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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Maia e no Hospital Geral de Santo António (Centro Hospitalar do Porto, EPE)

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(1)

RELAT Ó RI O

D E EST Á GI O

M

2016- 17

REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Farmácia Maia

(2)

II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Maia

março de 2017 a junho de 2017

Ana Teresa Leal da Silva

Orientador: Dr. Luís Miguel Maia Pinto de Castro

________________________________________

Tutora FFUP: Prof. Doutora Maria Helena da Silva de Vasconcelos

Meehan

________________________________________________________

(3)

III

Declaração de Integridade

Eu, Ana Teresa Leal da Silva, abaixo assinado, nº 201204395, aluno do Mestrado Integrado

em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro

ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros

autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado

a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de _________________ de ______

(4)

IV

Agradecimentos

Começo por agradecer a todos aqueles que constituem a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por todas as vivências, conhecimentos e oportunidades que me foram facultadas para que o meu percurso académico se tornasse o mais enriquecedor possível. Agradeço também a toda a Comissão de Estágios pela dedicação demonstrada para o bom funcionamento desta unidade curricular, em particular à minha tutora Professora Doutora Helena Vasconcelos pela disponibilidade para o esclarecimento de dúvidas e para a elaboração deste relatório de estágio.

Agradeço ainda a toda a equipa da Farmácia Maia por todo o apoio, amabilidade, compreensão e partilha de conhecimentos que recebi durante estes quatro meses de estágio que me permitiram crescer tanto a nível profissional como pessoal. Em particular, agradeço à Dra. Adoração Maia, pela boa disposição e por todas as conversas e incentivos constantes, ao Dr. Luís Miguel Castro por toda a orientação, conhecimentos transmitidos e preocupação para que o estágio decorresse da melhor forma possível, à Dra. Paula Bicho, à Dra. Diana Conceição e à Dra. Márcia Sousa por sempre se mostrarem disponíveis para me ajudar e por todos os ensinamentos farmacêuticos partilhados e às auxiliares Dona Lúcia e Dona Paula por toda a simpatia. Obrigada a todos por me integrarem como um membro da equipa e por toda a boa disposição, paciência, palavras de incentivo e ensinamentos fundamentais para o meu futuro.

A todos os meus amigos, um grande obrigada por todos os bons momentos partilhados e por me ajudarem a atingir este objetivo. Foram pessoas essenciais ao longo de todo o meu percurso académico, mostrando-me que nada é impossível, mesmo quando o cansaço não nos larga, porque nos apoiamos uns aos outros.

A toda a minha família, um obrigada muito especial por todo o carinho, apoio e paciência para me aturarem ao longo destes cinco anos, porque convosco por perto tudo se tornou mais fácil.

(5)

V

Resumo

Após a aquisição de conhecimentos teóricos no decorrer do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, é necessário colocá-los em prática numa farmácia comunitária na Unidade Curricular de Estágio, com o objetivo de aprender a desempenhar o papel de um Farmacêutico nesta área, contactando diretamente com os colaboradores de uma farmácia comunitária e com os seus utentes e vivenciando todos os aspetos inerentes a esta profissão.

A elaboração deste Relatório de Estágio tem como intuito abordar a minha passagem na Farmácia Maia, encontrando-se dividido em duas partes.

Na primeira parte, é realizada uma pequena introdução à farmácia comunitária em questão, abordando a sua gestão, o processo de dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos e a prestação de outros cuidados de saúde.

No que diz respeito à segunda parte, esta foi elaborada de acordo com a realidade encontrada na Farmácia Maia, consistindo na execução de trabalhos práticos acerca de temas que considerei relevantes serem abordados junto dos colaboradores da farmácia e/ou dos utentes, complementando-os com uma posterior pesquisa bibliográfica mais aprofundada. Perante isto, decidi desenvolver os seguintes temas: aconselhamento farmacêutico na gravidez, resistência aos antibióticos e incontinência urinária.

(6)

VI

Índice

Parte 1 – Introdução à Farmácia Comunitária ... 1

1. A Farmácia Maia ... 1

1.1. Contextualização geográfica ... 1

1.2. Horário de funcionamento ... 1

1.3. Descrição interna e externa da farmácia ... 1

1.4. Recursos humanos ... 2

2. Gestão da farmácia ... 3

2.1. Sistema informático ... 3

2.2. Realização de encomendas ... 3

2.3. Receção e verificação de encomendas ... 4

2.4. Armazenamento ... 4

2.5. Controlo dos prazos de validade ... 5

2.6. Devoluções ... 5

3. Dispensa de medicamentos e outros produtos farmacêuticos ... 6

3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 6

Prescrição médica e respetiva validação ... 6

Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica ... 8

Dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ... 9

Regimes de comparticipação ... 9

Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência ...10

Receituário e Faturação ...10

3.2. Dispensa de medicamentos manipulados ...11

3.3. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica ...11

3.4. Dispensa de outros produtos farmacêuticos ...12

Medicamentos de uso veterinário ...12

(7)

VII

Suplementos alimentares e produtos para alimentação especial ...12

Dispositivos médicos ...13

Produtos cosméticos e de higiene corporal ...13

4. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia ...14

4.1. Medição da tensão arterial ...14

4.2. Medição da glicemia, colesterol total e triglicerídeos ...14

4.3. Teste de gravidez ...14

4.4. Administração de vacinas e injetáveis ...15

4.5. Programa de Troca de Seringas ...15

4.6. Consultas de nutrição...15

4.7. ValorMed® ...16

5. Farmacovigilância ...16

6. Marketing na Farmácia Maia ...16

7. Estágio na Farmácia Maia ...17

Parte 2 – Temas desenvolvidos na Farmácia Comunitária ...20

1. Tema I: Aconselhamento Farmacêutico na Gravidez ...20

1.1. Contextualização ...20

1.2. Introdução ...20

1.3. Gravidez...21

Transtornos menores comuns durante a gravidez...22

a. Problemas gastrointestinais ...23

b. Dores lombares ...23

c. Varicosidades ...24

d. Sono e fadiga ...24

e. Estrias ...24

f. Abordagem de outros transtornos menores e de produtos com finalidades benéficas durante o período de gestação ...24

(8)

VIII

2. Tema II: Resistência aos Antibióticos ...26

2.1. Contextualização ...26

2.2. Introdução ...26

2.3. Consumo de antibióticos ...27

2.4. Desenvolvimento da infeção bacteriana ...28

2.5. Resistência aos antibióticos ...28

2.6. Prebióticos e Probióticos ...31

2.7. Promoção do uso racional de antibióticos ...32

2.8. Considerações finais ...33

3. Tema III: Incontinência Urinária ...34

3.1. Contextualização ...34

3.2. Introdução ...35

3.3. Causas e fatores de risco ...35

3.4. Tipos de incontinência urinária ...36

3.5. Impacto da incontinência urinária na qualidade de vida ...37

3.6. Medidas não farmacológicas ...37

3.7. Tratamento farmacológico e intervenções cirúrgicas ...39

3.8. Considerações finais ...40

Referências ...41

(9)

IX

Índice de Anexos

Anexo I – Entrada da Farmácia Maia. ...48

Anexo II – Sala de atendimento ao público. ...48

Anexo III – Gabinete de apoio personalizado/laboratório. ...49

Anexo IV – Zona de receção de encomendas e armazenamento. ...49

Anexo V – Algumas atividades de Marketing desenvolvidas na Farmácia Maia. ...50

Anexo VI – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o meu estágio na Farmácia Maia. ...51

Anexo VII – Imagens do guia de aconselhamento farmacêutico na gravidez. ...52

Anexo VIII – Frames do vídeo transmitido na Farmácia Maia acerca do tema “Resistência aos Antibióticos”. ...76

Anexo IX – Informação colocada nos balcões de atendimento da Farmácia Maia sobre incontinência urinária. ...79

Anexo X – Informação que poderá ser fornecida ao utente acerca das primeiras medidas não farmacológicas a adotar aquando do aparecimento da incontinência urinária. ...80

(10)

X

Lista de Abreviaturas

ADN – Ácido Desoxirribonucleico

CCR – Centro de Conferência de Faturação CNP – Código Nacional do Produto

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos DL – Decreto-Lei

FEFO – “First expired, first out” FIFO – “First in, first out”

Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. IU – Incontinência Urinária

IVA – Imposto de valor acrescentado

MSRM – Medicamentos sujeitos a receita médica MNSRM – Medicamentos não sujeitos a receita médica PCHC – Produtos cosméticos e de higiene corporal PVP – Preço de venda ao público

REM – Rapid Eye Movement

SAMS – Sistema de Assistência Médico-Social dos Bancários SI – Sistema Informático

(11)

1

Parte 1 – Introdução à Farmácia Comunitária

1. A Farmácia Maia

1.1. Contextualização geográfica

A Farmácia Maia encontra-se localizada na Rua do Campo Alegre, nº 192, na freguesia de Lordelo do Ouro e Massarelos, na cidade do Porto. É uma farmácia comunitária de serviço ao público situada numa rua muito movimentada, devido a habitações, hotéis, faculdades, escolas, centros comerciais, clínicas de saúde, análises clínicas e dentárias e com fácil acesso a transportes públicos na zona circundante. Perante isto, é frequentada por uma grande variedade de utentes, isto é, de diversas classes socioeconómicas, abrangendo clientes habituais, acompanhados há muito tempo por esta farmácia, turistas e pessoas que apenas se encontram de passagem naquela zona.

1.2. Horário de funcionamento

O horário de funcionamento da farmácia é de segunda a sexta-feira entre as 8:30 e as 20 horas e ao sábado das 9 até às 19 horas, com uma hora de intervalo entre as 13 e as 14 horas para almoço neste dia da semana. Encontra-se encerrada aos domingos e feriados. A Farmácia Maia está incluída no regime de rotatividade dos dias de serviço, comprometendo-se a atender qualquer utente durante um período de 24 horas, deixando as portas abertas até às 24 horas e, a partir dessa hora até às 8:30 horas do dia seguinte, utiliza-se a porta de postigo, por uma questão de segurança.

1.3. Descrição interna e externa da farmácia

Respeitando o artigo 28º do Decreto-Lei (DL) nº 171/2012, de 1 de agosto, a Farmácia Maia dispõe do símbolo “cruz verde” e do vocábulo “farmácia” no espaço exterior da mesma (Anexo I), encontrando-se de acordo com a legislação em vigor regulamentada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (Infarmed) [1].

Tendo em consideração o artigo 29º do mesmo DL acima mencionado, a Farmácia Maia dispõe das divisões necessárias a um bom funcionamento da mesma [1], apresentando, no total, as seguintes sete divisões:

- Sala de atendimento ao público: constituída por 4 balcões para atendimento aos utentes e vários lineares para venda de produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC), suplementos alimentares e alguns medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), entre outros produtos não sujeitos a prescrição médica (Anexo II);

- Gabinete de atendimento personalizado/laboratório: espaço destinado ao aconselhamento, quando este requer uma maior privacidade, e à prestação de serviços farmacêuticos, como a medição da tensão arterial, os testes de medição da glicemia, triglicerídeos e colesterol, a administração de vacinas não pertencentes ao Plano Nacional

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2 de Vacinação e alguns injetáveis e as consultas de nutrição da Dieta EasySlim®. Também

são aqui armazenados alguns MNSRM, bem como alguma medicação que necessita de ser conservada no frio. Existe uma parte desta divisão apenas com o material básico necessário num laboratório, porque não são efetuados manipulados. Segundo a deliberação nº 1502/2014, de 3 de julho, o gabinete de atendimento personalizado e o laboratório deveriam estar em divisões separadas, mas, neste caso, dado que as autorizações de funcionamento da farmácia foram obtidas em conformidade com a legislação em vigor na altura e devido ao espaço limitado da Farmácia Maia, trata-se de um caso devidamente justificado para que se possa manter estas duas áreas na mesma divisão (Anexo III) [2];

- Zona de receção de encomendas e armazenamento: neste espaço são recebidas as encomendas sendo, posteriormente, processadas informaticamente através de um servidor informático principal. Além disto, neste local armazenam-se os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e alguns MNSRM, sendo importante realçar que os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos se encontram num gaveta individualizada para um controlo mais fácil e organizado (Anexo IV)

- Armazém: onde as encomendas de grandes volumes são armazenadas, encontrando-se ao abrigo da luz e humidade;

- Instalações sanitárias; - Gabinete da direção técnica; - Copa.

1.4. Recursos humanos

A equipa da Farmácia Maia é constituída por 7 colaboradores: a Dra. Maria Adoração Maia (Diretora Técnica/Gerência da farmácia), o Dr. Luís Miguel Castro (Gerência da farmácia), a Dra. Diana Conceição, a Técnica Paula Bicho, a Técnica Márcia Sousa, e duas auxiliares, a Dona Lúcia e a Dona Paula. Tendo em consideração os artigos 23º e 24º do DL nº 171/2012, de 1 de Agosto, a equipa deverá possuir um diretor técnico e um farmacêutico, pelo que a Farmácia Maia se encontra de acordo com as normas em vigor [1]. Por último, além do facto de que, tendencialmente, deve ser constituída maioritariamente por farmacêuticos, também está descrito que poderá conter trabalhadores técnicos de farmácia ou outros profissionais devidamente habilitados. Assim, pode verificar-se que a Farmácia Maia encontra-se de acordo com a legislação em vigor [1].

(13)

3

2. Gestão da farmácia

2.1. Sistema informático

Na Farmácia Maia, o sistema informático (SI) utilizado é o SPharm® da empresa

SoftReis®. Trata-se de uma ferramenta imprescindível à gestão eficiente da farmácia, encontrando-se em constante atualização. Este programa auxilia a gerir as compras e vendas, os stocks e validades, as fichas dos clientes, entre outros diversos serviços [3]. Acoplado a este SI, a Farmácia Maia dispõe de um cofre inteligente, o Ginipay® do grupo

Enginis®, com o intuito de guardar todas as quantias monetárias resultantes dos atendimentos de uma forma automática e rápida.

2.2. Realização de encomendas

Habitualmente, a Farmácia Maia realiza as suas encomendas em períodos do dia definidos e quando os utentes solicitam produtos que não se encontram em stock no momento, estabelecendo contacto com as empresas distribuidoras Cooprofar®, como

fornecedor principal, e AllianceHealthcare®, como fornecedor alternativo. Após uma

avaliação atenta dos produtos que deverão encontrar-se sempre em stock e das respetivas quantidades, de modo a que seja possível responder à maior parte da procura por parte dos utentes e evitar desperdícios, estabelecem-se stocks mínimos para que, quando atingidos esses valores, o SI sugira automaticamente a encomenda dos respetivos produtos. Diariamente, aquando do fecho da farmácia, é realizada uma primeira encomenda que terá entrada no dia seguinte por volta das 9:30/10:00 horas e uma segunda encomenda, por volta das 12:00 horas, que chegará à farmácia por volta das 15:30 horas. Por vezes, é rececionada uma terceira encomenda, por volta das 18:00 horas, com os produtos pedidos pelos utentes durante a tarde ou que não conseguiram ser fornecidos na encomenda das 15:30 horas. O fornecedor alternativo é solicitado sempre que os produtos não estão disponíveis no fornecedor principal, realizando-se encomendas a esta empresa distribuidora sempre que necessário e em simultâneo com as que são realizadas à

Cooprofar®, sendo entregues por volta das 11:00 horas e/ou por volta das 16:00 horas.

Para se efetuar uma encomenda solicitada por um utente, a Farmácia Maia dispõe do contacto telefónico dos dois fornecedores e, no caso do fornecedor principal, existe uma outra opção denominada de “gadget”, um programa informático, sendo possível verificar se o produto se encontra ou não disponível para encomenda nesse momento, tornando o atendimento mais rápido. Uma outra maneira de se efetuar uma encomenda é através dos delegados de informação médica dos laboratórios, procedendo-se ao agendamento de reuniões para apresentações dos produtos e auxílio na gestão das compras da farmácia, para posterior avaliação da relação custo/benefício da compra do produto. Normalmente,

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4 tratam-se de produtos sazonais, com elevada rotatividade ou marcas específicas com as quais a farmácia trabalha.

2.3. Receção e verificação de encomendas

Após a entrega da encomenda pelo fornecedor, é necessário rececioná-la informaticamente. Em primeiro lugar, é necessário verificar a presença da nota de encomenda que, inicialmente, era fornecida em duplicado, rejeitando-se este último e utilizando-se apenas o documento original para posterior arquivamento na farmácia. No entanto, durante o meu último mês de estágio, o fornecedor começou a enviar apenas o documento original. Este é utilizado para confirmar a receção dos produtos e para auxiliar na gestão da farmácia, apresentando diversas informações. Entre elas, encontram-se o número da encomenda, o preço de venda à farmácia, a taxa de imposto de valor acrescentado (IVA), o preço de venda ao público (PVP) nos casos em que os medicamentos já possuem o preço definido na embalagem, os descontos e bonificações, a apresentação de cada produto com o respetivo Código Nacional do Produto (CNP) e quantidades enviadas e o valor monetário total da fatura. No caso das substâncias psicotrópicas e estupefacientes, é importante destacar que, além da nota de encomenda, é também enviada uma requisição de substâncias que deverá ser arquivada por um período mínimo de 3 anos. De seguida, procede-se à importação da encomenda, caso se encontre no SI, ou à entrada manual. A entrada de todos os produtos é realizada através da inserção do CNP no sistema, através de um leitor ótico ou manualmente, e os produtos que são conservados no frio são colocados o mais rapidamente possível no frigorífico. Todas as informações descritas na nota de encomenda necessitam de ser cuidadosamente confirmadas e inseridas no SI, com a respetiva alteração do PVP dos produtos que podem ser sujeitos a variação de preço de acordo com o IVA do mesmo e com a margem aplicada pela farmácia, expressando-se o preço no produto posteriormente com uma etiqueta. Além disso, procede-se à atualização do prazo de validade no SI quando não há stock do produto.

2.4. Armazenamento

Após a receção e verificação das encomendas, a farmácia torna-se responsável por armazenar os produtos de forma a garantir a estabilidade dos mesmos, com a temperatura e humidade devidamente reguladas, e o seu fácil acesso para um atendimento rápido e eficaz. No caso da maioria dos MSRM, estes são guardados em gavetas devidamente organizadas por ordem alfabética, dosagem crescente e forma farmacêutica, separando-se os medicamentos de referência dos medicamentos genéricos, encontrando-separando-se acessível apenas aos colaboradores da farmácia, com especial cuidado no caso dos psicotrópicos e

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5 estupefacientes, através do seu armazenamento numa gaveta apenas para este tipo de medicação. Além disso, também existem estantes destinadas ao armazenamento de colírios, produtos semi-sólidos, anti-fúngicos tópicos e anti-parasitários tópicos. No frigorífico, que se encontra no gabinete de atendimento personalizado, são colocados os medicamentos que necessitam de ser conservados entre os 2°C e os 8°C. No que diz respeito aos MNSRM, estes já se encontram maioritariamente expostos na sala de atendimento ao público, para uma melhor visualização por parte do utente e potenciação das vendas dos mesmos, encontrando-se divididos de acordo com a finalidade a que se propõem. Os MNSRM expostos são, na sua grande maioria, os PCHC, os suplementos alimentares e alguma medicação recomendada mais frequentemente em casos de aconselhamento farmacêutico. É importante referir que, no armazenamento de todos os produtos, as regras “first expired, first out” (FEFO) e “first in, first out” (FIFO) são cumpridas, isto é, os produtos com o prazo de validade mais longo e aqueles que são rececionados mais recentemente são colocados atrás dos que se encontram em stock, de modo a promover eficazmente o escoamento dos produtos.

2.5. Controlo dos prazos de validade

Além das regras FEFO e FIFO aplicadas, é realizado um controlo mensal dos prazos de validade, através de uma listagem definida pelo SI que seleciona os produtos cuja última validade registada aquando da receção da encomenda termina dentro de dois meses, com vista à atualização das validades no SI. No caso dos MSRM que expiram durante esse período, procede-se à devolução dos mesmos ao fornecedor. No caso dos MNSRM, pode contactar-se o delegado de informação médica ou o laboratório responsável pelo produto, negociando-se uma possível troca de produtos com um prazo de validade mais recente. Quando esta proposta não é aceite, são encaminhados para a ValorMed® para o seu abate.

2.6. Devoluções

Existem diferentes motivos para a devolução de um determinado produto, como, por exemplo, a desistência da compra do mesmo por parte de um utente, a existência de um produto não faturado na encomenda ou a receção de um produto em mau estado ou com prazo de validade curto. Perante estas situações, entra-se em contacto com o fornecedor que decidirá se aceita a devolução. Em caso afirmativo, procede-se à emissão da nota de devolução através do SI, em triplicado, sendo que uma delas permanece arquivada na farmácia e as restantes são entregues ao fornecedor devidamente assinadas e carimbadas. De seguida, dependendo do motivo, poderá ser efetuada uma troca pelo mesmo produto nas condições adequadas ou emitir-se uma nota de crédito.

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6

3. Dispensa de medicamentos e outros produtos farmacêuticos

Neste tópico, são abordados os diversos grupos de medicamentos com os quais contactei ao longo do meu estágio na farmácia comunitária, bem como outros produtos farmacêuticos.

3.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Um medicamento corresponde a toda a substância ou associação de substâncias apresentada como provida de propriedades curativas ou preventivas de doenças ou dos seus sintomas em seres humanos ou, então, que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou que possa restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica [4].

Os medicamentos encontram-se sujeitos a receita médica quando se relacionam com uma das seguintes condições: possam constituir um risco para a saúde do doente, de forma direta ou indireta, mesmo quando são utilizados para a finalidade a que são destinados, caso sejam utilizados sem vigilância médica; quando podem constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, aquando da sua utilização para fins diferentes daqueles a que são destinados; caso contenham substâncias, ou preparações com bases nessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas necessitem de ser indispensavelmente aprofundadas ou caso o medicamento se destine a ser administrado por via parentérica [4].

Prescrição médica e respetiva validação

Os MSRM apenas podem ser dispensados na presença de uma receita médica, que se trata de um “documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por odontologista, um ou mais medicamentos determinados” [4].

Com o intuito de aumentar a qualidade da prescrição e a segurança do circuito do medicamento, promoveu-se o uso da prescrição eletrónica, com a desmaterialização de todo o circuito administrativo do medicamento [5], tendo-se tornado obrigatória e exclusiva a sua utilização a partir do dia 1 de abril de 2016 em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS) [6]. No entanto, até esta medida ser totalmente implementada, ainda coexistem três tipos de receitas em circulação:

- Receita eletrónica desmaterializada ou Receita sem papel, acedendo-se e interpretando-se as prescrições com recurso a equipamentos eletrónicos, sendo importante salientar que, no momento de prescrição, os softwares validam e registam a receita de medicamentos no sistema central de prescrições [7];

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7 - Receita eletrónica materializada, sendo necessária a impressão da prescrição, podendo ocorrer em modo online, com validação e registo da receita de medicamentos no sistema central de prescrições, ou offline [7];

- Receita manual, aceite excecionalmente e de acordo com uma das seguintes exceções legais: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou outras situações até um máximo de 40 receitas por mês [7].

Para que ocorra a validação das receitas, é necessário respeitarem-se determinados critérios. No caso das prescrições eletrónicas e manuais, estas deverão apresentar a numeração, a identificação do médico prescritor, o local de prescrição e respetivo código, dados do utente (nome, número do utente do SNS, número de beneficiário da entidade financeira responsável quando aplicável e regime especial de comparticipação de medicamentos se aplicável), a entidade financeira responsável, a identificação do medicamento, a posologia e duração do tratamento, as comparticipações especiais, o número de embalagens e a data e validade da prescrição. No que diz respeito à validação das prescrições manuais, além da confirmação dos critérios descritos anteriormente, também é necessário verificar os seguintes elementos: a aposição da vinheta, data e assinatura relativas ao médico prescritor; a presença da vinheta do local de prescrição, caso aplicável; a exceção legal devidamente assinalada e não pode ser escrita com canetas diferentes ou a lápis nem apresentar rasuras ou caligrafias diferentes [7].

No que diz respeito ao número de embalagens que podem ser prescritas, este tópico difere conforme o tipo de receita. Nas receitas materializadas ou por via manual, podem ser prescritos apenas até quatro medicamentos ou produtos de saúde distintos, com um limite de duas embalagens por medicamento e um total de quatro por receita. Nas receitas desmaterializadas, nas quais existem linhas de prescrição onde só se pode incluir um produto ou um medicamento, o número total de embalagens prescritas deverá ser duas embalagens cada ou, em casos de tratamento prolongado, até seis embalagens. Contudo, é necessário realçar que, no caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária, poderá prescrever-se até 4 embalagens do mesmo medicamento por receita, no caso da receita materializada, ou por linha de receita, no caso de receita desmaterializada [7].

Quanto ao prazo de validade, uma receita normal ou linha de receita normal é válida por 30 dias seguidos, a partir da data da sua emissão, ao passo que no caso de uma receita renovável ou de uma linha de receita que contém medicamentos de tratamento prolongado, cada via/linha é válida por 6 meses, também a partir da sua data de emissão. As receitas

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8 manuais não são renováveis, possuindo apenas uma via, enquanto as receitas materializadas podem ser renováveis, abrangendo até 3 vias [7].

Um dos aspetos importantes em relação às receitas eletrónicas desmaterializadas que considero importante destacar é o facto de que os utentes não precisam de levantar toda a medicação de uma só vez, como acontece com os restantes tipos. Assim, a pessoa terá a possibilidade de gerir a compra dos seus medicamentos, podendo adaptá-la de modo a fazer um uso racional dos mesmos.

Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica

A receita médica apresenta, então, a indicação da Denominação Comum Internacional e, seguidamente, a dosagem, forma farmacêutica, apresentação, tamanho da embalagem e posologia, sendo esta informação codificada pelo “Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos” (CNPEM) [7]

Perante estas informações, aquando da dispensa da medicação, o farmacêutico verifica se existem grupos homogéneos a considerar [7]. Um grupo homogéneo corresponde a “um conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, dosagem e via de administração, com a mesma forma farmacêutica ou com formas farmacêuticas equivalentes, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado” [8]. Em caso afirmativo, o farmacêutico tem de dispensar o medicamento que cumpra a prescrição e comunicar ao doente os três mais baratos que se encontram no stock da farmácia, para que este possa decidir se exerce o seu direito de opção ou não. Caso não exista grupo homogéneo, dispensa-se o que possui o mesmo CNPEM e o mais barato existente na farmácia, excetuando os casos em que o doente exerça o seu direito de opção [7].

Em alguns casos, pode existir uma justificação técnica do prescritor para a seleção de um medicamento em particular, surgindo as seguintes situações:

- Exceção a) - Medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, segundo uma lista de medicamentos definida pelo Infarmed [7];

- Exceção b) - Reação adversa prévia, aplicando-se às situações em que tenha sido reportada uma reação adversa ao Infarmed [7];

- Exceção c) - Continuidade de tratamento superior a 28 dias, em que o médico poderá prescrever indicando a marca ou nome do titular em tratamentos com duração estimada superior a 28 dias [7].

O farmacêutico é obrigado a dispensar o medicamento que consta na receita nas exceções a) e b), enquanto que o utente poderá optar por medicamentos similares ao prescrito na exceção c), desde que apresentem um custo menor [7].

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9 Por fim, aquando da dispensa do produto, a receita é impressa para posterior assinatura do utente, de modo a que este confirme a receção dos medicamentos solicitados.

Dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

De modo a combater o tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas e devido ao seu risco de dependência, existe uma legislação em vigor para este tipo de medicação [9]. Assim, a dispensa deste grupo de medicamentos sucede-se de uma maneira mais controlada, através do registo dos seguintes dados: identificação do doente ou do seu representante (nome, data de nascimento, número e data do bilhete de identidade ou carta de condução, número do cartão do cidadão ou, no caso de cidadãos estrangeiros, o passaporte), o número da prescrição, a identificação da farmácia (nome e respetivo número de conferência de faturas), o medicamento (número de registo e quantidade dispensada) e a data da dispensa [7]. Por último, a farmácia arquiva uma reprodução em papel ou em suporte informático das receitas por um período de três anos e por ordem de aviamento [10].

Regimes de comparticipação

De acordo com a legislação em vigor, o Estado poderá comparticipar aquando da aquisição de determinados medicamentos prescritos aos utentes beneficiários do SNS e de outros subsistemas públicos de saúde [11].

No caso da comparticipação pelo SNS, são definidos os seguintes regimes:

- Regime geral de comparticipação, com o qual o Estado paga uma certa percentagem do PVP dos medicamentos, de acordo com escalões previamente estabelecidos consoante as classificações farmacoterapêuticas: 90% no escalão A, 69% no escalão B, 37% no escalão C e, por fim, 15% no escalão D [7];

- Regime especial de comparticipação, no qual é acrescida uma determinada percentagem à comparticipação em regime geral, diminuindo os gastos do utente com a sua medicação. Este regime está destinado a utentes beneficiários ou ao tratamento de determinadas patologias ou grupos especiais de utentes. No caso de ser pensionista do regime especial, é acrescida uma percentagem de 5% no escalão A e de 15% nos restantes escalões, além dos 95% de comparticipação para a medicação cujos PVP sejam iguais ou inferiores ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem [7];

- Comparticipação de medicamentos manipulados, em que 30% do preço é sujeito a comparticipação em alguns dos mesmos [7];

- Comparticipação de produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes Mellitus, como as tiras-teste para determinação da glicemia, cetonemia e cetonúria, com uma

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10 comparticipação de 85% do PVP, assim como as agulhas, seringas e lancetas destinadas ao controlo da diabetes dos utentes do SNS e subsistemas públicos, com uma comparticipação de 100% [7];

- Comparticipação de produtos dietéticos com carácter terapêutico, dispensados, perante prescrição do Instituto de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães ou do centro de tratamento dos hospitais protocolados com o mesmo, com 100% de comparticipação [7];

- Comparticipação de câmaras expansoras, quando atribuídas a beneficiários do SNS e que apresentem prescrição médica, com uma participação de 80% do PVP, não podendo este exceder os 28€, e sendo limitada a apenas uma unidade por utente e por ano, independentemente do tipo [7].

Além das comparticipações por parte do Estado, existem subsistemas de saúde privados que também comparticipam a medicação de determinados utentes, como é o caso dos Serviços de Assistência Médico-Social dos Bancários (SAMS), da Multicare, do Sãvida, entre outros.

Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência

Um medicamento genérico, conforme a descrição do Estatuto do Medicamento, é aquele que contém “a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados” [4]. Perante isto, surgiram os grupos homogéneos, tornando-se necessário estabelecer um preço de referência, ou seja, um “valor sobre o qual incide a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos incluídos em cada um dos grupos homogéneos“. Este é calculado pela média dos cinco PVP mais baixos presentes no mercado, tendo em conta os medicamentos que integram aquele grupo homogéneo em específico [11].

Receituário e Faturação

Após a dispensa dos MSRM comparticipados, a quantia que não é paga pelo utente terá de ser devolvida à farmácia pelo subsistema de saúde em questão. Perante isto, a farmácia deverá organizar e conferir o receituário e proceder à faturação

Para a organização das receitas manuais e eletrónicas materializadas, estas são divididas em lotes de 30 receitas, segundo o regime de comparticipação usado. Na Farmácia Maia, estes lotes são organizados e conferidos semanalmente, aos sábados, para que, à medida que os lotes estejam prontos e em conformidade com as regras exigidas, possa ser emitido o verbete, isto é, um documento com um número identificativo, onde são discriminados os valores de PVP dos diferentes medicamentos, o valor que já foi cobrado ao utente e o valor que será devolvido à farmácia pela entidade responsável. Além

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11 da emissão do verbete, é necessária a impressão de uma fatura em quadruplicado, enviando-se três das mesmas para o Centro de Conferência de Faturação (CCR) juntamente com o receituário e arquivando-se a última fatura na farmácia. Nestas estão referenciadas informações relativas à farmácia, código da Associação Nacional de Farmácias (ANF), número da fatura, mês e ano, organismo de comparticipação, número total de lotes e de receitas, valores totais do PVP, encargos totais relativos ao utente e o total da importância a pagar pela entidade, data de emissão, carimbo e assinatura do diretor técnico ou substituto legal. Mensalmente, o receituário tem de ficar preparado para que seja emitido ao CCR e à ANF.

Relativamente às receitas médicas que possuem comparticipação pelo SNS, estas deverão ser enviadas pelos Correios de Portugal para o CCR até ao dia 5 do mês seguinte, para que estes avaliem se o receituário está em conformidade e, posteriormente, a ANF procede à devolução da quantia relativa à comparticipação. Caso exista complementaridade com outros subsistemas de saúde, a metodologia utilizada para a conferência do receituário e faturação é a mesma conforme o tipo de receita, podendo ser efetuada até ao dia 10 do mês seguinte. É importante salientar que, neste último caso, aquando da dispensa da medicação ao utente, é necessário fotocopiar a receita médica para a impressão de uma nova fatura no verso. Assim, uma fatura é enviada para o SNS e a outra é enviada para o subsistema de saúde em questão.

No caso das receitas eletrónicas desmaterializadas, toda a informação necessária para que ocorra a devolução monetária à farmácia é enviada ao CCR através de um ficheiro até ao dia 5 do mês seguinte, acelerando e facilitando todo o procedimento relativo aos receituários.

3.2. Dispensa de medicamentos manipulados

Por definição, um medicamento manipulado corresponde a “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico” [13].

Na Farmácia Maia não são preparados medicamentos manipulados. Assim, perante a necessidade de aquisição destes, a Farmácia Serpa Pinto é contactada para que esta proceda à sua preparação e envio, de maneira a que o utente possa adquirir o seu medicamento manipulado pedido na Farmácia Maia.

3.3. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM são aqueles que não preenchem nenhuma das condições previstas para os MSRM, não sendo comparticipáveis na maioria dos casos [4].

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12 Perante este tipo de medicamentos, é necessário ter uma atenção redobrada, pois a utilização destes é cada vez mais comum por parte dos utentes. Este processo denomina-se de automedicação, isto é, corresponde à utilização de MNSRM de forma responsável no alívio e tratamento de queixas de transtornos menores, podendo o utente optar por solicitar aconselhamento de um profissional de saúde ou não [13]. Assim, aquando do atendimento de um utente na farmácia comunitária, o farmacêutico deverá sempre procurar saber o máximo de detalhes sobre o estado de saúde do utente para que possa fazer o seu aconselhamento com o medicamento/produto de saúde mais indicado possível, evitando uma automedicação pouco controlada e que, muitas vezes, apresenta interações facilmente detetáveis para um profissional de saúde.

3.4. Dispensa de outros produtos farmacêuticos Medicamentos de uso veterinário

“Toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” denomina-se de medicamento veterinário [14].

O stock destes produtos é bastante reduzido na Farmácia Maia, devido à baixa solicitação dos mesmos. Todavia, ainda há procura pelos anticoncecionais e pelos antiparasitários, principalmente os de uso externo.

Medicamentos homeopáticos

Um medicamento homeopático é aquele que é “obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode conter vários princípios” [4].

A Farmácia Maia possui um stock razoável deste tipo de produtos, abrangendo uma grande variedade de situações. Principalmente em casos de rouquidão ou de enjoos devido ao movimento, estes medicamentos homeopáticos são normalmente aconselhados.

Suplementos alimentares e produtos para alimentação especial

Os suplementos alimentares e os produtos para alimentação especial são ambos géneros alimentícios, mas desempenham funções diferentes no organismo.

Assim, os suplementos alimentares destinam-se a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal constituindo fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes ou outras com efeito nutricional ou fisiológico, comercializadas em forma

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13 doseada e em diversas formas farmacêuticas [15], enquanto os produtos para alimentação especial se distinguem devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, tornando-os adequados ao objetivo nutricional pretendido e comercializados com a indicação de que correspondem ao mesmo [16].

Na Farmácia Maia existem diversos suplementos alimentares disponíveis para diversas situações, tais como fadiga e cansaço, falta de concentração e memória, menopausa e gravidez. No que toca aos produtos para alimentação especial, o stock é mais limitado, destacando-se os suplementos nutricionais orais hiperproteicos e hipercalóricos.

Dispositivos médicos

No que diz respeitos aos dispositivos médicos, estes referem-se a qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo, utilizado de forma isolada ou em combinação, cujo principal efeito obtido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios. Assim, estes produtos de saúde podem ter várias finalidades: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, lesão ou deficiência, com possibilidade de compensação nos últimos dois casos; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico ou controlo da concepção [17].

No decorrer do estágio na Farmácia Maia, pude constatar que o stock destes era bastante alargado, abrangendo tiras-teste para monitorização da glicemia, meias de compressão e de descanso, kits para o tratamento de infeções fúngicas nas unhas, testes de gravidez, pensos, gazes, compressas, entre outros.

Produtos cosméticos e de higiene corporal

Um produto cosmético define-se como “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais” [18].

A Farmácia Maia possui um stock muito variado de PCHC, disponibilizando várias marcas e expondo produtos para hidratação, anti-envelhecimento, peles atópicas, peles acneicas ou com rosácea, por exemplo. Além disso, também apresentam resposta a utentes que solicitem produtos para a queda de cabelo, higiene íntima e higiene oral, bem como desodorizantes.

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4. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia

Além da dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde, a farmácia comunitária pode disponibilizar outros serviços de saúde que têm um impacto bastante positivo na vida dos utentes. Estes possuem diferentes objetivos, podendo ajudar na monitorização de certos parâmetros essenciais à avaliação da evolução de uma determinada doença, acelerar o processo de administração de certos injetáveis ou promover uma destruição controlada dos medicamentos que não vão ser administrados.

4.1. Medição da tensão arterial

Diariamente, vários utentes da Farmácia Maia medem a sua tensão arterial, com recurso a um tensiómetro digital automático manuseado pelo farmacêutico no gabinete de apoio personalizado, proporcionando um ambiente mais calmo e favorável à medição. Muitas vezes, os motivos da solicitação deste serviço farmacêutico são o controlo de rotina com o intuito de assegurar a eficácia da medicação já utilizada ou de uma nova prescrição, a prevenção e o facto de sentirem uma má disposição muitas vezes associada a tonturas naquele momento. Após a leitura dos valores, estes são comunicados ao utente juntamente com o aconselhamento farmacêutico adaptado ao seu caso, registando-os num cartão próprio cedido pela farmácia para uma melhor monitorização do seu estado de saúde.

4.2. Medição da glicemia, colesterol total e triglicerídeos

A Farmácia Maia também disponibiliza aos seus utentes a possibilidade de medirem alguns parâmetros bioquímicos, auxiliando os utentes no controlo dos mesmos. As medições da glicemia, do colesterol total e dos triglicerídeos devem ser efetuadas com o utente em jejum, encaminhando-o para o gabinete de apoio personalizado para uma maior privacidade. Após a leitura dos valores obtidos, o utente é informado pelo farmacêutico acerca dos mesmos com o respetivo aconselhamento farmacêutico adequado ao seu caso, registando-os num cartão próprio cedido pela farmácia para uma melhor monitorização do seu estado de saúde. As medições da glicemia e do colesterol total são as mais requisitadas, tendo surgido casos em que as pessoas pediam ajuda porque não sabiam se estavam a utilizar o aparelho de medição da maneira correta ou para questionar se o mesmo se encontrava em boas condições.

4.3. Teste de gravidez

O teste de gravidez é outro serviço de saúde prestado na Farmácia Maia, podendo adquirir-se o mesmo no momento, e é realizado por um colaborador da farmácia. Este teste baseia-se na pesquisa qualitativa da hormona coriónica humana, pois esta encontra-se em concentração elevada em caso de gravidez, e deverá ser realizado, preferencialmente, com a primeira urina da manhã, pois deverá possuir uma maior quantidade da hormona,

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15 facilitando a sua deteção. Tanto a realização do teste como a divulgação do resultado ocorriam no gabinete de apoio personalizado/laboratório, tornando o serviço mais privado. Além disso, de acordo com o resultado, o farmacêutico deverá aconselhar a utente, informando-a também acerca das limitações deste teste qualitativo.

4.4. Administração de vacinas e injetáveis

A administração de vacinas que não constam no Plano Nacional de Vacinação e de injetáveis por via intramuscular e subcutânea é um dos serviços disponibilizados pela Farmácia Maia, após uma cuidadosa avaliação da situação do utente pelo farmacêutico para que se averigue se existem todas as condições necessárias para a execução deste procedimento. Este é uma mais-valia para os utentes, uma vez que se trata de um local que, geralmente, apresenta uma maior disponibilidade para a prestação deste serviço comparativamente aos hospitais.

4.5. Programa de Troca de Seringas

A Farmácia Maia colabora no Programa de Troca de Seringas, garantindo a distribuição de material esterilizado pelas pessoas que utilizam drogas injetáveis, bem como a recolha e destruição do mesmo. O objetivo deste programa envolve a prevenção de infeções pelo Vírus da Imunodeficiência Humana e pelos vírus das hepatites B e C, pelas vias sexual, endovenosa e parentérica. Assim, o utente que se dirige à farmácia tem direito a receber um kit que contém vários produtos que evitam as infeções, como duas seringas estéreis, dois toalhetes desinfetantes e um preservativo, em troca das duas seringas que pertenciam ao kit anterior, evitando o abandono e a reutilização de seringas. No entanto, é importante salientar que a disponibilização do primeiro kit ao utente é gratuita, ajudando na adesão ao programa, e que este permitiu sensibilizar a população de que a toxicodependência nem sempre é sinónimo de delinquência [19].

4.6. Consultas de nutrição

Com o intuito de orientar o utente no combate ao excesso de peso e à obesidade, a Farmácia Maia promove a reeducação alimentar através do acompanhamento periódico em sessões semanais, às sextas-feiras à tarde, por uma nutricionista, devido à sua parceria com a Dieta EasySlim®. Assim, são estabelecidas estratégias de gestão de peso de acordo com o objetivo de cada utente. Nestas consultas, o plano nutricional personalizado pode ser complementado com produtos da Dieta EasySlim® selecionados pela nutricionista e que se encontram à venda na farmácia. Este serviço é bastante procurado pelos utentes, devido não só a questões de estética como também de saúde [20].

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4.7. ValorMed®

A rejeição das embalagens vazias e medicamentos fora de uso deve ser efetuada sob controlo farmacêutico para que estes resíduos possam ser processados em estações de tratamento adequados. Para isso, a ValorMed®, uma sociedade sem fins lucrativos,

disponibiliza contentores, instalando-os nas farmácias, para que qualquer cidadão tenha um sistema cómodo e seguro para a libertação dos seus resíduos de medicamentos. Assim, a Farmácia Maia é um dos pontos de recolha dos mesmos, enviando os contentores cheios e selados através da Cooprofar® para a ValorMed®, tendo este serviço obtido uma

boa adesão por parte dos seus utentes [21].

5. Farmacovigilância

Quando um utente se desloca à farmácia e apresenta uma determinada sintomatologia, uma das hipóteses para o aparecimento desta é o desenvolvimento de uma reação adversa a um medicamento. Perante estes casos, é importante assegurar um Sistema Nacional de Farmacovigilância, coordenado pelo Infarmed, para que se possa proceder à recolha sistemática de informações sobre os riscos dos medicamentos para os doentes ou para a saúde pública, principalmente no caso de reações adversas, com posterior avaliação científica, ponderação das medidas de segurança, adoção de medidas regulamentares necessárias, tratamento e processamento da informação para, por fim, ser divulgado aos doentes e ao público em geral [4]. Caso o farmacêutico se depare com um caso destes, deverá avaliar o Resumo das Características do Medicamento em questão, de modo a verificar se a sintomatologia do doente coincide com as reações adversas já avaliadas, e notificar as suas suspeitas às autoridades competentes o mais rapidamente possível, mesmo nos casos em que a reação adversa não se encontre descrita.

6. Marketing na Farmácia Maia

Durante o estágio, tive a oportunidade de auxiliar na decoração das montras em contacto com o exterior e dos balcões de atendimento, adaptando-os a alguns dias festivos, como o Dia do Pai e o Dia da Mãe (Anexo V), bem como de organizar os expositores e lineares presentes no interior da farmácia.

A Farmácia Maia encontra-se bem organizada e em constante mudança no que diz respeito à apresentação dos seus produtos aos utentes, de forma a mantê-los informados acerca das diferentes opções que a farmácia oferece.

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7. Estágio na Farmácia Maia

O Farmacêutico exerce um papel importante na sociedade, uma vez que, na maioria das vezes, é o primeiro profissional de saúde que tem contacto com o utente quando este se encontra com sintomas de alguma doença, pois este desloca-se à farmácia com a esperança de encontrar lá a resolução para o seu problema e/ou uma explicação de como deverá proceder perante o mesmo. Além disso, o Farmacêutico poderá dar o seu aconselhamento não só em questões de saúde, como também em questões estéticas, pelo que a farmácia comunitária é um local que promove a saúde através de diferentes formas, auxiliando a nível físico, psicológico e também social. Durante o meu estágio na Farmácia Maia, tive a oportunidade de desempenhar e desenvolver várias valências relacionadas com as funções de um farmacêutico numa farmácia comunitária.

Primeiramente, como pode observar-se no cronograma em anexo (Anexo VI), após o primeiro contacto com o local e aprendizagem de algumas noções mais básicas acerca do espaço, a primeira atividade que me foi proposta consistiu na verificação dos prazos de validade dos produtos que expiravam dentro de 2 meses, retirando-os do local onde se encontravam e colocando-os numa caixa apropriada. Esta atividade esteve sempre presente ao longo do estágio, pois é realizada mensalmente e trata-se de uma prática fundamental para o bom funcionamento da farmácia, uma vez que promove uma dispensa de produtos mais fácil e eficaz na hora do atendimento ao público e, simultaneamente, pode existir retorno monetário do valor de alguns dos medicamentos quando devolvidos atempadamente aos laboratórios. Além disso, através desta atividade, pude familiarizar-me com os familiarizar-medicafamiliarizar-mentos em stock na farmácia.

De seguida, comecei a auxiliar no armazenamento das encomendas nos locais apropriados, arrumando de imediato os produtos que eram conservados no frigorífico. Além disso, tinha-se sempre em atenção as regras FEFO e FIFO para um posterior escoamento eficaz dos produtos. No caso dos MNSRM, eram impressas etiquetas devido à alteração do preço de acordo com as margens da farmácia.

O meu primeiro contacto com o público foi através da medição da tensão arterial e, pouco tempo depois, comecei a medir os parâmetros bioquímicos. Aquando do atendimento dos utentes, questionava acerca da razão da sua ida à farmácia, da sua história clínica e se tomava alguma medicação, bem como outras questões que pudessem ser pertinentes. Após a medição dos valores, estes eram comunicados ao utente com o respetivo aconselhamento farmacêutico, tendo surgido casos em que foi importante alertar a pessoa para uma avaliação do parâmetro em questão mais periodicamente ou encaminhá-la para uma consulta médica ou até mesmo para o hospital. Este último caso

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18 ocorreu durante o meu estágio, devido às tensões muito altas de uma senhora. Uma das situações que ia acontecendo com alguma frequência era o utente afirmar que não tomava a medicação corretamente. Nestes casos, explicava-se ao utente a importância do cumprimento da toma descrita na prescrição médica.

Por volta da terceira semana de estágio, pude começar a ter contacto com o SI, tendo sido criada uma conta com o meu nome e respetiva palavra-passe para que pudesse ter acesso a diversas funcionalidades do SPharm®. Assim, pude iniciar a receção das

encomendas e a consulta da informação científica, referente aos diferentes produtos, disponibilizada no SI. Além disto, ainda pude ajudar na realização de encomendas por chamada telefónica.

No que diz respeito ao atendimento ao público, este iniciou-se no mês de abril com constante orientação de todos os colaboradores da farmácia, após prévia visualização de vários atendimentos realizados pelos mesmos. Nesta altura, não só aprendi a fazer reservas de produtos solicitados pelos clientes, através do serviço online “gadget” ou por chamada telefónica para os fornecedores, como também tive a oportunidade de contactar com os três tipos de receitas já mencionados, uma vez que a dispensa de medicamentos por receita médica é dos serviços mais comuns na farmácia comunitária. Assim, pude reparar que a quantidade de prescrições manuais emitidas ainda é significativa e que surgem, várias vezes, critérios que não são respeitados aquando da sua validação, tais como a falta da assinatura do prescritor ou da exceção legal devidamente assinalada, tornando-se necessário informar o utente de que deverá voltar ao médico para completar os campos em falta. Na farmácia onde estagiei, pude ainda notar que uma quantidade significativa de utentes optava pelos medicamentos genéricos, principalmente aqueles que eram polimedicados. Contudo, surgiam algumas pessoas que questionavam o farmacêutico acerca da eficácia desta medicação, sendo-lhes explicada a sua definição de forma simples. Por vezes, os utentes optavam por levar o medicamento genérico, mas também surgiam aqueles que preferiam levar sempre o medicamento de marca. É também importante realçar que pude contactar com diferentes regimes de comparticipação, maioritariamente casos de regime geral, de pensionistas ou de subsistemas de saúde privados como o SAMS.

No entanto, também é muito recorrente a solicitação de aconselhamento farmacêutico em casos de transtornos menores, pelo que o farmacêutico fica responsável por identificá-los e, caso aparente ser uma doença mais grave, por encaminhar o utente para o médico. Nestes casos, é essencial o Farmacêutico possuir um bom conhecimento dos produtos, de forma a tornar o atendimento mais fácil e eficaz, e transmitir confiança e empatia ao utente.

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19 No decorrer dos meus atendimentos, aconselhei diferentes MNSRM, bem como outros produtos farmacêuticos. Durante o meu período de estágio, surgiam muitos casos de pessoas com alergias, normalmente oculares ou ao nível do trato respiratório, tendo sugerido a utilização de anti-histamínicos não sujeitos a receita médica, como é o caso da azelastina, em colírio, e do cloridrato de fexofenadina, em comprimidos por via oral que não causam sonolência. Outros exemplos de doenças recorrentes eram as constipações e gripes, tendo sempre em atenção os diversos sintomas que advém das mesmas, como a congestão nasal, a febre, a tosse e as dores de garganta. Perante estas doenças, o mais aconselhado foram os antigripais, com uma combinação de paracetamol e de um anti-histamínico, adequando a forma farmacêutica de acordo com as preferências do utente quando possível, mostrando a possibilidade de complementar o tratamento com o uso de águas do mar para a limpeza das fossas nasais. No que diz respeito à tosse, o utente era questionado quanto à presença de tosse seca ou de tosse produtiva, adaptando-se a dispensa do medicamento a cada caso. No caso de dores de garganta, uma das opções que mais aconselhei foram pastilhas de dissolução na boca, com ação antissética e suavizante, podendo conter também um anti-inflamatório para casos mais severos.

Além destes casos, também era habitual aparecerem pessoas com diarreia agudas. Nestes casos, dispensei, por diversas vezes, antidiarreicos, mas alertando sempre para a posologia e para o facto de que não trata a causa da diarreia que até poderia, em certos casos, ser eliminada através da mesma. Outra opção, que poderia ser usada em associação com o antidiarreico, era a administração de probióticos, uma vez que regularizam a flora intestinal.

Por volta dos meses de maio e junho, começou a surgir uma vasta procura por protetores solares, pelo que tive a oportunidade de aconselhar este tipo de produtos, com o cuidado de averiguar se eram destinados a crianças ou adultos. Além disso, por esta época, também surgiram várias pessoas que solicitavam algo para o alívio de picadas de mosquitos, tendo dispensado maioritariamente anti-histamínicos em gel, creme ou emulsão roll-on nestas situações.

Outro tipo de produtos que eram bastante solicitados eram os suplementos alimentares, maioritariamente para casos de fraqueza e fadiga e de falta de memória. Nestes casos, sugeria a toma de suplementos com magnésio para casos de fraqueza e fadiga, em ampolas ou comprimidos, ou a toma de suplementos com arginina nos casos de falhas de memória.

Outros casos que me suscitaram interesse e preocupação ao longo dos atendimentos são referentes aos três projetos que desenvolvi durante o meu período de estágio:

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20 aconselhamento farmacêutico na gravidez, resistência aos antibióticos e incontinência urinária (IU). Estes serão abordados mais aprofundadamente na parte 2 deste relatório.

Finalmente, também pude efetuar o processo de devolução de alguns produtos, como também realizar encomendas recorrendo ao SI.

Ao longo do estágio, decorreram algumas formações internas às quais assisti, pelo que, deste modo, contactei com diversos delegados de informação médica que me auxiliaram através de explicações acerca das gamas de produtos que promoviam.

Em suma, este estágio na Farmácia Maia foi uma experiência enriquecedora na minha formação, pois permitiu-me conhecer melhor e desempenhar o papel de farmacêutica comunitária, lidando com as dificuldades inerentes à exerção desta profissão e aprendendo diferentes formas de as ultrapassar.

Parte 2 – Temas desenvolvidos na Farmácia Comunitária

1. Tema I: Aconselhamento Farmacêutico na Gravidez

1.1. Contextualização

Aquando da escolha dos projetos a desenvolver em contexto de estágio em farmácia comunitária, foi-me sugerido abordar o aconselhamento farmacêutico na gravidez, uma vez que quando os colaboradores da farmácia procediam ao atendimento de uma grávida sentiam dificuldade em aconselhar um medicamento para a resolução do problema da utente, devido à pouca oferta dos mesmos e/ou à pouca quantidade de estudos fidedignos que tornariam o medicamento administrável durante a gravidez.

Desta forma, foi-me proposto elaborar um guia acerca deste tema (Anexo VII), através da seleção e organização de MNSRM existentes na farmácia passíveis de serem administrados em grávidas para facilitar posteriores indicações farmacêuticas em algumas situações. Considerei um tema bastante interessante e de elevada pertinência, uma vez que é uma área com muito poucos estudos e, por isso, torna mais complicado o processo de aconselhamento farmacêutico.

1.2. Introdução

Em 2015, nove em cada dez mulheres tomavam, pelo menos, um medicamento durante a gravidez [22].

Cerca de 10% das anormalidades congénitas têm origem exógena, sendo um dos exemplos o uso de medicamentos [23], pelo que o farmacêutico possui a responsabilidade de aconselhar o utente na escolha da medicação mais indicada em casos de transtornos menores. Estes transtornos menores são caracterizados por possuírem um carácter não grave, autolimitado e de curta duração/resolução espontânea, não podendo ter relação

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21 com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente, nem com os efeitos, doseados ou não, dos medicamentos que toma, não precisando, assim, de diagnóstico médico. Em muitos casos, o tratamento tem como intuito aliviar os sintomas para que o paciente possa lidar com a sua atividade diária [24].

Este procedimento executado pelo farmacêutico denomina-se de indicação farmacêutica que, segundo o Fórum de Indicação de Atenção Farmacêutica na Farmácia Comunitária, corresponde ao serviço profissional prestado perante a solicitação do medicamento mais adequado para um problema de saúde concreto por um doente ou utilizador que recorre à farmácia sem saber o produto que deverá adquirir [24]. Contudo, a maioria dos farmacêuticos vai deparar-se com perguntas acerca da segurança do uso de medicação durante a gravidez, podendo sentir que não possuem conhecimento suficiente para responder a questões acerca deste tema de forma confiante [25].

A fonte europeia oficial de informação sobre medicamentos para os profissionais de saúde corresponde ao Resumo das Características do Produto, apresentando uma secção específica acerca do uso do respetivo medicamento durante a gravidez e lactação, no sentido de auxiliar na tomada de decisão da sua administração ou não neste grupo de utentes [23]. É um documento legal aprovado como parte da autorização de comercialização de cada medicamento, com informação em constante atualização aquando da emergência de novos dados [26].

Contudo, défices de informação, recomendações ambíguas e qualidade de informação inadequada acerca do uso de vários medicamentos na gravidez e lactação foram encontrados nos respetivos Resumos das Características do Produto. Perante isto, a decisão torna-se apenas do clínico e/ou não permite estabelecer uma relação de risco/benefício, dificultando a tomada de decisão, particularmente para aqueles que não são especialistas em teratologia [23].

1.3. Gravidez

Uma gravidez que decorre normalmente demora cerca de 40 semanas, contando desde o primeiro dia da última menstruação normal, encontrando-se dividida em 3 fases ou trimestres. Os primeiros sintomas de que uma mulher está grávida envolvem a ausência de períodos menstruais, com mudanças a nível mamário, cansaço, náuseas, mudanças de humor, entre outros. Além disso, surge um aumento dos níveis da hormona gonadotrofina coriónica humana na urina e no sangue [27].

Durante o primeiro trimestre, que decorre entre a 1ª e a 12ª semana, surgem várias mudanças hormonais que afetam todos os sistemas de órgãos no corpo da grávida,

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22 despoletando sintomas logo nas primeiras semanas, como, por exemplo, cansaço extremo, cefaleias, obstipação, azia, náuseas ou vómitos [27].

Muitos destes desconfortos desaparecem à medida que a gravidez progride, tornando o segundo trimestre mais fácil do que o primeiro. No entanto, durante a 13ª até à 28ª semana de gravidez, período em que decorre este segundo trimestre, há a expansão do abdómen da grávida para que o bebé continue a crescer. Durante este processo, a grávida pode sentir dores no corpo, inchaço dos tornozelos, dedos ou face, como também podem surgir estrias em locais como o abdómen, mamas, coxas ou nádegas, por exemplo [27].

No terceiro e último trimestre de gravidez, isto é, desde a 29ª semana até à 40ª semana, alguns dos desconfortos sentidos no segundo trimestre poderão continuar e, além disso, podem aliar-se outras situações devido ao tamanho cada vez maior do bebé que vai exercendo cada vez mais pressão sobre os órgãos da grávida. Perante isto, podem surgir situações como dificuldade em adormecer, hemorroidas, dificuldade ao respirar ou vontade mais frequente em urinar, surgindo também sintomas anteriormente experienciados como a azia e o inchaço dos tornozelos, dedos e face, por exemplo [27].

Transtornos menores comuns durante a gravidez

As grávidas estão suscetíveis, em taxas similares ou superiores em comparação à população em geral, a transtornos gastrointestinais como náuseas, refluxos gastroesofágicos, vómitos, obstipação e diarreia. Muitos destes transtornos ocorrem devido às várias mudanças estruturais e hormonais experienciadas durante a gravidez, devendo optar-se por medidas não farmacológicas para o tratamento destas doenças, recorrendo-se à medicação quando estas medidas já implementadas não solucionaram o problema, tendo sempre em consideração os potenciais efeitos teratogénicos [28]. Também são utilizados MNSRM em grávidas em casos de analgesia e de doenças alérgicas, respiratórias ou até dermatológicas, sendo muito comum a administração de medicação para as constipações [29].

Atualmente, há o reconhecimento de que muitos medicamentos entram na circulação fetal e de que o tempo de exposição possui um papel crítico na formação de danos, podendo estes ser de dois tipos: teratogénicos ou causadores de efeitos adversos no feto. Os medicamentos teratogénicos são aqueles que causam alteração no desenvolvimento de um tecido ou na formação de um órgão, ocorrendo cedo na gravidez, e os medicamentos causadores de efeitos adversos no feto correspondem à disfunção de um órgão ou tecido depois de estes já estarem formados [25].

Referências

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