s, é u ma fi cção l egal . Assi m, ess e auto mati s mo não i ndi vi duali za os bens do espóli o para cada herdeiro, o que apenas ocorre co m a parti l ha.

É durante o procedi mento de i nventári o que os i nstrumentos de acei tação e renúnci a da herança ganha m rel evânci a. Por el es, o herdei ro mani festa a sua v ontade de herdar, ei s que nenhu m herdei ro está obri gado a acei tar a herança. Se fei tos antes da morte do de cujus, torna m-se i nefi cazes, poi s, vê -se que qual quer ato fei to sobre a herança de pessoa vi va é proi bi da por l ei . Assi m, só pode m se r reali zados en quanto aberta a sucessão.

No entanto, por tratar -se de um b e m i móvel , natureza esta defi nida pel a l ei a fi m de conferi r mai or segurança jurídi ca, apl i ca -se à sucessão as regras perti nentes aos bens i móvei s.

Assi m sendo, há u ma questão i mporta nte a se evoca r. Trata-se da possi bili dade de autori zação conjuga l na renúnci a da herança. Pel o pri ncípi o da autono mi a pri vada, deveria caber uni ca mente ao herdei ro a deli beração de sua recusa. Porém, a l ei estabel ece a necessi dade de outorga conjugal para os atos de d i sposi ção de bem i móvel , onde pode mos enquadrar o di rei to à sucessão aberta. O mes mo o corre co m a cessão de di rei tos heredi tári os fruto da renúnci a transl ati va, aquel a que desti na o qui nhão heredi tári o à outra pessoa, comu mente herdei ro da mes ma sucessão, s ob for ma de doa ção.

Al é m do mai s, as nuances acerca dos di ferentes ti pos de regi mes de bens podem i nfl uenci ar nessa questão, poi s cada qual tem regras própri as sobre a admi ni stração e di sposi ção de bens i móvei s que nos cabe di scerni r.

Assi m, faz-se necessá ri a u ma anál i se desses casos observando os ensi namentos da doutri na e da l ei , e compl e mentado pel a juri sprudênci a, aferi ndo a necessi dade da outorga conjugal nas espéci es de renúnci a admi ti das no di rei to brasil eiro e como os regi me s de bens pode m i nfl uir n este regrament o.

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2 CONCEITOS IN IC IAIS D A SUC ESSÃO

A sucessão é a trans mi ssão do patr i môni o do de cujus, tanto passi vo quanto ati vo, aos seus herdei ros, em vi rtude de l ei ou testa mento.

É i mportante expor os aspecto s gerai s e específi cos da sucessão para que, ao fi nal , possamos ter a base i ntel ectual necessári a para o tratarmo s sobre a autori zação co njugal na cessão de di rei tos heredi tári os da herança.

2.1 Morte como requisito

Co mo marco deter mi nante da sucess ão, te mos a morte, sendo o fato que ense ja o di rei to à herança. Não há co mo fal ar de herança de pessoa vi va, sequer para negoci ação. Dessa for ma, a morte se faz necessári a para a sucessão, e esta se faz necessári a para que a propri edade do de cujus não fi que sem dono.

Segundo o ensi na mento de Stol ze e Pa mpl ona (2017, p. 1354), entende mos a morte, e m senti do a mpl o, co mo u m fato jurídi co, ou se ja, u m fato capaz de gerar rel evânci a no pl ano jurídi co.

O mo mento da morte estabel ece as normas apl i cávei s para o processo sucessóri o, poi s, apli cam-se as regras vi gorantes da abertura da sucessão. Al é m di sso, vi sa sanar a si tuação da comori ênci a, hi pótese em que ocorre a morte si mu l tânea de duas ou mai s pessoas herdei ras entre si , auxi li ando na sucessão entre estas.

A morte pode ser real ou ti da co mo pr esu mi da. A pri mei ra del as é aquel a comprovada medi ante cert i dão de óbi to, atestada por profi ssi onal da medi ci na ou, na sua fal ta, por duas testemunhas, l evando o fato a regi stro depoi s, confor me a previ são l egal . Por outro l ado, na morte presu mi da não se tem o corpus do fal eci do, mas, ai nda assi m, é decretada.

As hi póteses de morte presu mi da se apresenta m co mo morte co m decretação de ausênci a e morte se m decretação de ausênci a. A pri mei ra hi pótese é fruto do proced i mento de i nventári o, quando a pessoa si mpl es mente d esaparece se m dei xar notíci a, representante ou procurador. Já a segunda consi dera os fatores que provavel mente l evari am a morte daquel a pessoa e, após o esgotamento das buscas , per mi te-se a decretação da morte, d evendo o jui z defi ni r a data de fal eci mento. São os ca sos de ser e xt re ma mente provável a morte de que m esta va e m peri go de vi da; e se al gué m, desapareci do e m ca mpanha ou fei to pri si onei ro, não for encontrado até doi s anos após o tér mi no da guerra.

Al é m destas hi póteses, val e a pena fazer menção à mo rte ci vi l que, embora não ad mi ti da no direi to brasil ei ro, ainda há si tuações e m que surte m seus efei tos, estes que i nfl uem di retamente no di rei to sucessóri o. Morte ci vi l é aquel a que o di rei to consi dera fal eci da aquel a pessoa mes mo estando vi va, co mo s e nã o mai s exi sti sse. Apenas e m u ma si tuação pode mos veri fi cá -l a: quanto aos efei tos pessoai s da excl usão, quando o s descendentes do herdei ro excl uído sucede m, co mo se el e morto fosse antes da abe rtura da sucessão. Aqui , os fi l hos

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do herdei ro excl uídos são con si derados herdei ros di retos do de cujus, i gnorando a exi stênci a do herdeiro excl uído ou deserdado segundo as hi póteses previ stas em l ei .

Por fi m, sobre a apl i cação das regras gerai s da sucessão, esta so mente será cabível nos casos de morte real e de morte presu mi da, poi s, na morte presu mi da co m de cretação de ausênci a, já há nor ma s própri as para regul ar a si tuação jurídi ca fo mentada por especi fi ci dade da l ei .

2.2 Sucessão por causa mo rtis ou hereditária

O di rei to sucessóri o abarca as normas que regul am a transferênci a da propri edade do de cujus aos seus herdei ros, em função da morte deste.

Sucessão heredi tári a, por Paul o Lôbo (2018, p. 33), é toda a sucessão i ni ciada pel a morte de u ma pessoa, real i zada em favor de seus herdei ros, l egatári os, e até a Fazenda Públi ca, nos casos de herança vacante.

A suces são pressupõe al go a ser suce di do, como ta mbé m res que estava se m dono. A propri edade do de cujus, agora vaga por causa da morte, necessi ta de ocupação por al guém. Consuetudi nari amente , quando al go fi ca vago p el a morte do dono, a sucessão é fei ta a favor dos fi l hos, mantendo -se o be m dentro da fa míl i a. É nessa premi ssa que se supõe a sucessão, co mo coi sa resguardada pel o di rei to, fei to a fi m de regul ar a transferênci a dos bens do morto aos seus herdei ros.

Síl vi o Venosa (2017, p. 21) expl i ca que, hi stori camente, a herança trans mi te -se dentro da fa míl i a. Dessa pre mi ssa surgi u a i dei a de sucessão l egíti ma , ou de herdei ros l egíti mos. A fi m de protegê -l os, o l egi sl ador l i sta -os e m orde m para, c aso ha ja fal ta de testa mento, o u mes mo na sua presença, se ja garanti da a herança a el es.

Ta mbé m, a sucessão vi ncul a -se ao patri môni o do de cujus, de modo que o di rei to à herança não ul trapassa os bens del e, nem se restri nge a menos que i sto, mas l i mi ta -se ao mes mo tanto quanto teri a o de cujus antes de fal ecer. O patrimôni o pode ser descri to como o conjunto de di rei tos reai s e obrigaci onai s, ati vo s e passi vos, pertencentes a u ma pessoa. Assi m, a herança é o patri môni o da pessoa fal eci da. Não se i ncl uem os di rei tos pessoai s e ne m os di rei tos personal íssi mos, que se e xti ngue m co m a morte.

Por ser li mi tado aos bens que o de cujus possuía, sal vo testa mento, as quotas dos herdei ros deve m ser i guai s, di vi di ndo todos a herança por quotas i guai s a cada u m. Assi m, quanto mai s herdei ros ti vermos, menos receberá cada u m; e, quanto menos ti ver mo s, mai s receberá cada um; recebe a total i dade da herança se houver apenas u m herdei ro.

3 RENÚ NC IA ABD IC AT IVA E R ENÚN C IA T RAN SL AT IVA

A l ei prevê que o herdei ro pode renunci ar à herança, desde que não prejudi que os credores, conforme estabel ece o arti go 1.813 do

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Códi go Ci vil . As espéci es de renúnci a compreende m duas: renú nci a abdi cati va e a renúnci a transl ati va.

A renúnci a abdi cati va trata -se da renúnci a pura e si mpl es, cujo efei to é o retorno do qui nhão do herdei ro renunciante ao montante partil hável , para que os outros herdei ros possam di vi di -l o; ou para a cl asse subsequ ente, quando o renunciante for o úni co de sua cl asse.

Já a renúnci a transl ati va funci ona també m co mo u ma renúnci a propri amente di ta, mas e m favor d e outro herdeiro. Dessa forma , consi dera -se fei ta, pri mei ro, a acei tação táci ta da herança, embora se tenha efei tos de renúncia em rel ação ao renunci ante, com posteri or cessão heredi tári a da herança, consubstanci ando um ato entre vi vos.

Observe mos que, e m casos assi m, há i nci dênci a de doi s tri butos:

I mposto de Trans mi ssão Causa Morti s, e o I mposto de Trans mi ssã o Inter Vi vos.

Na expl i cação de renúnci a transl ati va, Stol ze e Pampl ona (2017, p. 1384), afi rma m que renúnci a, de fato, não ocorreu. Poi s, se fosse assi m, a quota renunci ada benefi ci ari a todos os herdei ros, vi sto que os efei tos da abdi cação desse di rei to sã o totai s e retroati vos, co mo se sucessor nunca fosse. Quando se de sti na a quota renunci ada, ocorre, de fato, u ma acei tação i mpl íci ta com posteri or cessão de di rei tos heredi tári os.

Sobre a i nci dênci a do Imposto de Trans mi ssão Inter Vi vos, de acordo co m o Ag ravo de Instru mento n . 0048598 -37.2018.8.16.0000, do Tri bunal de Justi ça do Paraná 1, nu m caso de renúnci a de qui nhão heredi tári o em fa vor da vi úva meei ra, a renúnci a transl ati va trata -se de u ma cessão gratui ta de di rei to heredi tári o, em que al guém recebe b e m ou di rei to, ao mes mo te mpo que o doa , por causa mortis e posteri or ato inter v ivos, o que i mpl i ca na i nci dênci a do I mposto de Trans mi ssão Inter Vi vos.

Contudo, há u m caso i nteressante que merece ser destacado.

Quando quase todos os herdei ros renunci am à herança, restando apenas u m e este receber a totalidade da del a, há i nci dênci a do I mposto de Trans mi ssão Inter Vi vos? Este é u m caso bastante co mu m, co mo quando os fi l hos renunci am co m o conl ui o subjeti vo da mãe ou o pai fi car com a total i dade da herança. Para responder mo s tal questão, nova mente, nos baseare mos na juri sprudênci a: o Agravo de Instru mento n. 2012.015795 -9, do Tri bunal de Justi ça de Santa Catari na2, di z que a renúnci a fei ta por todos os fi l hos do de cujus te m efei to ex tunc, mes mo que ha ja vo n tade i mpl íci ta dos herdei ros e m

1D ispo níve l e m: < ht t ps://t j-

pr. ju s bra s il. co m. br/ jur is prude nc ia/83 4674 021/pro ces so -c ive l- e-do -t raba lho - recurso s-agra vo s- agra vo -de- inst ru me nt o -ai-485 9837201 881600 00 -pr-

0048598-372 018816 0000 -a co rdao /int e iro -t eor-834674029>. Ac esso e m: 18 ma i. 2021.

2D ispo níve l e m: < ht t ps://t j-

sc. jusbr as il. co m. br/ jur isprud e nc ia /110 276 8730/agra vo -de- inst ru me nt o -a i- 201201579 59-sao - jo se-20120 15795 -9/ int e iro -t eo r-1102768826>. Ac esso e m:

18 ma i. 2021.

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di reci onar a herança à vi úva meei ra, não havendo, portanto, inci dênci a do I mposto de Trans mi ssão Inter Vi vos.

Dessa for ma, sobre a i nci dênci a do referi do i mposto, so mente haverá quando doi s ou mai s herdei ros não renunci arem , poi s, nessa si tuação, a desti nação da quota heredi tári a deverá ser expl íci ta, o que gera a renúnci a transl ati va.

Al é m da i nci dênci a da dupl a tri butação que recai ao caso, há, ai nda, u ma outra questão a ser anal i sada: a entrada da herança n o patri môni o do herdei ro renunci ante.

Observa-se que, fei ta a renúnci a si mpl es, tal herança não entra no patri môni o do herdeiro. Isso ocorre pel o efei to retroati vo da renúnci a, que defi ne que a morte do autor da herança não gerou nenhu m di rei to à me s ma e m rel ação ao herd ei ro renunci ante. Poré m, quando estamo s di ante da renúnci a transl ati va, há uma acei tação táci ta nesse tipo de “renúncia”, o que importa dizer que a herança entrou sim no patri môni o do herdeiro, e i sso traz à tona aquel as regras perti nentes aos bens i móvei s , posto que o di rei to à herança é consi derado, ta mbé m por fi cção jurídi ca, um be m i móvel , c onfor me o arti go 80, i nci so II, do Códi go Ci vil , sendo -l he apl i cável as mes mas regras destes bens, dentre el as a outorga conjugal , quando for tratar -se de ali enação de herança.

Assi m, a renúnci a transl ati va i mporta na entrada da herança, consi derado como be m i móvel , no patri môni o do renunci ante, com a sua posteri or cessão, i mportando e m al i enação do mes mo a outr o herdei ro. Sendo assi m, se faz necessá ri a a outorga conj ugal à renúnci a transl ati va? E, sendo a renúnci a uma di sposi ção de um be m i móvel , caberi a a outorga conjugal até à renúnci a abdi cati va?

Antes de abordar mos es se ponto, é pe rti nente di scorrer um pouco sobre a cessão de di rei tos heredi tári os.

4 CESSÃO D E D IREITOS HERED IT ÁR IO S D A HER ANÇ A

O herdei ro torna -se ti tul ar de sua fração i deal , denomi nada qui nhão heredi tári o, a parti r da mo rte do de cu jus, por força d o pri ncípi o da sais ine.

Co mo donos da sua quota, caso acei te a herança, poderão di spor co mo qui sere m, através de um ato cha mado de cessão de di rei tos heredi tári os. O mo mento e m que po derá l evar a cabo a cessão de di rei tos heredi tári os compreende o tempo entre a morte do de cujus e a partil ha da herança.

A ces são de di rei tos heredi tári os é um ato jurídi c o negoci al de natureza al eatóri a, onde há u ma ces s ão, gratui ta ou onerosa, fei ta pel o herdei ro, cedente, a um tercei ro, cessionári o, cujo objeto da cessão é o di rei to à sucessão aberta a títul o uni versal . É um ato de caráter al eatóri o, porque o cessi onári o assume o ri sco de nada receber, tendo e m vi sta a possi bi li dade da herança tornar -se negati va, como ta mbé m não se sabe o que vai ser recebi do. Incl usi ve, o caráter al eatóri o da cessão i mpede o herdei ro cedente de responder por evi cção. Se el e a faz antes d a acei tação, se presume e sta, já que não é possível ceder aquil o que não é seu. É títul o uni versal , posto que não foi

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i ndi vi duali zado o be m cabível a cada herdei ro, recebendo o cessi onári o u ma quota da herança.

Quanto à extensão da cessão, esta p ode abranger uma parte do qui nhão do herdei ro ou todo o quinhão; pode també m, i ncl usi ve, abranger toda a totali dade da herança caso se trate de herdei ro úni co.

A cessão ai nda sujei ta -se às cl áusul as de i nal i enabili dade que o de cujus po ssa, por ventura, ter co l oc ado aos seus bens. Assi m, antes de tudo, deve se veri fi car a exi stênci a de tai s para efeti var a cessão.

Co mo na sucessão apl i cam-se as regras de condomíni o, o herdei ro poderá ceder a sua fração da herança.

A cessão deve atender a for ma prescri ta e m l ei , confor me prevê o arti go 1.793, do Códi go Ci vi l , obri gando que a cessão se dê apenas por escri tura públ i ca, não sendo admi ti da por escri tura parti cul ar.

5 AUTORIZ AÇ ÃO CONJUG AL N AS ESPÉC IES DE REN ÚNC IA

A autori zação conjugal trata -se de u ma exi gênci a i mpo sta por l ei , que consi ste no consenti mento do cônjuge para a práti ca de deter mi nados atos, sob pena de i nvalidade.

Tai s atos são previ stos e m l ei , taxa ti vamente, e trata m -se da al ienação ou gravação de ônus real de bens i móvei s; pl ei tear, como autor ou réu , acerca desses bens ou di rei tos; prestar fi ança ou aval ; fazer doação, não sendo re muneratór i a, de bens co mun s, ou dos que possa m i ntegrar futura meação. Em t ai s casos, nenhum dos côn juges pode, se m autori zação do outro, exceto no regi me da separação absol uta.

Mas antes de desbravar mos suas re gras e debate doutri nári o, faz-se necessári o reali zar um apanha do hi stóri co da outorga conjugal no di rei to brasil ei ro.

A fi gura da outorga conjugal surge, pri mei ra mente, no Códi go Ci vil de 1916, de modo a proteger o i nteresse da esposa e m fa ce d o poder quase absol uto do mari do em re l ação ao patri môni o do casal . Ou seja, tal outorga consubstanci ava, de fato, u ma outorga uxóri a. Mas , ta mbé m veri fi ca -se a outorga mari tal , sendo necessári a na mai ori a dos casos e m que a esp osa qui sesse agi r, poi s, esta, em regra, não atuava se m a autori zação do mari do.

Re mete mos ao art. 233 de Códi go Ci vi l de 1916, que tratava dos di rei tos especi ai s do mari do, assi m est abel eci a:

O m ari do é o c hef e da s oc i edad e c o nj ugal , f unç ão qu e ex er c e c om a c ol abor aç ão da m ul her, no i nt er es se c om um do c asal e do s f il hos, c om pet i ndo - l he: a r epr e se nt aç ã o l egal da f am í li a; a adm i ni st r aç ão do s b en s c om un s e do s p ar t i c ul ar es da m ul her que ao m ar i do i nc um bi r adm i ni st r ar, em v i r t ude do r egi m e m at rim oni al adot ado, ou de pac t o, ant enu p c i al ; o di r ei t o de f ix ar o dom i c íl i o da f am íl i a r ess alv ada a pos si bi l i dade d e r ec or r er a m ul her ao J ui z , no c aso de del i ber aç ão que a pr ej udi que; e, pr ov er a m anut enç ão da f am í lia. ( B RA S I L, 1916 )

Guardadas as di sposi ções dos arts. 275 e 277, que se referi a m à s despesas do casal , percebe mo s a abr angênci a do poder mari tal sobre a

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fa míl i a e a subservi ênci a da esposa ao mari do, o que é també m corroborado com o art. 242, que di zi a:

A m ul her não pode, sem aut or i z aç ão do m ar i do: pr at i c ar os at os qu e est e nã o poder i a s em o c onsent i m ent o da m ul her ; al i enar, ou gr av ar de ônus r eal , os im óv eis de s eu dom í ni o par t i c ul ar, qual quer que sej a o r e gi m e dos ben s; al i enar o s se u s di r ei t os r eai s sobr e i m óv ei s de out r a; ac ei t ar ou r epudi a r her anç a ou l ega d o; ac ei t ar t ut el a, c ur at el a ou out r o m únu s públ i c o; li t i gi ar em j uí z o civ il ou c om er ci al , a não ser no s c as o s i ndi c ado s no s ar t s. 248 e 25 1 ( s obr e at os q ue a e sp o s a poder á f az er sem aut or i z aç ão do m ar i do e n a au sênc i a d e st e) ; ex er c er pr of i ssão; c ont r ai r ob r i gaç õe s, qu e pos s am im por t ar em al heaç ão de be n s do c a s al ; e, ac ei t ar m andat o . ( B RA S I L , 1916)

No entanto, a esposa não estava tota l mente a mercê do mari do, vi sto que, se os seus di rei tos especi ai s fossem absol utos, não s e resguardari am os i nteresses da es po sa. O Códi go Ci vi l da época lhe assegurou vi as para evi tar os abuso s do mari do, i ncl usi ve, anul ando aquel es atos que prejudi casse m o patri môni o do casal , como ta mbé m for mas de a tuação na ausênci a deste, para não dei xar os ben s do ca sal se m ad mi ni stração, agi ndo de forma supl eti va ao mari do. Al ém di sso, al guns atos que, e mbora poucos, el a p oderi a executar se m autori zação, garanti ndo -l he, ao menos, u m míni mo de i ndependênci a.

Dentre tai s di rei tos encontramos a outorga uxóri a, tão menos corri quei ra que sua contraparte mari tal , o que l he dava uma marge m d e i mportânci a e cautel a mai or nos casos e m que era devi da.

Segundo o Códi go Ci vi l de 1916, tai s hi póteses eram previ stas no art. 235, que assi m di zi a:

O m ar i do não pode, s em c onse nt i m ent o da m ul her, qual quer que sej a o r egi m e de b en s: al i enar, m óv ei s ou di r ei t o s r eai s, di r ei t os r e ai s so br e i m óv ei s al hei os; pl ei t e ar, c om o aut or o u r éu, ac er c a de s se s ben s e di r ei t os; pr e st a r f i anç a; e, f az er doaç ã o, nã o sen do r em uner at ór i a o u de pe quen o v al or, c om os b en s ou r e ndi m ent os c om un s. ( B RA S I L, 1916) .

Faz-se mi ster traçar al gumas observa ções. Pri mei ra mente, vê -se que nestes casos era necessári a a ou torga uxóri a, i ndependente mente do regi me de bens. Ou se ja, al é m do que previ a este di sposi ti vo, poderi am advi r novas hi póteses e m q ue seri a necessári a a aut ori zação da esposa; e, que este é o quanti tati vo míni mo de hi póteses que de ve ser respei tado, qual quer que seja o regi me de bens.

Dentre essas hi póteses, era m previ stos aquel es casos e m que a esposa poderi a anul ar os atos prejudi ci ai s do mari do contra o patri môni o, a e xe mpl o das doações e fi anças, pri nci pal mente àquel as fei tas em favor da concubi na, hi pótese esta em que a esposa defendi a a moral do casa mento.

A fal ta da outorga uxóri a acarretava a anul abi li dade do ato, mas, ta mbé m já se previ a a autori zaçã o judi ci al para supri r essa fal ta, como quando a esposa denegar sem mo ti vo justo, ou l he seja i mpos sível dá - l a, como es tabel ece o art. 237.

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Ainda regulando a autorização judicial, o art. 238 dizia que:”o suprimento jud ic ial da outorga autor iza o ato do marido, mas não obr iga os bens própr ios da mulher”. Isso traz à tona uma distinção de patri môni os. Trata m-se dos bens co mu ns e parti cul ares do casal .

O art. 238 li mi tava o ato do mari do apenas aos bens comuns do casal , não sendo possível a di sposi ção dos bens da esposa quand o esta se negar a per mi ti r. O que si gni fica, e m tese, que a outorga u xóri a será apli cável apenas quando os bens afetados forem parti cul ares da esposa. Isso pode ser expli cado em vi rtude da soberani a quase absol uta do mari do aos bens do casal , já que os bens do ca sal ta mbé m l hes pertenci a, o que tornava possível a sua di sposi ção como be m entendesse se m consi derar os i nteresses da esposa, cu ja vontade não era col ocada ne m e m pata mar de i gu al dade em rel ação à vontade do mari do.

Assi m, a dep ender do regi me d e casa mento adotado, a abrangênci a da autori zação conjuga l poderi a estar restri ta ou ser a mpl i ada. Por exe mpl o, no regi me de co munhão uni versal de bens, observar -se-i a as l i mi tações do art. 235, mas, co mo não há ben s parti cul ares afora dos excl uídos da c o munhão, os bens do casal não estari am resguardados na autori zação judi ci al , mes mo que a esposa os denegue. Enquanto que no regi me da separação total de bens, basta a mera di scordânci a que os seus bens parti cul ares restari am protegi dos dos atos do mari do.

Re meti do o Códi go Ci vi l passado, faça mos a análi se das i novações l egi sl ati vas trazi das pel o Códi go Ci vil de 2002 sobre a outorga conjugal .

Co m o advento deste , até então, novo Códi go Ci vil , vi eram ta mbé m regra mentos mai s modernos, atual i zad os, de modo a reger a reali dade contemporânea ci vi l .

Isso i mpl i ca na superação da soci edade patri arcal que antes exi sti a, substi tuída por uma mai s i guali tári a entre os gêneros. Com i sso, a i dei a de di rei tos especi ai s do home m e da mul her fora m apagados, dando l ugar a um di rei to comu m, a a mbos os côn juges, se m di sti nção.

Co mo prevê o art. 226, caput e p arágrafo qui nto, da Consti tui ção Federal de 1988: “a família, base da soc iedade, tem espec ial proteçã o do Estado e os d ire itos e deveres ref erentes à sociedad e con jugal são exerc idos igualmente pelo homem e pe la mulher”.

Dessa for ma, a ad mi ni stração dos bens, a práti ca dos atos de di sposi ção e a representação judi ci al que antes era m quase e xcl usi vos do mari do, agora passa m a ser exerci dos por ambos os cônjuges , respei tando, cl aro, os li mi tes i mposto s pel o regi me de bens adotado, pel o qual se di ferem os bens co muns e parti culares.

No entanto, da mes ma for ma co mo ocorri a no Códi go Ci vil anteri or, há vedação expressa a essa li beral i dade de admi ni stração e di sposi çã o dos bens. É o que prevê o art. 1.647 desse Códi go Ci vi l , que di z que:

Nenh um dos c ô nj uge s p ode, sem aut or i z aç ã o do o ut r o, ex c et o no r egi m e da separ aç ão a b sol ut a: al i enar ou gr av ar de ônu s r eal os ben s i m óv ei s; pl ei t ear, c om o aut or ou r éu, ac er c a de s se s b en s ou di r ei t o s; pr est ar f i anç a ou av al; f az er doaç ão,

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não s end o r em uner at ór i a, de ben s c om uns, ou do s qu e po s sam i nt egr ar f ut ur a m eaç ão . ( B r asi l , 2002 ) .

Esta é a previ são l egal da outorga conjugal neste Códi go.

Corroborando com este arti go, temos a Reso l ução Nº 35 de 2007 do CNJ. Seu arti go 17 fal a assi m:

O s c ônj uge s do s her dei r o s dev er ão c om par ec er ao at o d e l av r at ur a da esc r i t ur a pú bl i c a de i nv ent ár i o e par t i l ha quan d o houv er r enúnc i a ou al gum ti po de par t i l ha que i m por t e em t r ansm i s são, ex c et o se o c asam ent o s e der sob o r egi m e da se par aç ão ab s ol ut a. ( B r asi l , 2007) .

É cl aro o i nteresse de proteção na o utorga con jugal nestes ato s de renúnci a. Contudo, este arti go não faz previ são a tal , exi gi ndo apenas a presença dos cônjuges, gerando efei tos de ci ên ci a destes em rel ação ao ato, o que, por óbvi o, pode l evar o cônjuge a tentar i nvali dar o ato, poi s, trata -se de uma facul dade sua. Assi m, pros si ga mos.

Quanto aos di rei tos especi ai s da mul her, estes fora m sucedi dos espi ri tual mente nos arts. 1.642 e 1.643, sobre os atos em que os cônjuges pode m e xe cutar se m autori zação. Dentre estes, há a previ são de reaver os bens al i enados ou gravados, pel o que o ob jeti vo aqui segue o mes mo: a proteção do patri môni o, com a e xcl usão da proteção da moral do casa mento, não re cepci onada neste ordena mento.

Sobre a autori zação judi ci al , esta ai nda persi ste. Contudo, a regra da desobri gação dos bens parti cul ares não vi gora mai s. Isto porque o panorama agora é outro: se f az necessári a a outorga conjugal excl usi va mente para os bens co mun s do casal . Ou seja, a perda do objeto de ssa anti ga regra ocorre justa mente porque a outorga con jugal l ogrou-se para os bens co muns do cas al , vi sto que a admi ni stração dos bens parti cul ares cabe a cada consorte deci di r.

Resu mi ndo, todo ato capaz de af etar negati vamente o patri môni o do casal deverá, antes de ser real i zado, ser observada a mani festação e m favor do consenti mento do côn juge.

So mente não se e xi ge a autori zação conjugal quando o regi me de casa mento for o de separação absoluta de bens. Afi nal , não haverá qual quer efei to no patri môni o do côn ju ge, descabendo a i mportânci a da autori zação.

Sobre tai s hi póteses, há u ma e xce çã o. Trata -se do a jui za mento da questão, desde que veri fi cados que u m dos côn juges, ao não per mi ti r a reali zação do ato, denegu e se m moti vo justo, ou l he se ja i mpossí vel concedê -l a.

Em tai s hi póteses, o cônjuge i ntere ssado no ato deve l evar a questão ao jui z para que este dê autori zação judi ci al , supri ndo a outorga conjugal . Assi m, se u m dos cônjuges si mpl es mente não ti ver justi fi cati va para denegar, ou não ser capaz de se mani festar, poderá o cônjuge i nteressado no ato requerer e m juízo a autori zação con jugal , fi cando a cargo do jui z supri -l a, se me recer o caso.

Fei ta a concei tuação, devemos re mo ntar o raci ocíni o fei to até aqui .

Sabe-se que o di rei to à sucessão abe rta é u m be m i móvel , tendo natureza real i mobi l i ári a por fi cção da l ei , como estabel ece o arti go 80

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do Códi go Ci vil . Sendo um be m i móvel , apli ca -se, ao di rei to à sucessão aberta, as regras do arti go 1.647 supraci tado.

A renúnci a é, como já vi sto, u m ato abdi cati vo. Abdi cando -se um di rei to consi derado i móvel , se faz nec essári a a autori zação conjugal ?

Sendo a renúnci a da herança um at o abdi cati vo da mes ma, a concl usão mai s óbvi a seri a aquel a que opta pela necessi dade da outorga conjugal , afi nal , trata -se de u ma rejei ção de u m be m i móvel , co mo prel eci ona Venosa (2013, p. 42) que asse mel ha a renúnci a a u ma al ienação, em que o ali enante deve ter capaci dade para tal . No seu di zer, se a herança é consi derada u m be m i móvel , a sua renúnci a dependeri a de autori zação do côn ju ge, exceto se o renunci ante for casado sob o regi me de separação ab sol uta.

Carl os Roberto Gonçal ves (2017, p. 112), ao di scorrer sobre as restri ções l egai s ao di rei to de renunci ar, ta mbé m confi r ma a necessi dade da outorga con jugal ao l ado da capaci dade pl ena do renunci ante, não bastando esta, sozi nha, efeti var a renúncia.

No entanto, observe -se que a nece ssi dade de outorga con jugal na renúnci a de herança ti rari a o caráter personal íssi mo da renúnci a, afi nal , o cônjuge do herdei ro não é herdei ro.

É i mportante expl anar os efei tos das espéci es de renúnci a a fi m de di ri mi r essa dúvi da acerca da necessi dade da autori zação conjugal . Das duas espé ci es possívei s no atu al ordenamento jurídi co, apenas u ma retroage co m efei to d e tornar o herdeiro renunci ante em não herdei ro, ou seja, aquel a pessoa n unca fôra herdei ro do autor da herança, esta é a renúnci a abdi cati va.

Na práti ca, os efei tos da renúnci a transl ati va, no ponto de vi sta do herdeiro supostamente renunci ante, pressupõe m u ma renúnci a abdi cati va, afi nal , el e receberá nada da herança, como se herdei ro nunca fosse. Embora a i dei a do herdei ro seja esta, ocorre u ma acei tação presumi da co m posteri or cessão dos di rei tos da herança, em outras pal avras, aqui o herdei ro não renunc i ou, ma s apenas deu o que l he cabi a na herança a outra pessoa.

A confusão ocorre porque, nas duas espéci es, o referi do herdei ro nada recebe. Se m contar o auto mati smo dos eventos, e m que o herdei ro acei ta a herança sem ter noção de que está acei tando, e m vi sta tratar -se de um ato co mpl exo que se concreti za no mes mo mo mento. Da mes ma for ma, se o herdei ro renunci a em favor de outro, não denunci a uma cessão, ta mbé m mascarada no ato de renúnci a. Vê - se que, se o herdei ro o faz e m favor d e tercei ro al hei o à sucess ão, fi ca sobeja mente de monstrada a cessão d e di rei tos heredi tári os, o que não ocorre quando o herdei ro cede seu quinhão a favor de outro herdei ro, o que per mi te a dúvi da.

Se apenas na renúnci a abdi cati va o herdei ro renunci a de fato, retroagi ndo seus efei tos até o mo mento da abertura da sucessão, i mpl i ca di zer que el e nunca foi herdei ro. Se nunca foi herdei ro, nenhu m di rei to co m natureza real i mobi l i ári a entrou e m seu patri môni o, e m outras pal avras, não houve aqui si ção patri moni al . Assi m, não há co mo ser necessári a a autori zação conjugal aqui .

(18)

Então, pel o caráter retroati vo da renúnci a abdi cati va, não se faz necessári a a outorga conjugal , mas, e na renúnci a transl ati va, será que ocorre o mes mo?

Enquanto, na renúnci a abdi cati va, o efei to retroage até o mo mento da abertura da sucessão; na renúnci a transl ati va há uma acei tação, não e xi sti ndo o efei to ex tu nc da renúnci a, poi s não é o caso.

Sendo assi m, ad mi te-se a entrada do di rei to no patri môni o do herdei ro, consi derado como be m i mó vel , sendo necessári a a outorga conjugal , por força do arti go 1.647 p ara que se ja possível a ces são desse di rei to. Mas, será mes mo?

O i nci so IV desse arti go traz a hi pótese da i mpossi bi li dade de fazer doação não remunera tóri a de bens co muns ou daquel es que possa m i ntegrar futura meação se m a devi da autori zação do cônjuge. A parti r del e podemos traçar u m novo ca mi nho sobre a outorga con jugal .

A renúnci a transl ati va é uma cessão de di rei tos heredi tári os que é consi derada uma doação, pel a qual co mu mente é deno mi nada de renúnci a doação.

Te mos o Agravo de Instru mento n. 0683221 -38.2013.8.13.0000, do Tri bunal de Justi ça de Mi nas Gerai s 3, que corrobora co m ess a afi rmação. Era u m caso de su cessão e m que a i nventari ante pl ei teava pel o reconheci mento da renúnci a abdicati va dos herdei ros, a qual havi a si do denegada, razão pel a qual i nterpôs agravo. O rel ator correta mente reconheceu a renúnci a transl ati va e a i nci dênci a dos tri butos ITCMD e ITBI, por tratar -se de u m ato co mp l exo co mpo sto e m acei tação e doação da herança.

Assi m sendo, a renúnci a pode desenquadrar -se da hi pótese do i nci so IV do art. 1.647, e mbora o faç a mel hor quando ocorra na for ma doação remuneratóri a; restando apenas aferi r se seri a bem co mu m ou parti cul ar, o que é de fi ni do pel o regi me de bens do casa mento.

5.1 Necessidade de outorga conjugal nos regimes de bens do casamento

Dessa for ma, o regi me de bens adota do poderá i nfl ui r na outorga conjugal sobre a renúnci a de heranç a, posto que se faz necessári a a di sti nção do s bens comuns (sobre qu ai s recai a meação) e dos bens parti cul ares, cujo o referi do arti go não faz previ são; co mo ta mbé m de ve ser fei ta a di sti nção do regramento d e ad mi ni stração e di sposi ção dos bens do casal , a fi m de encontrar -se as hi póteses em que a r enúnci a transl ati va escapará do cri vo da outorga conjugal . Assi m, se i nsurge essa questão à l uz do regra mento de cada regi me de ben s e a possí vel i nfl uênci a da uni ão estável també m na outorga conjugal .

5.1.1 Outorga con jugal sobre a renún ci a no regi me de separação total de bens

3D ispo níve l e m: < ht t ps://t j-

mg. ju sbra s il. co m. br/ jur isprude nc ia/11856 2456/agra vo -de- inst ru me nt o -cv-a i- 100240967 863710 02- mg/ int e iro -t eo r-118562499>. Ac esso e m: 10 de a go . de 2021.

(19)

O regi me de separação total de bens está previ sto no art. 1.687 do Código Civil, o qual diz que:”cada cônjuge poderá administrar excl usi va mente os seus bens, be m co mo al i ená -l os ou gravá -los”.

Observa-se que te m co mo pre mi s sa a i nc omuni cabi li dade dos bens dos cônjuges.

Em outras pal avras, os bens adqui ri dos antes e depoi s do casa mento não serão co muni cados. C ontudo, essa i ncomuni cabi li dade não é absol uta, sendo afastada quando os côn juges adqui re m conjunta mente deter mi nado be m, hi pó tese esta em que caberá i ndeni zação, sob o fundamento da proi bi ção do enri queci mento se m causa, co mo di ze m Stol ze e Pa mpl ona, 2017.

Assi m sendo, sobre a necessi dade da outorga conjugal na renúnci a transl ati va, entendemos pel a desnecessi dade dessa autori zação. Pri mei ramente, porque tai s bens não i ntegrarão meação, até porque nem haverá u ma; e, po r segundo, os cônjuges pode m ad mi ni strar e di spor l i vremente os seus bens neste regi me. Assi m, o herdei ro poderá di spor de sua herança co mo be m entender que o seu cônjuge não poderá se opor.

Outra hi pótese i nteressante é aquel a e m que se dá a apl i cação obri gatóri a deste regi me, co mo está expresso no art. 1.641, que o estabel ece quando há casa mento c ontraído co m i nobservânci a das causas suspensi vas da cel ebração do cas a mento; casa mento co m pessoa mai or de 70 (setenta) anos; e, nos caso s de necessi dade de supri mento judi ci al para casar. Trata -se do regi me de separação l egal de bens.

Para esse caso te mo s u ma deci são do STJ, no jul ga mento de e mbargos de di vergênci a no R Esp nº 1 .623.8584. No caso, constatou -s e a perti nênci a do regi me de separação obri gatóri a de bens e uma al ienação fei ta de um be m obti do na constânci a do casamento. Defi ni u - se que é possível a meação de tai s bens, mes mo que e m regi me de separação obri gatóri a de bens. Assi m, co muni ca m-se os bens obti dos co m desforço co mu m na constânci a do casa mento.

No entanto, co mo a herança não é obti da por esforço co mu m, pode si m ai nda ser afastada a outo rga con jugal , mes mo quando o regi me de separação total for i mposto por força da l ei .

5.1.2 Outorga con jugal sobre a renúnci a no regi me de co munhão uni versal de bens

O regi me de co munhão uni versal de bens, co mo seu própri o nome i ndi ca, apli ca uma co muni cação total dos bens dos cônjuges , objeti vando a uni ci dade patri moni al , a o contrári o do que faz o regi me de separação total de bens.

4D ispo níve l e m:

< ht t ps://st j. ju s bra sil.co m. br/ jur isprude nc ia/86011 2098/e mbargo s -de-

d iverge nc ia-e m-re curso -esp ec ia l- eresp-16 23858- mg-2016-02 31884-4/ int e iro - t eor-860112108 ?re f= a mp>. Ace sso e m: 26 de ju l. de 2021.

(20)

O art. 1.667 define que: “a comunicação importa a todos os bens presentes e futuros do casal, incluindo as dívidas, fora as exceções”.

Assi m, todo be m que o s côn juges tê m e os que vi rão a obter i n tegrarão o patri môni o do casal .

O arti go segui nte l i sta al guns bens excl uídos da co muni cabi li dade.

Dentre el es, i nteressa apenas aquel e prescri to no i nci so pri mei ro, que fal a que os bens doados ou herdados com cl áusul a de i ncomuni cabi li dade e os sub -rogados e m seu l ugar são e xcl uídos da co munhão.

Sabe-se que, quando há u ma renúnc i a transl ati va, se te m u ma acei tação i mpl íci ta. Assi m sendo, a herança i ntegra o patri môni o do herdei ro e, devi do a i sso, a outorga conjugal se faz necessári a nesse regi me de bens, e m que prevê -se u ma co muni cabi li dade de bens adqui ri dos durante a constânci a do casa mento.

No entanto, quando a herança é herdada com a cl áusul a de i ncomuni cabi li dade, esta permanece rá no patri môni o parti cul ar do cônjuge. Sendo assi m, caberá ai nda a outorg a conjugal ?

Para el uci dar essa questão, temo s o art. 1.670, em que estabel ece a apli cação das regras do regi me de co munhão parci al de bens sobre a admi ni stração dos bens parti culares. Cujas regras, já adi antando, defi ne a admi ni stração excl usi va e a l i vre di sposi ção de tai s bens, se assi m preferi r. Mas, co mo pode mos observar do arti go aci ma referi do, não há previ são sobre a di sposi ção desses bens pel o cônjuge.

Val e ressal tar, ta mbé m, que tal cl áusul a não é absol uta, podendo ser o be m trans mi ti do ao côn juge quando o herdei ro fal ecer. Há jul gado do STJ sobre, especi fi ca mente, no REsp 1.552.5535, o qual expl i ca qu e a cl áusul a de i ncomuni cabi li dade cessa co m a morte do herdei ro, podendo transmi ti r-se ao cônjuge. No caso, a esposa, que havi a recebi do herança com cl áusul a de i nco muni cabi li dade fal ece, e o vi úvo buscou o di rei to de ser desti natári o de tai s bens.

Então, sobre a necessi dade da outor ga con jugal nesse regi me, por força do art. 1.647 e 1.670, entende -se que é oponível na renúnci a transl ati va, devi do à fal ta de atri bui ção de capaci dade de di spor l i vremente os bens parti cul ares no regi me de co munhão uni versal de bens.

5.1.3 Outorga con jugal sobre a renúnci a no regi me de co munhão parci al de bens

A co munhão parci al de bens, por sua vez, mes cl a os doi s reg i mes anteri ores, apli cando -se um ao passado e o outro no futuro. Em tese, a co muni cabi li dade al cança apenas os bens obti dos na constânci a do casa mento, enquanto a i nco muni cabi lidade apl i ca -se apenas aos bens havi dos antes do casa mento.

5D ispo níve l e m:

< ht t ps://st j. ju s bra sil.co m. br/ jur isprude nc ia/861581 898/rec urso -esp ec ia l-re sp- 1552553-r j-2014-02 89212-8/ int e iro -t eo r-861581908 ?r e f= fe ed>. Ac esso e m:

25 de ju l. 2021.

(21)

Na mai ori a dos casos , este é o regi me apl i cado por força da di cção l egal do art. 1.640, ao esta bel ecer que este será o regi me apli cado quando os cônjuges não convenci onarem o regi me a ser adotado, ou quando a convenção for nul a ou i nefi caz.

Aqui ta mbé m se encontra m hi póteses de bens e xcl uídos da co munhão, i ncl usi ve no que tange à sucessão. É o que estabel ece o art.

1.659, que di z que os bens sobrevi ere m aos côn juge s, na constânci a do casa mento, por doação ou sucessão, e os sub -rogados em seu l ugar são excl uídos da co munhão. Se sã o excl uídos da co munhão, não i ntegram os bens co muns, sendo, port anto, bens parti cul ares, sobre os quai s não recaem a meação.

A regra do art. 1.665 do Códi go Ci vil prevê que a admi ni stração e a di sposi ção dos bens parti cul ares compete m ao côn juge propri etári o, sal vo convenção di versa em pacto ant enupci al .

Se cabe a cada côn juge ad mi ni strar e di spor os seus bens parti cul ares, não vi sl umbro a necessi dade da outorga conjugal nesse caso, sal vo se há convenção expressa no pacto nupci al sobre a i nfl uênci a do c ônjuge nos bens parti cul ares de seu parceiro(a).

Assi m, por e xpressão l egal , entendemos que não há co mo se fal ar em outorga conjugal , nem e m renúnci a transl ati va, quando o regi me for o de co munhão parci al de bens, ju sta mente por este be m não i ntegrar o pat ri môni o comu m do casal , sal vo di sposi ção em contrári o no pacto nupci al .

Para corroborar com esse entendi mento, te mos o Agravo de Instru mento n° 0708022 -73.2019.8.07.00006 do Tri bunal de Justi ça do Di stri to Federal e Terri tóri os. No caso, havi a apenas u m he rdei ro, cuja vontade era fazer u ma renúnci a translati va em favor de sua mãe, ma s foi obstado pel o seu cônjuge. Deci diu -se que a renúnci a transl ati va i ndepende de outorga uxóri a, sob o funda mento da i ncomuni cabi li dade dos di rei tos heredi tári os.

5.1.4 Outor ga conjugal sobre a renúnci a no regi me de parti ci pação final nos aquestos

Neste regi me, há ta mbé m se mel hanças co m o regi me de separação total e o regi me de co munh ão total de bens. Contudo, di fere do regi me de co munhão parci al de bens quanto aos efei tos.

Pode-se defi nir o regi me de parti cipação fi nal nos aquestos aquel e em que a separação preval e ce na constân ci a do casa mento, co m cada côn juge ad mi ni strando e xcl usi vamente os seus bens, mas, a o fi nal do regi me, enquanto di ssol ução da soci edade conjugal , ocorr e a meação sobre os bens obti dos e m co njunto pel o casal , excetuando -se, por óbvi o, aquel es bens que o cônjuge adquiri u sozi nho, dentre os quai s, por força do art. 1.674, i ncl uímos a herança. Assi m, estes bens não i ntegram a meação, escapando da previ são do art. 1.647.

6D ispo níve l e m: < ht t ps://t j-

d f. jusbr asi l. co m. br/ jur isprud e nc ia /7590 54 947/70802 2732019 8 070000 -d f- 0708022-732 019807 0000/ int e iro -t eo r-759054965>. Ace sso e m: 10 d e set . 2021.

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Se tai s bens são parti cul ares e não i ntegrarão futura meação, não será necessári a a outorga con jugal sobre el es, certo? Seri a assi m se o parágrafo úni co do art. 1.673 não fosse contrári o a esta regra. El e estabel ece que a admi ni stração dos bens que cada côn juge possuía a o casar e os por el e adqui ri dos, a qual quer títul o, na constânci a do casa mento é excl usi va de cada cônjuge, que os poderá l i vremente al ienar, se forem ben s mó vei s.

Re me mbre -se a natureza do direi to à herança, esta é consi dera da u m be m i mó vel , portanto, se faz ne ce ssári a a outorga con jugal quando o regi me de bens for o de parti ci pação fi nal nos aquestos.

Percebe-se que o objeti vo do l egi slador, ao regrar sobre esta si tuação, era proteger o patri môni o i móvel que poderi a vi r a se r meado, co m a e xcl usão daquel es que são anteri ores ao casa mento, que escapa m da mea ção. Mas, co mo o l egi sl ador não previ u a hi pótese da herança neste arti go, este acaba engl obando todo o patri môni o parti cul ar do cônjuge, que poderá dispor li vremente, se f ore m bens móvei s.

No entanto, os côn juges tê m auto no mi a não so mente para escol her qual o regi me adotado, ou até cri ar novos, mescl ando -os, co mo pode m ta mbé m defi ni r os contornos do regi me adotado, estabel ecendo cl áusul as patri moni ai s. Então, se houver deci di do, por mei o de pacto antenupci al , cl áusul a de li vre di sposi ção dos bens i móvei s parti cul ares, não se fará necessári a a outorga conjugal para atos co mo a renúnci a de herança. Essa hi pótese se coaduna apenas co m o regi me de parti ci pação fi nal nos aquestos , expl i ci tamente no art.

1.656, ao estabel ecer que nesse regi me pode -se conven ci onar a l i vre di sposi ção dos bens i móvei s, desde q ue parti cul ares.

Assi m, e m regra, faz -se necessári a a outorga conjugal na renúnci a transl ati va, sal vo a i nterposi ção de cl áusul a de li vre di sposi ção dos bens i móvei s parti cul ares, quando poderá a outorga se r di spensada.

5.1.5 Outorga conjugal sobre a renúnci a na uni ão estável

A uni ão estável é concei tuada no art. 1.723 do Códi go Ci vil que reconhece co mo enti dade fa mi l i ar aquel a que apresenta as segui ntes quali dades: convi vênci a públi ca, contínua e duradoura, al é m de objeti var a consti tui ção de famíl i a.

No entanto, o parágrafo pri mei ro deste mes mo arti go prevê i mpedi mentos absol utos à uni ão estável naquel es casos de i mpedi mentos matri moni ai s. Ou seja, não será reconheci da a uni ão estável dos ascendentes com os desc endentes; dos afi ns em l i nha reta;

do adotante co m que m foi côn juge do adotado e o adotado co m que m o foi do adotante; dos i rmãos, uni l aterai s ou bil aterai s, e demai s col aterai s, até o tercei ro grau i ncl usi ve; do adotado com o fi l ho do adotante; e do cônjuge sobrevi vente co m o condenado por homi cídi o ou tentati va de homi cídi o contra o seu consorte. Em caso s se mel hantes a estes, a uni ão estável não será reconheci da.

Sobre as causas suspensi vas do ca sa mento, cu ja sanção é a apli cação do regi me de separação obri gatóri a de bens, estas não

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i mpede m a caracteri zação da uni ão estável . É o que estabel ece o parágrafo segundo do me s mo arti go.

Sobre o regi me cabível à uni ão estável , é apli cado o regi me de co munhão parci al de bens no que couber, por força do art. 1.725.

O que pode si gni fi car a apli cação das regras de ad mi ni stração da co munhão parci al de bens, em que prevê -se a necessi dade de outorga conjugal para os atos de al i enação e d i sposi ção dos bens comuns.

No entanto, a doutri na e a juri sprudênci a são convi ctas e m defi ni r a ausênci a de obri gatori edade de outorga conjugal mes mo para os bens co muns da uni ão estável . Isso decorre da fal ta de publi ci dade da uni ão estável que, comu mente , não é l evada a regi stro a sua si tuação e ta mpouco, através del a, al tera -se o estado ci vi l do casal , tornando di fi cíli mo u m tercei ro to mar conheci mento da uni ão, agi ndo de boa -fé na mai ori a dos casos de al i enação de tai s bens comuns. Assi m sendo , e m vi rtu de da segurança contratual , n ão ad mi te -se a anul ação do ato, cabendo ao parcei ro(a) pedi r indeni zação para preveni r o enri queci mento i l íci to.

Então, e m tese, não se faz necessári a a outorga conjugal para os bens co muns da uni ão estável , o que di rá de renún ci a transl ati va de herança, be m parti cul ar do consorte?

6 CONCLUSÃO

Em su ma, percebe -se que a outorga conjugal não é necessári a para todos os atos de renúnci a, sendo apli cável apenas quando tratar - se de renúnci a transl ati va. Essa di ferença decorre do efe i to retroati vo da renúnci a, que é veri fi cada apenas quando se é abdi cati va.

Le mbrando -se que ni nguém pode ser obri gado a ser herdeiro se assi m não qui ser.

Na renúnci a transl ati va ocorre uma ac ei tação presumi da, afi nal , o herdei ro está ali enando, e não renu nci ando, o que não i mpede a entrada da herança em seu patri môni o co mo se nunca fosse herdei ro.

Co m a entrada, defi ne -se a necessidade da outorga conjugal apenas na renúnci a transl ati va.

No entanto, ai nda não é l i vre a outorga con jugal e m todo caso de renúnci a transl ati va, posto que o regime de bens pode i nfl ui r no di rei to de ad mi ni stração e di sposi ção dos bens do casal , seja m el es co mun s ou parti cul ares.

Assi m, aferi mos que a outorga con ju gal em renúnci a transl ati va apenas será e xi gível nas hi póteses d e regi me de co munhão uni versal de bens e no regi me de parti cipação fi nal nos aquestos, por fal tar e m u m a capaci dade de di sposi ção dos bens parti cul ares e, no outro, fal tar a capaci dade de di sposi ção dos bens i móvei s. Poré m, vai depender ta mbé m da e xi stênc i a de cl áusul as especi ai s e do regramento convenci onado no pacto nupci al a defi nir a capaci dade dos nubentes sobre os bens parti cul ares.

Percebe-se que a l egi sl ação brasi l ei ra respei ta a vontade do cônjuge sobre os seus bens parti cul ares, pel os quai s caber á ad mi ni stração excl usi va del e, mas, a l i vre di sposi ção não ocorre em todos os casos, onde será e xi gi da outorga conjugal i ncl usi ve nos bens

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parti cul ares, confi gurando uma e xceçã o à regra de ser oponível apenas nos bens co muns, o que vai depender, co mo já o bservado, dos contornos nupci ai s defi ni dos.

Por fi m, da práti ca de qual quer renúnci a, faz -se necessári a a presença do côn juge ato de l avratura da escri tura públi ca de i nventári o e parti l ha, para que se mostre ci ente da si tuação, mes mo que não se ja caso de outorga conjugal , cumpri ndo o que prevê a Resol ução N° 35 do CNJ.

Mes mo que o te ma possa ser abordado co m mai s profundi dade, nossa i ntenção, com o presente arti go, é a de ter ofertado um ca mpo de vi são mai s abrangente e i nterligado a questões heredi tári as e conjugai s.

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AG R AD EC IMENT OS

A Deus, pel a sorte de ter chega do até aqui . Não teri a consegui do sem a Sua per mi ssão.

À mi nha fa míl i a, pel o apoi o e compre ensão nos mo mento s e m que eu preci sava de sil ênci o.

À mi nha namorada, pel a sua col aboração e i ncenti vo. Suas correções ortográfi cas me ajudara m bastante e o seu dedo está neste trabal ho.

Ao Mestre Mári o Vi níci us Carnei ro Medei ros, pel a sua atenção e di sponi bil i dade, e por ter me gui ado ao l ongo desta ori entação.

Se m el e o meu trabal ho não teri a vali a al guma.

A todas as pessoas que conheci neste ca mpus. Foi u ma experi ênci a úni ca que ja mai s esquecerei .

Referências

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