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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia À Casa da Música e no Hospital Pedro Hispano

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Academic year: 2021

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Farmácia à Casa da Música

Liliana Maria da Silva Mourão

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i

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia à Casa da Música (antiga Farmácia Costa Lima) maio de 2018 a agosto de 2018

Liliana Maria da Silva Mourão

Orientador: Dr. Alberto Caetano

Tutor: Professora Doutora Beatriz Quinaz

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ii

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 8 de outubro de 2018

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iii

Agradecimentos

Estando a terminar umas das mais importantes e marcantes etapas da minha vida, a minha formação académica, não poderia deixar de expressar o meu agradecimento a todos aqueles que, ao longos destes 5 anos, contribuíram para a minha formação profissional e pessoal, sem os quais nunca teria aprendido o que aprendi e vivido o que vivi.

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por ser a minha segunda, quase primeira, casa. A todos os professores desta instituição, por terem contribuído para a minha formação ao longo destes 5 anos.

À Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, pela oportunidade em estagiar na Farmácia à Casa da Música, e, em especial, à Professora

Beatriz Quinaz, pela orientação do meu estágio curricular.

À equipa da Farmácia à Casa da Música, por me terem posto à vontade desde o primeiro dia e pela vossa ajuda constante ao longo destes 4 meses:

- Ao Dr. Alberto Caetano, por me ter aceite na sua farmácia e pela confiança depositada;

- À Dr.ª Karina Félix, pela disponibilidade para esclarecer todas as minhas dúvidas; - À Dr.ª Ana Vaz, por toda a paciência, conselhos e disponibilidade em ensinar; - À Dr.ª Teresa Paulos, à Karina Coutinho e à Filipa Costa, pelo companheirismo, energia e boa disposição.

À Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do

Porto, por ser uma segunda escola e me ter dado a oportunidade de conhecer e trabalhar

com pessoas incríveis. Ao Marcos, em particular, por me ter acompanhado nos meus 3 anos de associativismo e me ter encorajado a sair da minha zona de conforto.

Às Sirigaitas, pela diversão, por todos os festivais e por fazerem com que as segundas e quartas à noite fossem especiais.

Aos meus amigos, por me terem acompanhado ao longo destes 5 anos, tornando-os inesquecíveis.

À Mónica, pela tua maneira positiva e louca de ser e por me teres acompanhado em quase todas as minhas aventuras. À Júlia, por nunca dizeres que não, por esperares por nós até ao fim dos ensaios, por teres paciência para as nossas conversas de tuna e por seres a balança da loucura da Mónica. Obrigada por me terem mostrado que foi mesmo possível aproveitar estes 5 anos até ao último momento.

À minha família, principalmente aos meus pais, por fazerem isto tudo possível, por perceberem as minhas ausências e acreditarem sempre em mim.

(5)

iv

Ao meu namorado, por seres a minha força desde o primeiro ano, por olhares para a vida sempre de forma positiva e por toda a paciência que tiveste quando tinha mil e uma coisas que faziam com que não pudesse estar contigo.

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v

Resumo

A farmácia comunitária, enquanto espaço de saúde e de promoção do bem-estar mais próximo da população, é frequentemente o primeiro contacto do utente com um profissional de saúde. Assim, é importante que o farmacêutico tenha conhecimentos nas mais diversas áreas da saúde, permitindo-lhe identificar problemas e prestar um aconselhamento farmacêutico personalizado.

O estágio curricular, para além de ser a etapa final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, permite não só aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso mas sobretudo complementar esse conhecimento com base em situações reais e com a ajuda de profissionais de saúde de excelência.

O presente relatório divide-se em duas partes. Na primeira, intitulada “A Farmácia à Casa da Música”, é apresentada a organização interna da farmácia e descrito o seu funcionamento geral – a gestão dos medicamentos e produtos de saúde, a sua dispensa e os serviços adicionais prestados pela farmácia. Na segunda parte, intitulada “O meu contributo na farmácia”, encontram-se descritos os 2 projetos que desenvolvi, explicando os motivos da sua realização, os objetivos a que me propus e os métodos utilizados. O primeiro projeto centra-se na proteção solar, um tema que, apesar de ser muito debatido, continua a ser uma preocupação da saúde pública por haver um grande descuido da população durante a exposição solar. O segundo projeto, intitulado “Interações medicamento-alimento”, trata um tema muitas vezes esquecido durante o aconselhamento farmacêutico mas que pode influenciar o sucesso da terapêutica.

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vi

Índice

Declaração de Integridade ... ii Agradecimentos ... iii Resumo ... v Índice ... vi Índice de Figuras ... ix Índice de Tabelas ... x Índice de Anexos ... xi Abreviaturas ... xii Introdução ... 1 Parte I. A Farmácia à Casa da Música ... 2

Perfil dos Utentes ... 2

Recursos Humanos ... 2

Organização Física da Farmácia ... 2

Zona de Atendimento ao Público ... 3

Gabinete de Atendimento ao Utente ... 3

Zona de Receção de Encomendas ... 3

Zona de Armazenamento e Armazém de Excedentes ... 3

Gabinete da Direção Técnica ... 4

Gestão de Equipa ... 4

Gestão de Medicamentos e Outros Produtos de Saúde ... 5

Sistema Informático ... 5 Gestão de Encomendas ... 6 Receção de encomendas ... 7 Marcação de Preço ... 7 Armazenamento ... 8 Gestão de Devoluções ... 8

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vii

Gestão de Stocks ... 9

Gestão de Prazos de Validade ... 9

Dispensa de Medicamentos e Outros Produtos de Saúde ... 10

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 10

Prescrição de Medicamentos ... 11

Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos ... 12

Medicamentos Genéricos e Preços de Referência ... 13

Sistemas de Comparticipação ... 13

Receituário e Faturação ... 14

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 15

Outros Produtos de Saúde ... 16

Dispositivos Médicos ... 16

Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal ... 16

Medicamentos de Uso Veterinário ... 17

Alimentação Especial... 17

Suplementos Alimentares ... 18

Produtos com Pouca Rotação na FCM ... 18

Serviços Adicionais Prestados na Farmácia ... 19

Medição de Parâmetros Físicos e Bioquímicos ... 19

Peso, Altura e IMC ... 20

Pressão Arterial ... 20

Glicemia ... 21

Colesterol Total... 22

Administração de Injetáveis ... 22

Valormed ... 22

Atividades Organizadas pela Farmácia à Casa da Música ... 23

Parte II. O meu contributo na Farmácia ... 23

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viii

Enquadramento Geral e Objetivos ... 23

Pele – Funções e Estrutura... 24

Radiação Solar ... 26

Impacto da Radiação Solar na Pele ... 28

Protetores Solares ... 30

Ações de Divulgação ... 31

Conclusão ... 31

Projeto 2. Interações Medicamento-Alimento ... 32

Enquadramento Geral e Objetivos ... 32

Interação Medicamento-Alimento – Visão Geral ... 33

Interações Farmacocinéticas na Absorção ... 34

Interações Farmacocinéticas na Distribuição ... 36

Interações Farmacocinéticas na Metabolização... 37

Interações Farmacocinéticas na Excreção ... 37

Interações Farmacodinâmicas ... 38 Ações de Divulgação ... 38 Conclusão ... 39 Conclusão Final ... 40 Referências ... 41 Anexos ... 45

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ix

Índice de Figuras

Figura 1 Estrutura da Pele ... 24 Figura 2 Estrutura da Epiderme ... 26 Figura 3 Diferentes Intervalos da Radiação UV e o Seu Alcance na Superfície Terrestre.. 27 Figura 4 Efeitos das Interações Fármaco-Alimento na Concentração Plasmática dos Fármacos ... 33 Figura 5 Absorção, Distribuição, Biotransformação (Metabolismo) e Excreção Típicas de Fármacos Administrados por Via Oral ... 34

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x

Índice de Tabelas

Tabela 1 Cronograma das Atividades Desenvolvidas no Estágio Curricular em Farmácia

Comunitária ... 1

Tabela 2 Limites de Prescrição por Tipo de Receita Médica ... 11

Tabela 3 Valores de Referência para o IMC ... 20

Tabela 4 Valores de Referência para a PA ... 21

Tabela 5 Escala de Fitzpatrick ... 28

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xi

Índice de Anexos

Anexo I . Diagrama da Organização Física da FCM ... 45

Anexo II . Quadro Kaizen da FCM ... 46

Anexo III . Registo de Falhas ... 47

Anexo IV . Exemplo de uma Fatura de Encomenda ... 48

Anexo V . Exemplo de uma Nota de Encomenda ... 49

Anexo VI . Exemplo de uma Nota de Devolução ... 50

Anexo VII . Exemplo de um Protocolo de Dispensa Exclusiva em Farmácia ... 51

Anexo VIII . Certificado da Formação dos Laboratórios Uriage® ... 54

Anexo IX . Folheto Informativo, no Âmbito do Dia Mundial do Mosquito ... 55

Anexo X . Folheto Informativo, no Âmbito do Dia Mundial da Pastelaria ... 57

Anexo XI . Cartaz Informativo, Integrado no Projeto “Proteção Solar” ... 58

Anexo XII . Folheto Informativo, Integrado no Projeto “Proteção Solar” ... 60

Anexo XIII . Folheto Informativo, Integrado no Projeto “Proteção Solar” ... 61

Anexo XIV . Rubrica Online “Sabia que?”, Integrado no Projeto “Proteção Solar” ... 62

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xii

Abreviaturas

ANF . Associação Nacional das Farmácias CCF . Centro de Conferência de Faturas CNP . Código Nacional de Produto DCI . Denominação Comum Internacional

DGAV . Direção Geral de Alimentação e Veterinária DT . Diretor Técnico

EC . Estrato Córneo

FCM . Farmácia à Casa da Música FEFO . First Expire First Out FIFO . First In First Out FPS . Fator de Proteção Solar IMC . Índice de Massa Corporal

Infarmed . Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. IVA . Imposto sobre o Valor Acrescentado

MG . Medicamentos Genéricos

MNSRM . Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF . Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia

MSRM . Medicamentos Sujeitos a Receita Médica OMS . Organização Mundial de Saúde

PA . Pressão Arterial

PCHC . Produtos de Cosmética e Higiene Corporal PIC . Preço Impresso na Cartonagem

PV . Prazo de Validade

PVF . Preço de Venda à Farmácia PVP . Preço de Venda ao Público SNS . Serviço Nacional de Saúde UV . Radiação Ultravioleta

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1

Introdução

O meu estágio curricular em farmácia comunitária foi realizado na Farmácia à Casa da Música (FCM), antiga Farmácia Costa Lima, no Porto. Decorreu entre os dias 2 de maio e 31 de agosto de 2018, sob orientação do Dr. Alberto Caetano. Durante estes 4 meses, ficou estipulado com a Dr.ª Karina Félix que o meu horário seria das 9:30 às 17:30 horas, com flexibilidade de haver alterações caso houvesse necessidade de ambas as partes. Na tabela 1 encontra-se representado um cronograma simplificado das atividades desenvolvidas durante o meu período de estágio, as quais se encontram descritas ao longo da primeira parte do presente relatório.

Tabela 1 Cronograma das Atividades Desenvolvidas no Estágio Curricular na FCM

Atividades Desenvolvidas Maio Junho Julho Agosto

Integração e adaptação ao espaço de trabalho x x

Receção de encomendas x x x x

Realização de encomendas instantâneas e por

telefone x x x

Armazenamento e gestão de stocks x x x x

Acompanhamento de atendimentos ao balcão x x

Atendimento autónomo x x x

Organização de receituário e faturação x x x

Medição de parâmetros físicos e bioquímicos x x x x

Projeto “Proteção Solar” x x

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2

Parte I.

A Farmácia à Casa da Música

A FCM, antiga Farmácia Costa Lima, localiza-se na Avenida da Boavista, no Porto. A farmácia encontra-se aberta das 8:30 até às 21:30 horas, em dias úteis, e das 8:30 às 20 horas aos sábados, cumprindo os requisitos da Portaria n.º 277/2012, de 12 de setembro1.

Aos domingos e feriados, a farmácia encontra-se encerrada.

Perfil dos Utentes

Na zona circulante da FCM existem várias empresas, entidades públicas e estabelecimentos comerciais, como a EDP, a Segurança Social e as Finanças, sendo os seus funcionários a maior fatia de utentes da farmácia. Os atendimentos a este perfil de utente centram-se não só em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) como também em medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e produtos da área da cosmética e alimentação infantil. Existe também uma percentagem significativa de idosos, a maioria deles polimedicados e que procuram as alternativas mais baratas, e turistas.

Recursos Humanos

A equipa da FCM cumpre os requisitos legais ao ser constituída por 4 farmacêuticos – o Dr. Alberto Caetano, Diretor Técnico (DT) da FCM, a Dr.ª Karina Félix, a Dr.ª Ana Vaz e a Dr.ª Teresa Paulos - e 2 técnicas de farmácia – a Dr.ª Karina Coutinho e a Dr.ª Filipa Costa2. É uma equipa jovem, bastante dinâmica e valorizada pelos utentes, que se sentem

confiantes com o aconselhamento e serviço prestados.

Organização Física da Farmácia

A FCM é facilmente identificada pelo letreiro “Farmácia” e pela cruz verde luminosa. O exterior da farmácia é envidraçado e utilizado para elaboração de montras, planeadas de acordo com os produtos que a FCM quer destacar e com os materiais de marketing enviados pelos laboratórios. Para além disso, é no exterior que a farmácia dispõe da informação acerca da direção técnica, do horário de funcionamento e dos turnos de serviço permanente da cidade do Porto, cumprindo os requisitos legais que assim o exigem2.

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3

O interior da FCM pode ser dividido em várias zonas, conforme representado no diagrama em anexo (anexo I). O front office corresponde à zona de atendimento ao público. O back office divide-se na zona de receção de encomendas e de armazenamento, o gabinete da direção técnica, o gabinete de atendimento ao utente, o laboratório e o armazém de excedentes.

Zona de Atendimento ao Público

A zona de atendimento da FCM é constituída por 3 balcões de atendimento e uma balança com tensiómetro automático. As paredes laterais possuem vários lineares com produtos de cosmética e higiene corporal (PCHC) e de puericultura. Existem ainda alguns expositores de destaque de produtos com promoções aplicadas pela FCM. Atrás do balcão, inacessíveis aos utentes, estão expostos MNSRM sazonais e suplementos alimentares. Esta zona também possui armários e gavetas utilizados para armazenamento de medicamentos e produtos farmacêuticos com maior rotação.

Gabinete de Atendimento ao Utente

O gabinete de atendimento ao utente é utilizado quando é necessário uma observação do utente de forma mais privada, para medições dos parâmetros bioquímicos, administração de injetáveis e para a realização de curativos.

Zona de Receção de Encomendas

É na zona de receção de encomendas que se dá entrada dos produtos que chegam à farmácia, bem como se procede à realização de devoluções aos fornecedores. Nesta zona também existe um local de arquivo, onde se guarda toda a documentação relativa a faturas, notas de crédito, devolução e notas de encomenda. Esta área está equipada com um computador, uma impressora, uma impressora de etiquetas e um leitor ótico.

Zona de Armazenamento e Armazém de Excedentes

Os medicamentos e produtos farmacêuticos armazenados no back office estão organizados por categorias e por ordem alfabética. São exemplos de algumas categorias os medicamentos comerciais (comprimidos e cápsulas), medicamentos genéricos (MG), colírios, soluções orais e cutâneas, cremes e pomadas, xaropes, colutórios, ampolas, pós,

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4

supositórios, protocolo diabetes, vaginais, medicamentos para utilização no sistema respiratório, medicamentos de uso veterinário e produtos cosméticos de baixa rotatividade.

Os excedentes são armazenados em algumas gavetas, sendo que os PCHC e outros produtos farmacêuticos adquiridos em maior quantidade são armazenados no armazém, mais distanciado do front office. É neste armazém que também se localiza o frigorífico, onde os medicamentos estão organizados por ordem alfabética.

Tanto os medicamentos e produtos farmacêuticos localizados no back office como no front office estão armazenados em condições controladas de temperatura e humidade, sendo que estas são verificadas e registadas periodicamente.

Gabinete da Direção Técnica

O gabinete da direção técnica é o local onde se faz a gestão interna e financeira da FCM e é essencialmente ocupado pelo Dr. Alberto Caetano e pela Dr.ª Karina Félix. É neste local mais reservado que se realizam as reuniões com os delegados de informação médica e os comerciais de várias marcas. Também é neste gabinete que se armazenam os medicamentos psicotrópicos, em armário fechado.

Gestão de Equipa

No sentido de melhorar a capacidade de resposta ao cliente, reduzir o desperdício da atividade operacional e o aumento da rentabilidade da farmácia, a FCM implementou um sistema de gestão operacional – o Sistema Kaizen. Este tem como base a filosofia japonesa Kaizen (“melhoria contínua”), focando-se na eliminação de desperdícios, na otimização e uniformização de processos, na gestão com base em factos e no trabalho em equipa, sendo todos os seus elementos parte integrante do sistema3.

Uma das estratégias de implementação prática do sistema Kaizen na FCM é o quadro kaizen (anexo II). Este é composto por várias secções, de acordo com a realidade e o interesse da farmácia, e visa melhorar a comunicação interna, acompanhar e medir o desempenho de cada colaborador e outros indicadores à escolha, partilhar informações e distribuir e acompanhar a execução de tarefas, havendo também espaço para sugestão de melhorias para a farmácia.

Durante o meu estágio, tive oportunidade de assistir e participar em algumas reuniões de equipa, onde se analisavam todos os indicadores de desempenho e de vendas do quadro kaizen, executavam-se pontos de situação das tarefas de cada colaborador e discutiam-se outros assuntos mais pontuais relacionados com a farmácia. Assim, pude perceber que o sistema kaizen é uma mais-valia para o funcionamento da equipa, independentemente do

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5

seu número, pois é um sistema adaptado à realidade de cada equipa, facilita a comunicação entre os seus colaboradores e o acesso à informação.

Gestão de Medicamentos e Outros Produtos de Saúde

A crise atual das farmácias portuguesas obrigou-as a executar uma gestão de produtos mais rigorosa e estratégica. Cada vez mais o farmacêutico deve adquirir conhecimentos da área de gestão para conseguir responder às necessidades dos utentes sem nunca comprometer a viabilidade económica da farmácia.

Sistema Informático

O sistema informático utilizado na FCM é o Sifarma 2000®. Este sistema é

fundamental no dia-a-dia da farmácia pois permite auxiliar todos os seus processos, desde o atendimento até à gestão dos produtos farmacêuticos.

Internamente, é através deste software que se gerem encomendas, devoluções, stocks e prazos de validade, entre outras funcionalidades. Para cada produto farmacêutico existe uma ficha individual com informação técnica e científica útil para a sua gestão interna. No atendimento ao público, o Sifarma 2000® é bastante vantajoso visto que permite

consultar rapidamente informação científica de cada medicamento que pode ser relevante transmitir ao utente, como indicações terapêuticas, posologia, reações adversas, contra-indicações e interações medicamentosas. Para além disso, é possível criar fichas individuais dos utentes, onde constam os seus dados pessoais e o histórico de compras na FCM, o que permite um acompanhamento farmacoterapêutico por parte do farmacêutico mais personalizado e seguro.

O meu contacto com o Sifarma 2000® começou em estágios extracurriculares

anteriores. Apesar disso, estes últimos 4 meses na FCM permitiram conhecer outras funcionalidades do software e melhorar a minha prática com o programa, nomeadamente no atendimento ao público. Apesar da sua utilidade e auxílio na prática farmacêutica, reconheço-lhe alguns pontos de melhoria, como ser mais intuitivo e a possibilidade de simplificar alguns processos.

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6

Gestão de Encomendas

Os medicamentos e outros produtos farmacêuticos podem ser adquiridos a distribuidores grossistas ou diretamente aos laboratórios, tendo em conta os preços praticados e as condições comerciais definidas.

No dia-a-dia da FCM, as encomendas são essencialmente feitas a armazenistas de distribuição grossista. As encomendas diretas aos laboratórios destinam-se à aquisição de produtos em grande quantidade que, apesar de apresentarem um tempo de espera maior, permitem que hajam condições especiais de compra, normalmente acordadas previamente com o delegado de informação médica.

Na rede de distribuição grossista, a FCM trabalha maioritariamente com a Alliance Healthcare, Cooprofar e OCP Portugal. É possível realizar 3 tipos de encomendas – diárias, instantâneas e manuais.

As encomendas diárias destinam-se à aquisição de medicamentos e outros produtos farmacêuticos que atingiram o seu ponto de encomenda, estabelecido pela própria farmácia na ficha de produto no Sifarma 2000®. De acordo com o stock mínimo definido e os

movimentos de stock, são geradas automaticamente listas com os produtos a encomendar a cada fornecedor. Essas listas são analisadas pelo funcionário responsável que, com base no histórico de compras e vendas dos produtos, pode acrescentar ou retirar produtos da encomenda e transferir um produto para outro fornecedor. No final, a encomenda é enviada eletronicamente ao fornecedor em questão.

As encomendas instantâneas são utilizadas quando um produto não está disponível em stock para dispensa imediata ao utente. Estas podem ser feitas diretamente no Sifarma 2000®, via telefone ou na plataforma online do fornecedor, estando indicado a data e hora

previstas de entrega do produto, em regra inferior a 24 horas. Existe um tipo de encomenda instantânea especial destinado a produtos rateados, no âmbito do projeto Via Verde do Medicamento, onde é necessário apresentar o número da receita médica no pedido de encomenda. Na FCM, aquando da elaboração de uma encomenda instantânea, é registado o produto que se encomendou e a razão pela qual houve necessidade de se encomendar (anexo III) – se o stock mínimo e máximo estava a 0, se o stock era insuficiente para as necessidades do utente ou se o produto ainda não tinha ficha de produto aberta. Este levantamento facilita a gestão de stocks, na medida em que são identificados os produtos com necessidade de se avaliar a adequabilidade do stock à rotatividade atual do produto.

Por fim, as encomendas manuais são feitas por contacto telefónico com o fornecedor, sendo principalmente utilizadas para a aquisição de produtos rateados ou esgotados.

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7

No decorrer do estágio, realizei diversas encomendas instantâneas, principalmente no contexto do atendimento ao balcão. Também contactei com vários fornecedores por telefone para esclarecimento de dúvidas ou pedido de produtos esgotados. Nunca fiquei responsável pela realização das encomendas diárias mas assisti diversas vezes a esta tarefa e foi-me explicado o seu mecanismo.

Receção de encomendas

As encomendas chegam à farmácia em contentores apropriados, com acumuladores térmicos caso sejam produtos de armazenamento no frio, e acompanhadas com a respetiva fatura, em duplicado (anexo IV). Caso sejam encomendas feitas a armazenistas de distribuição grossista, diárias ou instantâneas, estas já estão criadas no sistema informático e prontas a serem rececionadas. Caso sejam encomendas feitas diretamente aos laboratórios, é necessário conferir a nota de encomenda (anexo V), arquivada na farmácia, e criar manualmente a encomenda no Sifarma.

Informaticamente, a receção é feita através da leitura do Código Nacional de Produto (CNP) de todas as unidades, com auxílio do leitor ótico ou manualmente. Durante este processo, é feita a verificação da integridade da embalagem, o Prazo de Validade (PV) e, no caso de produtos com Preço Impresso na Cartonagem (PIC), o Preço de Venda ao Público (PVP). No final, é conferido o preço de faturação, definido o PVP para os produtos de venda livre e comparado o número de unidades rececionadas com as faturadas, de modo a confirmar o valor total da encomenda.

A receção de encomendas foi umas das primeiras tarefas que realizei no estágio, o que permitiu um contacto inicial com os produtos farmacêuticos e com o próprio sistema informático. Apesar de ser uma tarefa acessível, pode ser uma forte fonte de erros de stock e de PV, daí ser importante realizá-la com rigor para não comprometer a boa gestão de produtos na farmácia.

Marcação de Preço

Nos produtos de venda livre, o PVP é definido manualmente pela farmácia, tendo por base o Preço de Venda à Farmácia (PVF), o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e as margens de comercialização, predefinidas e afixadas pela FCM (PVP = PVF + IVA + Margem de comercialização). Para além destes fatores, é importante ter em conta a rotatividade do produto e os preços aplicados no mercado concorrente, de modo a cumprir as margens de

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comercialização predefinidas pela farmácia mas também adaptar os preços à realidade do mercado.

Durante o estágio, aquando da receção de encomendas, sempre que verificava os preços e as margens em vigor e algum valor não me parecia bem aplicado, sugeria uma alteração do preço de venda do produto aos colaboradores da farmácia. Inicialmente, tive algumas dificuldades em realizar esta tarefa, nomeadamente em articular os diversos fatores a ter em conta no cálculo do preço. Com a prática e a ajuda dos colaboradores da FCM, fui ficando mais familiarizada com o processo.

Armazenamento

No armazém, os medicamentos e produtos farmacêuticos são organizados por categorias e por ordem alfabética, de acordo com o já descrito na secção Zona de Armazenamento e Armazém de Excedentes do presente relatório. Na arrumação dos produtos, é necessário ter em conta o seu PV, de modo a que seja cumprido o método First Expire First Out (FEFO). Assim, os produtos com validade mais curta são arrumados à frente ou em cima, garantindo que são os primeiros a ser dispensados para se evitar devoluções ou PV expirados. No caso de produtos sem PV, a arrumação é feita da mesma forma, cumprindo o método First In First Out (FIFO), para que os produtos há mais tempo em stock sejam dispensados em primeiro lugar.

O armazenamento de produtos foi também uma das primeiras tarefas que realizei no estágio e que se manteve durante toda a sua duração. Foi importante para conhecer muitos dos nomes comerciais dos produtos e os seus locais de armazenamento na FCM, o que facilitou a realização de várias tarefas inerentes à farmácia, como o atendimento ao público.

Gestão de Devoluções

Em algumas situações, a farmácia pode ter necessidade de devolver produtos aos seus fornecedores – quando existem erros na encomenda, como produtos enviados que não foram pedidos ou produtos encomendados por engano, embalagens danificadas, PV expirados ou demasiado curtos, quando o utente já não tem interesse no produto e este tinha sido encomendado exclusivamente para si ou quando existe uma recolha de produtos exigida pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (Infarmed). Cada fornecedor tem regras e períodos de tempo específicos em que é possível fazer a devolução dos produtos. É necessário cumprir estas condições, de modo a evitar que a devolução não seja aceite e que o produto fique na farmácia sem rotação.

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As devoluções são feitas informaticamente no Sifarma 2000®. É necessário indicar o

fornecedor a quem se destina a devolução, o produto a devolver, a razão da devolução e o número da fatura de origem do produto. Este processo termina na emissão de uma nota de devolução (anexo VI), em triplicado. Um exemplar fica arquivado na farmácia e os restantes são enviados com o produto a devolver para o respetivo fornecedor.

As devoluções podem ou não ser aceites pelo fornecedor. Em todos os casos, o processo deve ser regularizado no Sifarma. Caso a devolução seja aceite, esta pode ser realizada através de uma nota de crédito ou troca de produto. Caso a mesma não seja aceite, o produto fica no stock da farmácia ou, caso não esteja em condições de ser vendido, terá de se proceder à sua quebra, com prejuízo para a FCM.

Gestão de Stocks

A gestão de stocks é um processo essencial na farmácia comunitária. É através dele que se garante resposta imediata às necessidades do utente sem ocorrer acumulação de produtos, que podem resultar em prejuízo para a farmácia.

O Sifarma é uma ferramenta muito útil na gestão de stocks, uma vez que permite avaliar a rotatividade de cada produto através da consulta do seu histórico de compras e vendas. Assim, permite-nos perceber se há necessidade de alterar o stock mínimo e/ou máximo do produto. Para além disso, para uma boa gestão de produtos é importante avaliar outros parâmetros, como o perfil dos utentes, a época sazonal e as condições comerciais dos produtos, de modo a escolher os laboratórios e/ou fornecedores com melhores preços para a farmácia.

Na FCM, a fim de se detetar e evitar possíveis erros de stock informáticos que possam comprometer a sua gestão, é realizada uma contagem manual do stock de cada produto, no mínimo, uma vez por ano. No mês de agosto, tive oportunidade de colaborar nesta tarefa.

Gestão de Prazos de Validade

Os PV são controlados essencialmente em dois momentos – aquando da receção da encomenda e através da emissão, no Sifarma 2000®, de uma lista de controlo de prazos de

validade.

Na receção de encomendas, o PV impresso na cartonagem do produto é comparado com o PV indicado na ficha do produto do Sifarma. Caso já exista stock desse produto, o PV

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informático apenas será atualizado se o produto a rececionar tiver um PV mais curto. Se não existir stock, este parâmetro será sempre atualizado.

Mensalmente, o controlo de PV é feito através da emissão da lista de controlo de prazos de validade, gerada no Sifarma, onde constam os produtos cujo PV irá expirar num período definido. Procede-se à verificação do PV dos produtos que constam na lista e à sua recolha para posterior devolução. Caso o PV indicado na lista não corresponda ao PV físico, a ficha de produto é atualizada.

Dispensa de Medicamentos e Outros Produtos de Saúde

A dispensa de medicamentos corresponde à última etapa do circuito do medicamento. É através dela que o farmacêutico põe em evidência o seu papel enquanto profissional de saúde. Um correto aconselhamento farmacêutico é essencial na promoção do uso responsável do medicamento e da adesão à terapêutica. Assim, o rigor e a competência são fundamentais aquando da dispensa do medicamento, de forma a transmitir toda a informação essencial ao utente e a evitar problemas relacionados com o medicamento.

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Segundo o Estatuto do Medicamento, são MSRM aqueles que possam constituir um risco para a saúde do utente quando utilizados sem vigilância médica ou para fins e em quantidades diferentes das recomendadas, que contenham substâncias que ainda não tenham estudos suficientes quanto à sua eficácia ou segurança, ou que se destinam a ser administrados por via parentérica4.

A dispensa de MSRM está dependente da apresentação de uma receita médica, um documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos4.

Não foram raras as vezes em que, durante o atendimento ao público, me foram pedidos MSRM sem prescrição médica, como antibióticos, ansiolíticos e antidepressivos. Nestes casos, é importante alertar os utentes para os perigos do uso de certas substâncias sem vigilância médica, apresentar alternativas terapêuticas de venda livre e, se necessário, reencaminhar o utente para o médico. Um exemplo muito requisitado sem receita médica na FCM é o Ibuprofeno 600 mg, que tem como alternativa o Ibuprofeno 400 mg, um MNSRM

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de venda exclusiva em farmácia. É importante apresentar esta alternativa ao utente e explicar que a única diferença prática entre as duas dosagens reside na posologia.

Prescrição de Medicamentos

A prescrição de medicamentos pode ser feita mediante vários tipos de receita médica – a receita médica eletrónica, que inclui a receita eletrónica desmaterializada ou sem papel e a receita materializada (impressão da prescrição), e a receita médica manual5. A forma

atualmente privilegiada é a receita por via eletrónica, de forma a aumentar a segurança no processo de prescrição e dispensa, facilitar a comunicação entre profissionais de saúde e agilizar os processos5, 6. A receita médica manual encontra-se cada vez mais em desuso,

podendo ser utilizada excecionalmente em situações de falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, devidamente justificada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional, prescrição ao domicílio e outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês5.

A receita médica deve obedecer às regras aprovadas por portaria do Ministério da Saúde. A prescrição de um medicamento tem de incluir obrigatoriamente a respetiva Denominação Comum Internacional (DCI) da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação, a quantidade e a posologia. A prescrição por marca ou nome comercial do medicamento está prevista excecionalmente para medicamentos com substância ativa para a qual não exista MG comparticipados ou quando há justificação do prescritor quanto à insusceptibilidade de substituição do medicamento prescrito. Dependendo do tipo de receita, existem limites máximos estabelecidos no que diz respeito ao número total de medicamentos ou produtos de saúde prescritos e ao número de embalagens prescritas, estando representados na tabela 25.

Tabela 2 Limites de Prescrição por Tipo de Receita Médica5

Tipo de Receita Médica Limite Máximo de Embalagens Prescritas Limite Máximo de Medicamentos ou Produtos de Saúde Prescritos Manual

2 Embalagens por medicamento ou produto de saúde;

4 Embalagens no total da receita

4 Medicamentos ou produtos de saúde distintos Eletrónica Materializada Eletrónica Desmaterializada

2 Embalagens por medicamento (6 para medicamentos destinados a tratamentos prolongados); Número total sem limite

(25)

12

No momento da dispensa, é necessário verificar se a receita médica cumpre os requisitos para ser considerada válida, nomeadamente o número da receita, o local de prescrição ou respetivo código, a identificação do médico prescritor, incluindo o número de cédula profissional e, se for o caso, a especialidade, o nome e número de utente, a entidade financeira responsável e número de beneficiário. Caso se trate de uma receita eletrónica manual, esta só é válida se também incluir a DCI da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens, denominação comercial do medicamento (se aplicável), a data de prescrição, a assinatura do prescritor, a vinheta identificativa do local de prescrição (se aplicável), a vinheta identificativa do médico prescritor, o seu contacto telefónico e, se aplicável, a identificação da sua especialidade médica. Deve também ter-se em conta a validade da prescrição, que corresponde a 30 dias consecutivos para receitas manuais5.

Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Os medicamentos que contenham substâncias ativas classificadas como estupefacientes e psicotrópicos (contidas nas tabelas I e II do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, e n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Regulamentar n.º 61/94, de 12 de outubro) estão sujeitos a um regime de controlo especial5, 6.

A prescrição destes medicamentos seguem as mesmas regras que os restantes medicamentos e produtos de saúde. No entanto, caso se trate de uma receita eletrónica materializada ou manual, os estupefacientes e psicotrópicos apenas podem ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita não pode conter outros medicamentos ou produtos de saúde prescritos6.

Na dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, a farmácia procede à identificação da prescrição, através do número de prescrição, e ao registo informático da identidade do utente ou do seu representante, nomeadamente o nome, data de nascimento, número e data do cartão de cidadão, bilhete de identidade ou carta de condução. No final da venda, é emitido um talão comprovativo que deve ser carimbado, assinado e datado pelo profissional que realizou a dispensa. Mensalmente, é retirado do sistema informático o registo das vendas de psicotrópicos para posterior comparação com os talões de dispensa e envio para o Infarmed. Caso exista alguma receita eletrónica materializada ou manual relativa a medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, esta deve ser digitalizada e enviada ao Infarmed em conjunto com o registo de vendas. Deve também ser mantida uma cópia na farmácia durante pelo menos 3 anos, juntamente com o respetivo talão de venda5.

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13

Medicamentos Genéricos e Preços de Referência

O mercado dos genéricos em Portugal tem vindo a crescer ao longo dos anos. Atualmente, os incentivos do Estado português às farmácias para a dispensa de MG vêm comprovar que estes, por terem a mesma eficácia, segurança e qualidade que os medicamentos originais, têm impacto significativo na redução das despesas do Estado em saúde7.

Os MG, segundo o Estatuto do Medicamento, são “medicamentos que apresentam a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência tenha sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”. Devem ser identificados pelo seu nome, seguido da dosagem, da forma farmacêutica e da sigla MG, que devem constar no seu acondicionamento secundário4.

O Sistema de Preços de Referência (SPR) é utilizado para calcular o valor máximo comparticipado pelo Estado para medicamentos prescritos, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), para os quais já existem MG autorizados, comparticipados, comercializados e inseridos no mesmo grupo homogéneo do medicamento original8. Um

grupo homogéneo corresponde ao conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, dosagem e via de administração, com a mesma forma farmacêutica ou com formas farmacêuticas equivalentes, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado. O preço de referência para cada grupo homogéneo corresponde à média dos cinco PVP mais baixos praticados no mercado, tendo em consideração os medicamentos que integrem aquele grupo9.

Está previsto que as farmácias tenham disponíveis, no mínimo, 3 medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os que correspondam aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo. Aquando da dispensa do medicamento, o farmacêutico deve informar o utente sobre a existência de medicamentos do mesmo grupo homogéneo do prescrito, dando-lhe o direito de livre escolha de entre os medicamentos que cumpram a prescrição médica5.

Sistemas de Comparticipação

A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos é feito em dois regimes – o regime normal e o regime especial.

No regime normal de comparticipação, o medicamento é comparticipado segundo diferentes escalões, onde se inserem diferentes grupos e subgrupos farmacoterapêuticos – no escalão A, a comparticipação é de 90% do PVP do medicamento, no escalão B 69%, no

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14

escalão C 37% e no escalão D 15 %. Os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos que integram os diferentes escalões de comparticipação do Estado estão definidos na Portaria n.º 195-D/2015, de 30 de junho, pelo Ministério da Saúde10.

O regime especial prevê 2 tipos de comparticipação – em função dos beneficiários e em função das patologias ou de grupos especiais de utentes. Neste regime, há um acréscimo de 5% para o escalão A e de 15% para os escalões B, C e D, destinando-se a “pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante”. O regime especial em função das patologias destina-se a patologias definidas por Despacho do Governo, sendo alguns exemplos hemoglobinopatias, doença de alzheimer, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide espondilite anquilosante, dor oncológica moderada a forte, dor crónica não oncológica moderada a forte, procriação medicamente assistida e psoríase11.

Os produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes mellitus são abrangidos por um regime de comparticipação, nomeadamente as tiras-teste para a determinação da glicemia, cetonemia e cetonúria, comparticipadas em 85%, e as agulhas, seringas e lancetas, comparticipadas em 100%6.

Para além da comparticipação do Estado, existem outros sistemas e subsistemas de saúde responsáveis pela comparticipação de medicamentos. Na FCM são frequentes os utentes com outros planos de comparticipação adicionais, como o EDP-Sãvida®, destinado

a funcionários da EDP, e SAMS Quadros, para utentes pertencentes ao Sindicato dos Quadros e Técnicos Bancários.

Receituário e Faturação

No final de cada mês, é necessário proceder ao envio da informação de faturação respeitante ao receituário médico para que ocorra o reembolso da farmácia do valor total comparticipado. Para isso, todas as receitas aviadas devem ser confirmadas para detetar eventuais erros no ato da dispensa que comprometam este reembolso – confirma-se se a receita se encontra válida e se a medicação aviada está de acordo com o prescrito na receita médica. Na FCM, esta confirmação ocorre, em primeiro lugar, no momento da dispensa dos medicamentos e, posteriormente, todo o receituário e faturação são verificados em duplicado por duas colaboradoras da FCM. Depois de confirmadas, as receitas médicas devem ser datadas, assinadas e carimbadas, sendo, por fim, organizadas segundo o sistema de comparticipação e o lote a que pertencem. No Sifarma 2000®, procede-se ao fecho de cada

lote de receitas, terminando com a impressão do seu verbete de identificação, que é enviado em conjunto com o receituário.

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15

O receituário comparticipado pelo SNS é enviado para a Centro de Conferência de Faturas (CCF), até ao dia 10 do mês seguinte12. O receituário com outros sistemas

comparticipantes é enviado para a Associação Nacional das Farmácias (ANF), que medeia a comunicação entre estes organismos e as farmácias e antecipa o pagamento da comparticipação.

No que diz respeito aos medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, é necessário o envio ao Infarmed do seu registo de vendas do respetivo mês, juntamente com a digitalização das receitas manuais que contenham este tipo de medicamentos, até ao dia 8 do mês seguinte5.

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM são aqueles que não preenchem as condições previstas para serem MSRM, não necessitando de prescrição médica para serem adquiridos. Para além disso, não são comparticipados, exceto em casos previstos pela legislação4.

Atualmente, os MNSRM podem ser comercializados fora das farmácias, em locais que cumpram os requisitos legais e sujeitos a registo prévio junto do Infarmed, proporcionando uma maior acessibilidade ao consumidor pelo aumento do número de postos de venda13. Assim, as farmácias necessitam de se diferenciarem e se destacarem dos

restantes locais de venda através da aplicação dos seus conhecimentos em saúde e do aconselhamento farmacêutico personalizado.

Existe uma sub-categoria dos MNSRM, os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF). Esta categoria abrange MSRM que podem, transitoriamente, ser dispensados em farmácia sem prescrição médica se a sua DCI constar na lista em anexo ao regulamento dos MNSRM-EF, e desde que cumpram as condições previstas nos protocolos publicados pelo Infarmed (anexo VII)14.

Na FCM, são inúmeros os atendimentos com solicitação de dispensa de MNSRM. Ao longo de todo o período de estágio, dispensei com frequência produtos para dores musculares ou articulares, como o Voltaren® e o Elás®. A obstipação também é muito comum

no balcão da FCM. Nestes casos, dispensei produtos como o Laevolac®, o Dulcolax® e o

Microlax® e, para situações de diarreia intensa, Imodium Rapid®, tendo sempre o cuidado de

aconselhar também um probiótico e reposição de líquidos e eletrólitos. Nos meses de maio e junho, era também comum a procura de anti-histamínicos orais, como o Telfast®, sprays

para o corrimento e congestão nasal e colírios para a conjuntivite alérgica. Nos meses de julho e agosto, houve maior procura de produtos para queimaduras solares e picadas de insetos, como o Biafine®, o Cicabio creme da Bioderma® e o Fenistil®.

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16

Os atendimentos com solicitação de MNSRM foram os mais desafiantes ao longo do estágio curricular, uma vez que exigem do farmacêutico uma análise mais cuidada da situação para confirmar o diagnóstico. Por um lado, é necessário saber quais as perguntas que devem ser feitas ao utente para garantir que respondemos às suas necessidades e que não pomos em causa a sua segurança. Por outro lado, é necessário conhecer os diferentes produtos que a farmácia oferece para saber qual o mais adequado para aquele utente em específico e qual a informação que lhe deve ser transmitida para que garantir a segurança e eficácia do tratamento.

Outros Produtos de Saúde

Dispositivos Médicos

Os dispositivos médicos são utilizados para fins comuns aos dos medicamentos, como prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana. No entanto, estes distinguem-se dos medicamentos por não atingirem os seus fins através de ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas. Tendo em conta a duração do contacto com o corpo humano, a sua invasibilidade, a anatomia afetada pela sua utilização e os potenciais riscos decorrentes da mesma, os dispositivos médicos dividem-se em 4 classes de risco - da classe I, de baixo risco, à classe IV, de alto risco15.

Na FCM, os dispositivos médicos com maior destaque e dimensão de vendas são os produtos de protocolo da diabetes, como tiras e lancetas, preservativos, testes de gravidez, meias de compressão, material de penso e termómetros.

Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

Os PCHC correspondem a substâncias ou preparações, de aplicação em diversas partes superficiais do corpo humano, com a finalidade de “limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”16. Devido à

crescente preocupação com a saúde e a aparência, o consumo de PCHC tem vindo a crescer ao longo dos anos. Assim, cabe ao farmacêutico saber aconselhar os produtos mais adequados para as necessidades de cada utente, tendo em conta as suas características fisiológicas, o seu poder de compra e a rentabilidade dos produtos para a farmácia. Para isso, as próprias marcas de PCHC organizam formações centradas no conhecimento científico de cada um dos seus produtos, de modo a facilitar o aconselhamento farmacêutico no atendimento ao público. Durante o estágio, tive oportunidade de participar numa formação certificada dos laboratórios Uriage® no Hotel Mercure Porto-Gaia, com duração de 3 horas e

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17

30 minutos (anexo VIII), e numa formação sobre os solares da marca Bioderma®, na própria

farmácia.

Na FCM, os PCHC existentes na farmácia estão essencialmente expostos nos lineares do front office. Na área da dermofarmácia, a FCM trabalha essencialmente com as marcas Bioderma®, Uriage® e La Roche Posay®, com gamas adaptadas a diferentes tipos e

problemas de pele. São procurados essencialmente produtos hidratantes, soluções de limpeza facial, produtos anti-envelhecimento, produtos para a acne, manchas ou rosácea e, nos meses de Verão, protetores solares. Também existe bastante procura de produtos de higiene íntima e de higiene oral, nomeadamente colutórios, pastas dentífricas específicas para gengivas sensíveis e produtos para pequenas afeções bucais, como aftas.

A frequência das unidades curriculares optativas de Dermofarmácia e Cosmética e Cosmetologia facilitaram o meu contacto com este tipo de situações no atendimento ao público. Não obstante, foi necessário conhecer e familiarizar-me com todas as gamas de produtos de cada marca, onde a ajuda dos colaboradores da FCM foi essencial.

Medicamentos de Uso Veterinário

Considera-se um medicamentos veterinário “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”. A introdução de medicamentos veterinários no mercado nacional depende da autorização por parte da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), estando as farmácias autorizadas a comercializar este produtos 17.

Na FCM, apesar de os medicamentos de uso veterinário não terem grande expressão nas suas vendas, são procurados essencialmente desparasitantes internos e externos e anticoncecionais. Pessoalmente, esta área corresponde a uma lacuna na formação académica dos farmacêuticos, pelo que foi onde mais me senti insegura no aconselhamento, apesar da pouca procura destes produtos.

Alimentação Especial

Os produtos dietéticos para alimentação especial destinam-se a situações específicas, como anomalias metabólicas, condições fisiológicas especiais que podem beneficiar da ingestão controlada de certas substâncias e lactentes ou crianças de 1 a 3 anos de idade em bom estado de saúde18.

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18

Na FCM, os produtos com maior frequência de procura são as papas e leites adaptados às diferentes idades e necessidades infantis. Também há procura, embora em menor quantidade, de produtos dietéticos destinados a evitar a desnutrição em doentes cuja alimentação normal está limitada.

Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares destinam-se a complementar e/ou suplementar o regime alimentar normal. São constituídos por fontes concentradas de nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico. Os suplementos alimentares não são regulados pelo Infarmed, sendo a sua autorização de introdução do mercado da responsabilidade da DGAV19.

Na FCM, os suplementos alimentares mais procurados são utilizados para suprir carências nutricionais, para combater situações de fadiga e cansaço e aceleradores metabólicos. São exemplos de marcas com que contactei bastante o Viterra®, Centrum®,

Depuralina®, Ecophane®, BioAtivo® e vários suplementos de magnésio, como Magnesona®

e MagnesiumOK®. O aconselhamento farmacêutico neste tipo de produtos é fundamental,

sendo importante reforçar junto do utente o facto de que a sua toma não substitui uma alimentação equilibrada e variada ou hábitos de exercício físico regular.

Produtos com Pouca Rotação na FCM

Os produtos de puericultura estão destacados num linear no front office da FCM. Apesar destes produtos não terem muita procura, excetuando-se as fraldas da Libero® e os

PCHC infantis, a farmácia tem disponíveis alguns acessórios, a maioria da marca Chicco®,

como chupetas de silicone ou de borracha, tetinas, biberões e brinquedos adaptados à idade da criança. Para além disso, dispõe também de acessórios de amamentação da marca Medela®, como discos de amamentação e extratoras de leite.

Um medicamento manipulado é “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico”20. Os medicamentos

manipulados permitem personalizar a terapêutica e colmatar fórmulas que não estejam adaptadas ao doente, como é caso frequente em pediatria. A FCM não realiza produção de medicamentos manipulados por apenas ter pedidos bastante pontuais, reencaminhando-os para outras farmácias.

Os medicamentos homeopáticos não têm grande expressão nas vendas da FCM e são maioritariamente dispensados por pedido específico do utente. Um exemplo de um

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19

medicamento homeopático que dispensei foi o Oscillococcinum, da Boiron®, para o

tratamento dos sintomas da gripe.

Serviços Adicionais Prestados na Farmácia

Para além da dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde, as farmácias portuguesas também podem prestar serviços de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes2. Os serviços que podem ser prestados nas farmácias estão definidos na Portaria

n.º 1429/2007, de 2 de novembro.

No caso da FCM, esta presta serviços de medição de parâmetros físicos e bioquímicos, administração de injetáveis e a recolha de embalagens vazias e medicamentos fora de prazo para a Valormed.

Medição de Parâmetros Físicos e Bioquímicos

A determinação de parâmetros físicos e bioquímicos permite a medição de indicadores importantes para a avaliação do estado da saúde do utente, permitindo monitorizar situações já identificadas ou detetar precocemente desvios em alguns parâmetros fisiológicos. É importante que o farmacêutico direcione o seu aconselhamento, consoante os resultados obtidos nas medições, à promoção de hábitos de alimentação e vida saudáveis adequados ao perfil do utente.

Na FCM, é possível a medição do peso, altura, Índice de Massa Corporal (IMC), pressão arterial (PA). Também se determinam alguns parâmetros bioquímicos - a glicemia e o colesterol total. Estas determinações são feitas no gabinete de atendimento ao utente através de aparelhos que exigem uma pequena quantidade de sangue, obtido por punção capilar com lanceta.

Na FCM são diários os pedidos dos utentes para a medição da PA e do peso e altura, pelo que foi uma tarefa que realizei frequentemente. Já a medição da glicemia e do colesterol total não é tão frequente, embora o tenha realizado várias medições a alguns utentes da FCM. No decorrer do MICF, tive a oportunidade de aprender a efetuar estas medições corretamente, não só através de informação teórica mas também da participação em rastreios cardiovasculares. Assim, no estágio, apliquei os conhecimentos já adquiridos, tendo o cuidado de, no final de cada determinação, interpretar o resultado com o utente, esclarecendo o seu significado.

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20

Peso, Altura e IMC

Considerada pela OMS como uma epidemia, a obesidade afeta a longevidade e a qualidade de vida. Em Portugal, quase metade da população apresenta excesso de peso e cerca de um milhão de adultos sofre de obesidade21.

O excesso de peso é um fator que aumenta o risco cardiovascular uma vez que há uma maior probabilidade de ocorrência de doenças como a diabetes mellitus tipo II, a hipertensão arterial e dislipidemias. Estima-se, por exemplo, que a hipertensão seja 2,5 vezes mais frequente nos indivíduos obesos que em pessoas com peso normal21.

O IMC permite classificar o grau de obesidade de uma pessoa. Calcula-se dividindo o peso, em Kg, pela altura elevada ao quadrado, em metros. A OMS estipulou os valores de referência do IMC, representados na tabela 321.

Para medição do peso, altura e IMC, a FCM possui uma balança digital que determina os valores automaticamente.

Tabela 3 Valores de Referência para o IMC (Adaptado de 21)

IMC (kg/m2) Classificação < 18.5 Baixo Peso 18.5 – 24.9 Variação Normal 25.0 – 29.9 Pré-obesidade 30.0 – 34.9 Obesidade Classe I 35.0 – 39.9 Obesidade Classe II

> 40.0 Obesidade Classe III

Pressão Arterial

Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos. No entanto, deste número apenas 50% sabe que sofre desta patologia, 25% está medicado e apenas 11% tem a tensão efetivamente controlada22.

A determinação da PA é fundamental para o controlo da hipertensão e para identificar precocemente indivíduos suspeitos de hipertensão, de forma a prevenir as suas complicações. Uma vez que a hipertensão arterial geralmente não tem sintomas, os níveis da pressão arterial devem ser monitorizados com regularidade. No caso de adultos saudáveis, recomenda-se a medição da pressão arterial pelo menos uma vez por ano,

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21

enquanto que população obesa, diabética, fumadora ou com antecedentes familiares de doença cardiovascular deve proceder a um controlo mais frequente22.

A pressão arterial é quantificada através de dois valores. O primeiro, mais elevado, diz respeito à pressão que o sangue exerce nas paredes das artérias quando o coração está a bombear o sangue – corresponde à pressão arterial sistólica ou pressão “máxima”. O segundo valor indica-nos a pressão que o sangue exerce nas artérias quando o coração está relaxado – a pressão arterial diastólica ou pressão “mínima”. Os seus valores de referência estão descritos na tabela 422.

Tabela 4 Valores de Referência para a PA (Adaptado de 22)

Máxima (mmHg) Mínima (mmHg) Classificação

Até 120 Até 80 Normal

120-139 80-89 Pré-hipertensão

140-159 90-99 Hipertensão arterial estádio 1

>160 >100 Hipertensão arterial estádio 2

O farmacêutico tem um papel importante na determinação e interpretação dos valores da PA, de modo a promover a aquisição de hábitos saudáveis por parte do utente, bem como o apelo à adesão à terapêutica. Na FCM, a medição da PA pode ser efetuada num tensiómetro eletrónico ou num esfigmomanómetro de braço, sempre com acompanhamento profissional.

Glicemia

A diabetes mellitus é uma alteração metabólica de etiologia múltipla caracterizada por hiperglicemia crónica e distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas resultante de deficiências na secreção e ou ação da insulina23.

A diabetes é detetada em testes de glicemia que avaliam os níveis de glicose no sangue, e confirma-se quando os valores são iguais ou superiores 126 mg/dl em duas ou mais análises em jejum, ou iguais ou superiores a 200 mg/dl numa análise em qualquer momento do dia mas acompanhada de sintomas de hiperglicemia. Quando os valores de glicemia se encontram entre os 110 mg/dl e os 126 mg/dl, trata-se de uma glicemia em jejum alterada mas que ainda não se classifica de diabetes23.

A monitorização dos valores de glicemia, realizada na FCM, é uma medição rápida e simples, sendo importante não só para o controlo da diabetes mas também para identificar precocemente indivíduos com esta doença.

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22

Colesterol Total

A dislipidemia é um dos fatores mais importantes de risco da aterosclerose, a principal causa de morte dos países desenvolvidos, incluindo Portugal. Este termo inclui todas as anomalias quantitativas ou qualitativas dos lípidos no sangue, como o colesterol24.

O colesterol é uma substância produzida pelo fígado, sendo fundamental no metabolismo, quando em concentrações normais (‹ 190 mg/dl). No entanto, quando em excesso, conduz a problemas, como a aterosclerose24.

Na FCM é possível medir o valor de colesterol total através de punção capilar.

Administração de Injetáveis

As farmácias estão legalmente autorizadas a administrar injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação, como a vacina da gripe25. Este serviço deve ser

prestado por farmacêuticos habilitados com formação complementar específica, reconhecida pela Ordem dos Farmacêuticos, sobre administração de vacinas e suporte básico de vida26. Neste sentido, a FCM tem investido na formação dos seus colaboradores

para que estes estejam certificados e aptos a realizar este tipo de serviço.

Valormed

A farmácia dispõe de um contentor da Valormed para recolha de embalagens vazias de medicamentos fora de uso e/ou prazo entregues pelos utentes. Para efeitos da recolha da Valormed, apenas é permitida a entrega de restos de medicamentos, materiais utilizados no seu acondicionamento (cartonagens vazias, folhetos informativos, frascos, blisters, ampolas, bisnagas, entre outros) e acessórios utilizados para facilitar a sua administração (colheres, copos, seringas doseadoras, conta gotas, cânulas, entre outros). Já agulhas ou seringas, termómetros, aparelhos elétricos ou eletrónicos, gaze e material cirúrgico, produtos químicos, fraldas e radiografias não são aceites para recolha da Valormed27.

Uma vez cheios, os contentores são entregues a uma das empresas de distribuição, com registo informático da saída do contentor da farmácia, para posteriormente serem transportados para um centro de triagem, onde serão separados e classificados para depois sofrerem o respetivo tratamento27.

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23

Durante o estágio, efetuei diversas vezes a receção de medicamentos ao balcão, o fecho dos contentores da Valormed, a saída informática, através do Sifarma, do contentor da farmácia e a sua preparação para a recolha por um distribuidor grossista.

Atividades Organizadas pela Farmácia à Casa da Música

Sendo uma equipa jovem e dinâmica, a FCM organiza várias atividades e campanhas direcionadas ao utente para promover a sua saúde e bem-estar. Durante o meu estágio curricular, pude participar na organização de duas campanhas – o Dia Mundial do Mosquito e o Dia Mundial da Pastelaria.

A campanha do Dia Mundial do Mosquito tinha como objetivo transmitir ao doente a importância da utilização de medidas preventivas contra as picadas de insetos, bem como do seu tratamento, reunidas num folheto informativo pela qual fui responsável (anexo IX).

A campanha do Dia Mundial da Pastelaria, para além de se centrar na alimentação saudável, também se dedicou à hipertensão, onde me foi pedida a elaboração de um folheto informativo sobre o tema – o que é, quais os seus fatores de risco, algumas medidas preventivas e também a partilha de receitas adequadas a indivíduos hipertensos (anexo X).

Parte II.

O meu contributo na Farmácia

Projeto 1. Proteção Solar

Enquadramento Geral e Objetivos

A proteção solar tem sido tema de várias campanhas de saúde pública enquanto prevenção do cancro da pele. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aumento da incidência de cancro da pele nas últimas décadas está diretamente relacionado com a exposição solar exagerada. Especialistas acreditam que 4 em 5 casos de cancro da pele podiam ser evitados se se adotassem medidas de prevenção e de proteção cutânea adequadas28.

Nos meses de verão, há um aumento do número de atividades de exterior e da exposição solar recreativa, estando a população mais exposta à radiação ultravioleta (UV). Esta, embora também possua efeitos benéficos para o organismo, poderá causar efeitos graves para a saúde se o nível de exposição exceder os limites de “segurança”. De facto, quando a quantidade de radiação UV excede os limites a partir dos quais os nossos mecanismos de defesa se tornam ineficazes, poderão ser causados danos graves no organismo humano, nomeadamente na pele e na visão29.

(37)

24

Embora o efeito da radiação solar seja significativo durante todo ano, é nos meses mais quentes em que há maior preocupação com os efeitos da radiação solar por parte da população e, consequentemente, maior procura de protetores solares nos balcões das farmácias, notando-se desconhecimento na existência de vários tipos de protetores solares. Apesar disso, ainda é muito comum o descuido da população durante a exposição solar. Assim, foi do meu entender que seria necessário consciencializar os utentes da FCM no que toca a este tema, através da sua educação acerca da radiação UV e os seus efeitos, dos vários tipos de filtros solares existentes no mercado, qual o seu mecanismo de ação e os cuidados gerais para uma exposição solar em segurança, bem como informar os utentes de quais são os principais fármacos fotossensibilizantes.

Pele – Funções e Estrutura

A pele é um órgão complexo e o maior do corpo humano, correspondendo a cerca de 15% do peso corporal30. Ela é responsável por diversas funções vitais – a pele

corresponde ao limite corporal e à interface entre o meio interno e o ambiente, desempenhando uma função de barreira ao proteger o organismo de microorganismos patogénicos e de outros agentes físicos e químicos, desempenha um papel importante na

homeostasia do organismo, ao ter atividade termorreguladora e excretora, e na

comunicação nervosa, através da transmissão de informação acerca do exterior para os centros nervosos31.

Estruturalmente, a pele é dividida em 3 camadas – a hipoderme ou tecido subcutâneo, a derme e a epiderme – conforme representado na figura 130.

Referências

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