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Direito tributário. Prof Irapuã Beltrão

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Direito tributário

Prof Irapuã Beltrão

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ATIVIDADE FINANCEIRA EVOLU ÇÃ O HIST Ó RICA

Parasitária: Mundo Antigo - era obtida por extorsão, pilhagens, saques, exploração do povo inimigo vencido

Dominical: Período Medieval. Exploração de bens do patrimônio, como imóveis, indústrias .

Regaliana: Exploração de direitos ou privilégios reconhecidos aos reis, príncipes etc - pedágio, direitos dobre rios, portos e minas.

Tributária: Decorrente de imposição coercitiva.

Social :Tributo com finalidades extrafiscal.

2

(3)

• A palavra OBRIGAÇÃO significa um comportamento esperado

• OBRIGAÇÃO

• A relação jurídica tributária é obrigacional – Sujeito Ativo: Estado

– Sujeito Passivo: contribuinte ou responsável

– Objeto: comportamento exigido em decorrência de lei

DAR FAZER

NÃO FAZER

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Obrigação Tributária

É a relação jurídica que tem por objeto uma prestação, positiva ou negativa, prevista na legislação tributária (Leis, Decretos...), a cargo de um particular e a favor do Estado, traduzida em pagar tributo ou penalidade OU em fazer alguma coisa no interesse do Fisco ou ainda em abster-se de praticar determinado ato, nos termos da lei.

4

(5)

Obrigação Tributária

Nasce com a ocorrência do fato gerador previsto na norma.

Principal: Pagar tributo ou penalidade pecuniária

(multa). Ex.: Pagar IR, IPTU, ICMS, contribuições,

etc...

(6)

Obrigação Tributária

Nasce com a ocorrência do fato gerador previsto na norma.

Acessória: Fazer, não fazer ou tolerar, em favor da

Administração Tributária. Ex.: declarar IR, ITR, emitir notas

fiscais, fazer e manter escrituração fiscal, etc...

(7)

ESTRUTURA DAS OBRIGAÇÕES

PRINCIPAL Art. 113,§1° CTN

Obrigação de dar (pecuniária) Objeto => pagamento

Reserva legal absoluta

ACESSÓRIAS Art. 113, §2° CTN

Deveres instrumentais

Prestações de fazer (positiva) e não fazer (negativa)

Previsão - legislação

7

(8)

Obrigação Tributária Acessória

-Obrigação acessória positiva: emissão de notas fiscais, entrega de declaração (imposto de renda ou outros), inscrição no cadastro de contribuintes, etc.

-Obrigação acessória negativa: não rasurar, não transportar

mercadoria sem nota fiscal ou documentação inidônea, não

receber produtos cuja procedência não possa ser comprovada,

tolerar a ação da fiscalização no seu estabelecimento. etc.

(9)

Motivos das obrigações acessórias → fiscalização (controle, verificação, etc.): art. 194, parágrafo único

Possibilidade de existência de uma obrigação sem a imposição da outra

Art. 151, parágrafo único; e art. 175, parágrafo único

Relevância para incidência das limitações ao poder de tributar

AUTONOMIA ENTRE AS OBRIGAÇÕES

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PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.

ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. OPERAÇÃO INTERESTADUAL DE DESLOCAMENTO DE BENS DO ATIVO PERMANENTE OU DE USO E CONSUMO ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. HIGIDEZ DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CONSISTENTE NA EXIGÊNCIA DE NOTA FISCAL DOS BENS. IRRELEVÂNCIA INEXISTÊNCIA, EM TESE, DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL (NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS). FATOR VIABILIZADOR DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. ARTIGOS 175, PARÁGRAFO ÚNICO, E 194, DO CTN.

ACÓRDÃO FUNDADO EM LEI LOCAL. CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO ESPECIAL (...)

STJ – REsp 1116792 , rel. Min. Luiz Fux, 1ª seção j. em 24.11.2010

(11)

1. O ente federado legiferante pode instituir dever instrumental a ser observado pelas pessoas físicas ou jurídicas, a fim de viabilizar o exercício do poder-dever fiscalizador da Administração Tributária, ainda que o sujeito passivo da aludida

"obrigação acessória" não seja contribuinte do tributo ou que inexistente, em tese, hipótese de incidência tributária, desde que observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade ínsitos no ordenamento jurídico.

2. A relação jurídica tributária refere-se não só à obrigação tributária stricto sensu (obrigação tributária principal), como ao conjunto de deveres instrumentais (desprovidos do timbre da patrimonialidade), que a viabilizam. (...)

STJ – REsp 1116792 , rel. Min. Luiz Fux, 1ª seção j. em 24.11.2010

(12)

Exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade tributária. Essa a conclusão da 1ª Turma ao negar provimento a recurso extraordinário no qual o recorrente alegava que, por não ser contribuinte do tributo, não lhe caberia o cumprimento de obrigação acessória de manter livro de registro do ISS e autorização para a emissão de notas fiscais de prestação de serviços. (...). O Min. Luiz Fux explicitou que, no Direito Tributário, inexistiria a vinculação de o acessório seguir o principal, porquanto haveria obrigações acessórias autônomas e obrigação principal tributária. Reajustou o voto o Min. Marco Aurélio, relator.

STF – RE 250.844, rel.Min. Marco Aurélio, j. em 29.5.2012

(13)

obrigações acessórias positivas → dever de contabilização para o caso de apuração de tributos dependentes de elementos dinâmicos

Caso existente a vinculação, necessidade de atenção aos determinantes da irretroatividade

RELAÇÃO ENTRE AS OBRIGAÇÕES

(14)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. IN/SRF 20/90. INAPLICABILIDADE AO ANO-BASE 1989. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO-DEMONSTRAÇÃO. 1. Considerando que a Instrução Normativa 20/90, da Secretaria da Receita Federal, foi editada depois da ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda referente ao ano-base de 1989, não há falar em sua aplicação retroativa, razão pela qual é aplicável ao exercício de 1990 a Instrução Normativa 198/88.

Precedentes da Primeira Seção: EREsp 326.810/DF, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 4.10.2004; EREsp 327.683/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 27.9.2004.

STJ – AgRg no Ag 789536, rel.Min. Denise Arruda, j. em 13.7.2007

(15)

TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 20/90. APLICAÇÃO RETROATIVA.

IMPOSSIBILIDADE. 1. O regime jurídico da lei tributária e sua eficácia temporal encarta-se na regra mater de que a legislação tributária, conceito mais amplo do que lei fiscal, aplica-se aos fatos geradores futuros e pendentes, nunca pretéritos (art. 105 do CTN). Em consequência, há retroação apenas da lex mitior, naquelas hipóteses legalmente previstas (...)

O fato gerador do imposto de renda é complexivo, e se consumou ao final do ano-base de 1989. Não se pode admitir que a Instrução Normativa n. 20, de 21 de fevereiro de 1990, retroaja para impor gravame ao contribuinte. Se existia critério para apuração do lucro de exploração em 31.12.1989, este deverá prevalecer, já que o lançamento do imposto remete-se à legislação vigente quando da ocorrência do fato gerador, nos termos do artigo 144 do CTN.“ (....)

STJ – EREsp 326810, rel. Min. Luiz Fux, 1ª seção, j. em 25.8.2004

(16)

Obrigação Tributária

A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (CTN, art. 113, §3º).

obrigações acessórias descumpridas → MULTA.

(17)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DIF - PAPEL IMUNE. NÃO-APRESENTAÇÃO NO PRAZO LEGAL. PENALIDADES. IN/SRF N.

71/2007. ART. 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158/2001. (...)

4. A legislação tributária não deixa dúvidas de que a Fundação recorrente estava obrigada à apresentação da "DIF-Papel Imune", independentemente de qualquer notificação por parte da Receita Federal, sob pena de sujeitar-se à aplicação da penalidade pecuniária. Assim, ao descumprir a referida obrigação acessória, a recorrente ficou à mercê das sanções dispostas no art. 57 da MP 2.158-34/2001.

(...)

7. A literal redação dos dispositivos legais de regência não deixa dúvida de que a entrega da declaração deve se dar a cada trimestre (art. 11 da IN/SRF n. 71/2007) e que a multa pelo inadimplemento desse dever há de ser aplicada a cada mês de atraso na sua apresentação (art. 57, I, da MP n. 2.158-34/2001).

(STJ – REsp 1222143, rel. Min. Herman Benjamin, j. em 22.2.2011)

(18)

Obrigação Tributária

ELEMENTOS

a) sujeito ativo, a pessoa jurídica de direito público competente para exigir o cumprimento dos tributos; o sujeito ativo da obrigação tributária é sempre o Estado.

b) sujeito passivo, a pessoa obrigada ao cumprimento da prestação tributária;

c) causa, a lei, em razão do princípio da legalidade tributária;

d) objeto, o cumprimento de uma prestação positiva ou

negativa determinada pela lei.

(19)

Fato Gerador

(20)

Fato Gerador

Sua hipótese é prevista na norma jurídica tributária.

Tanto obrigações acessórias quanto principais

nascem no momento da ocorrência do fato gerador.

(21)

Fato Gerador – obrigação acessória

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer

situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a

prática ou a abstenção de ato que não configure

obrigação principal.

(22)

Fato Gerador – obrigação principal

Art. 113 § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida

em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

(23)

O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL LEGALIDADE + TIPICIDADE

“por força do princípio da legalidade estrita, corolário da tipicidade fechada, própria do Direito Tributário, apenas a lei em sentido formal pode estabelecer os elementos estruturais ou essenciais dos tributos, com exceção dos casos previstos expressamente no próprio CTN”.

(STJ – 2 ª Turma, REsp 1110315, rel. Min. Eliana Calmon, j. em

26.8.2010, DJe 27.4.2011)

(24)

O Fato Gerador no CTN

LEI

OCORRÊNCIA HIPÓTESE DE OBRIGAÇÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

(25)

O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL

Previsão legal: art. 114, CTN

O fato gerador possui dois significados:

Hipótese de incidência: descrição legal do fato que, uma vez ocorrido, dará nascimento à obrigação tributária

Fato jurídico-tributário: ocorrência efetiva do fato descrito na lei tributária

(26)

O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL

I. aspecto material: descrição da situação geradora da obrigação tributária;

II. aspecto espacial: onde a ocorrência da situação geradora da obrigação tributária será relevante;

III. aspecto temporal: quando se deve considerar ocorrida a situação geradora da obrigação tributária;

IV. aspecto pessoal: quem está obrigado ao pagamento (sujeito passivo), e em favor de quem (sujeito ativo);

V. aspecto quantitativo: qual o montante devido da obrigação tributária.

26

(27)

Elementos

• Elemento Material – Núcleo – Art. 4° CTN

• Elemento Subjetivo – Sujeitos Ativo e Passivo

• Elemento Espacial – Local em que ocorre o FG

• Elemento Temporal – Momento do FG

• Elemento Quantitativo – Base de Cálculo e Alíquota

(28)

Imposto de Importação

Aspecto temporal

A legislação específica considera como fato gerador do imposto de importação a data do registro, na repartição aduaneira, da Declaração de Importação.

D. L. 37, Art. 23 - Quando se tratar de mercadoria

despachada para consumo, considera-se

ocorrido o fato gerador na data do registro, na

repartição aduaneira, da declaração a que se

refere o artigo 44.

(29)

Aspecto temporal...

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALÍQUOTA.

FATO GERADOR. C.F., art. 150, III, a. I. - Fato gerador do imposto de importação de mercadoria despachada para consumo considera-se ocorrido na data do registro na repartição aduaneira competente, da declaração apresentada pelo importador (art. 23 do Decreto-lei 37/66). II.

- O que a Constituição exige, no art. 150, III, a, é que a lei que institua ou majore tributos seja anterior ao fato gerador. No caso, o decreto que alterou as alíquotas é anterior ao fato gerador do imposto de importação.

(STF, AI 420.993, 2ª turma, rel. Min. Carlos Velloso, j. em 31.05.2005, DJ 01.07.2005)

(30)

Imposto de Importação

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.

IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO.

FATO GERADOR. PRECEDENTES DESTA CORTE.

1. O fato gerador do imposto de importação ocorre no momento do desembaraço aduaneiro.

2. Agravo regimental não provido.

(STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1439411, 2 ª turma, rel. Min.

Mauro C. Marques, j. em 12.8.2014, DJ 19.8.2014)

(31)

ELEMENTOS DO FATO GERADOR

(...) 4. O fato gerador do IPI não é a saída do produto do estabelecimento industrial ou a ele equiparado. Esse é apenas o momento temporal da hipótese de incidência, cujo aspecto material consiste na realização de operações que transfiram a propriedade ou posse de produtos industrializados.

5. Não se pode confundir o momento temporal do fato gerador com o próprio fato gerador, que consiste na realização de operações que transfiram a propriedade ou posse de produtos industrializados. (...) (STJ REsp 1203236, rel.Min. Herman Benjamim, j.em 21.6.2012)

31

(32)

O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL: CLASSIFICAÇÕES

Instantâneos ou simples: são os que ocorrem num determinado momento, preciso e determinado. Não há para eles a possibilidade de iniciarem-se numa época e terminarem noutra.

São exemplos clássicos desses fatos geradores os do ICMS e do IPI, caracterizados pela saída de mercadorias. Cada saída representará a ocorrência de um fato gerador distinto e, se considerarmos períodos de tempo (um mês, por exemplo), teremos a ocorrência de inúmeros fatos geradores, correspondentes a cada uma das saídas promovidas.

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(33)

O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL:

CLASSIFICAÇÕES

O fato gerador continuado: por sua vez, escapa deste elemento temporal mais determinado, prolongam-se de modo continuo no tempo, como é o caso dos fatos geradores dos impostos sobre a propriedade, por exemplo, o ITR e o IPTU.

Solução legislativa: “O imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano” (Art. 1º da Lei 9.393/96)

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(34)

O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL:

CLASSIFICAÇÕES

fatos geradores complexos ou complexivos, sendo empregada tal denominação para aqueles cujo processo de formação tivesse implemento com o transcurso de unidades sucessivas de tempo, de maneira que, pela integração dos vários fatores, surgiria o fato final.

O exemplo clássico deste é o Imposto de Renda e algumas contribuições incidentes sobre o lucro ou o faturamento.

UM ÚNICO FATO GERADOR QUE SE PROLONGA NO TEMPO

(35)

Fato Gerador

LEI OCORRÊNCIA

HIPÓTESE DE OBRIGAÇÃO

INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

Art. 114 Art. 113, §1º

(36)

FATO GERADOR : Momento da Ocorrência A lei costuma definir, mas se não o fizer:

Situação jurídica: constituição definitiva, conforme direito aplicável.

Situação de fato: circunstâncias materiais necessárias

à produção dos efeitos próprios.

(37)

(...) 3. O fato gerador do imposto de renda não é uma situação jurídica (art. 116, II, do CTN), uma vez que "aquisição de renda" não é um fenômeno qualificado por outro ramo do Direito no qual o Tributário estaria a buscar emprestada sua conceituação, como ocorre na "aquisição de propriedade imóvel" (art. 1.245 do Código Civil). 4. Tratando-se de situação de fato (art. 116, I, do CTN), a obrigação tributária surge no momento em que verificadas as circunstâncias materiais necessárias para que produza efeitos, o que não ocorreu no caso dos autos, uma vez que o objeto do contrato não foi concretizado conforme estipulado. (...)

(STJ REsp 1069372, rel. Min. Castro Meira, j. em 07.10.2008)

(38)

FATO GERADOR : Momento da Ocorrência A lei costuma definir, mas se não o fizer:

Negócios Jurídicos Condicionais:

a) Implemento da condição, se for suspensiva;

b) celebração do negócio (ou ato) se for resolutória.

(39)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. IPI.

FATO GERADOR. MOMENTO TEMPORAL FURTO/ROUBO.TRADIÇÃO. CONDIÇÃO RESOLUTÓRIA. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA SUBJETIVA. EXAÇÃO INDEVIDA.

1. A empresa ajuizou Ação Ordinária com o intuito de anular lançamentos de IPI sobre mercadorias (cigarros) destinadas à exportação que foram furtadas. O Juízo de 1º grau julgou improcedente o pedido, tendo sido mantida a sentença pelo Tribunal Regional Federal 2. (...) 3. Em relação ao mérito, esta Turma se posicionara inicialmente no sentido de que "o roubo ou furto de mercadorias é risco inerente à atividade do industrial produtor. Se roubados os produtos depois da saída (implementação do fato gerador do IPI), deve haver a tributação, não tendo aplicação o disposto no art. 174, V, do RIPI-98". (REsp 734.403/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6.10.2010). (...) 4. O fato gerador do IPI não é a saída do produto do estabelecimento industrial ou a ele equiparado. Esse é apenas o momento temporal da hipótese de incidência, cujo aspecto material consiste na realização de operações que transfiram a propriedade ou posse de produtos industrializados. 5. Não se pode confundir o momento temporal do fato gerador com o próprio fato gerador, que consiste na realização de operações que transfiram a propriedade ou posse de produtos industrializados.

(40)

6. A antecipação do elemento temporal criada por ficção legal não torna definitiva a ocorrência do fato gerador, que é presumida e pode ser contraposta em caso de furto, roubo, perecimento da coisa ou desistência do comprador.

7. A obrigação tributária nascida com a saída do produto do estabelecimento industrial para entrega futura ao comprador, portanto, com tradição diferida no tempo, está sujeita a condição resolutória, não sendo definitiva nos termos dos arts.

116, II, e 117 do CTN. Não há razão para tratar, de forma diferenciada, a desistência do comprador e o furto ou o roubo da mercadoria, dado que em todos eles a realização do negócio jurídico base foi frustrada.

(41)

8. O furto ou o roubo de mercadoria, segundo o art. 174, V, do Regulamento do IPI, impõem o estorno do crédito de entrada relativo aos insumos, o que leva à conclusão de que não existe o débito de saída em respeito ao princípio constitucional da não cumulatividade. Do contrário, além da perda da mercadoria - e do preço ajustado para a operação mercantil -, estará o vendedor obrigado a pagar o imposto e a anular o crédito pelas entradas já lançadona escrita fiscal.

9. Desarrazoado entender que a parte que tem a mercadoria roubada deva suportar prejuízo decorrente de déficit da segurança pública que deveria ser oferecida pelo Estado, e recolher o tributo como se obtivesse proveito econômico com a operação. Quando proveito econômico, não se recolhe tributo. Quandonão há, o pagamento é indevido? Tratar-se-ia de afirmaçãokafkiana.

10. O furto de mercadorias antes da entrega ao comprador faz desaparecer a grandeza econômica sobre a qual deve incidir o tributo. Em outras palavras, não se concretizando o negócio jurídico, por furto ou roubo da mercadoria negociada, já não se avista o elemento signo de capacidade contributiva, de modo que o ônus tributário será absorvido não pela riqueza advinda da própria operação tributada, mas pelo patrimônio e por rendas outras do contribuinte que não se relacionam especificamente com o negócio jurídico que deu causa à tributação, em clara ofensa ao princípio do não confisco.

(REsp 1203236/RJ, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, 2ªt., j. em 21/06/2012)

(42)

Evasão e Elisão

Elisão Fiscal

É a economia tributária resultante da adoção da alternativa legal menos onerosa ou de lacuna da lei. Esta é legítima e lícita.

Evasão Fiscal

Consiste em prática contrária à lei. Geralmente é

cometida após a ocorrência do fato gerador da obrigação

tributária, objetivando reduzi-la ou oculta-la.

(43)

Elisão Evasão Elusão

Elisão: Lícita. Planejamento Tributário. Normalmente ocorre antes do fato gerador. Exceção: a opção pelo tipo de declaração do IR. É elisão (economia de imposto) após a ocorrência do Fato Gerador.

Evasão: Ilícita. Utilização de meios ilícitos para fugir à tributação.

Normalmente ocorre após o fato gerador. Exceção: fraude na emissão de nota fiscal. É evasão antes do fato gerador.

Elusão: Aparentemente lícita, porém com abuso de forma jurídica.

Simulação. Exemplo: Imunidade do art. 156, 2º, I (ITBI na incorporação de imóvel para fins de integralizar capital social de empresa). Parte da doutrina condena, classificando com “elisão ineficaz” que poderia ser tributada pela Fazenda.

(44)

STF - Elusão

AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE

AGDO.(A/S) : MERKATO ADMINISTRADORA DE RISCOS E NEGÓCIO Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2.

Tributário. ITBI. Imunidade. Art. 156, § 2º, I, da Constituição Federal.

3. Controvérsia que depende do reexame do conjunto fático- probatório. Incidência do Enunciado 279 da Súmula do STF. 4.

Interpretação da legislação infraconstitucional. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.

ARE 731022 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma Public. 01-10-2013

(45)

STF - Elusão

AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER VIVOS A QUALQUER TÍTULO DE BENS IMÓVEIS E DE DIREITOS REAIS SOBRE IMÓVEIS.

IMUNIDADE. TRANSFERÊNCIA DE BENS PARA INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL DE PESSOA JURÍDICA. SUPOSTA AUSÊNCIA DE ATIVIDADE ECONÔMICA. EFEITOS.

NECESSIDADE DE REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. ART. 156, II DA CONSTITUIÇÃO Nos termos da Constituição e da legislação de regência, as autoridades fiscais não podem partir de presunções inadmissíveis em matéria tributária, nem impor ao contribuinte dever probatório inexequível, demasiadamente oneroso ou desnecessário. As mesmas balizas são aplicáveis ao controle jurisdicional do crédito tributário. Para reverter as conclusões a que chegou o Tribunal de origem acerca da invalidade de cobrança do ITBI, seria necessário reabrir a instrução probatória, com o objetivo de apurar a suposta falta de atividade econômica da pessoa jurídica que recebeu os bens, bem como para confirmar o intuito de desviar ilicitamente a finalidade da proteção constitucional (Súmula 279/STF). Agravo regimental ao qual se nega provimento.

ARE 660434 AgR, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, 2ª.t , j. 06/03/2012

(46)

Elisão tributária

Norma antielisiva: A autoridade administrativa poderá

desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com

a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do

tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da

obrigação tributária, observados os procedimentos a

serem estabelecidos em lei ordinária. (CTN, art. 116, §

único).

(47)

➢ Maior parte da doutrina entende que, a rigor, a Lei Complementar nº 104/2001 introduziu norma antievasiva (norma contra a simulação relativa)

➢ Ainda pende de regulamentação e não pode ser aplicada (precedentes do Conselho de Contribuintes/Carf)

➢ Tentativa de regulamentação com a Medida Provisória 66/2002 (não prosperou)

Diferenciou antielisãode outras patologias(simulação,fraude, etc.)

Instituiu abuso de forma e falta de propósito negocial

Penalidades para pagamentoespontâneo

Norma Geral “ANTIELISIVA”

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Princípio do “Non Olet”:

A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se (art. 118):

1. Da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos.

(CTN, art. 118, I).

2. Dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. (CTN,

art. 118, II).

(49)

Princípio do “Non Olet”

Jogo do Bicho. Possibilidade jurídica de tributação sobre

valores oriundos de prática ou atividade ilícita. Princípio do

Direito Tributário do non olet. [...] A jurisprudência da Corte, à

luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou

entendimento de ser possível a tributação de renda obtida

em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do

fato gerador é interpretada com abstração da validade

jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da

natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non

olet (STF – 1ª Turma, HC 94.240, rel. Min. Dias Toffoli, j. em

23.8.2011, DJE 11.10.2011).

(50)

Princípio do “Non Olet”

EMENTA: Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa:

"non olet". Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da moralidade - constitui violação do princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. (STF - HC 77530, 1ª. Turma, rel.

Min. Sepulveda Pertence, j. em 25.8.1998)

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