• Nenhum resultado encontrado

Download/Open

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Download/Open"

Copied!
49
0
0

Texto

(1)Capítulo 3 Eis as palavras de Mesa, o dibonita Mesa, rei de Moab, era criador de ovelhas, e entregava ao rei de Israel cem mil cordeiros e a lã de cem mil carneiros. Mas quando morreu Acab, revoltou-se o rei de Moab contra o rei de Israel. 2Rs 3,4-5. O texto atual da estela do rei Mesa, conforme foi demonstrado anteriormente, é fruto do trabalho de reconstrução feito pelo orientalista francês Charles ClermontGanneau, entre os anos de 1870 e 1875.1 Ainda que parte do texto original tenha se perdido, por ocasião da destruição do objeto, em 1869, a reconstrução permitiu aos estudiosos de línguas semíticas, aos arqueólogos especializados em Oriente Próximo, bem como aos biblistas, entrar em contato com um importante texto do século 9 A.E.C., que trouxe novos elementos para a compreensão das línguas do tronco semítico (inclusive o próprio hebraico), para o estudo das relações políticas que ocorreram naquela região e para o estudo de vários aspectos do Primeiro Testamento.. Traduções da inscrição para o português são encontradas em sítios da Internet, mas são meramente informativas, e provavelmente realizadas a partir de alguma outra língua estrangeira. Existe apenas uma tradução publicada, bastante sofrível, e elaborada a partir de uma tradução francesa; obviamente, o objetivo desse texto tem também um caráter informativo, e visa atingir um público leigo, mas que tenha algum interesse pelo mundo no qual surgiram as Sagradas Escrituras.2 A partir dessas observações, é cerne desse capítulo, portanto, apresentar uma tradução crítica do texto da estela de Mesa em português, feita a partir do texto reconstruído da estela, facilitando ao público lusófono 1. Cf. acima, capítulo 1, p.38-41. Essa tradução pode ser encontrada em VV. AA., Israel e Judá: textos do antigo Oriente Médio, trad. Benôni Lemos, 2ª ed, São Paulo, Paulus, 1995, p.58-59.. 2. 107.

(2) a leitura e o estudo das palavras ditas pelo rei moabita, escritas há mais de dois mil e oitocentos anos. Além disso, a inscrição é analisada quanto à sua forma e ao gênero literário, oferecendo novas perspectivas para a compreensão do estado surgido em Moab.. 3.1 Aspectos materiais. A estela encontra-se, desde a sua reconstrução por Charles Clermont-Ganneau, no Museu do Louvre, em Paris, na sala D do Pavillon Sully, sob a curadoria do Departamento de Antiguidades Orientais, registrada sob o número AO5066+2142.3 Feita de basalto, rocha de coloração escura, de origem vulcânica, bastante maleável e, por isso mesmo, bastante utilizada na Antigüidade para a execução de inscrições, a peça tem 1,24 m de altura, 0,79 m de largura e 0,36 de profundidade. A parte superior da estela é arredondada, e existem bordas esculpidas em seus cantos. A inscrição tem trinta e quatro linhas grafadas, nas quais as palavras são separadas por pontos, e as sentenças, por barras horizontais. Conforme já foi dito, são cerca de seiscentos caracteres recuperados, o que, segundo estimativas de Clermont-Ganneau, corresponderiam a 60% da inscrição original.4. O texto está em moabita, uma língua semítica aparentada ao hebraico, grafado em caracteres paleo-hebraicos, típicos do século 9 A.E.C., muito próximos dos caracteres fenícios do século anterior, como por exemplo, os encontrados no sarcófago 3. LEMAIRE, André, “Prophètes et rois dans les inscriptions ouest-sémitiques (IXe-VIe Siècler av. J.-C.)”, em LEMAIRE, André (ed.) Prophètes et rois: Bible et Proche Orient, Paris, Les Éditions du Cerf, 2001, p.103. Durante muitos anos, o decalque tirado da inscrição antes da quebra, esteve numa vitrine, próximo à inscrição reconstruída; infelizmente, ele não mais se encontra à disposição do público; LEMAIRE, André, “‘House of David’ Restored in Moabite Stone”, em Biblical Archaeology Review, v.20, n.3, maio/junho 1994, p.34; uma fotografia do decalque é apresentada no mesmo artigo, p.36. 4 Cf. acima, capítulo 1, p.40, n.56.. 108.

(3) de Ahiram, rei de Biblos. Em alguns manuscritos encontrados em Qumran, inclusive, utiliza-se esse tipo de letra para grafar termos considerados especiais, como o nome divino (yhwh). T. C. Mitchell apresenta uma interessante tabela, onde pode ser feita a comparação entre os diferentes tipos de escrita, desde a proto-sinaítica, do século 15 A.E.C, até a escrita dos manuscritos de Qumran (século 1 A.E.C.), além de um Pentateuco hebraico, do século 9 E.C., de origem desconhecida.5 A partir dessa tabela, bem como daquela apresentada pela gramática de Gesenius, foi possível comparar criticamente as transliterações da inscrição com o original paleo-hebraico, como se verá a seguir.6. Várias datas foram propostas para a inscrição. A paleografia indicou caracteres do século 9 A.E.C. Internamente, ao nomear um dos reis de Israel, Omri, bem como o “seu filho”, possivelmente o rei Acab, o texto apresenta pistas para estabelecer uma datação mais conclusiva, ainda que não sem problemas.7 Dependendo da datação utilizada para a duração dos reinados de Omri e Acab, a idade da inscrição pode variar em algumas décadas. Herbert Donner coloca esses reinados entre 882/878 e 871 A.E.C, e entre 871 e 852 A.E.C., respectivamente.8 Israel Finkelstein e Neil Silbermann propõe que o reinado de Omri tenha ocorrido entre 884 e 873 A.E.C.; na seqüência, Acab teria governado entre 873 e 852 A.E.C.9 Amihai Mazar situa o governo dos dois entre 882 e. 5. MITCHELL, T. C., The Bible in the British Museum: interpreting the evidence, 2a ed., London, The British Museum Press, 2004, p.34-35. 6 KAUTZSCH, Emil (ed.), Gesenius’ Hebrew Grammar, 16ª ed., trad. G. W. Collins, Oxford, Oxford University Press, “Table of Alphabets”. 7 Para Thomas Thompson, “Omri” quer significar “Casa de Omri”, ou seja, “Israel”, e não o nome do soberano desse estado. Contra essa opinião, cf. EMERTON, John, “The Value of the Moabite Stone as an Historical Source”, em Vetus Testamentum, LII, 4, 2002, p.489. 8 DONNER, Herbert, História de Israel e dos povos vizinhos: da época da divisão do reino até Alexandre Magno (v.2), 3ª ed., trad. Cláudio Molz e Hans Trein, São Leopoldo, Sinodal, 2004, p.303. 9 FINKELSTEIN, Israel; SILBERMANN, Neil, A Bíblia não tinha razão, trad. Tuca Magalhães, São Paulo, A Girafa, 2003, p.235.. 109.

(4) 851 A.E.C.10 A cronologia mais baixa é a de J. Bright, que coloca o reinado de Omri entre 876 e 869 A.E.C., e o de Acab, entre 869 e 850 A.E.C.11. Klaas Smelik, porém, acredita que a escolha de Acab como o “filho” de Omri traga problemas cronológicos consideráveis, sobretudo para a interpretação da linha 8 da inscrição; ignorando que a menção aos “quarenta anos” possa indicar apenas um longo tempo, sem maiores especificações, esse autor sugere que o “filho” deve ser o rei Jorão de Israel, o que traria uma nova cronologia.12 Por sua vez, André Lemaire sugere que as conquistas de Mesa tenham ocorrido durante o reinado de Jeoacaz de Israel, entre 819-803 A.E.C.13 De toda maneira, a data mais antiga da inscrição tem que ser anterior a 869 A.E.C. Como será visto a seguir, a estela provavelmente foi erigida no fim do governo de Mesa e, portanto, a datação deve ser bem posterior que essa data. William Albright afirma que o texto foi escrito em torno de 830 A.E.C.14 Para Lemaire a inscrição é um pouco mais recente: ele sustenta que a estela é contemporânea aos reinados de Hazael de Damasco e Jeú de Israel (841-814 A.E.C.) e, portanto, a data mais provável da inscrição deve estar entre 826 e 814 A.E.C.15. 10. MAZAR, Amihai, Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000-586 a.C., trad. Ricardo Gouveia, São Paulo, Edições Paulinas, 2003, p.386. 11 BRIGHT, John, História de Israel, trad. Luiz Solano Rossi e Eliane Solano Rossi, 7ª ed, São Paulo, Paulus, 2003, p.294-295. 12 SMELIK, Klaas, “The Literary Structure of King Mesha’s Inscription”, em Journal for the Study of the Old Testament, n.46, fevereiro/1990, p.29, n.11. As datas para o reinado de Jorão, pelos diversos autores, são: entre 851-845 A.E.C., em Herbert Donner, História de..., v.2, p.316; entre 851-842 A.E.C., em Israel Finkelstein; Neil Silbermann, A Bíblia..., p.235; entre A.E.C., entre 849-843/2 A.E.C, em John Bright, História de..., p.302. Thomas Thompson sustenta que o uso de números redondos indica que a inscrição não tem um valor histórico, mas seria apenas uma história fictícia, elaborada muito tempo depois. Contra essa opinião, cf. John Emerton, “The Value...”, p.486-487. 13 André Lemaire, “‘House of..., p.37. 14 ALBRIGHT, William, “The Moabite Stone”, em PRITCHARD, James (ed.), The Ancient Near East: na Antology of Texts and Pictures, v.1, Princeton, Princeton University Press, 1973, p.209. 15 André Lemaire, “Prophètes et...”, p. 103. Em artigo da década de 1990, o mesmo autor afirma, ao comparar a estela de Mesa e a inscrição de Tel Dan: “I would date it, on both paleographical and historical grounds, to the last quarter of the ninth century B.C.E., the same as the date of the Mesha stela.”; André Lemaire, “‘House of...”, p.37.. 110.

(5) 3.2 Tradução. Nesse item será apresentada uma primeira tradução do texto, que foi feita a partir de duas transliterações da inscrição para os caracteres hebraicos, encontradas no trabalho de A. H. Van Zyl e no de Kent Jackson e John Andrew Dearman, sendo a última utilizada como texto-base para a tradução.16 Ainda que não seja objetivo dessa dissertação estabelecer uma crítica aprofundada sobre a transliteração do texto paleohebraico, foram feitas algumas considerações críticas sobre o assunto, pois ambos os textos consultados foram cotejados com duas representações da inscrição, que apresentam, de forma bastante clara e legível, o original paleo-hebraico. Essas representações são encontradas no trabalho de Bruce Routledge e de Walter Beyerlin; essa última é a mesma encontrada num texto de divulgação do Museu Britânico, de Londres (Anexos, Imagem 5).17 Quando necessário, o comentário é apresentado em nota de rodapé.. A apresentação dessa tradução dá-se linha a linha, seguindo a disposição apresentada pela inscrição. Em cada uma das trinta e quatro linhas, apresenta-se, primeiramente, a transliteração, acompanhada pelo número da linha: nela, as palavras estão separadas por espaços duplos, mantendo a leitura da direita para a esquerda; como indicação do fim da frase, são utilizados dois pontos, como no texto massorético. Em seguida, vem a transcrição fonética da linha, que obedece a leitura da direita para a esquerda, ainda que as palavras, separadas umas das outras por pontos, devam ser lidas 16. VAN ZYL, A. H., The Moabites, Leiden, E. J. Brill, 1960, p.203; JACKSON, Kent; DEARMAN, John Andrew, “The Text of the Mesha Inscription”, em DEARMAN, John Andrew (ed.), Studies in the Mesha Inscription and Moab, Atlanta, Scholars Press, 1989, p.91-95. 17 ROUTLEDGE, Bruce, Moab in the Iron Age: Hegemony, Polity, Archaeology, Philadelphia, University of Pennsylvania Press, 2004, p.134; BEYERLIN, Walter (ed.), Near Eastern Religious Texts Ralating to the Old Testament, trad. John Bowden, London, SCM Press, 1978, p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56.. 111.

(6) da esquerda para a direita. Por último, vem a tradução ao português, onde as palavras também seguem da leitura da direita para a esquerda, sendo igualmente separadas por pontos.. Em todas as linhas, as leituras reconstruídas foram indicadas entre colchetes; espaços corrompidos pela destruição da estela também aparecem entre colchetes, nos quais traços simples indicam a quantidade provável de caracteres que existiam ali. Na tradução interlinear ao português, as letras únicas, que provavelmente faziam parte de uma palavra corrompida pela quebra, estão grafadas em itálico; da mesma forma, aparece cada nota accusativi (. ), que indica o objeto direto e não é traduzida. Junto ao. texto interlinear, estão os comentários filológicos sobre uma boa parte dos termos e construções gramaticais, apresentados em notas de rodapé. Ainda que essas notas possam tornar a leitura bastante exaustiva, optou-se por essa forma de apresentação, de forma que o leitor não precise dirigir-se ao fim da dissertação toda a vez que deseje consultar uma das notas. O texto somente em língua portuguesa virá após a tradução interlinear.. 112.

(7) 3.2.1 Tradução interlinear. 01. hd . m’b . mlk . kmš[yt] . bn . mš‘ . ’nk o d . moab . rei de . kemoš[yat] . filho de . meša . eu 02. 18. , m’b. O texto massorético apresenta o termo . Não existe consenso quanto ao significado exato dessa palavra; Kent Jackson afirma que Lipi ski sugere uma etimologia oriunda da raiz w’b, de onde viriam os termos maw’ab/mô’ab, que significariam “extensão”, e fariam referência à paisagem do território; JACKSON, Kent, “The Language of the Mesha Inscription”, em John Andrew Dearman (ed.), Studies in the..., p.102-103. 19 , kmš[yt]. A palavra foi reconstruída a partir da inscrição de el-Kerak, provavelmente moabita (e talvez do próprio rei Mesa). Na primeira linha dessa inscrição é possível ler: ’nk mš‘ bn k]mšyt mlk m’b hd[ybny, onde o fragmento perdido na inscrição de Mesa é completado pela outra, e vice-versa. apresenta um elemento teofórico, e faz referência a divindade moabita Quemos (que aparece em outros nomes próprios moabitas). Uma inscrição amonita, do século 5 A.E.C., apresenta o nome mlkmyt, mas a existência de outros nomes teofóricos com o sufixo -yt não torna conclusiva a reconstrução para o nome do pai do rei Mesa. Outras sugestões para o sufixo corrompido são -ntn e -’yt; Kent Jackson, “The Language...”, p.102. Van Zyl sugere o termo , que significaria “possa Quemos confirmar”; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.182.203. 20 , bn. É a forma canaanita, e difere do aramaico bar; Kent Jackson, “The Language...”, p.102. 21 Van Zyl, equivocadamente, acrescenta o termo , entre e ; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203; Cf. também Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 22 O nome próprio é construído a partir da raiz yš‘/wš‘, que tem o sentido de “salvar”, “livrar”, “resgatar”; tal raiz é muito usada em nomes pessoais semíticos. O nome , encontrado no texto massorético (2 Rs 3,4), deve aproximar-se da pronúncia moabita. A versão grega dos LXX apresenta o nome , que poderia ser um indicativo de que a raiz original fosse wš‘, enquanto o hebraico sugere a raiz yš‘. Ainda que, na Idade do Ferro, a raiz geralmente inicie com um yod, o hebraico possui wš‘, no particípio hifil ( ). O nome de Mesa, assim, refere-se à libertação de Moab: ou o rei tomou-o após suas vitórias, ou simplesmente expressava o desejo de seus pais; Kent Jackson, “The Language...”, p.101. 23. , ’an k ou ’an k . Ocorre 15 vezes na inscrição, e corresponderia ao hebraico ; é impossível dizer se a falta do yod final significa a ausência de vogal no fim da palavra; Kent Jackson, “The Language...”, p.100. 24 , w’nk. A utilização do pronome antes do verbo servia para enfatizar a mudança de assunto; Kent Jackson, “The Language...”, p.104. 25 , št. Provavelmente um substantivo singular, se o moabita, como o hebraico, usar um singular em seguida aos múltiplos de 10; Kent Jackson, “The Language...”, p.103. 26 , šlšn. O masculino plural moabita é indicado pelo -n (provavelmente com a pronúncia - n), diferentemente do hebraico -îm; Kent Jackson, “The Language...”, p.103; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.172. 27 , mlk. Normalmente traduzido como “rei”, como na linha 1. Em outro ponto da inscrição, a raiz aparece claramente como um verbo: w’nk mlkty (linhas 2-3). No texto massorético, no entanto, o verbo mlk sempre é seguido por ‘l, que precede o país governado; por isso, o termo deve indicar um verbo, e não um substantivo; Kent Jackson, “The Language...”, p.103. 28 ,’by. Diferente do fenício, que lhe é contemporâneo, o moabita utiliza-se do yod final para indicar o pronome possessivo da primeira pessoa do singular (“meu pai”); Kent Jackson, “The Language...”, p.103. 29 , hdybny. A expressão é o adjetivo pátrio de Mesa. No texto massorético, o nome da cidade aparecer como , que não apresenta ditongo na primeira sílaba; o texto dos LXX, ao contrário,. 113.

(8) mlk . w’nk . št . šlšn . m’b . ‘l . mlk . ’by : ybny rei . e eu . ano . trinta . moab . sobre . reinou . meu pai : ibonita. !. ". 03. bm[ ] : bqrhh . lkmš . z’t . hbmt . w’‘š : ’by . ’hr . ty bm[ ] : em qarhoh . para kemoš . esta . a bamat . e construí : meu pai . após . nei 04. apresenta palavras com e sem a contração do ditongo ay, como (Js 13,17) e (Is 15, 2). A presença do yod na palavra moabita talvez indique a pronúncia do ditongo. O artigo definido h- aparece 17 vezes na inscrição de Mesa, indicando que o moabita é mais próximo do canaanita do que do aramaico; Kent Jackson, “The Language...”, p.103. 30 Em nota, Van Zyl sugere que a leitura possa ser # , “as a banner of victory”; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.189, n.6; Albright mantém uma lacuna; William Albright, “The Moabite Stone”, p.209, assim como Klaas Smelik, “The Literary...”, p.27. Routledge traduz como “a high [place of salva]tion”; mesmo assim, afirma que Edouard Lipi ski sugere a leitura bn[th n]š‘, “As a victor I built it”; Bruce Routledge, Moab in..., p.135.237, n.2. Schmidt também traduz como “a high place of salvation”; SCHMIDT, Brian, “Moabite Stone”, em CHAVALAS, Mark (ed.), The Ancient Near East: Historical Sources in Translation, Oxford, Blackwell, 2006, p.312. Essa dissertação manterá a questão em aberto, seguindo Kent Jackson, “The Language...”, p.97. 31 ! , qrhh. O termo hebraico significa “careca”, “calvície”; HOLLADAY, Willian (ed.), A Concise Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament, Grand Rapids / Leiden, W. B. Eerdmans / E. J. Brill, 1988, p.325; ALONSO SCHÖCKEL, Luís, Dicionário bíblico hebraico-português, trad. Ivo Storniolo e José Bortolini, 3ª ed., São Paulo, Paulus, 2004, p.593. Provavelmente trata-se do bairro real, construído por Mesa em Dibon.Em interessante artigo, Ellis Easterly sugere que o termo que aparece em Is 15,2 ( ) não signifique “careca”, mas que faça referencia ao ! de Dibon; EASTERLY, Ellis, “Is Mesha’s QRHH mentioned in Isaiah XV 2?”, em Vetus Testamentum, XLI, 2, 1991, p.215-219. 32 ", z’t. Pronome demonstrativo feminino singular. Diferentemente do hebraico, o artigo definido não acompanha o pronome, apesar de acompanhar o substantivo; mas não é possível afirmar que esse padrão é regular no moabita, como o é no fenício; Kent Jackson, “The Language...”, p.104; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.171. 33 , bmt. Diferentemente do hebraico judaíta, o palavra moabita termina em at, e não em h; o taw final em substantivos femininos singulares absolutos também é encontrado no hebraico israelita, no fenício e no amonita; Kent Jackson, “The Language...”, p.104. 34 , w’‘ . Primeira pessoa do imperfeito singular de ‘ y, denominado imperfeito consecutivo, e usado no início da sentença sem um pronome independente. Na inscrição aparecem mais de 20 exemplos de consecutivos imperfeitos, indicando uma proximidade maior do hebraico do que do fenício; um exemplo do texto massorético aparece em (Dt 10,3); Kent Jackson, “The Language...”, p.104. , mlkty. O yod final é uma mater lectionis, utilizado na primeira pessoa do perfeito singular; Kent Jackson, “The Language...”, p.104. 36 , hr’ny. Terceira pessoa do masculino singular perfeito hifil, a partir da raiz r’y, com o sentido de “fazer prevalecer sobre”, “fazer triunfar”; este verbo é usado do mesmo modo na linha 7, seguido da preposição b-; Kent Jackson, “The Language...”, p.105. 37 Em Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.94, a palavra está grafada . A. H. Van Zyl, The Moabites, p. 203, omite o inicial, que consta na inscrição; cf. T. C. Mitchell, The Bible..., p. 56; Bruce Routledge, Moab in..., p. 134. De toda forma, Jackson sustenta que faz sentido a correção da palavra šlkn para mlkn, sobretudo ao levar-se em conta e menção a Omri e seu filho, bem como a coalizão de reis apresentada por 2Rs 3,4ss; Kent Jackson, “The Language...”, p.105. A representação da inscrição dada por Beyerlin e Mitchell deixa dúvidas se a letra é um ou um ; Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56. 38 , ky. Como o kî hebraico. Em ugarítico e fenício, ele estaria escrito procliticamente (k-); Kent Jackson, “The Language...”, p.105. 35. 114.

(9) ‘mr : šn’y . bkl . hr’ny . wky . hmlkn . mkl . hš‘ny . ky . š’ omr : meus inimigos . sobre todos . ele me fez triunfar . e eis . os reis . de todos . ele me salvou . eis . š’. $. 05. b’r . kmš . y’np . ky . rbn . ymn . m’b . ’t . wy‘nw . yšr’l . mlk . y em ter . kemoš . se irou . porque . muitos . dias . moab . ’t . oprimiu . Israel . rei de . i. %&. '. (. 06. : k[n] . ’mr . bymy : m’b . ’t . ’‘nw . h’ . gm . wy’mr . bnh . wyhlph : sh : is[so] . disse . em meus dias . moab . ’t . dominarei . ele . também . e disse . seu filho . e o sucedeu : ra sua. ). %. 07. [’r] . k[l] . ’t ‘mry . wyrš . ‘lm . ’bd . ’bd . wyšr’l : wbbth . bh . w’r’ [ter] . to[da] . ’t . omri . e conquistou . sempre . pereceu . perecer . e Israel : e sobre sua casa . sobre ele . mas triunfei. (. *. 39. ,’t. Como em hebraico, uma nota accusativi, indicando que o vocábulo seguinte é um objeto direto do verbo que o precede. Porém, não existe um uso consistente de ’t na inscrição de Mesa: ele é mais usado na primeira parte do texto, onde a narrativa é feita com o uso do imperfeito consecutivo; na segunda parte, onde se usa o perfeito, com pronomes independentes, o ’t torna-se menos comum. Várias explicações são dadas para esse fenômeno, inclusive que, no moabita, o ’t serve para enfatizar determinados objetos; Kent Jackson, “The Language...”, p.105-106. 40 , wy‘nw. Terceira pessoa masculina singular do imperfeito piel, oriunda da raiz ‘nw; novamente uma construção do imperfeito consecutivo; Kent Jackson, “The Language...”, p.105. Diferentemente da inscrição, Van Zyl lê ; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. 41 A reconstrução [ ] , k[n] é incerta, mas é preferível à proposta de que seja [ ] ; Kent Jackson, “The Language...”, p.108. 42 ,’‘nw. Primeira pessoa singular do imperfeito piel. Van Zyl apresenta o termo ; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203, mas essa opção não é referendada pelo texto original; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 43 , h’. Pronome da terceira pessoal masculina singular, provavelmente vocalizado como no hebraico (hû’); Kent Jackson, “The Language...”, p.108. 44 ' , wyhlph. O he final aparece como sufixo que indica a terceira pessoa masculina singular. No hebraico bíblico, normalmente, utiliza-se de - hû, enquanto o fenício utiliza-se de - . É difícil saber a vocalização correta no moabita, apesar das várias sugestões; Kent Jackson, “The Language...”, p.108. 45 Trata-se de uma reconstrução, que segue Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.94, apesar da lacuna no texto original; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 46 , wyrš. O verbo pode ser lido como um imperfeito; um dos vários exemplos da forma imperfeita consecutiva; Kent Jackson, “The Language...”, p.109. 47 % , ’bd ’bd ‘lm. A tradução é “perecer perecer (para) sempre”. Provavelmente trata-se de um infinitivo intensivo, sendo que o primeiro ’bd é o infinitivo absoluto, enquanto o segundo é a terceira pessoa masculina singular do perfeito. ‘lm é usado como advérbio, mas sem a preposição l-; Kent Jackson, “The Language...”, p.109. 48 , bnh. Forma ambígua, que pode indicar tanto “seu filho”, quanto “seus filhos”; na linha 6, bnh é claramente singular. A tradução precisa seguir critérios mais históricos do que lingüísticos; Kent Jackson, “The Language...”, p.109-110.. 115. 08.

(10) wyš . št . ’rb‘n . bnh . ymy .whsy . ymh . bh . wyšb : hmhdb’ . s mas regres . ano . quarenta . do seu filho . dos dias . e metade . seus dias . nela . e se estabeleceu : de medeba . ra 09. w’b[n] . h’šwh . bh . w’‘š . b‘lm‘n . ’t . w’bn : bymy . kmš . bh e construí . o reservatório . nela . e fiz . ba‘al me‘on . ’t . e construí : em meus dias . kemoš . sou a ela. %. +. *. &. !. 10. y . mlk . lh . wybn . m‘lm . ‘trt . b’rs . yšb . gd . w’š : qrytn . ’t rei de I . para eles . e construiu . desde sempre . ‘atarot . na terra . habitaram . gad . e homens de : qiryaten . ’t. %. &. ". !. %. +. 11. 49. , ymy. Trata-se de um masculino plural constructo, que foi traduzido como “dias do seu filho”; Kent Jackson, “The Language...”, p.109. 50 , ymh. Provavelmente um plural, “seus dias”; Kent Jackson, “The Language...”, p.109. 51 Van Zyl transcreve ; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. A opção por segue o texto original;cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. Preferiu-se traduzir por “Medeba”, termo já existente em língua portuguesa, e também utilizado por William Albright, “The Moabite...”, p.209, do que “Mehadaba”, proposto por Kent Jackson, “The Language...”, p.97, ou “Mahdebah”, proposto por A. H. Van Zyl, The Moabites, p.190. 52 Uma nova reconstrução, apresentada por Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.94. A representação do texto apresentada por Bruce Routledge, Moab in..., p.134, sustenta essa leitura; já a apresentada por T. C. Mitchell, The Bible..., p.56, permite apenas a leitura . 53 , ’šwh. Provavelmente significa “reservatório”, ao contrário de br, que indica “cisterna” (linha 24). Em hebraico, a raiz šwh signfica “afundar”, “baixar”; existe também o cognato , que aparece em Jr 2,6, geralmente traduzido como “cova”; em Eclo 50,3, o termo ’šyh também é traduzido como “reservatório”; Kent Jackson, “The Language...”, p.110. 54 Van Zyl, equivocadamente, omite o nome , A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. Cf. a existência do termo em Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 55 , wyšbh. Terceira pessoa masculina singular do imperfeito hifil; pode ser lido como wyš[b] bh, em conexão com a linha seguinte. É preferível ler o termo seguindo a raiz šwb, “voltar”, “regressar”, já que não exige uma emenda ao texto original; Kent Jackson, “The Language...”, p.110. 56 & , ’š gd. Os “gaditas”, ou “homens de Gad”, usados como um coletivo, com um verbo no singular; Kent Jackson, “The Language...”, p.111. 57. ! , qrytn. O texto massorético apresenta. ! "#. , em Jr. 48,23; Kent Jackson, “The Language...”,. p.111. Van Zyl lê um aqui; A. H. Van Zyl The Moabites, p.203. Essa reconstrução não se sustenta a partir das duas representações do texto da estela; cf. T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 59 " , w’hzh. Primeira pessoa do perfeito consecutivo, na qual a letra alef foi assimilada à raiz; conta também com um sufixo, que indica a terceira pessoa singular feminina. No hebraico, aparece o termo 58. $ %& , como em Jz 20,6; Kent Jackson, “The Language...”, p.111.. ! , bqr. Como em hebraico, a preposição pode significar “contra”, como em ' (1Sm 5,9;18,17). Em moabita, a palavra ! significa “cidade”, mas o seu gênero é incerto; na linha 29, ela aparece no plural masculino, com a terminação -n; na língua hebraica, o cognato qyriâ é feminino, assim. 60. como o fenício qrt. O termo hebraico ‘ir é femino, mas seu plural é masculino (como. ! (, em 2Sm 116.

(11) h‘m . kl . ’t . w’hrg . w’hzh . bqr . w’lthm : ‘trt . ’t . šr’l o povo . todo . ’t . e executei . e conquistei-a . contra a cidade . mas guerreei : ‘atarot . srael. #. %. !. w’[s] . dwdh . ’r’l . ’t . mšm . w’šb : wlm’b . lkmš . ryt . hqr e arr[as] . seu dwd . altar principal do . de lá . também trouxe : e para moab . para kemoš . (uma) satisfação . da cidade. 20,6). Por isso, apesar da dúvida, Jackson assume que, provavelmente, o termo qr é feminino; Kent Jackson, “The Language...”, p.111. 61 % , w’lthm. O verbo hebraico ! ), “guerrear”, “combater”, “lutar”, é usado constantemente como nifal. No entanto, a inscrição de Mesa não apresenta verbos em nifal, e não se sabe se eles existiam na língua moabita. É importante salientar a presença de um infixo no verbo moabita; Kent Jackson, “The Language...”, p.111. 62 , ’r’l dwd. A correta interpretação dessa expressão, após mais de um século de estudos sobre a inscrição, ainda permanece um mistério. Ao levar-se em conta que as linhas 17-18 mencionam os [k]ly yhwh, também levados diante do deus Quemos, pode-se supor que ’r’l dwd seja algum utensílio do culto israelita, tomado pelo rei moabita, após a conquista de Atarot; como paralelo, a Bíblia Hebraica apresenta os filisteus levando a arca ao templo de Dagon (1Sm 5, 1-2). Uma tradução pertinente para ’r’l seria “altar principal”, seguindo Is 29,1, que Almeida traduz como “lareira de Deus”. Outra sugestão é que ’r’l seria um nome próprio, enquanto dwd seria um título, pois nomes como * + (1Cr 6,9) e. *,. (Gn 46,16; Nm 26,17) aparecem no texto massorético, sendo que o último refere-se ao filho de Gad, ou aos gaditas. Tal nome aparece também na língua amonita (’wr’l). Uma terceira sugestão é que ’r’l seria um título dado a um guerreiro ou comandante militar: em 2Sm 23,20, Benaia, importante militar. 2. -.* /- 01). Segundo Jackson, William Albright subordinado à Davi, mata dois ’r’l moabitas ( propôs o mesmo uso, que é dado’r’l em 2Sm 23,20 para um termo de origem canaanita, encontrado no Papirus Anastasi I, 23,9, ’i-ir-’i-ra, que é filologicamente equivalente a ’r’l, e é usado como sinônimo de ‘udir, “salvador”, e dubi’, “guerreiro”. O texto grego dos LXX traz uma complicação final para essa solução, pois lê , em 2Sm 23,20, indicando que os assassinados foram “dois filhos de Ariel”; se essa leitura estiver correta, o bny hebraico original pode ter se perdido por homoioteleuton. Em relação a palavra dwd, pode sim estar relacionada com Davi, com o significado de “líder”, “chefe”; se assim for, provavelmente os moabitas chamavam os chefes militares israelitas com o termo dwd em sentido genérico (como o será, no futuro, o termo latino caesar). Outra sugestão é que seja o nome de uma divindade de Atarot, chamada Dod, ou ainda uma referência à yhwh, o “amado”. O he final é um sufixo de terceira pessoa masculina singular, e refere-se à cidade de Atarot; Kent Jackson, “The Language...”, p.112-113, n.87-88. Para a tradução do termo, optou-se por “altar principal do seu dwd”, como em Kent Jackson, “The Language...”, p.98, ainda que William Albright, “The Moabite...”, p.209, tenha adotado a tradução “Ariel, seu comandante”, em virtude da situação paralela apresentada pelas linhas 17-18. Essa opção também é sustentada por Bruce Routledge, Moab in..., p.135.237-238, n.8. 63 , w’šb. Primeira pessoa singular do imperfeito consecutivo hifil, oriunda da raiz šwb; Kent Jackson, “The Language...”, p.111. 64 , ryt. Os pesquisadores não chegaram a um consenso sobre o significado do termo. Segundo Jackson, a melhor sugestão é que a palavra seja um substantivo, e que tenha origem na raiz semítica rwt, que significa “saturar”, “saciar”. No hebraico bíblico existe uma forma que tem origem nessa raiz: "30 , em Jr 31,14 (“e saciarei”), forma que é paralela ao termo . Também foi proposto que a origem do. %&2. termo esteja na raiz r’y, com o sentido de “espetáculo”, como , em Na 3,6; outros autores preferem traduzir como “oferenda”. Em inscrições mineanas (os mineanos era um povo semítico, que habitava a península Arábica), foi encontrada a palavra ryt-m, relacionada a dívidas pagas a uma divindade, denominada Waad. Por conta da linha 17, não se pode excluir uma relação com o conceito de herem; Kent Jackson, “The Language...”, p.111-112. Por conta da relação com o herem, optou-se por traduzir como “satisfação”, seguindo William Albright, “The Moabite...”, p.209 e Kent Jackson, “The Language...”, p.98.. 117. 12.

(12) !. '. 13. ’š . w’t . šrn . ’š . ’t . bh . w’šb : bqryt . kmš . lpny . hbh homens de . e ’t . šaron . homens de . ’t . lá . e assentei : em qeryot . kemoš . diante de . tei-o. -. ". 14. w’ . yšr’l . ‘l . nbh . ’t . ‘hz . lk . kmš . ly . wy’mr : mhrt e fu . israel . de . nebo . ’t . conquista . vai . kemoš . para mim . e disse : maharot. %. (. !. %. 15. 65. , ’šb. Primeira pessoa singular do imperfeito hifil, da raiz yšb, como ’ šeb, em hebraico; Kent Jackson, “The Language...”, p.113 66 ' , lpny. Como lipnê, em hebraico; Kent Jackson, “The Language...”, p.113. 67 # , ’[s]hbh. Palavra reconstruída a partir de ’shb, na linha 18; o he final também é um sufixo de terceira pessoa masculina singular; Kent Jackson, “The Language...”, p.113. 68 " , lk ’hz ‘l y r’l. Aqui, o sentido da preposição ‘l é “de”, sendo que‘l y r’l está mais subordinado a lk do que a ’hz. Existe um paralelo dessa utilização da preposição em Jz 3,28;7,24. Dada a flexibilidade das preposições do tronco semítico noroeste, não é preciso optar pela tradução mais convencional, como “contra” e “sobre”; Kent Jackson, “The Language...”, p.114. 69 , nbh. A língua moabita utilizou-se aqui do he como uma mater lectionis, provavelmente para indicar um - , onde o hebraico usa um waw (como em Dt 34,1); Kent Jackson, “The Language...”, p.114. 70 Van Zyl, equivocadamente, omite esse termo; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. A existência do termo sustenta-se a partir das duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 71 " , ’hz. Imperativo masculino singular; Kent Jackson, “The Language...”, p.114. É importante ressaltar também que a frase " , wy’mr ly kmš lk ’hz, tem um paralelo importante numa inscrição contemporânea e geograficamente próxima, encontrada na cidadela de Amã, e que é reconstruída da seguinte maneira: wy’mr ly m]lkm bnh (“e disse para mim Milkom: ‘Construa’”). Estando correta essa reconstrução, em ambas as frases o rei é quem discursa, reportando-se às instruções dadas pela divindade nacional, com a utilização de imperativos singulares. O mesmo ocorre na linha 32 da inscrição de Mesa; Kent Jackson, “The Language...”, p.113. Para uma análise da inscrição encontrada em Amã, cf. FULCO, William, “The ‘Amm n Citadel Inscription : A New Collation”, em Bulletin of the American Schools of Oriental Research, 230, abril/ 1978, p.39-43. 72. , lk. Imperativo masculino singular, da raiz hlk, como o hebraico 4*, em Gn 26,16; Kent Jackson, “The Language...”, p.113. 73 % ( , hshrm. No hebraico bíblico, a terminação dessa palavra é -ayim, utilizada normalmente para representar o dual. Se a palavra moabita tinha uma terminação dual, era de se esperar agora um nun final, como em m’tn, na linha 20. Alguns estudiosos afirmam que o mem final é indicação de advérbio; tal fato não é impossível de ocorrer, mas shrm é claramente um nome; Kent Jackson, “The Language...”, p.115. 74 ! , mbq‘ hšhrt. bq‘ é provavelmente um substantivo, com a preposição m- afixada. O hebraico não tem esse substantivo, mas o verbo é bem atestado. O hebraico šahar é encontrado apenas no masculino, enquanto em moabita ele é feminino. Essas duas palavras são usadas em Is 58,8; Kent Jackson, “The Language...”, p.114-115. 75 Equivocadamente, Jackson e Dearman sustentam que o termo correto é % ; Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.94; porém, nesse caso, a reconstrução de A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203, é amparada pelas duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. O mesmo termo ocorre na linha 11; cf. acima, n.61. 76 , llh. O he final é uma mater lectionis (o fenício teria apenas um ll). Como os substantivos femininos singulares moabitas na inscrição terminam em -t, há a sugestão que llh seria primeiramente um advérbio, e só secundariamente teria a função de substantivo; Kent Jackson, “The Language...”, p.114.. 118.

(13) w’h . hshrm . ‘d . hšhrt . mbq‘ . bh . w’lthm . bllh . hlk e conquis : o meio-dia . até . da alvorada . do romper . contra ela . e guerreei . durante a noite . i. &. &. &. &. '. &. ". 16. w[gd] . wgbrt : w[g]rn . g[b]rn . ’lpn . šb‘t . kl[h] . w’rg . zh e estrangei . e mulheres : e estrangeiros . guerreiros . mil . sete . todos [nela] . e executei . tei-a. %. !. 17. [k] . ’[t] . mšm . w’qh : hhrmth . kmš . l‘štr . ky : wrhmt . t [va] . ’[t] . de lá . também tomei : e consagrei-os ao extermínio . kemoš . para ‘aštar . eis : e ventres (=escravas) . ras. '. %. #. 18. 77. ,’hlk. No texto massorético, a forma mais comum para esse termo é 4*0 &. No hebraico, algumas conjugações seguem o modelo com um waw inicial, e não com um he. Em geral, temos as formas 4* & (primeira pessoa do imperfeito singular), mas o he é preservado (imperativo singular masculino) e 4*0. 9. em algumas conjugações, como 4*0 5 (Pv 13,20, qere) e 4*678 (Jó 23,8). No imperfeito moabita, não existe o he (ver n. 71), mas a letra é mantida em ’hlk; Kent Jackson, “The Language...”, p.114. 78 A reconstrução adotada não é sustentada pelas duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 79 A reconstrução sustenta-se a partir das duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 80 A reconstrução também se sustenta a partir das duas representações do texto da estela; cf. T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 81 ' , šb‘t ’lpn. Conforme o hebraico ! :* / -" 2 (Nm 3,22; 1Rs 19,18); Kent Jackson, “The Language...”, p.115. 82 , kl[h]. A reconstrução não é sustentada pelas duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. O sufixo proposto, da terceira pessoa feminina singular, faz referência à cidade de Nebo; Kent Jackson, “The Language...”, p.115. 83 ! , ’qh. Primeira pessoa singular do imperfeito do verbo lqh; Kent Jackson, “The Language...”, p.116. 84 , hhrmth. hahramt ha, primeira pessoa do perfeito hifil do verbo hrm, com um sufixo de terceira pessoa feminina singular; Kent Jackson, “The Language...”, p.115. Em hebraico, hrm tem o sentido de “consagração”, “dedicação ao extermínio”. Em contexto militar, o termo tem sempre um significado religioso, através do qual o inimigo é consagrado à divindade; BREKELMANS, Chris, “! ;h ræm Anátema, exterminio”, em JENNI, Ernst; WESTERMANN, Claus (ed.), Diccionario Teologico Manual del Antiguo Testamento, t.1., trad. J. Antonio Mugica, Madrid, Cristianidad, 1978, p.882. 85 & , gbrt w[gr]t. A terminação do feminino plural moabita é -t, como em fenício, amonita hebraico, provavelmente vocalizado como - t; Kent Jackson, “The Language...”, p.115. 86 As representações do texto da estela que se encontram em Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236 e T. C. Mitchell, The Bible..., p.56 não permitem essa leitura. 87 , bnh. Terceira pessoa masculina singular do perfeito qal, vinda da raiz bny; diferentemente do fenício bn, o he final é uma mater lectionis, como na língua hebraica; Kent Jackson, “The Language...”, p.116. 88 , wmlk. O novo assunto e o novo parágrafo são iniciados com o sujeito antes do verbo no tempo perfeito, e não com o uso do imperfeito consecutivo; Kent Jackson, “The Language...”, p.116. 89 % , hm. Pronome da terceira pessoa masculina plural; separado do verbo, de forma independente, e não como um sufixo. Esse tipo de pronome não aparece em nenhuma outra língua canaanita da Idade do. 119.

(14) ’t . bnh . yšr’l . wmlk : kmš . lpny . hm . w’shb . yhwy . ly ’t . construiu . Israel . e o rei de : kemoš . diante de . os . e arrastei . yahweh . sos de. '. &. *. 19. [w] : mpny . kmš . wygršh : by . bhlthmh . bh . wyšb . yhs e : da minha face . kemoš . mas expulsou-o : contra mim . enquanto lutava . nela . e estabeleceu-se . yahas. ". *. !. 20. w’hzh . byhs . w’š’h : ršh . kl . ’š . m’tn . mm’b . ’qh conquistei-a . contra yahas . e tomei-o : seu destacamento . todo . homens . duzentos . de moab . tomei. !. '#. 21. whmt . hy‘rn . hmt . qrhh . bnty . ’nk : dybn . ‘l . lspt e a muralha do . bosques . muralha dos . qarhoh . construí . eu : dibon . a . para anexá(-la). &. '. Ferro, ainda que seja conhecido na língua aramaica, sob a forma himmô. Alguns autores vêem nele um erro do escriba, não possuindo qualquer relação com o aramaico; Kent Jackson, “The Language...”, p.116. 90 A reconstrução , ’[t k]ly yhwh, não é sustentada pelas duas representações do texto da estela; cf. T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. No entanto, segue o bom senso, ainda que outras opções sejam preferidas por outros autores, como ’[r’ ]ly yhwh, seguindo o ’r’l das linhas 12 -13; Kent Jackson, “The Language...”, p.116. 91 A representações do texto da estela que se encontram em Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236 e T. C. Mitchell, The Bible..., p.56 não permitem identificar esse , e tampouco a letra anterior, . A representação que está em Bruce Routledge, Moab in..., p.134, sustenta ambas as leituras. 92 & , ygršh. O verbo provavelmente está no piel, como ocorre normalmente, nesse sentido, em hebraico, como em </= >?(Sl 34,1); Kent Jackson, “The Language...”, p.117. 93 , bh bhlthmh by. Essa passagem mostra a versatilidade da preposição b-: no primeiro caso ela significa “em”; no segundo, “enquanto”; no terceiro, “contra”; já na linha 7, significa “sobre”. é um infinitivo constructo, com o prefixo preposicional b- e o sufixo pronominal de terceira pessoa masculina singular -h, traduzido por “em sua luta”, ou “enquanto ele lutava”. Em hebraico. 2. aparece o termo /)+' (2Rs 8,29); Kent Jackson, “The Language...”, p.117. , ’ ‘h. Jackson lê traduz como “tomei-o”; outras propostas são “assaltar” (a partir do verbo ’y) ou “elevá-lo”, a partir de n ’; Kent Jackson, “The Language...”, p.117-118. 95 , ršh. É razoável a derivação do termo da raiz r’š, atestada na Bíblia Hebraica com o sentido de “unidade”, “divisão (militar)”, em Jz 9,34 e 1Sm 13,17. Provavelmente rš seja um termo técnico para um determinado tipo de unidade. O sufixo -h refere-se a Moab; Kent Jackson, “The Language...”, p.117. 96 , m’tn. Duzentos, cuja pronúncia deveria ser ma’tên. A expressão m’tn ’š é encontrada no hebraico: -! "5 (1Sm 18,27); Kent Jackson, “The Language...”, p.117. 97 Jackson e Dearman, equivocadamente, lêem , “e os bosques”, Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.95; no entanto, Jackson traduz como “dos bosques”, levando em consideração a forma constructa ( ), Kent Jackson, “The Language...”, p. 98. A leitura não se sustenta a partir das representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 98 ' # , lspt. O paralelo no texto massorético encontra-se em Nm 32,14 (" @5 A2*); Kent Jackson, “The Language...”, p.118. 94. 120. 22.

(15) w’ . mgdlth . bnty . w’nk . š‘ryh . bnty . w’nk : h‘pl e e . suas torres . construí . e eu : seus portões . construí . e eu : ofel. !. 23. bqr[b] . [lm‘]yn . h’šw[h] . kl’y . ‘šty . w’nk . mlk . bt . bnty . nk no interior da . [para as fon]tes . reservató[rio] . retenção do . fiz . e eu . rei . casa do . construí . u. %. !. !. !. !. 24. l . ‘šw . h‘m . lkl . w’mr . bqrhh . hqr . bqrb . ’n . wbr : hqr para v . fazei . o povo . para todo . então disse . em qarhoh . cidade . no interior da . não havia . e cisterna : cidade. ) #. !. %. 25. b’sr . lqrhh . hmkrtt . krty . w’nk : bbyth . br . ’š . km com prisionei . para qarhoh . escavei . e eu : em vossa casa . cisterna . homens . ós. #. 26. & , mgdlth. Em hebraico, * = aparece com terminação de substantivo feminino plural ou masculino plural; em geral, a língua hebraica adiciona a terminação ê, do substantivo masculino plural constructo, aos substantivos femininos plurais terminados em - t, antes de sufixos pronominais (por. 99. 2. exemplo, "9 , em 1Sm 1,4). Tal não ocorre em moabita, quando o sufixo indica a terceira pessoa feminina singular (-êha); Kent Jackson, “The Language...”, p.118. 100 , š‘ryh. Literalmente, “seus portões”. O yod representa o som da vogal ê, da terminação do substantivo masculino plural constructo; geralmente, na inscrição, o ê não é assim representado, numa posição interna. Trata-se de uma exceção, assim como byth, na linha 25 (diferentemente de bth, na linha 7); Kent Jackson, “The Language...”, p.118. 101 A reconstrução é sustentada pelas duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 102 , h’šw[h lm‘]yn. A reconstrução não é sustentada pelas duas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. No entanto, ela é razoável para o contexto narrativo; Kent Jackson, “The Language...”, p.118-119. Para a tradução de h’šw[h, cf. acima, n.52. 103 , kl’y. Em hebraico, normalmente é um substantivo, e significa “encerro”, “cárcere”, “masmorra”, “retenção”; sua forma é de um masculino plural constructo. Outra sugestão, adotada por William Albright, “The Moabite...”, p.210, é seguir o termo hebraico ! B *2C, literalmente “dois tipos” (Lv 19,19), ou “ambos”; Kent Jackson, “The Language...”, p.118. 104 , bt mlk. O artigo definido não foi usado nessa construção, em contraste com hmt hy‘rn whmt h‘pl, nas linhas 21-22, e kl’y h’šw[h], na linha 23; Kent Jackson, “The Language...”, p.118. 105 , br. Trata-se de uma cisterna subterrânea, ou poço, diferentemente de ’šwh (linhas 9.23), que. 2. D. deveria ser uma espécie de reservatório na superfície. Em hebraico, existem os termos 0(' e ', que são, aparentemente, sinônimos; Kent Jackson, “The Language...”, p.119. 106 , hmkrtt. Trata-se, provavelmente, do plural de um substantivo oriundo da raiz kry, “cavar”, a mesma raiz da palavra anterior, krty. O duplo taw no fim da palavra pode indicar a existência de uma 02 terminação singular com taw, a não ser que seja um erro do escriba. Em analogia com o hebraico (Sf 2,9), foi proposto a pronúncia mikr t, para o singular, e mikr t t, para o plural; Kent Jackson, “The Language...”, p.119-120.. 121.

(16) [w] . b’rnn . hmslt . ‘šty . w’nk . ‘r‘r . bnty . ’nk : yšr’l . y [e] . pelo ’arnon . a estrada . fiz . e eu . ‘aro‘er . construí . e eu : Israel . ros. (. #. 27. ‘yn . ky . bsr . bnty . ’nk : h’ . hrs . ky . bmt . bt . bnty . ’nk ruínas . eis . beser . reconstruí . eu : ela . foi destruída . eis . bamot . bet . reconstruí . eu 28. mlk . w’nk : mšm‘t . dybn . kl . ky . hmšn . dybn . b[’]š . [h’] rei . e eu : obedidente . dibon . toda . porque . cinqüenta . dibon . com [ho]mens de . ela. *. '#. !. 29. 107. Jackson e Dearman reconstroem o ; Kent Jackeson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.95. Essa reconstrução é omitida por A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203, cuja opção é sustentada pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 108 Apesar da identifacao da expressão hmslt b’rnn com a Estrada do Rei, N. I. Tidwell defende que a palavra hmslt significa um “acesso”, que vai da estrada principal (derek) até a entrada de uma cidade; além do mais, sustenta que a preposição tenha o sentido de “proveniente de”, o que indicaria que a “estrada” subia “do Arnon” até a entrada de Aroer. Por fim, ele sugere também que a leitura do termo ’rnn pode estar incorreta: lendo-se’rmn, cidadela (Am 1,7.10.14). Se assim fosse, a estela faria menção a uma rampa de acesso à cidadela de Aroer; TIDWELL, N. I., “Mesha’s HMSLT B’RNN: What and Where?”, em Vetus Testamentum, XLVI, 4, 1996, p.490-497. 109 A letra não se encontra nas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134; no entanto, a reconstrução é plausível, indicando a forma constructa de # . 110. , ‘yn. Em Mq, 3,12, aparece a forma plural com nun ( E5). Ao contrário do moabita, cuja terminação do plural masculino é -în, o hebraico normalmente apresenta o fim -îm nessa palavra. Assim, a terminação -în, em hebraico, não precisa necessariamente ser vista como um aramaísmo, podendo indicar uma variante dialetal, já que o -în moabita indica que a terminação estava bem estabelecida na família de línguas canaanitas; Kent Jackson, “The Language...”, p.120. 111 # , hrs. Particípio passivo qal; K. P. Jackson, “The Language of the Mesha Inscription”, p.120. 112 , mšm‘t. Em hebraico, F&2 2 refere-se à sujeição que a guarda de Davi devia à Benaia (2Sm 23,23). Provavelmente a palavra moabita tem o mesmo sentido, oriundo da raiz šm‘, “obedecer”; Kent Jackson, “The Language...”, p.120. 113 A reconstrução não é sustentada pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. Jackson afirma que ela, apesar de ser bastante conjectural, não deixa de ser razoável, pois a preposição b-, com o sentido de “com” aparece com um uso similar em b’sry y r’l, nas linhas 25-26; Kent Jackson, “The Language...”, p.120. 114 Van Zyl não lê nada aqui; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. A reconstrução segue Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.95, mas não é sustentada pelas representações do texto da estela; cf. T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. No entanto, a leitura do h’ inicial leva em conta a construção apresentada pela linha 27; Kent Jackson, “The Language...”, p.120. 115 , m’t. Provavelmente aqui significa “centenas”; Kent Jackson, “The Language...”, p.120. 116 Van Zyl lê aqui apenas o inicial; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. A reconstrução de Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.95, não é sustentada pelas representações do texto da estela, ainda que seja pertinente; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134.. 122.

(17) bnt . w’nk : h’rs . ‘l . yspty . ’šr . bqrn . m’t . [‘l] . t[y] constu . e eu : a terra . a . anexei . que . de cidades . centenas . [sobre] . ne[i]. .. %. ... 30. n[-] . ’t . šm . w’š’ . b‘lm‘n . wbt : dbltn . wbt . [mh]d[b]h . [--] . y n[-] .’t . lá . e ocupei . ba‘al-me‘on . e bet : diblaten . e bet . [me]de[d]a . [--] . í. -. .. ... .... *. (. ........ 31. ’[š-] . wd[--] . b[---] . bh . yšb . whwrnn : h’rs . s’n . [-------] ’[š-] . wd[---] . b[---] . em ela . ocupou . e horonen : da terra . s’n . [-------]. .... %. ......... 117. Enquanto as representações do texto da estela apresentadas por Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236 e T. C. Mitchell, The Bible..., p.56, sustentam a reconstrução de Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.95, aquela apresentada por Bruce Routledge, Moab in..., p.134, apresenta um . 118 Van Zyl adota a reconstrução , utilizando um (e não um ) como letra final; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. Nenhuma das reconstruções é sustentada pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. Jackson, no entanto, afirma que, de toda forma, a reconstrução apresentada é problemática, sobretudo antes de [mhd]b’, onde o espaço comportaria apenas duas letras. Um ’t seria inesperado, mesmo porque nenhuma nota accusativi é usada em outros sete exemplos da que indicam construção, após (w)’nk bnty; contraditoriamente, tal uso aparece nas linhas 9-10 (w’bn ’t) e 11 (wybn ...’t). Sugere-se também que o espaço fosse ocupado por outro nome, ou pela palavra bt, ou ainda pela palavra ly (em analogia com wybn lh, na linha 10); Kent Jackson, “The Language...”, p.121. 119 Nas representações do texto da estela, em Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236, T. C. Mitchell, The Bible..., p.56, e Bruce Routledge, Moab in..., p.134, lê-se apenas a letra , e não o . 120 Tanto A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203, quanto Kent Jackson; John Andrew Dearman, “The Text...”, p.95, sustentam a leitura ! nesse trecho; não é possível sustentar tal leitura pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. Ao contrário, elas permitem ler claramente um . Mas não se pode excluir a possibilidade que o dalet seja uma letra corrompida. André Lemaire, que teve acesso ao decalque da inscrição, feito antes da sua destruição pelos beduínos, sugeriu a leitura , bt [d]wd , ou seja, “casa de Davi”, que indicaria ter o reino de Judá ocupado uma posição em território transjordaniano, em Horonen. A proposta é bastante tentadora, sendo aceita sem mais críticas pelo arqueólogo Bruce Routldge; Moab in..., p.136.238, n.12.Infelizmente a reconstrução do taw é bastante hipotética (cf. abaixo, n.120), além das dificuldades inerentes à leitura do dalet, conforme já foi dito. A leitura de Lemaire parece levar-se pela inscrição de Tel Dan, onde uma é mencionada explicitamente; André Lemaire, “‘House of...”, p.34-37. 121 Van Zyl lê aqui; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203. Não é possível sustentar tal leitura pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 122 , hwrnn. O waw interno marca um ditongo aw não contraído, provavelmente para representar um ô. A última sílaba é provavelmente um -ên, contraído de -ayn. A localidade aparece no texto massorético em Jr 48,34 (! G%% 5); Kent Jackson, “The Language...”, p.121. 123 % , hlthm. Forma imperativa masculina singular de lhm; Kent Jackson, “The Language...”, p.121. 124 , rd. Assim como em hebraico, onde o masculino singular imperativo de yrd é ; Kent Jackson, “The Language...”, p.121. 125 Equivocadamente, A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203, omite a palavra .. 123. 32.

(18) [---] . w’rd : bhwrnn . hlthm . rd . kmš . ly . [wy]’mr . [--------] [---] . e desci : contra horonen . guerreia . desça . kemoš . para mim . [e dis]se . [--------]. .... %. .. ...... 33. ‘š[---] . mšm . [-]dh . w‘l . bymy . kmš . [wyš]bh . [-----] ‘š[---] . desde . [-]dh . e ‘l . em meus dias . kemoš . [e retor]nou . [-----]. ....... !. .............................................................. [ ------] w’n[k] : šdq . št[-------------------------------------------------------------] [ ------] e e[u] : šdq . št[-------------------------------------------------------------]. 3.2.2 Texto em português. A partir da tradução, apresenta-se agora o texto em português, obedecendo a leitura da esquerda para a direita, mas ainda levando em consideração a disposição das linhas. No item 3.4, no qual será feita a análise da forma, a disposição das linhas será relativizada. Todas as palavras utilizadas em português para facilitar a compreensão da inscrição, e que não traduzem nenhum termo moabita, aparecem entre parênteses. As palavras reconstruídas, bem como as lacunas, continuam marcadas pelos colchetes. As letras únicas continuam grafadas em itálico, bem como palavras moabitas que não foram traduzidas, cuja explicação aparece em nota.. 126. As letras não são sustentadas pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. 127 Van Zyl lê apenas aqui; A. H. Van Zyl, The Moabites, p.203, seguindo as representações do texto da estela, onde não aparecem as letras ; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134. Segundo Jackson, a reconstrução wyš]bh é sugerida pela frase paralela, encontrada nas linhas 8 -9; Kent Jackson, “The Language...”, p.121. 128 A letra não é sustentada pelas representações do texto da estela; cf. Walter Beyerlin (ed.), Near Eastern..., p.236; T. C. Mitchell, The Bible..., p.56; Bruce Routledge, Moab in..., p.134.. 124. 34.

(19) 01. Eu (sou) Mesa, filho de Quemos[iat],129 rei de Moab, o di. 02. bonita : Meu pai reinou sobre Moab trinta anos e eu rei. 03. nei após meu pai : E construí esta bamat 130 para Quemos em Qarho:131 bm[ ]. 04. š‘ eis ele me salvou de todos os reis e eis ele me fez triunfar sobre todos. [meus inimigos : Om 05. ri rei de Israel oprimiu Moab muitos dias porque se irou Quemos em ter. 06. ra sua: E o sucedeu seu filho e disse também ele “Dominarei Moab” : Em meus. [dias disse is[so] 07. mas triunfei sobre ele e sobre sua casa : e Israel perecer pereceu (para) sempre. [e [conquistou Omri to[da ter] 08. ra (de) Medeba : E se estabeleceu nela (em) seus dias e (em) metade dos dias. [do seu filho quarenta anos e regres 09. sou a ela Quemos em meus dias : E construí Baal-Meon e fiz nela o. [reservatório e cons[truí]. 129. 2. A rigor, a partir do hebraico BC, bem como o moabita , deveria ser transliterado como “Kemoš[yat]”; optou-se aqui por seguir a opção de Almeida para o nome da divindade, “Quemos”, substituindo o yod pela vogal “i”. 130 O “lugar alto”, na tradução de Almeida. Cf. acima, n.29. Optou-se por manter a palavra em moabita, seguindo a orientação de Roland de Vaux. A tradução “lugar alto” segue o termo latino excelsa, encontrado na Vulgata, e não é exata. A raiz, provavelmente pré-semítica, tem como primeiro sentido “dorso” ou “lombo”, e não necessariamente “montanha” ou “colina”. Possivelmente era uma plataforma elevada, ao ar livre, sobre a qual era realizado o culto religioso, e que poderia comportar, inclusive, algum tipo de construção; tais plataformas, segundo esse autor, são atestadas pela arqueologia, como em Meguido, Nahariah, Hazor e Malhah; VAUX, Roland de, Instituições de Israel no Antigo Testamento, trad. Daniel de Oliveira, São Paulo, Teológica, 2003, p.322-326. Mazar apresenta também bamot encontradas na Samaria, Dan, Bersabéia, apesar de afirmar que, apesar das muitas menções no texto massorético, raramente são encontrados arqueologicamente; Amihai Mazar, Arqueologia na..., p.343344.448.467-470.475. 131 A vocalização do moabita qrhh é hipotética, e segue William Albright, “The Moabite...”, p.209-210; Kent Jackson, “The Language...”, p.97-98; Bruce Routledge, Moab in..., p.135-136; Brian Schmidt, “Moabite Stone”, p.312-313. A vocalização “Qeriho” é adotada por A. H. Van Zyl, The Moabites, p.189.191-192; Klaas Smelik, “Literary Structure...”, p.23; André Lemaire, “‘House of...”, p.33.. 125.

(20) 10. Quiriaten : E os homens de Gad habitaram na terra de Atarot desde sempre e. [construiu para eles (o) rei de I 11. srael Atarot : Mas guerreei contra (a) cidade e conquistei-a : E executei todo o. [povo 12. da cidade (uma) satisfação para Quemos e para Moab : E trouxe de lá (o) altar. [principal do seu dwd132 e ar[ras] 13. tei-o diante de Quemos em Queriot : E assentei lá homens de Šaron e homens. [de 14. Maharot : E disse para mim Quemos “Vai, conquista Nebo de Israel” : E fu. 15. i durante a noite e guerreei contra ela do romper da alvorada até o meio-dia : E. [conquis 16. tei-a e executei todos [nela], sete mil gue[rreir]os133 e [estran]geiros : E. [mulheres e[estrangei] 17. ras e ventres (=escravas) : Eis para Astar134 Quemos consagrei-os ao. [extermínio : também tomei de lá [va] 18. sos de Javé135 e arrastei-os diante de Quemos : E o rei de Israel construiu. 19. Jasa e estabeleceu-se nela enquanto lutava contra mim: E expulsou-o Quemos. [da minha face : [E]. 132. Cf. acima, n.49. Como em Js 10,2;1Sm 2,4;2Sm 1,25;17,8;23,9;Pv 21,22;Ct 3,7;Jr 41,16, optou-se pela tradução “sete mil guerreiros” a partir de William Holladay (ed.), A Concise..., p.53-54 e Luís Alonso Schöckel, Dicionário bíblico..., p.127-128. Para as traduções, “seven thousand native men”, em Kent Jackson, “The Language...”, p.98; “seven thousand male citizens”, em Brian Schmidt, “Moabite Stone”, p.313, bem como Bruce Routledge, Moab in..., p.136. 134 A rigor, a transliteração deveria ser “‘Aštar”, mas a opção leva em conta a tradução de Almeida, em 1Sm 31,10;1Rs 11,5.33;2Rs 23,13, onde o português “Astarote”, a partir do latim (Astharoth) e do grego 133. ( 135. F 2 . ), tenta reproduzir o hebraico " B A rigor, a opção deveria ser “Yahweh”, mas seguiu-se a versão aportuguesada do termo. 126.

(21) 20. tomei de Moab duzentos homens todo seu destacamento : E tomei-o contra. [Jasa e conquistei-a 21. para anexá(-la) a Dibon : Eu construí (o) Qarhoh (a) muralha dos bosques136. [a muralha 22. do ofel137 : E eu construí seus portões e eu construí suas torres e e. 23. u construí (a) casa do rei e eu fiz (o muro de) retenção do reservató[rio das. [fon]tes no interi[or] 24. da cidade : E cisterna não havia no interior da cidade em Qarhoh então disse. [para todo o povo “Fazei para 25. vós homens (uma) cisterna em vossa casa” : E eu escavei canais para (o). [Qarhoh com prisionei 26. ros de Israel : Eu construí Aroer e eu fiz a estrada pelo Arnon [e]. 27. eu reconstruí Bet-Bamot porque foi destruída ela : Eu reconstruí Bezer porque. [(em) ruínas (estava) 28. [ela] com [ho]mens de Dibon cinqüenta138 porque toda Dibon (me era). [obediente : E eu rei 29. ne[i sobre] centenas de cidades que anexei à terra : E eu constru. 30. í [-- Me]de[b]a e Bet-Diblaten : E Bet-Baal-Meon e ocupei lá n[-. 31. [-------] s’n da terra : E Horonen ocupou-a b[---] wd[---] ’[š-]. 32. [-------- e d]isse para mim Quemos “Desça, guerreia contra Horonen : E desci. [[---] 136. Sobe os “bosques”, cf. abaixo, Considerações Finais, p.169. Sobre o ofel, cf. abaixo, Considerações Finais, p.169. 138 Smelik traduz essa passagem como “[And the me]n of Dibon stood in battle-order”, mas não justifica essa opção; Klaas Smelik, “The Literary...”, p.28. 137. 127.

Referências

Documentos relacionados

O modelo que dá sustentação teórica a este artigo está embasado em três pilares complementares: a fusão de teorias que buscam explicar o uso de substâncias psicoativas, um

Binswanger (1964) busca, assim, diferenciar a mundanidade constitutiva na estrutura do ser-no-mundo enquanto um existencial proposto por Heidegger a partir de um

Coeficiente de partição n-octanol/água Não determinado por ser considerado não relevante para a caracterização do produto Temperatura de auto-ignição Não determinado por

Desta forma, este estudo tem como objetivo relatar a experiência vivenciada, por acadêmicas do 5º período do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de

PORTUGUÊS: Fonética e Fonologia; Divisão Silábica; Acentuação Gráfica; Emprego do hífen; Ortografia; Pontuação; Processos de Formação das Palavras; Estrutura das

Apesar dos esforços para reduzir os níveis de emissão de poluentes ao longo das últimas décadas na região da cidade de Cubatão, as concentrações dos poluentes

AGUARDANDO DEFINIÇÃO DA DESCRIÇÃO DA MERCADORIA, FOTOS E LIBERAÇÃO DO SEGURO PARA REMOVER A CARGA 24/08 - LIBERADO PELO SEGURO.. DTA REGISTADA - AGUARDANDO REMOÇÃO

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários