• Nenhum resultado encontrado

Relatório de Estágio realizado na Farmácia de Amarante

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório de Estágio realizado na Farmácia de Amarante"

Copied!
101
0
0

Texto

(1)

i

Farmácia de Amarante

Márcia Patrícia Pinto Moreira

(2)

ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

de fevereiro de 2020 a julho de 2020

Márcia Patrícia Pinto Moreira

Orientador: Dr.(a) Carla Sofia Clemente

Tutor FFUP: Prof. Dr.(a) Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz Garcia Guerra

Junqueiro

(3)

iii Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Márcia Patrícia Pinto Moreira

(4)

iv Agradecimentos

Quero agradecer em primeiro lugar à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, onde durante estes 5 anos pude aprender e crescer imenso como pessoal e futura profissional de saúde, através das oportunidades que me foram dadas. Mesmo que de forma mais breve, deixo agradecimento à Universidade da Beira Interior, na qual me orgulho de ter feito parte no primeiro ano do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, onde dei os meus primeiros passos e enfrentei pela primeira vez os desafios da vida académica. Agradeço também à Comissão de Estágios, e em especial, à minha tutora, Professora Beatriz Quinaz, por todo o acompanhamento e disponibilidade que demonstrou ao longe destes 6 meses.

Agradeço ao Engenheiro Miguel Matias a oportunidade de ter feito o meu estágio curricular na Farmácia de Amarante e pelas palavras de motivação quando tudo parecia um enorme problema na minha cabeça. À Dra. Sofia com quem durante estes 6 meses aprendi tanto e me fez sentir parte integrante da equipa da Farmácia de Amarante. Obrigado por todo o conhecimento partilhado e toda a dedicação que teve para comigo. Um obrigado também muito especial ao resto da equipa, em particular à Beatriz que me ajudou muito no início do meu estágio, à Dra. Liliana, à Dra. Sara e ao João que me acompanharam na maior parte do tempo, durante o período de confinamento. Numa altura tão delicada mostraram-se sempre disponíveis e atenciosos comigo, mesmo sob a enorme pressão que vivíamos todos os dias. Toda a equipa se mostrou disponível para me ajudar em tudo o que precisei, sempre demonstrando um imenso amor pela profissão e transmitindo-me também esse sentimento. No final deste estágio sinto-me muito mais capaz, mais segura e acima de tudo, mais farmacêutica.

Aos meus amigos mais chegados, desde aqueles que dividiram o percurso académico comigo àqueles que me são queridos desde que me conheço, obrigado pelo apoio em todos os momentos, felizes ou os de menor alegria, e pela confiança nas minhas capacidades.

À minha família, em especial, à minha prima Carla que foi fundamental na elaboração de um dos meus projetos.

Por fim, mas de todo não menos importante, agradeço aos meus pais, ao meu irmão e ao meu namorado. Foi neles que descarreguei todas as minhas preocupações e frustrações, todos os meus medos e inseguranças, era com eles que o meu mau feitio se pronunciava no final de um dia cansativo de estágio em tempo de covid-19, mas também era com eles que ia somando todas as vitórias e conquistas. Um dia espero poder retribuir toda a vossa dedicação e, acima de tudo, ser alguém de quem se orgulhem sempre, tanto a nível profissional como pessoal. Um sincero obrigado a todos vocês!

(5)

v Resumo

O presente relatório divide-se em duas partes, sendo a parte I relativa à descrição física e funcional da farmácia comunitária e a parte II relacionada com os trabalhos teórico-práticos que fui desenvolvendo na farmácia ao longo dos 6 meses de estágio.

No estágio em farmácia comunitária, fui parte integrante da equipa da farmácia de Amarante, durante um período de 6 meses, sob a orientação Dr.ª Carla Sofia Clemente. Esta experiência proporcionou-me a oportunidade de ter um contacto mais próximo com a realidade da prática profissional de um farmacêutico comunitário, enquanto me proporcionou a aplicação na prática dos conhecimentos adquiridos ao longo dos 5 anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e aquisição de novas competências que me fazem hoje sentir mais capaz de exercer profissão como Farmacêutica.

A parte I deste relatório é destinada à apresentação da Farmácia de Amarante, onde serão descritas as características do espaço interior e exterior até à sua organização, os recursos humanos, os métodos de trabalho, os produtos e serviços de saúde disponíveis, assim como todos os procedimentos relacionados com a gestão, aprovisionamento e faturação, incluindo algumas das tarefas que tive a oportunidade de realizar, assim como algumas experiências que vivenciei. Na parte II, serão abordados os projetos que tive a felicidade de poder concretizar, desenvolvidos com base científica, escolhidos tendo em conta a realidade vivenciada durante o atendimento e as circunstâncias nas quais realizei o meu estágio, uma vez que, após o primeiro mês de estágio, se impôs o colossal e imprevisível desafio que, a pandemia de covid-19 e todas as medidas posteriormente implementadas pelos nossos governantes, ditaram tanto no dia a dia da farmácia comunitária, como na nova dinâmica de gestão de toda a equipa e dos utentes.

O primeiro projeto que tinha em mente realizar seria uma formação acerca do Uso Responsável dos Medicamentos. Esta formação teria dois momentos distintos, abrangendo dois tipos de publico alvo, jovens do 8º e 9ºano e também a população mais idosa. Contudo, tal não me foi possível concretizar devido às restrições impostas após terem começado a aumentar exponencialmente os casos de covid-19 no nosso país.

O segundo projeto, e foco principal do meu estágio, foi um estudo acerca do impacto da covid-19 na saúde mental da população portuguesa, do qual fez parte um inquérito para rastreio da ansiedade e depressão. Posto isto, foram tratados estatisticamente esses dados e cruzados com a informação obtida da parte interna da farmácia, acerca da diferença entre o número de vendas de benzodiazepinas do ano de 2019 e 2020, podendo assim chegar a uma conclusão acerca do impacto desta nova realidade na saúde dos utentes.

Realizei ainda uma formação interna cujo tema escolhido por mim foi “Obesidade e Doenças Metabólicas – a verdadeira pandemia do século XXI”, onde disponibilizei e coloquei em

(6)

vi discussão, com os demais elementos da equipa, dados recolhidos de vários países do mundo acerca desta problemática ainda mais acentuada após o período de confinamento. O meu principal objetivo com esta formação é a sensibilização para este problema e o alerta para as possíveis implicações negativas no prognostico em doentes com covid-19. Sendo o farmacêutico comunitário o profissional de saúde mais próximo da população, este possui um papel fulcral no alerta para este problema que, em janeiro de 2019, já a OMS tinha definido como um dos objetivos para o desenvolvimento sustentável até 2030.

Para além destes projetos principais, ao longo do estágio fiz várias intervenções em componentes que achei precisarem de melhoramento, desde panfletos e folhetos com informação pertinente e muito útil para os utentes da farmácia, nomeadamente, um panfleto informativo acerca do aparecimento do novo coronavírus e informação sobre a covid-19 e também um folheto explicativo da importância do uso do protetor solar e a desmistificação de alguns conceitos acerca do mesmo. Por outro lado, também me envolvi ativamente no desenvolvimento do marketing digital da farmácia, contribuindo na parte de design gráfico dos materiais para divulgação de produtos, serviços e campanhas promocionais mensais.

(7)

vii Índice

Declaração de Integridade ... iii

Agradecimentos ... iv Resumo ... v Índice ... vii Índice de Tabelas ... x Listagem de Abreviaturas ... xi Introdução ... xiii

Parte I – Atividades desenvolvidas na farmácia comunitária ... 1

1. A Farmácia de Amarante: organização estrutural e funcional ... 1

1.1. Localização ... 1

1.2. Horário de Funcionamento ... 1

1.3. Organização do espaço físico ... 1

1.3.1. Espaço físico exterior ... 1

1.3.2. Espaço físico interior ... 2

1.4. Recursos humanos ... 5

1.5. Sistema Kaizen ... 6

1.6. Sistema informático... 6

1.7. Cartão Saúda – Farmácias Portuguesas ... 7

1.8. Páginas online e redes sociais ... 7

2. Gestão da Farmácia ... 8 2.1. Gestão de Stocks ... 8 2.2. Gestão de Encomendas... 8 2.2.1. Fornecedores ... 8 2.2.2. Realização de Encomendas ... 8 2.2.3. Receção de Encomendas ... 9

2.2.4. Devolução de Produtos e Regularizações ... 10

(8)

viii

2.4. Gestão dos Prazos de Validade ... 11

3. Dispensação Clínica ... 11

3.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 12

3.2. Prescrição Médica ... 12

3.3. Validação da Prescrição Médica ... 14

3.4. Dispensa de Medicamento Sujeitos a Receita Médica ... 14

3.5. Dispensa de Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ... 15

3.6. Regimes de Comparticipação, Sistemas de Preços de Referência e Subsistemas de Saúde ... 16

3.7. Processamento do Receituário e Faturação ... 17

3.8. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Automedicação ... 18

3.9. Medicamentos Manipulados ... 19

4. Outros Produtos Existentes na Farmácia ... 19

4.1. Medicamentos de Uso Veterinário ... 19

4.2. Dispositivos Médicos ... 19

4.3. Medicamentos à base de plantas ... 20

4.4. Medicamentos Homeopáticos ... 20

4.5. Suplementos Alimentares ... 20

4.6 Cosméticos e Produtos de Higiene ... 21

5. Serviços Farmacêuticos ... 21

5.1. Pressão Arterial e Avaliação Corporal ... 21

5.2. Parâmetros Bioquímicos ... 22

5.3. Testes de Gravidez ... 22

5.4. Administração de Vacinas e Injetáveis ... 23

5.5. Entrega de Medicamentos ao Domicílio ... 23

5.6. Distribuição de medicamentos para instituições e PIM ... 23

5.7 Teste Speed Age ... 24

6. Outros serviços ... 24

(9)

ix 6.2. Serviço de Enfermagem ... 24 6.3. Rastreio de Audiologia ... 24 6.4. Consultas de Podologia ... 24 6.7. ValorMed ... 25 7. Formações Realizadas ... 25

8. A farmácia comunitária e a pandemia de Covid-19 ... 25

8.1. Enquadramento ... 25

8.2. Plano de contingência – Norma de atuação da farmácia ... 27

8.3. Estratégias implementadas pela Farmácia de Amarante ... 27

Parte II – Projetos desenvolvidos ... 31

Tema I – Uso responsável dos medicamentos... 31

1. Enquadramento teórico e prático ... 31

2. Objetivo e Método ... 32

3. Conclusão ... 32

Tema II – Impacto da pandemia COVID-19 na saúde mental da população ... 33

1. Enquadramento teórico e prático ... 33

2. Objetivo e método ... 34

3. Resultados e Discussão ... 34

4. Conclusões ... 38

Tema III – Doenças metabólicas – a nova pandemia pós COVID-19 ... 39

1. Enquadramento teórico e prático ... 39

2. Objetivo e Método ... 41

3. Conclusões ... 41

Outros projetos desenvolvidos ... 43

Conclusão Global do Estágio ... 44

Referências ... 45

(10)

x Índice de Tabelas

Tabela 1 – Respostas ao questionário de avaliação do grau de depressão ……... 34 Tabela 2 – Respostas ao questionário de avaliação do grau de ansiedade ………. 36

(11)

xi Listagem de Abreviaturas

ADSE - Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública AIM - Autorização de Introdução no Mercado

ANF – Associação Nacional de Farmácias ARS - Administração Regional de Saúde BPF - Boas Práticas Farmacêuticas DCI - Denominação Comum Internacional DCM - Dispensação Clínica de Medicamentos DIM- Delegados de Informação Médica DM – Dispositivo Médico

DPI - Dispositivo de proteção individual FA – Farmácia de Amarante

FC – Farmácia Comunitária PF – Posto Farmacêutico

ERPI - Estrutura Residencial Para Idosos FEFO - “First-Expire, First-Out”

FiFO - “First-In, First-Out”

GLINTT – “Global Intelligent Technologies” S.A. hCG - Hormona Gonadotrofina Coriónica Humana

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P MM – Medicamento Manipulado

MNSRM – Medicamento Não Sujeite a Receita Médica

MNSRM-EF - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia MSRM – Medicamento Sujeite a Receita Médica

MUV - Medicamento de Uso Veterinário OMS - Organização Mundial de Saúde

(12)

xii OTC – Medicamento de venda livre

PIC – Preço Impresso na Cartonagem

PIM – Preparação Individualizada da Medicação PRM - Problemas Relacionados com os Medicamentos PV – Prazo de Validade

PVF – Preço de Venda à Farmácia PVP – Preço de Venda ao Público

RNM - Resultados Negativos associados à Medicação SCMA – Santa Casa da Misericórdia de Amarante SI – Sistema Informático

SIGREM - Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos SNC – Sistema Nervoso Central

SNS – Sistema Nacional de Saúde

(13)

xiii Introdução

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas termina com a realização do estágio profissionalizante em Farmácia Comunitária (FC), possibilitando a aplicação de conhecimentos teóricos e teórico-práticos adquiridos até então. Estágio esse importantíssimo na preparação de profissionais de saúde para embarcar no mercado de trabalho, sendo fundamental que o mesmo faça parte da formação obrigatória dos futuros farmacêuticos, contribuindo assim para a aquisição de competências práticas e ferramentas essenciais para o exercer da profissão com rigor e excelência.

Estrutura de saúde com maior grau de proximidade da população, a FC é, em alguns casos, a única disponível e capaz de prestar serviços de saúde perante transtornos menores, evitando assim deslocações desnecessárias dos utentes aos demais serviços de saúde, local onde o farmacêutico comunitário exerce a sua atividade através da dispensa e aconselhamento farmacêutico de medicamentos não sujeites a receita médica e também de venda exclusiva em farmácia. Por outro lado, desempenha também um papel diferenciador na promoção da literacia em saúde e na correta orientação do cidadão dentro do sistema de saúde, favorecendo o bom uso dos recursos disponíveis.

Ao longo do estágio curricular tive a oportunidade de observar e participar em todas as tarefas da responsabilidade de um farmacêutico comunitário, começando pela realização receção de encomendas e armazenamento dos medicamentos e produtos de saúde, determinação de parâmetros bioquímicos, preparação individualizada da medicação, atendimento e aconselhamento farmacêutico, realização de encomendas, desenvolvimento de estratégias de marketing digital da farmácia, entre outras, inicialmente com supervisão e posteriormente de forma completamente autónoma. Este ano de 2020 veio acentuar ainda mais a importância que o farmacêutico assume na comunidade, sendo o primeiro local ao qual os utentes recorrem, porque “Há luzes que nunca se apagam”, os farmacêuticos estiveram desde o início da pandemia na frente de batalha. Com um papel de extrema importância tanto na implementação de medidas de contenção da pandemia, como na educação dos utentes para esta nova realidade, os farmacêuticos foram também responsáveis pelo aconselhamento em casos que suscitavam duvida e orientação em situações de confusão e receio dos utentes.

Este relatório, elaborado com o objetivo de demonstrar as atividades que pude realizar durante os seis meses de estágio em FC, não me permite transmitir todas as experiências por mim vivenciadas, mas fica desta forma registado o meu aprendizado, crescimento e enriquecimento pessoal. Em anexo encontra-se um quadro com todas as atividades por mim realizadas. (anexo 1)

(14)

xiv

Parte I

(15)

1

Parte I – Atividades desenvolvidas na farmácia comunitária

1. A Farmácia de Amarante: organização estrutural e funcional 1.1. Localização

Propriedade do Eng. Miguel Matias, sob a direção técnica da Dr.ª Carla Sofia Clemente, a FA encontra-se situada na Avenida 1º de Maio, edifício Mirante n.º 1414, código postal 4600-013 –

Amarante, sendo uma farmácia familiar que completou 50 anos de existência no dia 15 de julho. Possui também um posto farmacêutico (PF) localizado na rua Serra Água e Leite, n.º 1004, código postal 4605-163 – Amarante, inaugurado em abril de 2014. Por se situar num meio relativamente pequeno e pelo ambiente familiar, existe um enorme vínculo afetivo e um maior grau de proximidade com os seus utentes, o que permite a esta farmácia um melhor acompanhamento dos mesmos.

1.2. Horário de Funcionamento

A FA está aberta diariamente de segunda a sexta das 8:30h às 22:30h e ao fim de semana das 9:00h às 21:00h. O PF possui um horário diferente, estando ao dispor da população de segunda à sexta das 8:30h às 20:30h e ao sábado das 8:30h às 13:00h. A farmácia encontra-se ao serviço da população durante 24h a cada 8 dias, sendo este dia rotativo juntamente com as outras 8 farmácias pertencentes ao centro do concelho.

1.3. Organização do espaço físico

A organização do espaço físico da farmácia é essencial para proporcionar um ambiente adequado para a prestação de serviços e cuidados de saúde, assim como rentabilizar os recursos humanos e económicos, estando adequado às necessidades impostas pelo dia a dia da farmácia.

1.3.1. Espaço físico exterior

A FA localiza-se num edifício, situado num dos principais acessos à cidade, apresentando um parque de estacionamento exclusivo para os utentes da farmácia, sendo uma mais valia nesse sentido, devido à escassez de estacionamentos nos arredores da mesma. Na zona exterior do prédio podemos encontrar uma cruz verde luminosa, com indicação da temperatura e das horas. Tendo como objetivo dar grande visibilidade à Farmácia, existe também na zona exterior um letreiro superior de grande dimensão, permitindo assim que esta não passe despercebida. Já na parte interna do prédio, junto à entrada, encontra-se uma cruz verde com a indicação “Farmácias Portuguesas”. A Farmácia apresenta, numa das montras de vidro, um LED onde passa publicidade dos produtos sazonais de interesse, além disso, após o início da pandemia de covid-19, passou também informação relevante acerca dos procedimentos a adotar e regras de segurança para o bem-estar da população. Na porta de entrada encontra-se indicado o horário de funcionamento, existindo também uma rampa para facilitar a entrada de pessoas portadoras de deficiência física, além disso, do lado direito encontra-se o postigo utilizado para o atendimento noturno. Ao lado

(16)

2 existe uma placa onde consta o nome da Farmácia, do proprietário e da Diretora Técnica, tal como previsto nos regimes jurídicos da Farmácia de oficina.1

1.3.2. Espaço físico interior

A farmácia divide o seu espaço interior em dois pisos. No rés-do-chão encontra-se a área de atendimento ao público, dois gabinetes, uma área com gavetas onde se armazenam os medicamentos, área de receção de encomendas e um WC para os utentes da mesma. Por sua vez, é no 1º piso onde se podem encontrar o gabinete do proprietário, o WC dos funcionários, o cofre, uma sala para refeições, os cacifos, o laboratório, o armazém e a sala destinada à PIM. Todos os locais onde estão armazenados medicamentos são sujeitos a um controlo da temperatura ambiente, garantindo assim que as substâncias não se degradam antes de atingirem o respetivo prazo de validade.

a) Área de atendimento ao público

Corresponde ao maior espaço da farmácia e ao primeiro com o qual o utente contacta. Junto da entrada principal, existe um dispensador de senhas que facilita muito o atendimento nas horas de maior afluência, após ter inicio a pandemia de covid-19 este dispensador, assim como o desinfetante para uso dos utentes, encontrava-se no espaço exterior da farmácia, evitando assim grandes aglomerados dentro da farmácia, os utentes esperavam que a sua senha aparecesse no ecrã e entravam 1 a 1, na sua vez.Ainda nesse local existe um cavalinho de brinquedo para as crianças, uma balança para determinação do peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e pressão arterial e um local destinado ao teste “Speed Age”.Para além disso, devido à pandemia passaram a existir marcações no chão para delimitar as distâncias que devem ser asseguradas.É também na área de atendimento que estão expostos diversos produtos, nomeadamente produtos cosméticos (organizados por marcas e gamas), higiene e nutrição infantil, brinquedos, produtos para grávidas, bebés e idosos, higiene oral, nutrição desportiva, alimentação e suplementos e produtos sazonais variados (como, por exemplo, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), protetores solares, produtos em campanha promocional, etc). Neste local foram também colocados dispositivos de proteção individual (DPI), logo após o início da pandemia. A farmácia dispõe de 6 balcões de atendimento, devidamente separados, por forma a garantir a privacidade dos seus utentes.

Ao longo dos 6 meses de estágio tive oportunidade de fazer a reposição de stocks dos produtos expostos na zona de atendimento, em função das necessidades diárias, reorganização de acordo com os objetivos mensais da farmácia, assim como elaborar estratégias para promover a venda de alguns dos produtos mais rentáveis para a mesma, através da afixação de cartazes feitos por mim. (anexo 2)

(17)

3 b) Gabinetes

A Farmácia possui dois gabinetes destinados à prestação de alguns serviços de apoio mais personalizado ao utente, permitindo uma maior privacidade e proximidade entre ambos. Estes gabinetes foram alvo de alterações devido à pandemia, tendo sido colocada uma divisão em acrílico para delimitar a proximidade entre o operador e o utente, garantindo assim a segurança de ambos. Um dos gabinetes destina-se, principalmente, à determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos, testes de gravidez, à realização de aconselhamento farmacêutico e administração de injetáveis, sendo que desde o início da pandemia o serviço de administração de injetáveis foi suspenso até ao final do meu estágio. É também neste local que se encontra o contentor “ValorMed”. As consultas de nutrição, podologia, audiologia e enfermagem são realizadas num segundo gabinete com condições e material apropriados para estes serviços.

No início do meu estágio tive a oportunidade de realizar a medição dos parâmetros bioquímicos utilizando o “Clini5”, o analisador de que a farmácia dispõe para este serviço.

c) Área de Receção de Encomendas e Armazém principal

Depois destes gabinetes existe um espaço onde se encontram as gavetas deslizantes, destinadas a armazenar a maioria dos medicamentos, ordenados por ordem alfabética em local apropriado, segundo a classificação: ✓ Medicamentos de Frio; ✓ Xaropes; ✓ Soluções Orais; ✓ Medicamentos de Marca; ✓ Medicamentos Genéricos;

✓ Medicamentos de Uso Veterinário;

Na zona seguinte encontra-se a área destinada à realização de algumas das tarefas mais importantes ao nível da gestão dos medicamentos existentes na farmácia. O balcão da receção de encomendas possui um computador com o sistema informático (SI) e está delimitado por zonas, primeiro a zona onde se colocam os produtos com reservas pendentes para posteriormente serem colocados numa gaveta destinada para os mesmos, seguidamente a área onde se colocam os medicamentos de marca por arrumar e logo a seguir os medicamentos genéricos, facilitando assim e sua organização. É também neste local que são realizadas as devoluções de produtos aos seus fornecedores, bem como as suas regularizações. Na parte superior do balcão existem armários onde são armazenados alguns produtos, tais como, compressas e material de penso, produtos de uso veterinário, algodão e álcool, entre outros, e onde estão também arquivados alguns livros de consulta, catálogos, agendas e dossiers. Ainda nesta área existe uma zona destinada à colocação

(18)

4 das banheiras e onde ficam alojadas as banheiras que já se encontram vazias, para além disso existe ainda uma zona, dividida em três partes: a primeira é destinada à colocação das encomendas que estão à espera de ser rececionadas (indicação de “não utilizar”), a segunda é destinada a produtos que já foram rececionados, mas que ainda não foram etiquetados ou que por outro motivo ainda não podem ser armazenados (indicação de “aguardar”) e a terceira zona destinada aos produtos prontos para serem armazenados (indicação de “aprovado”). Na parte superior existem prateleiras destinadas ao armazenamento de produtos não medicamentosos, nomeadamente produtos cosméticos, shampoos, dispositivos médicos, suplementos alimentares e chás. No final deste corredor existe um outro computador, que geralmente é utilizado para fazer as encomendas, um armário destinado à colocação dos produtos a ser transferidos para o PF e junto a este existem umas instalações sanitárias destinadas aos utentes. No piso 1, existem instalações sanitárias reservadas para o uso dos funcionários, cacifos dos mesmos, bem como um espaço destinado à realização de refeições. Junto a estas existe uma sala utilizada para arquivo de documentos, biblioteca, assim como um armário destinado a produtos fora de prazo e quebras. Os produtos são colocados neste último quando faltam cerca de 2 meses para terminar a sua validade, respeitando-se assim as normas “First-Expire, First-Out” (FEFO). Existe ainda um armário destinado ao armazenamento de estupefacientes e psicotrópicos, que se encontra fechado à chave.

d) Gabinete do Proprietário

O gabinete do proprietário é o local onde decorrem algumas reuniões com elementos externos à farmácia, como Delegados de Informação Médica (DIM), e onde são realizadas atividades essenciais de administração e gestão da mesma. Neste espaço existem também dossiers com informações importantes acerca da administração da farmácia e alguma bibliografia de apoio.

e) Laboratório

Área destinada à preparação de medicamentos manipulados, fórmulas magistrais e oficinais e preparações extemporâneas que são solicitados na Farmácia. Neste espaço dispõe-se de todo o material associado a estas preparações, bem como as matérias-primas, sendo que as condições de iluminação, humidade e ventilação lhes proporcionam uma boa conservação. Um dos armários do laboratório destina-se ao arquivo de fichas de preparação dos manipulados elaborados, de boletins de análise das matérias-primas usadas na manipulação, bem como o Formulário Galénico Português (FGP) e a Farmacopeia Portuguesa. É também neste local que é feita a preparação da medicação individualizada, em pequena escala, para os utentes que usufruem deste serviço.

(19)

5 f) Armazém

Esta área está destinada ao armazenamento dos medicamentos e produtos de saúde que não podem ser armazenados no piso inferior. É constituída por uma área reservada para medicamentos genéricos, que estão organizados por laboratório, uma outra área reservada para os medicamentos de marca, organizados por ordem alfabética, zona dos OTC’s e uma outra zona para os produtos de ortopedia e ostomia. É também neste armazém que são armazenados materiais em stock essenciais para o dia a dia da farmácia, tais como sacos, rolos para o multibanco, rolos de etiquetas, entre outros.

g) Sala de Preparação Individualizada da Medicação

Nesta sala encontra-se um robô onde é efetuada a PIM, em grande escala, para as instituições com as quais a Farmácia tem acordos, assim como 3 computadores com diferentes sistemas informáticos, um deles com o SiFarma2000, utilizado para a faturação mensal às entidades, o TI-DOSE, utilizado na validação da prescrição de alterações à terapêutica realizadas pelos médicos das instituições e o OneCube que está ligado ao robô permitindo monitorizar todo o processo automatizado, sendo possível detetar e corrigir qualquer falha que ocorra durante a produção. Existem também nesta sala gavetas deslizantes onde é armazenada a medicação utilizada no robô e um quadro onde está organizada toda a semana de produção.

1.4. Recursos humanos

Segundo o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a direção técnica da farmácia tem de ser assegurada por um farmacêutico, o qual deve garantir a qualidade e segurança dos serviços prestados, seguindo as regras deontológicas inerentes ao cargo que ocupa. Este Decreto-Lei define que a equipa de recursos humanos tem de incluir, no mínimo, dois farmacêuticos, por forma a garantir a existência de um segundo farmacêutico que possa substituir o Diretor Técnico (DT) em caso de ausência ou impedimento. Na FA, a direção técnica está a cargo da Dra Carla Sofia Clemente. A equipa conta também com mais 5 farmacêuticos, Dr Bruno Pinheiro, Dra Elsa Monteiro, Dra Liliana Teixeira, Dra Sara Ribeiro e Dra Tânia Babo, 2 Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT), Patrícia Teixeira e Vera Silva, 2 Técnicos Auxiliares, João Silveira e Luís Dinis e 1 Auxiliar de Limpeza, Beatriz Almeida. É uma equipa multidisciplinar, organizada e com funções bem definidas. Cada função e responsabilidade é atribuída a uma pessoa, com uma ou duas substitutas, no caso de ausência da primeira. Segundo a legislação em vigor, todos os profissionais que prestem atendimento ao público devem usar um cartão de identificação com o respetivo título profissional, pelo que na Farmácia de Amarante esta recomendação é cumprida. 1

(20)

6 1.5. Sistema Kaizen

A FA contratou programa de consultadoria que ajuda empresas, nos mais variados setores, a aumentar as vendas e rentabilidade e a racionalizar os investimentos. Este programa denominado

Kaizen (Kai=mudar e Zen=para melhor) tem como lema: “hoje melhor do que ontem, amanhã

melhor do que hoje”.2 Os cinco princípios base deste modelo de gestão são a organização, produtividade, melhoria contínua, eficiência operacional e algoritmos. O acompanhamento do programa é realizado por consultoras da Gintt® que periodicamente vão à Farmácia para analisar possíveis situações que possam ser melhoradas. Deste modo, as consultoras são responsáveis pela análise regular dos objetivos que a farmácia se compromete a cumprir, sugerindo os parâmetros que são passiveis de melhorar. Com o propósito de facilitar a concretização dos objetivos traçados e melhorar a comunicação entre o membros da equipa, existe um quadro Kaizen, onde são colocadas as tarefas que cada elemento da equipa deverá realizar, comunicação profissional e interna, como é o exemplo das circulares, tabela de objetivos mensais, controlo dos prazos de validade, produtos mais rentáveis, agendamento de formações, tarefas a realizar durante a semana, entre outras. Todos os dias aquando da sua chegada à farmácia, todos devem ver se existe alguma informação nova neste quadro e agir conforme é recomendado. As reuniões Kaizen são realizadas, semanalmente, de pé, na zona onde está colocado o quadro, por forma a monitorizar os objetivos definidos e fazer os ajustes necessários.2

Durante o meu estágio tive a oportunidade de participar nas reuniões “Kaizen”, contribuindo com algumas sugestões de melhoramento e também participei ativamente para o cumprimento dos objetivos que iam sendo colocados no quadro.

1.6. Sistema informático

A FA trabalha com o Sifarma® 2000, sistema informático desenvolvido pela Glintt® - Global Intelligent Technologies, S.A., empresa que pertence à Associação Nacional das Farmácias (ANF), reconhecido pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos Saúde I.P. (INFARMED). A utilização deste sistema permite uma melhor gestão dos produtos e atividades da farmácia, simplificando, automatizando e facilitando as tarefas relacionadas com administração, gestão financeira, processamento de encomendas e todo o acompanhamento das vendas. Cada elemento da equipa possuiu um login pessoal para utilização dos mesmos, garantindo que na consulta do valor em caixa não existam erros. Apesar de já existir um novo módulo de atendimento do Sifarma®, na FA ainda é utilizado o Sifarma® 2000 tanto no atendimento como na gestão da farmácia. Este sistema é uma peça fundamental para a organização e gestão dos produtos existentes na farmácia. Permite a realização de encomendas e a sua receção, realização de devoluções, regularização de notas de crédito, controlo de prazos de validade, gestão de stocks e transferências entre a FA e o PF e vice-versa. Permite também o acesso à “Ficha de Produto” de todos medicamentos ou produtos existentes na farmácia, onde

(21)

7 constam informações científicas (tais como indicações terapêuticas, posologias, composição quantitativa, interações, contraindicações, reações adversas, entre outras), stocks mínimos e máximos, facilitando o processo de pedido de encomendas diariamente, históricos de compras e todos os movimentos do stock, sendo possível fazer um maior controlo do circuito do medicamento e todos os produtos existentes na farmácia. Para além disso, permite-nos também fazer reservas de produtos e detetar interações entre medicamentos, durante o atendimento, através de alertas visuais ou mesmo verificar se existe duplicação da medicação que o utente leva. Este sistema contém também várias informações (morada, contactos e outros dados do documento de identificação pessoal) dos utentes que apresentam “Ficha de Utente”. A utilização deste sistema informático permite que o atendimento seja mais eficaz tendo sempre em conta os interesses do utente.

1.7. Cartão Saúda – Farmácias Portuguesas

A FA pertence às Farmácias Portuguesas e, desta forma, possibilita a utilização do Cartão Saúda por parte dos seus utentes. É um cartão de fidelização das Farmácias Portuguesas, que permite a acumulação de pontos sempre que o utente realize compras de MNSRM, produtos de saúde, bem-estar ou serviços farmacêuticos nas farmácias aderentes. Estes pontos podem depois ser trocados por vales em dinheiro (2€, 5€, 10€ e 20€), para descontar nas compras da farmácia, ou diretamente por produtos ou serviços, de acordo com a revista de pontos em vigor. 1 euro equivale a 1 ponto e os pontos acumulados são válidos durante 1 ano, a contar do fim do mês do registo da sua emissão. Os utentes que dispõem deste cartão beneficiam também de descontos exclusivos na farmácia e noutros serviços externos (empresas parceiras do Cartão Saúda). Tem também a vantagem de ser um cartão familiar, permitindo a acumulação de pontos, por todos os membros da família, no mesmo cartão. Desta forma, também todos os membros da família podem usufruir desses pontos.3

1.8. Páginas online e redes sociais

A FA dispõe de duas redes sociais, Facebook® e Instagram®, onde é possível obter toda a informação acerca do mesmo, desde localização, horário de funcionamento e até serviços disponíveis, através das quais lança diariamente conteúdo importante, desde informação sobre saúde, campanhas em vigor, novos serviços, entre outros. Esta ferramenta de trabalho tornou-se foco do interesse da farmácia, uma vez que durante o período de confinamento foi o único meio através do qual se fazia passar informação importante acerca da pandemia aos utentes, evitando que se quebrasse o elo entre ambos.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de desenvolver o marketing digital da farmácia, em parceria com a Dra. Elsa, através da criação de conteúdos pertinentes para lançar nas redes sociais diariamente. (anexo 3)

(22)

8 2. Gestão da Farmácia

2.1. Gestão de Stocks

A gestão e o controlo rigoroso de stocks de uma farmácia tornam-se cruciais para o bom funcionamento da mesma, sendo assim possível fazer face às necessidades dos utentes, evitando a rutura ou acumulação desnecessária de produtos. Uma boa gestão de stock, na receção e armazenamento dos produtos, permite por um lado, evitar o desperdício de produtos e perda do investimento feito nos mesmos, assim como uma maior fidelização dos utentes com a farmácia, tendo sempre prontidão de resposta nos seus pedidos. O SI desempenha um papel importante em todo o processo, possibilitando definir quais os stocks mínimos e máximos de determinado produto, conforme a sua frequência de venda. Este sistema possibilita também a obtenção de um inventário, que auxilia na verificação dos prazos de validade dos produtos existentes na farmácia, porém, é sempre necessária uma confirmação física dos mesmos.

2.2. Gestão de Encomendas 2.2.1. Fornecedores

A compra e aquisição de produtos pode ser feita na forma de uma encomenda direta, diretamente ao armazenista, ou indireta, através de um pedido por telefone, e-mail ou presencial ao laboratório, esta opção justifica-se muitas vezes devido aos descontos comerciais e/ou financeiros apresentados ou em casos de rutura de stock. A FA recorre diariamente a três principais armazenistas, a OCP Portugal®, a Plural® e, menos frequentemente à Alliance Healthcare®. Diariamente, a FA recebia três encomendas diárias destes fornecedores, de manhã, à tarde e à noite, contudo depois da pandemia se instalar passaram a receber apenas duas encomendas por dia, de manhã e à tarde, devido aos ajustes feitos no sector da distribuição grossista. A escolha do distribuidor é feita tendo em conta, principalmente, o preço de custo à farmácia e data/hora de entrega (mediante a urgência do utente em obter o produto). Para além deste critério, a FA pertence a um grupo de compras, o grupo SOMOS, o que lhe permite obter preços de custo mais competitivos, principalmente no que diz respeito a OTC’s, sendo que é verificado no ato da compra se o produto está disponível na plataforma e qual o melhor preço assegurado pelos diferentes distribuidores.

2.2.2. Realização de Encomendas

São realizadas diariamente na FA três tipos de encomendas: diária, esgotados e instantânea. Durante o atendimento, a cada venda, o stock dos produtos existentes na farmácia vai sendo atualizado automaticamente pelo SI, gerando uma encomenda diária com base nos stocks mínimos e máximos definidos previamente, tendo em conta a rotação mensal e a sazonalidade. O colaborador responsável pelas encomendas analisa a mesma e define o que deve ser encomendado mediante a informação de compras e vendas disponível no SI. Este tipo de encomenda é feito duas vezes por dia, de manhã e ao fim do dia, garantindo a disponibilidade diária dos produtos.

(23)

9 Relativamente à encomenda dos esgotados, diz respeito aos produtos não disponíveis ou rateados nos fornecedores. Os medicamentos rateados referem-se aqueles medicamentos que, devido à grande probabilidade de ficarem esgotados, sofrem um controlo mais minucioso no que diz respeito à realização de encomendas. Assim sendo, a quantidade de produto disponível para cada farmácia depende do nível de compras da mesma. A relação de fidelização entre a farmácia e o seu distribuidor principal baseia-se no poder e volume de compra que esta é capaz de realizar. Por fim, a pessoa responsável por este tipo de encomendas, entra em contacto com o fornecedor averiguando a disponibilidade destes produtos. As encomendas instantâneas surgem durante o atendimento, quando se verifica a ausência do produto pretendido pelo utente, mediante um acordo com o mesmo, a FA compromete-se a fazer uma encomenda do produto ao fornecedor indicando a hora e o dia da sua chegada para posterior levantamento pelo utente. No momento na encomenda o SI permite fazer uma reserva em nome do utente, facilitando o seu rastreamento na receção e depois na dispensa. Existe também a possibilidade de serem efetuadas EI por Via Verde. O “Projeto Via Verde do Medicamento” autorizado pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P (INFARMED) torna possível a realização de encomendas até duas unidades quando há uma prescrição médica válida, por esta via excecional que dá acesso a certos medicamentos rateados.4

Ao longo do meu estágio tive oportunidade de acompanhar a realização de encomendas diárias e de esgotados, tendo feito uma encomenda diária com supervisão do responsável, várias encomendas instantâneas e via verde enquanto estava no atendimento.

2.2.3. Receção de Encomendas

Depois de realizada a encomenda, esta chega à farmácia em contentores devidamente identificados, através dos diferentes distribuidores grossistas. É, sem dúvida alguma, a etapa mais minuciosa no que toca à gestão de encomendas. Antes iniciar a receção da encomenda é importante verificar se não existem produtos de frio nos contentores e, caso se verifique, estes devem ser rapidamente armazenados no frigorifico e o operador responsável deve assinalar a sua retirada, data de validade e verificar se o número de embalagens recebidas corresponde ao que vem mencionado na fatura. Posteriormente, depois de organizados os contentores de acordo com o número da encomenda correspondente ao da fatura, estão reunidas as condições para dar início à receção da encomenda. No caso das encomendas feitas diretamente ao laboratório, como não existe encomenda gerada automaticamente no SI, o operador deve realizar a criação manual da encomenda através da respetiva nota de encomenda, procedendo depois à sua receção. A receção de encomendas é feita no separador “Receção de Encomendas” do SI, neste separador é possível encontrar toda a informação acerca das encomendas realizadas e que ainda estão por rececionar. O operador deve inserir no sistema o número da guia e o valor correspondente à encomenda, verificando de seguida se existe FEE associada à fatura. Posto isto, para cada produto deve

(24)

10 verificar se a quantidade encomendada e recebida correspondem, o prazo de validade (PV), o preço de venda à farmácia (PVF), os descontos ou bonificações, o preço de venda ao público (PVP) no caso dos produtos que vêm com o preço impresso na cartonagem (PIC), se o IVA corresponde a 6% ou 23% e, por fim, nos produtos de venda livre, de acordo com a margem de lucro definida para cada classe, fazer o cálculo do PVP. É também nesta fase que se verifica a conformidade dos produtos de acordo com o plano de gestão de qualidade predefinido pela FA.

Nos primeiros dois meses do meu estágio tive a oportunidade de realizar a receção de encomendas de forma autónoma e com supervisão.

2.2.4. Devolução de Produtos e Regularizações

Sempre que se justificar a farmácia pode fazer uma reclamação e pedir a devolução de um produto mediante justificação. Tanto as devoluções como as regularizações são feitas no SI no separador “Encomendas – Gestão de Devoluções”. A devolução de um produto pode ser requerida sempre que existam produtos faturados e não enviados, erros no pedido, embalagens danificadas, produtos fora de validade, produtos com pedido de recolha pelo INFARMED ou no caso de desistência pelo utente. A farmácia tem o direito de reclamar um produto e pedir a sua devolução sempre que exista um erro por parte do fornecedor, sendo que esta reclamação deve ser efetuada via chamada telefónica num prazo máximo de 5 dias após a receção. O produto é então identificado, bem como o número da fatura onde está referenciada a sua aquisição, descrito o motivo da devolução, verificadas as quantidades e o PVP na fatura e procede-se à emissão de três cópias da nota de devolução. Assim sendo, depois de enviado o produto, o fornecedor pode ou não aceitar a devolução. No caso de aceitar, é enviada posteriormente uma nota de crédito ou substituído o produto, sendo necessário fazer a regularização da devolução. Por outro lado, no caso da devolução não ser aceite, o produto volta para a farmácia e integra novamente o stock da mesma ou é colocado como “quebra” se não apresentar condições para ser vendido.

2.3 Armazenamento

O correto armazenamento dos produtos é uma etapa fundamental para garantir que o processo de atendimento ao utente seja rápido e eficiente. O armazenamento dos produtos em locais inapropriados implica que o farmacêutico demore mais tempo na sua procura, prejudicando assim a qualidade do atendimento, e, por outro lado, não sendo encontrado o produto acaba por não ser vendido, tornando-se um investimento desaproveitado e, muitas vezes, ando origem a EI adicionais sem existir realmente necessidade. Assim sendo, os produtos devem ser armazenados segundo a sua classificação e forma farmacêutica nos locais destinados seguindo a regra FEFO –

First Expire, First Out, no caso dos produtos com PV, ou a regra FIFO – First In, First Out, no

caso dos produtos que não possuem PV, por forma a que os produtos que permanecem na farmácia à mais tempo escoem mais rapidamente, evitando a sua acumulação. De acordo com o

(25)

Decreto-11 Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, as farmácias devem garantir o correto armazenamento dos medicamentos e o bom estado de conservação dos mesmos. Por conseguinte, estas devem dispor de sistemas de registo, medição e monitorização da temperatura e humidade.1 Em alguns produtos, existe indicação de que devem ser mantidos a uma temperatura entre 2-8ºC e, por isso, devem ser armazenados no frigorífico. Os restantes produtos devem ser mantidos a uma temperatura inferior a 25º. 5 Os MSRM não devem ser armazenados em local visível para o utente, mantendo-se fora da zona de atendimento, sendo que os psicotrópicos e estupefacientes devem ser armazenados em local distinto dos restantes MSRM. Por sua vez, os MNSRM podem ser armazenados em local visível para o utente, mas fora do seu alcance.

Durante o meu estágio participei ativamente na organização e reorganização de quase todos os medicamentos e produtos farmacêuticos, tendo sido muitas vezes responsável pela organização e exposição dos OTC’s presentes atrás do balcão de atendimento, de acordo com os interesses de venda da farmácia.

2.4. Gestão dos Prazos de Validade

A gestão dos prazos de validade é uma etapa de extrema importância, sendo a forma mais eficaz de garantir que no momento da cedência dos produtos ao utente não exista o risco de o produto ter expirado a validade, não dispensando a atenção do farmacêutico no momento da venda. No primeiro dia útil de cada mês, o funcionário a quem está atribuída esta função deve emitir a listagem de produtos, cujo PV termina dentro dos limites impostos pelos laboratórios e armazenistas, gerada pelo Sifarma® 2000, existindo, posteriormente, uma verificação manual de cada um dos produtos. Os produtos cujo PV termina em 6 meses são assinalados, existindo uma lista afixada no quadro Kaizen priorizando a saída dos mesmos. Os produtos que se encontram a terminar a validade são devolvidos aos fornecedores consoante os limites impostos ou em cajo de rejeição da devolução, são colocados nas “quebras”.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de também eu efetuar a verificação dos PV, promovendo estratégias para permitir o escoamento dos produtos com menor PV, evitando o desperdício desses produtos.

3. Dispensação Clínica de Medicamentos

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF), entende-se por Dispensação Clínica de Medicamentos (DCM), a atividade profissional realizada pelo farmacêutico que consiste na cedência de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos, que deve ser sempre acompanhada de todos os esclarecimentos e informações adequadas de modo a garantir o seu uso correto. [6] Desempenhando um papel de extrema importância na adesão à terapêutica, o farmacêutico é responsável pela orientação do utente acerca do modo de toma do medicamento, assim como a monitorização, identificação e resolução dos possíveis problemas relacionados com os

(26)

12 medicamentos (PRM).6 Os medicamentos de uso humano podem ser classificados em MSRM, MNSRM e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF).7,8

Logo após o meu primeiro mês de estágio iniciei a observação de atendimentos junto da minha orientadora e também foi nessa altura que comecei a fazer os meus primeiros atendimentos, sempre sob a sua supervisão. A meio do mês de março, devido às condições impostas pelo início da pandemia, a equipa da farmácia foi divida em dois turnos e nessa altura comecei a ter mais autonomia nos atendimentos. Em abril já fazia aconselhamento farmacêutico nas situações em que me sentia com à vontade para tal e no caso de dúvidas tive sempre o apoio de todos os elementos da equipa da FA.

3.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

O Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, correspondente ao estatuto do medicamento, define que são classificados como MSRM aqueles que:

I. “Possam constituir, direta ou indiretamente, um risco, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

II. Sejam com frequência utilizados em quantidade considerável para fins diferentes daquele a que se destinam, se daí puder resultar qualquer risco, direto ou indireto, para a saúde; III. Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade e ou

efeitos secundários seja indispensável aprofundar;

IV. Sejam prescritos pelo médico para serem administrados por via parentérica”.7 3.2. Prescrição Médica

A dispensa de MSRM só pode ser efetuada perante uma prescrição médica devidamente elaborada por um médico habilitado para tal. É obrigatório que, na receita médica, constem a Denominação Comum Internacional (DCI) da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e a posologia a aplicar. Em alguns casos, a receita pode apresentar a DCI por marca ou indicação do titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM).9 No momento da dispensa o farmacêutico deve informar o utente do seu direito de opção, podendo este escolher qualquer uma das opções existentes na farmácia de acordo com as indicações mencionadas na prescrição. Contudo, o médico pode, em algumas situações, enumerar um conjunto de exceções que podem restringir o direito de opção do utente, sendo elas:

I. “Exceção a) do ponto 3 do art. 6º: medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, de acordo com informação cedida pelo INFARMED;

II. Exceção b) do ponto 3 do art. 6º: perante suspeita de intolerância ou reação adversa (previamente reportada ao INFARMED) a um dado medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado com outra denominação comercial;

(27)

13 III. Exceção c) do ponto 3 do art. 6º: no caso da prescrição de um medicamento destinado a

assegurar a continuação de um tratamento com duração superior a 28 dias.” 10

Relativamente às exceções a) e b), o utente perde o seu direito de opção. Por outro lado, no que diz respeito à exceção c), o utente pode exercer o direito de opção caso tenha preferência por um medicamento de preço inferior ao prescrito. A farmácia deve dispor de pelo menos três medicamentos de entre os cinco mais baratos de cada grupo homogéneo, contudo o utente pode optar por um medicamento mais caro se assim o entender, utilizando para o efeito o código de opção presente na prescrição médica.7,9 Existem atualmente três tipos de prescrições: manual, eletrónica sem papel ou com papel. De acordo com a legislação, a prescrição médica deve ser feita informaticamente, através de receitas eletrónicas, sendo que apenas em casos excecionais como em caso de falência do sistema informático, inadaptação fundamentada do prescritor, prescrição ao domicílio e outras situações até um limite máximo de 40 receitas por mês, está contemplada a prescrição de receitas manuais. No caso das receitas manuais, só podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos e, no máximo, duas embalagens por medicamento ou produto farmacêutico, nunca ultrapassando o total de quatro embalagens. Já no que diz respeito às receitas eletrónicas, em cada uma das linhas de prescrição, pode ser prescrito um medicamento distinto, desde que cada linha não ultrapasse um máximo de duas embalagens cada, exceto se se destinar a tratamentos de longa duração (6 embalagens). No caso dos medicamentos que se apresentam sob a forma de embalagem unitária, podem ser prescritas até um máximo de quatro embalagens do mesmo medicamento, exceto se se destinar a tratamentos de longa duração (12 embalagens). As receitas manuais têm sempre uma validade de 30 dias. A receita eletrónica em papel pode apresentar até um máximo de três vias, podendo atingir uma validade de 6 meses. Já as receitas eletrónicas sem papel podem ter uma validade até 6 meses, mas o mesmo é sempre indicado em cada linha de prescrição.10,11 As receitas eletrónicas são inseridas automaticamente no SI graças ao número da receita e respetivo código de acesso. Dispõem ainda do código de direito de opção, introduzido aquando da possibilidade da escolha do medicamento pelo utente. Tal como nas receitas manuais, é necessário ter atenção à validade de cada linha de prescrição, embora, caso tenha sido ultrapassada a validade, o SI não deixe prosseguir a dispensa.10,11

Durante o meu estágio pude deparar-me com duas tendências distintas. Inicialmente o tipo de receitas mais comuns eram as receitas eletrónicas em papel, contudo, após o início da pandemia a maioria das receitas eletrónicas eram enviadas para o telemóvel dos utentes. Notei que existia uma grande confusão dos utentes relativamente ao envio das receitas via mensagem eletrónica, uma vez que para os mesmos aquelas mensagens nada mais eram do que um conjunto de códigos que não entendiam, impedindo que pudessem monitorizar o que estaria na respetiva receita, deixando muitas vezes passar a validade das mesmas ou até acabando por apagar as mensagens e perder as receitas sem que se apercebessem disso. Esta nova realidade tornou-se um desafio

(28)

14

tanto para os farmacêuticos, a quem os utentes mais recorrem com o intuito da resolução dos seus problemas, como para os próprios utentes. Um exemplo disso foi, num dos meus atendimentos, após ter inserido a prescrição no SI e ter recolhido os medicamentos para o utente, este apagou a mensagem com a prescrição limitando-me o acesso ao “pin” de opção, sem este código a receita é enviada para o ministério da saúde num lote diferente que será sujeito a avaliação, podendo ser rejeitada, uma vez que “supostamente” o utente não teria exercido o seu direito de opção. Para além disto, deparei-me inúmeras vezes que, com o desconfinamento, os utentes voltavam ao centro de saúde para pedir novas receitas eletrónicas em papel e lá, apenas se limitavam a reimprimir receitas antigas, chegando os utentes à farmácia com receitas repetidas pensando que seriam receitas novas. Este problema levava a que muitas vezes os utentes ficassem sem a medicação que necessitavam tendo de esperar novamente pelo pedido de prescrições no centro de saúde, causando-lhes um imenso transtorno, principalmente no que toca aos utentes com mais idade.

3.3. Validação da Prescrição Médica

Na receção de uma receita o farmacêutico deve verificar se as mesmas contêm o numero da receita, local de prescrição, identificação do médico prescritor, nome e o numero de utente, referência ao regime especial de comparticipação quando aplicável, para além disso, no caso das receitas manuais, esta deve possuir a DCI da substância ativa, a dosagem, forma farmacêutica, dimensão e o número de embalagens, data de prescrição e assinatura do médico prescritor. Em caso de engano, o médico pode rasurar, desde que a rasura seja acompanhada da sua rubrica. Nestas receitas, o farmacêutico tem de selecionar informaticamente o regime de comparticipação, de acordo com o indicado na receita.10,11

Durante o meu estágio deparei-me com algumas prescrições preenchidas incorretamente, desde erros na data de prescrição, à não identificação do plano de comparticipação, falta da assinatura do médico prescritor e falta da indicação com a posologia. Quando o médico prescritor não discrimina a dosagem, tamanho ou quantidade de embalagens, obriga a que seja dispensada apenas a embalagem de dosagem mais baixa e de menor tamanho ou quantidade com AIM em Portugal.

3.4. Dispensa de Medicamento Sujeitos a Receita Médica

Aquando da dispensa do medicamento, o farmacêutico deve assegurar-se de que o utente fará o uso correto do mesmo, prestando-lhe toda a informação que achar pertinente. Tendo como objetivo identificar possíveis PRM, evitando resultados negativos associados à medicação (RNM), o farmacêutico deve avaliar alguns parâmetros tais como, a necessidade dos medicamentos, se este é adequado para o utente em questão, verificar se a posologia está correta, assim como promover a adesão à terapêutica.6 No SI, é possível criar uma “Ficha de

(29)

15 Acompanhamento” para os utentes habituais da farmácia. Tem a vantagem de possibilitar o armazenamento de alguns dados de saúde, tais como de determinações de parâmeros bioquímicos bem como todo o histórico da medicação crónica do utente. Esta ferramenta é bastante útil, uma vez que desta forma o farmacêutico consegue assim criar um histórico, sendo capaz de prestar um melhor aconselhamento, permitindo-lhe fazer a monotorização da terapêutica. Tem também a vantagem de possibilitar a realização de vendas suspensas, no caso de utentes que tomam medicamentos de forma crónica e que, excecionalmente, precisam de os levar sem receita médica. Neste caso, é realizada a venda suspensa do medicamento e, quando o utente voltar à farmácia com a respetiva receita (prazo de 30 dias), é regularizada a venda e o utente é reembolsado com o valor da comparticipação. No caso de utentes que não têm possibilidade de realizar o pagamento dos seus medicamentos no imediato ou que preferem fazê-lo apenas mensalmente, é criado um crédito. Sempre que são realizadas vendas, estas são colocadas a crédito no SI e emitido um comprovativo. Quando o utente realizar o pagamento, a sua situação fica regularizada e é emitido o recibo.

Durante o estágio procurei sempre ter o cuidado de esclarecer os utentes em relação às eventuais dúvidas que pudessem surgir, optando por colocar na maioria das vezes uma etiqueta com a posologia em todos os medicamentos, tendo especial atenção aos casos em que se tratava de uma nova terapêutica. Para além disso, no período em que realizei o estágio o laboratório que comercializa o medicamento “Eutirox” procedeu a algumas alterações na sua fórmula tendo dado um especial alerta aos utentes que faziam este medicamento para o aparecimento de eventuais efeitos adversos derivados dessa alteração, contudo, até ao final do meu estágio, não foram detetadas quaisquer reações adversas. Deparei-me ainda com o aumento abrupto da realização de vendas suspensas aos utentes após o inicio do período de confinamento, por um lado devido às restrições impostas nos centro de saúde e, por outro lado, devido ao medo que os utentes demonstravam em se dirigir aos hospitais e centros de saúde para pedir novas receitas. Foi também notório o aumento da dispensa de receitas em grandes volumes de medicamentos logo após o período de confinamento, acompanhado do aumento da tendência dos medicamentos esgotados logo em seguida.

3.5. Dispensa de Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes correspondem a substâncias que atuam ao nível do Sistema Nervoso Central (SNC), sendo que fazem parte desta classe os medicamentos antipsicóticos, antidepressivos, estabilizadores de humor e antiepiléticos. Por serem medicamentos que podem conduzir ao uso inadequado e exagerado, sendo conhecidos por causarem dependência, são sujeitos a diversas regulamentações, o que implica um controlo mais apertado em todo o seu circuito, desde a aquisição, até ao armazenamento e dispensa ao utente. A dispensa deste tipo de fármacos é intensamente regulada, apresentando uma legislação

(30)

16 específica, conforme descrito no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro. Nesta legislação é possível encontrar listagens que contêm todos medicamentos incluídos nesta classe, bem como as regras de controlo na sua utilização e penalizações em situações de tráfico.12 A prescrição destas substâncias, quando realizada em receitas materializadas ou manuais, deve ser feita isoladamente, não podendo conter na mesma receita medicamentos de outras classes.10 É também obrigatório fazer também o registo do número da receita, nome do médico prescritor, nome e morada do utente e dados da pessoa que fez o levantamento da medicação (caso não seja para o próprio), tendo em conta que este deve trazer consigo o seu cartão de cidadão válido, comprovando que é maior de idade. No final do atendimento, para além da fatura, é emitido um comprovativo de dispensa de psicotrópicos que contém todas estas informações relativas à dispensa do medicamento e que tem de ser arquivado na farmácia por um período mínimo de 3 anos.10 Todos os meses, é necessário fazer o envio da listagem de psicotrópicos e estupefacientes dispensados para o INFARMED.

Durante o meu estágio realizei sempre que necessário a dispensa deste tipo de medicamentos, sempre sob a supervisão de um farmacêutico.

3.6. Regimes de Comparticipação, Sistemas de Preços de Referência e Subsistemas de Saúde Existem MSRM que são abrangidos por diferentes planos de comparticipação, sendo que o utente paga apenas uma percentagem e o SNS (Sistema Nacional de Saúde) paga a outra percentagem à farmácia. O valor da comparticipação depende do regime de comparticipação do utente (geral ou especial) e do escalão de comparticipação em que estão incluídos os medicamentos a dispensar.13,14 Na dispensa de medicamentos no âmbito do SNS, existe um sistema de preços de referência que é aplicado aos medicamentos comparticipados incluídos em grupos homogéneos que são “conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em

substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado”. O preço de referência para cada grupo

homogéneo pode ser definido como o PVP do MG existente no mercado que pertence a esse grupo e que apresenta o PVP mais elevado.13 A comparticipação realizada pelo SNS corresponde ao Regime Geral de comparticipação, baseado em quatro escalões, aplicados sobre o PVP dos medicamentos:

I. Escalão A - 95%; II. Escalão B - 69%; III. Escalão C - 37%; IV. Escalão D - 15%.

Os grupos e subgrupos terapêuticos abrangidos por cada escalão são fixados por portarias pelo Ministério da Saúde. Relativamente aos pensionistas de rendimento total anual inferior a 14 vezes

(31)

17 o salário mínimo nacional, a comparticipação para o escalão A tem um acréscimo de 5% e para os restantes escalões um acréscimo de 15%. Para estes utentes, os MG têm ainda uma comparticipação de 100%, em relação ao PVP, independentemente do escalão.15 O Regime Especial de comparticipação é aplicado no tratamento de patologias específicas (como psoríase, Lúpus e doença de Alzheimer). Este regime pode ser aplicado apenas para determinadas indicações terapêuticas, sendo que o médico prescritor tem de mencionar na receita médica o despacho que assegura a comparticipação.15 Relativamente aos subsistemas de saúde, são exemplos a Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE), no que toca a um subsistema público e os Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) no que toca a um subsistema de saúde privado. Sempre que o farmacêutico faz a dispensa de medicamentos deve selecionar o plano de comparticipação manualmente, no caso particular de subsistemas específicos, sendo obrigatório incluir o número de beneficiário, independentemente do tipo de receita. Caso o utente possua ficha criada no SI este seleciona automaticamente o plano de comparticipação especial. No caso das receitas manuais, é impresso no verso da mesma as informações sobre esta dispensa e, no caso das receitas eletrónicas, é impressa uma fatura em duplicado, sendo que estes documentos são, posteriormente, utilizados para efeitos de faturação.No caso dos Medicamentos Manipulados (MM), a comparticipação é de 30% sobre o seu preço.16

Durante o meu estágio a maioria das receitas que me chegavam diariamente eram relativas ao SNS plano de comparticipação normal (01), além dessas também validei várias receitar com planos de comparticipação especial, como é o caso das receitas com produtos de ostomia, comparticipados a 100% pelo estado português ou receitas de pensionistas. Por outro lado, a FA possuía vários utentes fidelizados na farmácia com planos de comparticipação de subsistemas de saúde privados, na sua maioria SAMS ou SAVIDA. Além destes planos de comparticipação pude verificar que alguns laboratórios oferecem uma comparticipação aos utentes que compram as suas moléculas medicamentos.

3.7. Processamento do Receituário e Faturação

Quando o farmacêutico dispensa uma receita manual deve selecionar manualmente o plano de comparticipação, no caso dos medicamentos comparticipados, imprimindo no verso da receita o documento de faturação, sendo-lhe atribuído um número e um lote para, posteriormente, ser enviado às entidades responsáveis. Este documento deve ser sempre assinado pelo utente que faz o levantamento da receita, assim como carimbado, data e rubricado pela pessoa responsável pela dispensa. Estas receitas são guardadas em gavetas para depois sofrerem uma segunda verificação por outro elemento da equipa que as agrupa em lotes de 30 receitas correspondentes ao plano (01 - SNS, 48 – Pensionistas, 99 – SNS materializadas), exceto o último lote. Para as receitas correspondentes os subsistemas de saúde são impressos documentos de faturação, assinados pelo

Referências

Documentos relacionados

A preparação de citotóxicos requer um controlo de qualidade mais apertado, para salvaguardar a segurança do doente (pois são medicamentos de margem terapêutica estreita

Este sistema de distribuição é definido, pelo Procedimento de distribuição do CHL, como uma reposição periódica de stocks fixos estabelecidos para cada Serviço [6], ou seja,

Para acessar os serviços da Gestão de Pessoas, nesta modalidade, o usuário deve se dirigir à Reitoria do IFCE, localizada na Rua Jorge Dumar, 1703 - Bairro Jardim

dos ciclos de quimioterapia dos doentes dos hospitais de dia e de internamento, através do SGICM, tendo em consideração o perfil fisiopatológico e

A cedência de medicamentos em ambulatório está condicionada por vários fatores legais e orçamentais sendo que existe uma lista estrita de doenças (Hepatite B e C, Vírus

Tendo em conta que esta classe de medicamentos não é muito abordada ao longo do MICF, o contacto com estes constituiu uma mais valia, permitindo compreender a importância

As instalações dos SF encontram-se divididas em diferentes espaços funcionais: o ambulatório, com acesso para os utentes pelo exterior dos serviços; o gabinete de

21) é assegurada a cobertura de um acompanhante durante o período de internação, incluindo despesas com acomodação e alimentação conforme dieta geral do