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A Contribuição das SmartCities para a Sustentabilidade de uma Região: Concelho de Oeiras

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Academic year: 2023

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Atlântica Escola Universitária de Ciências, Empresas, Saúde, Tecnologias e Engenharia

Mestrado em Gestão

A Contribuição das SmartCities para a Sustentabilidade de uma Região:

Concelho de Oeiras

Projeto Final de Mestrado

Elaborado por: Patrik da Silva Gaspar Aluno nº 201528305

Orientador: Professor Doutor Georg Dutschke Barcarena

Setembro 2017

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Universidade Atlântica Mestrado em Gestão

A Contribuição das SmartCities para a Sustentabilidade de uma Região:

Concelho de Oeiras

Projeto Final de Mestrado

Elaborado por Patrik Da Silva Gaspar Aluno nº 201528305

Orientador: Professor Doutor Georg Dutschke

Barcarena Setembro 2017

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O autor é o único responsável pelas ideias expressas neste relatório

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A elaboração deste trabalho não seria possível sem a colaboração, estímulo e empenho de diversas pessoas. Gostaria de expressar toda minha gratidão a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para que esta tarefa se tornasse uma realidade A todos quero manifestar os meus sinceros agradecimentos. Gostaria de agradecer em primeiro lugar a Deus por ter-me dado saúde e força para superar as dificuldades.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional, a esta universidade e ao seu corpo de docente, direção e administração pela confiança no mérito e ética aqui presente.

E por ultimo o meu orientador e coordenador do curso de gestão, Professor Georg Dutschke, através do seu apoio incondicional que me ofereceu, sem o qual não seria possível a realização desta dissertação.

Referência a apoio institucional ou financeiro (quando aplicável)

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A Contribuição das SmartCities para a Sustentabilidade de uma Região: Concelho de Oeiras

O objetivo final de uma “SmartCity” é melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, assegurando o crescimento económico sustentável. A sustentabilidade da economia, da sociedade e do ambiente dependem desta visão. Aqui, o desígnio é o da construção de um meio urbano otimizado para o cidadão. O conhecimento, a informação e a gestão desses fluxos são a alavanca. O desafio é combinar a ambição da administração pública com soluções tecnológicas e sistemas inteligentes. O objetivo é construir soluções eficientes e úteis nos domínios da educação, da saúde, do ambiente, da gestão dos nossos recursos (água e energia) e dos sistemas de mobilidade e tratamento de resíduos.

Nesta vertente se desenvolve a presente tese, respondendo à pergunta de partida: no sentido de aumentar a sua performance, como se pode melhorar a vertente ambiental de smartcity no concelho de Oeiras? Pretende-se assim, que este trabalho contribua para criar um créscimo de valor ao Concelho de Oeiras, de forma a subir os seus indicadores de smartcity e assim como melhorar a vida dos seus munícipes. A estrutura do trabalho inicia-se por uma revisão bibliográfica, seguida da apresentação de casos concretos de cidades inteligentes, em que cada cidade se especializou numa determinada vertente (mobilidade, energia, etc.), seguido do caso de estudo aplicado ao Concelho de Oeiras.

A metodologia seguida passa pela recolha de dados secundários para as diferentes cidades, e de dados primários para o caso de estudo de Oeiras. Numa fase subsequente os dados recolhidos são alvo de análise e aplicadas ao caso concreto de Oeiras, emitindo desta forma algumas recomendações.

Apesar do concelho de Oeiras apresentar índices de desenvolvimento acima da média nacional, devido essencialmente à pressão imobiliária e demográfica verificada nas últimas décadas, torna-se vital um planeamento integrado do desenvolvimento económico e social da região com a parte ambiental, onde os corredores verdes assumem uma importância basilar, podendo inclusive constituir uma fonte de competitividade do município.

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Palavras-chave: SmartCities, Sustentabilidade, Oeiras

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The Smart Cities Contribution to the Sustainability of a Region: Municipality of Oeiras

The ultimate goal of a Smart City is to improve the quality of life of its citizens by ensuring sustainable economic growth. The sustainability of the economy, society and the environment depends on this vision. Here, the design is the construction of an urban environment optimized for the citizen. Knowledge, information and management of these flows are the lever. The challenge is to combine the ambition of the public administration with technological solutions and intelligent systems. The objective is to build efficient and useful solutions in the fields of education, health, the environment, management of our resources (water and energy) and waste mobility and treatment systems.

In this theme, we develop the present thesis, answering the start question: in order to increase its performance, how can we improve the environmental aspect of smart city in the municipality of Oeiras? It is intended that this work contributes to create a value increase to the Municipality of Oeiras, in order to raise its smart city indicators and improve the lives of its residents.The work structure starts with a bibliographical review, followed by the presentation of concrete intelligent citiescases, in which each city specialized in a particular area (mobility, energy, etc.), followed by the case study applied to the Municipality of Oeiras. The followed methodology includes the collection of secondary data for the different cities, and primary data for the Oeiras case study. In a subsequent phase, the data collected are analyzed and applied to the specific case of Oeiras, thus issuing some recommendations.

Although the municipality of Oeiras presents development indexes above the national average, due mainly to the real estate and demographic pressure verified in the last decades, it becomes vital an integrated planning of the economic and social development of the region with the environmental part, where the green ways assume importance, and may even constitute a source of competitiveness for the municipality.

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Keywords: Smart Cities, Sustainability,

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Índice

Introdução ... 1

Capitulo I – Revisão Bibliográfica ... 2

1.1. As Cidades Inteligentes ... 2

1.1.1 Conceito ... 3

1.1.2 Tendências ... 6

1.1.3 Índice de Cidade Inteligente ... 7

1.1.4 Cidades Inteligentes em Portugal ... 11

1.1.4.1. Portugal - Cidades Sustentáveis 2020 ... 15

1.1.4.2. Índice de Cidades Inteligentes Portugal ... 32

1.2. Cidades Exemplo ... 35

1.2.1. Santander (Espanha) ... 35

1.2.2. Amsterdão (Holanda) ... 36

1.2.3. Masdar (Emirados Árabes Unidos) ... 37

1.2.4. Songdo (Coreia do Sul) ... 38

1.2.5. Vancouver (Canada) ... 39

1.3. Síntese ... 40

Capitulo II - Perguntas de Investigação ... 41

Capitulo III – Metodologia ... 42

3.1 Procedimentos e desenho da investigação ... 43

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3.1.2 Estratégia Estudo de Caso ... 47

3.2 Método de Recolha e Análise de Dados ... 49

Capitulo IV – Analise de Resultados ... 51

4.1 O Contexto Territorial de Oeiras: Apresentação do Concelho e da Estrutura Verde 51 4.2. Iniciativas em prática em Oeiras enquadrados nos Eixos Estratégicos ... 61

4.2.1. Eixo 1 - Inteligência & Competitividade ... 61

4.2.2. Eixo 2 - Sustentabilidade & Eficiência ... 62

4.2.3. Eixo 3 - Inclusão & Capital Humano ... 65

4.2.4. Eixo 4 - Territorialização & Governança ... 69

4.5 Sugestões de Melhoria: Oeiras – Smart City ... 72

Capitulo V – Conclusões, Contribuições, Limitações e Sugestão para Futura Investigação ... 77

5.1. Contribuições ... 80

5.2. Limitações ... 80

5.3. Sugestão para Futura Investigação ... 80

Bibliografia ... 82

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Índice de figuras

Ilustração 1 - Dimensões e Sub-dimensões do Índice de Cidades Inteligentes 2020 ... 10

Ilustração 2 - Dimensão Sustentabilidade - Indicadores - Índice de Cidades Inteligentes 2020 ... 11

Ilustração 3 - Princípios Orientadores - Cidades Sustentáveis 2020 ... 16

Ilustração 4 - Cidades Sustentáveis 2020 ... 18

Ilustração 5 – Princípios Orientadores - Cidades Sustentáveis 2020 ... 21

Ilustração 6 – Eixos Estratégicos Cidades Sustentáveis 2020 ... 23

Ilustração 7- Smart Cities Index - Posicionamento por Critérios ... 33

Ilustração 8 - Ortofotomapa do concelho de Oeiras (1997) ... 54

Ilustração 9 - Ortofotomapa do concelho de Oeiras (2010) ... 55

Ilustração 10 - Sentido do processo de expansão territorial em Oeiras, entre 1997 e 2010 ... 56

Ilustração 11 - Tipologias de Povoamento presentes no concelho de Oeiras 2015 ... 58

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Situações Relevantes para Diferentes Estratégias de Investigação ... 46

Tabela 2 - Situações Relevantes para Diferentes Estratégias de Investigação ... 48

Tabela 3 - Forças e Fraquezas das Diferentes Fontes para Recolha de Dados ... 50

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IDC - International Data Corporation

PNPOT - Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território PROT - Planos Regionais de Ordenamento do Território

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Introdução

A IDC (International Data Corporation) define uma "SmartCity" como uma cidade que declarou a sua intenção de utilizar as tecnologias da informação e comunicação para transformar o modus operandi em uma ou mais das seguintes áreas: energia, meio ambiente, governo, mobilidade, edifícios e serviços. O objetivo final de uma “SmartCity”

é melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, assegurando o crescimento económico sustentável” (Idc, 2015, p. 13).

Segundo Alves, Caeiro, & Carapeto (1998) o Ambiente está associado com o Homem, podendo definir-se como “o conjunto dos sistemas físicos, ecológicos, económicos e sócio – culturais com efeito direto ou indireto sobre os organismos e a qualidade de vida do Homem.”. As SmartCities são cidades sustentáveis a pensar nas pessoas, onde o progresso social e o bem-estar são o mote para a incorporação de projetos e soluções urbanas.

A sustentabilidade da economia, da sociedade e do ambiente dependem desta visão. Aqui, o desígnio é o da construção de um meio urbano otimizado para o cidadão. O conhecimento, a informação e a gestão desses fluxos são a alavanca. O desafio é combinar a ambição da administração pública com soluções tecnológicas e sistemas inteligentes. O objetivo é construir soluções eficientes e úteis nos domínios da educação, da saúde, do ambiente, da gestão dos nossos recursos (água e energia) e dos sistemas de mobilidade e tratamento de resíduos (Alves, Caeiro, & Carapeto, 1998). Um desafio que nos obriga a reinventar as cidades, tornando-as mais competitivas e com serviços de excelência. Uma equação na qual a participação ativa dos cidadãos é um fator decisivo.

A inevitável evolução das cidades para smartcities e de todas as atividades associadas representa um negócio que está a marcar a década (Alcatel Lucent, 2012). Na linha da frente estão os gigantes da tecnologia e milhares de outras empresas, totalmente empenhados em desenvolver soluções inovadoras que permitam fazer mais com menos.

Nesta vertente se desenvolve a presente tese, respondendo à pergunta de partida: no sentido de aumentar a sua performance, como se pode melhorar a vertente ambiental de smartcity no concelho de Oeiras? Pretende-se assim, que este trabalho contribua para

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criar um créscimo de valor ao Concelho de Oeiras, de forma a subir os seus indicadores de smartcity e assim como melhorar a vida dos seus munícipes.

A estrutura do trabalho inicia-se por uma revisão bibliográfica, seguida da apresentação de casos concretos de cidades inteligentes, em que cada cidade se especializou numa determinada vertente (mobilidade, energia, etc.), seguido do caso de estudo aplicado ao Concelho de Oeiras. A metodologia seguida passa pela recolha de dados secundários para as diferentes cidades, e de dados primários para o caso de estudo de Oeiras. Numa fase subsequente os dados recolhidos são alvo de análise e aplicadas ao caso concreto de Oeiras, emitindo desta forma algumas recomendações.

As cidades são espaços de problemas, desafios e oportunidades. Por um lado, as cidades agregam 50% da população mundial e contribuem para 60-80% do consumo de energia e 75% das emissões de carbono (Unep, 2011), originando fenómenos de desigualdade e exclusão social. Este cenário tende a agravar-se quando se prevê um crescimento populacional de 7 para 9 biliões em 2040, principalmente nos países em desenvolvimento (Onu, 2012). Por outro lado, as cidades são palcos de inovação, conhecimento e criatividade, sendo que as previsões apontam para que as 600 maiores urbes do mundo gerem 60% do PIB mundial em 2025 (Mckinsey Global Institute, 2011). Assim, imperativos demográficos, económicos, sociais e ambientais tornam premente a aposta em novos modelos de desenvolvimento urbano.

Capitulo I – Revisão Bibliográfica 1.1. As Cidades Inteligentes

O conceito de ‘cidade inteligente’ tem vindo a dominar quer a literatura académica quer a agenda das políticas públicas. Encontram-se em conceção e implementação diversos projetos a nível mundial, com características, motivações, níveis de maturidade, modelos de governação e fontes de financiamento diversas, apesar do mote ser sempre a utilização das tecnologias de informação e comunicação para facilitar a vida urbana.

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1.1.1 Conceito

Tem-se vindo a assistir à emergência de diversos programas e projetos de cidades inteligentes (smartcities) em todo o mundo, tendo como génese a utilização de tecnologias de informação e comunicação para promover a competitividade económica, a sustentabilidade ambiental e a qualidade de vida dos cidadãos (Ucl, 2012).

O fenómeno apela à análise e integração de dados e informação de fontes diversas como suporte à antecipação de problemas, visando a sua resolução rápida e eficaz e a minimização dos impactos negativos sobre as cidades. Tratam-se de problemas em diferentes áreas, desde a segurança pública e a gestão de tráfego, até às redes de energia e aos serviços de saúde. A título de exemplo, o Rio de Janeiro criou um centro de operações avançado que tem a capacidade de integrar dados e informação de mais de 30 agências públicas municipais em domínios como a meteorologia, tráfego, água, energia, segurança e saúde. A capacidade de previsão de anomalias, como no caso de catástrofes naturais, permite ao município tomar decisões antecipadas e potenciar a resolução dos problemas (Ucl, 2012).

Os principais pilares das iniciativas de cidades inteligentes centram-se em âmbitos diversos, como: governação, energia, mobilidade, edifícios, gestão da água e resíduos, segurança, saúde, cultura, etc. Falamos, por exemplo, de sistemas de controlo de tráfego em tempo real, gestão inteligente do estacionamento, infraestrutura de carregamento para veículos elétricos e promoção do transporte público e de modos alternativos de transporte.

Ou da utilização de equipamentos para monitorização do consumo de energia por via remota, iluminação pública inteligente, contentores de resíduos com sensores de limitação de carga e sistemas de telegestão para redes de distribuição de água a nível urbano. Ou, ainda, da aplicação de revestimentos geradores de energia em edifícios, sistemas de videovigilância por controlo remoto, disponibilização de informação turística e cultural via smartphones e sistemas de telemedicina (Ucl, 2012).

O desafio tecnológico das smartcities passa pela integração de tecnologias e pela capacidade de comunicação entre os vários sistemas e redes urbanas. O CopenhagenCleantech Cluster (2012) refere a necessidade de articulação entre a infraestrutura física (como edifícios, estradas, redes de energia), a infraestrutura digital

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(fibra óptica, cloudcomputing, sensores, smartphones, etc.) e a infraestrutura de comunicação (como tecnologia open source, open interfaces, linguagem de programação standard) das cidades.

Contudo, nas cidades inteligentes as tecnologias são um enabler e não um fim em si mesmo. As cidades são comunidades de pessoas e, logo, pólos de conhecimento e criatividade. Numa smartcity, apela-se à colaboração entre os diferentes atores urbanos (municípios, universidades, centros de investigação, empresas, cidadãos, etc.) no âmbito de um modelo de governação em rede (Angelidou, 2014).

O paradigma das cidades inteligentes advoga a participação dos cidadãos no processo de definição de políticas públicas e tomada de decisões sobre a vida urbana, gerando uma inteligência coletiva com valor acrescentado em relação ao conhecimento de cada indivíduo isoladamente considerado. Veja-seo exemplo da plataforma “ChangeBy Us”

lançada em 2011 em Nova Iorque, onde os residentes podem propor ideias para o futuro da cidade. Ou o caso do projeto “10.000 ideias”, implementado na América Latina, no qual as pessoas podem partilhar soluções para a melhoria da sua cidade em áreas diversas, como tráfego, turismo, segurança, saúde, meio ambiente, espaço público, cultura, educação ou desenvolvimento social (Angelidou, 2014).

Acresce a intervenção dos cidadãos no próprio processo de inovação, numa lógica de cocriação e inovação aberta. Os utilizadores são envolvidos no desenvolvimento e teste de soluções urbanas inovadoras em contexto real, nos domínios da saúde, gestão da energia, governo aberto, entre outros, afigurando-se a cidade como um autêntico laboratório vivo (livinglab) onde se experimentam produtos e serviços que depois podem ser replicados noutros territórios (Angelidou, 2014).

A energia criativa da cidade expressa-se, também, na utilização de dados abertos por parte dos cidadãos para a geração de aplicações urbanas úteis para a vida nas cidades.

Muitas vezes, as autarquias lançam concursos para o desenvolvimento de apps, como é o caso da competição NYC BigApps onde o município de Nova Iorque desafiou o público a partilhar ideias para aplicações inovadoras utilizando a plataforma NYC Open Data. De referir que um dos projetos vencedores da edição de 2012 do orçamento participativo de Lisboa foi precisamente a criação de um concurso aberto a todos os cidadãos para o desenvolvimento de aplicações para smartphones, tendo como base os dados abertos disponibilizados pela Câmara Municipal de Lisboa no portal Open Data Lx (Idc, 2015).

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Apesar destas considerações, não existe um conceito único e universalmente aceite de

‘cidade inteligente’, prevalecendo uma multiplicidade de projetos com objetivos, motivações, ações, parceiros e modelos de financiamento diversos. Talvez a definiçãomais consensual e abrangenteseja a propostaporCaraglin& Nijkamp (2011): “we believe a city to be smart when investments in human and social capital, and transport and ICT communicationsinfrastructure fuel sustainable economic growth and a high qualityof life, with a wise management of natural resources, through participatorygovernance”.

Criticas ao conceito de Cidades Inteligentes

As críticas ao movimento das Cidades Inteligentes surgem de várias perspetivas distintas.

Hollands critica os argumentos da Cidade Inteligente e pede esclarecimento sobre qual o verdadeiro conceito de Cidade Inteligente e sobre quais as motivações para uma cidade se afirmar como inteligente (Hollands, 2008). Segundo este artigo comummente citado do autor, não existe rigor na definição do termo, sabe-se muito pouco sobre o que representa ideologicamente uma Cidade Inteligente e considera que existe uma tendência auto congratulatória na utilização da marca Cidade Inteligente por parte de algumas cidades.

Segundo Söderström, as visões de Cidade Inteligente, resultam de um reducionismo tecnocrático e tratam da introdução de novos imperativos morais na gestão da cidade (Söderström, Paasche, & Klauser, 2014). Söderström não encontra distinção entre a retórica das cidades inteligentes e o discurso comercial das empresas (Söderström, Paasche, & Klauser, 2014).

Goodspeed, por sua vez, critica esta abordagem da Cidade Inteligente e compara-os aos conceitos da cibernética urbana que pretendiam resolver todos os problemas das cidades assumindo-os como elementares e ignorando a sua complexidade intrínseca. Goodspeed rejeita a ideia de a tecnologia poder resolver os problemas das cidades porque os considera wickedproblems(Goodspeed, 2014).

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1.1.2 Tendências

Um estudo (Lee & Hancock, 2012)fala-nos da existência de 143 projetos de cidades inteligentes em todo o mundo, com a seguinte distribuição geográfica: 35 na América do Norte, 11 na América do Sul, 47 na Europa, 40 na Ásia e 10 na África e Médio Oriente.

Na Ásia e Médio Oriente prevalecem iniciativas associadas à construção de cidades a partir do zero, como são os casos de Masdar, nos Emirados Árabes Unidos e de Songdo, na Coreia do Sul. Na Europa e na América do Norte imperam projetos de regeneração urbana inteligente centrados em cidades com uma trajetória histórica e marcadas por especificidades económicas, sociais, culturais e institucionais, de que são exemplos as iniciativas “AmsterdamSmartCity” na Holanda e “SmartSantander” em Espanha (Adc, 2012).

Os primeiros são projetos mais abrangentes que exigem avultados investimentos em infraestruturas, têm um horizonte temporal alargado (entre 10 e 20 anos) e enfrentam menos restrições nafase de implementação. Os segundos têm habitualmente menorescala, sendo limitados a determinadas áreas e tendo um períodode execução mais reduzido. No entanto, possuem uma margem deliberdade inferior uma vez que têm que ter em conta as condiçõese as infraestruturas existentes que limitam as opções ao longo dafase de implementação (Alcatel Lucent, 2012).

Os projetos de ‘cidade inteligente’ apresentam também diferentesgraus de maturidade. A ADC Espanha (2012) fala-nos de um graudisperso, no qual as cidades estão comprometidas em melhoraruma das dimensões das smartcities, por exemplo a mobilidade,introduzindo sistemas de transportes inteligentes. De seguida, ograu integrado corresponde a cidades que procuram sinergias entreos diversos projetos em implementação, nas áreas da energia,edifícios, mobilidade, etc. Por fim, no grau conectado, as iniciativasurbanas inteligentes fazem parte de um plano estratégico integral,com plataformas digitais abertas para aplicações públicas e privadase informação ubíqua, gerando resultados económicos e sociaisacrescidos.

De facto, a trajetória em direção a uma cidade inteligente nemsempre comporta transformações radicais, apostando-se muitasvezes numa conjugação de projetos de longo prazo com açõesde curto prazo. A adoção de soluções inteligentes de baixo custoe com resultados imediatos em determinados domínios (os designados“quickwins”) podem facilitar a adesão das comunidades aoprocesso. Com o mesmo objetivo, alguns

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municípios têm aplicadoesta abordagem a ambientes micro, como campus universitários,parques industriais ou complexos de lazer, com vista a gerar efeitosdemonstradores para a globalidade do território (Adc, 2012).

Muitos destes projetos são promovidos pelos governos, como é ocaso da “MasdarCity”

nos Emirados Árabes Unidos. No entanto,existem também iniciativas desenvolvidas em cooperação entre asautoridades locais e um conjunto de parceiros diverso, tal comoacontece na “AmsterdamSmartCity” na Holanda. Esta iniciativa é desenvolvida pelo município de Amsterdão e a “AmsterdamInnovationMotor” em colaboração com a operadora elétrica Liander (Adc, 2012). Emsituações mais excepcionais são as empresas privadas que assumema liderança, como no caso da “SongdoCity” na Coreia do Sul,onde a Gale International e a Posco se afiguram como promotores.

O modelo de governação influencia as formas de financiamentodos projetos, integrando mecanismos diversos: financiamento públicodireto, apoio da União Europeia através de programas de investigaçãoe inovação, investimentos de empresas multinacionais,empréstimos bancários, entre outros (Adc, 2012). É certo que estas iniciativaspretendem, muitas vezes, ser autossustentáveis, gerando receitaspróprias derivadas da venda de propriedades e imóveis, aluguer deresidências ou escritórios, royalties, pagamentos por serviços, etc.

De relevar que a utilização de mecanismos inovadores de compraspúblicas poderá facilitar o financiamento e desenvolvimento decidades inteligentes. Pode-se concluir que não existem receitas únicas e absolutas paratransformar uma cidade numa smartcity – até porque uma cidadenunca é globalmente inteligente, dado que cada uma terá que definira sua estratégia tendo em conta as especificidades económicas,sociais, culturais e políticas dos territórios (Adc, 2012).

1.1.3 Índice de Cidade Inteligente

O Índice de Cidades Inteligentes 2020 visa posicionar estrategicamente as cidades portuguesas em matéria de inteligência urbana, resultando numa base de informação e conhecimento municipal de suporte à tomada de decisão das políticas públicas e dos

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atores económicos e sociais. Pretende-se, ainda, contribuir para melhorar o desempenho dos territórios, através da geração de oportunidades de cooperação urbana orientadas para a criação de produtos, serviços e soluções criativas e inovadoras (Inteli, 2012).

Quer em trabalhos de investigação académica quer em estudos de consultoras internacionais, foram já desenvolvidos diversos índices que pretendem estabelecer rankings de cidades em áreas diversas, com foco na sustentabilidade, energia e tecnologias de informação e comunicação (Inteli, 2012).

Destaca-se o “Green CityIndex” da Siemens, o “NetworkedSocietyCityIndex” da Ericsson, o “SmartCityIndex” da IDC ou o “Ranking ofEuropeanMedium- sizedSmartCities” da Universidade de Tecnologia de Viena, Universidade de Ljubljana e Universidade de Tecnologia de Delft (Inteli, 2012).

O Índice 2020 destaca-se por partir de um modelo integrado de cidade inteligente (Inteli, 2012), que se traduz numa cidade atrativa para talentos, visitantes e investidores pela aliança entre a inovação, a qualidade do ambiente e a inclusão social e cultural, num contexto de governação aberta e de conectividade com a economia global, visando a qualidade de vida dos cidadãos.

Tendo como pano de fundo este conceito, para a elaboração do índice em Portugal, é seguida a seguinte abordagem metodológica (Inteli, 2012):

1. Conceptualização do modelo de análise: integra a definição do modelo conceptual associado a uma cidade inteligente.

2. Definição das dimensões e sub-dimensões de caracterização: visa o estabelecimento das dimensões e sub-dimensões de análise que caracterizam uma cidade inteligente.

foram consideradas 5 dimensões e 21 sub-dimensões.

3. Seleção dos indicadores e variáveis: refere-se à definição dos indicadores que permitem quantificar e/ou qualificar as dimensões e sub-dimensões de análise. foram estabelecidos 80 indicadores.

4. Cálculo dos indicadores: diz respeito à quantificação e qualificação dos indicadores e variáveis a partir da recolha de informação primária e secundária.

5. Normalização dos indicadores: de forma a permitir a comparabilidade dos indicadores, estes foram normalizados numa escala de 0 a 10.

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6. Agregação dos indicadores: integra a condensação dos indicadores com vista à avaliação do posicionamento dos municípios em termos de sub-dimensões e dimensões de análise.

7. Cálculo do índice: refere-se à aferição do índice para cada município, através da agregação dos valores das dimensões de análise.

As dimensões centrais de uma cidade inteligente traduzem-se na inovação, sustentabilidade e inclusão, afigurando-se a governação e a conectividade como dimensões transversais (Inteli, 2012):

Governação: integra as políticas urbanas, assim como os processos de cooperação entre atores políticos, económicos e sociais, com destaque para as questões da participação pública. a eficiência, eficácia e transparência da provisão de serviços públicos são também fatores chave da análise da inteligência urbana.

Inovação: abarca a competitividade das cidades em termos de criação de riqueza e geração de emprego. foca-se não só nos sectores intensivos em i&d e tecnologia, mas também no contributo das atividades da economia criativa, verde e social para o desenvolvimento económico dos espaços urbanos.

Sustentabilidade: inclui a eficiência na utilização dos recursos, a proteção do ambiente, assim como o equilíbrio dos ecossistemas. a gestão da água e dos resíduos, a eficiência energética e a utilização de energias renováveis, a construção sustentável, a mobilidade, as emissões de gases com efeito estufa e a biodiversidade são alguns dos fatores chave do estudo.

Inclusão: integra não só as questões associadas à coesão social, mas também a diversidade cultural, a inovação e o empreendedorismo social e a inclusão digital ao nível dos serviços de saúde, segurança, educação, cultura e turismo. a utilização de tecnologias digitais ao serviço da integração social de camadas mais desfavorecidas da população é também alvo de análise.

Conectividade: abarca o envolvimento das cidades em redes territoriais nacionais e internacionais, assim como o nível de integração de funções e infraestruturas urbanas. a utilização de tecnologias de informação e comunicação e de redes digitais é considerada como um fator crítico de sucesso.

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Ilustração 1 - Dimensões e Sub-dimensões do Índice de Cidades Inteligentes 2020

Fonte: (Inteli, 2012)

Com vista à quantificação e qualificação das dimensões e sub-dimensões de análise foi considerada a seguinte tipologia de indicadores: indicadores de caracterização, indicadores de estratégia e indicadores de economia digital (Inteli, 2012). Os primeiros têmcomo objetivo realizar um diagnóstico do município recorrendoessencialmente a informação secundária; os segundosvisam analisar as estratégias urbanas em curso e conceção,recorrendo a documentos de política e planos de ação; os últimospretendem analisar o grau de utilização das tecnologiasde informação e comunicação e redes digitais pela autarquia.

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Ilustração 2 - Dimensão Sustentabilidade - Indicadores- Índice de Cidades Inteligentes 2020

Fonte: (Inteli, 2012)

Segundo a mesma fonte. para evitar distorções resultantes da utilização de diferentes unidades de medida, os indicadores foram normalizados numa escala de 0 a 10. O índice de cidades, enquanto indicador compósito, resulta da média ponderada das pontuações atribuídas às cinco dimensões de análise.

1.1.4 Cidades Inteligentes em Portugal

A análise crítica das principais dinâmicas territoriais que tiveram lugar nas últimas décadas em Portugal e a ponderação sobre as tendências mais relevantes que se vêm esboçando constituem um exercício indispensável para se compreender o estado atual do

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território e alicerçar as opções a adotar, em matéria de cidades pelos agentes públicos, com o necessário envolvimento dos privados e dos cidadãos em geral. Observa-se ao longo do tempo as transformações demográficas, as assimetrias regionais, as trajetórias de conectividade interna e externa, o crescimento das áreas urbanas, os seus padrões de ocupação e de expansão, as conexões urbano-rurais, e a evolução da utilização dos recursos, desde o solo, à água e à energia (Maote, 2015).

O diagnóstico descreve as principais transformações positivas e negativas ocorridas, confrontando os maiores avanços e recuos (Maote, 2015). Assim se constatam os esforços de um país antes fortemente ruralizado, com carências múltiplas, designadamente ao nível das infraestruturas, do saneamento básico, do acesso à habitação, à escolaridade e à saúde, e o registo de uma significativa melhoria nestes domínios, em aproximação aos padrões europeus de desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental.

No reverso deste progresso, reconhecem-se as várias patologias que afetam o território, entre as quais relevam as distorções que se verificam no mercado fundiário e imobiliário, a necessidade de se estabilizar o crescimento urbano, de repensar adequadamente os seus perímetros e de criar novos equilíbrios nas áreas edificadas, contrariando o esvaziamento dos centros das cidades, a degradação das suas periferias, a urbanização avulsa, a edificação dispersa, a fraca dinâmica do mercado de arrendamento e a elevada percentagem de fogos devolutos e em estado de ruína, promovendo a regeneração urbana e fomentando o correto remate das interfaces urbano-rurais (Maote, 2015).

Observam-se também problemas territoriais e societais agravados ou emergentes, sobretudo decorrentes dos processos de transformação estrutural e da conjuntura difícil de crise que o país presentemente enfrenta, e que se traduzem, nomeadamente, em fenómenos agravados de desigualdade, pobreza e exclusão social e em novas situações de degradação urbana (Maote, 2015). Transversais a estes, manifestam-se carências importantes em termos de governança, aspeto especialmente crítico no próximo ciclo de programação comunitária, que consubstancia exigências acrescidas à capacidade de resposta, de articulação e de coordenação dos recursos e dos agentes que operam sobre o território.

A mesma fonte indica que, ainda que a superação dos problemas e fragilidades identificados seja árdua e complexa, a sistematização dos principais constrangimentos e oportunidades que se colocam a um desenvolvimento urbano mais inteligente, sustentável

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e inclusivo tem a virtude de constituir o primeiro passo para a identificação correta de soluções.

Assim, a estratégia Cidades Sustentáveis 2020 baseia-se na resposta a um conjunto de desafios que decorrem deste diagnóstico territorial preliminar. Estes desafios exigem abordagens integradas, adequadas às condições particulares de cada território, devendo enraizar-se nas políticas nacionais de desenvolvimento económico-social, e numa perspetiva consistente de médio e longo prazo (Maote, 2015):

 Competitividade e crescimento - Afirmação das cidades através da valorização do seu capital humano, do investimento em criatividade, inteligência e inovação e da capitalização das empresas que permitam gerar novos e qualificados empregos e criação de condições para a sua manutenção e estabilidade, com ênfase nos setores de bens e serviços transacionáveis.

 Inclusão e coesão social - Inversão de processos de exclusão social e pobreza em contexto urbano, promovendo a qualificação, o emprego e o acesso à habitação, aos serviços e equipamentos, contrariando o afastamento para as periferias e as tendências de segregação dos habitantes segundo a origem, estrato social ou etnia.

 Transformações demográficas - Equação das tendências de perda de população nos centros urbanos, com enfoque em particular nos jovens qualificados, tendo em vista uma distribuição geográfica mais equilibrada e uma resposta mais eficaz às necessidades e procuras específicas dos idosos, crianças, jovens e famílias, combatendo a discriminação e promovendo a classe criativa.

 Governança estratégica - Envolvimento e capacitação dos agentes urbanos — de base nacional, regional, sub-regional e local — desenvolvendo os seus recursos técnicos, organizativos, materiais e financeiros, a sua capacidade de agenciamento e de coordenação estratégica e operacional e as suas rotinas de trabalho em rede, de monitorização e de avaliação.

 Disciplina do uso do solo - Estabilização dos usos do solo, corrigindo os efeitos desordenadores do território gerados pela previsão excessiva e virtual de áreas urbanizáveis, procurando a redistribuição equitativa de benefícios e encargos associados à urbanização, a afetação social das mais-valias gerais decorrentes das

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opções de planeamento e a definição clara dos perímetros urbanos, bem assim como a sua contenção e regressão ponderada.

 Viabilidade financeira - Priorização do investimento no desenvolvimento urbano sustentável e subsequente capacitação financeira, institucional e procedimental, potenciando o poder de alavancagem dos fundos estruturais e de coesão, designadamente através da identificação de prioridades de investimento e da seleção de territórios-alvo prioritários, e procurando fontes alternativas de financiamento e capitalização dos seus agentes

 Regeneração urbana - Valorização integrada do conjunto do suporte físico urbano (parque edificado, infraestruturas, condições ambientais e paisagísticas) e promoção do desenvolvimento funcional, cultural, social e económico das áreas urbanas, procurando alcançar soluções de compromisso estratégico e operacional entre os diversos agentes territoriais (públicos, privados e associativos).

 Sustentabilidade e resiliência - Reforço da sustentabilidade do modelo de desenvolvimento urbano, potenciando a base de recursos endógenos, promovendo a eficiência dos seus subsistemas (energia, mobilidade, água e resíduos) e melhorando a capacidade de resposta aos riscos e aos impactes, nomeadamente os relacionados com as alterações climáticas.

 Integração urbano-rural - Promoção de relações de interdependência, complementaridade e mútuo benefício dos centros urbanos com o meio não- urbano sob a sua influência funcional, os espaços florestais envolventes das cidades e os interfaces rurais e periurbanos.

 Integração no espaço internacional - Fomento da atratividade, da projeção e da conectividade das áreas metropolitanas e das cidades portuguesas nos contextos europeu e mundial, fortalecendo a cooperação territorial, potenciando complementaridades funcionais e produtivas e favorecendo o acesso aos principais territórios e mercados internacionais.

Enquanto sistemas abertos e dinâmicos, sobre os quais interagem múltiplos agentes, em distintas escalas temporais e espaciais, as cidades contemporâneas apelam a novas leituras e entendimentos, bem como ao estabelecimento de novas fronteiras e dimensões de análise e de intervenção. Mais do que os limites impostos por uma jurisdição político- administrativa, a cidade contemporânea conforma-se e carateriza-se a partir de um

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conjunto de relações funcionais que se estabelecem com a região e os diferenteszonas que a envolvem, incluindo o marítimo e o rural, bem como com outras cidades e centros urbanos, constituindo redes urbanas sustentadas em lógicas de complementaridade e interdependência. Nesta ótica, determinam-se três dimensões territoriais estratégicas para a intervenção nas cidades (Maote, 2015):

 Dimensão intraurbana, relativa aos núcleos urbanos e aos espaços urbanos edificados, tendo em consideração o seu papel no funcionamento social, económico, cultural e ambiental da cidade, bem como os seus territórios- comunidade de base local.

 Dimensão cidade-região, relativa às áreas de influência funcional das cidades, às interações e interdependências económicas e sociais entre os centros urbanos e a região urbano-rural onde se inserem.

 Dimensão interurbana, relativa às redes de relações entre cidades e aos fluxos entre elas gerados numa base de polarização, de complementaridade, de diferenciação e hierarquia urbana, cujo potencial sistémico depende da qualidade das sinergias encontradas e das associações estabelecidas

.

1.1.4.1.Portugal - Cidades Sustentáveis 2020

A estratégia Cidades Sustentáveis 2020 configura-se como uma proposta de âmbito nacional, aplicável ao nível local, para um futuro mais sustentável das nossas cidades, articulando uma Visão com um conjunto de Princípios Orientadores e quatro propostas de Eixos Estratégicos de intervenção (Maote, 2015).

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Ilustração 3 - Princípios Orientadores- Cidades Sustentáveis 2020

Fonte: (Maote, 2015)

A sustentabilidade é uma orientação europeia de referência e com especial relevância para o período de programação 2014-2020, sendo que a estratégia de crescimento Europa 2020 ambiciona “que a União Europeia se torne numa economia inteligente, sustentável e inclusiva.” Ao longo da última década tem vindo a decorrer uma reflexão sobre a evolução das políticas públicas na direção da sustentabilidade urbana. Neste sentido, a

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Carta de Leipzig (2007) e a Declaração de Toledo (2010) contribuíram para que a formulação da Política de Coesão 2014-2020 assumisse o desenvolvimento urbano sustentável integrado como uma das suas prioridades (Maote, 2015).

Os conceitos de desenvolvimento urbano sustentável e de desenvolvimento sustentável estão fortemente ligados, implicando uma perspetiva ampla que abrange os domínios fundamentais do desenvolvimento: económico, social, ambiental, cultural e de governança (Maote, 2015).Tendo em conta que uma proporção cada vez maior da população portuguesa vive em áreas urbanas, as cidades encontram-se numa posição privilegiada para contribuir para o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável está, portanto, inexoravelmente dependente do desenvolvimento urbano sustentável.

Considerando em particular a complexidade intrínseca dos sistemas urbanos (Maote, 2015), o desenvolvimento urbano sustentável constitui uma abordagem de integração por excelência, que atenta em particular nas inter-relações que se estabelecem entre os vários domínios da sustentabilidade e do desenvolvimento, e que observa as diferentes dimensões territoriais estratégicas da política de cidades (intraurbana, cidade-região e interurbana).

A estratégia Cidades Sustentáveis 2020 pretende evidenciar um caminho para o desenvolvimento territorial, centrado nas cidades e no papel crítico que estas desempenham na estruturação dos territórios, no seu desenvolvimento e coesão. Assim, focada no desenvolvimento urbano sustentável, a proposta aqui apresentada para as cidades (Maote, 2015):

 Sustenta-se nas opções estratégicas de base territorial estabelecidas no quadro da Política de Ordenamento do Território e Urbanismo e seus instrumentos de referência, designadamente o modelo territorial e o sistema urbano vertidos, respetivamente à escala nacional e à escala regional, no Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) e nos Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT);

 Estrutura-se de acordo com os princípios de uma abordagem integrada de desenvolvimento territorial, considerando a incorporação das diferentes políticas

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setoriais (ambiente, emprego, transportes, educação, saúde, etc.) a diversas escalas e níveis organizacionais (nacional, regional, sub-regional, local), e defendendo a participação e cooperação coordenada de diferentes agentes, públicos e privados.

1.1.4.1.1 *Visão para Portugal

A criação de um documento orientador para as cidades e avaliação da sua implementação resulta do reconhecimento que o desenvolvimento sustentável, integrado e harmonioso do território português depende, de forma crucial, da capacidade das suas cidades se afirmarem como seus agentes centrais, catalisadores do desenvolvimento ambiental, social e económico, líderes na promoção da equidade, da coesão social e da salvaguarda e potenciação dos recursos territoriais e do património natural e cultural (Maote, 2015).

A estratégia Cidades Sustentáveis 2020 ambiciona responder às debilidades e necessidades de estruturação urbana do território e atuar no sentido de fortalecer e consolidar a visão de desenvolvimento territorial partilhada entre os agentes do território, contribuindo para a promoção das condições necessárias à competitividade, sustentabilidade e coesão nacional (Maote, 2015).

Ilustração 4 - Cidades Sustentáveis 2020

Fonte: (Maote, 2015)

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Cidades Sustentáveis, que são (Maote, 2015):

 Cidades + prósperas - Cidades que oferecem elevados padrões de qualidade de vida e de qualificação funcional, que atraem e fixam investimento, pessoas e conhecimento, e que promovem oportunidades qualificadas de trabalho e de produção de valor.Cidades que acolhem e favorecem a inovação e a criatividade, dotadas da inteligência territorial e da organização institucional que potencia os talentos e as capacidades dos indivíduos, das empresas e das comunidades (Maote, 2015).

 Cidades + resilientes - Cidades capazes de desenvolver mecanismos flexíveis de resposta a cenários de maior incerteza e de adaptar o seu tecido social e económico a contextos de maior variabilidade e imprevisibilidade.Cidades que conhecem e valorizam as condições e capacidades endógenas dos territórios onde se inserem e se comprometem com as gerações futuras na salvaguarda do seu património comum.

 Cidades + saudáveis - Cidades mais favoráveis ao fomento de padrões de vida saudável, que oferecem um ambiente urbano e espaços públicos de qualidade, e se ajustam às necessidades dos diferentes grupos populacionais, tirando partido dos recursos locais e promovendo lógicas de proximidade.Cidades que assumem o seu papel central no compromisso nacional com o paradigma emergente de ecoeficiência e de redução da sua pegada ecológica e carbónica, e a liderança nos processos de diminuição e qualificação do consumo e da redução do desperdício.

 Cidades + justas - Cidades que constituem os espaços primordiais do exercício da cidadania e do fortalecimento da identidade cultural e da autenticidade, comprometidas com processos de participação e envolvimento ativo dos cidadãos e das comunidades, onde todos os indivíduos e grupos de interesse são reconhecidos e integrados na formulação dos problemas e na apropriação da responsabilidade pelas soluções.Cidades que permitem responder, de modo mais eficiente, aos novos desafios da procura urbana por serviços de interesse geral, assegurando as condições objetivas e adequadas para o exercício dos direitos e

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oportunidades de acesso à habitação, educação, saúde, segurança e justiça, numa base de diversidade e diferenciação.

 Cidades + conectadas - Cidades ligadas ao mundo, capazes de potenciar a integração da economia local com os mercados internacionais e de desenvolver relações de complementaridade entre especializações de diferentes centros em rede e o compromisso estratégico entre os seus agentes.Cidades ligadas com o seu território envolvente e palco privilegiado de cooperação entre os seus agentes, e que funcionam como as âncoras das abordagens de base territorial, assegurando as complementaridades mais sustentáveis entre os espaços que compõe a cidade- região.

 Cidades + cognitivas - Cidades tecnologicamente equipadas para o conhecimento, monitorização e gestão eficiente do seu desempenho, problemas e potencialidades, a partir de uma base permanente, aberta e especializada de produção, partilha, integração e aplicação da informação urbana.Cidades abertas ao envolvimento ativo dos seus cidadãos e instituições na inovação, desenho e implementação de instrumentos e iniciativas de sustentabilidade urbana, fomentando uma governação transparente, participada e centrada na qualidade de vida dos cidadãos.

1.1.4.1.2 Princípios Orientadores

A prossecução da Visão descrita, e em resposta aos desafios identificados, sustenta-se em 8 princípios orientadores (Maote, 2015), que deverão nortear a política e as decisões de investimento, com vista ao desenvolvimento urbano sustentável.

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Ilustração 5 – Princípios Orientadores - Cidades Sustentáveis 2020

Fonte: (Maote, 2015)

1. Estruturação urbana do território, promovendo o reforço do Sistema Urbano Nacional e assumindo-o como referência transversal e critério ordenador na implementação das políticas públicas, para a estruturação equilibrada e eficiente do território nacional e para a coordenação estratégica das regiões e cidades;

2. Territorialização das políticas, fomentando abordagens integradas de base territorial, que assegurem a aplicação das políticas públicas através de uma adequação às especificidades dos lugares;

3. Coordenação horizontal, promovendo a convergência estratégica e operacional das políticas sectoriais e das políticas de desenvolvimento urbano e territorial, mediante a coordenação e articulação entre os diversos agentes institucionais;

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4. Coordenação vertical, promovendo a coordenação das intervenções de política pública com expressão territorial entre os níveis de governação nacional, regional e local, assegurando um quadro estratégico e operacional multinível e a coerência e programação otimizada das ações;

5. Contratualização, assegurando que as estratégias de desenvolvimento urbano são construídas com o envolvimento e participação ativa de um quadro representativo de agentes urbanos, que garanta a apropriação, responsabilização e compromissos de todos os parceiros, focando essas mesmas estratégias na obtenção de resultados;

6. Coerência estratégica, assumindo uma perspetiva de longo prazo para as trajetórias de sustentabilidade dos sistemas urbanos, e assegurando a coerência entre os instrumentos de gestão estratégica disponíveis;

7. Conhecimento do território, promovendo a produção sistemática, integrada e atualizada de informação sobre as cidades, designadamente do seu potencial de recursos, das capacidades, das suas relações funcionais e das dinâmicas urbanas sob um quadro de referência comum do desenvolvimento urbano sustentável;

8. Capacitação coletiva, promovendo a inovação e aprendizagem coletiva, mediante a divulgação e disseminação de experiências e boas práticas, através de plataformas loca, nacionais e internacionais de cooperação entre os agentes públicos, privados e a sociedade civil, e entre os governos e os cidadãos.

1.1.4.1.3 Eixos Estratégicos

A prossecução da Visão e a resposta aos desafios identificados no diagnóstico territorial realiza-se mediante 4 Eixos de Estratégicos (Maote, 2015), alinhados com os grandes objetivos da Europa 2020 e com os objetivos temáticos e prioridades de financiamento no âmbito do novo quadro comunitário relativo aos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. Assim, apresenta-se um conjunto de medidas organizadas por estes Eixos Estratégicos, cuja aplicação integrada contribuirá para a transformação das nossas cidades em cidades mais sustentáveis.

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Ilustração 6 – Eixos EstratégicosCidades Sustentáveis 2020

Fonte: (Maote, 2015)

As orientações estratégicas devem ser entendidas como um quadro de referência orientador, sendo as cidades livres de optar pelo conjunto de diretrizes e orientações estratégicas que considerem prioritárias, selecionadas de acordo com as especificidades próprias dos seus territórios, com as opções políticas locais e com a estratégia de desenvolvimento urbano sustentável que venham a consolidar (Maote, 2015).

Apresenta-se de seguida os 4 Eixos Estratégicos anteriormente referidos(Maote, 2015):

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1.1.4.1.3.1 Eixo 1 - Inteligência & Competitividade

A - Conectividade e internacionalização

Investir no papel estruturante dos centros urbanos, mediante a oferta concentrada de equipamentos e serviços de interesse geral e em formas de complementaridade funcional e produtiva entre centros urbanos que assegurem as condições de massa crítica institucional, convergência de recursos e dimensão de mercado que melhor sustentem processos de inovação, crescimento, internacionalização e atratividade económica.

Articular as estratégias de localização empresarial e industrial com os investimentos realizados e previstos no âmbito da logística e conectividade internacional, potenciando as suas sinergias.

Fortalecer a cooperação territorial entre cidades – transnacional, transfronteiriça e inter- regional – de modo a potenciar as sinergias funcionais, robustecer os perfis de especialização partilhados e participar em processos conjuntos de aprendizagem e disseminação de boas práticas;

B - Emprego e valorização empresarial e institucional

Promover a redução dos custos de contexto das empresas e outras instituições sediadas na cidade, quer ao nível da localização, incluindo a otimização do uso das infraestruturas e dos recursos, e a redução dos custos de instalação, mobilidade e logística, quer ao nível administrativo, assegurando maior celeridade e eficiência nos processos de licenciamento;

Reforçar, a partir das estratégias de atração e apoio à localização empresarial e institucional, a diversidade e vitalidade económica urbanas, fortalecendo a qualificação funcional, social e ambiental dos centros urbanos e a sua capacidade de fixação de população jovem e qualificada;

C - Inovação urbana

Fomentar e apoiar a constituição de redes e nichos de empreendedorismo e inovação urbana, dinamizando territórios-piloto de teste e demonstração, laboratórios vivos urbanos, incubadoras de negócios e ninhos de empresas, e promovendo a integração urbana de parques empresariais e tecnológicos;

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Fortalecer a ligação entre as cidades e as suas frentes marítimas e ribeirinhas e núcleos piscatórios, contribuindo para a economia azul das áreas urbanas costeiras, em várias vertentes, de que se destacam a energia azul, a aquicultura, o desporto e o recreio azul e o turismo marítimo costeiro e de cruzeiros;

Apostar na economia verde como forma de operacionalização do desenvolvimento sustentável e no papel que a contratação pública tem neste contexto, incentivando a adoção, pelas empresas e instituições sediadas na cidade, de estratégias de baixo carbono, proteção do ambiente e eficiência no uso dos recursos, e potenciando a inovação, a investigação e o desenvolvimento de modelos de negócio, de processos de produção e produtos mais sustentáveis;

Incentivar a adoção de soluções urbanas inovadoras aplicadas ao espaço urbano, de carácter social e tecnológico, promovendo, em parceria com a sociedade civil, a provisão de bens e serviços melhor ajustados à procura local;

D - Identidade e atratividade

Promover ações de marketing urbano que assegurem a visibilidade, na Europa e no Mundo, das cidades, destacando os fatores diferenciadores de identidade e competitividade, incluindo a capacidade institucional e funcional, os valores urbanísticos, arquitetónicos, paisagísticos, históricos e socioculturais e as amenidades climáticas, gastronómicas, de segurança e de qualidade de vida;

Apoiar o desenvolvimento turístico numa perspetiva de sustentabilidade e mitigação da sazonalidade, através da aposta nos segmentos urbanos, como as escapadelas culturais, o turismo de negócios, de saúde ou associado ao mar, e através da estruturação dos serviços urbanos de apoio à atividade turística da região urbana funcional;

E - Tecnologias de Informação e comunicação

Conceber e implementar sistemas inteligentes de monitorização e gestão integrada dos subsistemas urbanos que potenciem ganhos de equidade, eficiência e fiabilidade;

Desenvolver soluções eletrónicas orientadas para uma melhor governação e desempenho das funções urbanas, incluindo plataformas de informação e acesso aos serviços públicos,

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participação dos cidadãos e colaboração entre agentes urbanos, e novos modelos de relação laboral e comercial, garantindo o seu alinhamento com as necessidades e capacidades específicas das diversas camadas da população;

1.1.4.1.3.2 Eixo 2 - Sustentabilidade & Eficiência

A - Regeneração e reabilitação urbana

Conter a expansão dos perímetros urbanos, estruturando e requalificando as frentes urbanas e protegendo os terrenos rústicos envolventes da urbanização avulsa e descriminando positivamente a ocupação dos vazios urbanos existentes, sem prejuízo da possibilidade de eventuais e excecionais necessidades de crescimento, devidamente enquadradas e programadas;

Promover ações de reabilitação urbana nos centros históricos e em áreas urbanas e periurbanas com carências multidimensionais, fomentando a recuperação, beneficiação e reconstrução do edificado, a requalificação e reconversão de zonas industriais abandonadas e a qualificação do espaço público e das infraestruturas, garantindo condições de conservação, segurança, salubridade, estética, paisagem e ambiente;

Fomentar a regeneração urbana na perspetiva da valorização integrada do território, incluindo, não apenas a valorização física e a diversificação funcional, mas ações materiais e imateriais complementares de revitalização económica, social, cultural e ambiental, em especial em territórios urbanos desfavorecidos;

B - Habitação

Promover e dinamizar o mercado de arrendamento, privilegiando intervenções no parque habitacional já existente ou associadas a operações de regeneração urbana;

Reestruturar a oferta de habitação social ajustando o valor das rendas aos rendimentos do agregado familiar, erradicar as situações de alojamento precário e encontrar soluções sustentáveis para resposta aos sem-abrigo;

C - Ambiente Urbano

Reforçar a sustentabilidade ambiental, económico-financeira e social dos subsistemas de infraestruturação urbana, com relevo para a água, saneamento, energia, resíduos e

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mobilidade, desenvolvendo soluções conjuntas com os serviços e fornecedores e assegurando a adequação à matriz de uso e ocupação do solo;

Fomentar a qualificação, integração e legibilidade dos espaços exteriores urbanos, constituindo sistemas de espaços coletivos, nomeadamente praças, passeios arborizados, áreas pedonais, zonas de acalmia de tráfego, hortas, jardins, quintas e parques, valorizando as suas funções enquanto áreas livres de recreio, lazer, cultura e desporto, potenciando o seu papel no equilíbrio microclimatológico, dos ecossistemas, dos ciclos biogeoquímicos, da biodiversidade e da paisagem, e contribuindo para a infraestrutura verde;

Limitar a pressão urbana sobre os recursos hídricos, promovendo a melhoria do balanço hídrico urbano, a gestão do stress hídrico, a racionalização dos consumos públicos, domésticos e industriais, a reutilização das águas cinzentas e a requalificação ambiental dos efluentes industriais;

Incrementar a eficiência do metabolismo urbano, assumindo a prioridade de redução e valorização do resíduo como um recurso, ampliando o quadro de soluções de reutilização, reciclagem e valorização energética e orgânica dos resíduos e fomentando o consumo de produtos locais e o combate ao desperdício;

Assegurar a informação atualizada e fidedigna da qualidade do ar e do ruído nas cidades, identificando zonas críticas de intervenção e promovendo a conciliação das atividades poluidoras com o direito a um ambiente de qualidade para a saúde humana, os modelos de mobilidade limpa e a melhoria do envelope acústico dos edifícios e espaços públicos;

D - Baixo carbono

Reduzir a intensidade energética das cidades, assumindo respostas diferenciadas de gestão da procura, redução do consumo e promoção da eficiência energética dos distintos agentes urbanos e, em particular, dos sectores público, empresarial e residencial, assim como dos subsistemas de iluminação, mobilidade, gestão da água e de resíduos, incluindo a integração e a utilização de fontes de energia renovável, assegurando a transição para um modelo de baixo carbono e a redução da pegada carbónica dos sistemas urbanos;

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Mitigar a vulnerabilidade energética das cidades por via da oferta endógena, fomentando a produção descentralizada para autoconsumo tanto renovável como através de sistemas de elevada eficiência, a gestão inteligente do sistema electroprodutor e da rede de distribuição, e a ampliação do mix energético, através da adoção de tecnologias custo- eficientes;

Diminuir a intensidade carbónica da mobilidade urbana, incluindo mercadorias e passageiros, desincentivando o transporte individual motorizado, promovendo a intermodalidade e reforçando a adequação, cobertura, conectividade, serviço, informação e sustentabilidade do transporte coletivo, incrementando o peso e a diversidade das opções de mobilidade baixo carbono na repartição modal, incluindo a mobilidade suave e elétrica renovável, e promovendo a integração funcional e tarifária da rede intermodal urbana, suburbana e interurbana;

Estimular a mobilidade sustentável nos processos de regeneração urbana, promovendo a diversificação da oferta de proximidade, a atratividade das áreas urbanas com bons níveis de acessibilidade, as respostas de mobilidade dirigidas a crianças, jovens, famílias e idosos, a logística urbana residencial, comercial, empresarial e industrial e a reestruturação do espaço canal em favor do transporte coletivo e da segura mobilidade suave e condicionada;

E - Alterações climáticas e riscos

Moderar a vulnerabilidade dos sistemas urbanos, aumentando a sua resiliência aos riscos económicos, naturais, tecnológicos e mistos, incluindo aqueles que resultam das alterações climáticas e de fenómenos climatéricos extremos, e estimulando a emergência de uma cultura urbana de gestão da incerteza e prevenção e redução de riscos;

Melhorar o conhecimento e sensibilidade ao quadro de riscos relativamente à sua tendência, prospetiva, localização, impacto, monitorização e alerta, introduzindo mecanismos estruturados de prevenção, redução, adaptação e reação, introduzindo a componente risco na gestão urbana e articulando a cartografia de riscos com as opções de planeamento territorial;

Implementar estratégias de adaptação das cidades às alterações climáticas em função das suas vulnerabilidades específicas, perfil climatológico e características físicas e funcionais (composição atmosférica, circulação do vento, balanço hídrico e ilha de calor),

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assegurando a resiliência dos seus subsistemas urbanos e potenciando as interações com as suas zonas costeiras e ribeirinhas, com a envolvente rural e natural;

F - Integração urbano-rural

Estimular a articulação entre as cidades e a sua envolvente rústica, incluindo áreas agrícolas e florestais do hinterland e dos interfaces urbano-rurais, explorando as complementaridades económicas, sociais e culturais que resultam dessa relação de proximidade, melhorando as condições de transporte e logística e promovendo a oferta de produções regionais nomeadamente no sector hortofrutícola;

Obviar à proliferação indiscriminada da edificação dispersa nos solos rústicos periurbanos, especialmente para habitação, precavendo deseconomias urbanas, e promover a afetação desses solos a atividades produtivas, nomeadamente agrícolas e florestais, desmotivando o seu abandono e ajudando a neutralizar procuras e interesses adventícios;

Potenciar espaços silvestres periurbanos e metropolitanos, criando ou requalificando parques de recreio e lazer, parques florestais de uso múltiplo e redes de percursos nas áreas de influência das cidades, aumentando a sensibilização da população urbana para os valores naturais;

Impulsionar a valorização económica e social do património natural, das áreas protegidas e classificadas para efeitos de conservação da natureza, promovendo em meio urbano os produtos e serviços associados a estas áreas e reforçando o seu papel fundamental na defesa da biodiversidade e na afirmação da cidade-região;

1.1.4.1.3.3 Eixo 3 - Inclusão & Capital Humano

A - Inclusão social

Promover a inclusão, a equidade e a coesão social, procurando reverter os processos associados à exclusão social, como a pobreza, as dificuldades no acesso à habitação, a equipamentos e a serviços, e o afastamento para as periferias, garantindo o direito à cidade e incentivando trajetórias residenciais centrípetas;

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Assegurar a adequada extensão, intensidade e qualidade das redes de infraestruturas urbanas e de equipamentos e serviços sociais, através de uma perspetiva funcional e não tão só administrativa, de forma a responder às procuras e necessidades específicas e emergentes dos idosos, crianças, jovens, famílias e cidadãos com mobilidade reduzida;

Garantir a segurança de pessoas e bens, prevenindo e combatendo a criminalidade urbana, com particular enfoque nas zonas urbanas críticas e na criminalidade violenta que mais afeta o sentimento de segurança dos cidadãos, e fomentar a prevenção social e o apoio às vítimas, especialmente crianças, idosos e mulheres;

B - Capacitação e iniciativa

Valorizar o capital humano das cidades, promovendo a capacitação de potenciais empreendedores, empresários e gestores empresariais, nomeadamente nas PME, e a adequação da qualificação dos trabalhadores ao mercado de trabalho, visando a (re)integração laboral dos jovens e desempregados;

Promover e dinamizar o empreendedorismo e as oportunidades de emprego em meio urbano, de forma a valorizar os ativos desempregados e a criação de novas empresas que permitam gerar emprego com sustentabilidade e continuidade;

C - Cultura, cidadania e responsabilidade

Estimular a transparência e a intervenção ativa dos cidadãos no modelo de desenvolvimento urbano sustentável, inovando nos veículos e formatos de comunicação da informação, desenvolvendo programas de sensibilização e envolvimento cívico na resposta aos desafios urbanos e criando plataformas permanentes de participação pública e inovação cidadã;

Fomentar as diversas expressões da cultura urbana de vizinhança e proximidade, apoiando a dimensão comunitária e associativa locais, reforçando os laços de convívio, solidariedade, tolerância, proteção, responsabilidade e inclusão e aprofundando a identidade e autoestima coletivas, em particular das comunidades em maior risco de exclusão social;

Intervir junto dos cidadãos na dimensão comportamental do desenvolvimento urbano sustentável, alertando e responsabilizando-os individual e coletivamente para os impactos

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das suas opções e estilos de vida, disponibilizando-lhes as oportunidades e condições de ajustamento e mobilizando-os em torno de compromissos partilhados;

Salvaguardar e valorizar o património cultural e natural existente, material e imaterial, como fator de diferenciação dos territórios, potenciar a utilização dos equipamentos culturais existentes através da criação de parcerias e de redes culturais e investir nas atividades culturais enquanto fator decisivo de valorização dos cidadãos e dos territórios, promovendo a expressão, o acesso e a pluralidade de culturas locais, tradicionais e contemporâneas;

D - Comunidades urbanas

Valorizar a escala de proximidade para o desenvolvimento de processos inclusivos de cidadania e sensibilização, incentivando abordagens inclusivas, inteligentes e sustentáveis de base comunitária, que tirem partido e reforcem a capacidade instalada do tecido associativo e da rede de intervenção pública locais;

Apoiar a estruturação de economias de base comunitária, promovendo o comércio de proximidade e o emprego local, nomeadamente mediante o recurso a sistemas de incentivos que promovam a dinâmica económica e o emprego;

1.1.4.1.3.4 Eixo 4 - Territorialização & Governança

A - Informação e conhecimento

Assegurar uma base local sólida e atualizada de informação urbana que permita suportar os diagnósticos de necessidades, preferências, contextos e custos das intervenções inerentes ao desenvolvimento urbano sustentável, facilitando as avaliações ex-ante e o desenvolvimento de respostas inovadoras de política pública, a monitorização e a avaliação das dinâmicas urbanas resultantes da implementação das estratégias definidas;

Desenvolver as matrizes de inteligência, sustentabilidade e inclusão dos subsistemas urbanos, implementando um sistema de indicadores assente no quadro nacional de referência para as cidades sustentáveis e assegurando a complementaridade com os processos de avaliação ambiental estratégica e com os relatórios de estado do ordenamento do território de âmbito municipal e regional;

Referências

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